Este final de semana a fala
de um técnico de futebol, num vídeo sobre racismo estrutural viralizou nas
redes sociais.
Nessas horas, parece que o
véu que encobre o racismo no Brasil rasga-se, abrindo buracos e expondo as
feridas não cicatrizadas de um país escravocrata que, para manter tudo como
está, tenta, de todas as formas, esconder sua história marcada profundamente
pela violência da escravidão.
No artigo: “Desigualdade
racial e fracasso escolar de estudantes negras e negros” Ladislau Ribeiro do
Nascimento professor da UFT afirma:
“A desigualdade racial no
Brasil é uma dura realidade experimentada cotidianamente por milhares de
pessoas em distintos espaços. Embora o país seja habitado majoritariamente por
pessoas autodeclaradas não brancas (pretos, pardos, amarelos e indígenas), que
representam 52,2% da população, de acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2010), o abismo social entre negras e/ou negros
e brancos é inegável.”
Pois é pessoal...
O técnico de futebol, um dos
dois técnicos negros da elite do futebol brasileiro, provocou o debate.
Levantou a bola, vamos jogar
o jogo do debate sobre a questão do racismo no Brasil.
Temos que falar sobre isso.
Roger é um cara negro que
ganhou a vida com o futebol, é notório que não sofre na pele o que os negros e
negras pobres desse país sofrem há séculos.
Não anda de ônibus ou de
trem lotados.
Não limpa os banheiros dos
palácios e casas grandes do país.
Não tem que se submeter ás
humilhações diárias de um salário que não paga dez dias de conta do mês.
Mas Roger fez bonito,
aproveitou sua projeção, o palanque que muitos brasileiros e brasileiras
semanalmente dão atenção para provocar o debate.
Para finalizar...
Olhem para os lados, vejam
quantos negros e negras estão por exemplo, no STF, no STJ, no Congresso..
Quantos presidentes negros o
Brasil, país de maioria negra, teve em 130 anos de República.
Os brancos estão nos
palácios, os negros nas favelas.
Os brancos estão no centro,
os negros na periferia.
Os brancos estão livres, os
negros nas prisões.
A prisão de estar
trancafiado, mas também da fome, do desemprego, da tristeza, do racismo...
Por José Gilbert Arruda
Martins