quinta-feira, 27 de abril de 2017

A perseguição a Lula é parte do projeto de poder das elites brasileiras?

Para muitos especialistas em Ciência Política, o que está acontecendo não é apenas uma absurda perseguição a um ex-presidente.

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A ideia das elites econômicas e políticas do Brasil em aliança com o grande capital externo, é fazer da perseguição a Lula parte de um projeto maior de poder conservador para durar décadas e, com isso, arrastar toda a América Latina.

É desacreditar o maior líder popular das Américas frente ao povo e instalar um poder que inclui um governo autoritário e neoliberal.

Para quem ainda não sabe, a política neoliberal não é apenas a privatização de empresas e entrega do patrimônio público, é também a política do arrocho salarial e da retirada de direitos dos trabalhadores e do povo.


Mas, a pergunta continua: Por que a perseguição a Lula, ao PT e às esquerdas no Brasil e na América Latina?


A América Latina até o início da década de 2000, com exceção de um ou outro país, era considerada uma espécie de "quintal dos EUA", de lá para cá no entanto, muitos países elegeram governantes mais a esquerda, progressistas que recuperaram um pouco a independência e autoestima do povo da região.


Nesse sentido, os dirigentes progressistas, escolhidos através de eleições diretas e limpas, assumiram o compromisso de instalar em seus respectivos países Políticas Públicas que em sua maioria incluíram na vida social e no mercado de consumo, milhões de cidadãos antes relegados à miséria, exemplos desse tipo de ação são os projetos como o Fies, o Prouni, o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família, para citar apenas o Brasil.


Junto a esse conjunto de medidas populares outras ações como o controle do petróleo, a política externa independente etc.

Neste contexto, como sabemos, a América Latina, e o Brasil não foge à regra, é uma região com um imenso mercado consumidor - apesar de muita gente não ter acesso a ele -, rica em recursos naturais, entre eles o pré-sal, uma camada imensa de óleo de grande qualidade; uma região com uma força de trabalho poderosa; com um parque industrial de altíssima tecnologia; com uma das três maiores empresas na área de construção de aviões do planeta, e, ainda por cima temos a maior floresta do mundo e a maior quantidade de terras agricultáveis.

Quer mais motivos para um golpe das elites daqui em conluio com as elites de fora?

Mas continuemos com a pergunta que não quer calar: Por que os conservadores e as elites ricas do Brasil têm tanto medo de Lula?

Será que é  por que ele construiu e expandiu o ensino técnico e superior, dando chances reais aos filhos e filhas do povo adentrarem ao mercado de trabalho mais preparados exigindo salários melhores?

Talvez seja por causa da lei das domésticas, considerada a segunda abolição da escravatura no Brasil, a primeira aconteceu em 1888, com a Lei Áurea que aboliu oficialmente a escravidão negra.

Por que os caras perseguem Lula? talvez seja por causa da lei do pré-sal que mantém a maior riqueza de toda a América nas mãos de uma empresa nacional, a Petrobrás. A shell, a chevron, a ipiranga não aceitaram, não engoliram e reagiram apoiando o golpe que derrubou Dilma e persegue Lula.

Será que a perseguição é por causa da política externa autônoma e independente? que pagou a secular dívida externa brasileira, que permitiu a saída do Brasil do "guarda-chuva" dos EUA, que aproximou nosso país da mama África e da Ásia?

Não, não é nada disso, a perseguição ao Lula deve ser por causa das Políticas Públicas inclusivas que ele criou: Fies, Minha Casa Minha Vida, Prouni, Samu, Programa de Cisternas do Semi-árido, Programa Bolsa Família, Luz para Todos.

Razões não faltam. No entanto, nenhuma delas é contra o povo.

Acorda companheiro e companheira, a democracia está sendo desmantelada, seus direitos estão sendo roubados.

A Constituição e as leis estão sendo jogadas na lata do lixo exatamente por aqueles que deviam protegê-las. 

Isso acontece para que as elites ganhem mais, enquanto o pouco que resta aos trabalhadores e trabalhadoras seja retirado.

Entenda, leia mais, desliga a rede globo, ela mente para esconder suas próprias falcatruas e seus interesses.

As elites agem no cenário político através de seus lacaios, parlamentares e certos juízes, são esses lacaios defensores dos interesses dos ricos. 

Os ricos mesmos, os "donos do poder", não aparecem, repito, eles mandam seus asseclas para o Congresso, para o Judiciário, para a Polícia Federal, para o Ministério Público etc. com o objetivo de defender seus próprios interesses.

Se fechares teus olhos, teus ouvidos e tua boca para a atual situação e não lutar contra ela agora, poderás não ter por que lutar num futuro breve.

Se pegarmos a história do Brasil, excetuando alguns lampejos de Políticas Públicas na época de Getúlio Vargas, JK e João Goulart, ninguém, nenhum presidente fez pelo Brasil e pelo seu povo como Lula.

Mas insisto, por que então a perseguição?

As pessoas mais simples, por terem acesso 24 horas do dia, muitas vezes apenas à mídia conservadora, tipo globo, band, record etc. de tanto ouvir notícias "fabricadas" contra Lula e as esquerdas em geral, acabam tendo certa dificuldade em entender a jogada das elites ao longo da história e atualmente.

Como já dissemos em outras oportunidades, se os governos trabalhistas de Lula e Dilma, tivessem apenas passado pelo Planalto sem fazer de verdade nada para o Brasil e seu povo, hoje talvez não existisse essa perseguição.

É fundamental que você entenda o que está acontecendo.


A jogada política atual não é apenas contra Lula e o PT, é contra as esquerdas que têm historicamente defendido os interesses dos mais pobres. 

A jogada é contra você trabalhador e trabalhadora.

Veja a pauta de votação do Congresso Nacional após o golpe: PEC 241 que congelou investimentos sociais por 20 anos; PL da Terceirização sem limites, que transforma a classe trabalhadora em escravos do século XXI, a destruição da previdência e da CLT.

Todas as votações, sem exceção é contra o povo. É contra os mais pobres.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Os Mais Importantes Dias de Nossas Vidas


Os próximos dias: 28/04 com a Greve Geral; dia 1° de maio, dia do trabalhador e 3 de maio com a Manifestação Histórica em Curitiba em apoio a Lula e a Democracia, serão os mais importantes dias das últimas décadas da história desse país.

Foto: Resistência Contemporânea
Parlamentares petistas animando a plenária de organização da GREVE GERAL do dia 28/04 na CUT DF: Érika Kokay, Rodrigo Lindberg e Paulo Pimenta


Você meu amigo e minha amiga que presenciou o golpe que está destruindo os direitos do povo, precisa, de alguma forma, participar.

Dia 28 de abril, próxima sexta-feira, não vá trabalhar se for para sair de casa vá para fazer piquete, ajude-nos a parar o Brasil e mostrar ao governo usurpador, à rede globo e às elites que estão destruindo o país, nossa força de ração. Reaja Já!

Em resposta ao desmonte do Estado brasileiro pelo governo ilegítimo do sr. michel temer e seus lacaios: globo, veja, grande capital daqui e de fora, o Brasil vai parar na próxima sexta-feira dia 28/04.

É fundamental que você trabalhador e trabalhadora perceba que o que está sendo votado no Congresso - Câmara e Senado -, PL da terceirização (já aprovado), 20 anos de congelamento dos investimentos sociais (já aprovado), (des)reforma da previdência e (des) reforma trabalhista, são ações contra você e sua família, quem irá sofrer as consequências será você e os seus familiares e amigos.


Lute contra esse desmonte absurdo. Lute contra essa verdadeira destruição do Estado brasileiro e dos teus direitos.

terça-feira, 25 de abril de 2017

O Brasil vai parar sexta dia 28 de abril

por José Gilbert Arruda Martins

O governo usurpador Temer e os deputados e senadores conservadores, estão tentando retirar todos os teus direitos.

Congelamento dos investimentos na área social por 20 anos.

Terceirização sem limites. Reforma da previdência. Reforma trabalhista.

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Por essas e outras você trabalhadora e trabalhador vai parar o Brasil sexta feira próxima dia 28/04.

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O Congresso Nacional + o usurpador Michel Temer a mando do grande capital daqui e de fora estão, além de desempregar 13 milhões de pessoas em todo o país, destruindo todos nossos direitos conquistados a duras penas ao longo dos últimos cem anos.

Por isso, todo trabalhador e trabalhadora.

De todas as áreas da economia precisam parar dia 28/04.

A influência africana no processo de formação da cultura afro-brasileira

Márcio Carvalho C. Ferreira


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Introdução

A influência africana no processo de formação da cultura afro-brasileira começou a ser delineada a partir do tráfico negreiro. Quando milhões de africanos "deixaram" forçadamente o continente africano e despontarem no Brasil para exercer o trabalho compulsório.
O escravo africano era um elemento de suma importância no campo econômico do período colonial sendo considerado "as mãos e os pés dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente" (ANTONIL, 1982, p.89). Contudo, a contribuição africana no período colonial foi muito além do campo econômico, uma vez que, os escravos souberem reviver suas culturas de origem e recriarem novas práticas culturais através do contato com outras culturas.
É importante salientar que não houve uma homogeneidade cultural praticada pelos negros africanos, visto que imperava uma heterogeneidade favorecida pelas origens distintas dos africanos, que apesar de oriundos do continente africano, geralmente os escravos apresentava uma prática cultural diferenciada em alguns aspectos devido à região que pertencia, pois a África caracteriza-se em um continente dividido em países com línguas e culturas diversas.
Além da prática cultural diferenciada ressaltada, os africanos, ainda, incorporaram algumas práticas europeias e indígenas, além de, influenciá-los culturalmente. O intercâmbio cultural entre os elementos citados contribuiu para uma formação cultural afro - brasileira híbrida e bastante peculiar.
Desenvolvimento
Ao longo do período colonial e monárquico brasileiro foi grande o contingente de escravos africanos no Brasil, visto que, constituía a maior mão - de - obra do período. A contribuição desses escravos foi além da participação econômica, uma vez que, foram inserindo suas práticas, seus costumes e seus rituais religiosos na sociedade Brasileira contribuindo, dessa forma para uma formação cultural peculiar no Brasil.
Importante, ressaltar que as práticas desses escravos africanos eram diferenciadas, pois eles eram oriundos de pontos diferentes do continente africano. De acordo com VAINFAS (2001 p. 66), durante o período colonial, quase nada se sabia sobre a origem étnica dos africanos traficados para o Brasil. Porém, ao longo do período passou-se a designá-los a partir da região ou porto de embarque, ou seja, das áreas de procedência.
Apesar da origem diversa dos escravos africanos, dois grupos se destacaram no Brasil: os Bantos e os Sudaneses. Os bantos foram assim, classificados devido à relativa unidade linguística dos africanos oriundos de Angola, Congo e Moçambique.
Vainfas (2001, p. 67) destaca que:
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil desde o século XVII, concentrando-se na região sudeste, mas espalhados por toda a parte, inclusive na Bahia. (...) Os Bantos oriundos do Congo eram chamados de congo, muxicongo , loango, cabina, monjolo, ao passo que os de Angola o eram de massangana, cassange, loanda, rebolo, cabundá, quissamã, embaca, benguela.

 Essa diversidade fez com os Bantos apresentassem uma especificidade cultural, notadamente na linguística, nos costumes e, principalmente, no campo religioso, que mesclou aspectos do cristianismo com suas tradições religiosas.
De acordo com Kavinajé (2009, p. 3):
Os bantos, depois de um primeiro período de autonomia religiosa, que se conhece através de documentos históricos, assistiram à transformação de seus cultos. Por um lado, esses deram lugar à macumba; por outro, amoldaram-se às regras dos candomblés nagôs, não se distinguindo deles senão por uma maior tolerância. Os cultos bantos em gradativo declínio acolheram os espíritos dos índios, o que iria levar ao surgimento de um "candomblé de caboclos", e adotaram cantos em língua portuguesa, ao passo que os candomblés nagôs só usam cantos em língua africana.
Já os sudaneses provenientes da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné, contribuíram culturalmente para a formação de uma identidade afro-brasileira, visto que muito de suas práticas culturais imperam atualmente como, por exemplo, o candomblé, prática religiosa dos escravos sudaneses.
No Brasil estes grupos: bantos e sudaneses misturaram-se resultando em cruzamentos biológicos, culturais e religiosos.
De acordo com Paiva (2001, p. 36):
Misturavam-se informações, assim como etnias, tradições e práticas culturais. Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para designar grupos diferentes de pessoas, para indicar hierarquização das relações sociais, para impor a diferença dentro de um mundo cada vez mais mestiço. Da cor da pele à dos panos que a escondia ou a valorizava até a pluralidade multicor das ruas coloniais, reflexo de conhecimentos migrantes, aplicados à matéria vegetal, mineral, animal e cultural.
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos propiciou a construção de uma identidade cultural brasileira, ou cultura afro-brasileira. Uma vez que, eles não temeram em "inventar códigos de comportamentos e de recriarem práticas de sociabilidade e culturais" (Paiva 2001, p. 23). Assim, este cruzamento foi resultado de um longo processo que propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil.
De acordo com Paiva (2001, p. 27), pode-se caracterizar este cruzamento cultural como resultante de uma aproximação entre universos geograficamente afastados, em hibridismos e em impermeabilidades, em (re) apropriações, em adaptações e em sobreposição de representações e de práticas culturais.
Assim, a influência africana foi se tornando visível em vários seguimentos da sociedade colonial, tais como culinária, práticas religiosas, danças, dentre outros valores culturais que foram incorporados pela população brasileira.
Sobre a influência africana Freire (2001, p. 343) destaca que:
Quantas "mães-pretas", amas de leite, negras cozinheiras e quitandeiras influenciaram crianças e adultos brancos (negros e mestiços também), no campo e nas áreas urbanas, com suas histórias, com suas memórias, com suas práticas religiosas, seus hábitos e seus conhecimentos técnicos? Medos, verdades, cuidados, forma de organização social e sentimentos, senso do que é certo e do que é errado, valores culturais, escolhas gastronômicas, indumentárias e linguagem, tudo isso conformou-se no contato cotidiano desenvolvido entre brancos, negros, indígenas e mestiços na Colônia.
Ainda de acordo com Freyre (2001, p. 346), a nossa herança cultural africana é visível no jeito de andar e no falar do brasileiro, pois:
Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolegando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- pé de uma coceira tão boa. De que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama- de- vento, a primeira sensação completa de homem. Do muleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo. (Freyre (2001, p. 348)
Observa-se que de acordo com a citação acima a influência africana foi além da cozinha e da mesa, chegando até a cama, pois era comum a iniciação sexual do "senhorzinho" branco ocorrer com uma escrava. Comum também era a prática de feitiços sexuais e afrodisíacos pelos escravos, pois foi na "perícia e no preparo de feitiços sexuais e afrodisíacos que deu tanto prestigio a escravos macumbeiros juntos a senhores brancos já velhos e gastos." Freyre (2001, p. 343),
A influência do escravo negro na vida sexual da família brasileira é destacada por, Freyre (2001, p. 381), assim:
(...) O grosso das crenças e práticas da magia sexual que se desenvolveram no Brasil foram coloridas pelo intenso misticismo do negro; algumas trazidas por ele da África, outras africanas apenas na técnica, servindo-se de bichos e ervas indígenas. Nenhuma mais característica que a feitiçaria do sapo para apressar a realização de casamentos demorados. O sapo tornou-se também, na magia sexual afro-brasileira, o protetor da mulher infiel que, para enganar o marido, basta tomar uma agulha enfiada em retrós verde, fazer com ela uma cruz no rosto do indivíduo adormecido e coser depois os olhos do sapo.
Além da influência na vida sexual destacado no clássico Casa Grande e Senzala, merecem ênfase as canções que foram modificadas pelas negras.
Também as canções de berço portuguesas, modificou-se na boca da ama negra, alterando nelas palavras; adaptando-as às condições regionais; ligando-as às crenças dos índios e às suas. Assim a velha canção "escuta, escuta menino" aqui amoleceu-se em "durma, durma, meu filhinho", passando Belém de "fonte" portuguesa, a "riacho" brasileiro. Freyre (2001, p. 380)
Observa-se que as amas apropriaram-se das canções de origem portuguesa e as recriaram, dando um toque especial, o toque africano. Isso é perceptível na "infantilização" das palavras das canções.
"A linguagem infantil também aqui se amoleceu ao contato da criança com a ama negra. Algumas palavras, ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas pelos portugueses, se amaciaram no Brasil por influência da boca africana. Da boca africana aliada ao clima - outro corruptor das línguas europeias, na fervura por que passaram na América tropical e subtropical. Freyre (2001, p. 382)
Deste modo, foi se delineando a língua falada no Brasil, a língua portuguesa que foi amplamente influenciada pelo modo de falar dos escravos africanos.
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida: machucou-as, tirou-lhes as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles. Daí esse português de menino que no norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais doces deste mundo. Sem rr nem ss; as sílabas finas moles; palavras que só faltam desmanchar-se na boca da gente. A linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem um sabor quase africano: cacá, bumbum, tentén, nenén, tatá, papá, papapo, lili, mimi (...) Amolecimento que se deu em grande parte pela ação da ama negra junto à criança; do escravo preto junto ao filho do senhor branco. Os nomes próprios foram dos que mais se amaciaram, perdendo a solenidade, dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos. Freyre (2001, p. 382)
Nota-se que o intercâmbio cultural entre os negros africanos, indígenas e portugueses foram intensos, notadamente na língua, costumes, modos, comidas, forma de pensar e práticas religiosas. De acordo com Paiva (2001, p. 185) As trocas culturais e os contatos entre povos de origem muito diversa é algo que, então, fazia parte do dia - a – dia colonial, desde a chegada dos portugueses. Isto, porque, era ampla a vivência cultural da população negra no Brasil colonial, refletindo amplamente na sociedade do período.
Deste intercâmbio cultural formou-se a cultura afro-brasileira, sendo visível à influência africana em todos os aspectos da sociedade brasileira, não sendo possível desvincular a cultura brasileira da africana, da indígena ou da europeia.
Para Paiva (2001, p. 39) a formação cultural não se deu de forma linear, uniforme e harmônica. Muitos foram os conflitos, as adaptações e os arranjos ao longo do período.
É evidente que não estou sugerindo uma formação linear desse universo cultural, nem estou emprestando-lhe uma harmonia, que, de fato, pouco existiu. Tanto seu processo de formação quanto a convivência no interior dele se deram (e se dão) de maneira conflituosa na maioria das vezes, embora haja, também, adaptações constantes, arranjos e acordos que visam a sua preservação. Paiva (2001, p. 41)
A preservação dessas práticas culturais ocorreu através de aproximações e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001, p. 40):
A conformação e a preservação do universo cultural dão-se, então, através das aproximações e afastamentos, das interseções, da intervenção de espaços individuais e coletivos, privados e comuns, que envolvem dimensões do viver tão diversas quanto à do material, da utensilagem e das técnicas; dos costumes e tradições, das práticas e das representações culturais; da mitologia e da religião; do físico e concreto, do psicológico e imaginário; da linguagem e das escritas; da dominação, da resistência e do transito entre elas: da temporalidade e da espacialidade; das continuidades e das descontinuidades; da memória e da história. Tudo implicado com os campos da política e do econômico, provocando mutuamente contínuas reordenações e construções sociais.
Desse modo, observa-se a formação e a preservação de uma identidade cultural, bastante plural devido às influências: europeia, africana e indígena, favorecendo uma riqueza cultural bastante peculiar. Estas peculiaridades multiculturais manifestaram-se, principalmente, na língua, culinária, música, dança, religião, dentre outros.
Conclusão
Conclui-se que os africanos tiveram um papel importante no processo de formação cultural brasileiro, pois através da inserção de suas práticas e seus costumes na sociedade brasileira contribuíram para a formação de uma identidade cultural afro - brasileira.

REFERÊNCIAS
ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia: São Paulo: EDUSP, 1982.
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. 43 ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
PAIVA, Eduardo França. Escravidão e Universo Cultural na Colônia. Minas Gerais: UFMG, 2001.
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
KAVINAFÉ, Tata Kisaba: O sacrifício do povo africano cultura Afro - Americana. Acesso em 28 jan. 2009.

Márcio de Carvalho C. Ferreira, funcionário público, Formado em História - licenciatura plena, pelo Instituto Superior de Educação (Ceiva) Januária MG, Pós graduado em História e cultura Afro-Brasileira, pela Finon. Atualmente cursa os cursos de pós graduação de Educação ambiental e Docência do ensino superior


Fonte: Geledés

domingo, 23 de abril de 2017

Quando você irá se importar?

por José Gilbert Arruda Martins

Quando chegar na sua porta, na sua casa? Quando a violência atingir um dos seus? Aí pode ser tarde demais.



Espalha-se nas redes sociais do Brasil e do mundo a notícia sobre os campos de concentração para homossexuais na Chechênia, região da Rússia. 

Em nossas conversas em família, comentando e debatendo sobre esse triste e absurdo acontecimento, costumo dizer que, o que acontece na Rússia pode ser uma mistura de cultura opressora de longa data com, historicamente, governos autoritários. Apesar de saber que a Rússia tem grande e importante papel na geopolítica mundial, fazendo um contra ponto fundamental à política dos EUA no mundo, não podemos aceitar o desrespeito e a intolerância institucionalizada ou não.

Presenciamos o descalabro horrendo dos campos de concentração na Chechênia mas, temos em outras partes do planeta e no Brasil, outros tipos de campos de concentração que precisam também ser combatidos.

Os "campos de concentração" de golpes na democracia, como aconteceu na Costa Rica, no Paraguai e, mais recentemente, no Brasil, os "campos de concentração!" da pobreza, do racismo, da intolerância, da corrupção, da manipulação da mídia, da concentração de riqueza, da desigualdade social e econômica, da homofobia...


Chechênia. A violência contra homessexuais


Em nosso país, a percepção que se tem é de aumento da intolerância contra não apenas homossexuais, mas contra os negros, contra pobres, mulheres, índios etc. A violência histórica contra essas "minorias", parece ter sido potencializada pelo golpe e por discursos de ódio da militância de direita, por parte das elites e parlamentares conservadores.

No Brasil, entre 2003 e 2014, com as diversas Políticas Públicas inclusivas, o país avançou consideravelmente nessa questão, os governos Lula e Dilma, criaram, além das Políticas Públicas, leis e projetos democráticos num ambiente onde dava para, pelo menos, debater e amadurecer determinados pontos sobre a homossexualidade e o respeito aos direitos individuais e coletivos. 

Agora, após o golpe, com a colocação de pessoas despreparadas e, até mesmo defensora da violência e da intolerância, em órgãos e cargos importantes ligados aos direitos humanos, a situação tende a piorar bastante.

Resta aos defensores da liberdade e da democracia, a luta. Mas, como dizia o saudoso Paulo Freire, "ninguém se educa sozinho" precisamos um dos outros e das outras, para que a batalha das ruas, do debate ideológico e político, faça diferença e provoque o avanço nas ideias e na prática construtiva e solidária, justa.

Vamos organizar, vamos nos reunir, vamos debater e continuar a luta aqui no Brasil, na Rússia e em todo o planeta contra a homofobia e todo tipo de violência.

Agora há pouco assinei o abaixo assinado contra os campos de concentração para homossexuais da Chechênia. Segue abaixo o link:

https://secure.avaaz.org/campaign/po/close_the_gay_torture_camps_loc/?bGzOsfb&signup=1&cl=12440307265&v=91831

Dez livros para entender a luta operária


Com proximidade da greve geral, Brasil de Fato seleciona obras relacionadas ao tema

no Brasil de Fato

Escolhemos obras teóricas e literárias que tratam da questão operária e do mundo do trabalho - Créditos: Autor desconhecido


Escolhemos obras teóricas e literárias que tratam da questão operária e do mundo do trabalho / Autor desconhecido

Contra as reformas da previdência e trabalhista, uma mobilização nacional é preparada para o dia 28 de abril. Nos sindicatos, assembleias têm definido a adesão de diversas categorias à Greve Geral.
Para entender a importância deste instrumento de luta, o Brasil de Fato selecionou obras teóricas e literárias que tratam da questão operária e do mundo do trabalho. Veja a lista abaixo.

Autor: Ricardo Antunes (org.)
Conjunto de textos dos fundadores do marxismo sob um tema comum: o trabalho. Fonte possível de libertação ou de opressão, a seleção indica como tarefa política o (re)direcionamento do trabalho como elemento da construção de uma nova sociedade.

 
Autoras: Vera Lucia Navarro e Edvânia Ângela de Souza Lourenço (orgs.)
Focados na questão da terceirização, os artigos desta obra apontam os efeitos da flexibilização das relações trabalhistas sobre a vida de trabalhadoras e trabalhadores.

Autor: Geraldo Augusto Pinto
O livro descreve como o modo de produção capitalista se desenvolveu historicamente ao longo do século passado em três modelos industriais: taylorismo, fordismo e toyotismo.

Autores: Claudia de A. Campos, Enid Y. Frederico, Walnice N. Galvão, Zenir C. Reis (orgs.)
Coletânea de textos de autores clássicos da literatura - como Machado de Assis, Lima Barreto e Euclides da Cunha - cobre o a situação do ser humano imerso no mundo do trabalho.

 
Autora: Laís Wendel Abramo
Descreve o papel do movimento grevista como elemento constitutivo da identidade dos trabalhadores e na construção de melhores condições de vida.

 
Autor: Celso Frederico
O livro utiliza o papel da comunicação alternativa na luta sindical como fio condutor da história que vai da resistência à Ditadura Militar a partir da década de 60 até a constituição das centrais sindicais nos anos 80.

Autores: Marcelo Badaró Mattos e Ruben Vega
Seleção de artigos de três países: Brasil, Portugal e Espanha, que descrevem o papel da classe trabalhadora nos processos de resistência a ditaduras e de transição à democracia.

Autora: Márcia Hespanhol Bernardo
A obra defende que, ao contrário do que postulam os discursos relacionados à flexibilização produtiva inaugurados no final do século 20, a condição de exploração permanece intocada.

Autora: Ana Isabel Álvarez González
A autora aponta a relação entre o movimento feminista e as organizações operárias, com convergências e tensões, combatendo também a versão mais difundida sobre a origem do Oito de Março.

 
Autor: Carlindo R. de Oliveira (org.)
Série de depoimentos de lideranças sindicais sobre a experiência grevista


 
Edição: Vanessa Martina Silva

sexta-feira, 14 de abril de 2017

E o golpe continua

por José Gilbert Arruda Martins

Quando as elites conservadoras de Honduras derrubaram em 2009 o presidente eleito do país Manuel Zelaya, e no Paraguai em 2012 as elites paraguaias apearam Fernando Lugo, pouca gente da esquerda no Brasil acreditava que o fenômeno chegaria aqui por estas bandas, mas chegou e derrubou a presidenta Dilma Roussef. Como é do conhecimento de todas e todos, a esquerda brasileira e os progressistas daqui "dormiram no ponto".


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De 2016 para cá, o golpe foi se consolidando através de aprovação de Emendas Constitucionais e Projetos de Lei que destroem aos poucos a rede de proteção social do país construída desde a década de 1920. Rede social que foi ampliada pelos governos de Lula e Dilma nos últimos 13 anos.

A emenda constitucional 241 que congela por 20 anos os investimentos sociais e o projeto de lei da terceirização, são apenas dois momentos do golpe que continua em andamento, as próximas destruições serão a previdência e a CLT.

Nesse sentido, gostaria de chamar a atenção dos nossos leitores e leitoras para o fim do programa Ciência Sem Fronteiras.

Criado em 2011 no governo Dilma Roussef, o programa o entrará para a história da educação superior brasileira não apenas pelos pecados de seu gigantismo de origem mas, sobretudo, pelo importante debate que suscitou em torno do tema da internacionalização 

De 2012 a 2016, o Programa CsF financiou cerca de 93 mil bolsas de estudo integrais para estudantes brasileiros no exterior, 73% dos quais na modalidade graduação. Ao custo de quase 11 bilhões de reais, a iniciativa governamental não tem precedente no Brasil e encontra poucos paralelos ao redor do mundo. 


Do ponto de vista institucional, merece ser reconhecido o calibre de agências federais sexagenárias, como a CAPES e o CNPq. Incumbidas da tarefa hercúlea de selecionar, monitorar e administrar um contingente inédito de bolsistas no exterior, essas agências tiveram de se adaptar rapidamente. E deram conta do recado. Se é verdade que houve uma sobrecarga de trabalho a partir de 2011, também é verdade que ocorreram aprendizados relevantes, os quais merecem ser estudados e replicados.
A criação do Ciência sem Fronteiras impulsionou ainda o estabelecimento de setores educacionais em postos chave do Itamaraty na América do Norte, Europa e Ásia. Incitados a trabalhar de maneira mais integrada e cooperativa de modo a viabilizar o CsF no exterior, os ministérios das Relações Exteriores (MRE), da Educação (MEC) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTi) acabaram, de modo quase acidental, redescobrindo juntos um universo geopolítico que o Brasil frequentava de maneira apenas irrisória até então.
Compreendido pelo arcabouço conceitual do “Capitalismo Acadêmico”, este universo movimenta trilhões de dólares anualmente, e é disputado por poderosas universidades globais, instituições privadas de fomento à mobilidade estudantil e agências governamentais que atuam de maneira assertiva a serviço de nações tão distintas quanto a Alemanha, a Austrália, a China e os Emirados Árabes Unidos. 
Visto por este viés, é possível afirmar que a criação do Ciência sem Fronteiras em 2011 talvez não tenha decorrido de um raciocínio de todo ruim. Num momento em que o núcleo do capitalismo global enfrentava uma crise financeira avassaladora, o Brasil tinha diante de si — a menos hipoteticamente — uma oportunidade histórica de se aventurar nas águas ainda pouco navegadas da diplomacia educacional.
Nesse contexto, importante destacar que o golpe, com a decretação do fim do Ciência Sem Fronteiras, continua.
E, como foi dito, o golpe não foi apenas contra uma pessoa, um grupo político ou partido, o golpe foi contra, nesse caso específico, os estudantes.
Por fim, o projeto das elites brasileiras, fundamentalmente das elites paulistas, de consolidar seu poder no governo federal e no Estado de São Paulo, continua a todo vapor.
O presidente de plantão, o usurpador Michel Temer, dirige o governo não por razões pessoais ou por interesses do grupo do PMDB mas, para dirigir um projeto das elites rentistas internas e externas, de destruição do micro esta do bem-estar brasileiro que existia até então. montando em seu lugar um projeto de estado mínimo onde o grande capital será o foco e, os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras, serão ou esquecidos ou destruídos completamente.

Fonte: Carta Capital

Temas de História: HISTÓRIA DA AMÉRICA

Por Me. Cláudio Fernandes

A História da América é subdividida, para fins didáticos, em: América Pré-Colombiana, Descobrimento e Conquista, Montagem do Sistema Colonial, Processos de Independência e América Contemporânea. Essa divisão tem uma finalidade esquemática que se ajusta a eixos de estudos específicos, organizados dentro desta seção, que detalharemos nos parágrafos seguintes.

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Geralmente, o conteúdo sobre o Descobrimento da América e os mecanismos de conquista é dado com o estudo dos Povos Pré-Colombianos. Desse modo, na medida em que se compreende os meandros da situação europeia, sobretudo da Península Ibérica, no final do século XV, procura-se entender que tipo de culturas e civilizações se desenvolveram no continente americano, que vieram a se “chocar” com os navegantes da Europa.

Nesse sentido, o ano de 1492 foi um marco tanto para a civilização europeia quanto para as civilizações que já habitavam o continente americano antes da chegada dos europeus. O navegador genovês Cristóvão Colombo fora financiado pelos reis da Espanha (recém-unificada), Isabel e Fernando, para lançar-se à navegação do Oceano Atlântico com o objetivo de chegar às Índias, estabelecendo assim uma nova rota comercial. A partir dessa nova rota, Colombo acabou descobrindo o novo continente, que, à época, foi denominado de “Novo Mundo”. Os povos com os quais os espanhóis travaram contato e, a posteriori, conquistaram foram os Astecas, Maias e Incas.

A Colonização Espanhola foi a primeira a efetivar-se em solo americano. A montagem do seu sistema colonial contou com dispositivos como a hacienda, o repartimiento e a encomienda. A extração de metais preciosos e o estabelecimento de agricultura com base na plantation também foram determinantes na colonização espanhola. A Colonização Portuguesa também se efetivou ainda no século XVI, porém com diferenças muito acentuadas com relação à espanhola. Todavia, esse conteúdo já está incluso na matéria de História do Brasil.

Segue-se à colonização dos países ibéricos a de países de outras regiões da Europa, como Holanda, França e Inglaterra. Dois dos fatores mais importantes para que esses outros países se lançassem à exploração do “novo mundo” foram as guerras civis religiosas, provocadas pela Reforma Protestante, e a busca por matérias-primas e especiarias, como o açúcar. A formação das Treze Colônias nos Estados Unidos está inserida nesse contexto.

Após o estudo do período colonial da História da América, há o período dos processos de Independência. Esses processos, que ocorreram entre a segunda metade do século XVIII e a primeira metade do século XIX, foram incitados pelas revoluções burguesas da Europa, como a Revolução Inglesa, a Revolução Francesa e os movimentos nacionalistas que, entre outras coisas, culminaram na Unificação Alemã e Unificação Italiana. Personagens como Simon Bolívar e José Martí foram fundamentais no processo de independência da América Hispânica. Antes disso, houve nos Estados Unidos também as guerras pela independência e a busca por expansão rumo ao Oeste.

O estabelecimento de instituições políticas tipicamente americanas ocorreu no momento em que houve uma onda nacionalista global. Além disso, esse momento foi também fundamental para a integração do globo terrestre por intermédio da Segunda Revolução Industrial e da junção do Capitalismo Financeiro com o Capitalismo Industrial (fenômeno que alguns autores denominam Imperialismo). A História da América, a partir desse momento, ficou completamente imbricada com a História Geral.

No século XX, vários fenômenos destacaram-se no contexto da História da América. Temos desde a Revolução Mexicana, a entrada de países como os EUA e o Brasil na Primeira Guerra Mundial, a penetração de ideias políticas fascistas, anarquistas e comunistas em solo americano (cujo momento significativo foi a Revolução Cubana) até fenômenos como o populismo latino-americano, as ditaduras civis/militares durante o período da Guerra Fria e o processo de redemocratização, sobretudo após o colapso da URSS.

A seção de História da América ainda oferece uma subseção específica só sobre os Países da América, apresentando detalhes específicos sobre eles.


Temas de História: Independências na América

Mestrado em História (UFJF, 2013)
Graduação em História (UFJF, 2010)


As Independências na América ocorreram de maneiras diferenciadas. A influência dos países colonizadores acrescentou características específicas às colônias da Espanha, de Portugal e da Inglaterra.

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O movimento de independência começou na América (do Norte) no século XVIII. Nesta ocasião, as Treze Colônias, que eram de propriedade da Inglaterra, se manifestaram contra as cobranças cada vez mais intensas feitas por sua metrópole. A coroa inglesa implementou uma série de impostos que exigia muito dos colonos. Revoltados, estes organizaram manifestações e assumiram posturas radicais, tendo como resultado uma guerra entre colônia e metrópole. A primeira recebeu o apoio da França, histórica rival da Inglaterra, e acabou conquistando sua independência na década de 1770.

Mais tarde, na última década do mesmo século, aconteceu um caso emblemático e raro de independência no continente Americano. O Haiti vivenciou uma revolta dos escravos contra as classes dominantes. A Revolução Haitiana, que começou em 1789, uniu os negros que viviam no local exercendo trabalho compulsório em combate contra a escravidão e os abusos dos soberanos. O evento acabou se tornando a única independência na América movida por escravos. A conseqüência foi o descontentamento das metrópoles em relação ao Haiti, passando a boicotar o novo país ou tratá-lo de maneira diferenciada. Até hoje é possível notar os efeitos que o descaso de outros países deixaram e deixam em um país que uniu escravos para acabar com tal forma de exploração no trabalho.

Já as colônias espanholas na América receberam a influência de uma série de fatores em seus processos de independência. A Espanha era detentora do maior território colonial no continente americano, suas posses iam do atual México até o extremo sul do continente. Nestas terras se fortificou uma elite local conhecida como criollos, que eram os filhos dos espanhóis nascidos no Novo Mundo. Os criollos desenvolveram suas atividades e seus interesses na América, contestando, várias vezes, atitudes metropolitanas. Internamente, o fortalecimento dos criollos e a insatisfação com as exigências da metrópole influenciaram nos movimentos de emancipação. Os criollos manifestaram-se em favor de maior liberdade política e econômica. Já no cenário internacional, o exemplo da independência dos Estados Unidos, que povoava o imaginário dos separatistas, e a situação política na metrópole, que passava por momentos de grande instabilidade, davam suas contribuições para o processo. O resultado foi uma série de independências no território americano que antes pertencia à Espanha, fragmentando toda a imensa colônia em vários países durante o século XIX.

Já o Brasil, colônia de Portugal, não passou por uma guerra contra à metrópole, caso dos Estados Unidos, ou por uma grande fragmentação do território, como aconteceu com a América Espanhola. No início do século XIX, em 1808, o rei português Dom João VI transferiu toda sua corte para o Brasil em meio a fuga dos exércitos de Napoleão Bonaparte que conquistavam os territórios na Europa. A mudança da corte alterou toda a lógica do Império Português no mundo, que passou a ter o Brasil como centro. No final da década de 1810 apenas que o rei Dom João VI resolveu retornar à Portugal como tentativa de controlar as manifestações dos burgueses de tal localidade que se viam prejudicados em função do distanciamento da coroa. Porém no Brasil ficou o príncipe regente Dom Pedro I, o qual foi convencido pela nova elite local a tornar o Brasil independente e ainda ser o primeiro imperador do mesmo. Dom Pedro I interessou-se pela proposta e declarou a independência brasileira em 1822. No Brasil não houve guerra contra Portugal, mas sim guerras internas para afirmar toda a extensão do território pertencente ao novo imperador.

Imagem: https://www.google.com.br/search?q=imagens+independ%C3%AAncias+na+Am%C3%A9rica&rlz=2C1SAVU_enBR0538BR0538&espv=2&tbm=isch&imgil=tJkLurwtP1A9XM%253A%253Be4zrMBzFmtoXoM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Feducacao.globo.com%25252Fhistoria%25252Fassunto%25252Findependencia-das-americas%25252Findependencia-da-america-espanhola.html&source=iu&pf=m&fir=tJkLurwtP1A9XM%253A%252Ce4zrMBzFmtoXoM%252C_&usg=__erglA7p3ci5qrrxMLhBX5jqHfI4%3D&biw=1280&bih=638&ved=0ahUKEwjb4d-KlaTTAhXBf5AKHcEHCHIQyjcIPA&ei=md3wWJuxIMH_wQTBj6CQBw#imgrc=tJkLurwtP1A9XM:

quarta-feira, 12 de abril de 2017

O grande capital, ajudados por seus velhos e carcomidos lacaios: o anti juiz Moro, a globo, a veja, o estadão, a folha, a istoÉ propagadores do ódio, querem fazer você acreditar que o presidente que mais fez pelo social: Prouni; Minha Casa Minha Vida, Fies; Samu; Bolsa Família, Instituto de educação, ampliação e interiorização das Universidades Públicas, que criou e instalou um política externa independente... entre muitas outras Políticas Públicas é um corrupto e sem provas desejam prendê-lo para justificar sua retirada da disputa eleitoral de 2018.






A anatomia da mentira deslavada – Denúncia de Marcelo Odebrecht contra Lula é uma farsa

no Cafezinho



Por Bajonas Teixeira,
A primeira coisa que chama atenção na denúncia de Marcelo Odebrecht, é que já começa com duas versões, as duas contadas pelo mesmo Marcelo: primeiro diz que destinou a Lula 35 milhões mas, logo depois, sobe esse valor para 40 milhões. E faz isso sem explicação nenhuma. A hipótese mais provável é que essa falta de explicação tenha uma boa explicação: agradar à Lava Jato e angariar os benefícios de uma delação premiada.
Em toda essa denúncia não há sequer uma prova, não há o mínimo indício, não existem comprovantes, nenhuma gravação, nenhum cheque, nenhum local em que os encontros tivessem ocorrido, nada enfim que pudesse gerar a menor expectativa de comprovação.
Vejamos o que ele diz. Primeiro, afirma que o valor destinado a Lula seria de 35 milhões:
A gente sabia que ia ter demandas de Lula, a questão do instituto, para outras coisas. Então vamos pegar e provisionar uma parte desse saldo, aí botamos R$ 35 milhões no saldo ‘amigo’, que é Lula, para uso que fosse orientação de Lula“.
No entanto, logo a seguir, como se fosse vítima de amnésia, ou fosse um péssimo ator que esqueceu o script e se vê obrigado a improvisar, diz que o valor foi de 40 milhões:
“A gente botou 40 milhões que viriam para atender demandas que viessem de Lula. Eu sei disso… É, veja bem, o Lula nunca me pediu diretamente, essa informação eu combinei via Palocci. Óbvio que ao longo de alguns usos, ficou claro que era pro Lula porque ele teve usos que ficou evidente para mim que era uso.”
É engraçado, não? Um juiz com um detector de mentiras implantado no cérebro, ou com uma sensibilidade medianamente apurada para a mentira, teria parado o depoimento aí e perguntado meio enfezado: “Afinal, o senhor deu 35 ou 40 milhões para o ex-presidente Lula?”. Claro que teria feito isso, justamente porque se trata de uma informação vital. Mas Moro, para o espanto de quem analisa a situação, nada disse, como se não estivesse percebendo o despropósito.
Mas o pior está por vir.
O ridículo ‘saldo’ Amigo
Diz Marcelo Odebrecht que o combinado foi destinar um fundo exclusivo para as desmandas de Lula, para “a questão do instituto, para outras coisas”. Primeiro, não se vê bem o motivo para constituir um “fundo” apenas para supostas despesas de Lula. E, menos ainda, quando se está no momento da sua saída do poder, 2010,  já que Dilma assumiria em 01 de janeiro de 2011. Se fosse para constituir tal “provisão”, por que não fizeram antes, quando Lula estava no auge da sua glória e poder? Porque deixaram o suborno para depois de sua saída do poder?  Esquisito, não?
A lógica do mundo político sempre foi “rei morto, rei posto”. Saindo Lula do Planalto, que nem podia voltar após dois mandatos e pela idade, qualquer interesse seria imediatamente transferido para Dilma. E ponto final.
O mais curioso é que, depois de ter dito que constituiu uma provisão financeira, um fundo, exclusivo para Lula – e sem que Lula precisasse pedir, já que tudo teria sido combinado com Palocci –, Marcelo Odebrecht diz uma pérola: só depois, através de alguns usos é que “ficou claro”, “que ficou evidente para mim”, que era mesmo para Lula.
Mas como?? Como pode ter dito que combinou com Palocci criar um fundo para atender às demandas de dinheiro de Lula se, em seguida, diz que só depois foi que se convenceu, por “certos usos”, que o dinheiro era pra Lula?? Não faz sentido, é absurdo.
O que há de mais cômico, porém, é que ele conclui sua denúncia com essa baboseira digna de um débil mental:
“As duas únicas comprovações que eu teria de que Lula, de certo modo, tinha conhecimento dessa provisão foi quando veio o pedido para a compra do terreno do instituto IL [INSTITUTO LULA]”.
Isso é uma aberração intelectual: ele começa dizendo que a Odebrecht decidiu criar um fundo para Lula, sem que Lula tenha pedido, para despesas como o Instituto, e, depois, vem nos dizer que foi através de despesas do instituto (compra do terreno) que concluiu que o fundo era para Lula. É pura idiotice.
Como dizia Sócrates aquele que, a cada vez, apresenta versões diferentes sobre as mesmas coisas é um mentiroso. E, não há dúvida possível, Marcelo Odebrecht está contando mentiras grosseiras e ridículas. Mas que farão sucesso, porque são justamente as mentiras que a Lava Jato queria ouvir. E quer ouvir porque Sérgio Moro tem pressa em sentenciar Lula e, se possível, prendê-lo.
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