quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Com a cabeça na lua e os pés na soja | (breve balanço de meio mandato do governo Lula; política externa)

 Por Rui Abreu

FOTO:  Ricardo Stcukert

            Lula assumiu a presidência do Brasil em 2023 a meio de um conflito global que coloca os E.U.A. contra qualquer país que não assuma os interesses estadunidenses como primordiais, a guerra que confronta o império norte americano com a sua perda de hegemonia global.

            Com a China a encabeçar o campo contra hegemônico e os BRICS como instrumento de construção econômica de superação do domínio imperialista, o estreitamento de relações dentro do Sul Global apresentava-se para o Brasil como perspectiva alternativa ao destino de eterna colônia dos EUA e das potências europeias. É neste contexto bipolarizado que o governo em disputa de Lula começa sua governação tendo para responder os anseios da esquerda de desenvolver e qualificar a economia; e o lucro confortável agroextrativista e da finança defendido pela direita e extrema direita. Este binômio apresenta-se determinante para as relações internacionais e o papel do Brasil no mundo.

            A casa branca do partido democrata aproximou-se de Lula através dum inimigo que tinha colocado os governos de Biden e Lula e o pacto liberal burguês que os sustentava em risco. Mas nem o enfrentamento comum ao neofascismo conseguiu apagar o rasto golpista da CIA que Snowden ¹ e a vazajato denunciaram e que tornou clara a participação dos EUA no golpe continuado de 2016, passagem que a consciência anti imperialista não esquece.

            Já a China continuava (e continua) seu caminho de predominância comercial, desembarcando em todos os continentes com sua pujante diplomacia econômica. Com um modelo de negócio circular, em que domina todas as fases do ciclo desde o projeto ao financiamento, a China estabeleceu-se como a maior força econômica do mundo, sendo a principal parceira comercial de mais de 120 países. Para tal serviu-se do projeto Cinturão e Rota, em que o Cinturão representa as novas rotas terrestres que acessam a Europa, Sul e Sudeste Asiático e a Rota representa a rede marítima que conecta a produção chinesa com os principais portos da Ásia, América do Sul, África e a Europa. Os resultados já estão à vista estando expectado na balança comercial chinesa para 2024 um superavit de 1 trilhão de dólares. A maioria das infraestruturas foram e são projetadas, construídas e financiadas pela China, colocando o esforço inicial sobre o gigante asiático, mas também garantindo um total controle dos projetos.

 

Subindo a rampa com Joe de um lado e Xi do outro

 

            Sob nova liderança o Brasil tentaria ocupar um lugar de destaque na nova ordem mundial a construir, tentando recuperar a política externa ativa e altiva que Celso Amorim ampliou e que promoveu o Brasil no mundo no início do século XXI. Pelo menos essa era a expectativa, ainda mais inflada pelo discurso (correto) de desdolarização do presidente Lula.

            No entanto, desde o início do mandato os sinais do executivo foram contraditórios, recusando em janeiro o pedido de envio de armas e munições para a Ucrânia feito pelos governos alemão e francês enquanto votava em fevereiro nas Nações Unidas a resolução patrocinada pelos EUA que tentava isolar a Rússia no cenário internacional.

            Dava-se início a um percurso ziguezaguiante que projetava o Brasil como um “não alinhado” de grande dimensão política e econômica, podendo colher frutos de todos os lados. Um caminho trilhado no passado mas num contexto muito diferente do atual, em que a pressão imperialista dos EUA vem bipolarizando o mundo entre os submissos aos seus interesses e os que tentam um desenvolvimento autônomo e soberano. Um contexto de bipolarização catalisado pela guerra na Ucrânia, com o império instando os países a tomar posição no seu campo ou no campo oposto, o anti imperialista, este último difuso e de países com sistemas diferentes mas alinhados em superar a hegemonia norte americana no mundo.

            Sobre a guerra na Ucrânia, a posição do governo Lula oscilou entre a condenação da incursão russa em território ucraniano e a compreensão histórica e política das razões da Rússia. Na prática acabou por não se alinhar com o bloco ocidental na condenação e tentativa de isolamento econômico e político da Rússia, não promovendo russofobia, não chancelando as sanções econômicas impostas por Biden e seus lacaios europeus, não participando do esforço de guerra que o império impõe a seus súditos e continuando suas relações econômicas normais com a Rússia. E fez bem! Em 2024, pela primeira vez na história a Rússia ascendeu ao top 10 dos parceiros comerciais do Brasil.

            Também China e EUA aumentaram suas relações econômicas e comerciais com o Brasil, sendo o primeiro e segundo parceiros respectivamente. Não obstante fossem anunciados acordos de cooperação e desenvolvimento de setores da economia quer com os EUA quer com a China, a balança comercial brasileira continua ser maioritariamente preenchida nas exportações por:

 

Produtos agrícolas: café, soja, açúcar, carne bovina, frutas e verduras;

Produtos minerais: minério de ferro e petróleo;

Produtos industriais: combustíveis de petróleo, petróleo bruto, café, celulose e aeronaves.

 

Enquanto as importações são maioritariamente:

Produtos petrolíferos refinados, óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos; Produtos de tecnologia: equipamentos de informática, equipamentos de telecomunicações, sistemas de energia e maquinário industrial;

Produtos industriais: equipamentos médicos, produtos farmacêuticos e medicamentos.

 

            Ambas as potências retiram da economia brasileira o que mais precisam e o que o modelo econômico agroextrativista tem para colocar no mercado internacional não se divisando nessas relações substantivos desenvolvimentos no tecido industrial brasileiro, mas essa é uma encruzilhada a resolver dentro do Brasil.

            Mas... em tempos de bipolarização global o caminho em cima do muro torna-se estreito e de curta duração, havendo obstáculos impossíveis de ultrapassar.

 

BRICS e o caso Venezuela

 

            Primeiramente em 2009 com China, Rússia, Brasil e Índia, acompanhados em 2011 pela África do Sul, a criação dos BRICS viria a contribuir e destacar o deslocamento do centro econômico atlantista para a Ásia/Pacífico e o que se viria a convencionar como Sul Global. O patrocínio do Brasil ao projeto no início da década passada e os discursos entusiásticos do presidente Lula em 2023 auguravam um aprofundamento do projeto, podendo vir a ser um caminho alternativo às relações coloniais estabelecidas entre o império estadunidense/europeu e o Brasil.

            A incursão da Rússia na Ucrânia serviu de motivo para os EUA quebrarem os circuitos econômicos globais que no seu pleno funcionamento só aumentam a distância de crescimento e desenvolvimento da economia chinesa em relação à estadunidense. Impuseram sanções, roubaram reservas financeiras russas no exterior e estabeleceram fortes restrições no relacionamento com a Rússia. Economia e dólar seriam agora instrumentos cada vez mais bélicos, com objetivos muito mais destrutivos que construtivos, ameaças essas que o resto do mundo bem compreendeu, havendo um movimento de abandono do dólar como unidade das reservas de muitos países.

            A pressão imposta pelas armas e pela ditadura do dólar no comércio mundial levou muitos países a encarar os BRICS como um caminho econômico alternativo às relações extorsionistas do (em declínio mas ainda) império com o resto do mundo, mesmo sendo um grupo de países com modelos políticos e sociais muito diferentes. Neste cenário dezenas de países tentam a adesão ao grupo, tendo sido aprovada em 2024 a extensão para mais cinco países: Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e a Arábia Saudita.

            Foi neste ímpeto aglutinador que a Rússia propôs a Venezuela como novo parceiro do grupo e o Brasil vetou, dando continuidade à pior falha que teve na política externa. A mando não se sabe de quem (mas calcula-se), o Brasil assumiu um papel de fiscalizador de eleições alheias, (mas só da Venezuela) não reconhecendo a legalidade do ato mesmo quando a corte eleitoral venezuelana o fez. Violando despudoradamente a soberania de um país vizinho, parceiro econômico e indispensável para a integração sul americana, que ficou mais fragilizada com esta atitude do governo brasileiro. Recordando que o projeto de envolvimento dos países sul americanos pode ser mais um mecanismo de defesa e emancipação do continente face às potências que sempre o colonizaram, em particular do domínio do Tio Sam.

            Ao final de dois anos de mandato vemos um Brasil pouco comprometido com o aprofundamento dos BRICS, agora na sua versão PLUS, e com a integração sul americana, dando o governo mais destaque nas suas relações com o bloco imperialista, como no encontro do G20 e as negociações do acordo UE/Mercosul. Esperemos que haja uma recondução na política externa brasileira, recuperando fulgor dentro dos BRICSPLUS e normalizando suas relações com a Venezuela, movimento racional e necessário.

 

Palestina viva e livre!

 

            O mundo vai assistindo de forma plácida o genocídio em Gaza promovido pelo governo sionista israelense e patrocinado pelos EUA acompanhados pela maioria dos governos europeus. Também China e Rússia têm assobiado para o lado.

            Lula acertou ao classificar por várias vezes como genocídio o que o é. Embora sem sequência efetiva no campo diplomático e econômico, as falas corajosas de Lula sobre o massacre em Gaza deram relevância e alento à causa palestina e revelou ser o melhor contributo que o governo brasileiro deu nos últimos dois anos. Esperemos que se desenvolvam novas formas de defesa e solidariedade para com a Palestina entendendo que combater o sionismo é tarefa mundial ao nível de cada país. Não só o sionismo está disseminado pelo globo como se emparelha com movimentos/ideologias irmãs como o neofascismo e o neonazismo.

            Combater o genocídio sionista também é combater a extrema direita dentro de casa.

 

Com a cabeça na lua e os pés na soja

 

            Os programas espaciais são talvez a maior forma de afirmação como potências que os países têm no cenário internacional. O século XXI viu recrudescer a exploração espacial com vários novos atores a disputar o palco estelar. O nosso astro inquilino ganhou particular atração nos últimos vinte anos, tendo Israel, Rússia e Índia tentado alunagens com mais ou menos sucesso.       Mas são as duas superpotências que estão mais avançadas nos seus programas de exploração espacial, revelando-se a China a que mais passo deu no seu projeto de criação da Estação Internacional de Investigação Lunar. Afinal tudo acompanha a economia... Em resposta a este projeto, os EUA desenvolvem o programa ARTEMIS que pretende recolocar seres humanos na superfície do satélite terrestre.

            Também estes programas refletem o posicionamento das potências e suas diplomacias. Através da emenda Wolf, de 2011, o congresso norte americano proibiu o financiamento de qualquer programa que tenha o envolvimento de cientistas estadunidenses com projetos espaciais chineses e vice versa. Há mais de uma década que o império encara como um problema vital a ascensão chinesa. Por seu turno, o programa espacial chinês continua aberto à participação de todos os países sem excepção, consolidando o gigante asiático como a potência colaborativa sem medo de concorrência, segura de sua predominância econômica e tecnológica, fazendo lembrar a segurança dos EUA quanto à globalização no início deste milênio. Os astros rodam e a vida também.

            O Brasil poderia estar neste grupo seleto de países com capacidade de exploração espacial, aproveitando os projetos internacionais liderados pelas superpotências. Mas uma breve consulta no site da Agência Espacial Brasileira ² constatamos que na cooperação internacional com EUA e China o Brasil não tem nenhuma atividade desde 2016. Seria coincidência? Claro que não. 2016 é o ano do golpe que reconduziu o Brasil a um modelo exclusivo de agro extrativismo financeirizado deixando o investimento em tecnologia e investigação no passado.

            Como referido em abril de 2023 em “O magnetismo imperialista” ³, a política de alianças, parcerias e enfrentamentos internacionais dependeria mais da situação interna do Brasil que das suas relações com o exterior, constando no capítulo “O amigo externo não faz milagres” que a China ou qualquer outro país só vai comprar o que o Brasil tiver para vender e que não será nenhum outro país a dar um rumo desenvolvimentista ao Brasil.

            Portanto, a questão da política internacional brasileira prende-se com o modelo de desenvolvimento econômico escolhido pelos/as brasileiros/as, sendo certo que se a relação de forças for alterada e o Brasil optar por um caminho de qualificação econômica e laboral, soberano e autônomo, sendo uma referência de desenvolvimento econômico e social, saindo do papel de eterna colônia exportadora de commodities, só um dos campos está disponível para o acolher, e não é o campo do império.

 

         

 

Notas e referências:

 

¹ Edward Snowden trabalhou numa empresa terceirizada da NSA e denunciou em 2013 o sistema de vigilância em massa feito pelo governo estadounidense sobre cidadãos/ãs nacionais e internacionais. Figuras como Dilma Rousseff e Angela Merkel foram vítimas dessa vigilância assim como empresas estratégicas como a Petrobras. Acabou por se refugiar na Rússia no mesmo ano onde recebeu cidadania.

 

² https://www.gov.br/aeb/pt-br/programa-espacial-brasileiro/cooperacao-internacional

 

³ https://www.brasil247.com/blog/o-magnetismo-imperialista

 

. https://www.wilsoncenter.org/blog-post/china-top-trading-partner-more-120-countries#:~:text=China%20is%20the%20top%20trading%20partner%20to%20more,is%20also%20the%20top%20trader%20with%20Russia%E2%80%94and%20Ukraine.

 

. https://emix.com.br/balanca-comercial-2022/

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Para onde vai o governo? Por Aldo Fornazieri

 

 Atualizado em 13 de janeiro de 2025 às 6:24

Por Aldo Fornazieri 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva – Foto: Reprodução
O ano de 2024 terminou politicamente mal no Brasil e para o governo e o de 2025 não começou bem. A perda da capacidade do governo de coordenar as expectativas futuras dos agentes econômicos em meio a uma série de impasses não resolvidos constituiu o ambiente nebuloso do final do ano passado. O início de uma reforma ministerial sem que o governo consiga dizer o que quer e para onde quer conduzir o país marca esse início de ano novo.

Para quem olha o Planalto de longe e da planície, o governo parece cansado, gerido por políticos cansado e que provoca cansaço até mesmo em setores sociais significativos que o apoiam. Todos sabem que o governo tem limites reais, tanto por conta de um Congresso conservador e sem pudor, quanto pela composição de uma base de sustentação que negocia apoios ponto a ponto e que não tem engajamento efetivo na defesa pública das ações governamentais. A rigor, sequer os partidos de centro-esquerda têm esse engajamento.

A imagem que o governo passa é a de que não há um comando político e um rumo claro que indique para onde o governo quer ir, qual seu rumo. A sociedade não consegue identificar qual a direção e sentido do governo. Uma coisa é ter consciência realista dos limites e das dificuldades por conta da correlação de forças e de outros problemas. Outra coisa é acomodar-se às dificuldades, abdicar de dirigir, submergindo a uma dolorosa e agônica passividade, tanto na tarefa de imprimir sentido político, quanto na necessária tarefa de combater os inimigos. Esta é a raiz da sensação de cansaço.

Com 39 ministérios e sem um estado maior dirigente, o arranjo interno do governo é uma confusão fragmentária que se movimenta se coordenação. Sejamos francos: Lula não consegue gerir pessoalmente um arranjo dessa natureza.  Rui Costa, com funções delegadas e limitadas, tampouco consegue imprimir um sentido de conjunto aos seus pares. Cada um gere seu feudo de forma isolada, mas autolimita suas iniciativas temendo ter que voltar atrás por reprimendas e reprovações do chefe.

O ministro Rui Costa em entrevista coletiva sobre a reforma no IR – Foto: reprodução

Dessa forma, sem um estado maior dirigente, Lula optou por um significativo isolamento dentro do próprio governo. Paga um preço por isso: profere discursos sem medir os riscos políticos provocando efeitos contrários a aquilo que ele deseja. Também toma decisões que terminam prejudicando objetivos do governo. Se Sidônio Palmeira, novo chefe da Secom, terá tino e autoridade para reverter essa fabricação de negatividades é uma coisa a ser vista. Lula terá que ser colaborativo para essa reversão: sair do isolamento, deixar de ouvir quem ouve e saber que o que está em risco é a eleição de 2026.

Mesmo assim, isoladamente, alguns ministérios conseguem implementar políticas públicas importantes e necessárias e bons programas. Mas na medida em que o governo se move sem um senso de conjunto e sem um comando, essas políticas parecem mercadorias de uma loja decadente que ficam escondidas nos fundos, perdidas em prateleiras abandonadas.

A consequência de tudo isso é que o governo não sai do lugar: as pesquisas de opinião mostram que há uma tripartição equivalente entre aqueles que avaliam bem o governo, aqueles que o julgam regular e aqueles que o rejeitam como ruim ou péssimo. Chegar a 2026 com esse quadro avaliativo é algo temerário.

Com a reforma ministerial Lula, certamente, procurará resolver problemas pontuais urgentes, tais como: melhorar a comunicação, superar entraves da articulação política, configurar o ministério atendendo os resultados das eleições municipais e começar construir uma estratégia para 2026.

Mas se a reforma se limitar a essas soluções pontuais será insuficiente. Ela precisa resolver alguns problemas centrais: 1) dar visibilidade a um programa de governo que articule um projeto de país, imprimindo direção e sentido à atividade governamental; 2) na economia, recuperar a capacidade de coordenar as expectativas dos agentes econômicos; 3) na política, instituir um comando interno (estado maior) no governo que coordene tanto as ações governamentais de conjunto, quanto a base de sustentação no Congresso.

Governar significa resolver os principais problemas do país e inovar. O espantoso é que os problemas vêm governando o governo. Passividade e falta de rumo são as consequências da escolha desse modo de proceder, resultando uma posição defensiva tanto na esfera política, quanto na econômica. Os partidos de esquerda ou centro-esquerda também se aninharam nesse modo de proceder. Abdicaram de mobilizações e de enfrentamento mais incisivo das expressões extremistas e fascistas do bolsonarismo.

A palidez dos atos e manifestações contra da tentativa do golpe de 8 de janeiro são fruto dessa mentalidade passiva e defensivista que impera no governo e nos partidos de esquerda. Os partidos simplesmente desertaram de organizar manifestações contra o golpismo. Os eventos organizados pelo governo foram tímidos e protocolares, sem sociedade civil e sem povo. Agregaram apenas a aristocracia política e funcional de Brasília. A impressão que foi passada é a de que todos querem esquecer o que aconteceu e que a nova normalidade da política não comporta confrontos e embates com quem quer que seja.

Ataques terroristas realizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em 8 de janeiro de 2023 – Foto: Reprodução

A imagem que prevaleceu não foi a do relógio do Império recuperado ou do restauro de “As Mulatas”, de Di Cavalcanti e de uma democracia forte e pujante. A impressão que ficou é a de que a democracia continua vandalizada, que a Constituição continua estilhaçada por tiros e que o Estado de Direito está a mercê dos solavancos e vendavais trazidos pelas contingências políticas ou pela vontade enlouquecida de militares aloprados.

O governo precisa prestar atenção ao que acontece com a opinião pública. Mesmo com a crescimento da economia e com o alto nível de emprego, a sensação que as pessoas têm é a de que a vida está difícil. As incertezas e o medo do amanhã predominam nos sentimentos das pessoas. O percentual de famílias endividadas é de 77%. No ano passado o endividamento cresceu entre as famílias em geral e nos segmentos mais pobres em particular. A inflação de alimentos atinge principalmente as camadas menos favorecidas.

A missão do governo nesse início de ano consiste em desfazer esse mal-estar político que contamina diversos setores sociais por diferentes motivos. O governo precisa mostrar-se com uma face enérgica, proativa e com rumo. Não pode ser um governo dos varejos políticos. Precisa ser o governo de projeto, de rumo e de estratégia. Precisa persuadir e convencer pelo seu conteúdo e pelas suas ações. Se não for por esse caminho, corre sérios riscos de perder a capacidade de atração de forças sociais e política na caminhada que leva a 2026.

Solidariedade Ministros de Lula vão a velório de membros do MST mortos em ataque no interior de SP

A ministra Macaé Evaristo e o ministro Paulo Teixeira participaram da cerimônia e prometeram avanços nas investigações

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

Da esquerda à direita: os ministros Paulo Texeira e Macaé Evaristo e Gilmar Mauro, do MST - Reprodução/Instagram/Macaé Evaristo

A ministra Macaé Evaristo, do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, e o ministro Paulo Teixeira, do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, participaram, neste domingo (12), do velório das vítimas do ataque ao assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Tremembé, no interior de São Paulo. 

O ataque, que ocorreu na noite de sexta-feira (10), deixou duas pessoas mortas, Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, e Valdir do Nascimento, de 52 anos, e seis feridas. Os moradores do assentamento contam que, por volta das 23h, os criminosos invadiram o assentamento com carros e motos, disparando indiscriminadamente contra as pessoas.  

O velório de Valdir e Gleison reuniu, além de ministros, familiares, amigos, moradores de assentamento e lideranças do MST, como Gilmar Mauro, da direção nacional do movimento. Após o velório, os corpos foram levados para o Crematório Memorial Sagrada Família. 

Na ocasião, Macaé Evaristo afirmou que o governo federal dará atenção aos assentamentos do MST em São Paulo, o que vem sendo cobrado publicamente por dirigentes do movimento

“Seguimos na luta porque a gente sabe que, em São Paulo, precisamos dar uma atenção muito especial, porque os nossos movimentos estão sob linha de fogo e linha de tiro. E o nosso povo não pode perecer por força dos algozes que são aqueles que acham que são donos das riquezas do nosso país”, disse a ministra em Tremembé.                                

“Aqueles que atentam contra a democracia insuflam a violência, a violência contra os nossos os movimentos, a violência no campo, a violência que tira as nossas vidas”, afirmou Evaristo. 

O ministro Paulo Teixeira, por sua vez, reiterou que aguarda o esclarecimento do crime. “O que a gente espera é que a polícia esclareça a autoria desse crime e o verdadeiro mandante desse crime, e que possa dar segurança a esses assentados que querem tocar a sua vida, querem produzir alimentos. Eles estavam dentro do assentamento, não estavam perturbando ninguém. Eles foram defender o lote”, disse. 

“Esse fato não constrangerá o programa de reforma agrária. Pelo contrário, ele vai avançar no sentido de assentar pessoas, garantir produção de alimentos e garantir a segurança de todos os assentados”, concluiu. 

Neste sábado (11), um dia depois do crime, o homem acusado de ter chefiado o ataque foi preso. O delegado seccional de Taubaté, Marcos Ricardo Parra, afirmou que o homem de 41 anos confessou a participação dele no atendado. “Não só confessou, como ele está indicando onde podem ser encontradas as demais pessoas [que participaram do ataque]”, disse em coletiva de imprensa.   

Além de confessar o crime, o homem foi identificado por vítimas que estão hospitalizadas e por testemunhas que presenciaram o ataque. “A gente trabalha na condição de certeza da participação dele”, afirmou o delegado Marcos Ricardo Parra. 

Ainda não se sabe, no entanto, a motivação do criminoso. Indícios apontam que pode haver uma relação com a disputa por um lote do assentamento. “Foi um problema interno de pessoas do próprio assentamento, entre elas [mesmas], ou seja, sem nenhuma conotação com invasão ou proteção de terra. Foi uma cobrança de posição em relação à permissão de negociar o terreno ou não. A gente não conseguiu, até agora, entender se ele era o adquirente ou se ele era o intermediário. Seja como for, ele estava lá para modificar o pensamento dos demais”, disse Parra. 

Edição: Douglas Matos




domingo, 5 de janeiro de 2025

Defensores da escala 6×1, Eduardo Bolsonaro e Nikolas trabalharam menos de 90 dias em 2024

 Augusto de Sousa DCM


Os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) chamaram atenção em 2024 por sua baixa presença na Câmara dos Deputados e elevados gastos com recursos públicos.

Dados disponíveis no site da Casa revelam que os dois parlamentares, notórios críticos de propostas que buscam melhorar as condições de trabalho dos brasileiros, desfrutaram de um ano marcado por longas folgas e altos custos para os cofres públicos.
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), trabalhou apenas 72 dias no ano, acumulando impressionantes 293 dias de folga. Durante esse período, ele utilizou R$ 340 mil da cota parlamentar, destinada a despesas do mandato, R$ 1,3 milhão em contratações de assessores e R$ 528 mil em salários, somando um custo total de R$ 2,2 milhões.
Nikolas Ferreira, por sua vez, esteve presente em 84 sessões, registrando 281 dias de folga. Seus gastos também foram expressivos: R$ 365 mil da cota parlamentar, R$ 1,1 milhão com assessores e R$ 528 mil em salários, totalizando R$ 2,1 milhões. Na prática, o parlamentar trabalhou em média apenas 1,5 dias por semana. (FONTE: DCM)

Ambos os deputados são críticos ferrenhos de iniciativas voltadas para a redução da jornada de trabalho no Brasil. O terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Nikolas se opuseram à PEC apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL), que propõe a garantia de duas folgas semanais para trabalhadores formais. “Defender privilégios para os trabalhadores é desestimular o progresso”, afirmou Nikolas em discurso na Câmara.

O Partido Liberal também tem proposto medidas que geram controvérsia entre trabalhadores. O deputado Marcos Pollon (PL-MS) apresentou uma PEC para reduzir feriados nacionais e aumentar a carga horária semanal dos brasileiros.

Dois para a frente, dois para trás

 por Rui Abreu

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva 26/11/2024 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)


2024 terminou aquecido pela prisão de um general golpista de quatro estrelas e a discussão política sobre o pacote de corte de gastos. Também o mercado fez saber através de seus braços falantes (mídia corporativa) que sua tolerância de início de mandato (ampliado pela tentativa de golpe neofascista) tinha terminado. Canais de TV, jornais e portais vocalizaram seus patrões dando continuação ao caminho golpista começado em 2016, exigindo agora a um líder identificado com a esquerda a prossecução de políticas neoliberais. Haddad alimentou a voracidade dos vampiros apresentando um pacote que castiga a população mais pobre, a base social e política do presidente Lula, o que motivou forte contestação na esquerda e não satisfez o nunca saciável mercado.

            Muito menos que uma alusão à obra crítica de Lénine sobre os mencheviques, este nanocontributo de título provocador atenta-se ao momento de meio de mandato de quatro anos da governação Lula, seus acertos, equívocos e o sentido da governação.

 

        Recordar é entender

 

            Por falta de engenho ou porque o percurso da história não lhes confere atualidade, são raros os discursos ou citações que têm a capacidade de nos revisitar, mas há uma que tem ecoado na sociedade brasileira desde que foi proferida em 31 de Agosto de 2016. Refiro-me obviamente ao discurso pós impeachment de Dilma Roussef em que uma passagem em particular tem sido nota de rodapé da história recente do Brasil: “O golpe é contra o povo e contra a nação.”.

            O golpe começado em 2016 e que continua até hoje visa transferir renda do trabalho para o capital, ancorando constitucional e legislativamente um modelo cada vez mais neoliberal. Após três mandatos e meio de governações petistas, as elites nacionais e internacionais decidiram que era hora de acelerar a exploração sobre o povo brasileiro, colocando trilhões de reais cativados a políticas sociais, empresas públicas e salários à disposição dos insatisfeitos mercados. A drenagem de recursos da economia brasileira para os bilionários atingia um novo patamar. O banquete dos vampiros tinha mais uma vez lugar.

            Logo após o impeachment a governação Temer, levando o golpismo à

 prática, balizou com a P.E.C. do Teto de Gastos a capacidade do estado executar programas sociais, prover serviços e realizar investimento público. Continuou com a reforma trabalhista que desequilibrou ainda mais as relações de produção criando um mar de precariedade onde horários, salários, planos de carreira e vínculos são cilindrados, disponibilizando para o capital mais uma fatia de riqueza que cabia aos/às trabalhadores/as. Também a reforma do ensino médio abriu mais mercado na educação e pavimentou a disputa pelo futuro educativo e social, em que a extrema direita é o porta estandarte do atraso, enquanto o capital ocupa mais espaço num setor estratégico da economia e sociedade. Iniciou a reforma da previdência que foi aprovada em novembro de 2019, já no governo Bolsonaro. Trabalhar com menos condições por mais tempo foram metas perseguidas e alcançadas pelos governos golpistas. Atrelou o preço dos combustíveis ao mercado internacional garantindo lucros astronômicos para os acionistas à conta  do esforço do povo brasileiro.

            Paulo Guedes dinamitou o funcionalismo público e promoveu a pobreza generalizada da população. A privatização de empresas de setores estratégicos acelerou. Petrobras, Eletrobras e outras empresas de energia engrandeceram o menu dos bilionários, também empresas de abastecimento de água, tratamento de esgotos e de outros serviços públicos foram para as mãos de privados. A santa aliança entre o agro extrativismo e a finança ganhou corpo em recursos públicos cada vez maiores, em lucros cada vez mais dilatados. De 2016 a 2021 a participação dos salários no P.I.B. caiu 13%, passando de 35% para 31% enquanto a participação dos lucros subia de 32,3% para 37,5%.

            Enquanto o povo empobrecia aceleradamente, devolvendo o Brasil ao mapa da fome, chegando metade da sua população a um quadro de algum nível de insegurança alimentar, os lucros da banca e agronegócio iam às alturas, os bilionários brasileiros e outros entraram ou subiram na lista Forbes, a Petrobras foi a empresa que mais dividendos distribuiu aos seus acionistas no mundo inteiro. Os vampiros refastelaram-se!

            Mas nenhuma destas medidas seria novidade, afinal o golpe promovido pelos bilionários nacionais e internacionais “...era contra o povo, contra a nação.”. Os atores e atrizes também eram sobejamente conhecidas assim como a arquitetura institucional golpista (com supremo, com tudo), a mesma que Bolsonaro viria a questionar tentando um golpe dentro do golpe. E foi num quadro de instabilidade econômica para quem trabalha e institucional para quem dirige que chegamos às eleições de 2022, desta feita sem a prisão injustificada de Lula. A esperança de um povo esmagado pareceu voltar com a liberdade de Lula disputar as eleições. Era preciso fazer o L para mudar o rumo entreguista e de empobrecimento da população que a economia tomava, era preciso fazer o L para conter o rumo fascista que a política tomava. E o povo esperançado em derrotar o golpe fez o L.

 

 

Dois para a frente, dois para trás

 

            Eleito numa frente ampla, Lula personalizava o alento de mudança de vida do povo que os governos golpistas tinham tornado mais difícil. Destacavam-se de uma campanha meio pastosa (própria de frente ampla) propostas como combater a fome, revogar o teto de gastos, isenção de imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais, acabar com o P.P.I. nos combustíveis, propôr nova legislação trabalhista e tributária; no discurso era ainda defendida a recuperação do controlo público de empresas estratégicas e a ampliação do Bolsa Família com mais 150 reais por filho/a. A estes objetivos viriam a juntar-se duas exigências que as notícias de Janeiro de 2023 demandavam: extirpar o golpe neofascista e terminar o multissecular genocídio dos povos originários. Sobre este último havia muitas esperanças com a criação do Ministério dos Povos Originários, promessa eleitoral cumprida formalmente pela presidência mas que no seu desempenho tem deixado muito a desejar, repetindo-se os casos de abuso, retirada de terras e morte dos povos originários sem um envolvimento maior da ministra. Já sobre a tentativa de golpe, a escolha de Múcio para ministro da defesa revelou ser um passo no sentido de mais uma anistia política e judicial dos golpistas fardados do costume. Dois maus ministérios com maus resultados.

            No campo dos acertos destacam-se a recuperação de vários programas sociais como o Auxílio Gás e Farmácia Popular e a ampliação de outros como no caso do Bolsa Família. Este aumento efetivo da capacidade de consumo das famílias mitigou o problema alimentar, retirando mais de dez milhões de pessoas da situação de insegurança alimentar grave, encaminhando o Brasil para fora do mapa da fome. A condução dessas políticas só foi possível num quadro de apaziguamento fiscal em que o deficit foi desconsiderado (2,2% oficial em 2023) e a P.E.C. de transição de R$ 145 bilhões foi retirada do mesmo cálculo. Os salários reais cresceram pouco mas cresceram e o P.I.B. vai atingir perto de 3,5% em 2024. É necessário realçar que estes acertos só foram alcançados fora da lógica da austeridade fiscal. Se somarmos a P.E.C. de transição mais o deficit oficial de 2023, daria um deficit total de 3,5% aproximadamente, o que é substantivamente diferente do objetivo de deficit zero para 2024 inscrito no Arcabouço Fiscal.

            Dentro das muitas insuficiências governativas provocadas pela relação de forças e pela falta de iniciativa para a alterar, o Arcabouço Fiscal revelou-se a pior política econômica que o governo desenvolveu neste mandato. Nele arquitetou-se um novo teto de gastos que de acordo com o ministro Haddad será incompatível com os compromissos sociais: os assumidos constitucionalmente com a educação e saúde mas também as políticas de subsídios e apoios sociais. Para defender as metas traçadas no Arcabouço Fiscal para 2024, o Ministério da Fazenda apresentou um pacote misto em que a proposta de isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais apareceu como a grande novidade positiva fez-se acompanhar de vários cortes na área social: B.P.C., Abono Salarial e a Valorização do Salário Mínimo. Tudo em nome do deficit zero inscrito pelo ministro Haddad no Arcabouço Fiscal e da visão neoliberal que sustenta uma economia que tem o aumento da desigualdade como objetivo.

            Sobre o que seria a segunda pior iniciativa legislativa do governo, só ficando atrás da que a originou (Arcabouço Fiscal), o pacote de corte de gastos sofreu imediatamente as mais pesadas críticas tanto à esquerda como à direita. A extrema direita serviu-se hipocritamente do bom trânsito junto a organizações de pessoas com necessidades especiais para defender a continuação dos critérios de acesso ao B.P.C. enquanto a esquerda alertava sobre o custo social e político de medidas que castigam a base social de apoio do governo. Também a economia como um todo fica perigada com tais medidas, retirando do ciclo econômico na sua parte consumidora milhões de pessoas que agora estão um pouco protegidas pelos apoios e subsídios estatais. O Arcabouço Fiscal e suas ramificações começam já a destruir o que economicamente foi conseguido nos dois primeiros anos de governação e a longo prazo é instrumento fundamental para a consolidação do golpe de 2016.

 

            A continuidade do golpe neoliberal é a defesa contra o golpe neofascista?

                       

                       

            O pacote de corte de gastos trouxe uma discussão à esquerda que parece querer persistir por 2025 e que condicionará a conjuntura política e eleitoral até 2026. Em nome de conter o neofascismo deve o governo ceder aos bilionários tentando isolar a extrema direita? Deve o governo dar continuidade ao golpe, inscrevendo o neoliberalismo ainda mais na legislação, tentando o apoio das elites na não recondução do neofascismo ao poder?

            Em bom abono da verdade, o sistema que se consolidou politica e ideologicamente no Brasil nas últimas décadas é neoliberal. O neoliberalismo está ancorado cada vez mais na legislação brasileira e a conduta dos poderes legislativo e judicial na defesa dos interesses dos bilionários é insofismável, já a do executivo dá sinais contraditórios. Mesmo elegendo um governo que fosse todo de esquerda seria difícil mudar o viés econômico da governação. Mas um governo que procure melhorar as condições de vida da classe trabalhadora tem que inevitavelmente confrontar os limites do sistema, mesmo que no final só sejam aprovadas no congresso medidas liberais. Só falando verdade se pode disputar a opinião da maioria social a conquistar. Só assim pode haver alteração da relação de forças.

            Infelizmente o caminho seguido por Haddad e por inerência do governo Lula é o da desistência da disputa política, tendo o ministro da fazenda mentido desbragadamente ao povo brasileiro na apresentação do pacote de corte gastos. O pacote é mau e traz cortes imediatos para o povo (de tal forma que o presidente Lula vetou parte do projeto após contestação), já as melhorias só este ano serão debatidas no congresso e caso sejam aprovadas (o que não acredito) entrarão em vigor apenas em 2026.

            O powerpoint era inequívoco nos cortes a efetuar. Gráficos ilustravam quanto o salário mínimo iria perder na sua valorização, quadros afirmavam o aperto nas regras de acesso aos benefícios. Afinal, o ministro Haddad preferiu falar com a Faria Lima, foi uma apresentação feita para o mercado. No mesmo sentido, o presidente Lula fez uma comunicação nacional apresentando Galípolo como o novo presidente do Banco Central em que garantiu que seria a presidência com mais autonomia que o Banco Central já teve. Claramente o presidente fala para o mercado tentando apaziguar o apetite bilionário dos vampiros. A estratégia de fulanização da discussão sobre o Banco Central, colocando Campos Neto como a personificação da política de juros extorsivos tem seus dias contados com a nomeação de Galípolo. Foi uma oportunidade perdida para discutir sobre a função do Banco Central, se defende os interesses públicos da população ou os interesses privados dos bilionários. Esperemos que a maioria indicada pelo governo para a direção do banco central mude a política de juros, porque se  Galípolo continuar a mesma política não restarão argumentos ao governo.

            A deriva liberal do governo sofre contestação até dentro dos partidos que o apoiam. A esquerda da esquerda partidária começa a oferecer crítica e caminho alternativo nas discussões internas do PT e PSOL e até candidaturas à liderança partidária com proposta econômica diferente. Infelizmente não se prevê força suficiente nesse movimento e a inflexão da proposta da política econômica neoliberal parece improvável. Para mais, existe uma avaliação equivocada dos resultados das eleições municipais que colocam o encosto à direita como resposta ao desaire eleitoral, solução essa ainda mais inflamada pelo estado de conclusão dos processos judiciais dos golpistas neofascistas.

            Entretanto o neofascismo não dorme e vai fazendo seu trabalho de formiguinha doutrinadora com disciplina bolchevique, aquele que nos tem faltado. Igrejas e polícias, com o apoio dos políticos locais, vão edificando o neofascismo de baixo para cima, ganhando a população para visões cada vez mais violentas sobre a população pobre, trabalhadora e na sua maioria negra. Mas as elites neoliberais vão chancelando todo esse caminho, validando figuras como Tarcísio de Freitas como candidato presidencial, corroborando a política genocida sionista de Israel e seu alimentador E.U.A. e ainda referindo Milei como exemplo econômico a seguir. Quem apoia o genocídio em gaza não terá problemas de consciência ao ver um pobre sendo atirado de uma ponte por um policial. O padrão Netanyahu estabelece o nível de violência na ofensiva do capital sobre o trabalho pelo mundo inteiro. A burguesia brasileira aplaude os resultados.

            Ficarão muitos aspetos da governação para analisar, em particular na poplítica internacional que tem relação gravitacional com a nacional, mas essa ficará para uma próxima breve reflexão. Para já fica a consideração que o golpe de 2016 deu volume ao neofascismo e que a continuidade dele só levará a uma de duas situações num futuro próximo: a recolocação do neofascismo no poder reforçado pelo fracasso econômico governativo da “esquerda” ou o surgimento de um movimento dentro e/ou fora dos partidos da base do governo que tensionem a governação para a esquerda e que confronte os limites neoliberais do sistema, evitando que Lula e seu governo sejam a continuidade do golpe, o tal que é contra o povo e contra a nação.

           

                Fontes:

 

· https://www.otempo.com.br/economia/participacao-dos-salarios-no-pib-brasileiro-caiu-12-em-apenas-5-anos-1.3325535

 

 

 

 

 


domingo, 17 de novembro de 2024

Xi Jinping defende que Brasil e China caminhem juntos e aprofundem parceria estratégica

 

Líder chinês ressalta cooperação em múltiplas áreas e propõe reformas no FMI, Banco Mundial e OMC

FONTE: Site Brasil 247

Xi Jinping e Lula (Foto: Presidência da República)


Em ARTIGO para a imprensa brasileira, o presidente da China, Xi Jinping, antecipou os temas que pautarão sua visita de Estado ao Brasil, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e sua participação na Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro. Xi destacou a importância da parceria estratégica entre os dois países, celebrando o marco de 50 anos de relações diplomáticas, e propôs um reforço na cooperação bilateral e na reforma de instituições globais, como o FMI, o Banco Mundial e a OMC.

Xi Jinping rememorou o histórico da relação sino-brasileira, destacando como os primeiros intercâmbios comerciais, marcados pela chegada de chá e especiarias chinesas ao Brasil há mais de 200 anos, deram início a uma duradoura amizade entre as duas nações. “As relações diplomáticas China-Brasil, estabelecidas em 15 de agosto de 1974, têm resistido às mudanças e turbulências internacionais e são cada vez mais maduras e dinâmicas”, sublinhou o líder chinês.

O presidente da China enfatizou que os dois países mantêm uma relação pautada pelo respeito mútuo, igualdade e compreensão, com o Brasil sendo o primeiro país da América Latina a estabelecer uma parceria estratégica com Pequim. Essa aliança, segundo ele, serviu como um exemplo de cooperação entre países em desenvolvimento e fortaleceu os laços bilaterais em setores como agricultura, infraestrutura, energia e desenvolvimento sustentável.

Xi também destacou a rica interação cultural e os intercâmbios entre os povos. Ele mencionou figuras icônicas da literatura brasileira, como Cecília Meireles e Machado de Assis, que traduziram poesia da dinastia Tang, como símbolos de uma “sinfonia mental” que transcende o tempo e as fronteiras. Além disso, o presidente chinês lembrou que elementos culturais de ambos os países, como o samba e as capivaras do Brasil, e as festividades tradicionais chinesas, têm fortalecido o entendimento e a amizade entre as duas nações.

Desafios globais e cooperação estratégica

Xi Jinping apontou para a necessidade de uma colaboração mais profunda para enfrentar os desafios globais contemporâneos. Ele ressaltou o papel de Brasil e China como líderes do Sul Global, responsáveis por promover a multipolarização e a democratização das relações internacionais. Em sua visão, essa colaboração pode injetar “energia positiva à paz e à estabilidade mundiais”.

O presidente chinês propôs, ainda, que a parceria sino-brasileira busque uma sinergia estratégica entre a Iniciativa Cinturão e Rota e os planos de desenvolvimento do Brasil. Segundo Xi, essa colaboração poderá trazer benefícios duradouros e criar projetos exemplares para ambos os países e suas regiões.

Em um contexto de transformações globais sem precedentes, Xi Jinping defendeu a reforma de instituições internacionais como o FMI, o Banco Mundial e a OMC. Para ele, é necessário que essas entidades sejam mais inclusivas e representativas do Sul Global. Ele destacou que o G20 deve ser uma plataforma de cooperação que priorize o desenvolvimento sustentável e ofereça apoio efetivo aos países em desenvolvimento.

Sustentabilidade e combate à pobreza

Xi também elogiou a escolha do presidente Lula de priorizar o combate à fome e à pobreza na agenda da cúpula do G20 e manifestou apoio à proposta de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Ele lembrou a importância de um desenvolvimento sustentável e defendeu a continuidade do legado da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio em 1992.

O presidente Xi Jinping concluiu seu artigo reiterando a importância da colaboração estreita entre Brasil e China para enfrentar os desafios do futuro e fortalecer os laços históricos. Ele manifestou otimismo quanto à Cúpula do G20, acreditando que será um marco para ambos os países e para o mundo. “Espero que a cúpula possa injetar maior vigor e confiança ao desenvolvimento sustentável global”, afirmou Xi, mirando uma nova era de parceria estratégica que beneficie os dois países e promova um futuro mais justo e próspero.


sábado, 16 de novembro de 2024

Porque corre Trump?

 por Rui Abreu



Passados dez dias das eleições presidenciais estadunidenses e ainda com alguns

estados a terminar o apuramento, é já incontornável a retumbante vitória de Donald Trump.

Trezentos e doze grandes eleitores, cinquenta e três senadores, setenta e cinco milhões de

votos (vitória no voto popular), vinte e sete governadores e seis juízes da Suprema Corte dos

Estados Unidos nomeados por republicanos; são alguns dos números da nova legitimidade

institucional e política que sustenta Trump neste novo ciclo político.

Depois de ter perdido sua reeleição em 2020, como o povo devolveu a confiança política

a um ex presidente que atentou contra direitos básicos das mulheres, da população imigrante,

que tem dezenas de processos contra si no judiciário (onde tem até várias condenações) e que

contribuiu para a morte evitável de centenas de milhar de cidadãs e cidadãos durante a

pandemia do covid? Afinal, porque corre Trump?


1 – Neoliberalismo é seu nome

A chegada de Reagan ao poder em 1979 trouxe um aprofundamento do capitalismo num

formato neoliberal que colocou o estado totalmente a serviço do grande capital, em particular

do capital financeiro. Reduziu a capacidade de dinamização económica do estado em cenários

recessivos, entregou aos privados setores estratégicos da economia, cortou os programas de

apoio social, desmantelou as leis trabalhistas e as organizações de defesa da classe

trabalhadora; rebaixou as condições de vida da população colocando a classe trabalhadora

numa maior desproteção social, criou mecanismos de roubo do orçamento federal através da

dívida pública. Foi dentro desta composição económica e social que o P.I.B. norte americano se

multiplicou por nove, crescendo de três trilhões de dólares para vinte sete trilhões nestes

últimos quarenta e cinco anos.

Setorialmente os E.U.A. lideraram mundialmente transformações importantes na

economia em torno duma globalização que alimentava as taxas de lucro das suas

megacorporações. As Bigtech(s), então em crescimento, implantaram a economia digital, a

indústria deslocalizou-se para sul e oriente em busca de fatores de produção mais baratos, com

destaque para a mão de obra. O capital financeiro ocupou parcelas cada vez maiores da

economia, secundarizando o papel do estado como agente dinamizador e subjugando os

setores primário e secundário à lógica e prática da capitalização financeira.

A condição da classe trabalhadora ia acompanhando essas mudanças estruturais

económicas, sendo empurrada para a precariedade sem que sindicatos e comissões de

trabalhadores tivessem capacidade de resistência às alterações nas relações de produção que

o neoliberalismo impunha. O salário real foi desfalecendo, encontrando-se atualmente pouco

acima dos valores de 1980, retirando do fator trabalho a partilha da imensa riqueza criada nos

últimos quarenta e cinco anos. Tudo com a complacência da esquerda, que no centro do

império foi (e é) quase inexistente em termos organizados e não quis dar respostas às

dificuldades impostas ao povo. Este quadro económico neoliberal norte americano foi replicado

pelas economias ocidentais, dando origem a conjunturas semelhantes de intensa acumulação

de capital e empobrecimento generalizado da população na Europa e restante América.

É neste contexto que surge Trump e ressurgem os movimentos de extrema direita para

coletar apoio no estado de desesperança da população trabalhadora que não vê neste sistema

neoliberal a melhoria de suas condições de vida, tendo garantido para si e para as gerações

vindouras condições de vida piores que de seus pais, identificando na esquerda (normalmente

anémica de proposta) uma parte integrante do sistema. Um sistema capitalista que despeja

suas crises em cima de quem trabalha com ajustes fiscais cada vez mais draconianos

sustentados numa ideologia que individualiza os problemas e soluções, a qual não sofreu o

devido contraditório no debate e na proposta pela esquerda nas últimas décadas. A luta de

classes não esgrimida dos dois lados cria campo fértil para a extrema direita e condições para

a contínua degradação das condições de vida duma classe trabalhadora cada vez mais

politizada pelo neoliberalismo e neofascismo. Sem alternativa de esquerda e com perspetivas


de luta limitadas, os “trumpismos” surgem como catalisadores do descontentamento geral,

sendo a opção política que mais aparenta mudar o atual estado de coisas.


2 – A economia de Biden

Os indicadores liberais apresentam uma economia em recuperação no final do mandato

de Biden. A inflação, refletindo o corte de circuitos económicos com a guerra na Ucrânia

atingido 9.1% em junho de 2022 (sendo a maior dos últimos quarenta anos), situava-se em

setembro deste ano nos 2,4%. Também a taxa de desemprego acomodou-se entre os 3,8% e

os 5%, durante o mandato democrata, sendo considerada pelos analistas liberais como uma

situação de pleno emprego. O P.I.B. cresceu 6,1% em 2021 gozando do crescimento negativo

de -2,2% de 2020 provocada pelo impacto da pandemia da covid, de 2022 a 2024 cresceu

entre 2,5% e 2,9%, o que dá aos mesmos analistas o discurso de uma economia forte, de

crescimento sólido.

O que os indicadores liberais não mostram são os 25% de aumento do custo dos

produtos que constituem a cesta básica e os 30% de aumento do custo da energia, afinal a

inflação não é igual para todos; não mostram os quarenta e um milhões de cidadãos e cidadãs

norte americanas que se encontram em estado de pobreza, afinal o P.I.B. não cresce para

todos; não mostram um mercado imobiliário inflacionado pelos bancos e grupos de

investimento que vêm nos imóveis mais uma fonte de especulação e lucro, colocando os

preços inatingíveis para a maioria dos trabalhadores; não mostram uma classe trabalhadora

esmagada nas suas condições laborais que, para fazer face às despesas quotidianas, acumula

dois e três trabalhos para poder levar um salário digno para casa. Afinal o pleno emprego de

Biden é repleto de precariedade e miséria.

No plano externo, por obrigação imperial, impôs-se a estratégia da economia do caos

com a promoção da instabilidade e conflitos como método para atrasar o crescimento chinês. A

guerra económica à China tem criado reflexos inflacionários devido à forte interdependência

que existe entre as duas economias. O maior parceiro comercial dos E.U.A. tem sido a China

que só foi substituída pelo México após o início da guerra na Ucrânia. A exigência

estadunidense de separar economicamente as potências e seus campos de influência

consuma-se através da política belicista e das diversas guerras económicas que a casa branca

promove. O quadro de confronto com a China promete aumentar com a eleição de Trump,

assim como as contradições económicas que essa política externa provoca internamente,

sendo a inflação uma ameaça real para o poder de compra da classe trabalhadora.

3 – Porque não corre a esquerda?

Cansada está a análise sobre a queda do muro de Berlim e a consequente

desorientação política provocada em toda a esquerda mundial. De maior marca ficou o

acomodamento da esquerda aos lugares conquistados eleitoralmente e o seu afastamento da

classe trabalhadora.

O jargão liberal tomou lugar no discurso da esquerda e a radicalidade de proposta foi

substituída pela competência técnica, como se o papel da esquerda fosse agora o de fazer uma

melhor gestão de orçamentos neoliberais que a direita, cabimentando aqui e acolá uma

medida, uma assistência social ou subsídio. A esquerda tornou-se defensora dum capitalismo

humanizado, ente que conseguiu existir em tempos idos da guerra fria e se materializou nas

sociais democracias europeias da segunda metade do século vinte. Na política global de hoje o

“capitalismo de rosto humano” não tem qualquer lugar, sendo seus preconizadores uma

espécie em vias de extinção.

Participando o movimento global que a política fez para a direita, a esquerda perdeu

suas âncoras ideológicas, suas referências políticas e seu trabalho de base que lhe permitia ter

penetração social.

São desenvolvidos diagnósticos de conjuntura cada vez mais distorcidos pelos

indicadores liberais, tomados como fieis tradutores das condições de vida das populações.


Crescimento do P.I.B. é encarado como determinante absoluto da boa política, retirando o

detalhe de quem ganha com esse crescimento; a taxa de desemprego é apresentada como

taxa de satisfação laboral, mesmo que a precariedade extrema esteja camuflada nesses

números; a inflação reveste-se de medidor do poder de compra, não contrastando seu peso em

rendas tão desiguais como as que existem atualmente.

Os objetivos deslocaram-se da disputa política pelo poder para a eleição de

representantes na democracia burguesa. As propostas tornaram-se inevitavelmente pouco

esclarecidas, seguindo os diagnósticos feitos de forma errada. Programas cada vez mais

pastosos surgem na incapacidade de comunicar com a classe trabalhadora, tentando com

medidas liberais acertar nalgum termo decisivo do voto. Propostas neoliberais como educação

financeira nas escolas, P.P.P.(s) e concessão de serviços públicos a empresas privadas

começaram a ser lugar comum em programas e governações de esquerda. A esquerda não só

deixou de apresentar uma proposta de sociedade diferente como foi assimilada e atualmente é

identificada como “O sistema”.

Até na autocrítica perdeu-se a referência, (aqui também me incluo). Termos como

“institucionalização”, “descaracterização”, “perda de identidade” e “afastamento das bases”

ofuscaram o bom velho “aburguesamento” que tão bem define o processo pelo qual passaram

a esmagadora maioria de partidos e quadros da esquerda ocidental.

É sabida a incapacidade transformadora da esquerda per si, não conseguindo seu

voluntarismo ultrapassar o tempo da luta de classes. São as contradições de classe que

determinam esse tempo de luta. Mas Trump e “trumpinhos” só correm na nossa insuficiência de

questionar e propôr a superação do capitalismo que hoje, perante o choque da socioesfera com

a bio e geoesfera, assume forma de extermínio. O neofascismo só cresce na mescla da

esquerda com o capitalismo neoliberal.

Também é sabido que o neofascismo de aparência antissistémica não passa de um

endurecimento político do projeto liberal, dando uma relação musculada entre o estado e a

classe trabalhadora, garantindo maiores margens de lucro para os bilionários, consolidando a

desigualdade social como objetivo a perseguir. Não é assim possível derrotar a política

neofascista sem combater a base económica liberal que a sustenta. A estratégia da frente

ampla para derrotar a extrema direita goza desse pecado original: tenta derrotar a cabeça

política neofascista alimentando seu corpo económico neoliberal.

Trump corre na nossa incapacidade de disputar maiorias sociais que não se revêem no

sistema, que nestas últimas eleições são dois terços da população: um terço que votou em

Trump e um terço de abstenção.

Esta é uma fase da luta de exigência teórica, de valores e de práticas. Clarividência na

proposta social e económica é fundamental para conseguir superar o mundo trumpista que se

edifica. Medo e aburguesamento só garantirão que regimes neofascistas se imponham nos

tempos que aí vêm.


Fontes:

. https://pt.tradingeconomics.com

. https://pt.countryeconomy.com/governo/pib/estados-unidos

. https://www.bbc.com/portuguese/articles/cz0m3l7r5yko

. https://www.census.gov/library/publications/2024/demo/p60-283.html

. https://www.statista.com/chart/26882/us-energy-costs-natural-gas-gasoline-electricity/

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

VÍDEO: o momento em que robô antibombas se aproxima do corpo de terrorista que se explodiu no STF

 FONTE: Site DCM


Momento em que robô do esquadrão antibombas se aproxima do corpo de Francisco Wanderley Luiz – Foto: Reprodução



Câmeras de segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) registraram o momento em que policiais e um robô antibombas se aproximam do corpo de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, após ele detonar um explosivo em frente ao STF. As imagens mostram a equipe de segurança se movendo com cautela para verificar a área e garantir que não houvesse outros artefatos ativos no local.

O ataque ocorreu na noite de quarta-feira (13), quando Francisco, conhecido como Tiü França, detonou explosivos que carregava consigo na Praça dos Três Poderes, em Brasília. As explosões, que também atingiram um carro estacionado no Anexo IV da Câmara dos Deputados, ocorreram por volta das 19h30, causando alarme na Esplanada dos Ministérios e levando à suspensão das atividades na Câmara e no Senado na quinta-feira (14).

Francisco, que tentou uma candidatura a vereador pelo PL em 2020, havia feito publicações nas redes sociais antecipando as explosões. O chaveiro de profissão divulgou mensagens com declarações radicais e mencionou a escolha do dia 13 para o ataque. A Polícia Federal continua investigando o caso.