terça-feira, 30 de abril de 2019

PREVENÇÃO: CUIDADO DE QUEM AMA. 18 DE MAIO, DIA NACIONAL DE COMBATE AO ABUSO E À EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES.



O abuso sexual infantil ainda é um tema complicado e difícil de ser abordado, justamente pelos tabus que o cercam, pelo preconceito e pelo silêncio das vítimas – que nem sempre compreendem exatamente o que está acontecendo com elas – e também das famílias que sentem “vergonha” ou não sabem como lidar com a situação. Esse silêncio que permeia o tema torna difícil ter estatísticas que realmente abranjam o problema de forma real.
De acordo com um estudo da Rainn, a maior organização social contra a violência sexual dos Estados Unidos, em 93% dos casos, as vítimas norte-americanas com menos de 18 anos conhecem o agressor. Lembrando que nem sempre ele precisa ser um adulto, podendo também ser um jovem ou adolescente que, de certa forma, possui poder sobre a vítima. Por tudo isso, falar sobre esse tema é tão importante.
Por que precisamos falar sobre o abuso sexual infantil?
Apesar de ser uma causa nobre, nem todo mundo tem ideia do quanto crianças são vitimadas todos os dias e precisam de proteção.
A dificuldade de ter números precisos sobre essa situação é uma realidade e o maior indicador do problema está no Disque-Denúncia. De acordo com a publicação desse órgão, em 2017, foram mais de 120 mil denúncias recebidas, sendo que desse número mais de 70 mil eram relacionadas à violência e violação dos Direitos Humanos de crianças e adolescentes.
Todas essas denúncias são encaminhadas individualmente para as polícias estaduais e demais autoridades que investigam e apuram os casos.
Sistema Público de Saúde (SUS)
Outra forma de compreender o problema é pelos dados do sistema público de saúde (SUS). Em 2016, foram registrados 22,9 mil atendimentos a vítimas de estupro no país, segundo dados apurados pela BBC. Mais de 57% desses casos eram de vítimas entre 0 e 14 anos, sendo que 6 mil vítimas tinham menos de 9 anos de idade.
Além desses números alarmantes, vale à pena também enfatizarmos o quanto muitas vítimas acabam sofrendo em silêncio, já que o tema ainda é um tabu na nossa sociedade. Quebrar o silêncio pode significar ajudar outras vítimas a terem força de lutar contra seus agressores e de relatar a realidade vivida.

18 de maio: Dia Nacional do Combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes

Para se ter uma ideia da importância do tema, existe até um dia específico voltado ao combate do abuso sexual infantil. O objetivo é mobilizar a sociedade e engajá-la no tema, motivando as denúncias de violência e abuso e também oferecendo informações para que os pais e protetores consigam reduzir os casos e manter as crianças mais seguras.
A data foi escolhida porque, em 18 de maio de 1973, uma menina de apenas 8 anos de Vitória (ES) foi sequestrada, violentada e morta. O corpo foi encontrado dias depois carbonizado. O crime chocou o país, mas os agressores nunca foram punidos.

O perfil do abusador

Como dissemos, na maioria dos casos de abuso sexual infantil, o abusador é alguém que a criança conhece, convive, confia e ama. Na maior parte das vezes, ele é membro da família e dispõe de certo poder sobre a vítima, como pai padrasto, irmãos, primos, tios ou avós. Dados corroborados pelo Guia de Referência produzido pela Childhood Brasil.
Fora do âmbito familiar, o abuso também pode acontecer e o abusador costuma ser alguém conhecido da criança e com quem ela tem uma relação de confiança, como amigos da família, vizinhos, educadores, médicos, psicólogos, responsáveis por atividades de lazer e até técnicos de modalidades esportivas. Raras vezes o abusador é uma pessoa desconhecida.
Consequências do abuso sexual infantil
Uma criança abusada sempre sofrerá sequelas dessa violência, desenvolvendo problemas de relacionamento e até de comportamento, como o abuso de drogas e medicamentos na adolescência, atitudes agressivas, quadro depressivo e assim por diante. A vítima poderá apresentar sentimentos confusos e nem sempre a criança consegue compreender o que está acontecendo no momento, percebendo a situação posteriormente, quando ela processa que aquilo vivido foi uma agressão. É comum que essas crianças cresçam com sentimentos como:
  • medos aparentemente infundados;
  • culpa;
  • imagem corporal negativa;
  • dificuldades para estabelecer confiança interpessoal.

Como prevenir o abuso sexual infantil?

Como você viu, embora o abuso sexual infantil seja um tema complicado de ser abordado, ele é extremamente importante. Primeiro, porque ainda é algo que acontece frequentemente em muitos lares brasileiros e, segundo, porque ele pode ter consequências danosas às vítimas. Veja algumas dicas que podem ajudar a proteger o seu filho contra essa violência:

Converse com a criança sobre as partes íntimas do corpo

As crianças precisam saber nomear corretamente as partes do corpo e identificar o que é íntimo, para assim, poderem relatar aos pais quando algo fora do comum acontecer. Ensine ao seu filho o nome correto de todas as partes do corpo e explique sobre as partes íntimas, ensinando que ninguém poderá tocar nessas regiões e nem vê-las, apenas os pais quando forem dar banho ou trocar de roupa.

Explique sobre os limites do corpo

Ensine a criança a não permitir que ninguém toque as suas partes íntimas, ou ainda, que ela não toque nas partes íntimas de nenhuma pessoa, seja ela conhecida ou desconhecida. Alerte a criança para possíveis artimanhas usadas pelos abusadores, como trocar carícias por doces, apresentar um “cachorrinho” e assim por diante.

Incentive a criança a conversar com você

É preciso que o seu filho se sinta seguro para lhe contar qualquer coisa, inclusive uma situação de abuso. Muitas vezes, os abusadores pedem às crianças para manterem o ocorrido em segredo, seja ameaçando-a ou de maneiras lúdicas.
Se o seu filho for ensinado que segredos não são coisas boas e que ele sempre poderá (e deverá) contar a você tudo o que acontece, será mais fácil de identificar uma situação de abuso. Lembre-se que essa relação de confiança é muito importante e, por isso, a criança NUNCA deverá ser punida, criticada ou castigada por contar qualquer coisa sobre o seu corpo.

Saiba com quem seu filho anda e o que ele está fazendo

Muitos dos casos de abuso infantil acontecem quando uma criança passa horas sozinha com um adulto, que pode ser um membro da família ou um conhecido. Por isso, saiba o que seu filho está fazendo mesmo na sua ausência.
Se for preciso deixá-lo por horas com um adulto ou um adolescente responsável, tenha meios de vigiá-los por um tempo para saber como é esta relação. O melhor é sempre preferir situações nas quais seu filho integre-se a um grupo, pois isso dificulta a ação de abusadores.
Porém, tente saber sobre as pessoas que cuidarão da criança mesmo nesses casos. Por exemplo, se você for inscrever seu filho em um acampamento, saiba quem são os monitores e qual preparo eles possuem para prevenir e reagir contra um possível abuso.

Analise a reação da criança

Muito importante: sempre analise a reação da criança. Se ela demonstra não ter afeição por alguém próximo, que ela teoricamente deveria desenvolver afeto, tente entender o motivo.

Identifique os possíveis sinais de um abuso

Embora não seja fácil notar os sinais físicos de um abuso sexual, é possível que a criança tenha alterações no seu comportamento, como: irritação, ansiedade, dores de cabeça, alterações gastrointestinais frequentes, rebeldia, raiva, introspecção ou depressão, problemas escolares, pesadelos constantes, xixi na cama e presença de comportamentos regressivos (por exemplo, voltar a chupar o dedo). Outro sinal de alerta é quando a criança passa a falar abertamente sobre sexo, de forma não-natural para a sua idade, física e mental.
Se você notar algum desses sinais, tome cuidado com a sua reação, porque ela poderá fazer com que a vítima se sinta ainda mais culpada. O importante é oferecer apoio à criança, escutando o que ela tem a dizer e não duvidando da sua palavra. Busque ajuda e orientação profissional para que o seu filho consiga falar sobre o ocorrido e lidar com o fato.
Claro, busque medidas legais para afastar o abusador. Romper o silêncio é uma forma ativa de lidar com o problema e impedir que ele continue acontecendo.
Como a sociedade pode ajudar na prevenção do abuso sexual infantil?
Apesar de ser um assunto íntimo, o abuso sexual infantil deve ser combatido pela sociedade. Afinal, um país que se preocupa e cuida das suas crianças e jovens é uma sociedade que oferece mais possibilidades de crescimento e de futuro. Nesse sentido, as escolas e demais instituições de atenção à infância e à adolescência podem contribuir de várias maneiras:
  • oferecendo informações às crianças para que elas consigam entender quando estão sendo expostas a uma situação perigosa ou que possa se configurar como abuso sexual;
  • sensibilizando os familiares ou os responsáveis pela educação das crianças, demonstrando o quanto é importante desenvolver maneiras de fortalecer o seu filho contra o abuso sexual, com uma relação de confiança;
  • treinando o olhar dos educadores para que eles identifiquem casos de violência doméstica e de abuso sexual.
Reduzir as desigualdades sociais e a pobreza também é uma forma de combater o abuso sexual infantil e a violência contra a criança, oferecendo a esses jovens mais oportunidades e evitando que eles tenham de conviver durante anos em lares desestruturados e que não oferecem suporte adequado às suas necessidades.
Nesse ponto, você também pode ajudar, conhecendo o trabalho de instituições sociais que buscam modificar a realidade de várias crianças, dando a elas novas oportunidades educacionais e também maior infra-estrutura para que possam se desenvolver de forma segura.
Se você é solidário ao tema e também entende o quanto é importante combater a violência sexual e o abuso contra crianças, dê o primeiro passo, conhecendo o trabalho de instituições que buscam transformar a vida desses jovens. Um desses exemplos é o Childfund Brasil, com diversos programas para reduzir os índices de pobreza e modificar a vida de jovens e adolescentes em nosso país. Ficou interessado? Entre em contato conosco e saiba somo transformar vidas!




domingo, 28 de abril de 2019

NEYMAR, DÁ PORRADA EM TORCEDOR

LULA: ENTREVISTA DO GIGANTE POLÍTICO (28.4.19)





LULA: A ENTREVISTA DO GIGANTE POLÍTICO (28.4.19)
Prezada trabalhadora e trabalhador.
Vocês viram que a grande imprensa, com exceção da Folha de S Paulo, não falou uma vírgula sobre a entrevista de Lula?
Você já parou para pensar que isso faz parte do projeto para calar a voz do povo?
A voz da democracia?
A vos dos trabalhadores e trabalhadoras?
Calar a voz da inclusão dos pobres no orçamento e na vida política do país?
Tentaram de todas as formas silenciar Lula...
O STF, tudo levar a crer, permitirá outras entrevistas, Lula provocará o debate dentro da sociedade.
Lula, se outras entrevistas acontecerem, combaterá a reforma da previdência que vem para massacrar os mais pobres.
Trabalhador e trabalhadora...
Como disse Aluízio Mercadante:
“O impacto da entrevista de Lula é gigantesco, está para a história como foi a “carta testamento de Getúlio”,  é uma entrevista de um gigante político, o presidente mais bem avaliado da história,  estão há mais de um ano tentando silenciá-lo. Na internet foi o tema mais discutido nas últimas 48 horas. Lula está para a política como Pixinguinha e Cartola estão para a música...”
Lula está mais magro, mas, muito mais afinado politicamente...
Para nossa reflexão...
“Depois de 27 anos de prisão na África do Sul, Mandela quando saiu transformou-se em presidente e chamou seu carcereiro para trabalhar com ele no palácio.”
Só os gigantes de caráter têm esse tipo de atitude...
Lula trilha esse caminho apesar de toda perseguição e injustiças.
Lula está muito mais humano, se já era povão está mais.
Lula foi perseguido violentamente, perdeu a esposa, perdeu companheiros de Luta como o Sigmaringa Seixas entre outros, perdeu o irmão Vavá, que era uma espécie de pai pra ele, e, por último o neto Arthur.
Mas continua sereno, de espírito leve, terno...
Continua firme como uma rocha...
Está a cada dia mais humano, fraterno...
E cada dia maior... um verdadeiro gigante da política.
Na realidade, trabalhador e trabalhadora, Lula é um espírito livre, apesar da prisão...
Nós é que estamos presos, apesar da liberdade.

por José Gilbert Arruda Martins

sábado, 27 de abril de 2019

LULA A INSPIRAÇÃO (27.4.19)

LULA DESOSSOU MORO E DALAGNOL (27.4.19)




LULA DESOSSOU MORO (27.4.19)
“Em entrevista concedida em Curitiba aos jornais "El País" e "Folha de S.Paulo", ex-presidente afirma que nasceu para viver 120 anos e vai trabalhar muito para provar sua inocência.”
Trabalhador e trabalhadora deve pensar:
Por que Lula que fez tanto pelo país e pelos mais pobres está preso há mais de 1 ano?
Nesse contexto é importante lembrar novamente aqui o que falou a presidenta Dilma Roussef: “O golpe não é contra mim ou contra o PT é um golpe contra o trabalhador.”
Essa frase diz quase tudo querida trabalhadora.
Os caras, lacaios do grande capital, lacaios dos super ricos, com a grande ajuda da rede globo, retiraram à força, estuprando a Constituição e praticamente todas as leis vigentes, um projeto popular para implantar um projeto elitista.
Temos que tentar, por mais que você não goste de Lula ou do PT, lembrar que até 2003, início da ERA LULA, o país tinha uma população de famintos e miseráveis que chamava a atenção do planeta.
Os filhos e filhas do povo não estudavam, paravam de estudar ainda durante o ensino fundamental.
O déficit habitacional, no que tange à moradia popular, era um absurdo.
A maioria da população brasileira, fundamentalmente das periferias das grandes cidades e, fundamentalmente das áreas rurais do Brasil profundo nunca tinha visto um médico em 100 anos.
O Brasil não era digno de nenhum respeito no cenário internacional. Devia ao Banco Mundial, ao FMI, ao EUA.
Com Lula e Dilma, muita coisa mudou:
Segundo o Banco Mundial “o Brasil é um dos países mais bem-sucedidos na redução da pobreza nos últimos 15 anos."
Mais de 40 milhões de brasileiros e brasileiras saíram da miséria.
O Brasil saiu do mapa da fome mundial.
Filhos e filhas do povo entraram na universidade.
O Minha Casa Minha Vida deu a dignidade da moradia a milhões de famílias no país todo.
Médicos e médicas visitavam o povo de casa em casa num projeto maravilhoso de Atenção Básica à saúde no Programa Mais Médicos.
O Brasil pagou a dívida externa, passou a ser credor dos EUA e, quando Dilma foi retirada do governo, o país tinha uma reserva cambial, de mais de US$ 380 bilhões.
Pleno emprego.
O gás de cozinha acessível ao trabalhador.
A gasolina barata.
ETC. ETC. ETC.
Poderia passar o dia inteiro aqui falando.
Por que então derrubaram Dilma, perseguiram e prenderam Lula e elegeram um verme como Bolsonaro?
Aqui o trabalhador e trabalhadora precisa fazer o esforço da reflexão.
A política é uma disputa pelo orçamento público que é bilionário.
A política e a história do Brasil é movida por uma luta de classes.
Por uma luta de interesses.
Interesses dos ricos contra interesses do povo.
Então, por isso venho debatendo aqui com vocês.
Trabalhador e trabalhadora que morre de trabalhar todos os dias.
Que trabalha de domingo a domingo, quase sem nenhuma folga para ver e curtir a família.
Entra numa Havan, um supermercado extra, uma Ruachelo da vida, num trabalho mal remunerado, em pé horas a fio...
Precisa procurar entender o mínimo possível dessa luta de classes e de interesses.
Isso é um jogo político que, nesse momento estamos perdendo.
Lula é a chave para que o jogo volte a ser jogado pelo povo.

por José Gilbert Arruda Martins

sexta-feira, 26 de abril de 2019

SOMOS TODOS BRASILEIROS (26.4.19)

LULA VAI FALAR À NAÇÃO





LULA FALA À NAÇÃO

“Depois da manobra da Polícia Federal, TUDO INDICA, A MANDO DE MORO, para desrespeitar decisão do Supremo Tribunal Federal e obrigar Lula a dar entrevistas com "plateia", o Ministro Ricardo Lewandowski, do STF, restabeleceu a hierarquia em despacho na tarde desta quinta-feira, 25/4.” (Conversa Afiada).
Ele determinou:
“A liberdade de imprensa, a pesar de ampla, deve ser conjugada com o direito fundamental de expressão, que tem caráter personalíssimo, cujo exercício se dá apenas nas condições e na extensão desejadas por seu detentor, no caso, do ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva, ao qual não se pode impor a presença de outros jornalistas ou de terceiros, na entrevista que o supremo franqueou aos jornalistas Florestan Fernandes e Mônica Bergamo, sem expressa autorização do custodiado e em franca extrapolação dos limites da autorização judicial em questão.”
Lula em fim vai falar.
Se essa entrevista tivesse sido feita em outubro o país seria outro hoje.
Bem melhor.
Teríamos as obras de infraestrutura em pleno vapor.
Trabalhadores e trabalhadoras saindo de casa para trabalhar.
Samu funcionando.
Prouni idem...
Enem também.
Farmácia popular aberta, aguardando o trabalhador entrar.
O Fies emprestando dinheiro aos filhos do povo.
Mas, em fim, Lula vai falar...
Vai falar que a Reforma Trabalhista precisa ser anulada pois destruiu o emprego no Brasil.
Lula vai falar que a Terceirização Irrestrita faz do trabalhador e trabalhadora escravos do século XXI.
Vai falar também que o petróleo do pré sal precisa ser retomado dos EUA e investido em educação e saúde do trabalhador...
Lula vai falar...
Vai trazer de volta a aposta num país soberano.
Vai trazer de volta a alegria de ser brasileiro.
Vai traze de volta a certeza que vale a pena sair de casa todos os dias para trabalhar, porque agora poderemos ter um país.
Vai trazer de volta a esperança.

por José Gilbert Arruda Martins

quinta-feira, 25 de abril de 2019

ACAMPAMENTO TERRA LIVRE 2019 (25.4.19)




ACAMPAMENTO TERRA LIVRE 2019 

Por Marilene Lara Lula da Silva

O canal Resistência Contemporânea esteve hoje dia 25/4 no Acampamento Terra Livre em Brasília-DF.
A professora, filósofa, Marilene Lara Lula da Silva, é a autora da matéria.
A nosso pedido, ela visitou o Acampamento e entrevistou indígenas das várias nações.  
Queremos agradecer à professora Marilene, uma incansável guerreira na luta contra o golpe. Desde 2014, quando iniciaram as primeiras tentativas das elites e seus lacaios em derrubar a presidenta legítima Dilma Roussef, a professora Marilene não saiu mais das ruas, das praças, das reuniões e atividades contra o golpe e, agora,  contra o governo Bolsonaro.
Parabéns e muito obrigado professora Marilene.
Indígenas em Brasília: “Desta vez, não trouxemos nem as crianças e nem idosos.”
O 15º. Acampamento Terra Livre (ATL) começou na quarta-feira dia 24/04 e vai até sexta-feira dia 26/4.
O evento ocorre anualmente no mês de abril em Brasília e reúne lideranças e representantes para chamar atenção para as demandas da população indígena.
O cenário de animosidade, que vem se agravando desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro, deve marcar o encontro.

Por José Gilbert Arruda Martins

sábado, 20 de abril de 2019

POVO BRASILEIRO É OTÁRIO (20.4.19)




POVO BRASILEIRO É OTÁRIO? (20.4.19)
Somos todos uns otários?
Ou as distrações da TV aberta ainda conseguem embalar nossos sonhos delirantes de que a classe rica irá dividir o bolo que é feito por todos e todas?
Os rentistas, que já se lambuzam com bilhões pagos em juros extorsivos pelo Estado, agora, com a Reforma da Previdência do Guedes e do Bolsonaro, transformam o povo em otário.
Somos todos uns otários.
E por que?
Por que estamos permitindo que os super ricos continuem explorando o povo, a classe trabalhadora e mamando nas tetas do Estado e não levantamos a bunda do assento.
Eles são canalhas, canalhas, canalhas...
Nós somos otários, otários, otários...
Segundo o presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sr. Carlos Doellinger, nós otários,  vamos dá R$ 400 bilhões por ano aos super ricos.
Olha um fragmento da entrevista na folha de São Paulo do atual presidente do IPEA:
“Na transição, o sr. coordenou o grupo de finanças públicas. Como avalia a questão?” 
“Sempre foi meu diagnóstico que o nosso desequilíbrio fiscal é a raiz de todos os nossos problemas. Precisamos fazer as reformas que estão sendo propostas. A começar pela principal, que é a da Previdência. Mas tem outras importantes: a do Estado, a do pacto federativo, que vai permitir uma melhor alocação de recursos.”
“As privatizações podem reduzir a dívida e despesas com juros, que é um encargo totalmente ruim porque é dar para rentista um Plano Marshall por ano. Eu é que fiz essa conta para Paulo Guedes e cheguei aos R$ 400 bilhões.”
Vejam bem, o próprio presidente do IPEA é quem diz que nós otários vamos entregar a grana...
Por que existe desequilíbrio fiscal?
Precisaríamos de uma reforma tributária para taxar os super ricos e desonerar a cesta básica e a remuneração dos trabalhadores e trabalhadoras.
Equilíbrio fiscal que Bolsonaro e Paulo Guedes propõem serve a quem mesmo?
Os recursos das privatizações vão para onde, são bilhões de reais.
Estão pagando juros da dívida pública.
Essa é a verdade.
Nenhum centavo ao povo...

 por José Gilbert Arruda Martins




quinta-feira, 18 de abril de 2019

MORO, O APRENDIZ DE DITADOR (18.4.19)





MORO, O APRENDIZ DE DITADOR (18.4.19)
Quando Sérgio Moro, o imparcial de Curitiba, era juiz, exorbitou do cargo e da função transformando-se no único magistrado do país.
Como juiz de primeira instância, já falamos aqui por mais de uma vez, foi muito além de suas prerrogativas.
Abusou da lei.
Atropelou o direito, a própria justiça e o  STF.
Agora como ministro, cargo que ganhou porque tirou Lula da disputa eleitoral, resolve botar as “mangas de fora”.
Autoritário como juiz...
Autoritário Como ministro...
O ex juizeco, impôs ao país a Portaria 441/2019, convocando a Força Nacional de Segurança para impedir manifestações do povo na Esplanada dos Ministérios.
“A decisão visa conter as manifestações na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios, a fim de “garantir a preservação da integridade física das pessoas, do patrimônio público e dos prédios da União.”
O prazo para validade da medida é de 33 dias, a contar a partir de ontem, quarta feira.
Nesse contexto, o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA), apresentou, nesta quarta-feira (17), na Câmara dos Deputados, um Projeto de Decreto Legislativo para sustar os efeitos da Portaria 441/2019.
 “É um desses absurdos que precisam ser combatidos e explicados”, afirmou Jerry.”
“Vou requerer à Comissão de Direitos Humanos e Minorias a convocação do ministro para que ele explique a questão”.
“O ministro exorbita do poder, ao pretender estabelecer um estado de defesa e intervenção federal na Esplanada dos Ministério, quando a Constituição, no art. 49, IV, está dito que essa é uma competência exclusiva do Congresso Nacional.”
Os gregos há mais de 2 mil anos reuniam-se em praça pública para decidirem suas vidas.
No Brasil, como se já não bastasse o golpe de 2016 que derrubou uma governante legítima, um aprendiz de ditador, do alto da sua arrogância, decide que a praça, em pleno século XXI...
Não é do povo.
A capenga, estuprada democracia brasileira está sendo definitivamente, defenestrada.

por José Gilbert Arruda Martins 

quarta-feira, 17 de abril de 2019

ASSANGE, LULA E GRAMSCI PRESOS POLÍTICOS (17.4.19)





ASSANGE, LULA E GRAMSCI (17.4.19).
Como você trabalhador e trabalhadora viram, Julian Assange foi preso na embaixada do Equador em Londres.
Acusado pelos Estados Unidos de traição por divulgar documentos militares secretos.
O fundador do WikiLeaks estava na representação diplomática desde 2012.
Julian Assange foi preso e, talvez seja deportado para os EUA porque divulgou a verdade do imperialismo norte americano.
Um imperialismo assassino.
A política externa dos EUA não respeita leis, soberanias, acordos, ONU, absolutamente nada.
Alguns exemplos: A derrubada de João Goular. Quando o Brasil descobriu o pré sal, o governo brasileiros e a Petrobrás foram grampeados.
Dentro desse cenário, o linguista Chomsky comparou prisão de Assange à de Lula e Antonio Gramsci.
Antonio Gramsci foi um filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político italiano. Escreveu sobre teoria política, sociologia, antropologia e linguística.
Em entrevista ao canal Democracy Now, o linguista Noam Chomsky situou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um contexto global e comparou sua situação à do criador do WikiLeaks, Julian Assange. Historicamente, ele vê a prisão de ambos como similar à do fundador e secretário-geral do Partido Comunista Italiano Antonio Gramsci (1891-1937).
"Alguns podem se lembrar quando o governo fascista de Mussolini colocou Antonio Gramsci na prisão. O promotor disse: 'Temos que silenciar essa voz por 20 anos. Não podemos deixá-lo falar.' Isso é o Assange. Isso é o Lula. Isso é um escândalo."
Chomsky voltou a dizer que Lula “é o prisioneiro político mais importante do mundo”. Ele acrescentou na entrevista: “Você ouve alguma coisa na imprensa sobre isso? Bem, Assange é um caso similar: ‘Temos que silenciar essa voz’”.
De acordo com o pensador, “sob o governo Lula, no início deste milênio, o Brasil foi um dos mais – talvez o país mais respeitado do mundo. Foi a voz do Sul global sob a liderança de Lula da Silva”.


por José Gilbert Arruda Martins

terça-feira, 16 de abril de 2019

ALFABETIZAÇÃO OU LETRAMENTO?

no Brasil Escola



Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa “literacy” que pode ser traduzida como a condição de ser letrado. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado. Alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; letrado é aquele que sabe ler e escrever, mas que responde adequadamente às demandas sociais da leitura e da escrita. Alfabetizar letrando, é ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, assim o educando deve ser alfabetizado e letrado. A linguagem é um fenômeno social, estruturada de forma ativa e grupal do ponto de vista cultural e social. A palavra letramento é utilizada no processo de inserção numa cultura letrada.

Nos Estados Unidos e na Inglaterra, embora a palavra literacy já constasse do dicionário desde o final do século XIX, foi nos anos 80 , que o fato tornou-se foco de atenção e de estudos nas áreas da educação e da linguagem. No Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam e se confundem. A discussão do letramento surge sempre envolvida no conceito de alfabetização, o que tem levado, a uma inadequada e imprópria síntese dos dois procedimentos, com prevalência do conceito de letramento sobre o de alfabetização. Não podemos separar os dois processos, pois a princípio o estudo do aluno no universo da escrita se dá concomitantemente por meio desses dois processos: a alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita , o letramento.

O conhecimento das letras é apenas um meio para o letramento , que é o uso social da leitura e da escrita. Para formar cidadãos atuantes e interacionistas, é preciso conhecer a importância da informação sobre letramento e não de alfabetização. Letrar significa colocar a criança no mundo letrado, trabalhando com os distintos usos de escrita na sociedade. Essa inclusão começa muito antes da alfabetização, quando a criança começa a interagir socialmente com as práticas de letramento no seu mundo social. O letramento é cultural, por isso muitas crianças já vão para a escola com o conhecimento alcançado de maneira informal absorvido no cotidiano. Ao conhecer a importância do letramento, deixamos de exercitar o aprendizado automático e repetitivo, baseado na descontextualização.

Na escola a criança deve interagir firmemente com o caráter social da escrita e ler e escrever textos significativos. A alfabetização se ocupa da aquisição da escrita pelo indivíduo ou grupos de individuos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade. “Em termos sociais mais amplos, o letramento é apontado como sendo produto do desenvolvimento do comércio, da diversificação dos meios de produção e da complexidade crescente da agricultura. Ao mesmo tempo, dentro de uma visão dialética, torna-se uma causa de transformações históricas profundas, como o aparecimento da máquina a vapor, da imprensa, do telescópio, e da sociedade industrial como um todo”. TFOUNI, Leda Verdiani.

A alfabetização deve se desenvolver em um contexto de letramento como início da aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, e de atitudes de caráter prático em relação a esse aprendizado; entendendo que a alfabetização e letramento, devem ter tratamento metodológico diferente e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem da língua escrita, falada e contextualizada nas nossas escolas. Letramento é informar-se através da leitura, é buscar notícias e lazer nos jornais, é interagir selecionando o que desperta interesse, divertindo-se com as histórias em quadrinhos, seguir receita de bolo, a lista de compras de casa, fazer comunicação através do recado, do bilhete, do telegrama. Letramento é ler histórias com o livro nas mãos, é emocionar-se com as histórias lidas, e fazer, dos personagens, os melhores amigos. Letramento é descobrir a si mesmo pela leitura e pela escrita, é entender quem a gente é e descobrir quem podemos ser.

Autora: Amelia Hamze
Profª FEB/CETEC e FISO

Alfabetização Intercultural e apropriação da cultura escrita em áreas indígenas: fragmentos de um debate

na Partes a sua revista virtual

Por Josélia Gomes Neves[1]



Resumo: O tema deste estudo  refere-se a uma sistematização introdutória de como vem se dando o debate sobre alfabetização intercultural e o processo de apropriação da cultura escrita[2] em áreas indígenas por parte de estudiosos sobre o assunto. Pretende apresentar os argumentos postos, bem como analisar a sua influencia no surgimento de tendências e orientações explicitadas nas políticas públicas educacionais voltadas para estas populações.

Palavras-chave: Educação  Indígena, Alfabetização Intercultural, Cultura Escrita.

Os/as educadores/as não poderão ignorar, no próximo século, as difíceis questões do multiculturalismo, da raça, da identidade, do poder, do conhecimento, da ética e do trabalho que, na verdade, as escolas já estão tendo de enfrentar. Essas questões exercem um papel importante na definição do significado e do propósito da escolarização, do que significa ensinar e da forma como os/as estudantes devem ser ensinados/as para viver em um mundo que será amplamente mais globalizado, high tech e racialmente diverso que em qualquer outra época da história”. (GIROUX, 1995, p.88)
            Estudos sobre alfabetização intercultural vêm sendo desenvolvidos por vários pesquisadores[3] no intuito de verificar principalmente o impacto da cultura escrita em sociedades ágrafas, neste caso específico, as populações indígenas, tendo em vista as demandas surgidas que apontam para a necessidade da aquisição deste saber em função das relações pós-contato entre estes e a sociedade envolvente.
            Vale ressaltar que a expressão alfabetização intercultural que apresentamos neste texto, deriva do termo Educação intercultural bilíngue, utilizado pela UNESCO para designar uma importante característica da educação escolar indígena, pois pressupõe o esforço do diálogo entre diferentes culturas e saberes, neste caso, a sociedade indígena e não-indígena. Encontra-se também fundamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Nº 9394/96 no artigo 78, onde estabelece que:
O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
I – proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
II – garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso à informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias”.
            Entretanto, a concepção intercultural é recente, pois a trajetória da educação escolar indígena (SILVA; GRUPIONI, 1995)  nos informa que de maneira geral, a pretensão da escola era de integrar estas populações étnicas à sociedade nacional, no entanto, uma das razões que impossibilitava a consecução deste objetivo eram as línguas indígenas. Neste sentido, a tarefa da escola será justamente a de ensinar os alunos e alunas da aldeia a falar, ler e escrever em língua portuguesa para que assim este entrave fosse superado.
            Mas as experiências demonstraram o fracasso de iniciativas desta natureza, ou seja, alfabetizar alunos em uma língua que eles não dominavam – a portuguesa. Sobre a questão, Maria Cândida Barros, afirma que: “[…] Uma experiência anterior de alfabetização entre as crianças Karajá havia mostrado sua inutilidade. O conhecimento da escrita havia caído no esquecimento pela falta de oportunidade e de necessidade de usar a escrita” (BARROS, 1994, p. 27). Situações como esta nos remetem as reflexões de Vygotsky sobre os estudos da linguagem enquanto um sistema simbólico produzido pelo ser humano, ou seja, uma espécie de ganho no processo evolutivo da espécie. Para ele, é por meio dela, que podemos fazer a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento, bem como, socialmente possibilitar o desenvolvimento das funções mentais superiores que depois são culturalmente compartilhadas. Para Vygotsky: “O ensino tem que ser organizado de forma que a leitura e a escrita se tornem necessários às crianças […] e a escrita deve ter significado para as crianças, uma necessidade intrínseca deve ser despertada nelas e a escrita deve ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para a vida”. (VYGOTSKY, 1989, p. 133).
            Assim, considerando o fracasso na alfabetização, o enfoque a ser empregado daí para frente foi o da utilização das línguas indígenas para garantir a aquisição da escrita, mas como o interesse era a integração dos índios, assim que os alunos aprendiam a ler e a escrever, a língua indígena era retirada da sala de aula, já que a aquisição da língua portuguesa continuava a ser a grande meta. Desta forma, a escola indígena acabava por contribuir para o enfraquecimento, desprestígio e, posteriormente, desaparecimento das línguas indígenas (BRASIL, MEC, 1998).
            Contudo, a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, à escola foi colocada à possibilidade de se constituir como um elemento a favor dos povos indígenas, na medida em que pode estimular e favorecer a manutenção ou revitalização das línguas indígenas ao incluí-la em seu currículo com a função e status de língua plena, desta forma assegurando uma proximidade em termos de paridade com a língua portuguesa.
            Neste debate a respeito das línguas, destaca-se a escrita das línguas indígenas e suas implicações. A nosso ver, a função da escrita em língua indígena precisa ser amplamente estudada, além do que, há grupos étnicos que preferem não fazer uso escrito de suas línguas tradicionais.
            As experiências em outras localidades (GAVAZZI, 1994) têm demonstrado que, com o passar do tempo, a situação pode ser modificada e o uso da língua indígena por escrito passa a fazer sentido e a ser desejável, pois as necessidades que os Povos Indígenas têm em relação ao saber escrito podem ser utilizadas como boas situações de aprendizagem, não sendo preciso então, a criação de argumentos ou versões artificiais, como a nossa conhecida cartilha do ABC. Assim, poderão apropriar-se efetivamente desta cultura, de tal forma que este domínio ou intimidade signifique um “[…] compromisso com uma escrita que permita comunicação e interação de fato – que seja fruto da tentativa de aproximação, a máxima possível, entre o que se pretende dizer, o que efetivamente se diz e o que pode ser compreendido – que exige, do começo ao fim, escolhas de natureza diversa e coordenação de procedimentos complexos…” (PRADO; SOLIGO 2005, p. 36)
          Ao longo da discussão sobre a alfabetização intercultural, há posicionamentos de estudiosos favoráveis e não favoráveis quanto ao ensinar e aprender línguas indígenas na escola. De um lado, há aqueles que postulam que a introdução dessa prática na aldeia pode resultar em uma imposição do modo de vida ocidental, acarretando desinteresse pela tradição oral e impelindo à criação de desigualdades no interior da sociedade, entre os que são letrados e os não-letrados. Postulam ainda, sobre os riscos que as intervenções culturais sutis podem causar nas línguas indígenas no processo de transposição da oralidade para a escrita:
As línguas indígenas brasileiras são ágrafas, e sua inclusão na escola implica na criação de uma grafia e no estabelecimento de um registro escrito para conhecimentos que, originalmente, não são congelados em forma de texto, mas, ao contrário, recriados continuamente na produção oral. […] Afinal, grafias são elas também construções sociais e históricas, e sua produção técnica por não falantes da língua, por mais séria que seja, traz alguns “efeitos colaterais” sentidos e denunciados pelos seus falantes e pelos lingüistas mais atentos.                          (COHN, 2006, p. 8 )
Ainda sobre o assunto, Maria Cândida Barros, indaga a respeito de como o mito narrado oralmente ao passar para o papel, produz uma ruptura em termos de domínio de saberes, pois:  “[…] a publicação das narrativas tradicionais em forma de livro de leitura para a escola, acabam sendo de certas pessoas no grupo e não de todos: a sua difusão escrita na escola altera a forma de seu domínio ao separar o conhecimento do conhecedor” (BARROS, 1994, p. 32).
As diferenças entre as competências orais e escritas são evidenciadas por Maria Elisa Ladeira:
Questionamo-nos sobre qual o sentido e as consequências da escrita em sociedades orais, no caso das sociedades indígenas brasileiras. Sabemos, como antropólogos, que é ilusão pensar que a oralidade e a escrita sejam dois caminhos possíveis para se transmitir as mesmas mensagens. (LADEIRA, 2002, p. 3)
            Por outro lado, há aqueles e aquelas que entendem ser importante a aquisição deste conhecimento pelos povos indígenas, pois reduzir essas línguas a usos exclusivamente orais pode representar sua manutenção em posições de prestígio insuficiente e funcionalidade, reduzindo assim suas chances de sobrevivência no mundo contemporâneo. Então a apropriação da cultura escrita pode significar um ganho estratégico para estas línguas, na medida em que estarão ocupando um espaço junto à língua majoritária e conquistando, portanto um de seus mais relevantes territórios.
            Atestando este argumento, Nietta Monte compartilha que:  “Assiste-se com satisfação renovada, ao incremento, por parte dos próprios grupos indígenas acreanos, de uma atitude favorável às práticas escolares e de letramento em línguas indígenas, que até muito recentemente eram de tradição oral e ágrafa”. (MONTE, 1994, p. 65).
            Experiências como estas, permitem a compreensão do contexto em que vivemos: uma sociedade mediada pela cultura escrita. Assim, há necessidade de apropriação destes saberes, daí o importante papel da alfabetização. Os conhecimentos atuais sobre alfabetização, traduzidos na Psicogênese da língua escrita, sustentam que o processo de construção da língua escrita é desenvolvido pelo aprendiz – criança ou adulto, o sujeito que interage com o meio social e com a escrita, o seu objeto de conhecimento. A ação docente é orientada para a problematização e intervenção, mediante a utilização de textos diversificados, com ênfase e valorização da atribuição de sentido à escrita. (FERREIRO; TEBEROSKY, 1985).
            Neste sentido, compreendemos a importância da aquisição da cultura escrita na aldeia, como um compromisso inadiável da relação mundo contemporâneo e mundo tradicional, uma demanda presente na pauta da educação inclusiva, o direito legítimo ao saber universal a qual todos devem ter acesso, de forma a possibilitar vivências que assegurem o mágico e pessoal sentimento apontado por Guilherme Prado e Rosaura Soligo de que: “Ninguém poderá nos fazer aprender exatamente o que aprendeu com as leituras que fez e com os textos que escreveu. E nós não poderemos ensinar exatamente o que aprendemos com as leituras que fazemos e os textos que escrevemos”. (PRADO; SOLIGO 2005, p. 37).
            Agora, para a cultura escrita ocorrer na aldeia é preciso levar em conta que, o esforço por parte da escola de manter e revitalizar a língua neste sentido é limitado, já que nenhuma instituição, pode se responsabilizar exclusivamente pelos destinos de uma língua. Assim como a escola não pode ser considerada como a única entidade que pode determinar o enfraquecimento ou a perda das línguas indígenas, ela também não tem o poder de sozinha, mantê-las em uso. Daí que cabe a comunidade, de forma incisiva a manutenção linguística de sua etnia (BRASIL, MEC, 1998).
            Neste sentido, se justifica a importância do aprofundamento de estudos sobre a aprendizagem da leitura e escrita na aldeia, uma vez que estes instrumentos – o ler, escrever intimamente ligados a sua prática social, representam os meios pelos quais os povos indígenas dispõem para compreender a estrutura e funcionamento da sociedade envolvente. Para Bakhtin não há como entender a língua de forma isolada, uma vez que qualquer análise linguística deve considerar aspectos contextuais de fala, a relação do que fala com o que ouve, a conjuntura política e histórica, dentre outros.
            Assim, para os povos indígenas, o saber escrito poderá representar um caminho para o relacionamento entre seus pares e para firmarem posições políticas comuns e consequentemente poderem tomar conhecimento de seus próprios direitos, resultando em reconhecimento e respeito, tendo em vista sua diversidade. Neste sentido, o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas, explicita a importância da cultura escrita na sociedade atual como um direito ao conhecimento:
Todos os documentos que regulam a vida da sociedade brasileira são escritos em português: as leis, principalmente a Constituição, os regulamentos, os documentos pessoais, os contratos, os títulos, os registros e os estatutos. Os alunos indígenas são cidadãos brasileiros e, como tais, têm o direito de conhecer esses documentos para poderem intervir, sempre que necessitarem, em qualquer esfera da vida social e política do país. (BRASIL, MEC, 1998, p. 121).
            Sobre a cultura escrita na aldeia, as evidencias empíricas apontam que o fato dos povos indígenas atualmente exercerem atividades de leitura e escrita na língua portuguesa possibilita processos de melhor interação com a sociedade envolvente, visto que a escrita tem muitos usos práticos por eles já utilizados, tais como: elaboração de listas de compras, registros da produção e venda da castanha, anotações de endereços da cidade,  ofícios, etc.
            A escrita tem servido ainda para registrar[4], um pouco da sua história, a literatura, as crenças religiosas, os mitos, as receitas, enfim, o conhecimento do povo. Então, as funções deste objeto cultural na aldeia indígena estão muito claras – sintetizamos na defesa e possibilidade de exercerem sua cidadania e o acesso a conhecimentos de outras sociedades.
            O fato de desconhecer este processo tem implicações diretas na própria definição das políticas públicas para estas populações. Sabemos que não basta a escola ter como tarefa específica à alfabetização dos alunos e alunas: cabe a ela o dever de criar condições para que eles/as aprendam a escrever textos adequados às suas intenções e aos contextos em que serão lidos e utilizados.

Referências
BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. S. Paulo: Hucitec, 1988.
BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas. MEC: Brasília,  1998.
_______ . Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Nº 9394/96. Brasília, 1996.
COHN, Clarice. Notas sobre a escolarização indígena no Brasil. Disponível em:http://www.acoesafirmativas.ufscar.br/escolIndClarice.pdf Acesso dia 23 de setembro de 2006.
FAUNDEZ, A . A expansão da escrita na África e na América Latina. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1994.
FERREIRO, Emília. Cultura Escrita e Educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
FERREIRO, E. & TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
GIROUX, H. Praticando Estudos Culturais nas Faculdades de Educação; In: Silva, T. T. (org) Alienígenas na sala de aula. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
LADEIRA, Maria Elisa. Sobre a língua da Alfabetização Indígena. Disponível em: http file:///C|/ingua-alfabetiza.htm (5 of 5).Acessado em 8/1/2002
MONTE, Nietta. Escolas da floresta: entre o passado oral e o presente letrado. Rio de Janeiro: Multiletra, 1996.
PRADO, G.V.T.; SOLIGO, R. A. (orgs.). Porque escrever é fazer história. Campinas: Graf. FE, 2005.
SILVA, Aracy Lopes da; GRUPIONI, Luís Donisete Benzi. A Temática Indígena na Escola: subsídios para professores de 1º e 2º graus. Brasília: MEC/MARI/UNESCO, 1995.
VYGOTSKY, L. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
[1] Profª Mestra da Universidade Federal de Rondônia- UNIR – Campus de Ji-Paraná, Departamento de Ciências Humanas e Sociais. Ministra aulas no Curso de Pedagogia; é líder do Grupo de Pesquisa em Educação na Amazônia/GPEA; coordenadora da linha de pesquisa:
[2] Adotamos a concepção de cultura escrita utilizada por Emilia Ferreiro, com o entendimento de que o ato de ensinar a língua escrita deve possibilitar aos alunos e alunas o desenvolvimento das capacidades de leitura e de produção de textos de diferentes gêneros, que circulam socialmente e que estão presentes no cotidiano das sociedades letradas a fim de que possam sempre que necessário fazer uso destes conhecimentos. FERREIRO, Emília. Cultura Escrita e Educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
[3] Cf. BARROS, M. C. D. M.. “Educação Bilíngüe, Lingüística e Missionários”. In: Em Aberto, Brasília, ano 14, n.63, jul./set. 1994, p.18-37 e FAUNDEZ, A . A expansão da escrita na África e na América Latina. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1994.
[4] MINDLIN, Betty et al. Couro dos espíritos : namoro, pajés e cura entre os índios Gavião-Ikolen de    Rondônia. São Paulo : Senac ; Estação Liberdade, 2001. 254 p.