O Maranhão desde a invasão francesa sempre foi uma região rica em recursos naturais e miserável socialmente. Diversos fatores ajudam a gente entender tal fato. Um deles, historicamente, muito recente, foi o domínio do clã Sarney na região por mais de meio século.
Na última eleição, o povo maranhense escolheu um cara diferente, de um partido político diferente mas, apesar da revolução que está sendo operada no Estado, os adversários, com a TV (afiliada da rede Globo) nas mãos, têm recolocado na cabeça dos menos avisados, daqueles que não conseguem enxergar um palmo além do próprio umbigo, que o governo atual não presta e que é um atraso.
Olha a dificuldade que o atual governo encontra para administrar um Estado atrasado, quase medieval.
As pessoas, pelo menos parte delas, não conseguem enxergar que, se tivéssemos que comparar o governo atual com os mais de 50 anos do clã Sarney, apenas o aumento salarial dos professores poderia ser encarado como a maior e mais importante revolução que o Estado já experimentou.
na Rede Brasil Atual
Estado tem acúmulo histórico de problemas na educação, com terceiro maior número de analfabetos do país
por Cristiane Sampaio, do Brasil de Fato
Projeto de alfabetização, articulado pelo governo do estado em parceria com o MST, é uma das ações educacionais no Maranhão
Brasil de Fato – Professores da rede estadual de ensino do Maranhão terão, a partir de março, o maior salário-base da categoria em todo o país. Depois de dois meses de negociação com o governo do estado, os educadores obtiveram reajuste de 6,81%, o que faz com que o piso passe a ser de R$ 5.750. O anúncio foi feito na última terça-feira (27) pelo governador do estado, Flávio Dino (PCdoB).
A dirigente Janice Nery, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma), destaca que o aumento resulta da luta coletiva por direitos e pela qualificação da área educacional.
"Nós consideramos que foi um avanço significativo. Posso até destacar que foi uma vitória, considerando este cenário que assistimos nacionalmente", afirma.
O valor leva em conta os profissionais que têm jornada de 40 horas semanais. Para os que têm contrato de 20 horas, haverá aumento proporcional. Com isso, o piso do grupo ficará em R$ 2.875, 41, o segundo maior do país, que fica atrás apenas do Distrito Federal (DF).
A medida atinge diretamente 31.500 professores ativos e outros 15 mil já aposentados. A professora Vera Lúcia do Nascimento Alencar, que ensina na rede estadual há 24 anos, considera que o aumento ajuda a recompensar, ainda que parcialmente, o esforço investido no magistério.
"É muito bom porque a gente sabe que professor não é muito valorizado, então, eu acho muito justo com a classe. Já estava mais do que na hora de isso acontecer. É um reconhecimento", complementa.
O secretário de Educação do estado, Felipe Camarão, ressalta que a medida nasce de uma decisão política voltada também para o aumento dos índices educacionais. Com um acúmulo histórico de problemas de gestão, o Maranhão ainda responde por algumas das piores estatísticas do país.
Entre outras coisas, o estado é o terceiro em número de analfabetos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São ao todo 840 mil pessoas que não sabem ler e escrever. Além disso, amarga um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. A classificação utilizada os indicadores educacionais como um dos principais eixos de referência.
"Valorizar o educador é um caminho pra gente fazer uma educação digna aqui no Maranhão", afirmou Camarão, em entrevista ao Brasil de Fato.
Desde 2015, os professores tiveram aumento total de 30,35%, acima da inflação do período, calculada em 21,46%. Diante da demanda histórica por melhorias na educação, o estado tem sido palco, nos últimos anos, de diferentes ações. Entre elas, destacam-se a substituição de escolas de taipa por escolas de alvenaria e o projeto de alfabetização "Sim, eu posso", executado em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
Segundo o Sindicato, o próximo ponto da agenda de luta a ser priorizado pela categoria será o cumprimento do Plano de Cargos e Carreiras no que se refere à progressão salarial dos professores.