domingo, 3 de abril de 2016

FLA-FLU NA POLÍTICA - Em tempos de cólera, humor deve cutucar as certezas, diz Gregório Duvivier

na Rede Brasil Atual

Nunca foi tão urgente quanto agora fazer humor, afirma o ator, escritor e humorista, preocupado em firmar um diálogo com quem defende o impeachment da presidenta Dilma Rousseff

por Helder Lima, da RBA

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Duvivier: Outrofobia inclui o medo da diferença, da alteridade. Eu acho que a função da arte é promover esse encontro com a alteridade



São Paulo – “O humor nunca foi tão urgente quanto agora. Para mim, sua função principal talvez seja cutucar as certezas. E nós estamos em um tempo de certezas muito exacerbadas”, afirma o ator, escritor e humorista Gregório Duvivier, definitivamente engajado na defesa da democracia e preocupado em firmar um diálogo com quem defende o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Acima de tudo, com quem pensa diferente, o que ele chama de "outrofobia".
“O medo é filho da ignorância e da desinformação. Eu acho que a arte e a informação impressa, o humor, o principal alvo é esse medo, que é um medo do outro. Outrofobia inclui o medo da diferença, o medo da alteridade. Eu acho que a função da arte é promover esse encontro com a alteridade”, diz.
Isso acontece na política, observa Duvivier, que vê uma situação fomentada por meios de comunicação. Para ele, notícias e vazamentos seletivos da Operação Lava Jato têm construído convicções que alimentam o medo de perda de privilégios por parte das classes mais privilegiadas, que se sentem ameaçadas. Um medo que, no fundo, dá vazão ao ódio ao outro, ao semelhante, e dificulta ainda mais o diálogo, o respeito a quem pensa diferente.
Nesta entrevista, o artista nascido no Rio de Janeiro fala sobretudo deste momento conturbado para a história, em que o país se vê dividido. Critica a mídia por alimentar essa divisão e reflete também sobre o seu trabalho. Duvivier conta que gosta de transitar entre gêneros, como o humor e o drama, em seu trabalho atual, o monólogo Uma Noite na Lua, e reflete sobre os seus 30 anos, completados este mês. Já desistiu de salvar o Fluminense, mas espera que as dúvidas ajudem a esclarecer as certezas.
Como fazer humor em tempos tão bicudos?
O humor nunca foi tão urgente quanto agora. Para mim, sua função principal talvez seja cutucar as certezas. E nós estamos em um tempo de certezas muito exacerbadas. A função do humor, assim como a do jornalismo e do ensino, é a função de fazer perguntas, mais do que dar respostas. E no momento em que só se vê respostas e soluções, e as pessoas desesperadas por meio de manchetes sensacionalistas ou políticos também muito veementes, com fórmulas tipo “para acabar com a corrupção é preciso varrer o PT do Brasil”, a função do humor é perguntar: 'como assim? É isso mesmo o que vocês estão querendo, vocês acreditam nisso'? É duvidar onde só se vê certezas. Acho que essa é a tarefa.
Também não concordo com uma postura que é “ah, nesse Fla-Flu eu sou Corinthians, sou Botafogo”, com quem sai da disputa como se fosse uma disputa da qual você pode não participar. Não participar desse Fla-Flu entre aspas é você tomar partido do lado mais forte, o lado hegemônico, que é o lado do golpe. Todos sabemos qual é a narrativa hegemônica da mídia. Quando você vê que toda a grande imprensa está de um lado, então, esse Fla-Flu está meio desequilibrado, você não tomar partido é concordar com essa narrativa.
E essa narrativa dominante que vem temperada com intolerância? O que para você causa essa intolerância?
Essa intolerância não é natural, nossa, brasileira, uma coisa espontânea. Acho que ela é fomentada pelos meios de comunicação. Quando você vê uma capa em que a figura do Lula ou da Dilma é sempre diabólica, como as capas da Veja ou da IstoÉ, é sempre uma arte que tenta transformá-los em demônios, literalmente mesmo: orelhas pontudas, uma coisa sempre no escuro, luz debaixo para cima. São estratégias demonizantes não só com Lula e Dilma, mas com os militantes – essa própria criminalização da palavra militante. O O Globo disse assim, 'a diferença de uma passeata para outra é que no dia 13 (de março) eram cidadãos, e no dia 18 eram militantes, ou milícias', e usa militante de forma negativa, como se militante não fosse cidadão. Esse antagonismo, imagem de terror, enfim, eu acho problemático. Quando tem uma passeata qualquer, se as pessoas não estão militando, estão fazendo o quê? Essa demonização do militante, da esquerda de um modo geral, é fomentada pela imprensa, não é uma coisa natural da nossa sociedade, sabe?
O principal inimigo da arte é essaoutrofobia, que domina o pensamento conservador. Esse medo, a palavra-chave da direita é medo. Essa função da arte acho que é a mais bonita, a luta contra o medo
No seio dessa intolerância estão sim os grandes meios de comunicação. E o que tem por trás deles também a gente sabe que não é espontâneo da classe jornalística; jornalista não é essencialmente conservador, ao contrário. Mas no seio disso estão os jornais e quem os pagam. No Brasil, a imprensa é controlada por cinco famílias. Então, em qual outro meio você vai ver isso? Se tem um lugar que precisa ser democratizado, é sim a imprensa. Você tem poucas famílias que não querem perder os privilégios que têm, nem os jornais falindo, porque estão todos falindo, os grandes, e desesperados.
E em vez de buscar leitores em uma linguagem talvez mais próxima do leitor, investimento forte em internet, mas a estratégia adotada a meu ver é uma dependência cada vez maior dos anunciantes, que já são poucos. Você vê que O Globo virou um braço da prefeitura (do Rio) – é isso o que O Globo é, ele depende de milhões por ano da prefeitura e acaba tendo um rabo preso muito forte. Os principais anunciantes dos jornais grandes são também os principais assuntos. A prefeitura, as empreiteiras, você tem uma relação muito promíscua entre o assunto e o jornal, eu acho muito ruim.
Você escreveu sobre as palavras e a apropriação de seus significados. Hoje é comum a autoridade ou a mídia se apropriar de uma palavra e dar a ela o conteúdo que quiser. É um sintoma dos nossos tempos. Chega a incomodar você?
Sim, incomoda, as palavras são muito mal empregadas. Talvez por ter feito graduação em Letras, minha formação é nesse campo e eu sou apaixonado pelas palavras. Incomoda muito quando vejo as palavras roubadas, que estão roubando no jogo das palavras. A direita, por exemplo, se apropria da palavra 'mudança', mas essa é uma palavra de esquerda por definição. A direita por definição, o que a define, é que ela quer a manutenção, a concentração do lugar de poder, do status quo, do establishment. E a esquerda não. Quando a direita pede mudança, você vê que isso não é uma mudança, é uma troca. O que ela quer é trocar em vez de mudar, porque o problema todo é que está se mudando, então, que fique claro isso, o uso das palavras corretas: “O que nós queremos não é a mudança, nós queremos o retrocesso diante das mudanças” – é importante usar as palavras corretas.
Não venha me falar de progresso, por exemplo, quando essa mesma direita não aprova nenhuma lei progressista. Que progresso é esse, para quem? Ou mudança, está mudando para onde? Qual o lugar? Não é à toa que não tem nenhuma agenda propositiva nessas passeatas de dois milhões de pessoas. Porque a verdade é que se começar a falar mesmo, você vai ver que as pessoas que estão pedindo o impeachment, a agenda propositiva delas, a gente sabe bem qual é. Se agora entrar o Michel Temer, a gente sabe bem o que que vai acontecer. Eu tenho mil críticas ao PT – mas no ano passado, por exemplo, o PT votou contra a terceirização, votou a favor do fim do financiamento privado de campanha, enfim, em todas as leis o PT votou à esquerda ainda. Pô, terceirização das atividades-fim, são coisas que o PT estava conseguindo segurar, barganhar. Com a queda do PT, a gente sabe muito bem o que vai acontecer, serão dois anos de neoliberalismo da pior espécie.
As pessoas que estão na rua não sabem disso, porque não tem dois milhões de neoliberais no país. Quem está indo para a rua não sabe que está indo por isso. E é isso que me incomoda, é bom a gente lembrar disso o tempo todo. O Brasil não tem dois milhões de monstros, golpistas.
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Com a queda do PT a gente sabe o que vai acontecer, serão dois anos de neoliberalismo da pior espécie
Você vê essa disputa na perspectiva da luta de classes? O quanto isso é importante para você?
Eu acho que importa bastante pensar que você vê claramente uma diferença gigantesca de renda, mesmo entre as manifestações dos dias 13 e 18. Isso é claro. No entanto, é perigoso a gente classificar todo mundo do dia 13 como elitista, como uma pessoa que está revoltada com a distribuição de renda e está indo às ruas contra isso, o que também não é verdade. Acho que o que existe, que é um fato, é que o PT fez sim, bem, eu acho, um pouco, aumentou um degrauzinho para as pessoas mais pobres do país, da miséria. Como pode um partido, um candidato, se eleger contra a mídia inteira? Que foi o que aconteceu, não é? Porque em termos de distribuição é muito irrelevante a mídia de esquerda no país, ela é muito pequena comparada em termos de distribuição e de tiragem, não como expressão, mas em termos de distribuição.
Lula e Dilma conseguiram se eleger contra isso tudo, contra uma máquina gigantesca midiática. E contra também vários governos estaduais: em São Paulo, o Alckmin muito forte, e também contra o interesse do setor privado de um modo geral. Como eles conseguiram isso? Conseguiram só porque as pessoas que antes não tinham o que comer e agora têm se sentem um pouco gratas em relação a isso. Tem os dois lados, tem gente que está desesperada porque o dólar está subindo, e vai às ruas por isso – isso existe, de fato, como antes teve o mensalão do PT e a compra da reeleição pelo Fernando Henrique Cardoso – enfim, vários escândalos de vários partidos e ninguém foi às ruas, como está indo agora. Não é o volume de dinheiro que está fazendo as pessoas irem às ruas, mas o fato de que o país está em um momento econômico complicado. Então, muito mais do que a corrupção, incomoda o país não estar crescendo.
O que está gritante agora, talvez, mais até do que a luta de classes, o que está levando as pessoas às ruas, que fique bem claro, não é a corrupção, esse é o pretexto, a chamada. Na verdade mesmo, é o medo da perda de alguns privilégios. O dólar está mais alto realmente, e tem gente de amarelo nas passeatas falando da dificuldade de você ter uma empregada hoje em dia. Isso é um fato, é uma coisa que incomoda a elite. Está mais caro para ter uma empregada doméstica que dorme na sua casa. Isso está dificílimo, e tem gente que se incomoda com isso. Não são todos, claro. Mas o que existe de modo geral é uma insatisfação legítima com a situação atual, não só a corrupção, mas o país não crescendo. Mas essa insatisfação que é justificada e que é compartilhada pela esquerda – na verdade, a esquerda está insatisfeita há muito mais tempo – se canaliza em uma coisa que eu acho muito burra, que é a vontade de erradicação do PT. Essa é uma grande estupidez da direita: o que a erradicação do PT vai trazer para o país?
É a ilusão de que um lado pode vencer, não? Ou de que finalmente existe um lado certo e outro errado...
Exato, os dois lados têm convicções meio erradas às vezes. O PT, sobretudo os petistas, acreditam que o lado de lá são só coxinhas insatisfeitos com a distribuição de renda, e eu acho que é mentira, porque tem de tudo, inclusive, gente pobre que está mal informada. Mas um problema do outro lado não é nem a falta de informação, mas é qualidade da informação que está sendo passada, e o lado de lá, do dia 13 de março, acha que tem gente comprada que vai para rua ganhar R$ 30. Isso é uma mentira sem tamanho, eu estava lá, inclusive, não ganhei nada, estou esperando bater na minha conta. Eu acho que os dois lados estão mal informados, os dois lados estão diminuindo a causa um do outro. E isso me incomoda porque eu acho que tem muito mais coisas em comum dos dois lados do que ambos pensam. Os dois lados querem o fim da corrupção, com certeza, você não vê ninguém pedindo mais corrupção, os dois lados querem que se retome o crescimento, os dois parecem insatisfeitos com o PMDB também, e isso é gritante, não vi ninguém pedindo para o Temer assumir, ninguém fala 'assume Temer', ou 'assume Cunha'.
Gosto de misturar os gêneros, de humor, mas talvez mais ainda de comoção, dessa tentativa de comover as pessoas. O humor vai muito bem quando está junto com algum drama, alguma tristeza, algo que se imprime na alma
Tem uma desconfiança da Dilma, mas muito maior na linha sucessória. No fundo, as pessoas querem as mesmas coisas, eu acredito. Eu acho que meu trabalho como humorista é fazer as pessoas do dia 13 perceberem que o impeachment não é bom por causa da linha sucessória. Se você quer o fim da corrupção, a única pessoa ali em toda a linha sucessória, talvez em todo o Planalto que não está interessada em obstruir a Justiça é a Dilma. Não é o Michel Temer que vai deixar prosseguir as investigações. E quem viria depois, o Cunha, não é ele, nem o Renan Calheiros, então, no Congresso mesmo, todo mundo está sendo investigado, todo mundo... Você quer mesmo que esse Congresso julgue a Dilma, a única pessoa que não foi citada?! Eu vi 200 nomes na lista da Odebrecht, nenhum deles é o da Dilma ou do Lula. São essas pessoas que estão no noticiário por causa da corrupção. Eu acho que a minha tarefa neste momento é lembrar...
A arte tem o espírito de transformar o mundo, mas neste momento é importante ter isso voltado para transformar o conservadorismo político?
A arte de um modo geral produz empatia. Um bom filme é aquele que te comove, que te tira do seu lugar, que te move de onde você estava e leva para outro lugar. Não existe arma maior contra o ódio, por exemplo, porque a comoção, a empatia fazem com que você repense suas certezas, repense sua outrofobia. O principal inimigo da arte é essa outrofobia, que domina o pensamento conservador. Esse medo, a palavra-chave da direita é medo. Medo no Brasil você consegue colocar com a revolução comunista, até hoje. Estamos em 2016, e a direita não convence as pessoas que está em curso um golpe comunista. Essa função da arte acho que é a mais bonita, que é a luta contra o medo. O medo é filho da ignorância e da desinformação. Eu acho que a arte e a informação impressa, o humor, o principal alvo é esse medo, que é um medo do outro. Outrofobia inclui o medo da diferença, o medo da alteridade. Eu acho que a função da arte é promover esse encontro com a alteridade.
Nas suas manifestações, seja escrevendo ou atuando, em algum momento sentiu alguma censura, alguma restrição?
Cara, eu tenho muita sorte, no caso do Porta (dos Fundos) eu sou sócio, posso falar o que eu quiser, e na Folhatambém posso falar o que quiser. Não tenho nada a reclamar da Folha, tenho liberdade total, ampla e irrestrita. É realmente livre, eu acho isso essencial. Eu não gostaria de escrever em um lugar que sugerisse mudanças. Eu não sei lidar com isso, até porque estou acostumado a lidar com teatro, que é o lugar da liberdade total do ator. Claro que tem direção, texto e tudo o mais, mas é o ator quando está em cena que diz a palavra final. Ele pode transformar a edição, é dele a edição, ele é o editor desse jornal que é a peça de teatro. Eu acho isso muito poderoso, o teatro forma artistas muito livres. Essa é a minha escola, o teatro. Por isso fizemos o Porta, para ter a mesma liberdade que a gente tinha no teatro. Eu só sei trabalhar com liberdade.
O paradigma politicamente correto te preocupa?
Sabe que as pessoas falam muito do politicamente correto mas não é uma coisa que me incomoda, porque eu vejo a necessidade de conscientização do humor, humorista, como algo muito positivo. Acho que o fato, por exemplo, de as minorias hoje reclamarem quando são ofendidas é um fato muito positivo também. Faz parte de um processo civilizatório do qual a gente hoje tem de se responsabilizar, sim, pelo jogo político do que a gente fala. Antigamente, não é que não existia o politicamente correto, é que as minorias não estavam empoderadas o bastante para manifestar a sua insatisfação. A expressão politicamente correto expõe uma certa rejeição, mas a correção na verdade não se adapta muito à política. Ser politicamente responsável eu acho muito necessário para o humor. Não me atrapalha, ao contrário, acho que isso me inspira a pensar que o que a gente escreve tem um alcance e pode ser positivo ou negativo. A responsabilidade política sobre aquilo que a gente diz é inerente ao nosso impacto. A gente hoje, por exemplo, tem impacto grande, eu não só escrevo na Folha ou no Porta, eu me incomodo muito com os humoristas que dizem: 'Ah, mas é só uma piada'. O cara é processado e diz, 'Não, é só uma piada', gente, mas não é só uma piada. Você vive disso. Jornalista dizendo é só uma matéria, ou o engenheiro, cai o prédio e ele diz, mas era só um prédio. Como assim? Ele vive disso, paga as contas. E a piada é a mesma coisa. É um negócio muito nobre para ser desmerecido.
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Eu não estou defendendo o governo, eu estou atacando a oposição, eu não sou governista, mas oposição à oposição
No caso do Charlie Hebdo, faltou responsabilidade, uma vez que atacaram um símbolo sagrado?
Cara, não, eu acho que não existem sagrados. O que é sagrado para uns, não é para outros, por exemplo, maconha é sagrada para os usuários e a vaca é sagrada para os hindus. Por que a gente pode fazer piada com maconha e vaca, porque eles não têm um exército?! Eles não têm representantes no Congresso. Eles não têm um braço armado. O que define o sagrado é um braço armado? O que define o sagrado? A Globo por exemplo diz que não briga com o sagrado e por isso não fala de Jesus. Tem um monte de piada com pai de santo. Então, o problema é o sagrado da maioria? Eu sou a favor do desrespeito igual a todos os sagrados. Tem que desrespeitar todos com a mesma quantidade de desrespeito. Desrespeito é bom e eu gosto. Acho que é muito diferente de você rir de minoria. Porque você está rindo do sagrado, de Maomé, de um dogma. Eles não estão rindo do imigrante pobre, de alguém que tá fodido no Metrô e passa por um preconceito. Inclusive, eles são muito críticos à extrema-direita que persegue esses imigrantes. E criticam muito no Charlie Hebdo as medidas xenófobas da França. Eles não são xenófobos. Eles são, sim, antirreligiosos, são ateus, militantes. E acho que você não pode confundir as duas coisas. Islamofobia aí no caso e arabofobia são coisas muito diferentes. Você rir do Alcorão é uma coisa, rir do povo árabe é outra completamente diferente. A gente tenta fazer isso no Porta também, a gente ri muito dos dogmas cristãos, dos nossos pastores – eles estão bilionários, e têm cargos no Congresso, eles têm tudo, eles não são uma minoria nesse caso – a gente evita rir do pobre cristão que acredita naquilo, porque esse cara é muito mais uma vítima do que um algoz.
Tem uma frase do Millôr Fernandes em que ele diz: “Jornalismo é oposição, o resto é secos e molhados”. Você acha que essa frase caberia também para o humor?
Eu acho, porque aí me incomoda muito minha briga com alguns humoristas, que me criticam porque talvez eu esteja defendendo o governo e eles falam ‘humor é oposição, como você está defendendo o governo?’ – mas eu tenho de lembrar que eu não estou defendendo o governo, eu estou atacando a oposição, eu não sou governista, mas oposição à oposição; eu não tenho adesão nenhuma a esse governo, ao contrário, sempre fui supercrítico, minha posição é de oposição a essa oposição que é hegemônica hoje, porque a oposição é maioritária, em todos os sentidos, hoje, não só numérico, como se vê nas ruas, mas também financeiro – ela é mais rica, mais poderosa, tem mais voz, mais volume, mais tudo, então, eu sou oposição hoje, porque ser contra o impeachment é ser oposição. Tem um paradoxo aí, porque a Presidência está tão fraca e bombardeada, que defendê-la é ser de oposição.
A peça que você está fazendo agora (Uma Noite na Lua) vai além do humor, é um monólogo em que você transita por diferentes gêneros. É uma proposta a seguir daqui por diante na sua carreira?
Sim, gosto muito de misturar os gêneros, gosto de humor, mas talvez mais ainda de comoção, não só do drama, mas dessa tentativa de comover as pessoas, sabe, porque eu acho que o humor vai muito bem quando ele está junto com algum drama, alguma tristeza, algo que se imprime na alma. Os humoristas que ficam, você vê, o humor volta e meia passa, a gente deixa de achar graça. Um programa humorístico de 20 anos atrás é difícil de fazer você rir. No entanto, você vê o Chaplin, por exemplo, e você ainda ri, porque aquilo está em algum lugar histórico, canônico, e por quê? Eu acho que é por causa do drama, não por causa do humor, porque o humor fica quando tem uma pitada de drama. O que fica do Chaplin é o drama, junto com a graça. A graça está ligada a essa tragédia humana, você está rindo da condição humana, tem um peso, fica. Quando você está falando da atualidade, da semana, do que passou, aquilo se esvai, eu acho que é uma grande diferença.
No dia 11 deste mês você completa 30 anos, o que significa esse momento?
É difícil porque tem uma coisa muito louca da vida que é quando você começa a ficar mais velho que as pessoas que você... Por exemplo, os jogadores de futebol. E todo mundo sonha em ser jogador de futebol, pelo menos no Brasil, e até pouco tempo atrás eu sonhava, achava que podia largar tudo se me dedicasse muito, podia tentar salvar o Fluminense, aí hoje começa a ficar distante. Nem que eu largue tudo, e só faça isso, eu já estou bichado. Isso é uma besteira, claro, mas é quando você começa a ver que várias coisas você não foi e não fez, e eu tenho uma angústia muito grande por não viver a vida plenamente, de não estar nunca... Nunca morei eu outro lugar que não o Rio de Janeiro, é uma vida pequena em vários sentidos, não viajei muito... Eu gosto muito de ler, então viajo de outras maneiras, mas às vezes meu problema é esse, ter uma vivência de mundo ainda um pouco curta.
Como a poesia e a música afetam você?
Eu tenho muita inveja dos músicos porque eles rompem as barreiras das palavras, da língua e até do intelecto. Você pode se comunicar com alguém que acha tudo completamente diferente de você, e ainda assim se emociona. Wagner (Richard Wagner) não era um compositor menos brilhante porque era nazista. Porque aquilo era do mundo e emociona um judeu a música que ele faz. E vice-versa também. Um nazista talvez chorasse ouvindo Gershwin (George Gershwin), é uma coisa que eu acho que é muito bonita da música. Ela transcende suas certezas, enquanto a literatura faz isso mais dificilmente porque trabalha com as palavras. E a palavra é carregada, alimenta as convicções. É muito mais difícil você romper essas barreiras. Tenho inveja da música.
Incomoda muito quando vejo as palavras roubadas, que estão roubando no jogo das palavras. A direita, por exemplo, se apropria da palavra 'mudança', mas essa é uma palavra de esquerda por definição
E da poesia também. Eu queria até voltar a escrever poesia, porque ela diz as coisas de uma maneira tão sutil e tão por debaixo do pano, e eu tento botar isso no que eu escrevo para não ficar só entre convicções, entre porradas. O humor vai bem com poesia, porque dá uma amaciada quando você joga para o lúdico. Sempre que escrevo uma coluna eu releio pensando: será que eu tenho como deixar ela menos direta, mais poética?'. Porque com isso se passa muito melhor a mensagem, por meio de imagens, do que por meio de frases duras e peremptórias.
Eu tento deixar de lado o que é categórico, 'isso é isso', ou tento evitar inclusive esse verbo de ligação, esse 'é' que caga regra, com perdão do termo. Eu tento transformar em coisas mais imagéticas, porque acho que é uma maneira de você chegar também naquele que não concorda com você. Esse é o grande objetivo quando você escreve: escrever para quem não tem o hábito de te ler, para quem não concorda com você, senão você vai ficar naquela retroalimentação de escrever para alguém que vai curtir o que você escreve e vai ficar nessa coisa que é relativamente fácil. Eu acho que bonito é quando você fala para o diferente.
Sai do literal também…
A metáfora é uma boa maneira de atingir aqueles que não concordam muito com você. O Lula sabe disso, é um sujeito que usa metáforas muito bem, e é uma coisa que ele pegou da poesia, da literatura, é engraçado isso, que é um sujeito que usa a língua muito melhor do que pessoas que estudaram e fizeram doutorado, mas ele tem o domínio da linguagem abstrata, que é o grande trunfo dele como político. Ele pega o microfone e traduz essa função do político, que eu acho que a Dilma não tem. Os romancistas e poetas têm isso, essa capacidade de traduzir o mundo em imagens, são os mais fortes os que eu mais gosto. São aqueles que condensam o mundo em uma imagem. Eu acho que essa é um pouco a função da poesia, do humor.
Quais escritores te influenciaram?
Da minha geração tem o (Mário) Prata, que faz isso muito bem, que eu acho genial, tem bons romancistas também, a Carol Bensimon, que eu adoro, o Daniel Galera, um cara que escreve bem à beça. Alguns escritores têm deixado assim a nossa literatura mais poética, não perdem nunca o leitor de vista, acho isso muito saudável. A Tatiana Salem Levy é outra que eu gosto, ela está em Portugal agora, e das outras gerações, claro, Verissimo (Luis Fernando Verissimo). A gente tem a tradição da crônica no Brasil: Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, porque a crônica, por ser um gênero feito para o jornal, tem a vantagem de nunca perder o leitor de vista. Você não pode nunca esquecê-lo. Nossos melhores escritores são os que escreviam em jornal, como Nelson Rodrigues. Nunca perderam o leitor de vista e cujo rabo preso sempre foi com o leitor. Essa é uma grande qualidade do escritor.


sexta-feira, 1 de abril de 2016

Brasília: crianças estampam em cartazes apoio ao governo Dilma

na Agência Brasil

Ivan Richard - repórter da Agência Brasil

Para Davi Martins, de 7 anos, o governo da presidenta Dilma tem ajudado as pessoas mais pobres. “Ela tá tentando fazer com que as pessoas pobres tenham casa, dinheiro, carro”. Acompanhado do pai e da mãe, Davi já conversa sobre política e sobre os acontecimentos do país com a família, como explicou a mãe dele, a psicóloga Ivana Martins.

Brasília - Pais levam filhos menores de 10 anos à Esplanada dos Ministérios para ensinar o respeito à democracia e a diferentes opiniões. Eles fizeram cartazes dizendo que querem defender o Brasil (Ivan Richard/Ag
Brasília - Pais levam filhos menores de 10 anos à Esplanada dos Ministérios para ensinar o respeito à democracia e a diferentes opiniões. Eles fizeram cartazes dizendo que querem defender o Brasil Ivan Richard/Agência Brasil


Brasília - Pais levam filhos menores de 10 anos à Esplanada dos Ministérios para ensinar o respeito à democracia e a diferentes opiniões. Eles fizeram cartazes dizendo que querem defender o Brasil (Ivan Richard/Ag
Brasília - Pais levam filhos menores de 10 anos à Esplanada dos Ministérios para ensinar o respeito à democracia e a diferentes opiniões. Eles fizeram cartazes dizendo que querem defender o Brasil Ivan Richard/Agência Brasil

Cartazes em apoio à democracia e ao governo da presidenta Dilma Rousseff espalhados pelo chão e dezenas de crianças com as mãos e roupas sujas de tinta. Em meio a um número calculado pela Polícia Militar do Distrito Federal em 50 mil pessoas que foram à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra o impeachment,  um grupo de pais aproveitou o momento para sair às ruas ao lado dos filhos, em sua maioria, menores de dez anos.


“A gente veio defender o Brasil”, disse o pequeno Felipe Kitajima, de 4 anos, logo após pintar um cartaz de apoio à presidenta Dilma Rousseff. Para a mãe dele, a enfermeira Adriana Kitajma, é fundamental que as crianças entendam a importância da democracia.
“É importante ele ter contato com esse universo porque, na escola, algumas crianças já falam da política, levam as opiniões dos pais. E é importante ele saber que não é para brigar com o coleguinha e entender que as pessoas podem ter opiniões diferentes”, disse Adriana à Agência Brasil.
Para Davi Martins, de 7 anos, o governo da presidenta Dilma tem ajudado as pessoas mais pobres. “Ela tá tentando fazer com que as pessoas pobres tenham casa, dinheiro, carro”. Acompanhado do pai e da mãe, Davi já conversa sobre política e sobre os acontecimentos do país com a família, como explicou a mãe dele, a psicóloga Ivana Martins.
“O pai é professor de história e em casa a gente debate política, explicamos o que um lado quer e o que o outro quer. Explicamos que esse governo cometeu erros, mas que a democracia tem que estar acima de qualquer coisa”, disse Ivana.
Para ela, o processo de impeachment em tramitação na Câmara dos Deputados não tem argumentos legais. “Como vou formar meu filho se a Constituição não está sendo respeitada. O Brasil precisa de várias mudanças, mas não desse jeito. Ela foi eleita. Vamos estar nas ruas para cobrar que ela faça um bom governo”.
De acordo com a funcionária pública Gabriela Cunha, uma das organizadoras do ato, o Cirandas pela Democracia foi construído conjuntamente por pais e mães que queriam levar os filhos para as manifestações.
“A gente acredita que seja um espaço de educação para os nossos filhos”. Segundo ela, no último dia 18, quando houve outra manifestação em favor do governo, vários pais não levaram os filhos para a rua por medo de ocorrer violência, o que não se confirmou.
“A partir daí nos organizamos para as mães que queriam vir com as crianças, para que elas possam ir se apropriando. Elas têm uma sabedoria inata. Entendem atos de opressão, de injustiça. A gente acredita que tem que passar para eles que as pessoas podem ter opiniões diferentes sem precisar entrar em luta, porque a democracia é isso”. Os pais confeccionaram mais de 100 camisas para as pessoas que confirmaram a participação na manifestação.
A advogada Diana Melo, uma das coordenadoras do ato, explicou que foram tomadas todas as medidas de seguranças das crianças. “Se não garantirmos um espaço que seja possível que as crianças participem vamos impedir que várias mães, que não têm com quem deixar os filhos, não podem contratar babá ou não podem trazer as babás para a manifestação, criamos esse espaço para confraternizar e debater, queremos fazer o debate junto com as crianças, explicando que dá para fazer política sem xingamento, com respeito, respeito as autoridades".
A jornalista Camila de Menezes também levou a filha para o ato infantil. Para ela, as crianças têm que aprender o valor da democracia em casa. “Trouxe ela porque vim na manifestação passada e foi tranquila. Na outra ela queria ter vindo, esse é o assunto que se fala em todo lugar. No primeiro dia, ficamos com medo de confronto, mas está tranquilo. Acho que as crianças têm que aprender a viver na democracia, conviver com as diferenças.”

Edição: Lana Cristina

Milhares de manifestantes saem às ruas contra o impeachment

Nosso Filho de 7 anos Davi Martins entrevistado para esta matéria da Agência Brasil. Lutar também é Educar. (prof. Gilbert)

na Agência Brasil

Brasília - Manifestantes fazem ato contra impeachment em frente ao Congresso Nacional (Wilson Dias/Agência Brasill)
Brasília - Manifestantes fazem ato contra impeachment em frente ao Congresso Nacional Wilson Dias/Agência Brasil

Manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff participaram de atos a favor da democracia em todos os estados e no Distrito Federal.
Organizadas pela Frente Brasil Popular, as manifestações reuniuram milhares de pessoas que saíram às ruas gritando palavras de ordem como “Não vai ter golpe, vai ter luta”. Representantes de movimentos sociais, de estudantes e de trabalhadores estiveram presentes aos atos.
Em Brasília, manifestantes de todo o país aproveitaram a proximidade com o Congresso Nacional para mostrar aos parlamentares o descontentamento com o pedido de impeachment. Bandeiras da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) e da União Nacional dos Estudantes (UNE) eram carregadas por manifestantes durante toda a caminhada. Faixas de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Dilma Rousseff também puderam ser vistos.
A representante da CUT na Frente Brasil Popular, Janeslei Aparecida de Albuquerque, disse que o ato na capital federal é essencial para o movimento. “Brasília, por ser a capital do país, é fundamental para dar visibilidade à nossa insatisfação com o golpe que está sendo aplicado contra o Brasil. Motivo pelo qual entre 700 e mil ônibus vieram para cá, vindos de todos os estados brasileiros”, disse à Agência Brasil.
Cerca de 50 mil manifestantes, segundo a Polícia Militar, seguiram em marcha até o Congresso Nacional.
Brasília - Pais levam filhos menores de 10 anos à Esplanada dos Ministérios para ensinar o respeito à democracia e a diferentes opiniões. Eles fizeram cartazes dizendo que querem defender o Brasil (Ivan Richard/Ag
Brasília - Pais levam filhos menores de 10 anos à Esplanada dos Ministérios para ensinar o respeito à democracia e a diferentes opiniões. Eles fizeram cartazes dizendo que querem defender o Brasil Ivan Richard/Agência Brasil
Em frente ao Museu da República, várias crianças, que foram à manifestação com seus pais, prepararam cartazes em apoio à democracia e ao governo. As crianças, em sua maioria, tinham menos de 10 anos. “A gente veio defender o Brasil”, disse o pequeno Felipe Kitajima, de 4 anos, logo após pintar um cartaz de apoio à presidenta. Para a mãe dele, a enfermeira Adriana Kitajima, é fundamental que as crianças entendam a importância da democracia.
As mães se organizaram com antecedência para que as crianças pudessem fazer suas atividades em segurança.
São Paulo
São Paulo - Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo realizam ato em defesa da democracia e contra o impeachment (Rovena Rosa/Agência Brasil)
São Paulo - Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo realizam ato em defesa da democracia e contra o impeachment Rovena Rosa/Agência Brasil
Na capital paulista, as manifestações contra o impeachment e em defesa da presidenta Dilma Rousseff ocorreram na Praça da Sé. Milhares de pessoas se reuniram no local, onde foram instalados quatro carros de som com bandeiras de diversas entidades, entre elas a Frente Brasil Popular, Central de Movimentos Populares (CMP), a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), a União da Juventude Socialista, além de sindicatos de diversas categorias.
Além da Praça da Sé, a multidão também ocupou a rua lateral da catedral, no centro da capital paulista. O ato foi batizado de “Em Defesa da Democracia, Golpe Nunca Mais”.
Os manifestantes carregavam balões gigantes, bexigas vermelhas e faixas com mensagens contra o impeachment. João Souza Neto, metalúrgico de 47 anos, disse que o motivo do protesto de hoje é contra o golpe e pela democracia. "O impeachment é dado quando há responsabilidade e não há nada que configure crime", afirmou.
O professor Daniel Eid Garcia, 41 anos, diz que participou de todas as manifestações contra o impeachment este ano. Ele disse que foi ao ato de hoje para reforçar a ideia de que a sociedade não pode aceitar o impedimento da presidenta. “O método [atual] configura golpe, não há sustentação jurídica para o impeachment”, disse.
O coordenador da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bomfim, concorda com a avaliação. “Está claro que não tem embasamento jurídico [para o impeachment], a presidenta Dilma não cometeu crime de responsabilidade, será um golpe se isso ocorrer. Nós estamos confiantes que não vai ocorrer. E se ocorrer, o [vice-presidente] Michel Temer já começa um governo deslegitimado”, disse.
Chico Buarque no Rio
Rio de Janeiro - Manifestantes fazem ato no Largo da Carioca contra o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e em apoio ao ex-presidente Lula (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Rio de Janeiro - Manifestantes fazem ato no Largo da Carioca contra o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e em apoio ao ex-presidente LulaFernando Frazão/Agência Brasil
No Largo da Carioca, onde milhares de manifestantes se juntaram para fazer a manifestação em favor do governo, a estrela da noite foi o cantor e compositor Chico Buarque que foi ovacionado por gritos de “Chico, guerreiro do povo brasileiro”.
“Eu vim aqui dar um abraço nas pessoas das mais variadas tribos, das mais variadas convicções políticas. Gente que votou no PT, gente que não gosta do PT, gente que foi do PT, que se desiludiu com o partido, gente que votou na Dilma, mas sobretudo, gente que não pode pôr em dúvida a integridade da presidente Dilma Rousseff.”
Segundo Chico, todas as pessoas estavam reunidas em uma “defesa intransigente” da democracia. “Eu vejo gente aqui na praça, da minha geração, que viveu o 31 de março de 1964. Mas vejo, sobretudo, a imensa juventude que não era nem nascida, mas que conhece a história do Brasil.”
Mais cedo, o presidente da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), Rossino Castro Diniz, disse que a população favelada do país, as camadas mais pobres, beneficiários dos principais programas sociais do governo, é contrária ao que chamou de tentativa de golpe contra a presidenta Dilma.
“Isto que está acontecendo aqui é só o início, porque o povo ainda está se conscientizando e o pessoal de favela demora mais para entender o que está ocorrendo. Quando eles forem botar [o impeachment] em votação, nós vamos colocar mais de um milhão de pessoas em Brasília. Os programas do governo beneficiaram a classe menos favorecida, o povo da favela. Quando eles entenderem que podem perder isso, o caldo vai engrossar. E você pode ter certeza, não vai ter golpe”, disse Diniz.
Porto Alegre
Porto Alegre - Manifestantes contrários ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff se reúnem na Esquina Democrática (Daniel Isaia/Agência Brasil)
Porto Alegre - Manifestantes contrários ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff se reúnem na Esquina DemocráticaDaniel Isaia/Agência Brasil
Na capital gaúcha, manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilmavoltaram à Esquina Democrática no fim da tarde. 
Os movimentos sociais marcam presença. Bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de movimentos feministas, de negros e da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros) se misturam às faixas de protesto.
Presidenta da União de Negros pela Igualdade no Rio Grande do Sul, Elisa Regina Vargas, afirmou que os protestos contra o governo são de brancos e ricos que não representam o povo. "Se tu vires as manifestações do povo da direita, tu não vais nos encontrar lá. Nós somos a maioria da população brasileira, e nós elegemos a Dilma", ressaltou Elisa.
Salvador
Salvador - Ato contra o impeachment em Salvador reúne cerca de 12 mil pessoas, segundo a PM (Sayonara Moreno/Agência Brasil)
Salvador - Ato contra o impeachment em Salvador reúne cerca de 12 mil pessoas, segundo a PMSayonara Moreno/Agência Brasil
Ao som de músicas como Cálice, de autoria de Chico Buarque e Gilberto Gil, e de gritos como "Não vai ter golpe", representantes de centrais sindicais, movimentos sociais e da sociedade civil fizeram uma caminhada no centro de Salvador contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Um trio elétrico acompanhou o percurso, onde representantes discursaram em apoio à presidenta Dilma. Uma banda em um microtrio elétrico cantou músicas de resistência à ditadura, ao som da guitarra baiana. Segundo a Polícia Militar, cerca de 12 mil pessoas estiveram no ato.
Manifestantes que saíram do Campo Grande, região central de Salvador, se uniram ao grupo que saiu do centro. Com a união dos dois grupos, participavam da passeata, além de partidos políticos, movimentos sociais, centrais sindicais e representantes de grupos minoritários, como pessoas da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) e indígenas da etnia Pataxó, da região sul da Bahia. 
Fortaleza
Fortaleza - Manifestantes realizam ato pró-governo (Edwirges Nogueira/Agência Brasil)
Fortaleza - Manifestantes realizam ato pró-governoEdwirges Nogueira/Agência Brasil
Na capital cearense, a concentração do ato contra o impeachment começou na Praça da Bandeira. Cerca de 10 mil manifestantes seguiram em caminhada até a praça do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema, próximo à orla da Beira Mar. A passeata relembrou ainda as consequências do golpe militar de 1964.
Presente ao ato, o médico Manoel Fonseca, 70 anos, conta que foi vítima do regime militar. Ele e a esposa passaram 2 anos presos, foram torturados e os filhos sequestrados.
"Existe uma similaridade entre o golpe militar e o momento que vivemos hoje, porque querem quebrar a legalidade. Não queremos que as novas gerações passem por isso também. Estamos lutando de novo pela liberdade e pela democracia", afirmou.
Recife
Recife - Ato em defesa da democracia contra o impeachment da presidenta Dilma (Sumaia Villela/Agência Brasil)
Recife - Ato em defesa da democracia contra o impeachment da presidenta Dilma Sumaia Villela/Agência Brasil
Na capital pernambucana, as faixas e cartazes pediam a saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP). Outras mensagens defendiam políticas públicas criadas pelo governo do PT, como o Minha Casa, Minha Vida, e afirmavam que não era preciso ser petista para "lutar pela democracia". A maior parte dos manifestantes vestia vermelho, mas muita gente compareceu ao ato de branco e com bandeiras do Brasil. Durante o trajeto, da Praça do Derby até a Avenida Conde da Boa Vista, muitas pessoas demonstraram apoio das janelas dos prédios e dos veículos parados no trânsito.
Belo Horizonte
Em Minas, o ato na capital foi organizado por uma rede de artistas e músicos e recebei o título de “Canto pela democracia”. Músicos, políticos e líderes de movimentos sociais dividiram o palco montado na Praça da Estação, no centro de Belo Horizonte. De acordo com a PM, a manifestação reuniu 10 mil pessoas. Para os organizadores foram 40 mil.
movimentos sociais dividiram o palco da Praça do Estação, contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (Léo Rodrigues/Agência Brasil)
Em ato cultural, músicos, políticos e líderes de movimentos sociais dividiram o palco da Praça da Estação contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff Léo Rodrigues/Agência Brasil
Durante o ato, os manifestantes classificaram o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff de “repetição da História”, em referência a movimentos de oposição aos ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
A advogada Natália Ribeiro, 65 anos, tomou a iniciativa de distribuir 500 cópias da carta escrita por Getúlio Vargas antes de seu suicídio, em 1954. Para ela, os grupos políticos contrários às políticas sociais e trabalhistas que faziam oposição a Getúlio são os mesmos que hoje querem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “A ideia de fazer as cópias surgiu depois que o Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] mencionou a carta em seu discurso no ato do dia 18 de março. Com uma leitura atenta, vemos que o processo é muito similar. Mas a Dilma não vai se suicidar. Não vai ter golpe”, disse.
No palco, o músico Bruno Henrique Tonelli, 29 anos, da banda Tribalzen, foi mais longe na comparação histórica. “Nós vemos brancos, negros, índios, vermelhos, verde-amarelos, todas as cores e raças reunidas em defesa de algo que nós conquistamos muito tardiamente no Brasil, que é a democracia. Os gregos já trabalhavam isso lá atrás”, disse.
Edição: Lílian Beraldo e Lana Cristina

SÃO PAULO - Mobilizações por democracia não param e inspiram confiança em militantes

na Rede Brasil Atual

Movimentos sociais acreditam em virada contra o impeachment e avaliam que o povo entende que o que está em jogo não é só o mandato de Dilma, mas avanços e conquistas dos últimos anos

por Rodrigo Gomes, da RBA

atodemocrata
Milhares de pessoas tomaram a Praça da Sé, no centro de São Paulo, em defesa da democracia

São Paulo – O ato em defesa da democracia na capital paulista reuniu 60 mil pessoas na Praça da Sé, na região central, sob um sentimento de confiança de que as mobilizações realizadas nos últimos dias vão barrar a tentativa de impeachment contra a presidenta da República, Dilma Rousseff. “Eu acredito que vamos derrubar o impeachment. Desde o dia 18 têm ocorrido atos quase todos os dias, de diversos segmentos da sociedade, contra o autoritarismo do Judiciário, a ação golpista, a tentativa de acabar com direitos. Essa força popular vai bater no Congresso”, disse o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) em São Paulo, Raimundo Bonfim.
Para o ativista, está clara para a população a conspiração do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), “que não tem votos e quer subir ao poder por meio de um golpe e sem comprovar qualquer crime da presidenta”. Bonfim ressalta que a Frente Brasil Popular, uma das organizadoras dos atos de hoje (31) em todo o país, tem sido convidada todos os dias para lançamentos de grupos e eventos em defesa da democracia. “Fugiu ao nosso controle, o que é muito bom. O povo sabe que esta tentativa de golpe não é contra a Dilma ou o PT, é contra os avanços e conquistas dos últimos anos”, afirmou.
Como no último dia 18, a manifestação foi marcada pela diversidade. Homens, mulheres, crianças, idosos, LGBT, religiosos, estudantes, professores, sindicalistas, militantes de movimentos sociais, artistas. Em ritmo de festa, dançaram e cantaram, aos gritos de “não vai ter golpe”.

Ilegítimo

O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, também acredita que essa força vai barrar o impeachment, mesmo que ele se consolide no Congresso Nacional. “Não vamos reconhecer o ilegítimo mandato presidencial conquistado por meio de um golpe. Temer representa ataques aos direitos trabalhistas, avanço da terceirização, fim das políticas sociais. Por isso banqueiros, empresários e conglomerados de mídia o apoiam”, afirmou.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) reafirmou a postura de “não dar um único dia de paz a um possível governo Temer”, embora o coordenador estadual Gilmar Mauro não acredite que isso vá chegar a ocorrer. “Temos um processo muito intenso de politização. O que deixamos de fazer em 15 anos, estamos fazendo em 30 dias. Aos golpistas sobra ódio, falta conteúdo. Este é um momento de mantermos a calma, dialogarmos com a família, os amigos, colegas de trabalho e mostrar qual é o objetivo deste impeachment.”
Para o militante sem-terra, é importante aproveitar a mobilização atual para garantir duas coisas: que o governo Dilma retome o programa que vinha sendo desenvolvido nos anos anteriores e intensifique a participação popular em todas as esferas de governo. “Só assim vamos realmente acabar com a corrupção”, afirmou.

Ditadura

Os manifestantes escolheram o dia 31 de março e a Praça da Sé, justamente pelo que eles representam na história brasileira. A data lembra o golpe de Estado de 1964, que derrubou o presidente João Goulart e levou o Brasil a 21 anos de ditadura. Também porque a praça foi palco de uma das grandes manifestações da campanha Diretas Já, em 25 de janeiro de 1984.
Moradora de Heliópolis, na zona sul de São Paulo, Mariana Maria da Silva fez questão de participar para defender a democracia e também “os avanços conquistados no governo do PT”. “Essa ação pelo impeachment preocupa a classe trabalhadora. Querem que voltemos à estaca zero. Sem emprego, com salário de miséria, sem acesso à universidade, o Nordeste desprezado. Sabemos como é difícil conquistar as coisas. Não vamos desistir delas sem luta”, afirmou.
Mesmo pessoas críticas com os rumos do governo Dilma marcaram presença e destacaram que a luta para defender a democracia é de todos. “Nós estamos na rua defendendo um governo legitimamente eleito. Nossa história é de golpes. E nós não vamos aceitar mais um. Mas nós não estamos satisfeitos com esse governo. Nós queremos muito mais e juntos vamos conquistar”, afirmou o militante do movimento negro Douglas Belchior.
Recém-saídos de uma intensa luta para barrar o projeto de reorganização escolar do governador paulistam Geraldo Alckmin (PSDB), e mobilizando-se para pedir punição à máfia da merenda que operava no governo tucano, os estudantes secundaristas destacaram que vão tomar as ruas “quantas vezes forem necessárias” para barrar o impeachment. “Nós vamos resistir. Não vamos deixar acontecer com o Brasil o que acontece aqui em São Paulo. Nós já conhecemos esse projeto político na pele e não vamos aceitar”, afirmou a presidenta da União Paulista de Estudantes Secundaristas (Upes), Angela Meyer.
Alguns representantes de partidos políticos também compareceram ao para deixar sua mensagem. O ex-senador e atual secretário municipal de Cidadania e Direitos Humanos de São Paulo, Eduardo Suplicy, foi ovacionado pela multidão, que queria falar com ele, fazer selfies, abraçá-lo. No fim, o secretário ainda dançou ao som de forró com dezenas de manifestantes. E voltou a cantar um dos hinos de resistência à ditadura, Pra não Dizer que não Falei das Flores, de Geraldo Vandré.
O presidente estadual do PT em São Paulo, Emídio de Souza, ressaltou que hoje “milhares de homens e mulheres saíram às ruas unidos para enfrentar o golpe articulado pelo Congresso e o judiciário”. Para ele, os golpistas querem colocar um “fantoche” no poder. “Para poder acabar com os programas sociais, com os avanços. Acham muito gastar com Prouni, com Bolsa Família, com Minha Casa, Minha Vida. Mas acham normal a mulher do (Eduardo) Cunha gastar milhares de reais na Europa em um dia”, criticou, referindo-se ao presidente da Câmara.
Citando a Bíblia, Souza disse que “o Mar Vermelho abriu para o povo passar. No Brasil, o mar vermelho vai fechar para deter o golpe”. Em seguida, a vice-prefeita da capital paulista, Nádia Campeão, lembrou que o impeachment tem apoio da Rede Globo, mas que a “'Rede Povo' vai unir os brasileiros para confrontar o golpe e derrotá-lo”.

A coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Nalu Faria, destacou que não se pode esquecer quem é o condutor do impeachment, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) “Nós, as mulheres, pedimos o fora Cunha, esse corrupto, que prega a injustiça, a favor da morte das mulheres. Seu machismo chulo contra a Dilma fez com que as mulheres do país se erguessem todas. Sairemos fortalecidos desse embate.”

BRASÍLIA - Em defesa do governo Dilma e por legalidade, milhares lotam Esplanada dos Ministérios

por José Gilbert Arruda Martins

Como medir multidões? Os organizadores defenderam em diversos momentos a presença de mais de 100 mil pessoas. A globogolpista falou em 50 mil, a PM militar em 50 mil. a Record em mais de 85 mil. Quem está correto? Quais critérios foram usados?

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Passeata conta com participação cidadãos que resolveram se unir, sem fazer parte de um grupo

A multidão lotava o Eixo Monumental e parte do gramado entre o Mané Garrincha e o Congresso, qual a quilometragem? Segundo o google são exatos 5 km.

Vamos imaginar, se deixarmos os critérios políticos da rede globo (golpista) e levarmos em conta critérios científicos e usados por instituições sérias; quantas pessoas realmente tinham no dia de ontem na manifestação contra o golpe aqui em Brasília?

"Há diversos métodos para se medir uma multidão. O mais conhecido foi criado por um professor universitário de jornalismo, Herbert Jacobs, nos anos 60 – e por isso é conhecido como “método de Jacobs”. 

É simples: calcule a área do local, estime o número de pessoas por m², e multiplique os dois números. As pessoas se concentram de forma desigual? Então leve isso em conta. É isso que o Datafolha faz: 
Profissionais do instituto percorrem toda a área da manifestação e avaliam o número de pessoas por metro quadrado em cada setor. Posteriormente as informações são reunidas em um mapa do local para a realização do cálculo relacionando as diferentes densidades com a área total. 

Há métodos mais sofisticados que usam o mesmo princípio. Na manifestação de segunda-feira no Rio de Janeiro, uma equipe do instituto de pesquisa Coppe/UFRJ usou imagens de televisão, programas de computador e bom senso para estimar quantos manifestantes foram às ruas. O G1 explica: 

Em dois monitores alinhados, especialistas da Coppe emparelham imagens diferentes de um mesmo lugar, no caso a Avenida Rio Branco: uma de satélite e outra filmada por um helicóptero. Na primeira, calcula a dimensão da área. Na outra, desenha o que chamam de “manchas” humanas, de acordo com a quantidade de pessoas. Por fim, compara as duas para saber o quanto desta área foi ocupada. 
Ou seja, primeiro eles obtêm a área, depois a concentração de pessoas, e – após alguns ajustes – calcula-se o número total de pessoas, que ficou entre 80 mil e 100 mil pessoas no Rio de Janeiro."




BRASÍLIA

Em defesa do governo Dilma e por legalidade, milhares lotam Esplanada dos Ministérios

na Rede Brasil Atual

Ato com 100 mil pessoas, segundo os organizadores, e 50 mil, conforme a Polícia Militar, teve participação de deputados e senadores de vários estados

por Hylda Cavalcanti, da RBA


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Brasília – Cem mil pessoas, segundo os organizadores, e 50 mil, conforme a Polícia Militar, entre representantes de movimentos sociais, trabalhadores rurais, sindicalistas e até indígenas de etnias diversas, bem como seringueiros, estudantes e servidores públicos encheram a Esplanada dos Ministérios, nesta quinta-feira (31), durante mobilização contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e pela legalidade no país. O movimento foi pacífico, e observado em vários pontos da capital, porque os grupos saíram concentrados de pontos e bairros diversos. Eles se juntaram por volta das 16h30, em frente ao Museu da República e, de lá, caminharam unidos pela Esplanada até o Congresso Nacional, quando a mobilização recebeu a adesão de parlamentares.
Marcaram o encontro faixas gigantes destacando a importância da Constituição, caras pintadas, muitos cartazes do período de campanha eleitoral da presidenta Dilma e pessoas com bandeiras da CUT, do PT e do Brasil. Também foram observadas muitas crianças, levadas pelos pais e demais familiares.
A passeata, contra o processo de impeachment, terminou sendo mais destacada em Brasília por apresentar muitas faixas e cartazes com críticas ao vice-presidente, Michel Temer, o PMDB e presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do que de apoio à presidenta, propriamente. “Está claro que estamos aqui em solidariedade à presidenta e às garantias constitucionais. Mas não podemos perder a oportunidade para denunciar o golpismo e oportunismo neste país, comandados por estes senhores”, disse o motorista Robson Silveira, que levou uma faixa contra Temer.
Também se destacou na manifestação, a exemplo da passeata que foi realizada no início de março, a quantidade de cartazes com a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda da época de sua reeleição, em 2006. “Lula de novo, com a força do povo”, afirmava uma grande faixa carregada por estudantes da Universidade de Brasília (UnB), que se aglomeram em frente ao Ministério do Desenvolvimento Social.
No gramado do Congresso Nacional, também foi grande a movimentação de pessoas que preferiram ir direto para lá e aguardar a chegada da passeata – até por conta do trânsito ao redor do trecho, que estava bastante engarrafado por conta dos bloqueios colocados pela Polícia Militar e Detran.

'Golpe, nós já vimos'

Apesar do grande número de ônibus fretados levados por representantes de movimentos sociais e de moradores da região do entorno do Distrito Federal, a passeata contou com a participação de muitos cidadãos que resolveram se unir à mobilização, sem fazer parte de um grupo ou entidade organizada. Foi o caso do professor Ariclê Ribeiro, que acompanha a caminhada ao lado da mulher, Ana Rita Ribeiro e o filho, Camilo, de 16 anos.
“Viemos prestar nossa solidariedade e fazer a nossa parte, para impedir que a democracia deixe de existir neste país. Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe e golpe nós já vimos. Sabemos que não é o melhor para o Brasil”, afirmou Ariclê.
Também a servidora pública Ana Elisa Bezerra, do Governo do Distrito Federal, se reuniu a amigas para ocupar a Esplanada. “Estamos aqui para mostrar que a corrupção está do outro lado, dizer que não concordamos com o oportunismo e que vamos lutar, resistir até o fim para que a inclusão social e os programas que reduzem as desigualdades tenham continuidade. E isso só é possível com o governo que aí está”, enfatizou.
Em frente ao Estádio Mané Garrincha, um grupo de 70 indígenas da etnia Xakriabá, de Minas Gerais, fazia pinturas no corpo e se preparava para seguir até a Esplanada. Eles chegaram à capital esta manhã, para participar da manifestação e carregam uma grande faixa que afirmava “Não vai ter golpe”.
“Isso aqui é um encontro cívico. Não estamos defendendo por esse ou aquele grupo político, mas defendendo o país e a democracia. Por isso, esta solidariedade à presidenta de forma tão eclética. E é preciso essa tomada de consciência por parte de toda a população brasileira”, disse Aline Albuquerque, representante da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Fonte:

http://www.institutodeengenharia.org.br/site/noticias/exibe/id_sessao/4/id_noticia/7651/Como-medir-multid%C3%B5es

Povo nas ruas em todo o Brasil: Não vai ter golpe, Vai Ter Luta!

no Blog Amigos do Presidente Lula

O povo saiu em mais de 50 cidades para gritar NÃO VAI TER GOLPE. E VAI TER LUTA.
Eis algumas: 

No Rio, tava todo mundo. Teve o Chico Buarque e a líder do Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis.
Esse edifício à esquerda está tampando metade do público que foi.

São Paulo
Recife
Brasília
Porto Alegre
Belo Horizonte
Maceió
Fortaleza
Salvador

Hoje (1) tem manifestações na porta da Globo golpista.

por José Gilbert Arruda Martins

Hoje tem manifestações em todo o País contra a globogolpista. Uma TV que nasceu com a Ditadura Militar, que deu completo apoio ao regime que cassou direitos, prendeu ilegalmente, torturou e assassinou milhares de brasileiros e brasileiras e, em troca, recebeu todo tipo de apoio financeiro para se sustentar durante esse tempo todo. 

Hoje continua golpista e apoiando o que há de mais conservador, violento e atrasado nesse país.


no Blog Amigos do Presidente Lula

Hoje (01/04), aniversário do golpe de 1964 apoiado pela Globo, em várias cidades, às 17hs.

Fortaleza - CE https://www.facebook.com/events/974741982601664/
Manaus -AM https://www.facebook.com/events/819732504839785/
Recife - PE https://www.facebook.com/events/241227336224559/
Rio de Janeiro - RJ https://www.facebook.com/events/2004976056393214/
São Paulo https://www.facebook.com/events/1545093745783863/
Bauru (SP): https://www.facebook.com/events/998384393575237/
Londrina (PR): https://www.facebook.com/events/1716915308581642/

Se alguém souber de outras cidades, compartilhe nos comentários.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Traduzindo o Golpe do Impeachment III (O Golpe é para acabar com o "Mais Médicos")

por José Gilbert Arruda Martins

Dos Programas Sociais do Governo Federal, o Mais Médicos é um dos que encabeçam a fila daqueles que os golpistas desejam acabar.

"Criado em 2013, o Programa Mais Médicos ampliou à assistência na Atenção Básica fixando médicos nas regiões com carência de profissionais. Por meio da iniciativa, 14.462 mil médicos passaram a atender a população de 3.785 mil municípios, o equivalente a 68% dos municípios do país e os 34 Distritos Sanitários Indígenas (DSEIs). Cerca de 50 milhões de brasileiros são beneficiados."



Esse Programa é um dos principais alvos dos golpistas. Quando o Mais Médicos foi lançado, a direita e um grupo de médicos reacionários, insuflados pela oposição raivosa, receberam os médicos cubanos nos aeroportos com selvageria. Prometeram acabar com o Programa.

Depois disso, partidos de direita entre eles o PSDB e o DEM prometeram em várias ocasiões rever o programa.

O combate dos conservadores ao Mais Médicos não é apenas ideológico, existe algo mais profundamente prejudicial ao povo que é a tentativa de acabar não apenas com o programa, mas acabar também com o SUS.

Portanto, o golpe do impeachment não é apenas para derrubar um governo legitimamente eleito, é também para diminuir ou retirar direitos.

O Programa andou e hoje é um sucesso.

Brasileiros de mais de 4 mil municípios, que nunca tiveram a oportunidade de fazer uma consulta, estão sendo atendidos.

O Programa é uma verdadeira revolução no atendimento médico no país.

A cada ano o Programa cresce e se desenvolve ainda mais.

Os golpistas estão de olho no Programa, esse talvez seja um dos primeiros a ser desativado ou, no mínimo, sofrerá mudanças para pior com o desligamento de todos os médicos estrangeiros.

GOLPE - 'Se fazem isso contra mim, o que não farão contra o povo?", diz Dilma sobre impeachment

na Rede Brasil Atual

Durante lançamento da terceira fase do Minha Casa, Minha Vida, presidenta reafirmou a importância da preservação de direitos


Dilma
'Acreditar que o outro não merece ser tratado com respeito é a base da violência. Não podemos aceitar'

São Paulo – No lançamento da terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida, a presidenta Dilma Rousseff lamentou aqueles que, segundo ela, vêm destilando o ódio no país, e disse que a intolerância é a base da violência. "No Brasil, o outro não é um estranho, é nosso irmão, porque é brasileiro. Um ser humano, como nós, e, como tal tem que ser respeitado", disse, em cerimônia realizada hoje (30), no Palácio do Planalto, com a presença de representantes de movimentos sociais que lutam por moradia, representantes dos empresários da construção civil e ministros do governo.
Mesmo frente às dificuldades do quadro econômico, a presidenta frisou que não é possível fazer ajustes cortando gastos sociais, e que o MCMV representa também um esforço para a retomada do crescimento econômico e a criação do emprego, mas que, para tanto, depende também de estabilidade política. "Nós queremos que a economia retome o seu caminho. Sem estabilidade política, não chegaremos." A presidenta afirmou também que não é possível pensar a solução para o déficit de moradia através apenas do mercado, sem a participação do estado, por conta dos elevados níveis de desigualdade de renda.
Dilma reafirmou o combate à desigualdade e a preservação dos direitos como prioridades do governo, dentre eles, especialmente a democracia. "A democracia é um direito que conquistamos. A democracia não caiu do céu. Foi conquistada com muito empenho e participação de todos nós. Resistimos, metabolizamos e engolimos a ditadura", lembrou a presidenta, destacando que os valores democráticos são protegidos pela Constituição.
Sobre a ameaça de impeachment, Dilma fez questão de lembrar que, segundo a Constituição, não vivemos sob um regime parlamentarista, em que o governo pode ser derrubado pelo parlamento, seguindo amplos critérios. No presidencialismo, a Constituição prevê o estatuto do impeachment, mas que só pode ser utilizado mediante crime de responsabilidade. "Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe. É essa a questão", desabafou a presidenta.
Ela lembrou também que o suposto critério que fundamenta o pedido de afastamento em curso baseia-se em aditivos às contas do Orçamento de 2015, que deverão ser apresentadas em abril, segundo Dilma, e que, portanto, nem sequer foram julgadas pelo Tribunal de Contas da União, e menos ainda pelo Congresso.
Dilma disse que tal processo de impeachment sem base legal não é uma agressão apenas à ela, na figura da presidenta, mas aos direitos da população. "Se fazem isso contra mim, o que não farão contra o povo?", indagou Dilma.
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, frente à atual conjuntura, que classificou como "perigosa e criminosa ofensiva golpista contra a democracia", também afirmou não ser possível falar apenas de moradia. "Hoje liberdades democráticas, garantias constitucionais e a soberania do voto estão ameaçadas pelo golpismo."
"Impeachment em si não é golpe. Mas sem crime de responsabilidade e conduzido por um bandido é golpe, sim senhor. É golpe, e não tem legitimidade", frisou Boulos, fazendo referência ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que conduz o processo pelo afastamento de Dilma.
Boulos também chamou a atenção que, junto com o movimento de afastamento, surgem boatos de eventuais cortes nos subsídios para os programas de moradia, num eventual novo governo e prometeu o combate através da mobilização. "É por tudo isso que estamos e estaremos nas ruas para não deixar que esse golpe passe."

Programa

O coordenador de políticas de Habitação da Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar,Elvio Mota, saudou a nova fase do programa Minha Casa, Minha Vida e disse que representa avanços que são fruto da mobilização dos movimentos, das cidades e do campo. Ele também destacou a importância da mulher no âmbito do programa, principalmente na modalidade Entidades, em que as construções são realizadas a partir do modelo de autogestão.
"A família e, principalmente, as mulheres, participam da construção. São elas que estão dizendo ‘Olha, a casa é pequena, precisava aumentar’", disse Elvio. Ele cobrou também que as residências voltadas para o campo sejam ampliadas e afirmou que a ameaça de impeachment põe em risco os avanços das políticas sociais. "O golpe não é contra o seu governo, é contra os pobres desta nação", disse, dirigindo-se à presidenta.
Já a presidenta nacional da Confederação de Nacional das Associações de Moradores, Bartíria Costa, destacou a participação dos movimentos de moradia na construção das políticas para o setor. "Os movimentos são protagonistas, não só no Entidades, mas na organização de comunidades que seguem na luta por cidadania e direitos. Só quem vive o cotidiano das comunidades, que está no dia a dia, sabe o impacto desse programa e de tantos", citando, além do Minha Casa, Minha Vida, programas do governo como o Luz para Todos, o Mais Médicos e o Prouni.
"Sairemos daqui mobilizados para garantir o sucesso e a viabilidade desse programa e de tantos outros. Já estamos mobilizados, vigilantes, para defender todos os direitos garantidos. Não permitiremos retrocessos. Combateremos todos os fascistas e golpistas. Lutaremos com todas as forças em defesa da nossa democracia e da Constituição. Golpe nunca mais", disse Bartíria.