terça-feira, 5 de janeiro de 2016

"Os que andam contra o vento"*

por José Gilbert Arruda Martins


Qual a razão básica da Resistência? Respondo, a Indignação! 

"É verdade, os motivos para se indignar atualmente podem parecer menos nítidos, ou o mundo pode parecer complexo demais. Quem comanda, quem decide? Nem sempre é fácil distinguir entre todas as correntes que nos governam. Não lidamos mais com uma pequena elite cujas ações entendemos claramente. Mas nesse mundo há coisas insuportáveis. Para vê-las é preciso olhar bastante, procurar."

https://www.google.com.br/search?q=imagem+da+juventude&rlz=2C1SAVU_enBR0538BR0538&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa

Dizemos aos jovens, procurem um pouco, vocês vão encontrar. A pior das atitudes é a indiferença, é dizer "não posso fazer nada, estou me virando" Quando assim nos comportamos, estamos perdendo um dos componentes indispensáveis: a capacidade de nos indignar e o engajamento, que é consequência desta capacidade.

"Hoje, podemos identificar dois grandes desafios: 
1. A imensa distância entre os muito pobres e os muito ricos, distância que não para de crescer.
2. Os direitos humanos e o estado do planeta."
Existem muitos outros desafios à juventude brasileira: o extermínio da juventude negra; a intolerância racial e sexual, a precariedade da escola e da saúde públicas; a precariedade das estruturas e equipamentos culturais; o monopólio e a manipulação ideológica da grande mídia, etc.

A juventude, é uma prova viva, da importância da resistência a esse estado de coisas, às políticas de exclusão do sistema econômico capitalista, e a quase tudo que envolva desrespeito à natureza e aos Direitos Humanos.

Quem se lembra da "Primavera Árabe"? uma onda revolucionária de manifestações e protestos que ocorreram no Oriente Médio e Norte da África a partir de 18 de dezembro de 2010, os milhões que se revoltaram e resistiram a anos de autoritarismo, eram principalmente jovens. 

É Claro, não podemos deixar de ver, em praticamente todos os movimentos africanos e asiáticos daquela época, o Ocidente meteu o dedo ora para insuflar a violência, ora para "diplomaticamente", jogar confete para a mídia mundial e defender seus interesses rentistas à custa de milhares de vidas humanas, como sempre fizeram.

O centro nervoso do "Deus Capital", em 2011, tremeu nas bases com Ocupe Wall Stret, "um movimento de protesto contra a desigualdade econômica e social, a ganância, a corrupção e a indevida influência das empresas - sobretudo do setor financeiro - no governo dos EUA".

O Brasil também experimentou as manifestações e protestos, em 2013, as bases da política conservadora e neocolonial, ainda impregnadas, em grande parte da elite, tremeram.

"Os protestos no Brasil em 2013, também conhecidos como Manifestações dos 20 centavosManifestações de Junho ou Jornadas de Junho, foram vários movimentos populares por todo o país que inicialmente surgiram para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público,  principalmente nas principais capitais. São as maiores mobilizações no país desde as manifestações pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello em 1992, e chegaram a contar com até 84% de simpatia da população"

Desgraçadamente - vamos colocar dessa forma -, nos protestos e manifestações de 2013, a direita neofascista brasileira e a velha mídia golpista, capitaneada pela rede Globo e pela revista Veja, puxaram o movimento para a violência e para a defesa de interesses elitistas.

"Uma verdadeira democracia tem necessidade de uma imprensa independente", a resistência dos jovens do mundo e do Brasil, sabe disso.

O ano de 2015, foi o ano da luta pela Educação Pública, ameaçada por governos neoliberais em vários estados da federação.

Atualmente, em São Paulo e Goiás, os estudantes ocuparam as escolas num movimento de profundo sentimento de pertencimento, que há muito não se via por estas bandas.

Qual é o saldo positivo de todos esses movimentos? infelizmente, até por consequência de suas estruturas organizacionais não claramente definidas, o que restou de prático, não foi muito, mas pode ter deixado, nos corações e mentes que, quando a juventude deseja mudar, ela enfrenta e anda contra o vento.

Falta planejamento, organização, definição daquilo que é mais imediato, para reivindicar as necessidades de médio e longo prazo depois.

Formar lideranças permanentes e independentes, definir planos de ação, listar pontos de interesse, pensar e planejar também a médio e longo prazo.

*"Os que andam contra o vento", foi tomado emprestado dos Omahas, um povo indígena das planícies da América do Norte ligado à família dos Sioux, que são designados por esta expressão.

Fontes consultadas:

1. https://www.google.com.br/search?q=Primavera+%C3%A1rabe&rlz=2C1SAVU_enBR0538BR0538&oq=Primavera+%C3%A1rabe&aqs=chrome..69i57j0l5.7560j0j7&sourceid=chrome&es_sm=0&ie=UTF-8

2. https://pt.wikipedia.org/wiki/Occupy_Wall_Street

3. https://pt.wikipedia.org/wiki/Protestos_no_Brasil_em_2013

4. Indignai-vos!. Stéphane Hessel; tradução: Marli Peres. - São Paulo: Leya, 2011.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Como a juventude é impactada pela colossal desigualdade social, provocada pelo sistema econômico capitalista.

por José Gilbert Arruda Martins

"85 pessoas mais ricas do mundo detêm juntas o equivalente ao que a metade da população mais pobre do planeta tem"

"Entre março de 2013 e março de 2014, essas 85 pessoas aumentaram sua riqueza em US$ 668 milhões diariamente!"



https://www.google.com.br/search?q=charge+exterm%C3%ADnio+jovem&rlz=2C1SAVU_enBR0538BR0538&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwiys83g_o3KAhVJjJAKHXc


Cerca de 1,5 bilhão de pessoas no mundo de hoje, século XXI, estão abaixo da linha da pobreza, são miseráveis e passam fome.

Quantos dos jovens, na faixa de idade entre 15 e 29 anos, estão nessa situação?

Se a riqueza de um país tem limites e tamanhos, é claro que milhares de pessoas e famílias, espalhadas pelo mundo, ficaram sem sua parte.

Entre os milhões que não receberão nada ou quase nada, estão os jovens e suas famílias.

Todo jovem deseja ter alguma coisa, um livro, um relógio, um brinco, uma roupa da moda, um telefone, o desejo de consumir é próprio dos seres humanos, mais ainda, em um sistema onde a TV aberta, diuturnamente, martela em suas mentes que você tem que adquirir para ser, ter para ser.

Como a juventude pobre, negra, moradora das periferias, é impactada por essa colossal desigualdade?

Vou tentar neste texto levantar algumas questões, que poderão servir como pontos de reflexão, não apenas para nós educadores e educadoras, mas, principalmente, à juventude.

Não que eu tenha a pretensão em ensinar a juventude, é ela que me ensina, nos ensina. Vou apenas cutucar e provocar, esse é o objetivo do texto.

Mesmo por que, no meu entendimento, não tem como enfrentar a desigualdade, que é urgente, sem a participação efetiva dos jovens.

"Observar e aprender com os jovens também pode contribuir para pensar em soluções maiores para o conjunto da sociedade brasileira"

A situação de exclusão social da juventude, não é algo novo, no mundo ou no Brasil.

Entre os milhões de pobres e explorados, durante a Revolução Industrial Capitalista Europeia,  dos séculos XVIII e XIX, milhares eram crianças e jovens.


"Importante ressaltar a preferência de certos burgueses pela utilização em larga escala da mão-de-obra considerada mais “dócil” e – claro – mais barata, como as mulheres (principalmente para a tecelagem), crianças e rapazes abaixo dos 18 anos de idade, o que levava ao desemprego dos homens adultos.
Dessa forma, a miséria e a fome não tardaram a aparecer, assim como doenças como a cólera e o tifo nas humildes regiões habitacionais, devido às péssimas condições de higiene, escassez do fornecimento de água e pelo fato de não terem como se protegerem do frio. Tal quadro levou à morte inúmeros trabalhadores pobres."
No Brasil, dos 1,5 milhões de escravos no Brasil do século XIX, milhares eram crianças e, principalmente jovens, que eram superexplorados em quase todo tipo de serviço.


"O Censo, feito em 1872, foi realizado com sucesso como parte das políticas inovadoras de D. Pedro II. O resultado foi o registro de 10 milhões de habitantes, onde a população escrava correspondia a 15,24% desse total. Os 10 milhões de pessoas estavam distribuídos em 21 províncias, sendo cada uma subdividida em municípios que, por sua vez, eram divididos em paróquias. Ao todo, eram 1.440 paróquias, as unidades mínimas de informação, que serviram de base para o mapa disponibilizado."

Com a crise do sistema em 1929, eram jovens, uma parcela considerável dos que morreram de fome, dos que vagavam pelas ruas das cidades dormindo debaixo de pontes e esgotos, dos desempregados ou subempregados.

A conhecida Crise de 1929, foi mais uma crise cíclica do sistema capitalista selvagem. O sistema, como muita gente conhece, produz suas próprias crises para justificar, entre outras coisas, arrocho salarial, fechamentos de unidades não lucrativas, demissões de operários etc.

Em tempos de crises, o capitalista rentista mais rico, nunca perde, ao contrário, elas - as crises -, são novas e promissoras oportunidades de maiores e mais gordos ganhos.

Quem perde mesmo, é a classe trabalhadora e o povo em geral, que ver desaparecer seu já minúsculo, poder de compra.

As crises, na sua maioria provocadas pelo sistema, enquanto enchem os bolsos dos já ricos, empobrece ainda mais os já pobres.

Os filhos e filhas do povo, de forma direta ou indireta, são afetados, e, milhares, precisam abandonar a escola para trabalhar, com isso, o ciclo da miséria continua, porque a formação fica cada vez mais distante, os filhos, explorados no mercado capitalista, seguem os passos dos pais e mães, como perderam a chance de continuar os estudos, serão os subempregados ou desempregados do presente e do futuro.

A história nos mostra, não é de hoje, que a juventude é impactada pela violenta e arquitetada desigualdade do sistema capitalista.

Como a própria juventude pode enfrentar um monstro como esse? O que ela pode fazer?

As respostas não são fáceis de serem dadas.

Mas uma parte delas - respostas -, pode vir, por exemplo, dos movimentos em defesa da Educação Pública, que acontece atualmente, principalmente, nos Estados de São Paulo e Goiás.

Nessas unidades da federação, os governos resolveram impor uma série de medidas, entre elas, a "Reorganização" das Escolas. Com isso, só em São Paulo, o estado mais rico do Brasil, cerca de 93 escolas seriam fechadas, impactando a vida de milhares de estudantes e de trabalhadores.

Em resposta, a juventude secundarista, em um movimento inédito, ocupou, até novembro, 93 escolas, apenas em São Paulo.

"Em protesto contra a “reorganização” imposta pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que pretende fechar pelo menos 93 escolas e extinguir a oferta de ensino médio no período noturno e ensino de jovens e adultos (EJA) em diversas delas, os alunos ocupam 43 escolas. Ao longo do dia de hoje (17), dez escolas foram ocupadas: uma em Bauru, no interior do estado, três em Santo André, no ABC, duas na capital, uma em Jundiaí, uma em Osasco, uma em Diadema e uma em Jandira."


É óbvio, que apenas esses movimentos, por si só, não são suficientes, mas podem ser o começo de um novo tempo, onde jovens se interessariam pela política e, nesse interesse, as organizações estudantis e sociais dos próprios estudantes, ou que seus pais e mães fazem parte, poderiam ser potencializadas, organizadas, para a atuação na sociedade e interferência na vida política do país.

O jovem e a jovem, não pode jamais, perder de vista a importância do cenário político.

O interesse pela política deve, o mais cedo possível, manifestar-se, não como uma carreira para ganhar dinheiro, mas para fazer pelo país, pelo povo, por sua comunidade.

O grêmio estudantil é um dos espaços mais importantes para o jovem que deseja interferir no mundo da política.

Um dos fatores que ajudaram as elites ricas a acumular bens e capitais, foi a formação educacional dos seus filhos; as famílias tradicionais que dominam a política nos municípios brasileiros e que, de forma quase que natural, nas micro-regiões, nos estados e a nível federal, apostaram e apostam nos filhos e netos para continuar a sua perpetuação no comando da política e, consequentemente, no controle da produção e distribuição de bens e riqueza.

Você, jovem, filho e filha de trabalhador, filho e filha da mulher e do homem do povo, entre na política, faça parte, é importante, não apenas de forma individual, mas, fundamentalmente, comunitária, coletiva.

Os pobres, as populações moradoras das periferias e comunidades, querem e devem consumir o que precisa ser consumido.

Comer, ter acesso ao ensino público de qualidade, aos equipamentos de cultura nos bairros, moradia; mas como, se a brutal concentração da riqueza não permite?

As famílias de trabalhadores pobres, na sua maioria negros, apesar do Programa Federal Bolsa Família, não conseguem dar aos seus filhos, roupas da moda, relógios, telefones, como praticamente, todo jovem gostaria de ter.

A maioria das comunidades periféricas das médias e grandes cidades, não possuem escolas suficientes, equipamentos de cultura: teatro, quadras poliesportivas, espaços cultuais adequados, transporte público, atendimento preventivo de saúde etc.

E quando, a juventude resolve sair do bairro e ir ao "centro" se divertir, o Estado se encarrega de exterminá-la.

"Matou-se mais no Brasil do que nas doze maiores zonas de guerra do mundo. Os dados são da Anistia Internacional no Brasil e levam em conta o período entre 2004 e 2007, quando 192 mil brasileiros foram mortos, contra 170 mil espalhados em países como Iraque, Sudão e Afeganistão.
Os números surpreendem e são um reflexo de uma "cultura de violência marcada pelo desejo de vingar a sociedade", conta Atila Roque, diretor-executivo da base brasileira da Anistia Internacional. De acordo com os últimos levantamentos feitos pelo grupo, 56 mil pessoas foram assassinadas em solo brasileiro em 2012, sendo 30 mil jovens e, entre eles, 77% negros."
Escrevi sobre a matança de jovens, aqui mesmo nesse espaço, dias atrás, infelizmente, tive que encerrar esse texto com os números acima, mas, acredito, que temos saídas, uma delas como dito, seria a maior participação dos jovens filhos do povo, na disputa política, talvez não resolveremos a curto prazo, mas a médio e longo prazo sim, a política pode ser o caminho.

Que apareça desses eventos de ocupação de escolas, outros líderes, com a cabeça voltada para o progresso de todos e todas, e faça a diferença, na luta por um sistema econômico que não exclua, mas inclua mais e mais pessoas.

Fontes Consultadas:

1. http://www.diplomatique.org.br/edicoes_especiais_det.php?id=11

2. https://www.google.com.br/search?q=Jovens+em+situa%C3%A7%C3%A3o+de+pobreza+na+Inglaterra+do+s%C3%A9culo+XIX&rlz=2C1SAVU_enBR0538BR0538&oq=Jovens+em+situa%C3%A7%C3%A3o+de+pobreza+na+Inglaterra+do+s%C3%A9culo+XIX&aqs=chrome..69i57.19879j0j7&sourceid=chrome&es_sm=0&ie=UTF-8

3. http://www.revistaforum.com.br/2013/01/21/populacao-escrava-do-brasil-e-detalhada-em-censo-de-1872/

4. http://www.historia.uff.br/nec/condicoes-da-classe-operaria-epoca-da-revolucao-industrial

5. http://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2015/11/43-escolas-ocupadas-em-sp

6. http://www.cartacapital.com.br/sociedade/violencia-brasil-mata-82-jovens-por-dia-5716.html


domingo, 3 de janeiro de 2016

ESPECIAL JUVENTUDE - Desigualdades urbanas e juventudes

no Le Monde Diplomatique Brasil


por Kátia Maia
CONHEÇA O ESPECIAL: JUVENTUDES E DESIGUALDADE NO URBANO

http://www.diplomatique.org.br/edicoes_especiais_det.php?id=11



Por que o tema da desigualdade é prioritário para a Oxfam Brasil?
Considerando a sociedade global e o planeta como um todo, é incontestável que existe atualmente uma concentração de riqueza cada vez maior. As 85 pessoas mais ricas do mundo detêm juntas o equivalente ao que a metade da população mais pobre do planeta tem. Entre março de 2013 e março de 2014, essas 85 pessoas aumentaram sua riqueza em US$ 668 milhões diariamente! Há algo errado. Essa desigualdade é gritante quando se sabe que mais de 700 milhões de pessoas no mundo de hoje, século XXI, ainda passam fome.
Como alguém pode dormir ou viver tranquilamente sabendo que existe uma concentração de riqueza nesse nível?
Enfrentar a desigualdade é algo urgente, tem a ver com os valores éticos de uma sociedade e do que é inaceitável para uma civilização. A desigualdade gera o esgarçamento da sociedade, o que também provoca uma tensão muito grande porque esbarra no limite absurdo das ilhas da fantasia, onde tudo funciona sem questionamento, ao lado de lugares onde as pessoas não têm acesso a absolutamente nada. Então, a desigualdade realmente é um tema prioritário quando se trata de pensar o desenvolvimento de um país.

A desigualdade está presente tanto no meio rural quanto no meio urbano. Por que a Oxfam Brasil está focando agora o urbano?
A Oxfam Brasil é parte da Confederação Oxfam, que começou sua trajetória setenta anos atrás, em 1942, na Inglaterra. Naquela época, a maioria da população se localizava no espaço rural, especialmente a população em situação de pobreza. Nas últimas décadas houve uma mudança, principalmente em regiões como a América Latina, onde hoje a maioria vive em cidades. Por outro lado, num continente com as especificidades da África, por exemplo, o tema rural continua sendo prioritário para a Oxfam.
É desafiador observar as cidades, cidades grandes, cidades inchadas, cidades cheias de pessoas. Elas estão reforçando cada vez mais a desigualdade e a pobreza, o que se agrava em função da situação de violência e quando consideramos recortes de gênero e raça.
Focar o urbano é dar seguimento à luta em prol do combate à pobreza e do enfrentamento da desigualdade. A Oxfam Brasil é solidária aos novos movimentos que estão acontecendo nas últimas décadas em todas essas cidades. Há uma insatisfação das pessoas nos centros urbanos que se expressa em diferentes formas de mobilização e organização social.

Essas mobilizações são impulsionadas, em sua maioria, por jovens. É por isso que vocês decidiram focar a juventude?
Há uma diversidade nas mobilizações, mas há uma realidade incontestável: a situação de exclusão social da juventude. Isso significa excluir toda uma geração e um setor importante da população brasileira.
O foco na juventude tem a ver com a situação que esse segmento de 15 a 29 anos vive hoje e também com o fato de que a juventude está apresentando para a sociedade novas formas de discutir os problemas gerados pela desigualdade e modos alternativos de pensar. As juventudes são mais livres e têm uma perspectiva diferente de mundo muito importante para todas as outras gerações.
Os jovens nos provocam a pensar em soluções diferenciadas, com base naquilo que estão experimentando em sua realidade cotidiana. Observar e aprender com os jovens também pode contribuir para pensar em soluções maiores para o conjunto da sociedade brasileira.

Você está falando de jovens em geral ou de jovens da periferia?
Quando se considera a situação territorial dos jovens em determinados espaços urbanos e as questões de gênero e raça, especialmente as diferenças de situação socioeconômica, aí a desigualdade se apresenta de forma mais explícita. Então existe um lado da abordagem relacionada com o contexto, mas também há questões relativas à juventude que transcendem a territorialidade. Há um diálogo geracional que não é 100% determinado somente pela situação econômica. Há espaços onde ocorre solidariedade e articulação entre jovens de diferentes condições econômicas, como é o caso do Ocupe Estelita, em Recife, que reuniu jovens de diferentes grupos sociais. Pensar nas problemáticas da juventude é levantar um debate para todas as juventudes, inclusive a juventude que está aí no bairro de Pinheiros ou na Vila Madalena, em São Paulo, onde está localizado o escritório da Oxfam Brasil, por exemplo.
Na primeira Conferência Nacional de Juventude, a juventude negra conseguiu influir na decisão de priorizar o tema do genocídio da juventude negra, pobre e de periferia. Há uma expectativa de criar outras políticas públicas nesse sentido?
Esse exemplo emblemático e importantíssimo do genocídio da juventude negra mostra que existem situações em que é necessário construir e colocar em prática políticas específicas que integrem diferentes ações do Estado. Certamente existe essa expectativa de que outras políticas públicas de juventude possam ser criadas.

Por que a Oxfam Brasil está querendo distribuir esta publicação na Conferência Nacional de Juventude?
A ideia é fazer uma contribuição e se somar ao debate. A gente considera a Conferência Nacional de Juventude um espaço muito importante de reflexão e encontro das juventudes e de pessoas que pensam e discutem juventude no Brasil. Não é o único, mas é um espaço institucionalizado que merece ser valorizado.
A Oxfam Brasil é parte de um movimento global por mudanças e transformação social que atua conforme um enfoque baseado em direitos. Um dos valores da Oxfam é trabalhar em parceria com outras organizações. As organizações que participam desta publicação – Ação Educativa, Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e Instituto Pólis, além da professora Regina Novaes – são parceiras históricas com experiências concretas nas temáticas de direitos, desigualdade, cidades, juventude, gênero e raça. A Oxfam Brasil, em conjunto com essas organizações, está se propondo a colaborar com coletivos e nos processos de articulação juvenil, visando fortalecer suas lutas e resistências contra as desigualdades e discriminações de gênero, raça e território nas cidades.
As juventudes se mobilizam para criticar o modelo de desenvolvimento econômico e pensar num projeto de nação. Essas juventudes estão fazendo história.
Falar em juventudes no plural é reconhecer os diferentes grupos, institucionalizados e não institucionalizados, que possuem diferentes olhares, mas têm em comum o projeto de um país mais justo, sustentável e igualitário, onde seja possível usufruir os direitos de fato e construir uma sociedade diferente.

Kátia Maia
Kátia Maia é diretora executiva da Oxfam Brasil.

Inscrições SISU 2016 - Início dia 11/01

por José Gilbert Arruda Martins

Inscrições Sisu 2016 começam em 11 de Janeiro: Muitos dos participantes da ultima edição do Exame Nacional do Ensino Médio – Enem 2015 aguardam ansiosos o mês de janeiro, mês em que serão abertas as inscrições para o 1º processo seletivo do Sistema de Seleção Unificada – SISU 2016.
O período de inscrições terá início no dia 11 e segue aberto até 14/01 (quinta-feira). No dia 18/01 será divulgado o resultado do Sisu 2016. A partir daí estará aberto também o período para manifestar interesse em participar da lista de espera até o dia 29/01 (sexta-feira). As matrículas do selecionados deverão ser procedidas nos dias 22, 25 e 26 de Janeiro na secretaria da instituição ofertante da vaga para o qual se candidatou.
O objetivo do SISU 2016 é selecionar entre seus participantes os melhores classificados no Enem 2015 aptos a conseguir uma vaga para cursos de graduação oferecidos pelas instituições federais ou estaduais de ensino superior que utilizam o sistema informatizado do SISU 2016.
Durante o ano são realizados dois processos seletivos, um no primeiro e outro no segundo semestre do ano. O processo seletivo do primeiro semestre do SISU 2016 vai acontecer a partir de 11 de janeiro, após a divulgação do resultado individual do Enem 2015.
As inscrições do SISU 2016 são gratuitas e podem ser realizadas apenas no endereço eletrônico http://sisu.mec.gov.br/. No ato da inscrição o participante deve informar seu número de inscrição e senha cadastrada na sua participação da ultima edição do Enem. Vale lembrar que o sistema não aceitará dados de participação de edições anteriores ao do Enem 2015.

Entenda como funciona o Processo Seletivo SISU 2016

Inscrições Sisu 2016 começam em 11 de Janeiro
Inscrições Sisu 2016 começam em 11 de Janeiro
Ao realizar a inscrição para o SISU 2016 o candidato participará de um processo seletivo que funcionará em uma única etapa. No ato da inscrição o participante deve informar duas opções de curso, que devem ser em ordem de prioridade do candidato a uma vaga no SISU 2016.
A primeira opção deve ser o curso que o candidato deve ser aquela profissão ou carreira que ele almeja para sua vida. Já a segunda opção deve ser feita de maneira consciente, não uma escolha aleatória, pois caso não consiga a primeira, o Sistema informatizado do SISU 2016.
Vale lembrar que as vagas do SISU atendem todo território nacional, o que significa que as escolhas do participante não se restringem apenas ao estado de origem do candidato, podendo buscar vagas de estudos em todo o país, nas instituições de ensino superior que utilizam o SISU 2016 como uma das maneiras de selecionar seus novos alunos. A lista com todas as instituições que participam do SISU está disponível no endereço eletrônico do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
Durante o período de inscrições, os participantes devem acompanhar se a nota obtida no Enem esta dentro da nota de corte do curso desejado. A nota de corte é a menor média exigida para estar dentro do número de vagas oferecidas em cada modalidade de curso no SISU 2016. Caso não esteja, durante o período de inscrições é possível alterar as opções de curso, sendo valida a última alteração realizada pelo participante.

sábado, 2 de janeiro de 2016

O "Povo sem medo", vencerá o ódio e a intolerância racial e religiosa, com a força da lei, do Amor e da Paz.

por José Gilbert Arruda Martins

A Grande e Maravilhosa Mama África, foi lembrada e muito homenageada, dia 31/12 na "Prainha", aqui em Brasília. Cerca de 30 mil pessoas, se deliciaram com artistas da terra, a maioria, artistas negros e negras.

Foto: prof. Gilbert

A programação contou, com a Banda Surdodum, Rita Benneditto, Nanân Matos, Emília Monteiro e Filhos de Dona Maria, além, é claro, a queima de fogos.

A Prainha, ou Praça dos Orixás, abriga dezesseis estátuas de divindades afro-brasileiras.

Nanâ, Omolú, Oxumarê, Oxalá, Exú, Ogun, Oxóssi, Iansã, Oxun, Obá, Ewá, Xangó, Logun Edé, Ossain, Ibejí. Logo, abaixo, coloquei alguns Orixás, em detalhes, extraído de um site sobre o Candomblé.

"Os orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada Orixá aproxima-os dos seres humanos, pois eles manifestam-se através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orixá tem ainda o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários."


carybe 


O espaço cultural é utilizado para rituais à beira d'água na virada do ano. Nos fins de semana, o lugar costuma receber milhares de visitantes em busca de um banho, nas águas frias do lago.

O evento se repete há mais de uma década, antes, era pequeno, com apenas os adeptos das religiões afro-brasileiras, hoje, temos um turbilhão de adeptos, simpatizantes e pessoas de todas as crenças, todas e todos em busca de potencializar seu lado espiritual e em busca de diversão.

Foi esse ambiente diversificado e democrático, com forte presença religiosa, que escolhemos, pela 3a. vez, para nos encontrarmos com o novo ano.

Dia 31/12, a Prainha estava espetacularmente feliz, milhares e milhares de pessoas, dançavam e rezavam, pediam, prometiam e cantavam, em volta dos Orixás que embelezam a praça em frente à praia.

Todos e todas, pareciam ter esquecido, a violência e a intolerância que uma das imagens sofrera dois dias antes (28/12).

"A estátua de um orixá na Prainha do Lago Paranoá, em Brasília, no Distrito Federal, teve o braço serrado nos últimos dias. Não se sabe quando o fato ocorreu, mas o caso foi informado à Polícia Civil nesta segunda-feira (28)."


Imagem de orixá que foi vandalizada na Prainha do Lago Norte, em Brasília (Foto: Alexandre Bastos/G1)
Imagem de orixá que foi vandalizada na Prainha do Lago Paranoá, em Brasília (Foto: Alexandre Bastos/G1)

O "Povo sem medo", vencerá o ódio e a intolerância racial e religiosa, com a força da lei, do Amor e da Paz.


Dia: Sábado
Cores: Amarelo – Ouro
Símbolo: Leque com espelho (Abebé)
Elemento: Água Doce (Rios, Cachoeiras, Nascentes, Lagoas)
Domínios: Amor, Riqueza, Fecundidade, Gestação e Maternidade
Saudação: Òóré Yéyé ó!
Na Nigéria, mais precisamente em Ijesá, Ijebu e Osogbó, corre calmamente o rio Oxum, a morada da mais bela Iyabá, a rainha de todas as riquezas, a protectora das crianças, a mãe da doçura e da benevolência.
Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios e cachoeiras. Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres da cidade, a Ialodê. É a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande poder feminino.
Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé. É a própria vaidade, dengosa e formosa, paciente e bondosa, mãe que amamenta e ama. Um de seus oriquis, visto com mais atenção, revela o zelo de Oxum com seus filhos:
O primeiro filho de Oxum chama-se Ide, é uma verdadeira jóia, uma argola de cobre que todos os iniciados de Oxum devem colocar nos seus braços.
Oxum não vê defeitos nos seus filhos, não vê sujidade. Os seus filhos, para ela, são verdadeiras jóias, e ela só consegue ver seu brilho.
É por isso que Oxum é a mãe das crianças, seres inocentes e sem maldade, zelando por elas desde o ventre até que adquiram a sua independência.
Seus filhos, melhor, as suas jóias, são a sua maior riqueza.
Características dos filhos de Oxum
Dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar as suas diferenças com habilidade e diplomacia. São obstinadas na procura dos seus objetivos.
Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem as suas finalidades; atrás da sua imagem doce esconde-se uma forte determinação e um grande desejo de ascensão social.
Têm uma certa tendência para engordar, a imagem do gordinho risonho e bem-humorado combina com eles. Gostam de festas, vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa oferecer. Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam escândalos.
Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém.
Graça, vaidade, elegância, uma certa preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de jóias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro.
O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso, algumas das maiores Yalorixás da história do Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum.

nana
Dia: Terça-feira
Cores: Anil, Branco e Roxo
Símbolo: Bastão de hastes de palmeira (Ibiri)
Elemento: Terra, Água, Lodo
Domínios: Vida e Morte, Saúde e Maternidade
Saudação: Salubá!
"Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contacto desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nana.Senhora de muitos búzios, Nana sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nana é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita como um orixá masculino.Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás.A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nana faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nana.Nana é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.Ela é a origem e o poder. Entender Nana é entender o destino, a vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nana é a História. Nana é água parada, água da vida e da morte.Nana é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nana é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.Nana pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas ações vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.Nana, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nana. Respeitada e temida, Nana, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.Características dos filhos de Nana BurukúOs filhos de Nana são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nana parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres; gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade.Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.As pessoas de Nana podem ser teimosas e “ranzinzas”, daquelas que guardam por longo tempo um rancor ou adiam uma decisão. Porém agem com segurança e majestade. As suas reacções bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.Embora se atribua a Nana um carácter implacável, os seus filhos têm grande capacidade de perdoar, principalmente as pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas, simpáticas, mas principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do Daomé."

omolu
DIA: Segunda-feira
CORES: Preto, branco e vermelho.
SÍMBOLOS: Xaxará ou Íleo, lança de madeira, lagidibá.
ELEMENTOS: Terra e fogo do interior da Terra.
DOMÍNIOS: Doenças epidémicas, cura de doenças, saúde, vida e morte.
SAUDAÇÃO: Atotoó!!!
"Omolú é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil deste orixá, o mais temido entre todos os deuses africanos, o mais terrível orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas, o poderoso “Rei Dono da Terra”.
È preciso esclarecer, no em tanto, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta.
Toda a reflexão em torno de Omolú ocorreu colocando-o como um orixá ligado à terra, o que é correcto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases etc. o que pode ser mais devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Omolú!
Orixá cercado de mistérios, Omolú é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões da África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos seus. Omolú seria rei dos Tapas, originário da região de Empé. Em território Mahi, no antigo Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que lhes ensinou como acalmar o terrível orixá. Fizeram então oferendas de pipocas, que o acalmaram e o contentaram. Omolú construiu um palácio em território Mahi, onde passou a residir e a reinar como soberano, porém não deixou de ser saudado como Rei de Nupê em pais Empê (Kábíyèsí Olútápà Lempé).
As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas predilectas do orixá Omolú; um deus poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo quando recebe sua oferenda preferida.
Em África são muitos os nomes de Omolú, que variam conforme a região. Entre os Tapas era conhecido Xapanã (Sànpònná); entre os Fon era chamado de Sapata-Ainon,que significa ‘Dono da Terra’; já os Iorubás o chamam Obaluaiê e Omolú.
Omolú nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado pela sua mãe, Nanã Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos na sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e criou-a com todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa (ikó) não porque escondia as marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò de Obaluaiê.
O capuz de palha-da-costa-aze (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar directamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte.
O aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só os iniciados no mistério podem saber. Desvendar o aze, a temível máscara de Omolú, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Omolú venceu a morte. Debaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser compartilhados entre o iniciados.
A relação de Omolú com a morte dá-se pelo facto de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte.
Obaluaiê andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as dores do mundo, superou todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que nunca lhes falta.
Características dos filhos de Obaluaiê/OmolúOs filhos de Omolú são pessoas extremamente pessimistas e teimosas que adoram exibir os seus sofrimentos, daqueles que procuram o caminho mais longo e difícil para atingir algum fim.
Deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais optimista dos seres; acham que nada pode dar certo, que nada está bom. Às vezes, são doces, mas geralmente possuem manias de velho, como a rabugice.
Gostam da ordem, gostam que as coisas saiam da maneira que planearam. Não são do tipo que levam desaforo para casa e se se sentirem ofendidos respondem no acto, não importa a quem. Pensam que só eles sofrem, que ninguém os compreende. Não possuem grandes ambições.
Podem apresentar doenças de pele, marcas no rosto, dores e outros problemas nas pernas. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. São perversos e adoram irritar as pessoas; são lentos, exigentes e reclamam de tudo.
São reprimidos, amargos e vingativos. É difícil relacionar-se com eles. Parece que os filhos de Omolú são pessoas que possuem muitos defeitos e poucas qualidades, mas eles têm várias, e uma qualidade pode compensar qualquer defeito: são extremamente prestáveis e trabalhadores. São amigos de verdade.
O lado positivo da maioria dos filhos de Omolú supera em muito esse lado autodestrutivo que todos têm uns mais, outros menos, mais tem sim.
São extremamente alegres, perseverantes, pacientes e amorosos, tiram a roupa do corpo para agradar uma pessoa, tratam o dinheiro pelo lado do prazer, da satisfação.
Extremamente fiéis a uma causa. A justiça para os filhos de Omolú não é a dos homens e sim a de Deus (Olorun), super limpos e vaidosos, ao contrário de muitos arquétipos, são na maioria muito bonitos, se não fisicamente, são espiritualmente e ainda tem grande afinidade pela atração que exercem nas pessoas. Tem uma capacidade mental atualizada ao seu tempo, raramente adoecem e quando acontece se recuperam mais rápido ainda.
As pessoas de Omolú têm a tendência da mudança propriamente dita, para qualquer coisa que desejarem, parecem dançar Opanijé o tempo todo, procurando por tudo. Trabalhadores incansáveis,  filhos de Omolú numa roça fazem de um tudo, apenas não os magoem nem os tratem com indiferença, ciumentos são capazes de exageros, se sentem incompreendidos e, muitas vezes não sabemos o que lhes causam repentinas depressões.
Filhos do Sol e da Terra de Orixá vivo, os filhos de Omolú são maravilhosamente despretensiosos. Um tanto radicais, podem mudar de opinião de uma hora para outra. Também, céticos em sua fé, intuitivos, andarilhos e aguçados."


exu
DIA: Segunda-feira.
CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.
SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo erecto.
ELEMENTOS: Terra e fogo.
DOMÍNIOS Sexo, magia, união, poder e transformação.
SAUDAÇÃO Laroié!

Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.
Muitas são as confusões e equívocos relacionados com Exu, o pior deles associa-o à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.
O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.
Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido pela sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores.
Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens.
Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem sempre o primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, para que Exu seja de facto um guardião e proteja o seu negócio.
É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu protege sempre aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores.
Exu foi a primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo a sua região de origem em África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce.
Características dos filhos de Exu
Os filhos de Exu são alegres, sorridentes, estão sempre de bem com a vida, são ambiciosos, extrovertidos, espertos, inteligentes, atentos. Sabem como ninguém ser sociáveis e diplomáticos, pois conhecem o valor de uma boa amizade, fazem questão de manter o maior número possível de amigos.
Rapidamente, os filhos de Exu se tornam pessoas populares, amadas por uns, odiadas por outros. Extremamente dinâmicos, os filhos deste orixá não se desanimam nunca, mantêm sempre a certeza de que as coisas, mais cedo ou mais tarde, acabam por mudar a seu favor.
Pessoas com impressionante facilidade de comunicação, boa lábia, com charme conseguem tudo o que querem. Irónicas e perigosas, costumam manter uma vida sexual bastante agitada, sem pudores. São pessoas extremamente rápidas, que não pensam: fazem.
Os filhos de Exu possuem uma facilidade impressionante para entrar e sair de confusões, são do tipo que arma a bagunça, sai ileso e ainda se diverte com as consequências. Esquecem facilmente as ofensas, não guardam rancor, mas não perdem a oportunidade de se vingar. Gostam da rua, das festas e das conversas intermináveis, comportamento próprio de um orixá que é só alegria.

Fontes Consultadas:

http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/12/estatua-de-orixa-e-depredada-na-prainha-do-lago-paranoa-no-df.html

https://ocandomble.wordpress.com/os-orixas/

http://confiramais.com.br/reveillon-brasilia-df-esplanada-programacao/

Novo acordo ortográfico é obrigatório a partir de hoje no Brasil

na Rede Brasil Atual

Padronização da língua deve ampliar a divulgação da literatura em língua portuguesa, já que os livros passam a ser publicados sem diferenças de vocabulários entre os países da comunidade

por Luana Lourenço, da Agência Brasil 

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Livros devem ser publicados sob as novas regras, sem diferenças de vocabulários entre os países de língua portuguesa

Brasília – As regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa são obrigatórias no Brasil a partir de hoje (1º). Em uso desde 2009, mudanças como o fim do trema e novas regras para o uso do hífen e de acentos diferenciais agora são oficiais com a entrada em vigor do acordo, adiada por três anos pelo governo brasileiro.
Assinado em 1990 com outros Estados-Membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para padronizar as regras ortográficas, o acordo foi ratificado pelo Brasil em 2008 e implementado sem obrigatoriedade em 2009. A previsão inicial era que as regras fossem cobradas oficialmente a partir de 1° de janeiro de 2013, mas, após polêmicas e críticas da sociedade, o governo adiou a entrada em vigor para 1° de janeiro de 2016.
O Brasil é o terceiro dos oito países que assinaram o tratado a tornar obrigatórias as mudanças, que já estão em vigor em Portugal e Cabo Verde. Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste ainda não aplicam oficialmente as novas regras ortográficas.
Com a padronização da língua, a CPLP pretende facilitar o intercâmbio cultural e científico entre os países e ampliar a divulgação do idioma e da literatura em língua portuguesa, já que os livros passam a ser publicados sob as novas regras, sem diferenças de vocabulários entre os países. De acordo com o Ministério da Educação, o acordo alterou 0,8% dos vocábulos da língua portuguesa no Brasil e 1,3% em Portugal.
Alfabeto, trema e acentos
Entre as principais mudanças, está a ampliação do alfabeto oficial para 26 letras, com o acréscimo do k, w e y. As letras já são usadas em várias palavras do idioma, como nomes indígenas e abreviações de medidas, mas estavam fora do vocábulo oficial.
O trema – dois pontos sobre a vogal u – foi eliminado, e pode ser usado apenas em nomes próprios. No entanto, a mudança vale apenas para a escrita, e palavras como linguiça, cinquenta e tranquilo continuam com a mesma pronúncia.
Os acentos diferenciais também deixaram de existir, de acordo com as novas regras, eliminando a diferença gráfica entre pára (do verbo parar) e para (preposição), por exemplo. Há exceções como as palavras pôr (verbo) e por (preposição) e pode (presente do indicativo do verbo poder) e pôde (pretérito do indicativo do verbo poder), que tiveram os acentos diferenciais mantidos.
O acento circunflexo foi retirado de palavras terminadas em "êem", como nas formas verbais leem, creem, veem e em substantivos como enjoo e voo.
Já o acento agudo foi eliminado nos ditongos abertos "ei" e "oi" (antes "éi" e "ói"), dando nova grafia a palavras como colmeia e jiboia.
O hífen deixou de ser usado em dois casos: quando a segunda parte da palavra começar com s ou r (contra-regra passou a ser contrarregra), com exceção de quando o prefixo terminar em r (super-resistente), e quando a primeira parte da palavra termina com vogal e a segunda parte começa com vogal (auto-estrada passou a ser autoestrada).
A grafia correta das palavras conforme as regras do acordo podem ser consultadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), disponível no site da Academia Brasileira de Letras (ABL) e por meio de aplicativo para smartphones e tablets, que pode ser baixado em dispositivos Android e IOs.