segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Moradores de rua: tão paulistanos quanto você.

no Socialista Morena
 Fotos por Magnesio
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São Paulo, a maior cidade da América do Sul, tem quase 16 mil pessoas morando na rua, de acordo com o censo feito pela Fipe/USP entre fevereiro e março deste ano. É impossível não reparar neles, estão em toda parte. Mas e OLHAR para eles? A maioria das pessoas quando vê alguém que vive na rua vira o rosto –quando não simplesmente muda de calçada.
Por que olhar para os sem-teto perturba tanto? Tristeza? Culpa? Medo? Desprezo? Nojo? Ou é algo mais profundo, que tem a ver com valores e a real importância do dinheiro na vida da gente?
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O fotógrafo e designer Magnesio (autor do visual do blog!) faz o contrário: anda pelas ruas de São Paulo olhando para os sem-teto, que retrata em belas imagens em preto e branco. Preto e branco como as calçadas cinza, as paredes cinza e o céu cinza que os emolduram. Preto e branco como a vida destas pessoas. Por que elas foram parar ali? A maior parte das vezes por causa da pobreza, mas não só: desilusões amorosas, abandono pela família, alcoolismo… São muitas as razões que podem levar alguém a viver na rua, à margem da sociedade.
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O que muita gente não sabe é que as pessoas que vivem nas ruas têm o direito de estar ali. São tão paulistanas quanto você. Possuem, inclusive, os mesmos direitos constitucionais que qualquer um de nós: “todos são iguais perante a lei”, diz o artigo 5 da Constituição brasileira.
Não se pode forçar moradores de rua, como alguns desejam, a ir viver num abrigo –há cerca de 10 mil vagas nos abrigos da capital paulista hoje. Políticas higienistas são desumanas e hipócritas: apenas escondem o morador de rua da vista dos incomodados, não resolvem seus problemas sociais e existenciais. As soluções para eles precisam ser mais atuais e menos moralistas, condizentes com suas necessidades.
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E você, o que faz quando vê uma pessoa em situação de rua?
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Você acha “empoderamento” uma palavra feia? Vou citá-la 19 vezes neste texto

no Socialista Morena
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Tenho lido e ouvido muita gente boa por aí cismando com a palavraempoderamento. Certamente, gente empoderada que já não PRECISA dela –ou nunca precisou. Gente que nasceu empoderada ou que ainda não se deu conta de que na verdade ainda não se empoderou.
Afinal, qual a origem desse termo? Ao que tudo indica, o psicólogo norte-americano Julian Rappaport foi o primeiro a enfatizar a ideia, em 1977, de que é preciso empoderar certos grupos para desenvolver a qualidade de vida do entorno social ao qual estão conectados. O educador brasileiro Paulo Freire subverteu um tanto o conceito, propondo que são os próprios grupos que devemempoderar-se a si próprios. E esta noção vingou.
No ano 2000, a declaração da ONU para o novo milênio incluiu oempoderamento das mulheres e a igualdade entre gêneros como “meios eficazes para combater a pobreza, a fome e a doença e de estimular o desenvolvimento de uma forma sustentável”. Nos últimos anos, as feministas têm utilizado com frequência o conceito de empoderamento, gerando ainda mais antipatia em alguns setores da mídia e da intelectualidade.
A explicação para a rejeição sem dúvida está na expressão “poder” embutida nela. Poder não é algo que vem de graça, é algo que se conquista, se disputa. Ninguém quer perder poder. E empoderar significa, claro, que alguém que não tem poder vai passar a tê-lo. Sobretudo, novamente lembrando Freire, quando se tratam de cidadãos historicamente oprimidos: mulheres, negros, LGBTs, pobres. Você acha mesmo que opressores vão deixar que oprimidos se empoderem, assim, sem mais nem menos, de uma hora para outra?
– Alto lá! Onde nós estamos? O Brasil não é bagunça, não! 
Meninos e meninas negras crescem assistindo na televisão pessoas iguais a elas sendo somente empregadas, copeiros, jardineiros; tendo como padrões de beleza pessoas brancas e de cabelo liso, isso num país mestiço como o nosso. Crescem sendo alvo da violência policial, que os pinça na multidão pela cor da pele; sendo vítimas do racismo, velado ou não, de patrões, colegas e até da família. Mesmo não sendo negro, é possível calcular a devastação que isto traz à auto-estima de alguém. Empoderar-se, para os afrodescendentes, é compreender a necessidade de lutar, de não aceitar passivamente as injustiças.
– Imaginem! Negros se revoltando contra a polícia que os mata. Isto seria a convulsão social! Os negros têm de se conformar que infelizmente parecem mais suspeitos do que os brancos. E que mal há em alisar aquele cabelo com produtos químicos desde a infância?
Mulheres crescem aprendendo que os homens são superiores e, ainda que não sejam ensinadas assim, um dia irão descobrir que os salários deles são superiores. Mulheres são vítimas de maridos violentos e têm medo de denunciá-los. Mulheres são mortas por companheiros e ex-companheiros. Mulheres sofrem bullyingcotidiano (inclusive no trabalho) por não se adequar aos padrões de beleza impostos pela mídia. E quando são consideradas bonitas, são, lógico, “burras”. Pois quanto mais elas se empoderam, mais rejeitam a monotonia dos rótulos e a submissão ao homem. E obviamente não aceitam ganhar um salário menor pelo mesmo trabalho apenas por possuir vagina e não pênis.
– Vocês estão loucos? O que será das nossas famílias? Sempre foi assim e sempre funcionou. Feminista é tudo baranga! E para que salários maiores? Assim vocês vão quebrar as empresas! 
Gays e transexuais foram tratados ao longo dos anos como a escória da sociedade, proscritos que não podiam conviver com as pessoas normalmente, estudar, trabalhar, amar. Ter filhos. Sobretudo na última década, o empoderamento LGBT deu visibilidade aos homossexuais e transgêneros, mas a coisa não pára aí. Enquanto um só gay, lésbica ou trans do mundo continuar a sofrer discriminação, agressão e até morte por homofobia, o empoderamentonão chegou ao fim. Principalmente no Brasil, campeão de assassinatos a homossexuais, e onde homofóbicos têm cadeira cativa no Congresso Nacional e na mídia.
– Casamento é homem e mulher! Criança com trejeitos tem que apanhar muito para consertar! É de menino que se torce o pepino! Lésbica é só uma mulher mal comida! Direitos humanos para travestis? Onde é que já se viu?
Os pobres são humilhados diariamente por quem está acima na pirâmide social e pela imprensa hegemônica, que só olha para eles na hora de fazer reportagens do tipo “mendigo gato”. As empregadas domésticas e os usuários do Bolsa Família que o digam. No discurso não-assumido dos “diferenciados”, é preciso colocar o pobre “em seu devido lugar”. Mas qual é o lugar do pobre? Viajar de avião, por exemplo, não podia. Frequentar faculdade também não. Todo esteempoderamento tem visivelmente incomodado as classes sociais mais altas. Afinal, o pobre empoderado não leva desaforo para casa. Vem com teus preconceitos para o lado deles pra tu ver.
– Ah, aí já é comunismo! O aeroporto fica parecendo uma rodoviária! Comprar carro? Nossa, então é por isso que tem tanto trânsito! Foi o PT que inventou essa divisão idiota entre classes! 
Quem tem medo do empoderamento? Não seja ingênuo. Esta é uma das palavras que os conservadores adoram convencer você de que são chatas, bobas, anacrônicas. Tipo “ativismo”, “engajamento”, “politização”, “ideologia” ou “socialismo”. Sabem por que fazem isso? Para que os oprimidos não lutem pelo que vale a pena lutar. Fazem isso para que se conformem, abaixem a cabeça. E ajudem a manter intocado o status quo que privilegia adivinhem? os poderosos.
Há atualmente uma inversão bizarra do que é ser inteligente e do que é ser otário: quem não questiona nada é inteligente e quem questiona é otário. Como pode? Desde quando conformismo é sinal de inteligência? É exatamente o contrário: conformar-se é sinônimo de burrice.
Empodere-se!

Frente Povo Sem Medo marca ato nacional contra Cunha e o ajuste

na Rede Brasil Atual
Primeira manifestação do coletivo terá como foco o afastamento do presidente da Câmara e mudanças na política econômica
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Mais de 30 movimentos sociais, que compõem o coletivo, decidiram pela manifestação nacional


São Paulo – A Frente Povo Sem Medo realizou quinta-feira (22), na sede nacional da CUT, em São Paulo, a primeira reunião de seus componentes, representantes de aproximadamente 30 movimentos sociais em 15 estados, e decidiu realizar seu primeiro ato nacional em 8 de novembro, pedindo o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e mudanças na política econômica do governo.
A presença do coletivo nas ruas está destacada no manifesto, divulgado no último dia 6. “No momento político e econômico que o país tem vivido se torna urgente a necessidade de o povo intensificar a mobilização nas ruas, avenidas e praças contra esta ofensiva conservadora, o ajuste fiscal antipopular e defendendo uma saída que não onere os mais pobres”, diz o texto.
A professora e secretária de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da CUT, Janeslei Aparecida Albuquerque, defendeu a atuação dos cutistas perante a conjuntura política, que vai de encontro às diretrizes da Frente Povo Sem Medo.
“A CUT está junto com os movimentos sociais que estão nas ruas contra a retirada dos direitos dos trabalhadores. No Congresso, dominado pelo fundamentalismo, pela bancada da bala, do latifúndio e dos bancos, a CUT tem exercido papel importante de oposição a essa direita que ataca um conjunto de direitos do campo do trabalho e dos direitos sociais e civis”, disse a dirigente.
“Esta reunião é importante, e saímos otimistas daqui. O povo brasileiro não pagará por essa crise e nem aceitará a pauta imposta pelo governo”, afirmou o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos.
Com informações da CUT

domingo, 25 de outubro de 2015

Professor é agredido em ato pró-impeachment em Natal

na Revista Fórum
Confira o relato de Daniel Valença, docente da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), agredido em manifestação realizada na capital do Rio Grande do Norte no último dia 21; vídeo mostra momento em que professor leva choque elétrico
Por Daniel Valença*, no Viomundo
O dia em que vi o fascismo de perto
À direita, o homem que aplicou o choque em Daniel Valença aparece carregando a arma
À direita, o homem que aplicou o choque em Daniel Valença aparece carregando a arma
Fui ver com meus próprios olhos o ato pró-impeachment em Natal. Eram cerca de 15 manifestantes e mais 10 “seguranças” contratados para “proteger” os bonecos de Dilma e Lula. Como em todo o Brasil, novamente a UJS rasgou os bonecos – o fizeram, aliás, em São Paulo, no Recife e em João Pessoa.
Corri para acalmar a confusão e impedir que os jovens fossem agredidos fisicamente. No meio do caminho, um dos organizadores do ato me aplicou um mata-leão, hora em que perdi meus óculos e celular. A PM assistiu a tudo e nada fez, exceto deter os jovens da UJS que, já algemados, continuaram sendo agredidos física e verbalmente.
Fui cercado por todo esse grupo que berrava “petista!”, “comunista!”, “bandido filho da puta”. Respondi insistentemente que era petista e comunista com muito orgulho e que tinha o direito de sê-lo. Foi então que um manifestante fascista veio por trás e me aplicou um choque elétrico, prática comum aos torturadores do DOI-CODI. Resisti para não cair. E me vi sendo chutado e agredido por pessoas que teoricamente eram jornalistas, até que um amigo finalmente conseguiu me retirar do cerco.
Pela primeira vez, vi o fascismo de perto. Ao contrário daquele das décadas de 1920-1940, não havia uma multidão, contavam-se nos dedos. Mas eram pessoas com muito recurso financeiro, com armas proibidas, com ódio estampado na face, não contra um sujeito, mas contra Ideias, e contavam com a cumplicidade do aparelho coercitivo do Estado.
Há meses, quando tudo isto começou, não faltavam setores no governo e na sociedade para advogar que os atos puxados por “movimentos” pró-impeachment eram democráticos: seriam as inúmeras ocorrências de violência coletiva apenas excessos individuais. Agora que tais “movimentos”, sem identidade nem história, não conseguem mobilizar trinta pessoas para subsidiar o golpe intentado por Eduardo Cunha, o rei se revela nu: é quem lidera tais atos que são os proponentes da violência legitimada, do ódio de classe e preferência política. Eles refletem na sociedade civil o que intentam na política; a retirada do artigo que protegia os movimentos sociais da tipificação do crime de terrorismo por parte do relator do PSDB é um exemplo. O projeto de lei do PSDB que criminaliza a liberdade de cátedra dos docentes, outro.
Marx denunciava que as pessoas aceitam viver numa ordem desumana porque a realidade lhes aparece invertida. Em situações específicas da história, como a que estamos vivendo, isso toma contornos ainda mais intensos. O incipiente fascismo atual transforma o crime em manifestação democrática, o violento agressor em “democrata”, a vítima em “bandido”. Com a cumplicidade dos meios empresariais de comunicação e das forças coercitivas do Estado.
Por fim, gostaria de fazer um apelo. Aqueles que, como eu, têm inúmeras críticas e estão descontentes com a política do segundo mandato da presidenta, ou até mesmo os que defendem o impeachment: não se deixem envenenar. Não se deixem envenenar, porque nas ruas e no parlamento, os que lideram essa tentativa de golpe, usando dos instrumentos mais desonestos, ilegais e violentos possíveis, buscam um projeto de sociedade muito distante do  país soberano, justo e solidário que a maioria dos brasileiros compartilha.
Às dezenas de pessoas que prestaram solidariedade, minha sincera gratidão.

(*) Daniel Valença é professor licenciado do curso de Direito, da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), onde leciona Ciência Política, Trabalho e Ética. Está fazendo doutorado em Direitos Humanos na Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

COM AS BASES - Lula defende educação para superar desigualdades e visita feira da reforma agrária

na Rede Brasil Atual
Lula participa de plenária de educação em Salvador e em SP aprecia comidas típicas, alimentos e artesanatos oriundos de 23 estados mais o Distrito Federal, produzidos em áreas de assentamentos

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Lula em Salvador: “Estou convencido que podemos fazer uma revolução através da educação neste país"

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua esposa Marisa visitaram a 1° Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca, zona oeste de São Paulo, na manhã deste sábado (24). Após ver as instalações da Culinária da Terra, espaço em que os assentados vendem comidas típicas de cada região, Lula parou para apreciar um prato com bode do Nordeste. 

Além da Praça de Alimentação, o ex-presidente também conheceu os alimentos e os artesanatos vindos de 23 estados mais o Distrito Federal produzidos nas áreas de assentamentos da reforma agrária. Ao todo, são mais de 200 toneladas de alimentos, com mais de 800 variedades de produtos. A feira se realiza até este domingo (25).
Na tarde de hoje, Chico César subiu ao palco às 17h30 para trazer suas canções ao público do parque, fazendo uma saudação ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que organiza o evento. O show terminou  às 19h. Antes dele, se apresentou o músico mineiro Pereira da Viola. A feira se encerrará com show de Zé Geraldo, às 16h30 no domingo. Também está previsto um ato político.

Mobilização pela educação

O ex-presidente Lula participou nesta sexta (23), ao lado do governador Rui Costa, da etapa baiana da Plenária de Mobilização pela Educação do PT, em Salvador.
O ex-presidente reiterou que vai percorrer o Brasil inteiro debatendo o Plano Nacional de Educação: “Estou convencido que podemos fazer uma revolução através da educação neste país e o PNE nos dá a oportunidade de realizar o desejo da sociedade de ter educação para todos”. Lula lembrou que o plano tem 20 metas a serem cumpridas até 2024. “Até lá nós temos que ter cumprido essas metas e, aí sim, teremos igualdade.”

sábado, 24 de outubro de 2015

A Esquerda Brasileira Precisa Levar Sua Narrativa à Sociedade

por José Gilbert Arruda Martins

A matéria "FHC admite que sabia de esquema de corrupção na Petrobrás e nada fez" da Helena Sthephanowitz que saiu esta semana, é emblemática e, se nossa justiça e política fossem responsáveis, seria motivo mais que suficiente, para que agentes públicos, políticos e o PSDB fossem chamados à Operação "Vaza Jato" do Moro.


E a Globo, Folha, Estadão, Veja, Época... o PIG em geral, têm a obrigação de divulgar à opinião pública brasileira fatos que mostram claramente que o PT não pode ser o principal responsável por este fato lamentável da história recente do país.

A "grande" mídia, capitaneada pela Globo, mais o STF da época do Joaquim Barbosa, com suas ações maquiavélicas e irresponsáveis, jogaram na lama nomes de pessoas e instituições, entre elas, o nome do maior e mais importante presidente da República brasileira Lula da Silva e seu partido o PT, como os responsáveis pelo processo de corrupção na Petrobrás.

E a matéria citada acima, mostra exatamente o contrário.

FHC e o PSDB sabiam.

Não foi a capa da Veja ou o Wiliam Bonner que falaram isso, foi o próprio FHC.

FHC e o PSDB sabiam do processo de corrupção instalado na Petrobrás e engavetou para não atrapalhar a entrega da estatal ao capital internacional.

A velha e golpista mídia é forte e presente, apesar de toda a crise divulgada.

O PIG tem muita força perante o povo brasileiro.

Entra nos lares, igrejas, barezinhos, hospitais, clínicas, paradas de ônibus, estações de metrôs, locais de trabalho e, pasmem, até nas salas de professores de escolas públicas.

Ontem fui a uma grande clínica aqui de Brasília e presenciei, durante todo o tempo que fiquei para ser atendido, cerca de 4 horas, toda a manhã, praticamente, os cinco monitores que chamam as senhas, estavam ligados na Globo, é uma lavagem cerebral poderosa, apenas o que eles querem fica no imaginário do povo, ricos e pobres, remediados e miseráveis, todos sofrem essa manipulação diária.

A esquerda precisa ir além dos blogs.

A internet ainda é privilégio de poucos no Brasil.

O brasileiro ver a notícias na "grande" mídia, e é "lavado" lá com as notícias pensadas com palavras postas e editadas à maneira do golpista.

Precisamos criar uma maneira para que o Estado brasileiro, em nome da construção democrática, crie uma regulamentação que force essa mídia irresponsável fazer a parte dela, não podemos aceitar que a esquerda, seja crucificada e execrada em praça pública, enquanto Cunha, o DEM e o PSDB fiquem totalmente impunes.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Sobre pianos e turntables

na Carta Maior

Na academia, muito se fala sobre as implicações sociais do funk. Pouco se fala da estética e dinamismo criativo emergidos de um movimento complexo.

Andrei Reina (*)
Desde a conturbada gestão de Ana de Hollanda à frente do Ministério da Cultura, a gestão pública na área tem sido debatida cada vez mais. Embora louvável, esse aumento em quantidade nem sempre vem acompanhado de qualidade. No que diz respeito à música, um dos tópicos mais polêmicos gira em torno do funk carioca. Tirando os que se prestam ao preconceito puro e simples, é possível observar duas tendências ao olhar o fenômeno que costumam prevalecer.

Há quem trate o gênero em um tom patriarcal e inflija um olhar maniqueísta sobre os artistas dali oriundos, contrapondo-os entre politizados e alienados. Existiria, de um lado, o artista preocupado com sua comunidade e, de outro, aquele cuja atenção se dirige exclusivamente para sua ascensão social. Logo, é um olhar violento que retira de um movimento complexo apenas o que lhe apraz.

A outra revela seu germe no distanciamento e contamina parte da academia - sublinhado pelo fato da maioria dos estudos sobre o funk pertencer às prateleiras de Antropologia. Ou seja, uma ciência fundada na questão da alteridade teve de tentar dar conta do fenômeno. Com isso, pouco se fala da estética e dinamismo criativo dali emergidos, e sim de suas implicações sociais.

Não é preciso muito para notar o quanto essas visões são limitadas, mas há exemplos ainda mais escatológicos dentro do progressismo. No dia 16 de setembro, em debate promovido pelo Programa de Educação Tutorial do Departamento de Filosofia da FFLCH-USP, o professor Vladimir Safatle afirmou categoricamente que “o funk não deu em nada”. Embora ele defendesse que a divisão entre culturas popular e erudita não fosse mais suficiente - o que parece bastante razoável -, suas falas revelavam grande ignorância sobre manifestações tidas como populares.

Um ponto consensual entre aqueles preocupados com a gestão pública da cultura é a necessidade urgente da universalização do acesso ao ensino e produção artística. Isto se daria, por exemplo, com multiplicação de centros culturais pela cidade, que levassem para além do centro ensino de longo prazo e aprofundado de história e fruição das artes, bem como oferecesse meios para produção de novo conteúdo.

Quando a crítica à precariedade dos aparelhos culturais do Estado vem acompanhada de distanciamento, desconhecimento e preconceito em relação a fenômenos populares como o funk, ela se torna imediatamente surda e ecoa em um ou outro gabinete mofado. Enquanto se discute o que é arte ou o que seria sub-serviço à indústria cultural hoje, tanto não são construídos conservatórios como são reprimidos bailes funk. Como em vários casos em que a consequência do sectarismo na esquerda grita, quem ganha com a falta de unidade é justamente a estrutura que se tenta combater.

Um discurso verdadeiramente progressista de ampliação ao acesso à cultura deve necessariamente alojar sob o mesmo teto pianos de cauda e turntables. É preciso que seja proporcionado indistintamente o contato com toda a arte produzida até então e inserir a todos no diálogo com linguagens contemporâneas. Para tanto, é preciso que esteja à mão do novo artista o ensino que até hoje lhe foi negado e os instrumentos para que possa ressignificar e criticar a sua realidade da maneira que lhe parecer apropriado. Seja através de uma composição eletroacústica ou de uma rima proibidona.

(*) Andrei Reina é estudante de Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP.

Sonegação: o realismo mágico das finanças

na Carta Maior

Entre 1960 e 1970, cerca de 24 bilhões de dólares desapareceram da economia brasileira, entre 2000-2009, essa cifra disparou a 500 bilhões.

Marcelo Justo
Ilhas Cayman - Foto: KatieThebeau
Jacarta - O congresso anual da Coalizão pela Transparência Financeira (FTC, em sua sigla em inglês), que se encerrará nesta quarta-feira, em Jacarta, é um abecedário do realismo mágico das finanças globais. Neste mundo paralelo, as empresas não tem diretores, nem empregados, nem seres humanos, e um mero edifício nas Ilhas Cayman é a sede de 18 mil multinacionais. “Estamos falando de bilhões e bilhões dólares anuais subtraídos da economia global. São fundos que poderiam ser destinados ao investimento social ou para infraestrutura, ambos aspectos fundamentais para os países em desenvolvimento”, indicou Porter McConnell, diretora da FTC, em entrevista para a Carta Maior.

Essa avaliação se mostra claramente num informe sobre o Brasil e outras quatro “economias em desenvolvimento” da Global Financial Integrity (GFI), uma das 150 organizações que formam a FTC e que tem membros em 40 nações. Segundo a GFI, entre 1960 e 2012, o Brasil perdeu cerca de um trilhão de dólares entre esquemas de evasão fiscal e fuga de capitais, um montante equivalente à metade do Produto Interno Bruto anual e quatro vezes maior que as exportações do país.

O mais interessante é perceber como essa quantia foi se duplicando a cada década. Entre 1960 e 1970, cerca de 24 bilhões de dólares desapareceram da economia nacional, entre 2000-2009, essa cifra disparou a 500 bilhões – a medição considera valores constantes do dólar.

Esse crescimento constante da sonegação fiscal e da fuga de capitais mostra de uma economia cada vez mais estruturalmente condicionada em sua dinâmica e funcionamento pelas sombras que floresceram junto com o surgimento de muitos novos paraísos fiscais e a liberalização financeira mundial, observada a partir dos Anos 80. Prova de que as políticas progressistas em matéria econômica e social não estão sendo suficientes: a cifra seguiu aumentando entre 2010 e 2012. “O impacto foi sentido em toda a economia, tanto nos tempos de bonança como nos de dificuldades. Um dos problemas é que o investimento estimulado por um desenvolvimento positivo da economia formal do Brasil acaba se retraindo devido ao crescimento dessa economia subterrânea”, indicou Dev Kar, economista-chefe da GFI e coautor do informe, em entrevista à Carta Maior.

Nesse quadro de massiva evasão fiscal, as multinacionais exercem um papel central. Segundo o informe da GFI, a subfaturação e outros artifícios “financeiros” tiraram do circuito formal econômico do Brasil cerca de 80 bilhões de dólares só em 2012, equivalentes a aproximadamente 4% do PIB. “É um dos mecanismos mais usados na fuga de capitais ilícita”, relata Dev Kar.

O G20 e a OCDE

Mas o problema é internacional. O plano para eliminar a evasão fiscal das multinacionais, apresentado pela OCDE neste mês de outubro, em trabalho realizado em conjunto com o G20, apenas resvala em alguns aspectos da questão. Segundo o diretor da OCDE, o mexicano Angel Gurría, a implementação do plano possibilitará a recuperação de cerca de 250 bilhões de dólares em impostos a nível global.

Entretanto, a visão dos participantes do congresso anual da FTC, em Jacarta, é bem diferente. “É um plano cheio de falhas. É bom que estejamos conversando sobre o assunto, mas a realidade é que não foi falado nada ainda sobre os problemas mais graves relacionados a ele”, disse Porter McConnell à Carta Maior.

O plano da OCDE, que o G20 ratificará em novembro, contém alguns avanços como a obrigação das corporações a informar algo tão básico como onde se produzem os lucros que figuram em seus livros contábeis. Essa informação, que lamentavelmente não será pública, permitirá às autoridades fiscais entender onde estão registrados os lucros das multinacionais que operam constantemente com subsidiárias em paraísos fiscais para driblar a cobrança de impostos.

Segundo o “The Economist” (não precisamente uma organização de esquerda ou uma ONG), o acordo é uma oportunidade perdida, na qual os escassos passos dados foram eclipsados pelos problemas pendentes. “O pior é que a OCDE não avançou nada no caso das `entidades independentes´, no qual se baseia a premissa fictícia de que as companhias e subsidiárias de um grupo corporativo funcionam como entidades legais independentes”, afirma o The Economist.

E este é, precisamente, o coração do problema.

A dimensão desconhecida

O mundo financeiro paralelo dos paraísos fiscais está alimentado por três artérias: a corrupção, a lavagem de dinheiro (tráfico de drogas, armas, pessoas, etc) e o comércio global. Ao contrário da percepção pública, a lavagem de dinheiro e a corrupção, que costumam atrair todo o interesse midiático, são os de menor peso: 20% do total. “O comércio mundial representa 80% do total dessa fuga de capitais. Esse comércio está dominado pelas corporações multinacionais que constituem ao redor de 60% de todos os intercâmbios comerciais globais”, indicou à Carta Maior o representante da Global Witness, Robert Palmer, outro participante da conferência em Jacarta.

O funcionamento interno desse mundo paralelo foi comparado por alguns especialistas a um “sistema ecológico interno de centenas de milhares de companhias”. Exemplos:

– As cem companhias mais importantes do famoso índice Footsie de Londres têm mais de oito mil subsidiárias em paraísos fiscais.

– Nas Ilhas Cayman, um único endereço é declarado como sede de 18 mil companhias.

– Em Amsterdam, a companhia Intertrust fornece serviços financeiros para multinacionais: hoje, existem mais de 10 mil empresas fantasmas registradas na capital holandesa.

Mais casos desse realismo mágico financeiro. As Ilhas Virgens Britânicas, um pequeno arquipélago do Caribe com 28 mil habitantes tem mais de 90 mil companhias – mais de três empresas por habitante – e é uma das maiores responsáveis pelo investimento estrangeiro na China.

A mecânica é simples: uma companhia chinesa realiza seu investimento “estrangeiro” em empresas fantasmas nas Ilhas Virgens, e depois, a partir dessas empresas “estrangeiras”, reinvestem na China pagando menos impostos e aproveitando isenções concedidas aos investidores forasteiros. No jargão dos paraísos fiscais, essa manobra se chama “round trip” (viagem de ida e volta).

O esquema é relativamente simples e não requer um mestrado em contabilidade ou direito internacional. Mas, acredite ou não, nada disso está sob o foco da proposta da OCDE.

Tradução: Victor Farinelli

Feira da reforma agrária, em São Paulo, mostra diversidade da produção brasileira

na Rede Brasil Atual
Centenas de agricultores de todo o país expõem e vendem seu trabalho no Parque da Água Branca. "O MST também é produção", lembra dirigente
por Vitor Nuzzi, da RBA


Um dos objetivos da feira é dar visibilidade à produção de acampamentos e assentamentos, que costuma não ter espaço na mídia tradicional 


São Paulo – Uma variedade de produtos e sotaques invadiu hoje (22) o Parque da Água Branca, na zona oeste de São Paulo, com a abertura da 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária. Centenas de agricultores de todas as regiões mostram a diversidade brasileira no campo, com itens como açúcar mascavo, café, farinha, arroz, feijão, rapadura, mel, leite integral, doces, melado, castanhas, mate, fubá, xarope, algas marinhas desidratadas, frutas, queijo, sucos, cachaça. Organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a feira também terá atividades culturais, shows e praça de alimentação com comidas típicas de cada região.
"As feiras já são muito tradicionais no interior deste Brasil. A ideia é fazer uma amostragem geral. Normalmente se conhece o MST pelo conflito, pela ocupação. O MST é luta, mas também é produção", diz o dirigente nacional Gilmar Mauro. "Também queremos fazer o debate sobre que tipo de uso queremos dar ao solo, que tipo de produto queremos comer. Cada vez mais estamos destruindo o ambiente, envenenando o solo."
Um dos objetivos é dar visibilidade à produção de acampamentos e assentamentos, que costuma não ter espaço na mídia tradicional. "Não é todo mundo, por exemplo, que sabe que a maior produção de arroz orgânico da América Latina pertence aos assentamentos da reforma agrária", diz Carla Guindani, do setor de produção do MST. Os organizadores esperam reunir 800 produtores de todos os estados e comercializar 200 toneladas de produtos.
O técnico em agropecuária Reinaldo Costa veio de Açailândia, no Maranhão, onde ficam os assentamos Califórnia e Terra Nova. Veio com grupo de produtores que incluiu também Pará e Tocantins. Uma viagem de três noites e dois dias. "Chegamos ontem à noite", conta Reinaldo, que trabalha no Terra Nova desde 2001, ainda no processo de divisão de lotes. Na feira, mostrava produtos como azeite de babaçu, licor de murici e de cupuaçu. A produção é escoada por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (de incentivo à agricultura familiar), do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e também em feiras livres.
Do Rio Grande do Sul, entre outros itens, vem o arroz Terra Livre, orgânico, parboilizado e integral. O produto vem da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), criada há 20 anos, que reúne 15 assentamentos em 12 municípios, em um total de 522 famílias. "Temos semente, assistência técnica, calcário, adubo. Nossa moeda de troca passou a ser o produto", conta o produtor Nelson Krupinski, um dos coordenadores da Cootap. "A cooperativa passou a ter um papel fundamental na comercialização". Do lado da barraca de Nelson, eram vendidos doces feitos pelos alunos do Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra), de Veranópolis, também no Rio Grande do Sul.
Formação técnica é uma das demandas do setor, lembra Gilmar Mauro, que também cobra mais investimento por parte do Estado. "É preciso tecnologia, investir em cursos. É preciso que a Embrapa se envolva nisso, que as universidades criem cursos voltados para a agroecologia, é preciso abrir mercado e crias condições de mercado." A comercialização ainda é um desafio, observa o dirigente do MST. "Tem de haver formas de industrializar os produtos para trazer aos grandes centros. Isso ainda é uma dificuldade."
A produtora Cleide Oliveira Ribeiro, de Corumbá de Goiás, se anima com a receptividade ao itens vendidos pelo Assentamento Dom Tomás Balduíno, "o segundo maior do estado", como lembra, com quase 3 mil famílias, e que começou a comercializar produtos recentemente. Vinda de um grupo de 40 pessoas, que também incluiu gente do Distrito Federal, ela comercializava doces, geleias e castanhas de baru, entre outros produtos. "Como teve muito interesse, vamos continuar produzindo, em forma de cooperativa." Os vizinhos da Cleide na feira vêm de outros assentamentos da região, como Canudos, Plínio de Arruda Sampaio e dom Hélder.
Quem passou na feira pela manhã ouviu cantoria de uma trupe que circulava pelos galpões. Às 16h de hoje, está previsto show da dupla Cacique e Pajé. A programação de amanhã inclui, das 9h às 11h, um seminário sobre agrotóxicos e transgênicos e seus impactos no ambiente e na saúde humana. Às 14h, haverá um ato público em defesa dos alimentos saudáveis.

No sábado, penúltimo dia da feira, haverá mais seminários e o show Beatles para Crianças, às 10h. Pereira da Viola se apresenta às 16h e Chico César, às 17h. O encerramento será na tarde de domingo (25), com show de Zé Geraldo (16h30) e um ato político. A programação completa pode ser vista no site.

REVELADOR - FHC admite que sabia de esquema de corrupção na Petrobras e nada fez

na Rede Brasil Atual
Fatos narrados em livro de memórias do ex-presidente o fazem candidato à alcunha de "pai do petrolão"
por Helena Sthephanowitz, para a RBA


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Moralista sem moral. FHC admite em livro que conhecia esquemas de corrupção na Petrobras quando foi presidente


O livro Diários da Presidência, de Fernando Henrique Cardoso, sobre seus anos como dirigente máximo da nossa república, precisa ser anexado aos autos da Operação Lava Jato. Entre outras revelações, o ex-presidente relata ter sido alertado, em 16 de outubro de 1996, que ocorria um "escândalo" dentro da Petrobras. Quem o alertou foi o dono da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, nomeado pelo ex-presidente para o Conselho de Administração da estatal. Nunca é demais lembrar que hoje seu próprio partido, o PSDB, chama as denúncias de corrupção dentro da estatal de "petrolão".
Esse trecho reproduzido do livro é revelador: “Eu queria ouvi-lo sobre a Petrobras. Ele me disse que a Petrobras é um escândalo. Quem manobra tudo e manda mesmo é o Orlando Galvão Filho, embora Joel Rennó tenha autoridade sobre Orlando Galvão (...) todos os diretores da Petrobras são os mesmos do Conselho de Administração (...) São sete diretores e sete membros do conselho. Uma coisa completamente descabida (...) Acho que é preciso intervir na Petrobras. O problema é que eu não quero mexer antes da aprovação da lei de regulamentação do petróleo pelo Congresso".
Ou seja, FHC sabia que havia graves vícios na empresa, uma vez que o Conselho de Administração não controlava a diretoria. Pelo contrário, era a diretoria quem controlava o Conselho, que dava carta branca para fazerem o que quisessem – lembremos que diretores são funcionários de carreira, que ingressaram na Petrobras por concurso.
Mas FHC não fez nada. Fez vista grossa e engavetou o assunto, segundo ele, para não atrapalhar o plano de entrega das riquezas da Petrobras para multinacionais estadunidenses e europeias, que àquela altura tramitava no Congresso Nacional.
Para contextualizar: Joel Rennó era o presidente da Petrobras, ligado ao finado Antônio Carlos de Magalhães (ACM) desde 1992, no governo Itamar Franco. Eram amigos desde 1975, quando ACM presidiu a Eletrobras, em plena ditadura. Ao sair, em 1999, um dos nomes cogitados para substituí-lo era, pasmem, Eduardo Azeredo, então sem mandato, após ter perdido a eleição para o governo de Minas Gerais.
Muito do que vemos hoje poderia ter sido desbaratado antes ou ter sido evitado, se FHC tivesse assumido seu compromisso republicano de combater a corrupção, em vez de varrê-la para baixo do tapete.
Orlando Galvão Filho, aquele que mandava de fato, segundo o ex-presidente, era o manda-chuva da BR Distribuidora e diretor financeiro da Petrobras. Manteve-se lá até 1999. Tinha como diretor João Augusto Rezende Henriques, hoje preso na Operação Lava Jato como operador de propinas do PMDB junto à diretoria internacional e que delatou ter pago propina ao deputado Eduardo Cunha via contas na Suíça.
Ambos responderam processos de tomada de contas no Tribunal de Contas da União (TCU) e foram condenados a devolver R$ 46 milhões (em valores da época) aos cofres da estatal, dinheiro pago por um contrato irregular com o Instituto de Organização Racional do Trabalho do Rio de Janeiro (Idort-RJ). Também foi condenado no mesmo processo Djalma Bastos de Morais, vice-presidente da BR entre 1995 e 1999, quando saiu para ser presidente da Cemig, onde permaneceu durante os governos tucanos de Minas.
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Acórdão do TCU inabilitava diretores da Petrobras para cargos na administração pública federal
Detalhe: um acórdão do TCU inabilitava todos eles para ocupação de cargos na administração pública federal por oito anos.
O jornalista Hélio Fernandes, da Tribuna da Imprensa, denunciou na edição de 15 de novembro de 2002: "Esses pagamentos não eram feitos a céu aberto, e sim creditados numa conta fantasma do Banco Itaú. Uma auditoria interna da própria BR descobriu coisas incríveis. Mas os que protestavam foram imobilizados pela palavra do vice-presidente da BR (ficou no cargo de 20 de julho de 1995 a 12 de janeiro de 1999), que disse aos diretores divergentes: 'Seguimos ordens do presidente Orlando Galvão, que por sua vez recebe ordens do Planalto'".
Um memorando de 1997 mostra que o poderoso Orlando Galvão Filho mantinha sob rédeas curtas até o fundo de pensão Petros, cobrando do presidente do fundo a íntegra de um "acordo" feito com o Banco Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, para gerir a carteira de ações. Chama atenção a palavra "acordo" aparecer entre aspas no memorando.
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Em memorando, Galvão diz a presidente de estatal para honrar 'acordo' com banqueiro
Rede Brasil Atual
Ao sair da BR, Orlando Galvão passou a trabalhar como consultor. Abriu a Ogefi - Serviços Financeiros, tendo como sócia Mary Nelma Galvão, funcionária aposentada do Tribunal de Justiça (TJ), envolvida no escândalo do inventário do ex-senador e antropólogo Darcy Ribeiro. Ao morrer, Darcy deixou sua metade de um apartamento para sua ex-mulher Berta Gleizer Ribeiro, que também faleceu nove meses depois, sem deixar filhos. Mary Galvão foi nomeada inventariante judicial e alugou o imóvel para funcionários do TJ por R$ 800 – quando o valor de mercado do aluguel era R$ 5 mil.
Paulo Ribeiro, sobrinho de Darcy, descobriu o golpe por acaso. A partir daí surgiram fortes indícios de que funcionários do TJ atrasavam o processo de inventário para usufruírem dos bens. Mary Galvão foi destituída do inventário e, em março deste ano, a Corregedoria-Geral da Justiça do Rio mandou lacrar a Central de Inventariantes do Tribunal de Justiça e afastou todos os serventuários do órgão para apurar as ocorrências.
A Ogefi - Serviços Financeiros é uma empresa discreta. Não tem site na internet e não há notícias de qual seja sua atuação. Dividia uma sala no centro do Rio com a Carioca Mineração, empresa baixada pela Receita Federal por omissão contumaz – quando pessoas jurídicas deixam de apresentar a declaração anual de imposto de renda por cinco ou mais anos.
Só uma observação: com este perfil, se fosse empresa de um petista logo diriam ser uma consultoria "de fachada".
Como o mundo é pequeno! Orlando Galvão prestou depoimento ao lado de alguns nomes hoje famosos na Lava Jato. Foi na CPI da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro que investigou o afundamento da Plataforma P-36, em 2001. Depuseram o então gerente de engenharia Pedro Barusco Filho e o então engenheiro da Marítima Petróleo Hamylton Padilha, hoje delator que, segundo o Ministério Público, pagou propinas de US$ 31 milhões para diretores da Petrobras da área internacional e para João Augusto Henriques, que repassou a peemedebistas.
Detalhe: o então deputado estadual Eduardo Cunha foi o atuante vice-presidente da CPI da P-36 na Assembleia Legislativa do Rio.
Orlando Galvão, ao lado de João Augusto Henriques, Djalma Morais e outros também responderam no TCU pelo escândalo da compra de álcool acima do preço. Assinaram aditivos de contratos com várias usinas aceitando acréscimos quando o preço estava em queda.
Esses fatos, entre outros, mostra que os investigadores da Lava Jato só não verão se não quiserem que esquemas de corrupção detectados na Petrobras vieram dos tempos do governo FHC e até de antes. E que bancadas de parlamentares inescrupulosos, diplomados pela Justiça Eleitoral com a chancela de "fichas limpas", exigiam nomeações para garantir a governabilidade no Congresso. Assim, procuraram manter seus antigos esquemas após a mudança de governo de 2003, quando o ex-presidente Lula assumiu seu primeiro mandato.

Se Eduardo Azeredo foi chamado de pai do "mensalão" por ter instaurado o mensalão tucano anos antes do valerioduto chegar aos petistas, as memórias de FHC o fazem candidato à alcunha de "pai do petrolão".

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Professor que é Professor não Tem Medo de Fazer Greve

por José Gilbert Arruda Martins

O GDF desrespeitou a lei, a categoria de professores e professoras, os estudantes e a comunidade, quando não pagou o aumento salarial que foi conquistado nas ruas e na justiça.



O que fazer, além das tentativas de negociação, das inúmeras reuniões dos diversos setores do sindicato com as bases, das assembleias regionais, das cansativas tentativas de envolver no debate os deputados distritais etc. etc. etc. ?

A greve, como já defendi aqui, foi a única alternativa que restou.

O GDF agiu o tempo todo com autoritarismo e desdém com a categoria.

Vejam o que o governador Alkcmin (PSDB), está tentando fazer em São Paulo. A "organização" proposta pelo governo paulista, pode fechar mais de 126 escolas, a maioria nas regiões mais pobres da cidade.

Lute agora!

Professor e professora, não fuja da sua responsabilidade.

A profissão de professor exige de todos nós responsabilidade social, política e a consciência de que, para mantermos a educação pública, entrar em greve é instrumento importante.

Não tenha medo.

Professor e professora que tem medo de fazer greve, que se "aburguesou", após adquirir seu apartamento, carro do ano etc., precisa entender que a luta continua, pois a Educação Pública é do povo, é de todos e todas.

TVT transmite ao vivo correção das provas do Enem no sábado e domingo

na Rede Brasil Atual
Professores do Cursinho da Poli farão uma análise das questões, entre 18h e 22h. A correção das provas também será transmitida online na página da RBA


Enem
7,7 milhões de candidatos farão o exame, utilizado como método de ingresso em universidades públicas

São Paulo – A TV dos Trabalhadores (TVT), emissora educativa, cultural e sem fins lucrativos, transmitirá ao vivo a correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no próximo final de semana (24 e 25), entre 18h e 22h. Por meio de uma parceria entre o Cursinho da Poli e a Escola Livre de Formação Integral Dona Lindu, professores farão uma avaliação das questões, além de dar informações aos estudantes sobre os processos seletivos que utilizam a nota da prova.
Neste ano, 7,7 milhões de candidatos farão o exame, utilizado como método de ingresso em universidades públicas e de acesso a programas sociais, como o Programa Universidade para Todos (Prouni).
TVT pode ser sintonizada em São Paulo e Grande São Paulo no canal 8.1, no ABC paulista pelo canal 12 da NET, e em Mogi das Cruzes e região, pelo canal 13 da NET. Além disso, a correção das provas também será transmitida online na página da RBA.
A emissora é o primeiro canal aberto de televisão obtido por entidades de trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ela começou a ser planejada por dirigentes e militantes da democratização da comunicação em 1980, porém só foi viabilizada em 2010, com a concessão de uma unidade geradora, em Mogi das Cruzes.
O projeto é mantido pela Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho, entidade cultural sem fins lucrativos mantida pelo sindicato. Hoje, a TVT conta com a participação de outras entidades de trabalhadores, como o Sindicato dos Bancários de São Paulo, e desenvolve estreita parceria com a Rede Brasil Atual para o compartilhamento de produção editorial.

O Enem

Entre os inscritos no Enem 2015, 2,6 milhões farão o teste pela primeira vez. Ao todo, 45,48% se declararam pardos, 37,16% brancos, 12,69% pretos, 2,05% amarelos e 0,58% indígenas. Além disso, 278 estudantes transexuais solicitaram e terão o direito a usar o nome social.
Nos dias do Enem, os portões dos locais de prova serão abertos às 12h e fechados às 13h, com a tradicional pontualidade. Serão 14.455 endereços de aplicação em todos os estados do país e no Distrito Federal. É recomendado que os candidatos façam uma visita prévia ao local, para garantir a chegada para a prova.

Para MST, ação judicial contra Sem Terras em TO visa criminalizar a luta social

no Portal do MST
13 militantes tiveram o mandado de prisão decretado pelo MP de Araguatins por causa de uma ação em que Sem Terra foi baleado.




O Ministério Público de Araguatins (TO) expediu nesta quarta-feira (21) o mandado de prisão contra 13 militantes social do MST do estado e outro do movimento de moradia por conta do conflito ocorrido durante a ocupação da Fazenda Santa Hilário, entre os dias 2 e 3 de maio de 2015.

Na ocasião, um militante do MST foi atingido com um tiro disparado pelo policial aposentado que mora na sede da fazenda na condição de capatais.

Segundo os Sem Terra, essa ação judicial tem o intuito de criminalizar a luta e os movimentos populares no estado.   

A direção estadual do MST alega que durante a ação na fazenda os trabalhadores rurais realizavam uma manifestação pacífica que tinha o objetivo de chamar a atenção das autoridades e dos órgãos públicos responsáveis para que as famílias Sem Terra da região do Bico do Papagaio pudessem ser assentadas.

Os Sem Terra alegam que a área pertence à União e foi grilada pelo fazendeiro paulista Lund Antônio Borges. 

“Neste sentido, os movimentos sociais repudiam e exigem das autoridades e órgãos competentes respostas concretas frente ao acelerado aumento da brutal violência que atinge profundamente os trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra e as comunidades camponesas da região do Bico do Papagaio, e ações que tende a intensificar e tomar proporções ainda maiores de conflitos agrários pela disputa de terra”, diz a nota.

Eles ainda destacam que o Estado deveria adotar outro caminho “que não seja criminalizar, prender e matar os movimentos sociais e seus militantes”, já que tem sido comum “vivenciarmos a ocorrência de conflitos pela terra resultando em agressões, ameaças, perseguições, criminalização, prisões e assassinatos de camponeses, de suas lideranças e organizações”. 

E denunciam que “os órgãos de segurança pública, bem como, o poder judiciário são inoperantes frente às atrocidades do latifúndio ocorridas contra os camponeses. Uma parte dos agentes públicos de segurança age como suporte de apoio ao latifúndio e pistolagem contra os camponeses”.

Diante dessa situação, os trabalhadores rurais exigem que os órgãos responsáveis, como o Incra e Instituto de Terras do Estado do Tocantins (Itertins) “realizem suas ações constitucionais em favor da reforma agrária e efetivar as políticas públicas que foram vergonhosamente abandonadas pelos sucessivos governos federal e estadual, que sempre impulsionaram a expansão do agronegócio, em detrimento de milhões de camponeses”.

Histórico da Fazenda Santa Hilária 

Desde 2003, a Fazenda Santa Hilário, situada no município de Araguatins-TO, vem sendo reivindicada por trabalhadores rurais Sem Terra e também tem sido palco de disputa pela posse e domínio da terra. 

Em agosto de 2004, o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego resgatou 13 pessoas de uma mesma família vivendo em condições degradantes na fazenda, sendo que três eram menores de idade. Foram libertados também seis trabalhadores em condições de escravidão. 

Em agosto de 2007 a Fazenda Santa Hilário foi cenário de conflito entre Sem Terra, pistoleiros e policiais militares, o que acabou ocasionando no assassinato do lavrador José Reis, de 25 anos. Até o momento, as circunstâncias e autoria do ato não foram esclarecidas e o crime continua impune.  

No dia 2 abril de 2009, o Acampamento Alto da Paz, localizado ao lado da Fazenda Santa Hilário, sofreu um atentado, em que três pessoas num carro realizaram disparos com arma de fogo contra o acampamento, e um dos tiros atingiu um trabalhador Sem Terra no braço. 

No dia seguinte 3 de abril de 2009,  as 100 famílias do acampamento foram violentamente despejadas.  Durante a ação, trabalhadores foram presos e uma pessoa foi agredida. Os policiais realizaram disparos e em seguida as moradias foram destruídas. Foi a terceira ação de despejo sofrida pelos acampados. 

As famílias que residiam próximas a Fazenda Santa Hilário desenvolviam atividades produtivas em pequenas roças, enquanto aguardavam o desdobramento sob a disputa de domínio da área entre Incra, o fazendeiro e o ITERTINS. Toda esta questão culminou no processo que foi encaminhado para o Supremo Tribunal Federal (STF).