sábado, 24 de outubro de 2015

A Esquerda Brasileira Precisa Levar Sua Narrativa à Sociedade

por José Gilbert Arruda Martins

A matéria "FHC admite que sabia de esquema de corrupção na Petrobrás e nada fez" da Helena Sthephanowitz que saiu esta semana, é emblemática e, se nossa justiça e política fossem responsáveis, seria motivo mais que suficiente, para que agentes públicos, políticos e o PSDB fossem chamados à Operação "Vaza Jato" do Moro.


E a Globo, Folha, Estadão, Veja, Época... o PIG em geral, têm a obrigação de divulgar à opinião pública brasileira fatos que mostram claramente que o PT não pode ser o principal responsável por este fato lamentável da história recente do país.

A "grande" mídia, capitaneada pela Globo, mais o STF da época do Joaquim Barbosa, com suas ações maquiavélicas e irresponsáveis, jogaram na lama nomes de pessoas e instituições, entre elas, o nome do maior e mais importante presidente da República brasileira Lula da Silva e seu partido o PT, como os responsáveis pelo processo de corrupção na Petrobrás.

E a matéria citada acima, mostra exatamente o contrário.

FHC e o PSDB sabiam.

Não foi a capa da Veja ou o Wiliam Bonner que falaram isso, foi o próprio FHC.

FHC e o PSDB sabiam do processo de corrupção instalado na Petrobrás e engavetou para não atrapalhar a entrega da estatal ao capital internacional.

A velha e golpista mídia é forte e presente, apesar de toda a crise divulgada.

O PIG tem muita força perante o povo brasileiro.

Entra nos lares, igrejas, barezinhos, hospitais, clínicas, paradas de ônibus, estações de metrôs, locais de trabalho e, pasmem, até nas salas de professores de escolas públicas.

Ontem fui a uma grande clínica aqui de Brasília e presenciei, durante todo o tempo que fiquei para ser atendido, cerca de 4 horas, toda a manhã, praticamente, os cinco monitores que chamam as senhas, estavam ligados na Globo, é uma lavagem cerebral poderosa, apenas o que eles querem fica no imaginário do povo, ricos e pobres, remediados e miseráveis, todos sofrem essa manipulação diária.

A esquerda precisa ir além dos blogs.

A internet ainda é privilégio de poucos no Brasil.

O brasileiro ver a notícias na "grande" mídia, e é "lavado" lá com as notícias pensadas com palavras postas e editadas à maneira do golpista.

Precisamos criar uma maneira para que o Estado brasileiro, em nome da construção democrática, crie uma regulamentação que force essa mídia irresponsável fazer a parte dela, não podemos aceitar que a esquerda, seja crucificada e execrada em praça pública, enquanto Cunha, o DEM e o PSDB fiquem totalmente impunes.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Sobre pianos e turntables

na Carta Maior

Na academia, muito se fala sobre as implicações sociais do funk. Pouco se fala da estética e dinamismo criativo emergidos de um movimento complexo.

Andrei Reina (*)
Desde a conturbada gestão de Ana de Hollanda à frente do Ministério da Cultura, a gestão pública na área tem sido debatida cada vez mais. Embora louvável, esse aumento em quantidade nem sempre vem acompanhado de qualidade. No que diz respeito à música, um dos tópicos mais polêmicos gira em torno do funk carioca. Tirando os que se prestam ao preconceito puro e simples, é possível observar duas tendências ao olhar o fenômeno que costumam prevalecer.

Há quem trate o gênero em um tom patriarcal e inflija um olhar maniqueísta sobre os artistas dali oriundos, contrapondo-os entre politizados e alienados. Existiria, de um lado, o artista preocupado com sua comunidade e, de outro, aquele cuja atenção se dirige exclusivamente para sua ascensão social. Logo, é um olhar violento que retira de um movimento complexo apenas o que lhe apraz.

A outra revela seu germe no distanciamento e contamina parte da academia - sublinhado pelo fato da maioria dos estudos sobre o funk pertencer às prateleiras de Antropologia. Ou seja, uma ciência fundada na questão da alteridade teve de tentar dar conta do fenômeno. Com isso, pouco se fala da estética e dinamismo criativo dali emergidos, e sim de suas implicações sociais.

Não é preciso muito para notar o quanto essas visões são limitadas, mas há exemplos ainda mais escatológicos dentro do progressismo. No dia 16 de setembro, em debate promovido pelo Programa de Educação Tutorial do Departamento de Filosofia da FFLCH-USP, o professor Vladimir Safatle afirmou categoricamente que “o funk não deu em nada”. Embora ele defendesse que a divisão entre culturas popular e erudita não fosse mais suficiente - o que parece bastante razoável -, suas falas revelavam grande ignorância sobre manifestações tidas como populares.

Um ponto consensual entre aqueles preocupados com a gestão pública da cultura é a necessidade urgente da universalização do acesso ao ensino e produção artística. Isto se daria, por exemplo, com multiplicação de centros culturais pela cidade, que levassem para além do centro ensino de longo prazo e aprofundado de história e fruição das artes, bem como oferecesse meios para produção de novo conteúdo.

Quando a crítica à precariedade dos aparelhos culturais do Estado vem acompanhada de distanciamento, desconhecimento e preconceito em relação a fenômenos populares como o funk, ela se torna imediatamente surda e ecoa em um ou outro gabinete mofado. Enquanto se discute o que é arte ou o que seria sub-serviço à indústria cultural hoje, tanto não são construídos conservatórios como são reprimidos bailes funk. Como em vários casos em que a consequência do sectarismo na esquerda grita, quem ganha com a falta de unidade é justamente a estrutura que se tenta combater.

Um discurso verdadeiramente progressista de ampliação ao acesso à cultura deve necessariamente alojar sob o mesmo teto pianos de cauda e turntables. É preciso que seja proporcionado indistintamente o contato com toda a arte produzida até então e inserir a todos no diálogo com linguagens contemporâneas. Para tanto, é preciso que esteja à mão do novo artista o ensino que até hoje lhe foi negado e os instrumentos para que possa ressignificar e criticar a sua realidade da maneira que lhe parecer apropriado. Seja através de uma composição eletroacústica ou de uma rima proibidona.

(*) Andrei Reina é estudante de Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP.

Sonegação: o realismo mágico das finanças

na Carta Maior

Entre 1960 e 1970, cerca de 24 bilhões de dólares desapareceram da economia brasileira, entre 2000-2009, essa cifra disparou a 500 bilhões.

Marcelo Justo
Ilhas Cayman - Foto: KatieThebeau
Jacarta - O congresso anual da Coalizão pela Transparência Financeira (FTC, em sua sigla em inglês), que se encerrará nesta quarta-feira, em Jacarta, é um abecedário do realismo mágico das finanças globais. Neste mundo paralelo, as empresas não tem diretores, nem empregados, nem seres humanos, e um mero edifício nas Ilhas Cayman é a sede de 18 mil multinacionais. “Estamos falando de bilhões e bilhões dólares anuais subtraídos da economia global. São fundos que poderiam ser destinados ao investimento social ou para infraestrutura, ambos aspectos fundamentais para os países em desenvolvimento”, indicou Porter McConnell, diretora da FTC, em entrevista para a Carta Maior.

Essa avaliação se mostra claramente num informe sobre o Brasil e outras quatro “economias em desenvolvimento” da Global Financial Integrity (GFI), uma das 150 organizações que formam a FTC e que tem membros em 40 nações. Segundo a GFI, entre 1960 e 2012, o Brasil perdeu cerca de um trilhão de dólares entre esquemas de evasão fiscal e fuga de capitais, um montante equivalente à metade do Produto Interno Bruto anual e quatro vezes maior que as exportações do país.

O mais interessante é perceber como essa quantia foi se duplicando a cada década. Entre 1960 e 1970, cerca de 24 bilhões de dólares desapareceram da economia nacional, entre 2000-2009, essa cifra disparou a 500 bilhões – a medição considera valores constantes do dólar.

Esse crescimento constante da sonegação fiscal e da fuga de capitais mostra de uma economia cada vez mais estruturalmente condicionada em sua dinâmica e funcionamento pelas sombras que floresceram junto com o surgimento de muitos novos paraísos fiscais e a liberalização financeira mundial, observada a partir dos Anos 80. Prova de que as políticas progressistas em matéria econômica e social não estão sendo suficientes: a cifra seguiu aumentando entre 2010 e 2012. “O impacto foi sentido em toda a economia, tanto nos tempos de bonança como nos de dificuldades. Um dos problemas é que o investimento estimulado por um desenvolvimento positivo da economia formal do Brasil acaba se retraindo devido ao crescimento dessa economia subterrânea”, indicou Dev Kar, economista-chefe da GFI e coautor do informe, em entrevista à Carta Maior.

Nesse quadro de massiva evasão fiscal, as multinacionais exercem um papel central. Segundo o informe da GFI, a subfaturação e outros artifícios “financeiros” tiraram do circuito formal econômico do Brasil cerca de 80 bilhões de dólares só em 2012, equivalentes a aproximadamente 4% do PIB. “É um dos mecanismos mais usados na fuga de capitais ilícita”, relata Dev Kar.

O G20 e a OCDE

Mas o problema é internacional. O plano para eliminar a evasão fiscal das multinacionais, apresentado pela OCDE neste mês de outubro, em trabalho realizado em conjunto com o G20, apenas resvala em alguns aspectos da questão. Segundo o diretor da OCDE, o mexicano Angel Gurría, a implementação do plano possibilitará a recuperação de cerca de 250 bilhões de dólares em impostos a nível global.

Entretanto, a visão dos participantes do congresso anual da FTC, em Jacarta, é bem diferente. “É um plano cheio de falhas. É bom que estejamos conversando sobre o assunto, mas a realidade é que não foi falado nada ainda sobre os problemas mais graves relacionados a ele”, disse Porter McConnell à Carta Maior.

O plano da OCDE, que o G20 ratificará em novembro, contém alguns avanços como a obrigação das corporações a informar algo tão básico como onde se produzem os lucros que figuram em seus livros contábeis. Essa informação, que lamentavelmente não será pública, permitirá às autoridades fiscais entender onde estão registrados os lucros das multinacionais que operam constantemente com subsidiárias em paraísos fiscais para driblar a cobrança de impostos.

Segundo o “The Economist” (não precisamente uma organização de esquerda ou uma ONG), o acordo é uma oportunidade perdida, na qual os escassos passos dados foram eclipsados pelos problemas pendentes. “O pior é que a OCDE não avançou nada no caso das `entidades independentes´, no qual se baseia a premissa fictícia de que as companhias e subsidiárias de um grupo corporativo funcionam como entidades legais independentes”, afirma o The Economist.

E este é, precisamente, o coração do problema.

A dimensão desconhecida

O mundo financeiro paralelo dos paraísos fiscais está alimentado por três artérias: a corrupção, a lavagem de dinheiro (tráfico de drogas, armas, pessoas, etc) e o comércio global. Ao contrário da percepção pública, a lavagem de dinheiro e a corrupção, que costumam atrair todo o interesse midiático, são os de menor peso: 20% do total. “O comércio mundial representa 80% do total dessa fuga de capitais. Esse comércio está dominado pelas corporações multinacionais que constituem ao redor de 60% de todos os intercâmbios comerciais globais”, indicou à Carta Maior o representante da Global Witness, Robert Palmer, outro participante da conferência em Jacarta.

O funcionamento interno desse mundo paralelo foi comparado por alguns especialistas a um “sistema ecológico interno de centenas de milhares de companhias”. Exemplos:

– As cem companhias mais importantes do famoso índice Footsie de Londres têm mais de oito mil subsidiárias em paraísos fiscais.

– Nas Ilhas Cayman, um único endereço é declarado como sede de 18 mil companhias.

– Em Amsterdam, a companhia Intertrust fornece serviços financeiros para multinacionais: hoje, existem mais de 10 mil empresas fantasmas registradas na capital holandesa.

Mais casos desse realismo mágico financeiro. As Ilhas Virgens Britânicas, um pequeno arquipélago do Caribe com 28 mil habitantes tem mais de 90 mil companhias – mais de três empresas por habitante – e é uma das maiores responsáveis pelo investimento estrangeiro na China.

A mecânica é simples: uma companhia chinesa realiza seu investimento “estrangeiro” em empresas fantasmas nas Ilhas Virgens, e depois, a partir dessas empresas “estrangeiras”, reinvestem na China pagando menos impostos e aproveitando isenções concedidas aos investidores forasteiros. No jargão dos paraísos fiscais, essa manobra se chama “round trip” (viagem de ida e volta).

O esquema é relativamente simples e não requer um mestrado em contabilidade ou direito internacional. Mas, acredite ou não, nada disso está sob o foco da proposta da OCDE.

Tradução: Victor Farinelli

Feira da reforma agrária, em São Paulo, mostra diversidade da produção brasileira

na Rede Brasil Atual
Centenas de agricultores de todo o país expõem e vendem seu trabalho no Parque da Água Branca. "O MST também é produção", lembra dirigente
por Vitor Nuzzi, da RBA


Um dos objetivos da feira é dar visibilidade à produção de acampamentos e assentamentos, que costuma não ter espaço na mídia tradicional 


São Paulo – Uma variedade de produtos e sotaques invadiu hoje (22) o Parque da Água Branca, na zona oeste de São Paulo, com a abertura da 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária. Centenas de agricultores de todas as regiões mostram a diversidade brasileira no campo, com itens como açúcar mascavo, café, farinha, arroz, feijão, rapadura, mel, leite integral, doces, melado, castanhas, mate, fubá, xarope, algas marinhas desidratadas, frutas, queijo, sucos, cachaça. Organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a feira também terá atividades culturais, shows e praça de alimentação com comidas típicas de cada região.
"As feiras já são muito tradicionais no interior deste Brasil. A ideia é fazer uma amostragem geral. Normalmente se conhece o MST pelo conflito, pela ocupação. O MST é luta, mas também é produção", diz o dirigente nacional Gilmar Mauro. "Também queremos fazer o debate sobre que tipo de uso queremos dar ao solo, que tipo de produto queremos comer. Cada vez mais estamos destruindo o ambiente, envenenando o solo."
Um dos objetivos é dar visibilidade à produção de acampamentos e assentamentos, que costuma não ter espaço na mídia tradicional. "Não é todo mundo, por exemplo, que sabe que a maior produção de arroz orgânico da América Latina pertence aos assentamentos da reforma agrária", diz Carla Guindani, do setor de produção do MST. Os organizadores esperam reunir 800 produtores de todos os estados e comercializar 200 toneladas de produtos.
O técnico em agropecuária Reinaldo Costa veio de Açailândia, no Maranhão, onde ficam os assentamos Califórnia e Terra Nova. Veio com grupo de produtores que incluiu também Pará e Tocantins. Uma viagem de três noites e dois dias. "Chegamos ontem à noite", conta Reinaldo, que trabalha no Terra Nova desde 2001, ainda no processo de divisão de lotes. Na feira, mostrava produtos como azeite de babaçu, licor de murici e de cupuaçu. A produção é escoada por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (de incentivo à agricultura familiar), do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e também em feiras livres.
Do Rio Grande do Sul, entre outros itens, vem o arroz Terra Livre, orgânico, parboilizado e integral. O produto vem da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), criada há 20 anos, que reúne 15 assentamentos em 12 municípios, em um total de 522 famílias. "Temos semente, assistência técnica, calcário, adubo. Nossa moeda de troca passou a ser o produto", conta o produtor Nelson Krupinski, um dos coordenadores da Cootap. "A cooperativa passou a ter um papel fundamental na comercialização". Do lado da barraca de Nelson, eram vendidos doces feitos pelos alunos do Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra), de Veranópolis, também no Rio Grande do Sul.
Formação técnica é uma das demandas do setor, lembra Gilmar Mauro, que também cobra mais investimento por parte do Estado. "É preciso tecnologia, investir em cursos. É preciso que a Embrapa se envolva nisso, que as universidades criem cursos voltados para a agroecologia, é preciso abrir mercado e crias condições de mercado." A comercialização ainda é um desafio, observa o dirigente do MST. "Tem de haver formas de industrializar os produtos para trazer aos grandes centros. Isso ainda é uma dificuldade."
A produtora Cleide Oliveira Ribeiro, de Corumbá de Goiás, se anima com a receptividade ao itens vendidos pelo Assentamento Dom Tomás Balduíno, "o segundo maior do estado", como lembra, com quase 3 mil famílias, e que começou a comercializar produtos recentemente. Vinda de um grupo de 40 pessoas, que também incluiu gente do Distrito Federal, ela comercializava doces, geleias e castanhas de baru, entre outros produtos. "Como teve muito interesse, vamos continuar produzindo, em forma de cooperativa." Os vizinhos da Cleide na feira vêm de outros assentamentos da região, como Canudos, Plínio de Arruda Sampaio e dom Hélder.
Quem passou na feira pela manhã ouviu cantoria de uma trupe que circulava pelos galpões. Às 16h de hoje, está previsto show da dupla Cacique e Pajé. A programação de amanhã inclui, das 9h às 11h, um seminário sobre agrotóxicos e transgênicos e seus impactos no ambiente e na saúde humana. Às 14h, haverá um ato público em defesa dos alimentos saudáveis.

No sábado, penúltimo dia da feira, haverá mais seminários e o show Beatles para Crianças, às 10h. Pereira da Viola se apresenta às 16h e Chico César, às 17h. O encerramento será na tarde de domingo (25), com show de Zé Geraldo (16h30) e um ato político. A programação completa pode ser vista no site.

REVELADOR - FHC admite que sabia de esquema de corrupção na Petrobras e nada fez

na Rede Brasil Atual
Fatos narrados em livro de memórias do ex-presidente o fazem candidato à alcunha de "pai do petrolão"
por Helena Sthephanowitz, para a RBA


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Moralista sem moral. FHC admite em livro que conhecia esquemas de corrupção na Petrobras quando foi presidente


O livro Diários da Presidência, de Fernando Henrique Cardoso, sobre seus anos como dirigente máximo da nossa república, precisa ser anexado aos autos da Operação Lava Jato. Entre outras revelações, o ex-presidente relata ter sido alertado, em 16 de outubro de 1996, que ocorria um "escândalo" dentro da Petrobras. Quem o alertou foi o dono da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, nomeado pelo ex-presidente para o Conselho de Administração da estatal. Nunca é demais lembrar que hoje seu próprio partido, o PSDB, chama as denúncias de corrupção dentro da estatal de "petrolão".
Esse trecho reproduzido do livro é revelador: “Eu queria ouvi-lo sobre a Petrobras. Ele me disse que a Petrobras é um escândalo. Quem manobra tudo e manda mesmo é o Orlando Galvão Filho, embora Joel Rennó tenha autoridade sobre Orlando Galvão (...) todos os diretores da Petrobras são os mesmos do Conselho de Administração (...) São sete diretores e sete membros do conselho. Uma coisa completamente descabida (...) Acho que é preciso intervir na Petrobras. O problema é que eu não quero mexer antes da aprovação da lei de regulamentação do petróleo pelo Congresso".
Ou seja, FHC sabia que havia graves vícios na empresa, uma vez que o Conselho de Administração não controlava a diretoria. Pelo contrário, era a diretoria quem controlava o Conselho, que dava carta branca para fazerem o que quisessem – lembremos que diretores são funcionários de carreira, que ingressaram na Petrobras por concurso.
Mas FHC não fez nada. Fez vista grossa e engavetou o assunto, segundo ele, para não atrapalhar o plano de entrega das riquezas da Petrobras para multinacionais estadunidenses e europeias, que àquela altura tramitava no Congresso Nacional.
Para contextualizar: Joel Rennó era o presidente da Petrobras, ligado ao finado Antônio Carlos de Magalhães (ACM) desde 1992, no governo Itamar Franco. Eram amigos desde 1975, quando ACM presidiu a Eletrobras, em plena ditadura. Ao sair, em 1999, um dos nomes cogitados para substituí-lo era, pasmem, Eduardo Azeredo, então sem mandato, após ter perdido a eleição para o governo de Minas Gerais.
Muito do que vemos hoje poderia ter sido desbaratado antes ou ter sido evitado, se FHC tivesse assumido seu compromisso republicano de combater a corrupção, em vez de varrê-la para baixo do tapete.
Orlando Galvão Filho, aquele que mandava de fato, segundo o ex-presidente, era o manda-chuva da BR Distribuidora e diretor financeiro da Petrobras. Manteve-se lá até 1999. Tinha como diretor João Augusto Rezende Henriques, hoje preso na Operação Lava Jato como operador de propinas do PMDB junto à diretoria internacional e que delatou ter pago propina ao deputado Eduardo Cunha via contas na Suíça.
Ambos responderam processos de tomada de contas no Tribunal de Contas da União (TCU) e foram condenados a devolver R$ 46 milhões (em valores da época) aos cofres da estatal, dinheiro pago por um contrato irregular com o Instituto de Organização Racional do Trabalho do Rio de Janeiro (Idort-RJ). Também foi condenado no mesmo processo Djalma Bastos de Morais, vice-presidente da BR entre 1995 e 1999, quando saiu para ser presidente da Cemig, onde permaneceu durante os governos tucanos de Minas.
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Acórdão do TCU inabilitava diretores da Petrobras para cargos na administração pública federal
Detalhe: um acórdão do TCU inabilitava todos eles para ocupação de cargos na administração pública federal por oito anos.
O jornalista Hélio Fernandes, da Tribuna da Imprensa, denunciou na edição de 15 de novembro de 2002: "Esses pagamentos não eram feitos a céu aberto, e sim creditados numa conta fantasma do Banco Itaú. Uma auditoria interna da própria BR descobriu coisas incríveis. Mas os que protestavam foram imobilizados pela palavra do vice-presidente da BR (ficou no cargo de 20 de julho de 1995 a 12 de janeiro de 1999), que disse aos diretores divergentes: 'Seguimos ordens do presidente Orlando Galvão, que por sua vez recebe ordens do Planalto'".
Um memorando de 1997 mostra que o poderoso Orlando Galvão Filho mantinha sob rédeas curtas até o fundo de pensão Petros, cobrando do presidente do fundo a íntegra de um "acordo" feito com o Banco Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, para gerir a carteira de ações. Chama atenção a palavra "acordo" aparecer entre aspas no memorando.
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Em memorando, Galvão diz a presidente de estatal para honrar 'acordo' com banqueiro
Rede Brasil Atual
Ao sair da BR, Orlando Galvão passou a trabalhar como consultor. Abriu a Ogefi - Serviços Financeiros, tendo como sócia Mary Nelma Galvão, funcionária aposentada do Tribunal de Justiça (TJ), envolvida no escândalo do inventário do ex-senador e antropólogo Darcy Ribeiro. Ao morrer, Darcy deixou sua metade de um apartamento para sua ex-mulher Berta Gleizer Ribeiro, que também faleceu nove meses depois, sem deixar filhos. Mary Galvão foi nomeada inventariante judicial e alugou o imóvel para funcionários do TJ por R$ 800 – quando o valor de mercado do aluguel era R$ 5 mil.
Paulo Ribeiro, sobrinho de Darcy, descobriu o golpe por acaso. A partir daí surgiram fortes indícios de que funcionários do TJ atrasavam o processo de inventário para usufruírem dos bens. Mary Galvão foi destituída do inventário e, em março deste ano, a Corregedoria-Geral da Justiça do Rio mandou lacrar a Central de Inventariantes do Tribunal de Justiça e afastou todos os serventuários do órgão para apurar as ocorrências.
A Ogefi - Serviços Financeiros é uma empresa discreta. Não tem site na internet e não há notícias de qual seja sua atuação. Dividia uma sala no centro do Rio com a Carioca Mineração, empresa baixada pela Receita Federal por omissão contumaz – quando pessoas jurídicas deixam de apresentar a declaração anual de imposto de renda por cinco ou mais anos.
Só uma observação: com este perfil, se fosse empresa de um petista logo diriam ser uma consultoria "de fachada".
Como o mundo é pequeno! Orlando Galvão prestou depoimento ao lado de alguns nomes hoje famosos na Lava Jato. Foi na CPI da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro que investigou o afundamento da Plataforma P-36, em 2001. Depuseram o então gerente de engenharia Pedro Barusco Filho e o então engenheiro da Marítima Petróleo Hamylton Padilha, hoje delator que, segundo o Ministério Público, pagou propinas de US$ 31 milhões para diretores da Petrobras da área internacional e para João Augusto Henriques, que repassou a peemedebistas.
Detalhe: o então deputado estadual Eduardo Cunha foi o atuante vice-presidente da CPI da P-36 na Assembleia Legislativa do Rio.
Orlando Galvão, ao lado de João Augusto Henriques, Djalma Morais e outros também responderam no TCU pelo escândalo da compra de álcool acima do preço. Assinaram aditivos de contratos com várias usinas aceitando acréscimos quando o preço estava em queda.
Esses fatos, entre outros, mostra que os investigadores da Lava Jato só não verão se não quiserem que esquemas de corrupção detectados na Petrobras vieram dos tempos do governo FHC e até de antes. E que bancadas de parlamentares inescrupulosos, diplomados pela Justiça Eleitoral com a chancela de "fichas limpas", exigiam nomeações para garantir a governabilidade no Congresso. Assim, procuraram manter seus antigos esquemas após a mudança de governo de 2003, quando o ex-presidente Lula assumiu seu primeiro mandato.

Se Eduardo Azeredo foi chamado de pai do "mensalão" por ter instaurado o mensalão tucano anos antes do valerioduto chegar aos petistas, as memórias de FHC o fazem candidato à alcunha de "pai do petrolão".

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Professor que é Professor não Tem Medo de Fazer Greve

por José Gilbert Arruda Martins

O GDF desrespeitou a lei, a categoria de professores e professoras, os estudantes e a comunidade, quando não pagou o aumento salarial que foi conquistado nas ruas e na justiça.



O que fazer, além das tentativas de negociação, das inúmeras reuniões dos diversos setores do sindicato com as bases, das assembleias regionais, das cansativas tentativas de envolver no debate os deputados distritais etc. etc. etc. ?

A greve, como já defendi aqui, foi a única alternativa que restou.

O GDF agiu o tempo todo com autoritarismo e desdém com a categoria.

Vejam o que o governador Alkcmin (PSDB), está tentando fazer em São Paulo. A "organização" proposta pelo governo paulista, pode fechar mais de 126 escolas, a maioria nas regiões mais pobres da cidade.

Lute agora!

Professor e professora, não fuja da sua responsabilidade.

A profissão de professor exige de todos nós responsabilidade social, política e a consciência de que, para mantermos a educação pública, entrar em greve é instrumento importante.

Não tenha medo.

Professor e professora que tem medo de fazer greve, que se "aburguesou", após adquirir seu apartamento, carro do ano etc., precisa entender que a luta continua, pois a Educação Pública é do povo, é de todos e todas.

TVT transmite ao vivo correção das provas do Enem no sábado e domingo

na Rede Brasil Atual
Professores do Cursinho da Poli farão uma análise das questões, entre 18h e 22h. A correção das provas também será transmitida online na página da RBA


Enem
7,7 milhões de candidatos farão o exame, utilizado como método de ingresso em universidades públicas

São Paulo – A TV dos Trabalhadores (TVT), emissora educativa, cultural e sem fins lucrativos, transmitirá ao vivo a correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no próximo final de semana (24 e 25), entre 18h e 22h. Por meio de uma parceria entre o Cursinho da Poli e a Escola Livre de Formação Integral Dona Lindu, professores farão uma avaliação das questões, além de dar informações aos estudantes sobre os processos seletivos que utilizam a nota da prova.
Neste ano, 7,7 milhões de candidatos farão o exame, utilizado como método de ingresso em universidades públicas e de acesso a programas sociais, como o Programa Universidade para Todos (Prouni).
TVT pode ser sintonizada em São Paulo e Grande São Paulo no canal 8.1, no ABC paulista pelo canal 12 da NET, e em Mogi das Cruzes e região, pelo canal 13 da NET. Além disso, a correção das provas também será transmitida online na página da RBA.
A emissora é o primeiro canal aberto de televisão obtido por entidades de trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ela começou a ser planejada por dirigentes e militantes da democratização da comunicação em 1980, porém só foi viabilizada em 2010, com a concessão de uma unidade geradora, em Mogi das Cruzes.
O projeto é mantido pela Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho, entidade cultural sem fins lucrativos mantida pelo sindicato. Hoje, a TVT conta com a participação de outras entidades de trabalhadores, como o Sindicato dos Bancários de São Paulo, e desenvolve estreita parceria com a Rede Brasil Atual para o compartilhamento de produção editorial.

O Enem

Entre os inscritos no Enem 2015, 2,6 milhões farão o teste pela primeira vez. Ao todo, 45,48% se declararam pardos, 37,16% brancos, 12,69% pretos, 2,05% amarelos e 0,58% indígenas. Além disso, 278 estudantes transexuais solicitaram e terão o direito a usar o nome social.
Nos dias do Enem, os portões dos locais de prova serão abertos às 12h e fechados às 13h, com a tradicional pontualidade. Serão 14.455 endereços de aplicação em todos os estados do país e no Distrito Federal. É recomendado que os candidatos façam uma visita prévia ao local, para garantir a chegada para a prova.

Para MST, ação judicial contra Sem Terras em TO visa criminalizar a luta social

no Portal do MST
13 militantes tiveram o mandado de prisão decretado pelo MP de Araguatins por causa de uma ação em que Sem Terra foi baleado.




O Ministério Público de Araguatins (TO) expediu nesta quarta-feira (21) o mandado de prisão contra 13 militantes social do MST do estado e outro do movimento de moradia por conta do conflito ocorrido durante a ocupação da Fazenda Santa Hilário, entre os dias 2 e 3 de maio de 2015.

Na ocasião, um militante do MST foi atingido com um tiro disparado pelo policial aposentado que mora na sede da fazenda na condição de capatais.

Segundo os Sem Terra, essa ação judicial tem o intuito de criminalizar a luta e os movimentos populares no estado.   

A direção estadual do MST alega que durante a ação na fazenda os trabalhadores rurais realizavam uma manifestação pacífica que tinha o objetivo de chamar a atenção das autoridades e dos órgãos públicos responsáveis para que as famílias Sem Terra da região do Bico do Papagaio pudessem ser assentadas.

Os Sem Terra alegam que a área pertence à União e foi grilada pelo fazendeiro paulista Lund Antônio Borges. 

“Neste sentido, os movimentos sociais repudiam e exigem das autoridades e órgãos competentes respostas concretas frente ao acelerado aumento da brutal violência que atinge profundamente os trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra e as comunidades camponesas da região do Bico do Papagaio, e ações que tende a intensificar e tomar proporções ainda maiores de conflitos agrários pela disputa de terra”, diz a nota.

Eles ainda destacam que o Estado deveria adotar outro caminho “que não seja criminalizar, prender e matar os movimentos sociais e seus militantes”, já que tem sido comum “vivenciarmos a ocorrência de conflitos pela terra resultando em agressões, ameaças, perseguições, criminalização, prisões e assassinatos de camponeses, de suas lideranças e organizações”. 

E denunciam que “os órgãos de segurança pública, bem como, o poder judiciário são inoperantes frente às atrocidades do latifúndio ocorridas contra os camponeses. Uma parte dos agentes públicos de segurança age como suporte de apoio ao latifúndio e pistolagem contra os camponeses”.

Diante dessa situação, os trabalhadores rurais exigem que os órgãos responsáveis, como o Incra e Instituto de Terras do Estado do Tocantins (Itertins) “realizem suas ações constitucionais em favor da reforma agrária e efetivar as políticas públicas que foram vergonhosamente abandonadas pelos sucessivos governos federal e estadual, que sempre impulsionaram a expansão do agronegócio, em detrimento de milhões de camponeses”.

Histórico da Fazenda Santa Hilária 

Desde 2003, a Fazenda Santa Hilário, situada no município de Araguatins-TO, vem sendo reivindicada por trabalhadores rurais Sem Terra e também tem sido palco de disputa pela posse e domínio da terra. 

Em agosto de 2004, o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego resgatou 13 pessoas de uma mesma família vivendo em condições degradantes na fazenda, sendo que três eram menores de idade. Foram libertados também seis trabalhadores em condições de escravidão. 

Em agosto de 2007 a Fazenda Santa Hilário foi cenário de conflito entre Sem Terra, pistoleiros e policiais militares, o que acabou ocasionando no assassinato do lavrador José Reis, de 25 anos. Até o momento, as circunstâncias e autoria do ato não foram esclarecidas e o crime continua impune.  

No dia 2 abril de 2009, o Acampamento Alto da Paz, localizado ao lado da Fazenda Santa Hilário, sofreu um atentado, em que três pessoas num carro realizaram disparos com arma de fogo contra o acampamento, e um dos tiros atingiu um trabalhador Sem Terra no braço. 

No dia seguinte 3 de abril de 2009,  as 100 famílias do acampamento foram violentamente despejadas.  Durante a ação, trabalhadores foram presos e uma pessoa foi agredida. Os policiais realizaram disparos e em seguida as moradias foram destruídas. Foi a terceira ação de despejo sofrida pelos acampados. 

As famílias que residiam próximas a Fazenda Santa Hilário desenvolviam atividades produtivas em pequenas roças, enquanto aguardavam o desdobramento sob a disputa de domínio da área entre Incra, o fazendeiro e o ITERTINS. Toda esta questão culminou no processo que foi encaminhado para o Supremo Tribunal Federal (STF).

O professor aecista que fica feliz com desemprego e salário baixo…Assista

POR  no Tijolaço
desumano

O professor Samuel Pessoa, da Fundação Getulio Vargas, pode ter todos os méritos acadêmicos.

Tem  também o direito de ter atuado como um dos principais assessores econômicos de Aécio Neves, um dos “cabeças” aecistas.

Mas o professor Pessoa há de nos dar o direito de considerar monstruoso o que ele diz em um debate do Instituto Insper, baluarte do pensamento conservador.

Mas dizer que “está feliz” com a queda do nível de emprego e com a redução dos valores dos salários, num país pobre como o Brasil é algo completamente desumano.

Muito mais em alguém comprometido com o conhecimento, com a ciência que, quando não se importa com o sofrimento humano, torna-se abominável.

Reproduzo  ao fim do post  a cena deplorável  num trecho editado do vídeo, que pode ser conferido aqui, na íntegra, com mais de uma hora de duração.

Por sorte, o economista Luiz Gonzaga Beluzzo, presente ao debate, não deixou que isso passasse em branco.

Mas é deprimente ver o ponto a que o credo neoliberal, “mercadista”, é capaz de levar pessoas que têm toda a capacidade de compreender o que venham a ser humanidade ou, pelo menos, compaixão com os que sofrem.

Modestamente, lembro ao professor que Economia é uma ciência humana e, portanto, não um fenômeno natural, previamente determinado.

É bom que todos, porém, vejam o que a adoração do bezerro de ouro do mercado é capaz de fazer até com uma mente preparada e com todas as condições de não se tornar cínica.

O pior é que o Professor Pessoa tem consciência do mal.

E fica feliz com ele.


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Amostra Grátis para Quem Defende Intervenção Militar

por José Gilbert Arruda Martins

O indivíduo que vai para as ruas ou para as redes sociais, com discurso de ódio defender um monte de tolices e arbitrariedades, entre elas, a intervenção militar, ou age com irrefreável irresponsabilidade, é tolo mesmo, ou ignorante da história recente do seu próprio País.


O irresponsável age por que não tem nenhuma ligação com os problemas reais do Povo e do País como um todo. É denominado direita coxinha sem ideologia, "um Maria vai com as outras", não passa disso.

O tolo, o dicionário me ajuda: "Desprovido de inteligência.
Que tende a ser ingênuo; simplório.
Ausência de nexo; falta de significação: discurso tolo.
Que não possui razão de ser; falso: argumentos tolos.
Diz-se daquilo que não é agradável; que tende a ser ridículo: uma obrigação tola."

E, o ignorante da História, que não são poucos, esse sim atrapalha bastante.

Em meio a esses, temos até os ditos "sabichões", estão em sala de aula, muitos são médicos (alguns chamam de doutores, sem o rapaz ou a moça ter feito doutorado) e em muitos outros ofícios.

Os ignorantes da História, não se enquadram nos irresponsáveis, nem nos tolos, apesar de podermos chamá-los também assim.

Os ignorantes são desconhecedores mesmo do que aconteceu no Brasil quando, infelizmente, experimentamos por mais de 20 anos um regime de exceção.

Num regime de exceção, por exemplo, aquele acampamento golpista da esplanada já não estaria mais ali, talvez, nem os seus participantes estivessem vivos.

A linha dura da ditadura não perdoava ninguém, todos e todas eram inimigos do Regime, até, muitos tolos, "sabichões", irresponsáveis e ignorantes da história, colaboradores ou não, golpistas ou não, e tolos ou não, tiveram suas vidas transformadas pelo sistema.

É claro que o regime não perdoava mesmo eram os trabalhadores e trabalhadoras, não perdoava os gays, os negros, e, muito menos aqueles que discordassem ideologicamente.

Centenas de pessoas foram presas ilegalmente, torturadas e mortas.

Famílias, ainda hoje, buscam por seus entes queridos.

Brasileiros e brasileiras que não aceitaram viver um regime autoritário e que foram para a luta em favor da Democracia.

Centenas de companheiros e companheiras, entregaram suas vidas na luta e na conquista do retorno ao regime democrático, que até os tolos, aproveitam hoje em dia.

Se um irresponsável, tolo ou ignorante da História recente do Brasil, pode ir às ruas pedir intervenção militar ou impeachment, é por que tiveram lá nos anos de chumbo, pessoas de carne e osso que lutaram para que o país voltasse a respirar um regime democrático onde todos e todas possam falar, reclamar, até os coxinhas.






MPE ataca a democracia e processa jovens que doaram R$20,00 na última eleição

na Carta Maior

Em uma cruzada inédita, Ministério Público Eleitoral processa militantes que contribuíram com valores como R$20 e R$50 para seus candidatos em 2014

Najla Passos
Wilson Dias / Agência Brasil e perfis pessoais dos candidatos
Morador de Nova Iguaçu, membro de uma típica família da chamada “nova classe média”, Luiz Alberto Santos, 20 anos, é um daqueles jovens que acredita que só a ampla participação popular poderá mudar o quadro político atual e garantir um país mais democrático e mais justo para todos. Militante do PSOL desde 2012, decidiu contribuir para a candidatura de Tarcísio Motta, candidato ao governo do Rio pela legenda nas últimas eleições, com uma doação de R$ 25.

Agora, responde a um processo movido pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), que o acusa de ter desrespeitado a legislação que impede o cidadão brasileiro de doar mais de 10% dos seus rendimentos a candidatos ou partidos políticos. Ciente da doação do jovem ao partido, o MPE pediu à Justiça a quebra do seu sigilo fiscal e descobriu que, em 2013, Luiz Alberto não apresentou declaração de Imposto de Renda à Receita Federal e nem sequer possuía conta bancária. Erroneamente, concluiu que ele não tinha renda compatível com a modesta doação de R$ 25.

De fato, em 2013, Luiz Alberto ainda cursava o ensino médio e não trabalhava. Mas em 2014, no ano em que fez a doação, já havia conquistado seu primeiro emprego como assistente administrativo em uma operadora de telefonia celular e quis contribuir com o projeto político que julgou mais adequado. A notificação sobre a ação foi entregue a sua mãe, que não entendeu bem os termos jurídicos empolados e achou que o filho já estava condenado a pagar R$ 50 mil à Justiça. Os desgastes familiares foram inevitáveis.

“Para quem sofre todos os dias para convencer a família de vale a pena fazer política, um fato desses gera um desgaste imenso. Se a pessoa não tiver muita convicção de projeto político que defende, desiste na hora de voltar se envolver”, desabafa Luiz Alberto, que teve que se virar para conseguir assessoria jurídica gratuita. “Na própria notificação já dizia que eu teria que apresentar minha defesa por meio de advogado. Ora, quem doa R$ 25 não tem necessariamente condições de arcar com um custo desses”, reclama.

Problema semelhante ocorreu com o advogado carioca Lucas Mourão, 26 anos, que doou R$ 40 para a campanha do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e R$ 20 para a de Tarcísio no ano passado. “Em 2013 eu ainda era estagiário e ganhava cerca de R$ 1 mil por mês e, portanto, estava isento do imposto de renda. O MPE, porém, fez o seguinte cálculo: se eu era isento, então não recebia absolutamente nada. É um raciocínio estúpido e um erro jurídico crasso”, afirma.

Antes de ser notificado pela Justiça, Mourão também teve seu sigilo fiscal quebrado. Apresentou uma defesa robusta, à qual anexou seus extratos bancários comprovando a renda compatível com a doação. Também argumentou que a jurisprudência sobre o tema atesta que pessoas isentas do pagamento de IR podem doar até 10% do limite do teto de isenção que, em 2013, era de R$ 20,7 mil.

Mesmo assim, o MPE devolveu o processo à Justiça ratificando o pedido de condenação.  Se o órgão conseguir convencer o juiz da sua tese, Mourão terá que pagar multa de 5 a 10 vezes o valor da doação. Ele, porém, não acredita que o processo prospere. “Os argumentos são tão frágeis que, se não for derrubada agora, a ação não sobreviverá ao julgamento pela instância superior”, afirma.

Jovens, pobres e de esquerda

O advogado, agora, vem reunindo relatos de outros doadores que também estão sendo processados e, em vários casos, assumindo suas defesas. Segundo ele, já são cerca de cem registros com perfil bastante semelhante:  jovens isentos do pagamento do imposto de renda que doaram quantias ínfimas a pequenos partidos de esquerda, em sua maior parte no Rio de Janeiro. “Eu diria que 95% dos processados doaram para o PSOL, entre filiados e não filiados, mas também há registro de ações contra pessoas que doaram para o PSTU e até mesmo o de uma que doou para o PT”, relata.

Presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo atesta que nas eleições anteriores nunca ocorreu fato semelhante com os apoiadores do partido. E acrescenta que, mesmo que o número de doadores processados não seja grande, é uma ação que preocupa porque se insere na tendência de criminalização dos pequenos partidos mais ideológicos. “É todo o rigor da lei sendo usado contra um estilo diferente de fazer política, que dispensa as contribuições das grandes empresas e sustenta suas campanhas com as pequenas doações de amigos, vizinhos e colegas de trabalho. É a criminalização das candidaturas que optam por não fazer como os poderosos”, afirma.

O dirigente observa que a maior parte das ações está concentrada no Rio de Janeiro, onde de fato está ocorrendo uma perseguição aos doadores do partido, mas destaca também a ocorrência de casos mais isolados em outros estados. “Nós temos orientado nosso diretórios regionais a prestarem toda a assistência aos doadores que estão sendo processados”, afirmou. No Piauí, por exemplo, o diretório se responsabilizou pela defesa dos dois doadores processados.

A reportagem de Carta Maior também apurou ocorrências semelhantes em São Paulo, Paraná, Bahia, Espírito Santo, Pernambuco e no Distrito Federal,

Criminalização do trabalho voluntário

Dentre os casos mais graves de militantes processados, estão os dos que prestaram trabalhos voluntários para os partidos e podem ser condenados a pagarem multas pesadíssimas à Justiça. É o caso do contador Joilson Santos, do DF, filiado ao PSOL, que assinou a prestação de contas de 48 candidatos pelo partido. O MPE considerou que cada prestação tem o valor referência de um salário mínimo, o que fez com que a doação da força de trabalho do militante ultrapassasse a sua capacidade de renda.

Joilson foi notificado da ação no último sábado e, nesta sexta, já apresentará sua defesa, construída pela assessoria jurídica do PSOL. Se condenado, Joilson terá que arcar uma multa de quase R$ 300 mil. “É um valor que eu não tenho como pagar. Esse tipo de ação da justiça desestimula muito a militância. Fiquei muito chateado porque a gente vê tanta corrupção no país, candidatos se elegendo com propina de empresas, e o MPE investe contra os militantes comuns que fazem doações pequenas ou trabalho voluntários para os partidos em que acreditam por ideologia”, afirma.

Lucas Mourão conta que, no Rio de janeiro, o MPE também está acuando os trabalhadores voluntários. Segundo ele, um dos casos mais emblemáticos é o de um compositor que fez um jingle de campanha e o doou para o PSOL. O MPE estimou o valor do jingle em R$ 1 mil, o que era incompatível com a renda do músico.  “Há também uma advogada que trabalhou como voluntária na assessoria jurídica do partido. Agora, o MPE estimou a doação do trabalho dela em R$ 40 mil e, como isso não é compatível com seus rendimentos, ela corre o risco de ter que pagar até dez vezes esse valor em multa”, relata.

Na contramão da conjuntura

Para Mourão, a maior preocupação é que a nova diretriz do MPE intimide as pessoas comuns que desejam contribuir com os pequenos partidos ideológicos de esquerda.  “Minha maior preocupação é que isso afete o ativismo político das pessoas que não são advogados, não são militantes, não sabem qual é o funcionamento da Justiça e ficam completamente acuadas quando se vêm frente a uma investigação do MPE por conta de terem doado R$ 10, R$ 15 para uma campanha política”, destaca.

Segundo ele, a simples existência do processo provoca grandes transtornos eleitorais profundos. “Imagina um jovem da periferia que nunca se envolveu com política, mas se encanta com determinada campanha, decide participar, doa R$ 10 para ajudar um partido que não aceita doações de empresas privadas e, depois, esse sujeito tem que contratar um advogado e, se não tiver dinheiro para isso, enfrentar a fila da defensoria pública”

Visão semelhante tem o estudante carioca Rodrigo Aragão Dantas, 27 anos, que também está sendo processado por contribuir com R$ 50 para a campanha do candidato à deputado federal pelo PSOL Babá, que não conseguiu se eleger. Como seu único rendimento é a bolsa da Capes que recebe para cursar o doutorado, também é isento de declarar imposto de renda. E, por isso, caiu na mira do MPE.

“É preocupante sim, porque é uma forma de intimidar o doador, principalmente o peixe pequeno, o jovem sem renda e sem experiência com essas coisas. A pessoa fica desestimulada e isso é muito preocupante porque essas pequenos doações de pessoas físicas  são a principal fonte de arrecadação que esses partidos mais ideológicos tem na época eleitoral, já que o fundo partidário é pouco e eles não aceitam doações de empresas”

Por problemas em relação ao seu endereço, só recebeu no mês passado a notificação do processo aberto em julho. “Eu fui aprovado no concurso público para professor do Estado do Rio e, caso eu não fosse localizado e o processo corresse à revelia, eu poderia ter complicações para assumir o cargo”, ressalta.

Segundo ele, esta é uma orientação nova do MPE. “Em 2012, quando eu recebia a bolsa do mestrado, doei para a campanha do Marcelo Freixo, candidato do PSOL à Prefeitura do Rio, e não tive nenhum problema”, recorda-se.

MPE: ordens superiores


Em resposta aos questionamentos da reportagem, o Assessoria de Comunicação do Ministério Público Eleitoral do Rio de Janeiro não informou quantos jovens sem renda declarada que fizeram pequenas doações em 2014 estão sendo processados pelo estado. Mas esclareceu que a listagem com os doadores em situação irregular foi elaborada pela Receita Federal, a partir do cruzamento das informações disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e encaminhada ao órgão pelo procurador regional eleitoral, Paulo Roberto Berenger, com “expressa recomendação aos promotores eleitorais para oferecimento de representações”.


No ofício encaminhado ao órgão, o procurador regional ressaltou “o trabalho árduo do Ministério Público Federal para obtenção das supracitadas informações” e solicitou “empenho dos promotores eleitorais no ajuizamento das representações”, afim de reprimir as “indevidas doações aos candidatos e partidos. No documento, Berenger informou também que recebeu as informações sobre pessoas físicas e jurídicas que efetuaram doações para a campanha de 2014 acima dos limites permitidos pela Lei 9.504/97 da Vice-Procuradoria Geral Eleitoral.

'A Igreja deve dar um basta aos preconceitos contra os gays'

na Carta Maior

A declaração foi do cardeal brasileiro Cláudio Hummes, que é um caro amigo e o primeiro aliado do Papa Francisco.

Carlo Tecce - il Fatto Quotidiano (tradução do IHU)
wikimedia commons
Últimos instantes do Conclave, 13 de março de 2013. Ao lado do argentino Jorge Mario Bergoglio, estava o brasileiro Cláudio Hummes: “Não tinha preparado nada. A frase “não se esqueça dos pobres” ao novo Papa me veio espontaneamente. O efeito provocado, obviamente não o esperava. Alguns minutos depois, Bergoglio comunicava que o seu novo nome seria Francisco, recordando São Francisco de Assis, o homem dos pobres, da paz, do cuidado, da criação. Creio que toda a assembleia ficou surpresa e feliz por esta escolha, que depois se demonstrou um farol do pontificado”, responde do Brasil o ex-prefeito da Congregação para o Clero, que em menos de dois meses estará em Roma para o Jubileu. Hummes é um caro amigo e o primeiro aliado de Bergoglio. O brasileiro foi arcebispo de São Paulo, o argentino de Buenos Aires: os cardeais sul-americanos mais admirados no Vaticano. Ambos papáveis em 2005. No segundo Conclave, Bergoglio foi eleito.

A entrevista é de Carlo Tecce, publicada por il Fatto Quotidiano, 18-10-2015. A tradução é de IHU On-Line.

Eis a entrevista.

A fumaça branca está longe. Agora acontece o Sínodo sobre a Família e Bergoglio se confronta com os conservadores. Além da carta, há os protestos. Há alguns que querem obstaculizar Francisco?

A Igreja é uma comunhão, não uma massa uniforme. Mais. Ela se constitui uma unidade na diversidade.  Certamente, a diversidade não pode resultar numa divisão. Isto seria destrutivo. Mas uma adequada diversidade enriquece a Igreja. Podemos compará-la com uma estrada sinodal. Trata-se de caminhar juntos, para o futuro, com todas as nossas legítimas diferenças, mas sempre na unidade de fé, esperança e amor, para o Pai nos céus, por meio de Jesus Cristo. A diferença de visões e de experiências, no momento do debate sinodal, ajuda a aprofundar as coisas. Mas no fim deve prevalecer a comunhão presidida  pelo Papa, que é o Pastor de toda a Igreja. Todos somos corresponsáveis pela Igreja, mas o Papa é o que foi querido por Jesus como aquele que guia.

Voltará a estação dos corvos como nos últimos meses de Ratzinger?

Não acredito. Para mim, aquele clima em que aconteceu o Vatileaks, não existe mais. O caso desta carta não significa um retorno daquele clima.

Outra notícia recente: para o padre gay Charamsa, a Igreja é homofóbica.

Sem entrar no caso citado, não diria que a Igreja é homofóbica. Quando o papa Francisco, no caso do homossexual que busca a Deus, disse “quem sou eu para julgar?”, deu um sinal: a Igreja deve vencer uma atitude preconceituosa neste tema e, sobretudo, deve respeitar estas pessoas.

O que a Igreja pode fazer para acolher os divorciados recasados e os casais homossexuais e por que muitos recusam qualquer abertura?

Não se trará de negar a indissolubilidade do vínculo matrimonial, mas de buscar um caminho penitencial para os divorciados recasados. Digo: buscar.

Existe uma tal possibilidade?

É o que a Igreja, no momento, está procurando. Se existe, não se deve refutá-la. Além disso, a Igreja propõe que os casais divorciados apelem ao tribunal eclesiástico para verificar se o casamento foi válido ou não.

Quais são os desafios para o pontificado de Bergoglio?

Para o pontífice, a relação entre ambiente e desenvolvimento é um ponto fundamental. Este é, seguramente, um dos desafios mais difíceis não somente para a Igreja, mas para a humanidade. A questão não se reduz a um argumento ecologista, mas se apresenta como uma tarefa social, que diz respeito sobretudo à transformação do atual sistema econômico-produtivo-financeiro global. Trata-se de colocar a pessoa humana no centro, e não o dinheiro e o lucro a qualquer custo, inclusive de vidas humanas. O atual sistema devasta o planeta e sacrifica milhões de pessoas.

Outro desafio do Papa é reformar a Igreja no sentido de transformá-la numa Igreja missionária, “em saída”, que demole os muros e constrói pontes para andar ao encontro de todos, mas prioritariamente “nas periferias” humanas e sociais e ali anuncia Jesus Cristo e pratica a misericórdia. A misericórdia fará a diferença numa sociedade egoísta, individualista, fascinada pelo dinheiro.

Uma misericórdia baseada na justiça social, que defende e promove os direitos de todos aos bens materiais, culturais e espirituais da humanidade. O Papa tem falado dos três ‘t” (terra, teto e trabalho): são direitos dos pobres.

O Papa convocou um Jubileu extraordinário. O próximo será em dez anos. Bergoglio ficará até o fim do pontificado ou também poderá renunciar?

Espero e rezo a Deus para que o nosso amado Papa tenha um longo pontificado. Todo o resto são especulações. Em geral, considero que a renúncia de um Papa sempre é possível. Mas não vejo o Papa preocupado com o seu futuro.