terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Cuba: Xeque mate na grande imprensa

Cuba: Xeque mate na grande imprensa
ANÁLISE "Por que, quando o assunto é Cuba, não há o 'outro lado' da história, premissa tão defendida nos cursos de jornalismo?". Confira artigo de Alexei Padilla e Amanda Cotrim sobre a abordagem da mídia na retomada das relações diplomáticas entre EUA e Cuba (Foto: Amanda Cotrim)
Cuba: as verdades que se ocultam e subordinação da imprensa à agenda da Casa Branca
Por Alexei Padilla e Amanda Cotrim - no Caros Amigos

"A transcendental decisão de Barack Obama e Raúl Castro mudou rapidamente a visão, até esse momento apresentada, da grande imprensa sobre o porto do Mariel."

A imprensa oligárquica do Brasil tem destacado nesses últimos dias a importância do restabelecimento – após de 53 anos – das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. Contudo, ela tem ocultado alguns aspectos relevantes dos acontecimentos que assistimos no dia 17 de dezembro.
Na terça-feira, dia 16, a Rede Globo encerrou a temporada anual do programa “Profissão Repórter” com uma matéria sobre Cuba. A reportagem pretendeu apresentar para os brasileiros uma caricatura do que foi a crise dos balseiros, em 1994. Como é costume, o principal conglomerado midiático brasileiro aproveitou para descontextualizar a história e dar voz a uma parte só dos sujeitos envolvidos naqueles fatos.
Desinformação
Por isso, questionamos até que ponto a grande imprensa brasileira estabelece a controvérsia? Por que, quando o assunto é Cuba, não há o “outro lado” da história, premissa tão defendida nos cursos de jornalismo?
Vale a pena apontar que na reportagem do "Profissão Repórter" aconteceram alguns erros graves. Primeiro, a crise dos balseiros não foi a maior crise migratória da história recente da Ilha. Em 1994, saíram da Ilha em balsas e embarcações muito precárias em torno de 35 mil pessoas. O maior êxodo de cubanos para os Estados Unidos aconteceu na primavera de 1980 pelo porto do Mariel. Mais de 125 mil pessoas foram trasladadas até as costas da Flórida (EUA) em barcos e iates enviados pelos parentes que moravam em Miami.
A motivação de ambos os fluxos migratórios foi essencialmente econômica, a mesma tendência que constatamos nos países da América Central e o Caribe. Diferentemente do resto dos imigrantes desses países, os cubanos têm um privilégio especial: quando algum deles chega ilegalmente aos Estados Unidos é acolhido como refugiado político e depois de um ano morando em terras estadunidenses, recebe a residência permanente. Cubanos que migram para os EUA têm mais direitos assegurados que os próprios norte-americanos. Se isso não seria uma guerra para sufocar o governo legítimo de Cuba, então o que seria? É preciso que se ressalte, também, que o Consulado Americano em Havana nem sempre entrega os vistos às pessoas interessadas em se mudar para os Estados Unidos de forma legal, ordenada e segura.
Crise
Após a dissolução da União Soviética em 1991, a economia cubana entrou na pior crise da história republicana. O País enfrentou o “Período Especial em Tempos de Paz” decidido a manter o rumo socialista. Diante dessa decisão o governo de George Bush (pai) endureceu o bloqueio para tentar afogar a Revolução Cubana. É preciso que se diga que a “grande” imprensa brasileira não é adepta ao termo “bloqueio”, preferem falar que é “embargo”. Não se trata de sinônimos. A opção da mídia, nesse caso, é ideológica.
Em 1994 a situação era tensa por causa das difíceis condições de vida na Ilha. Estações de rádio operadas por exilados cubanos nos Estados Unidos enviaram mensagens para provocar uma insurreição geral. Os protestos de agosto daquele ano em Havana e os continuados sequestros de barcos resultaram na abertura das costas à Ilha para todos os cidadãos que queriam viajar para a “Terra Prometida”.
Aliás, para essas 35 mil pessoas que pegaram as balsas, a procura por um visto no consulado estadunidense, teria sido uma perda de tempo.
Cuba-EUA
Um dia depois do programa ir ao ar, a realidade, como quase sempre, deixa em ridículo a fala da Globo. A decisão sobre o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos foi uma supresa para todos, mas ao mesmo tempo demonstrou a falta de preparo dos jornalistas da mencionada rede para tratarem de assuntos internacionais. Só uma lembrança: para se referir à recente cúpula sobre meio ambiente em Lima, no Peru, um país com fronteiras com o Brasil, contatavam um correspondente em Nova Iorque. Que modo mais esquisito de jornalismo! Ou seja, a imprensa brasileira não conhece a América Latina.
A transcendental decisão de Barack Obama e Raúl Castro mudou rapidamente a visão, até esse momento apresentada, da grande imprensa sobre o porto do Mariel. Matérias em jornais de grande circulação, como aFolha de São Paulo, começaram a repercutir de forma positiva o “grande negócio” que o Brasil realizou em Cuba.
Esses fatos evidenciam a subordinação da política informativa da grande imprensa à agenda política dos Estados Unidos. Essa atitude envergonha-nos porque sabemos do desprezo que Washington tem demonstrado para os países da América Latina. Mas para alguns, mais importante do que a dignidade pessoal ou nacional é manter a fidelidade ao Império para sempre ter o desejado visto colado no passaporte.

"A mídia, de modo geral, afirma que a Ilha é um país “atrasado” (...). Isso acontece porque os jornais tradicionais pertencem à mesma “filiação”"

Los Cinco
A imprensa se referiu aos três cubanos presos nos Estados Unidos como “presos políticos que se envolveram em organizações secretas nos EUA”, ocultando que esses faziam parte do grupo de Los Cinco (os cinco) que monitorava as atividades de quadrilhas que organizavam, na Flórida, atentados terroristas contra o povo cubano.
Antonio Guerrero, Gerardo Hernández, Ramón Labañino, René González e Fernando González foram presos em 1998 por lutar contra o terrorismo. René e Fernando voltaram para casa em 2013 e 2014, respectivamente, depois de ter cumprido suas condenações. Antonio, Gerardo e Ramón foram trocados por um agente cubano que espionava para os Estados Unidos. Também Cuba liberou Alan Gross, um funcionário da Usaid (sigla em inglês para Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) que tentou ingressar ilegalmente aparelhos de telecomunicações com tecnologia não comercial, ou seja, militar.
Violações
Os cinco cubanos resistiram durante mais de 15 anos aos rigores da cadeia e às inúmeras violações de seus direitos e de seus parentes. Esses jovens cubanos têm dentro deles a dignidade de um povo todo: o cubano. Uma dignidade e uma resistência que poucos conhecem e muitos acreditam que não é possível.
Isso foi possível porque Cuba é um povo de guerreiros. Um país que lutou durante mais de 130 anos pela independência e a soberania. Um país que lutou contra a maior potência econômica e militar da história. Um país que, apesar do bloqueio e das dificuldades, tem a melhor rede de saúde e o melhor sistema de ensino da América Latina. Um país onde não é preciso um sistema de cotas porque negros, brancos e pardos têm os mesmos direitos. Cuba é o país da América com menor mortalidade infantil e a segunda nação latino-americana com a menor taxa de homicídios, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
É preciso que se ressalte também que, em Cuba, antes de as leis serem aprovadas devem ser discutidas com os trabalhadores. Os debates são feitos num ambiente de participação e democracia. Essas são as verdades não contadas da terrível “ditadura comunista”.
Cuba fora da ordem
Mas por que alguns discursos são silenciados pela grande imprensa? Por que nunca se ouviu um cubano que é a favor da revolução e do sistema socialista que há em Cuba? O que está sendo dito, na exclusão do não dito?
O termo “ditadura” é uma constante na grande imprensa brasileira quando o tema é Cuba. A mídia, de modo geral, afirma que a Ilha é um país “atrasado” e que precisa abandonar seu sistema político. Isso acontece porque os jornais tradicionais pertencem à mesma “filiação” discursiva, estabelecendo, assim, uma ordem para que o discurso produzido sobre Cuba pareça isento, objetivo e imparcial. O “ditador” é um mal representante da razão, por isso, não está na ordem do discurso.
Tudo que não diz respeito aos discursos já consolidados está fora de ordem. Por isso, uma imagem positiva da Ilha nos jornais não faz parte da ordem estabelecida. Se não está dentro, é porque foi excluído.

 Alexei Padilla é jornalista cubano e mestrando em Comunicação (UFMG). Amanda Cotrim é jornalista brasileira e mestranda em Divulgação Cientifica e Cultural (Unicamp). 

Faustão e Fantástico. Domingo dos desesperados - Quem manda manter o Bolsa PiG ?

Nem se o Mick Jagger viesse de Marte com a Glória Maria na espaçonave
no Conversa Afiada

por José Gilbert Arruda Martins 

Por que vibrar com as quedas de audiência da Globo?
São muito os motivos.
O apoio da emissora à ditadura militar e às torturas.
A sua história de manipulação, a BBC, na década de 1990, fez um longo documentário, com imagens, depoimentos, pesquisas, sobre a audiência e a manipulação da Globo.
A perseguição ao Leonel Brizola no Rio de Janeiro.
A assustadora audiência em tempos passados que chegava, segundo alguns, a cerca de 60% no chamado horário nobre.
O palanque ao candidato da direita nas últimas eleições.
As porradas nos governos trabalhistas de Lula e Dilma nos últimos 12 anos.
Não pagamentos dos impostos devidos ao Estado.
São muitos e variados os motivos.
Um deles, talvez, seja mais importante, a alta audiência - que está em queda livre, e isso é bom -, por que nenhum país do mundo, nenhuma sociedade, deve ter uma emissora única, mandando, ditando moda, dizendo o que as pessoas devem fazer, é perigoso, é assustador, ela pode, se dominar a audiência guiar a sociedade para apoiar regimes políticos fechados, autoritários, cerceadores da liberdade etc.
Vamos comemorar, a queda da Globo é bom para o desenvolvimento e fortalecimento da democracia brasileira.


Uma pesquisa do IBOPE e do Governo Federal demonstrou inequivocamente a perda de poder do jornalismo da Globo.

O que significa a perda de poder político.

Ao Dr Roberto Marinho – aquele que dá nome a filhos sem nome próprio – se atribui frase lapidar: 

O Boni pensa que isso aqui é um circo. Isso aqui é uma usina de poder.

A usina de poder está de “fogo morto”, diz notável romancista.

A Globo não aguenta quatro anos de Governo trabalhista.

As audiências decrescentes não pagam a conta.

Especialmente porque se trata de uma empresa de Entretenimento, que vive de produtos efêmeros e descartáveis, e que tem uma folha – fixa ! – de pagamentos de 18 mil empregados. 

E um lucro que cresce muito menos que a receita.

Quatro anos ao sol e ao sereno são fatais, diante da concorrência feroz das mídias sociais, dos blogs e do Google que, na publicidade, já googla a Globo.

A audiência do jn cai, se aproxima da zona sul da casa dos 20, e saiu do horário nobre – que agora fica entre 22h00 e 23h00.

O Fantástico é um fintástico.

E o Faustão, bem, o Faustão, é um instrumento de merchandising que, na eleição de 2014, se prestou a um papel deplorável.

E Jô já tirou o time do campo em que jogam as suas meninas.

O Faustão persiste. 

Este foi um domingo desesperado.

21/12.

O Faustão dedicou DUAS, DUAS horas ao William Bonner, que acredita piamente ser o legítimo editor político do jn.

Bonner criticou no Faustão as redes sociais, por sua intolerância política.

Que pena !

Logo ele, vítima de um bullying – sequestrou 40% do tempo de uma entrevista a um candidato a presidente da República e se acha vítima de “intolerância”.

DUAS horas de nada !

Oh, Fernanda Montenegro !

Bajular o Bonner !

Ah, se o Gianni Rato te visse, o Ítalo Rossi, o Celi – os sete beijariam o asfalto de amargura !

Depois do chororô do Bonner, 20′ de Fantástico para a entrevistada bomba da Petrobras.

Vinte minutos de Fantástico …

Nem se Mick Jagger chegasse de Marte com Glória Maria na espaçonave teria tanto espaço.

Venina lembra aquela anônima-célebre que tentou desmoralizar a Dilma na “denúncia” do dossiê das despesas do FHC e Dona Ruth.

Aquele episódio em que se notabilizaram os impolutos Demóstenes Torres, Álvaro Dias – o denunciante – e o Agripino Maia, que louvou uma tesourada, quando a Dilma foi se defender no Senado.

Naquela altura, a Dilma tinha 4% das intenções de voto e, no Datafalha, que não falha, o Cerra tinha 30%.

Ele sempre tem trinta !

Era para matar a Dilma na largada.

Resultou que não deu em nada.

Dilma não foi sequer citada em qualquer ação judicial ou policial.

A Venina desceu da espaçonave do Fantástico para produzir o vácuo.

As Provas ! As Provas !

Nada.

Não tem um documento, uma data, uma referência de comprovação indiscutível.

E chorou !

Parecia entrevista da Patricia Poeta (oh, que saudades das entrevistas da Patricia Poeta, com aquele dedinho …)

Trólóló, diria o Cerra.

Na semana de Natal, o Congresso em recesso, a Justiça em recesso.

Para que a entrevista ?

É uma espécie de “retrospectiva” de tudo o que o Fantástico e o “jornalismo” da Globo produziram em 2014: a feroz, sanguinária, inescrupulosa campanha da Globo para derrubar uma presidenta eleita duas vezes, de forma consagradora.

(Se ela der a cabeça da Graça, será um hara-kiri.)

Para o espectador – em número cada vez menor – reter nas festas de fim de ano a mensagem: vamos derrubar a Dilma em 2015, antes que a empresa feche !

(Em tempo: o Valdir Macedo reafirma que não se interessa por comprar a Globo.)

Venina não apresentou nada que desminta o que a Graça já disse dela e do Globo (sempre o Globo !).

Mas Venina chorou.

Como se espera no Fantástico.

Não importa o que ela tenha dito.

Importa a forma de a Globo usá-la.

É a mesma forma de o Faustão usar o merchandising.

Bom para os dois.

Para o produto e o Faustão.


Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Desgoverno de Agnelo, não do PT

Saulo e Prof. Gilbert na Praça do Buriti
Profa. Ana Maria e prof. Gilbert Praça do Buriti

Ficou apenas na promessa o encontro da Comissão de Negociação com o secretário do GDF, a promessa é que o 13° salário esteja nas contas hoje à noite ou na noite de amanhã.

O Partido dos Trabalhadores tem suas responsabilidades, o, na época, candidato Agnelo foi escolhido e lançado pela cúpula do partido apoiado por parte dos filiados e militantes.

Portanto o partido tem sua responsabilidade. Mas a falta de competência na gestão tem que ser também creditada ao governador que deixa Brasília numa situação deplorável.

O partido pagará um custo político enorme pela incompetência do governador. A Praça do Buriti estava hoje, novamente, repleta de trabalhadores e trabalhadoras, uns em busca de salário atrasado outros, como parte dos professores, em busca do 13° salário.

O desgoverno de Agnelo dos últimos 2 meses, joga no colo da direita reacionária do Distrito Federal um grande e importante parte dos trabalhadores e trabalhadoras.


domingo, 21 de dezembro de 2014

PEC 215 não é votada e pode ser arquivada

indígenas na câmara Gabriela Korossy Câmara dos Deputados
Indígenas protestam contra PEC 215 na Câmara dos Deputados. (Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados)

no site da Caros Amigos

por José Gilbert Arruda Martins

Uma das questões importantes para trabalhadores, indígenas, , negros, grupos LGBT, mulheres e a todas as minorias é escolher melhor, criteriosamente, em quem votar a cada eleição.

Esses caras da bancada ruralista, não foram eleitos apenas com voto da família, muita gente do Povo, com certeza, ajudou a elegê-,los.

A Classe Trabalhadora e, todos os grupos que lutam no dia a dia a favor da sociedade precisa dar qualidade ao voto.

Os partidos de esquerda no Brasil, precisam voltar às suas bases, fazer formação política com adultos e jovens, principalmente jovens, do contrário, as dificuldades serão muito maiores no futuro breve.

O possível arquivamento da PEC 215 é uma vitória, mas, uma vitória momentânea, trabalhadores, trabalhadoras, indígenas e a sociedade brasileira, com suas organizações sociais espalhadas por todo o país, não poderão "dormir no ponto", permanecer bem acordados, de olhos focados no Congresso Nacional durante todo o ano de 2015.

A questão indígena no Brasil, apesar dos governos Lula e Dilma, não avançou como deveria e pode. Só a mobilização e a luta permanente dará outras vitórias e amplitude às demandas desses Povos importantes do nosso país.

Acreditar na formação política desses grupos, é o começo, dar qualidade ao voto na hora das eleições pode ser uma fundamental posição para conquistas e manutenção de direitos da sociedade democrática

PEC 215 não é votada e pode ser arquivada


Fosse aprovada, PEC iria acabar por paralizar definitivamente processos de oficialização de Terras Indigenas
 
Oswaldo Braga de Souza
Do Instituto Socioambiental

indígenas na câmara Gabriela Korossy Câmara dos Deputados
ndígenas protestam contra PEC 215 na Câmara dos Deputados. (Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados)
O Congresso finalizou, tarde da noite de quarta (17/12), as votações do ano legislativo e da atual legislatura sem que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 tenha sido votada pela comissão especial que a analisava. Com isso, de acordo com o Regimento da Câmara, a comissão deve ser extinta e o projeto arquivado, numa vitória histórica para defensores do meio ambiente, indígenas e comunidades tradicionais.
Com apoio da bancada do agronegócio na Câmara, a PEC pretendia transferir do Executivo para o Legislativo a prerrogativa de formalizar terras indígenas, unidades de conservação e territórios quilombolas. Se aprovada, significaria, na prática, a paralisação definitiva dos processos de oficialização dessas áreas protegidas, entre outros retrocessos para os direitos socioambientais.
As últimas duas semanas foram particularmente tensas para os opositores da proposta, quando parlamentares ruralistas e socioambientalistas travaram uma batalha de manobras regimentais em torno de sua tramitação. Desde terça (16/12), os acessos ao Congresso foram restringidos. Um grande aparato policial foi mobilizado sob a ordem do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para impedir a entrada de manifestantes. Indígenas que protestavam contra a PEC foram reprimidos e seis deles foram presos.
O vice-presidente da comissão especial, o ruralista Nílson Leitão (PSDB-MT), reconheceu a derrota em plenário, apesar da bancada do agronegócio dominar o colegiado. "Não conseguimos terminar o ano sem debater minimamente a PEC. Fomos derrotados de forma covarde. O presidente da comissão, Afonso Florence (PT-BA), nos enrolou toda a manhã e veio aqui sorrateiramente e encerrou a reunião", resignou-se o deputado.
Frustração ruralista
Durante boa parte da manhã, conduzindo uma reunião conturbada da comissão, Florence rejeitou pacientemente, uma a uma, as várias questões de ordem apresentadas pelos poucos deputados contrários à PEC. O petista, no entanto, ganhou tempo e irritou os ruralistas. Pouco antes do meio-dia, quando faltou luz no Congresso, ele suspendeu a sessão. Os deputados tiveram de ir ao plenário da Câmara para acompanhar as votações da ordem do dia.
A expectativa dos ruralistas era ler e votar o substitutivo do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) assim que as votações no plenário terminassem e a reunião fosse retomada. Com o alongamento de votações complexas no plenário, Florence pediu a palavra e determinou o encerramento da reunião da comissão de lá mesmo, sob protestos de Nílson Leitão. Nos corredores da Câmara, a expectativa era de que os ruralistas tentariam uma nova manobra para realizar uma nova reunião da comissão. Eles continuaram pressionando Alves e Florence a voltar atrás e para tentar votar o relatório de PEC até tarde da noite, mas, já com o Congresso esvaziando-se, não tiveram sucesso.
Eles precisariam apreciar o substitutivo de Serraglio no máximo até esta quinta. Em geral, os parlamentares deixam Brasília para voltar aos seus estados no máximo na quinta na hora do almoço. O recesso parlamentar está previsto para começar na próxima segunda (22).
Do lado de fora do Congresso, um grupo de mais de 50 índios passou o dia em protesto contra a PEC, cantando e dançando, impedido de entrar no prédio por um grande contingente de policiais. Não houve incidentes durante todo o dia.
“Essa foi realmente a vitória de 2014, num momento em que não víamos a possibilidade de vencermos, diante dos votos e das manobras ruralistas”, comemorou Sônia Guajajara, coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ela ressaltou a importância da união de parlamentares aliados, organizações indígenas, indigenistas e ambientalistas na luta contra a PEC.
Arquivamento
“O artigo 105 do Regimento da Câmara determina que os projetos devem ser arquivados ao final da legislatura caso não sejam aprovados por todas as comissões pelas quais precisam tramitar”, explica Maurício Guetta, advogado do ISA.
Ele aponta, no entanto, que os ruralistas ainda podem tentar uma amanobra regimental objetivando o não arquivamento da PEC, ainda neste ano, ou o seu desarquivamento, no início da próxima legislatura. Guetta prevê que eles seguirão tentando aprovar propostas contrárias ao meio ambiente e aos direitos de indígenas e comunidades tradicionais.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Ouça a biblioteca sonora da NASA com sons do espaço

divulgação
Com mais de 60 arquivos, canal no Soundcloud reúne áudios históricos e registros recentes de missões no espaço
no Catraca Livre
NASA, Agência Espacial Americana responsável pelo envio do homem à Lua, disponibilizou na internet uma biblioteca sonora com registros de missões históricas e recentes ao espaço.
São mais de 60 arquivos disponíveis para audição gratuita no Soundcloud. A compilação reúne também gravações de sons e ruídos feitos por aeronaves americanas, ondas de rádio emitidas por corpos celestes e o som do espaço interestelar.
Entre os áudios está um mundialmente famoso: "Houston, we've had a problem" ("Houston, tivemos um problema"). O alerta foi feito em 1970 por um membro da equipe da Apollo 13 para reportar à base da Nasa. A aeronave da missão sofreu uma explosão que impediu sua descida ao solo lunar.
Confira alguns os áudios nos players abaixo:

Site disponibiliza milhares de documentos científicos assinados por Albert Einstein

A partir desta semana, qualquer pessoa poderá acessar gratuitamente milhares de documentos originais escritos por Albert Einstein. Site recém-lançada, o The Einstein Papers Project reúne material científico sobre a Teoria Geral da Relatividade, Teoria Quântica e Gravidade, entre outros temas estudados por um dos mais importantes cientistas do século 20.
divulgação
divulgação
Plataforma recém-lançada, Einstein Papers Project reúne milhares de documentos originais assinados por Einstein
Fruto de um extenso trabalho de pesquisa que durou 25 anos, a plataforma traz também cartas endereçadas à sua primeira esposa, a matemática Mileva Maric, e correspondências trocadas com os filhos e outros cientistas.
Cerca de cinco mil documentos que cobrem os primeiros 40 anos do cientista já estão disponíveis para consulta online. De acordo com a plataforma, outros materiais serão publicados nos próximos meses. Para acessar os documentos, basta clicar neste link.

O projeto é uma parceria entre a Universidade de Princeton - instituição em que Einstein - a Universidade Hebraica de Jerusalém e o Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Sinpro convoca a categoria para Ato Público nesta segunda-feira (22)

 no site do Sinpro-DF

A Diretoria Colegiada do Sinpro convoca toda a categoria para participar de Ato Público nesta segunda-feira (22), às 10h, na Praça do Buriti, para exigir que o Governo do Distrito Federal faça os acertos financeiros com os professores e professoras.
Os professores que fazem aniversário no mês de dezembro e que não receberam o pagamento de seu 13º salário, previsto na Lei Complementar nº 840/2013, deveriam ter recebido o crédito até o dia 20 de dezembro. Ao longo deste mês o GDF já havia anunciado que não pagaria o 13º junto com o pagamento de dezembro, tendo em vista suas dificuldades financeiras, mas que faria o acerto dentro do prazo legal.
Na mesma situação estão os professores que fazem aniversário nos meses de janeiro a agosto e que deveriam ter recebido a diferença de 13º salário, tendo em vista que em 2014 a categoria passou por reajustes salariais. Os reajustes geram esta situação de pagamento de diferença devido à forma que o GDF faz para pagar o 13º salário de todos os servidores (o governo paga no mês subsequente ao aniversário do servidor, sendo que os aniversários de dezembro devem ser pagos no mesmo mês, até o dia 20).
Os professores em regime de contratação temporária também estão sem receber o  13º salário. No caso destes professores, eles recebem o 13º em dezembro, independentemente da data de aniversário.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

PROJETO: Natal Humanos - Pessoas em situação de rua; homens e mulheres que podem sair da invisibilidade.


  
Coordenadores responsável:
Prof. José Gilbert Arruda Martins

Brasília-DF/2014


APRESENTAÇÃO
A ideia de fazer o Natal Humanos, pessoas em situação de rua; homens e mulheres que podem ser vistos, surgiu a partir do Projeto Click Humano desenvolvido durante o ano letivo no Centro de Ensino Médio Setor Leste.
A comercial das 306/307 é caminho para a escola, para o trabalho. Todos os dias assistimos homens, mulheres e crianças, estacionados debaixo da cobertura das lojas, excluídos do mercado de consumo e, por isso mesmo, invisíveis à sociedade.
A ideia é fazer o Natal Humanos, convidar cerca de 10 a 20 pessoas em situação de rua da redondeza, montar uma estrutura com mesas e cadeiras debaixo da cobertura livre, ao lado do banco Santander, e servir uma ceia a essas pessoas, com música de natal ao fundo e uma boa conversa.
O que é o Natal Humanos?
Reunião de 10 a 20 pessoas em situação de rua para oferecer-lhes uma Ceia de Natal dia 24 de dezembro na 306/307 Sul, das 20h às 22h.
O convite será feito dia 19 e 20 (sexta e sábado), pelos coordenadores do Projeto, falando com uma a uma das pessoas e anotando os nomes numa lista.
Como providenciar os equipamentos e mantimentos (alimentação)?
·         Faremos uma visita dias 19 e 20/12 ao Supermercado Comper e aos comerciantes das quadras 306/307 Sul.
Data:
Dia 24 de dezembro de 2014
Horário:
Das 20h00 às 22h00
Local:
306/307 Sul.
Quantidade de convidados:
·         De 10 a 20 pessoas.
Equipamentos:
·         07 mesas e 24 cadeiras (uma mesa será usada para colocar os panetones)
·         07 tolhas de mesa (coberturas)
·         Som
·         Pendrive
Mantimentos:
·         02 perus.
·         02 quilos de carne.
·         05 quilos de arroz.
·         500 gramas de uvas passas.
·         02 quilos de farofa.
·         Sobre mesa – frutas: 03 abacaxis, 01 melancia, 03 quilos de uvas.
Quantidade de Panetones: 20

Valor total das despesas:
R$ (ainda não levantadas)
Desmonte e limpeza:

O desmonte e a limpeza serão feitas logo após o término do evento, ou seja, as 22 horas pela equipe organizadora e feita a devolução das mesas, cadeiras e toalhas.

O modelo não para em pé

no Le Monde Diplomatique Brasil

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

O debate tem que ser mesmo o que você trás no texto, ou seja, "políticas redistributivas e concentradoras".

Os professores e professoras da rede pública aqui em Brasília, recebem um dos melhores salários do país, mesmo assim, a maioria vive pendurado no cheque especial - pagando juros extorsivos -, ou nos empréstimos consignados, por que, não podem sair do planejado no orçamento, todas as vezes que fazem isso, precisam enfrentar o desafio de depois voltar ao planejado.

Imagine uma família de trabalhadores, que recebe cerca de R$ 724,00, que é o salário mínimo no Brasil, sem os descontos, é claro que uma família como essa não vive com dignidade, não tem recursos suficientes para consumir o básico para viver.

E se essa família tem filhos e filhas, e, se os filhos forem adolescentes, a situação piora, isso por que o adolescente vendo outros consumindo tênis, telefones de última geração, vão desejar também, e como o salário da família na alcança, onde buscar?

O Brasil precisa mudar a "arquitetura do sistema político". A Reforma Política é, talvez, a agenda mais importante para o país no próximo mandato. A organização política reformada, de forma democrática, possibilitará condições para que o Partido dos Trabalhadores e o governo Dilma, façam as Reformas democráticas profundas que atendam os interesses da maioria da sociedade brasileira.

No cenário político que temos, realmente o PT não tem condições de ir além do "reformismo moderado", e o governo Dilma será criticado como o governo de esquerda que governou como a direita.

EDITORIAL
O modelo não para em pé
Claudius
por Silvio Caccia Bava
Toda vez que o PT ganha as eleições acontece o mesmo. Sob pressão dos interesses do mercado, ele cede à oposição conservadora, desaponta seu eleitorado, abre mão das propostas mais arrojadas, escolhe ministros que satisfazem o mercado e incorpora uma parte das proposições que estão no programa eleitoral que perdeu.
Cornelius Castoriadis, já no final do século XX, assinalava que os políticos, sejam quais forem, são impotentes para mudar as coisas. O que lhes resta é seguir a corrente, isto é, aplicar as políticas neoliberais do interesse das oligarquias e das empresas, que, afinal, financiam sua eleição.1
Essas contradições mostram a precariedade de nossa democracia. Nas eleições, um candidato progressista pode até ganhar, mas não leva. Tem de compor, tem de ceder, para garantir sua capacidade de governar. É a arquitetura do sistema político que leva a isso.
No primeiro ano de seu primeiro governo, Lula foi mais realista que o rei e arrochou a classe trabalhadora para tranquilizar o mercado, desarmar as pressões da oposição e garantir a governabilidade. Depois, progressivamente, o governo foi adotando políticas que melhoraram efetivamente a vida de muitos brasileiros. O modelo praticado então não limitava a rentabilidade do capital; era de um reformismo moderado, socorrendo os mais pobres e aumentando gradualmente a renda do trabalho. Foi uma tentativa de atender a todos os interesses, mesmo que contraditórios. Tentou-se assim evitar o confronto com os interesses do capital e as ameaças de desestabilização do governo, que vinham de dentro e de fora do país.
No entanto, a conjuntura mudou, estamos em tempos de vacas magras e não dá para repetir a dose. Não há recursos para distribuir para todos. E mesmo que houvesse, é hora de discutir publicamente a questão da desigualdade. O modelo do financiamento público tem de mudar. O modelo atual, que onera os mais pobres e isenta os ricos, não para mais em pé. Sua permanência será fonte de conflitos sociais crescentes, e mesmo o mercado precisa de estabilidade política para operar.
As ameaças da oposição conservadora estão sempre presentes. Pode ser a impugnação da prestação de contas da campanha eleitoral, pode ser a acusação de corrupção no mais alto nível de governo, pode ser o não cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, enfim, são acusações que poderiam servir muito bem para os acusadores, mas são usadas com o objetivo de buscar encurralar o governo eleito, colocá-lo como refém dessas ameaças.
O que quer a oposição conservadora? O rentismo quer continuar recebendo algo como 5% do PIB para o pagamento do serviço da dívida pública interna (cerca de R$ 230 bilhões em 2013) e quer continuar impondo juros extorsivos aos consumidores e empresas. O agronegócio quer continuar abrindo novas fronteiras para o gado e as plantações, degradando o meio ambiente, destruindo as florestas, contaminando as águas com os agrotóxicos, expulsando a agricultura familiar. As mineradoras querem entrar nas reservas indígenas e explorar de maneira predatória os recursos minerais do país. As grandes empreiteiras querem mega obras de bilhões de reais, que depois serão sobrefaturadas para auferir maiores lucros e azeitar as relações com os dirigentes dos órgãos contratantes. E os empresários exportadores, principalmente de commodities, querem ferrovias, portos, energia, melhores condições que alavanquem seus negócios, tudo isso financiado pelo dinheiro público. Querem a chamada “liberdade de mercado” para a atuação dos cartéis que oligopolizam a economia brasileira, querem novas isenções, não querem pagar impostos. Querem também a redução do “custo Brasil”, com a precarização do trabalho, da seguridade social, e o rebaixamento dos salários reais.
Essa disputa entre políticas redistributivas e concentradoras tem uma grande importância em qualquer parte. Aqui no Brasil ela afeta a maioria da população, pois os brasileiros são pobres: 66% da população tem renda individual mensal igual ou menor a R$ 21/dia.2Contrastando com essa pobreza, 1% dos proprietários rurais detém 50% das terras cultiváveis, e os 10% mais ricos ficam com 73,3% da riqueza nacional.3 A questão social e política da produção e reprodução da desigualdade precisa ser enfrentada. Ela é um entrave para o desenvolvimento e o bem-estar coletivo.
Dito de forma direta, a crise atual é a do pacto distributivo. Reduzir a desigualdade exige aumentar a renda do trabalho (salários, pensões, aposentadorias), investir fortemente em políticas públicas, e reduzir a renda do capital (lucros, juros, aluguéis, renda da terra). Essa tendência já vem se afirmando nos últimos anos. Em 2003, a participação dos salários no PIB era de 39%; em 2013, ela foi de 47%.4 É, sem dúvida, uma melhora, mas a realidade é que ainda hoje a pobreza está presente em mais de 70% dos lares brasileiros.
O caminho das reformas é o caminho de uma transição negociada numa perspectiva de progressividade, gradualismo. Para isso é necessário reforçar democraticamente o papel do Estado como regulador do processo distributivo e como agente direto executor de políticas públicas de garantia de direitos. O Estado deve garantir a oferta de bens públicos como educação, saúde, transportes coletivos, saneamento básico, entre outros, mas não pode mais apresentar a conta para essa maioria pobre, pela via da cobrança de tarifas, ou embutindo impostos nos produtos de consumo, por exemplo. Esses serviços públicos devem ser pagos pelo conjunto dos impostos, por meio de novas políticas tributárias que incidam sobre as grandes fortunas, as heranças, as transações financeiras, os imóveis nas zonas nobres da cidade, a propriedade da terra.

Silvio Caccia Bava
Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil



1        Cornelius Castoriadis, “Stopper la montée de l’insignifiance” [Parar a escalada da insignificância], Le Monde Diplomatique, ago. 1998.
2  Datafolha, nov. 2013.
3  Crédit Suisse, Global Wealth Report 2014.
4    Marcio Pochmann, “Seu país, as eleições e os rumos da democracia”, Rede Brasil Atual, n.97, jun. 2014.