quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A Justiça em campanha

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Autor: Fernando Brito no Tijolaço - 09/10/2014
Inacreditável o papel a que a Justiça Brasileira está se prestando.
Um vídeo (sem imagens, apenas o teto de uma sala) onde o o ex-diretor ladrão da Petrobras – que aliás, admite ter sido enfiado na companhia a contragosto de Lula, por pressão de outros partidos –  diz, sem apresentar um mísero dado concreto, o que dirá uma prova, que “o comentário que pautava dentro da companhia” é que a diretoria das áreas de Gás e Energia, Serviços e Exploração e Produção, “os três por cento ficavam diretamente para o PT”
Vejam bem, os jornais afirmam que havia este desvio com base na declaração de Paulo Roberto Costa de que “o comentário que pautava dentro da companhia”.
Será que existe um lugar no mundo, repartição ou empresa, onde não haja “comentários”?
Conheço dois dos diretores mencionados e quem os conhece não pode deixar de achar um absurdo. Na diretoria de Gás e Energia, então, o diretor era Ildo Sauer, um professor universitário (da USP) e hoje um colaborador de Marina Silva. Na de Exploração e Produção, Guilherme Estrella, um geólogo de carreira da empresa, aposentado, que voltou à Petrobras e liderou a equipe que descobriu o pré-sal. Voltou à aposentadoria e cuida do jardim de sua casa, em Nova Friburgo, com a mesma simplicidade que cuidava antes.
Pois estes dois homens de quem nunca ouvi falar um ai contra a honradez de suas condutas, sem um fato, um papel, um depósito, um e-mail que seja estão expostos hoje no que só se pode definir como um comportamento indigno da Justiça e do jornalismo.
Na Folha, com base em uma suposta gravação do depoimento de Alberto Yousseff, doleiro já condenado, figura manjada que voltou às falcatruas depois de outra “delação premiada”,  no caso Banestado, diz o seguinte:
“Tinha uma outra pessoa que operava a área de serviços (da Petrobras),que se eu não me engano era o senhor João Vaccari”.
Como assim “se não me engano”? É “acho que era”? Qual é o valor disso para acusar uma pessoa, em letras garrafais e um partido político?
Eu também poderia achar que o finado Sergio Motta, tesoureiro do PSDB “operava” para os tucanos, mas eu achar e nada é a mesma coisa, salvo se eu tiver provas. E se não as tenho, como é que vou dar uma manchete destas?
É inexplicável o papel do Juiz Sérgio Moro, sobretudo depois de ver que surgiram versões clandestinas de outros depoimentos de Paulo Roberto Costa à Polícia, de permitir gravações editadas, com trechos do teor que citei, num processo que, pelos valores e gravidade que envolve, está sob sigilo, ou deveria estar.
O seu tribunal é uma “peneira” de furos seletivos.
Seria melhor que o juiz chamasse logo toda a imprensa para assistir e perguntar, pois talvez – só talvez – saísse alguma indagação sobre “que provas os senhores têm disso”?
A delação premiada, para ser válida, tem de ser acompanhada da produção de provas, não pode ser apenas concedida pela disposição de alguém, que ia gramar anos de xilindró e agora vai ser solto, sair atirando acusações para todo lado na base do “o que se comentava na companhia” ou do “se eu não me engano”.
Que Paulo Roberto Costa metia a mão na bufunfa para se beneficiar e aos seus padrinhos políticos – que não eram do PT, como ele próprio admite – está claro. Mas que um imoral destes possa sair acusando sem qualquer prova todo mundo e isso, também sem critério algum, seja publicado e transformado em matéria prima eleitoral, sob o patrocínio do Judiciário, é um escândalo.
Reflitam: não foi a “cavação” de um repórter furão que obteve o teor das declarações: elas foram feitas e divulgadas, quase que numa “coletiva”, nas barbas do juiz que sustenta que aquilo corre sob sigilo.
E, com mais de 30 anos de profissão, garanto a vocês, estes “furos coletivos” só acontecem quando acontece, também, uma armação inconfessável, embora evidente a qualquer pessoa decente.

“Carnaval” da mídia não garantiu vantagem a Aécio. É daí para baixo, agora

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Autor: Fernando Brito - no Tijolaço - 09/10/2014
Ibope e Datafolha fecham um resultado em comum na primeira pesquisa: 51% para Aécio, 49% para Dilma.
Estes números, que seriam os votos válidos, correspondem a 46 a 44%, com 4% de nulos e 6% de indecisos, em ambas as pesquisas.
Com a “margem de erro” revelada nas pesquisas finais do primeiro turno, isso quer dizer…absolutamente nada.
Ou melhor, quer dizer, sim.
Aécio está, com o surpreendente resultado que obteve no primeiro turno e ruidosa comemoração da mídia deste fato, no seu melhor momento.
Aliás, com a permanência de Marina, até as pesquisas finais, de adversária mais provável  de Dilma, Aécio vinha se livrando de questionamentos mais diretos.
E os dias seguintes, era saudado como o que iria receber todos os apoios, o que só em parte se confirmou, com a relutância de Marina Silva em passar-lhe um cheque em branco.
Aécio está naquela mesma condição em que estava a ex-senadora Marina Silva quando se tornou candidata, aparecendo do nada a que estava relegado como “grande esperança” de vitória contra o governo Lula-Dilma.
E, ainda assim, não lhe puderam – bem que a Época  tentou, com uma pesquisa marota, feita para ser exibida no programa de TV de Aécio, hoje – dar-lhe uma vantagem na disputa.
E olhe lá se tem estes números…
Quem estava pessimista, se olhar que nem neste momento conseguem disparar com Aécio.
Aécio vai minguar depois de sua festa de ressurreição que pareceu a muitos um milagre e a mim, apenas, a reafirmação de que a política real – não os nossos delírios – é a que acaba prevalecendo.
E Dilma, refeita do baque que foi perceptível na sua entrevista pós-eleição, vai crescer, se alimentando da mobilização que seus dois primeiros dias de campanha de rua.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Feira do Livro e da Arte - Setor Leste 9 e 10 de outubro


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Num país que jamais consolidou a produção literária e o hábito de leitura como marcas de sua cultura, a criação de espaços e eventos que estimulem esse binômio, mais do que necessária, é bastante louvável.

Desejamos que você, aluno e aluna, aproveite ao máximo as ricas oportunidades que a Feira irá oferecer não apenas no campo literário, mas nas artes também, formando, no seu conjunto, um grande evento.

Todos os livros e gibis estarão com os nomes dos donos e donas, se gostou do livro/gibi, verifique o nome a turma e procure falar com o aluno/aluna e emprestar, trocar ou doar.

A professora Lurdes estará o tempo todo orientando aos estudantes e visitantes, boa feira!

FHC dirá que mineiros, gaúchos e fluminenses são ‘desqualificados’?


No blog Maria Frô - 08/10/2014
No domingo, minha fala insistente no debate do #48HDemocracia foi sobre o comportamento do eleitorado paulista, aquele que trocou seu voto pela seca nas torneiras, por aperto no metrô e trens sucateados e superfaturados, por mais repressão nas periferias, pelo sucateamento da USP, pela repressão às greves, pelo não repasse de verbas recebidas do governo federal pra instituições como a Santa Casa que chegou inclusive a fechar.
Argumentei por diversos momentos que compreender o eleitorado do “túmulo das utopias” não é paraprincipiantes
Leio sobre o estarrecimento de Marilena Chauí. Minha ex-professora querida que me desculpe. Não estou estarrecida.
Se por um lado Laura Capriglione tem toda a razão à crítica que faz ao PT genérico de São Paulo, por outro, todo mundo que anda pelas periferias da cidade tem plena consciência do nível de despolitização e reacionarismo presentes nela. É um embrutecimento produzido é bem verdade, pela ausência de políticas públicas durante duas décadas de governo tucano, mas especialmente devido à esquerda ter abandonado estas periferias, ter abandonado a formação política do povo. Aliado a este quadro desastroso temos uma mídia que blinda o PSDB de todas as formas, como diz o professor Ignacio Delgado: “São Paulo sedia a maior parte do complexo midiático de sustentação do pensamento conservador no Brasil, custeado por generosos contratos como os governos tucanos, que acaba por ter papel decisivo nas disputas eleitorais no estado.”
FHC em entrevista a UOL afirmou que eleitores de Dilma são menos informados: “Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados” e ainda: “há “uma coincidência entre os mais pobres e os menos qualificados”. E não há um único jornalista neste complexo midiático tucano que recorra ao mapa eleitoral da apuração do 1º turno e contraponha FHC, dizendo-lhe:
Olha, ‘príncipe da sociologia’, na capital do estado de São Paulo, onde os tucanos governam há 20 anos e onde em 25 anos só houve 3 administrações petistas, sendo que a última não completou ainda dois anos, seu candidato Alckmin venceu em Itaquera, São Miguel Paulista, Ermelino Matarazzo e Cangaíba (bairros pobres da Zona Leste) e na  Capela do Socorro, outro bairro pobre da Zona Sul.
Nesses bairros, eleitores pobres, em sua maioria pretos e pardos trocaram seus votos por mais violência, mas repressão policial, menos água nas torneiras, menos educação de qualidade, já que nos dois anos que Serra ocupou o cargo de governador e nos quatro de Alckmin a educação paulista teve seu pior resultado nas avaliações do próprio governo do estado de São Paulo.
Os eleitores pobres de São Paulo trocaram seus votos por superlotação nos trens e metrôs superfaturados no maior escândalo de corrupção do país, com desvio em propinas de mais de meio bilhão e que só sabemos, porque foi denunciado no Ministério Público da Suíça, pois em São Paulo, CPIs são enterradas e o MP não investiga nenhuma denúncia contra os tucanos ou as arquiva.

Os eleitores dos bairros pobres também trocaram seu voto pelo sucateamento da USP, pela repressão às greves, enfim, pelo desgoverno tucano que há 20 anos domina nosso estado. Mesmo assim, FHC despreza os seus votos em suas declarações.
Também não houve nenhum jornalista para informar FHC que enquanto na Bahia, o estado nordestino onde Dilma teve maior votação, ela recebeu 4.292.325, em São Paulo, feudo tucano blindado pela mídia, Dilma recebeu 5.927.503, mesmo com o intenso bombardeio anti-PT que chega ao cúmulo de criticar corredores de ônibus e ciclovias e se dependesse da elite paulista mandava cassar o prefeito por devolver o território da cidade para a população.
Já no estado onde nasceu Aécio Neves e no qual ele foi governador e senador, Dilma VENCEU com 4.829.513. Dilma venceu ainda no Rio de Janeiro onde Aécio ficou em 3º lugar e olhem que o Rio é a ‘casa’ de Aécio! Dilma também venceu no Rio Grande do Sul.
Fernando Henrique Cardoso também dirá que os gaúchos são “menos informados”, “menos qualificados”?
O que está por trás da fala de FHC é o que pensa a elite anti-petista deste país, que sempre deixou as regiões Norte e Nordeste de lado, como se elas não fizessem parte do Brasil.
Os governos Lula e Dilma ao contrário investiram pesadamente no Norte e Nordeste para diminuir as desigualdades nacionais. Há mal intencionados e ou desinformados que dizem que esses investimentos significaram redução de investimentos em São Paulo ou que estavam vinculados a política de curral eleitoral. São Paulo concentra 33% do PIB do país e também muita desigualdade, sua capital na última década e na contramão do que ocorreu em todo o Brasil, ampliou a desigualdade: de cada 100 reais produzidos na cidade, os ricos (1% da população) ficam com 20 reais. Há uma década atrás ficavam com 13,00. Dilma perdeu para Marina em Pernambuco e só em 2014, a presidenta republicana que temos repassou para o estado de Pernambuco governado então pelo pré-candidato à presidência, Eduardo Campos, que faleceu no último 13 de agosto em acidente aéreo, mais de 650 milhões. Dilma aumentou em 50% o repasse do governo federal ao estado se comparado ao último governo Lula, saltando de 4,61 bilhões para 6,87 bilhões no governo Dilma. 
O que está por trás da fala de FHC é que os governos Lula e Dilma provaram que é possível recuperar a economia do país sem desempregar, ao contrário, gerando emprego. Que foi possível reconstruir o Estado privatizado pelos tucanos e desenvolver o país fazendo o Brasil saltar da 15ª economia para a 6ª economia do mundo, tudo isso, acabando com a fome, colocando jovens pobres nas universidades, levando médicos onde nunca houve atenção básica, ampliando a geração de energia e a infra-estrutura do país de Norte a Sul, de Leste a Oeste, sem abandonar nenhuma unidade da federação, a ponto de prefeitos tucanos apoiarem a presidenta Dilma, como podemos ver no discurso do prefeito do PSDB de Rio Grande da Serra (SP)  no trecho da reportagem da Folha de São Paulo em 2/07/2014:
O que está por trás da fala de FHC é negar que o mesmo estado que elege Alckmin, Serra e deixou Aécio em primeiro lugar nas eleições presidenciais, elegeu também Tiririca.
O que que está por trás da fala de FHC é o nojento e recorrente preconceito sudestino contra nordestino, explorado sempre nestes tempos de disputas eleitorais pelos projetos mais reacionários e excludentes, como podemos constatar nos porta-vozes tucanos na mídia, concentrada, monopolizada e partidarizada:

terça-feira, 7 de outubro de 2014

“Não sou homem de me arrepender do que faço” Homem que recusou cumprimento a Aécio diz à CartaCapital que ficou feliz "porque as pessoas se identificaram", mas rejeita uso político de seu gesto.

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O músico Fábio Martins recusa o cumprimento de Aécio durante sua visita a uma favela de Belo Horizonte.
 músico Fábio Martins ficou famoso nacionalmente ao recusar um cumprimento do candidato Aécio Neves, do PSDB. Flagrado pelos fotógrafos e cinegrafistas que acompanhavam o tucano durante uma visita a favelas ao sul de Belo Horizonte, o gesto de Martins, que mora no aglomerado da Serra, foi parar nas primeiras páginas dos jornais do Brasil todo e circulou fortemente nas redes sociais nos últimos dias. “Meu gesto nada mais foi do que defender o que acredito”, afirmou o artista durante uma troca de mensagens eletrônicas com CartaCapital.
A fama repentina não trouxe vantagem alguma para Martins, de 39 anos. Eleitor de Luciana Genro no primeiro turno das eleições presidenciais, não revela em quem votará no segundo turno, alegando ser uma questão particular. E repudia qualquer uso eleitoral do que fez. “Fiquei feliz que pessoas se identificaram, mas é chato ver uma atitude honesta ser tratada de forma partidária por muitos”, afirmou.
Em um longo post em seu perfil no Facebook (leia a íntegra abaixo), o músico dá mais detalhes do que vem sofrendo, e cita racismo e ameaças. A CartaCapital ele preferiu não dar detalhes, mas questionou: “Racismo é crime, não é, amigo?”. Mas completou: “Não sou homem de me arrepender do que faço”.
Leia o desabafo de Fábio Martins no Facebook:

Por Quinze Minutos De Fama?
Ameaças, injúrias, racismo!
Entre outras coisas, é o que venho enfrentando desde sexta-feira, quando neguei cumprimentar um político!
Me calei, fiz questão de não responder individualmente aos insultos que venho recebendo, pois acredito e ponho fé no direito das pessoas se posicionarem perante qualquer situação, (Democracia é isto!) e foi somente o que fiz perante o candidato: me posicionei!
Fui taxado como mal educado, e realmente é mal educado quem nega um cumprimento a qualquer um que seja, mas só queria deixar bem claro que um candidato me estender a mão três dias antes de uma eleição, cercado de jornalista em um aglomerado onde jamais havia pisado, nunca representaria uma cordialidade, e sim uma ação a qual, tivesse aceitado o aceno do político, estaria dizendo gestualmente pra todos que concordo com ele e o apoio, e foi sem hipocrisia que tomei minha atitude, que foi política sim, mas não partidária, (Não defendo bandeiras), também não sou apolítico pois faço política todos os dias quando saio de casa para trabalhar, quando convivo com meus vizinhos e temos que seguir e respeitar leis, como fiz ontem quando sai para votar!
De Injúrias, como partidários do tal candidato vem postando em vários sites que repercutiram o acontecido, não acho necessário me defender, pois o que pensam de mim não me importa, só queria deixar bem claro que trabalho desde dos 14 anos de idade, e entre familiares meus estão advogados, professores, enfermeiras, músicos, poetas, pedreiros, diaristas entre outros profissionais, todos criados na comunidade e que, como eu passaram dificuldades sim, mas jamais precisaram utilizar bolsa família ou qualquer outro recurso governamental para sobreviver, (não tirando o direito dos necessitados de usufruir de tais recursos, claro)!
Sobre meus textos: Sou eu mesmo que os escreve diferente de colocações classistas de alguns que se acham "Superiores" e que até hoje parecem viajar na utopia de que favelados são todos analfabetos, drogados, ladrões, sem recursos culturais, como mostram os personagens destas novelas imprestáveis exibidas por canais de TV!
Vocês "superiores", subam o morro um dia, vamos dialogar?
Quem sabe assim possamos achar explicações para os carrões dos filhos teus que a noite não param de encostar na entrada da favela pra buscar droga e assim alimentar o tráfico!
Apertaria com convicção a mão de um que tivesse coragem de por a cara!
Sobre citações racistas e ameaças a minha integridade física, pouco vou falar pois este tipo de gente não merece meu tempo nem respeito, então simplesmente tenho dado print nas conversas e postagens do gênero e farei um B.O. para me defender de qualquer coisa que possa vir a me acontecer, pois infelizmente parece que ainda vivemos na época da repressão militar ou em um feudo!
Aí tenho que ouvir de uns espertos que consegui meus quinze minutos de fama, que já posso me candidatar para vereador na próxima eleição, Brincadeira viu!
As únicas coisas que quero é que minha mãe durma tranquila (coisa que não faz desde sexta, quando saio à noite para trabalhar) e que eu tenha liberdade e saúde para seguir em busca dos meus ideais...
Paz para todos!
FM.

Lula também chama FHC às falas! FHC pensa que o Nordeste é o do Governo dele!



Do Presidente Lula, em seu facebook:

No Conversa Afiada

É lamentável o preconceito que vem à tona depois de um processo democrático tão importante, como as eleições do último domingo. É um absurdo que o nordeste e os nordestinos sejam caracterizados como ignorantes ou desinformados por seus votos. Primeiro porque isso é fruto de preconceito lastimável, segundo porque mostra um desconhecimento profundo da atual situação do nordeste brasileiro. Quem faz afirmações deste tipo imagina o nordeste da década de 90 ou de antes, onde reinavam a fome, o desemprego e a falta de oportunidade. Por isso muitos, como eu, tiveram que abandonar sua terra natal e migrar para outras regiões em busca de melhores condições de vida.


Hoje, o nordestino anda de cabeça erguida porque não é mais tratado pelo governo como cidadão de segunda categoria. Das 18 universidades criadas nos 12 anos de governo, 7 são no nordeste. A região conta hoje com 62 extensões universitárias. Mais de 16 mil estudantes dessas universidades foram estudar no exterior com o Ciência sem Fronteiras. Dos 20 milhões de empregos criados no país, quase 20% foram no nordeste. 141 escolas técnicas foram implantadas na região, representando 33% do total no país. A mortalidade infantil, que era um dos principais problemas da região caiu a menos da metade. Os nordestinos, hoje, não são mais personagens de tristes reportagens sobre as migrações para os grandes centros urbanos. Eles podem viver nas suas terras de origem com dignidade e oportunidade.


Somos todos brasileiros e temos que nos unir para continuar construindo um país mais solidário, mais justo, com mais oportunidades para todos, independente de cor, crença, religião ou região do país em que cada um tenha nascido. As pessoas deveriam ser agradecidas pela diversidade do nosso grande país. Essa é a nossa riqueza.


“Povo não sabe votar? Mentira!” Dilma vs FHC “A oposição entre ricos e pobres é parcialmente verdadeira. Fizemos uma política no Brasil em que todos ganharam”

A Presidenta Dilma Rousseff reagiu à declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que afirmou, na segunda-feira (6),  que o PT cresceu nos grotões do país e que o Partido dos Trabalhadores tem o voto dos “menos informados”.

Para Dilma, trata-se de uma “visão elitista” do país. 

“Essa história de que o povo não sabe votar só porque não se formou em uma universidade é uma falácia, uma mentira. Acho (que é) visão elitista do país, lamentável. Escutei muito que o povo não sabia votar. E, antigamente, não deixavam o povo votar”, ressaltou a petista nesta terça-feira (7), após conversa com governadores, senadores e deputados eleitos no 1º turno, numa coletiva.

A candidata à reeleição disse que a campanha será baseada em “propostas críveis” e na comparação entre as gestões do PT e do PSDB à frente do governo federal. “A campanha será:  apresentamos as nossas propostas e vamos debater em alto nível projetos que já fizemos no país.  E a população vai escolher”, comentou.

Dilma refutou a ideia de que a eleição será dividida entre pobres e ricos ao mostrar dados sobre a melhora de vida dos brasileiros nos últimos anos. 

“A oposição entre ricos e pobres é parcialmente verdadeira.  De fato, os governos do PT tiveram preocupação que pode ser sintetizada em ‘incluir os pobres no Orçamento’. Elevá-los sempre a uma situação melhor. Mas fizemos uma política em que todos ganharam. Isso transformou o Brasil de forma pacífica e silenciosa”, opinou.

Sobre os protestos e a demanda por serviços públicos de qualidade, Dilma enfatizou: “O Brasil mudou e o desejo das pessoas mudou junto.  Brasil do passado não fazia metrô, porque o governo era para 1/3 da população. Metrô porque era coisa para rico. Metrô é algo fundamental em um país como o Brasil, de concentração urbana violenta em algumas cidades.Tem que ter metrô em Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo, em grandes cidades do Brasil para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros”.

Atenção Amigos e Amigas, Professores e Professoras. Conheçam esse artigo do Boaventura de Sousa Santos


O artigo do maravilhoso sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos, que tive o prazer de conhecer pessoalmente numa aula da indignação - aula de abertura do semestre - em 2012 na Unb, precisa ser lido por todos, principalmente, por nós professores (as) e estudantes. Por isso mesmo, a partir de hoje, durante a semana, vou postá-lo em partes pequenas, para você se deliciar e se libertar. Claro, postei por inteiro agora há pouco, mas vamos iniciar por parte. Vamos dividir cada parágrafo em dois períodos.

PARTE I

ELEIÇÕES - O Brasil na hora das decisões

por Boaventura de Sousa Santos - Fonte: Le Monde Diplomatique - 07/10/2014

Em 2015, o Brasil comemora o mais longo ciclo de vida democrática da sua história: trinta anos. Isso é em si um fato importante num momento em que o Brasil emerge como uma potência mundial e em que, por isso, o que se passa no país interessa não só aos brasileiros como ao mundo no seu conjunto. São trinta anos de progressos extraordinários na construção de uma institucionalidade democrática que ousou ir para além da matriz eurocêntrica, combinando democracia representativa com democracia participativa; na configuração de um sistema judicial independente; na adoção de políticas públicas que permitiram níveis de redistribuição social nunca antes alcançados; no enfrentamento da injustiça histórica de longa duração com concessões de terras e territórios aos povos indígenas e quilombolas, e com políticas de ação afirmativa no sistema educativo e potencialmente no sistema de emprego; na tentativa de superar os limites da transição democrática pactuada no que diz respeito à injustiça histórica de mais curta duração – os crimes da ditadura militar; na criação de um sistema de educação superior e de pesquisa científica dinâmico e socialmente responsável; na configuração de uma política econômica que garantiu estabilidade e níveis elevados de crescimento; enfim, no desenho de uma postura nas relações internacionais centrada numa nova concepção dos interesses do país e da região relativamente autônoma diante dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos na região e mesmo no mundo.

ELEIÇÕES - O Brasil na hora das decisões

Ganhará as eleições quem for capaz de mostrar com mais clareza quais são as escolhas e como elas se articulam num projeto de país verdadeiramente inclusivo, justo e intercultural, apresentando com mais consistência e credibilidade os meios para colocá-las em prática
por Boaventura de Sousa Santos

Em 2015, o Brasil comemora o mais longo ciclo de vida democrática da sua história: trinta anos. Isso é em si um fato importante num momento em que o Brasil emerge como uma potência mundial e em que, por isso, o que se passa no país interessa não só aos brasileiros como ao mundo no seu conjunto. São trinta anos de progressos extraordinários na construção de uma institucionalidade democrática que ousou ir para além da matriz eurocêntrica, combinando democracia representativa com democracia participativa; na configuração de um sistema judicial independente; na adoção de políticas públicas que permitiram níveis de redistribuição social nunca antes alcançados; no enfrentamento da injustiça histórica de longa duração com concessões de terras e territórios aos povos indígenas e quilombolas, e com políticas de ação afirmativa no sistema educativo e potencialmente no sistema de emprego; na tentativa de superar os limites da transição democrática pactuada no que diz respeito à injustiça histórica de mais curta duração – os crimes da ditadura militar; na criação de um sistema de educação superior e de pesquisa científica dinâmico e socialmente responsável; na configuração de uma política econômica que garantiu estabilidade e níveis elevados de crescimento; enfim, no desenho de uma postura nas relações internacionais centrada numa nova concepção dos interesses do país e da região relativamente autônoma diante dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos na região e mesmo no mundo. O conjunto dessas políticas foi mudando a tal ponto a imagem internacional do Brasil que, enquanto em 1985, um país em processo de “brasilianização” era um país condenado, hoje seria certamente um país resgatado.
Alguns dos méritos dessa transformação se devem a todos os governos desse período, outros (muitos) pertencem aos governos que se iniciaram com a eleição do presidente Lula em 2003. É um desses últimos governos que pretende reeleger-se nas eleições do próximo mês de outubro: o governo da presidente Dilma Rousseff. Em face do exposto acima seria de prever que o próximo ato eleitoral fosse a consagração fácil do atual governo. Assim parece não ser e há que se averiguar por quê. Analisemos algumas das razões principais. Devo dizer, à partida, que se fosse brasileiro votaria sem hesitações na presidente Dilma, mas não deixaria de lhe enviar alguns recados na expectativa de fortalecer a minha esperança.
A síndrome da Índia
Em maio, o candidato conservador Narenda Modi ganhou folgadamente as eleições na Índia, desalojando o Partido do Congresso, de centro-esquerda, que estava no poder desde 2004. O Partido do Congresso adotara uma política fortemente neoliberal, ainda que matizada pelo fato de o Estado indiano, na tradição de Nehru, ser um pesado interventor tanto na economia como na sociedade. As medidas neoliberais tiveram assim de conviver com duas condições: políticas de redistribuição de renda com as quais se criou uma nova classe média e se ampliou o mercado interno; e negociação permanente com um Estado que paulatinamente foi se rendendo aos imperativos dos grupos econômicos poderosos por via da corrução. De modo paradoxal, as duas condições convergiram na derrota do Partido do Congresso: uma nova classe média, frustrada pelo fato de seu status não corresponder à qualidade das expectativas que criara, tornou-se muito crítica das negociatas e do esbanjamento de dinheiro público de que membros do governo e políticos foram sendo denunciados. Essa convergência foi ao ponto de alguns analistas terem concluído que o partido fora derrotado nas urnas pelos grupos sociais que mais tinha beneficiado durante os dez anos de governo.
Em política é muito arriscado fazer comparações. O Brasil é um país muito diferente da Índia. As políticas públicas foram muito mais significativas no Brasil que na Índia, e a eleição de Modi teve a seu favor outros fatores (por exemplo, de política étnico-cultural) que felizmente não têm vigência aqui. Ainda assim, as manifestações de junho de 2013 e o clima – ora difuso, ora organizado – de descontentamento em relação aos investimentos na Copa vieram mostrar que o governo Dilma devia prestar muita atenção a duas observações sobre o incremento das políticas sociais que um grande economista, aliás amigo do Brasil, Albert Hirschman, fez há muitos anos. Segundo ele, o incremento das políticas sociais pode criar frustração social em duas situações: quando os serviços públicos, ao massificarem-se, perdem qualidade e deixam de corresponder às expectativas de estratos sociais ansiosos por poder desfrutá-los pela primeira vez (por exemplo, compare-se a expansão dramática do ensino universitário público com o aumento muito menos significativo do real investimento financeiro no setor); e quando os serviços, por serem de produção burocrática, são culturalmente monolíticos e organizacionalmente homogêneos, não se adequando às necessidades culturais e outras de certos grupos sociais (saúde indígena, agricultura camponesa, transporte urbano e suburbano etc.).

Quem está no poder?
O capital, talvez hoje mais do que em qualquer período desde a Segunda Guerra Mundial, só confia em governantes que sejam eles próprios capitalistas ou extensões serventuárias do capital, ou seja, gente que veja na maximização dos lucros o objetivo central da governança pública. Ao longo de séculos, o capital habituou-se a negociar com forças por vezes muito hostis, como aconteceu no imediato pós-guerra europeu, e fê-lo sempre com muita flexibilidade. Mas sempre a contragosto, e desde a década de 1980 tem vindo a construir a economia mundial cada vez mais autônoma em relação às políticas nacionais ou regionais (caso da União Europeia), na esperança de, no momento adequado, fazê-las vergar aos seus interesses, que não são outros senão a maximização infinita dos lucros. A América Latina, nas duas últimas décadas, foi administrada por alguns governos que voltaram a impor a negociação em termos que globalmente pareciam obsoletos. O capital agiu com a habitual flexibilidade, dessa vez centrada na ideia de que a perda de poder político não significaria a perda do econômico. E como os capitalistas são mais adeptos do determinismo econômico do que alguma vez foram os marxistas, viram essa perda como muito relativa e sempre transitória. Com os governos da última década, o capital teve muitos lucros, mas só aqueles que a “monotonia das relações econômicas”, como diria Marx, permite. Ficaram por ganhar os lucros extraordinários provenientes da acumulação primitiva, das grandes privatizações e da corrupção, que, por ser tão grande e comum, se torna sinônimo de boa governança (too big to fail). É a perda desses lucros extraordinários que está por trás da virulência e da grosseria com que o capital, pela voz da sua serventuária grande mídia e da classe política de direita, ataca o governo Dilma, por exemplo, por meio de insultos de caráter quase racial ou de casta no espaço público. Fazem-lhe saber que, por mais íntima que se mostre deles ou delas, ela nunca será um deles ou delas. Numa afirmação grosseira de colonialismo interno, dizem sem o dizerem: “Mesmo que tenhamos acumulado muito dinheiro com vocês no poder, nunca aceitaremos o PT, o Lula e qualquer pessoa da sua laia!”.
E o povo? Os governos dos últimos doze anos chamaram-se em vão governos populares? As classes populares não estiveram no poder. Estiveram no poder representantes e aliados seus que, no entanto, dada a natureza anacrônica e antidemocrática do sistema político brasileiro, entraram em alianças com forças políticas conservadoras que, historicamente treinadas para dominar o poder, foram sabendo extorquir cada vez mais concessões que acabaram por desfigurar ou eliminar os programas que mais potencial tinham para mudar as relações sociais de poder. Permitiram mesmo provocar retrocessos escandalosos, como foi o caso do novo Código Florestal. Foram sobretudo criando uma lógica de governança hostil à participação e à deliberação democráticas em favor de uma lógica tecnocrática, instrumentalista, nacional-desenvolvimentista. Claro que alianças contranatura acabam sempre por provocar mudanças de desigual intensidade nos seus parceiros. Na passagem do governo Lula para o Dilma foi visível a perda de acesso das classes populares aos governantes em que tinham votado. A presidente Dilma fez questão de manter uma distância em relação aos movimentos sociais e aos sindicatos que parecia orientada para estabelecer a marca da sua autonomia em relação ao lulismo, mas que foi sobretudo entendida por todos como uma mensagem de proximidade em relação às classes dominantes. Por outro lado, os instrumentos de democracia participativa que tinham sido a marca do governo popular (orçamento participativo, conselhos de políticas setoriais, conferências nacionais) foram perdendo fôlego, capacidade de renovação e, sobretudo, foram relegados a decidir cada vez mais sobre temas cada vez menos importantes. Os grandes investimentos e os grandes projetos ficaram fora do alcance da democracia participativa. A distância entre governantes e governados, e entre representantes e representados aprofundou-se, habilmente aproveitada pela grande mídia, que é o grande partido de oposição em toda a América Latina contra os governos progressistas. Estes têm levado tempo a perceber que, nas condições do continente, seus erros, por menores ou justificáveis, cobram um preço muito caro. Daí a necessidade de uma enorme vigilância política por parte dos partidos que sustentam esses governos. Acontece que a lei de ferro das oligarquias partidárias atingiu violentamente esses partidos à medida que seus melhores militantes se transformaram nos piores funcionários. Nada disso é irreversível. A reforma do sistema político vai estar na agenda, e, num lampejo de criatividade política (que teria sido mais eficaz se o governo não tivesse anteriormente mantido tanta distância em relação aos movimentos sociais), a presidente Dilma chegou a propor uma Assembleia Constituinte, tal como hoje tem sido proposta nas ruas e praças de tantos países do mundo (no Brasil, o plebiscito sobre a reforma política). A reativação da democracia participativa e da participação popular é possível, e o governo deu recentemente mostras de querer levá-la a sério para além das conveniências eleitorais. A refundação do Partido dos Trabalhadores é quiçá a tarefa mais difícil, e, se eu pudesse aconselhar o presidente Lula, dir-lhe-ia que seria nela que ele deveria investir toda a sua magnífica biografia que construiu para orgulho de brasileiros e de cidadãos de esquerda de todo o mundo.
O modelo de desenvolvimento
O neoliberalismo fez concessões no plano político e na perda dos lucros extraordinários, mas conseguiu em contrapartida dominar cada vez mais a lógica de governança de governos, criando uma armadilha entre a necessidade de crescimento econômico para financiar as políticas sociais e de infraestrutura e a submissão a uma lógica de acumulação dominada pelo setor mais antissocial do capital (o financeiro), centrada na exploração ecologicamente desastrosa dos recursos naturais (agronegócio, mineração e megabarragens) e criminosa no que diz respeito aos sacrifícios inomináveis que impõe a populações camponesas e ribeirinhas, povos indígenas e quilombolas, expulsando-os de suas terras e territórios, e permitindo que seus líderes sejam perseguidos e mortos. A resistência popular a essa avalanche sem precedentes (mesmo incluindo o tempo colonial) e convenções internacionais – como a Convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes da OIT e o direito à consulta prévia, livre e informada que ela consagra – são declaradas sumariamente obstáculos ao desenvolvimento. Esse processo acontece em todo o continente (e fora dele), e o Brasil não lhe escapa. Todas as conquistas de justiça histórica da última década estão em risco de perder-se com a orgia do extrativismo.
Os povos indígenas brasileiros com quem trabalho e aos quais sou solidário estão perplexos. Sabem que as forças oligárquicas regionais estão por trás de tantos crimes impunes contra eles, mas também sofrem com a hostilidade do governo da União e escandalizam-se com o fato de governos não populares do passado terem homologado muito mais terras do que o de Dilma. Escandalizam-se ainda ao ver a quase ostentação da cumplicidade com os representantes da bancada ruralista, tendo, à frente deles, Katia Abreu. Chocam-se com a paralisação dos processos de demarcação, com a passividade ante invasões ilegais e violentas e com a criminalização dos povos oprimidos em luta pela defesa dos seus direitos. Jovens ecologistas, ativistas dos direitos humanos, movimentos camponeses e urbanos pela agroecologia e pela soberania alimentar revoltam-se contra a visão estritamente capitalista da terra como fator de capital, a qual destrói o meio ambiente e arrasa os povos e modos de vida tradicionais e a biodiversidade que eles defendem e da qual todos nós dependemos.
A perplexidade aumentará com a entrada da candidata Marina Silva, conhecida militante ecológica. Participei com ela de muitas sessões do Fórum Social Mundial e partilho muitas de suas preocupações ambientais. Mas acho que está em má companhia, num partido onde têm presença os interesses do grande capital e o agronegócio em grande plano. Nada disso, porém, basta para reduzir a perplexidade se a presidente Dilma não der sinais fortes de que uma política de transição para outro modelo de desenvolvimento social e ecologicamente mais justo está em marcha e que tal política é já visível em medidas concretas. Para isso é preciso ter a coragem de relançar o debate sobre o projeto de país. Será um debate agregador, onde se criam maiorias conscientes e resilientes. Sem isso, Dilma pode ter gente suficiente que goste de vê-la reeleita, mas não terá gente suficiente para se bater ativamente por sua reeleição.

O imperialismo norte-americano
É uma ironia da história contemporânea brasileira que foi com os governos populares que o Brasil se transformou numa potência mundial com cara própria; afirmou um sistema de relações internacionais que não passa por Washington; ajudou a definir uma política regional que, sem deixar de ter alguns traços subimperialistas, para usar a expressão do grande sociólogo Ruy Mauro Marini, permitiu criar um espaço de solidariedades e de cumplicidades de recorte anti-imperialista e anticapitalista; e envolveu-se ativamente na rede de países emergentes (África do Sul, China, Índia e Rússia) que procuram criar um espaço de autonomia em relação ao dólar, ao FMI e ao Banco Mundial, que se traduz na recente criação do Novo Banco de Desenvolvimento. Não se pode imaginar que os Estados Unidos olhem impávidos e serenos para esses desenvolvimentos que potencialmente afetam seus interesses. A espionagem sobre a presidente Dilma é apenas a ponta do iceberg, e a Aliança do Pacífico está longe de ser um contrabalanço eficaz aos supostos desígnios regionais do Brasil. A ingerência assume hoje formas muito mais sutis que as intervenções militares do passado. Passam por atividades de aconselhamento perante acontecimentos extremos ou protestos sociais, de luta contra o terrorismo, ONGs com fins benévolos apenas na aparência. Uma coisa é certa: tal como acontece com o capitalismo financeiro nacional, também o internacional não confia na presidente Dilma e tudo fará para desacreditar seu governo aos olhos da opinião pública, para o que conta com poderosos aliados internos.
Os brasileiros e as brasileiras estão postos perante escolhas que terão consequências nas próximas décadas. Ganhará as eleições quem for capaz de mostrar com mais clareza quais são essas escolhas e como elas se articulam num projeto de país verdadeiramente inclusivo, justo e intercultural, apresentando com mais consistência e credibilidade os meios para colocá-las em prática. Convém desconfiar das mensagens moralistas, vagas e traiçoeiras do tipo “Não vamos desistir do país”. Elas escondem o que há de mais abjeto e noturno no velho bloco de poder oligárquico. Com todas as limitações, que devem ser reconhecidas e superadas, o que há de novo, digno e luminoso no Brasil contemporâneo são os governos Lula-Dilma.
 
Boaventura de Sousa Santos
Boaventura de Sousa Santos é professor catedrático jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, distinguished legal scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e global legal scholarda Universidade de Warwick. É diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e coordenador científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa. Dirige atualmente o projeto de investigação “Alice – Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo”. Seu livro mais recente é Epistemologies of the South. Justice against epistemicide [Epistemologias do Sul. Justiça contra o epistemicídio], Paradigm Publishers, Boulder, 2014.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

SP: Marilena se diz estarrecida e propõe estudo de caso sobre reeleição de Alckmin

SP: Marilena se diz estarrecida e propõe estudo de caso sobre reeleição de Alckmin
                                   Para filósofa, é difícil explicar reeleição de Alckmin no primeiro turno 
Da Rede Brasil Atual
A filosofa Marilena Chauí propõe que acadêmicos somem esforços para tentar entender os motivos que levaram o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a conquistar um novo mandato nas eleições realizadas neste Domingo (5). Em entrevista à Rádio Brasil Atual, a professora da USP afirmou ter proposto ao presidente da Fundação Perseu Abramo, o economista Marcio Pochmann, que estude ao longo dos próximos quatro anos os processos que explicam que o PSDB possa chegar a mais de duas décadas de comando do Palácio dos Bandeirantes.
“O PSDB tem uma monarquia hereditária. Alguém precisa entender o que acontece em São Paulo. A reeleição do Alckmin no primeiro turno é uma coisa verdadeiramente espantosa”, avaliou. Para ela, é difícil explicar como o governador obtém seu quarto mandato em meio a racionamento de água, denúncias de corrupção e problemas sérios na gestão pública, como a perda de qualidade do Metrô paulistano, alvo de denúncias de formação de cartel e pagamento de propina a políticos do PSDB.
“Por que fico estarrecida? Porque você teve milhares e milhares e milhares de jovens nas ruas pedindo em São Paulo mais saúde e mais educação. Se você pede mais saúde e mais educação, considera que são direitos sociais e que têm de ser garantidos pelo Estado. E aí você reelege Alckmin. Estou tentando entender como é possível você reivindicar aquilo que é negado por quem você reelege.”
Projeto tucano
Ela avalia que o PSDB trata políticas públicas não como direitos, mas como um produto que a população deve ter recursos financeiros para adquirir. Nesse sentido, entende também que uma parcela da sociedade paulista enxerga os avanços que teve ao longo de 12 anos de governo federal do PT não como uma melhoria no papel do Estado, mas como um mérito individual. “Não há nenhuma articulação entre a mudança de trabalhador manual para trabalhador de serviços e as mudanças sociais no país. É visto como uma ideologia de classe média, que é a do esforço individual.”
Marilena Chauí considera que ainda é cedo para estabelecer uma relação entre o saldo final das manifestações de junho e o alto número de abstenções e de votos brancos e nulos – 19,39% se abstiveram, 3,84% votaram em branco e 5,80% em nulo. De outro lado, ela avalia que o resultado geral das eleições de ontem, com crescimento de Aécio Neves (PSDB) na reta final da corrida presidencial e diminuição da representação dos trabalhadores no Congresso, tem um claro reflexo do trabalho feito pela mídia tradicional pela despolitização da sociedade.
“Uma das coisas que mais têm acontecido no país é um processo realizado pela grande mídia, tanto impressa como falada como televisiva, é um processo que vem vindo nos últimos oito anos, e sobretudo nos últimos quatro, de esvaziamento sistemático de toda e qualquer discussão política. Você tem a operação da comunicação por slogan e algumas imagens. Fora disso você não tem o verdadeiro debate político. Eu diria que os partidos políticos são responsáveis também pela ausência de um grande debate político. Ou porque não têm o que propor, ou porque não querem entrar neste debate.”

MA: Flávio Dino derrota família Sarney O candidato do PCdoB venceu com 63,71% dos votos válidos

Flavio Dino

Carta Capital - 06/10/2014

Ex-deputado federal, Flávio Dino é advogado, foi juiz federal no Maranhão por 15 anos e professor de direito. Deixou a magistratura para ingressar na política partidária. Em 2006, se elegeu pela primeira vez deputado federal. Também foi secretário-geral do Conselho Nacional de Justiça, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil e assessor da presidência do Supremo Tribunal Federal. Na Câmara dos Deputados, atuou na elaboração do projeto da Reforma Política. Em 2008, Dino disputou e perdeu a eleição para a prefeitura de São Luís.
Em 2010, Flávio Dino desistiu da reeleição para deputado federal e concorreu ao governo do Maranhão, quando foi derrotado pela governadora Roseana Sarney. Sem mandato, Flávio Dino foi nomeado para o cargo de presidente da Embratur, função que ocupou até março deste ano.
*Com informações da Agência Brasil

Coxinhas xingam os nordestinos no Twitter por darem vitória maciça para Dilma.

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por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
Depois que li o texto abaixo do Fernando Brito - Tijolaço -, fiquei matutando, o que escrever para comentar? O que dizer quando a intolerância é o discurso?
Pensei muito em São Paulo - Quem votou em Serra e fez dele senador? quem abriu mão de um dos mais decentes políticos do Brasil o Sr. Eduardo Matarazzo Suplicy? São Paulo escolheu Serra e abriu mão de Suplicy.
Será que os milhões de votos que Serra recebeu são apenas de paulistas originários?
Tem algum voto de nordestino? por que se tiver esse nordestino votante não conhece a intolerância da elite paulista. Alguém precisa alertá-lo.
Quantos nordestinos votam em São Paulo hoje? Quantos filhos de nordestinos votam em São Paulo?
Essa conta precisa ser feita. Os nossos companheiros e companheiras filhos e filhas do nosso Nordeste precisam conhecer a intolerância da elite paulista, esta mesma que mantém o PSDB há mais de 20 anos no poder do Estado.
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Coxinhas xingam os nordestinos no Twitter por darem vitória maciça para Dilma.
Autor: Fernando Brito
Cada nordestino ou descendente de nordestino no Brasil deveria ver o mapa acima antes de decidir o seu voto.

A mancha vermelho-escura, significa, município por município, onde houve uma votação de mais de 50% para a Dilma Rousseff.
É o o desenho de uma metade do Brasil que, finalmente, fez ouvir sua voz neste país.
Pois se cada homem ou mulher que teve o pai e a mãe tangido pela seca, pela miséria, pelo coronelato mandão, olhasse o que seus irmãos estão dizendo, duvido tivesse coragem de condená-los, de novo, ao jugo das elites que os empobreceram e das que os receberam, de nariz torcido, por onde a sina de retirante os espalhou.
racista
É, como diz a turma do bucho cheio que se reúne com Aécio, “o pessoal que vota com o estômago”.
Os que ele diz  que estão felizes com os “empreguinhos de dois salários mínimos”.
Gente que se reproduz na mediocridade de um imbecil, agora, na fila do banco que disse que paga imposto para dar marmita a nordestino vagabundo.
Que os chama de “paraíba”, de “baiano” e que espalha, como está mostrando o Terra, mensagens de ódio a eles  porque votaram em Dilma.
Esses Nordestinos é o nome de uma página que está reunindo e denunciando estas manifestações de ódio.
É, esses nordestinos, que construíram o prédio onde eles moram, que abriram a estrada onde eles passam, que fizeram a escola onde seus filhos estudam, ergueram a ponte que atravessam.
Que fizeram um pedaço imenso deste Brasil rico e egoísta,  da gente que é capaz de morrer de fome não porque não tem comida, mas por falta de uma empregada ou um restaurante – cheios de nordestinos na cozinha, aliás – que lhes sirva.
Esses nordestinos, essa gente que sofre mas não odeia, muito melhor do que esta, que não sabe o que é sofrer, mas  sabe muito bem o que é odiar.
São eles os “limpinhos e cheiros”, mas como fedem, meu deus!