terça-feira, 7 de outubro de 2014

Lula também chama FHC às falas! FHC pensa que o Nordeste é o do Governo dele!



Do Presidente Lula, em seu facebook:

No Conversa Afiada

É lamentável o preconceito que vem à tona depois de um processo democrático tão importante, como as eleições do último domingo. É um absurdo que o nordeste e os nordestinos sejam caracterizados como ignorantes ou desinformados por seus votos. Primeiro porque isso é fruto de preconceito lastimável, segundo porque mostra um desconhecimento profundo da atual situação do nordeste brasileiro. Quem faz afirmações deste tipo imagina o nordeste da década de 90 ou de antes, onde reinavam a fome, o desemprego e a falta de oportunidade. Por isso muitos, como eu, tiveram que abandonar sua terra natal e migrar para outras regiões em busca de melhores condições de vida.


Hoje, o nordestino anda de cabeça erguida porque não é mais tratado pelo governo como cidadão de segunda categoria. Das 18 universidades criadas nos 12 anos de governo, 7 são no nordeste. A região conta hoje com 62 extensões universitárias. Mais de 16 mil estudantes dessas universidades foram estudar no exterior com o Ciência sem Fronteiras. Dos 20 milhões de empregos criados no país, quase 20% foram no nordeste. 141 escolas técnicas foram implantadas na região, representando 33% do total no país. A mortalidade infantil, que era um dos principais problemas da região caiu a menos da metade. Os nordestinos, hoje, não são mais personagens de tristes reportagens sobre as migrações para os grandes centros urbanos. Eles podem viver nas suas terras de origem com dignidade e oportunidade.


Somos todos brasileiros e temos que nos unir para continuar construindo um país mais solidário, mais justo, com mais oportunidades para todos, independente de cor, crença, religião ou região do país em que cada um tenha nascido. As pessoas deveriam ser agradecidas pela diversidade do nosso grande país. Essa é a nossa riqueza.


“Povo não sabe votar? Mentira!” Dilma vs FHC “A oposição entre ricos e pobres é parcialmente verdadeira. Fizemos uma política no Brasil em que todos ganharam”

A Presidenta Dilma Rousseff reagiu à declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que afirmou, na segunda-feira (6),  que o PT cresceu nos grotões do país e que o Partido dos Trabalhadores tem o voto dos “menos informados”.

Para Dilma, trata-se de uma “visão elitista” do país. 

“Essa história de que o povo não sabe votar só porque não se formou em uma universidade é uma falácia, uma mentira. Acho (que é) visão elitista do país, lamentável. Escutei muito que o povo não sabia votar. E, antigamente, não deixavam o povo votar”, ressaltou a petista nesta terça-feira (7), após conversa com governadores, senadores e deputados eleitos no 1º turno, numa coletiva.

A candidata à reeleição disse que a campanha será baseada em “propostas críveis” e na comparação entre as gestões do PT e do PSDB à frente do governo federal. “A campanha será:  apresentamos as nossas propostas e vamos debater em alto nível projetos que já fizemos no país.  E a população vai escolher”, comentou.

Dilma refutou a ideia de que a eleição será dividida entre pobres e ricos ao mostrar dados sobre a melhora de vida dos brasileiros nos últimos anos. 

“A oposição entre ricos e pobres é parcialmente verdadeira.  De fato, os governos do PT tiveram preocupação que pode ser sintetizada em ‘incluir os pobres no Orçamento’. Elevá-los sempre a uma situação melhor. Mas fizemos uma política em que todos ganharam. Isso transformou o Brasil de forma pacífica e silenciosa”, opinou.

Sobre os protestos e a demanda por serviços públicos de qualidade, Dilma enfatizou: “O Brasil mudou e o desejo das pessoas mudou junto.  Brasil do passado não fazia metrô, porque o governo era para 1/3 da população. Metrô porque era coisa para rico. Metrô é algo fundamental em um país como o Brasil, de concentração urbana violenta em algumas cidades.Tem que ter metrô em Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo, em grandes cidades do Brasil para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros”.

Atenção Amigos e Amigas, Professores e Professoras. Conheçam esse artigo do Boaventura de Sousa Santos


O artigo do maravilhoso sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos, que tive o prazer de conhecer pessoalmente numa aula da indignação - aula de abertura do semestre - em 2012 na Unb, precisa ser lido por todos, principalmente, por nós professores (as) e estudantes. Por isso mesmo, a partir de hoje, durante a semana, vou postá-lo em partes pequenas, para você se deliciar e se libertar. Claro, postei por inteiro agora há pouco, mas vamos iniciar por parte. Vamos dividir cada parágrafo em dois períodos.

PARTE I

ELEIÇÕES - O Brasil na hora das decisões

por Boaventura de Sousa Santos - Fonte: Le Monde Diplomatique - 07/10/2014

Em 2015, o Brasil comemora o mais longo ciclo de vida democrática da sua história: trinta anos. Isso é em si um fato importante num momento em que o Brasil emerge como uma potência mundial e em que, por isso, o que se passa no país interessa não só aos brasileiros como ao mundo no seu conjunto. São trinta anos de progressos extraordinários na construção de uma institucionalidade democrática que ousou ir para além da matriz eurocêntrica, combinando democracia representativa com democracia participativa; na configuração de um sistema judicial independente; na adoção de políticas públicas que permitiram níveis de redistribuição social nunca antes alcançados; no enfrentamento da injustiça histórica de longa duração com concessões de terras e territórios aos povos indígenas e quilombolas, e com políticas de ação afirmativa no sistema educativo e potencialmente no sistema de emprego; na tentativa de superar os limites da transição democrática pactuada no que diz respeito à injustiça histórica de mais curta duração – os crimes da ditadura militar; na criação de um sistema de educação superior e de pesquisa científica dinâmico e socialmente responsável; na configuração de uma política econômica que garantiu estabilidade e níveis elevados de crescimento; enfim, no desenho de uma postura nas relações internacionais centrada numa nova concepção dos interesses do país e da região relativamente autônoma diante dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos na região e mesmo no mundo.

ELEIÇÕES - O Brasil na hora das decisões

Ganhará as eleições quem for capaz de mostrar com mais clareza quais são as escolhas e como elas se articulam num projeto de país verdadeiramente inclusivo, justo e intercultural, apresentando com mais consistência e credibilidade os meios para colocá-las em prática
por Boaventura de Sousa Santos

Em 2015, o Brasil comemora o mais longo ciclo de vida democrática da sua história: trinta anos. Isso é em si um fato importante num momento em que o Brasil emerge como uma potência mundial e em que, por isso, o que se passa no país interessa não só aos brasileiros como ao mundo no seu conjunto. São trinta anos de progressos extraordinários na construção de uma institucionalidade democrática que ousou ir para além da matriz eurocêntrica, combinando democracia representativa com democracia participativa; na configuração de um sistema judicial independente; na adoção de políticas públicas que permitiram níveis de redistribuição social nunca antes alcançados; no enfrentamento da injustiça histórica de longa duração com concessões de terras e territórios aos povos indígenas e quilombolas, e com políticas de ação afirmativa no sistema educativo e potencialmente no sistema de emprego; na tentativa de superar os limites da transição democrática pactuada no que diz respeito à injustiça histórica de mais curta duração – os crimes da ditadura militar; na criação de um sistema de educação superior e de pesquisa científica dinâmico e socialmente responsável; na configuração de uma política econômica que garantiu estabilidade e níveis elevados de crescimento; enfim, no desenho de uma postura nas relações internacionais centrada numa nova concepção dos interesses do país e da região relativamente autônoma diante dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos na região e mesmo no mundo. O conjunto dessas políticas foi mudando a tal ponto a imagem internacional do Brasil que, enquanto em 1985, um país em processo de “brasilianização” era um país condenado, hoje seria certamente um país resgatado.
Alguns dos méritos dessa transformação se devem a todos os governos desse período, outros (muitos) pertencem aos governos que se iniciaram com a eleição do presidente Lula em 2003. É um desses últimos governos que pretende reeleger-se nas eleições do próximo mês de outubro: o governo da presidente Dilma Rousseff. Em face do exposto acima seria de prever que o próximo ato eleitoral fosse a consagração fácil do atual governo. Assim parece não ser e há que se averiguar por quê. Analisemos algumas das razões principais. Devo dizer, à partida, que se fosse brasileiro votaria sem hesitações na presidente Dilma, mas não deixaria de lhe enviar alguns recados na expectativa de fortalecer a minha esperança.
A síndrome da Índia
Em maio, o candidato conservador Narenda Modi ganhou folgadamente as eleições na Índia, desalojando o Partido do Congresso, de centro-esquerda, que estava no poder desde 2004. O Partido do Congresso adotara uma política fortemente neoliberal, ainda que matizada pelo fato de o Estado indiano, na tradição de Nehru, ser um pesado interventor tanto na economia como na sociedade. As medidas neoliberais tiveram assim de conviver com duas condições: políticas de redistribuição de renda com as quais se criou uma nova classe média e se ampliou o mercado interno; e negociação permanente com um Estado que paulatinamente foi se rendendo aos imperativos dos grupos econômicos poderosos por via da corrução. De modo paradoxal, as duas condições convergiram na derrota do Partido do Congresso: uma nova classe média, frustrada pelo fato de seu status não corresponder à qualidade das expectativas que criara, tornou-se muito crítica das negociatas e do esbanjamento de dinheiro público de que membros do governo e políticos foram sendo denunciados. Essa convergência foi ao ponto de alguns analistas terem concluído que o partido fora derrotado nas urnas pelos grupos sociais que mais tinha beneficiado durante os dez anos de governo.
Em política é muito arriscado fazer comparações. O Brasil é um país muito diferente da Índia. As políticas públicas foram muito mais significativas no Brasil que na Índia, e a eleição de Modi teve a seu favor outros fatores (por exemplo, de política étnico-cultural) que felizmente não têm vigência aqui. Ainda assim, as manifestações de junho de 2013 e o clima – ora difuso, ora organizado – de descontentamento em relação aos investimentos na Copa vieram mostrar que o governo Dilma devia prestar muita atenção a duas observações sobre o incremento das políticas sociais que um grande economista, aliás amigo do Brasil, Albert Hirschman, fez há muitos anos. Segundo ele, o incremento das políticas sociais pode criar frustração social em duas situações: quando os serviços públicos, ao massificarem-se, perdem qualidade e deixam de corresponder às expectativas de estratos sociais ansiosos por poder desfrutá-los pela primeira vez (por exemplo, compare-se a expansão dramática do ensino universitário público com o aumento muito menos significativo do real investimento financeiro no setor); e quando os serviços, por serem de produção burocrática, são culturalmente monolíticos e organizacionalmente homogêneos, não se adequando às necessidades culturais e outras de certos grupos sociais (saúde indígena, agricultura camponesa, transporte urbano e suburbano etc.).

Quem está no poder?
O capital, talvez hoje mais do que em qualquer período desde a Segunda Guerra Mundial, só confia em governantes que sejam eles próprios capitalistas ou extensões serventuárias do capital, ou seja, gente que veja na maximização dos lucros o objetivo central da governança pública. Ao longo de séculos, o capital habituou-se a negociar com forças por vezes muito hostis, como aconteceu no imediato pós-guerra europeu, e fê-lo sempre com muita flexibilidade. Mas sempre a contragosto, e desde a década de 1980 tem vindo a construir a economia mundial cada vez mais autônoma em relação às políticas nacionais ou regionais (caso da União Europeia), na esperança de, no momento adequado, fazê-las vergar aos seus interesses, que não são outros senão a maximização infinita dos lucros. A América Latina, nas duas últimas décadas, foi administrada por alguns governos que voltaram a impor a negociação em termos que globalmente pareciam obsoletos. O capital agiu com a habitual flexibilidade, dessa vez centrada na ideia de que a perda de poder político não significaria a perda do econômico. E como os capitalistas são mais adeptos do determinismo econômico do que alguma vez foram os marxistas, viram essa perda como muito relativa e sempre transitória. Com os governos da última década, o capital teve muitos lucros, mas só aqueles que a “monotonia das relações econômicas”, como diria Marx, permite. Ficaram por ganhar os lucros extraordinários provenientes da acumulação primitiva, das grandes privatizações e da corrupção, que, por ser tão grande e comum, se torna sinônimo de boa governança (too big to fail). É a perda desses lucros extraordinários que está por trás da virulência e da grosseria com que o capital, pela voz da sua serventuária grande mídia e da classe política de direita, ataca o governo Dilma, por exemplo, por meio de insultos de caráter quase racial ou de casta no espaço público. Fazem-lhe saber que, por mais íntima que se mostre deles ou delas, ela nunca será um deles ou delas. Numa afirmação grosseira de colonialismo interno, dizem sem o dizerem: “Mesmo que tenhamos acumulado muito dinheiro com vocês no poder, nunca aceitaremos o PT, o Lula e qualquer pessoa da sua laia!”.
E o povo? Os governos dos últimos doze anos chamaram-se em vão governos populares? As classes populares não estiveram no poder. Estiveram no poder representantes e aliados seus que, no entanto, dada a natureza anacrônica e antidemocrática do sistema político brasileiro, entraram em alianças com forças políticas conservadoras que, historicamente treinadas para dominar o poder, foram sabendo extorquir cada vez mais concessões que acabaram por desfigurar ou eliminar os programas que mais potencial tinham para mudar as relações sociais de poder. Permitiram mesmo provocar retrocessos escandalosos, como foi o caso do novo Código Florestal. Foram sobretudo criando uma lógica de governança hostil à participação e à deliberação democráticas em favor de uma lógica tecnocrática, instrumentalista, nacional-desenvolvimentista. Claro que alianças contranatura acabam sempre por provocar mudanças de desigual intensidade nos seus parceiros. Na passagem do governo Lula para o Dilma foi visível a perda de acesso das classes populares aos governantes em que tinham votado. A presidente Dilma fez questão de manter uma distância em relação aos movimentos sociais e aos sindicatos que parecia orientada para estabelecer a marca da sua autonomia em relação ao lulismo, mas que foi sobretudo entendida por todos como uma mensagem de proximidade em relação às classes dominantes. Por outro lado, os instrumentos de democracia participativa que tinham sido a marca do governo popular (orçamento participativo, conselhos de políticas setoriais, conferências nacionais) foram perdendo fôlego, capacidade de renovação e, sobretudo, foram relegados a decidir cada vez mais sobre temas cada vez menos importantes. Os grandes investimentos e os grandes projetos ficaram fora do alcance da democracia participativa. A distância entre governantes e governados, e entre representantes e representados aprofundou-se, habilmente aproveitada pela grande mídia, que é o grande partido de oposição em toda a América Latina contra os governos progressistas. Estes têm levado tempo a perceber que, nas condições do continente, seus erros, por menores ou justificáveis, cobram um preço muito caro. Daí a necessidade de uma enorme vigilância política por parte dos partidos que sustentam esses governos. Acontece que a lei de ferro das oligarquias partidárias atingiu violentamente esses partidos à medida que seus melhores militantes se transformaram nos piores funcionários. Nada disso é irreversível. A reforma do sistema político vai estar na agenda, e, num lampejo de criatividade política (que teria sido mais eficaz se o governo não tivesse anteriormente mantido tanta distância em relação aos movimentos sociais), a presidente Dilma chegou a propor uma Assembleia Constituinte, tal como hoje tem sido proposta nas ruas e praças de tantos países do mundo (no Brasil, o plebiscito sobre a reforma política). A reativação da democracia participativa e da participação popular é possível, e o governo deu recentemente mostras de querer levá-la a sério para além das conveniências eleitorais. A refundação do Partido dos Trabalhadores é quiçá a tarefa mais difícil, e, se eu pudesse aconselhar o presidente Lula, dir-lhe-ia que seria nela que ele deveria investir toda a sua magnífica biografia que construiu para orgulho de brasileiros e de cidadãos de esquerda de todo o mundo.
O modelo de desenvolvimento
O neoliberalismo fez concessões no plano político e na perda dos lucros extraordinários, mas conseguiu em contrapartida dominar cada vez mais a lógica de governança de governos, criando uma armadilha entre a necessidade de crescimento econômico para financiar as políticas sociais e de infraestrutura e a submissão a uma lógica de acumulação dominada pelo setor mais antissocial do capital (o financeiro), centrada na exploração ecologicamente desastrosa dos recursos naturais (agronegócio, mineração e megabarragens) e criminosa no que diz respeito aos sacrifícios inomináveis que impõe a populações camponesas e ribeirinhas, povos indígenas e quilombolas, expulsando-os de suas terras e territórios, e permitindo que seus líderes sejam perseguidos e mortos. A resistência popular a essa avalanche sem precedentes (mesmo incluindo o tempo colonial) e convenções internacionais – como a Convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes da OIT e o direito à consulta prévia, livre e informada que ela consagra – são declaradas sumariamente obstáculos ao desenvolvimento. Esse processo acontece em todo o continente (e fora dele), e o Brasil não lhe escapa. Todas as conquistas de justiça histórica da última década estão em risco de perder-se com a orgia do extrativismo.
Os povos indígenas brasileiros com quem trabalho e aos quais sou solidário estão perplexos. Sabem que as forças oligárquicas regionais estão por trás de tantos crimes impunes contra eles, mas também sofrem com a hostilidade do governo da União e escandalizam-se com o fato de governos não populares do passado terem homologado muito mais terras do que o de Dilma. Escandalizam-se ainda ao ver a quase ostentação da cumplicidade com os representantes da bancada ruralista, tendo, à frente deles, Katia Abreu. Chocam-se com a paralisação dos processos de demarcação, com a passividade ante invasões ilegais e violentas e com a criminalização dos povos oprimidos em luta pela defesa dos seus direitos. Jovens ecologistas, ativistas dos direitos humanos, movimentos camponeses e urbanos pela agroecologia e pela soberania alimentar revoltam-se contra a visão estritamente capitalista da terra como fator de capital, a qual destrói o meio ambiente e arrasa os povos e modos de vida tradicionais e a biodiversidade que eles defendem e da qual todos nós dependemos.
A perplexidade aumentará com a entrada da candidata Marina Silva, conhecida militante ecológica. Participei com ela de muitas sessões do Fórum Social Mundial e partilho muitas de suas preocupações ambientais. Mas acho que está em má companhia, num partido onde têm presença os interesses do grande capital e o agronegócio em grande plano. Nada disso, porém, basta para reduzir a perplexidade se a presidente Dilma não der sinais fortes de que uma política de transição para outro modelo de desenvolvimento social e ecologicamente mais justo está em marcha e que tal política é já visível em medidas concretas. Para isso é preciso ter a coragem de relançar o debate sobre o projeto de país. Será um debate agregador, onde se criam maiorias conscientes e resilientes. Sem isso, Dilma pode ter gente suficiente que goste de vê-la reeleita, mas não terá gente suficiente para se bater ativamente por sua reeleição.

O imperialismo norte-americano
É uma ironia da história contemporânea brasileira que foi com os governos populares que o Brasil se transformou numa potência mundial com cara própria; afirmou um sistema de relações internacionais que não passa por Washington; ajudou a definir uma política regional que, sem deixar de ter alguns traços subimperialistas, para usar a expressão do grande sociólogo Ruy Mauro Marini, permitiu criar um espaço de solidariedades e de cumplicidades de recorte anti-imperialista e anticapitalista; e envolveu-se ativamente na rede de países emergentes (África do Sul, China, Índia e Rússia) que procuram criar um espaço de autonomia em relação ao dólar, ao FMI e ao Banco Mundial, que se traduz na recente criação do Novo Banco de Desenvolvimento. Não se pode imaginar que os Estados Unidos olhem impávidos e serenos para esses desenvolvimentos que potencialmente afetam seus interesses. A espionagem sobre a presidente Dilma é apenas a ponta do iceberg, e a Aliança do Pacífico está longe de ser um contrabalanço eficaz aos supostos desígnios regionais do Brasil. A ingerência assume hoje formas muito mais sutis que as intervenções militares do passado. Passam por atividades de aconselhamento perante acontecimentos extremos ou protestos sociais, de luta contra o terrorismo, ONGs com fins benévolos apenas na aparência. Uma coisa é certa: tal como acontece com o capitalismo financeiro nacional, também o internacional não confia na presidente Dilma e tudo fará para desacreditar seu governo aos olhos da opinião pública, para o que conta com poderosos aliados internos.
Os brasileiros e as brasileiras estão postos perante escolhas que terão consequências nas próximas décadas. Ganhará as eleições quem for capaz de mostrar com mais clareza quais são essas escolhas e como elas se articulam num projeto de país verdadeiramente inclusivo, justo e intercultural, apresentando com mais consistência e credibilidade os meios para colocá-las em prática. Convém desconfiar das mensagens moralistas, vagas e traiçoeiras do tipo “Não vamos desistir do país”. Elas escondem o que há de mais abjeto e noturno no velho bloco de poder oligárquico. Com todas as limitações, que devem ser reconhecidas e superadas, o que há de novo, digno e luminoso no Brasil contemporâneo são os governos Lula-Dilma.
 
Boaventura de Sousa Santos
Boaventura de Sousa Santos é professor catedrático jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, distinguished legal scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e global legal scholarda Universidade de Warwick. É diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e coordenador científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa. Dirige atualmente o projeto de investigação “Alice – Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo”. Seu livro mais recente é Epistemologies of the South. Justice against epistemicide [Epistemologias do Sul. Justiça contra o epistemicídio], Paradigm Publishers, Boulder, 2014.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

SP: Marilena se diz estarrecida e propõe estudo de caso sobre reeleição de Alckmin

SP: Marilena se diz estarrecida e propõe estudo de caso sobre reeleição de Alckmin
                                   Para filósofa, é difícil explicar reeleição de Alckmin no primeiro turno 
Da Rede Brasil Atual
A filosofa Marilena Chauí propõe que acadêmicos somem esforços para tentar entender os motivos que levaram o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a conquistar um novo mandato nas eleições realizadas neste Domingo (5). Em entrevista à Rádio Brasil Atual, a professora da USP afirmou ter proposto ao presidente da Fundação Perseu Abramo, o economista Marcio Pochmann, que estude ao longo dos próximos quatro anos os processos que explicam que o PSDB possa chegar a mais de duas décadas de comando do Palácio dos Bandeirantes.
“O PSDB tem uma monarquia hereditária. Alguém precisa entender o que acontece em São Paulo. A reeleição do Alckmin no primeiro turno é uma coisa verdadeiramente espantosa”, avaliou. Para ela, é difícil explicar como o governador obtém seu quarto mandato em meio a racionamento de água, denúncias de corrupção e problemas sérios na gestão pública, como a perda de qualidade do Metrô paulistano, alvo de denúncias de formação de cartel e pagamento de propina a políticos do PSDB.
“Por que fico estarrecida? Porque você teve milhares e milhares e milhares de jovens nas ruas pedindo em São Paulo mais saúde e mais educação. Se você pede mais saúde e mais educação, considera que são direitos sociais e que têm de ser garantidos pelo Estado. E aí você reelege Alckmin. Estou tentando entender como é possível você reivindicar aquilo que é negado por quem você reelege.”
Projeto tucano
Ela avalia que o PSDB trata políticas públicas não como direitos, mas como um produto que a população deve ter recursos financeiros para adquirir. Nesse sentido, entende também que uma parcela da sociedade paulista enxerga os avanços que teve ao longo de 12 anos de governo federal do PT não como uma melhoria no papel do Estado, mas como um mérito individual. “Não há nenhuma articulação entre a mudança de trabalhador manual para trabalhador de serviços e as mudanças sociais no país. É visto como uma ideologia de classe média, que é a do esforço individual.”
Marilena Chauí considera que ainda é cedo para estabelecer uma relação entre o saldo final das manifestações de junho e o alto número de abstenções e de votos brancos e nulos – 19,39% se abstiveram, 3,84% votaram em branco e 5,80% em nulo. De outro lado, ela avalia que o resultado geral das eleições de ontem, com crescimento de Aécio Neves (PSDB) na reta final da corrida presidencial e diminuição da representação dos trabalhadores no Congresso, tem um claro reflexo do trabalho feito pela mídia tradicional pela despolitização da sociedade.
“Uma das coisas que mais têm acontecido no país é um processo realizado pela grande mídia, tanto impressa como falada como televisiva, é um processo que vem vindo nos últimos oito anos, e sobretudo nos últimos quatro, de esvaziamento sistemático de toda e qualquer discussão política. Você tem a operação da comunicação por slogan e algumas imagens. Fora disso você não tem o verdadeiro debate político. Eu diria que os partidos políticos são responsáveis também pela ausência de um grande debate político. Ou porque não têm o que propor, ou porque não querem entrar neste debate.”

MA: Flávio Dino derrota família Sarney O candidato do PCdoB venceu com 63,71% dos votos válidos

Flavio Dino

Carta Capital - 06/10/2014

Ex-deputado federal, Flávio Dino é advogado, foi juiz federal no Maranhão por 15 anos e professor de direito. Deixou a magistratura para ingressar na política partidária. Em 2006, se elegeu pela primeira vez deputado federal. Também foi secretário-geral do Conselho Nacional de Justiça, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil e assessor da presidência do Supremo Tribunal Federal. Na Câmara dos Deputados, atuou na elaboração do projeto da Reforma Política. Em 2008, Dino disputou e perdeu a eleição para a prefeitura de São Luís.
Em 2010, Flávio Dino desistiu da reeleição para deputado federal e concorreu ao governo do Maranhão, quando foi derrotado pela governadora Roseana Sarney. Sem mandato, Flávio Dino foi nomeado para o cargo de presidente da Embratur, função que ocupou até março deste ano.
*Com informações da Agência Brasil

Coxinhas xingam os nordestinos no Twitter por darem vitória maciça para Dilma.

mapa2
por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
Depois que li o texto abaixo do Fernando Brito - Tijolaço -, fiquei matutando, o que escrever para comentar? O que dizer quando a intolerância é o discurso?
Pensei muito em São Paulo - Quem votou em Serra e fez dele senador? quem abriu mão de um dos mais decentes políticos do Brasil o Sr. Eduardo Matarazzo Suplicy? São Paulo escolheu Serra e abriu mão de Suplicy.
Será que os milhões de votos que Serra recebeu são apenas de paulistas originários?
Tem algum voto de nordestino? por que se tiver esse nordestino votante não conhece a intolerância da elite paulista. Alguém precisa alertá-lo.
Quantos nordestinos votam em São Paulo hoje? Quantos filhos de nordestinos votam em São Paulo?
Essa conta precisa ser feita. Os nossos companheiros e companheiras filhos e filhas do nosso Nordeste precisam conhecer a intolerância da elite paulista, esta mesma que mantém o PSDB há mais de 20 anos no poder do Estado.
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Coxinhas xingam os nordestinos no Twitter por darem vitória maciça para Dilma.
Autor: Fernando Brito
Cada nordestino ou descendente de nordestino no Brasil deveria ver o mapa acima antes de decidir o seu voto.

A mancha vermelho-escura, significa, município por município, onde houve uma votação de mais de 50% para a Dilma Rousseff.
É o o desenho de uma metade do Brasil que, finalmente, fez ouvir sua voz neste país.
Pois se cada homem ou mulher que teve o pai e a mãe tangido pela seca, pela miséria, pelo coronelato mandão, olhasse o que seus irmãos estão dizendo, duvido tivesse coragem de condená-los, de novo, ao jugo das elites que os empobreceram e das que os receberam, de nariz torcido, por onde a sina de retirante os espalhou.
racista
É, como diz a turma do bucho cheio que se reúne com Aécio, “o pessoal que vota com o estômago”.
Os que ele diz  que estão felizes com os “empreguinhos de dois salários mínimos”.
Gente que se reproduz na mediocridade de um imbecil, agora, na fila do banco que disse que paga imposto para dar marmita a nordestino vagabundo.
Que os chama de “paraíba”, de “baiano” e que espalha, como está mostrando o Terra, mensagens de ódio a eles  porque votaram em Dilma.
Esses Nordestinos é o nome de uma página que está reunindo e denunciando estas manifestações de ódio.
É, esses nordestinos, que construíram o prédio onde eles moram, que abriram a estrada onde eles passam, que fizeram a escola onde seus filhos estudam, ergueram a ponte que atravessam.
Que fizeram um pedaço imenso deste Brasil rico e egoísta,  da gente que é capaz de morrer de fome não porque não tem comida, mas por falta de uma empregada ou um restaurante – cheios de nordestinos na cozinha, aliás – que lhes sirva.
Esses nordestinos, essa gente que sofre mas não odeia, muito melhor do que esta, que não sabe o que é sofrer, mas  sabe muito bem o que é odiar.
São eles os “limpinhos e cheiros”, mas como fedem, meu deus!





O retorno de George Orwell

141003-Atônitos
Cena de “1984”, filme de Michael Radford adptado a partir do romance original. Para Pilger, “na política, assim como no jornalismo e nas artes, parece que a dissidência, antes tolerada no ‘mainstream’, voltou a ser uma dissidência: um submundo metafórico”

por José Gilbert Arruda Martins (professor)
O artigo abaixo de John Pilger, faz lembrar que vivemos uma espécie de construção do que chamo "substituição do cidadão pelo consumista". Não que a presidente Dilma Roussef ou Lula da Silva, tenham governado com esse intuito. Minha tese é que o "livre" mercado, o grande poder econômico é que tem aos poucos, com o apoio da "grande" mídia, instalado em nossa sociedade uma espécie de 1984.
Por que defendo essa teoria? Vejamos, na década de 1970 e 1980, estudantes universitários capitaneados pela UNE - União Nacional dos Estudantes -, estavam à frente das questões políticas e sociais, em grandes e importantes movimentos de rua. Os sindicatos idem, os trabalhadores também. No entanto, ao longos dos últimos 20 anos, a luta arrefeceu, perdemos nossas bandeiras, não se luta mais por causas maiores - talvez, com raras exceções - a luta dos grupos homossexuais que fazem grandes movimentos de rua -, no resto, até os trabalhadores organizados em sindicatos/confederações importantes, só aparecem, por exemplo, no dia 1° de maio se tiver um sorteio de apartamento ou outra coisa grande.
A classe média, nem se fala, é só olhar a atual campanha eleitoral, esse grupo, que parece tornar-se mais conservador com o passar do tempo, tem dado seu apoio aos candidatos mais atrasados, ultrapassados e ultraconservadores de direita, com ideias que chegam a surpreender até Adolfo Hitler. A impressão que passa é que, querem apenas consumir, viajar, enfim, facilidades que o só dinheiro pode comprar.
A coisa pega quando observamos a classe de trabalhadores e trabalhadoras que deveria ser a mais esclarecida, a menos egocêntrica, a mais progressista a menos conservadora ou preconceituosa que são os professores e professoras pensarem do mesmo jeito, se preocupar apenas com o hoje quando falam da questão social e política. Colegas que fazem leitura/assinatura da veja e usam essa mesma leitura como formação para seus argumentos sobre questões triviais - o que é aceitável - e até questões maiores sobre o país e seu povo - o que, não é aceitável -. Depois usam a sala de aula e a sala de professores  para defender "com unhas e dentes" suas "verdades" retiradas das páginas da veja ou do noticiário da globo.
É, como defende o texto abaixo, a volta de George Orwell. Estamos construindo aos poucos uma sociedade que não pensa. Uma sociedade guiada pelos interesses do consumismo. A grande e importante questão é, chegaremos onde? quem ganhará ou perderá?

O retorno de George Orwell
Como despolitização, mídia submissa ao Estado e cinismo dos intelectuais estão produzindo, nas antigas democracias ocidentais, um ambiente “1984 high-tech”
Por John Pilger | Tradução: Mariana Bercht Ruy
Uma noite dessas, assisti ao 1984, de George Orwell, interpretado no teatro, em Londres. Apesar de clamar por uma interpretação contemporânea, o alerta de Orwell sobre o futuro foi apresentado como algo de época: remoto, pouco ameaçador , quase tranquilizador. Foi como se Edward Snowden não tivesse revelado nada, o Grande Irmão não fosse um bisbilhoteiro digital e o próprio Orwell nunca tivesse dito “ninguém precisa viver em um país totalitário para ser corrompido pelo totalitarismo”.
Aclamada pela crítica, a hábil produção foi um sinal de nossos tempos, políticos e culturais. Quando as luzes acenderam, as pessoas já estavam de saída. Pareciam indiferentes, ou talvez outras distrações as atraíssem. “Que confusão”, disse uma jovem, ao ligar seu celular.
À medida que sociedades avançadas vão sendo despolitizadas, as mudanças são tão súbitas quanto espetaculares. No discurso cotidiano, a fala política está de ponta cabeça, como Orwell profetizou em 1984. “Democracia” transformou-se em um aparato retórico. Paz é “guerra permanente”. “Global” é imperial. O conceito, uma vez esperançoso, de “reforma” agora significa regressão, e mesmo destruição. “Austeridade” é a imposição do capitalismo extremo aos pobres e a benção da socialização das perdas para os ricos: um engenhoso sistema no qual a maioria paga as contas da minoria.
Nas artes, a hostilidade a quem diz verdades políticas é um artefato da fé burguesa. “O período vermelho de Picasso e por que política não faz boa arte”, diz uma manchete doObserver. Considere isso em um jornal que promoveu o banho de sangue no Iraque como uma cruzada liberal. A vida de Picasso, de oposição ao fascismo, é apenas uma nota de rodapé, assim como o radicalismo de Orwell desbotou do prêmio que leva seu nome.
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Alguns anos atrás, Terry Eagleton, então professor de Literatura Inglesa na Universidade de Manchester, avaliou que “pela primeira vez em dois séculos, não há nenhum poeta, dramaturgo ou romancista eminente inglês preparado para questionar os alicerces do modo de vida ocidental” Nenhum Shelley fala pelos pobres, ou Blake pelos sonhos utópicos; nenhum Byron condena a corrupção da classe dominante, nenhum Thomas Carlyle ou John Ruskin revela o desastre moral do capitalismo. William Morris, Oscar Wilde, H. G. Wells, George Bernard Shaw, nenhum tem equivalentes hoje. Harold Pinter foi o último a erguer sua voz. Entre as insistentes vozes dos consumidores de feminismo, nenhuma ecoa Virginia Woolf, que descreveu “ as artes de dominar outras pessoas… de mandar, de matar, de adquirir terra e capital”.
No National Theatre, uma nova peça, Great Britain, satiriza o escândalo da vigilância telefônica que levou a julgamento e condenou jornalistas, incluindo um antigo editor doNews of the World, de Rupert Murdoch . Descrita como uma “farsa com dentes [que] põe toda a cultura incestuosa [midiática] na berlinda e a sujeita ao ridículo impiedoso”, a peça tem como alvos os “abençoadamente engraçados” personagens dos tabloides britânicos. Isso é muito bom, e também muito familiar. O que dizer da mídia não sensacionalista que se considera honrada e digna de crédito, mas desempenha um papel paralelo como arma de Estado e do poder corporativo, como na promoção da guerra ilegal?
inquérito Leveson sobre vigilância telefônica permitiu ver de relance estes fatos impronunciáveis. Tony Blair dirigia-se ao público , reclamando ao Seu Senhor sobre o assédio dos tabloides à sua mulher, quando foi interrompido por uma voz da plateia. David Lawley-Wakelin, um cineasta, demandava a prisão de Blair por crimes de guerra. Houve uma grande pausa: o choque da verdade. Lorde Leveson ficou em pé em um salto, mandou expulsar o contador de verdades e pediu desculpas ao criminoso de guerra. Lawley-Wakelin foi processado; Blair ficou livre.
Os cúmplices permanentes de Blair são mais respeitáveis que grampeadores de telefone. Quando a apresentadora de artes da BBC, Kirsty Wark, entrevistou-o no décimo aniversário da invasão ao Iraque, ela o presenteou com um momento com o qual ele só poderia sonhar. Permitiu-lhe lamentar sua “difícil” decisão no Iraque, ao invés de chamá-lo a prestar contas sobre o seu crime épico. Isso fez lembrar a procissão de jornalistas da BBC, que, em 2003, declararam que Blair poderia se sentir “vingado” e o subsequente seriado da BBC, “The Blair Years”, para o qual David Aaronovitch foi escolhido como escritor, apresentador e entrevistador. Um bate-pau de Murdoch que fez campanha em favor dos ataques militares ao Iraque, Líbia e Síria, Aaronovitch soube bajular com esperteza.
Desde a invasão do Iraque – exemplo dum ato de agressão não provocada, algo que o procurador de Nuremberg, Robert Jackson, chamou de ”o supremo crime internacional, que diferencia-se dos outros crimes de guerra por conter acumulado em si todo o mal” – Blair e seu porta-voz e principal cúmplice, Alastair Campbell, têm recebido espaços generosos no The Guardian para reabilitar suas reputações. Descrito como uma “estrela” de partidos trabalhistas, Campbell buscou a simpatia de seus leitores por sua depressão e exibiu seus interesses, embora escondesse seu atual – de conselheiro, junto com Blair, da tirania militar egípcia.
Enquanto o Iraque vai sendo desmembrado como consequência da invasão de Blair e de Bush, uma manchete do Guardian declara: “Derrubar Saddam estava certo, mas fizemos isso muito cedo”. Isso coincide com um proeminente artigo de 13 de Junho, escrito por um antigo funcionário de Blair, John McTernan, que também serviu ao ditador iraquiano instalado pela CIA, Iyad Allawi. Ao falar da invasão repetida a um país que seu antigo mestre havia ajudado a destruir, McTernan não faz nenhuma referência às mortes de pelo menos 700 mil pessoas, à fuga de quatro milhões de refugiados e ao tumulto sectário de uma nação outrora orgulhosa da sua tolerância comum.
“Blair encarna a corrupção e a guerra”, escreveu o colunista radical do Gardian, Seumas Milne, em um artigo espirituoso em 3 de Julho. No comércio, isso é conhecido como “balanço”. No dia seguinte, o jornal publicou um anúncio de página inteira de um bombardeiro invisível norte-americano. Na imagem ameaçadora do avião, estavam as palavras ”O F-35. ÓTIMO para a Grã-Bretanha”. Essa outra encarnação da “corrupção e da guerra” vai custar aos contribuintes britânicos 2,1 bilhões de dólares, e seus modelos antecessores têm massacrado gente pelo mundo em desenvolvimento.
Em uma vila no Afeganistão, habitada pelos mais pobres dentre os pobres, filmei Orifa, ajoelhada no túmulo de seu marido, Gul Ahmed, um tecelão de tapetes, e de sete outros membros da sua família, incluindo seis filhos e duas crianças que foram mortas na casa adjacente. Uma bomba de “precisão” de mais de duzentos quilos caiu diretamente na sua casa de lama, pedras e palha, deixando uma cratera de 15 metros de largura. A Lockheed Martin,fabricante do avião, teve lugar de honra na propaganda do The Guardian.
A antiga secretária de Estado e aspirante a Presidente dos Estados Unidos, Hillary Clinton, esteve recentemente no quadro da BBC “Hora das Mulheres” [“Women's Hour”], a quintessência da respeitabilidade da mídia. A apresentadora, Jenni Murray, apresentou Clinton como um farol das conquistas femininas. Ela não lembrou seus ouvintes sobre a mistificação de Clinton, segundo a qul o Afeganistão foi invadido para “liberar” mulheres como Orifa. Ela não perguntou nada a ex-secretária sobre a campanha de terror, conduzida por seu governo, usando drones, para matar mulheres, homens e crianças. Não houve menção à ameaça vã de Clinton, durante sua campanha para ser a primeira presidente mulher, de “eliminar” o Irã, e nada sobre o seu apoio à vigilância maciça e ilegal sobre os cidadãos e a perseguição a quem a denuncia.
Ah, sim – Murray fez uma pergunta indiscreta. Clinton perdoou Monica Lewinsky por ter um caso com seu marido? “O perdão é uma escolha”, disse Clinton, “para mim, foi certamente a melhor escolha ”. Isso fez lembrar a década de 90 e os anos consumidos pelo “escândalo” Lewinsky. O Presidente Bill Clinton estava, então, invadindo o Haiti e bombardeando os Balcãs, a África e o Iraque. Ele também estava destruindo a vida de crianças iraquianas; a Unicef reportou que as mortes de meio milhão de crianças iraquianas com menos de cinco anos foi resultado de um embargo liderado pelos EUA e a Grã-Bretanha.
As crianças não eram pessoas para a mídia, assim como as vítimas de Hillary Clinton nas invasões que ela apoiou e promoveu – Afeganistão, Iraque, Iêmen, Somália – não são pessoas para a mídia. Murray não fez referências a elas. Uma fotografia dela e da sua distinta convidada, sorridentes, aparece no site da BBC.
Na política, assim como no jornalismo e nas artes, parece que a dissidência, antes tolerada no “mainstream”, voltou a ser uma dissidência: um submundo metafórico. Quando comecei uma carreira na imprensa britânica, nos anos 60, era aceitável criticar o poder ocidental como uma força voraz. Leia os festejados relatos de James Cameron sobre a explosão da bomba de hidrogênio no Atol de Bikini, a guerra bárbara na Coreia e o bombardeio americano no Vietnã do Norte. A grande ilusão de hoje é sobre uma suposta Era da Informação quando, na verdade, vivemos em uma Era da Mídia, na qual a incessante propaganda corporativa é insidiosa, contagiosa, efetiva e liberal.
Em seu ensaio “Sobre a Liberdade” [“On Liberty”], de 1859, ao qual os liberais modernos prestam homenagem, John Stuart Mill escreveu: “Despotismo é um modo legítimo de governo no trato com bárbaros, desde que o fim seja melhorá-los, e tendo os meios justificados pelo cumprimento do objetivo”. Os “bárbaros” eram grandes setores da humanidade de quem era exigida “obediência implícita”. “É um mito bom e conveniente que os liberais são promotores da paz e os conservadores são os fomentadores da guerra”, escreveu o historiador Hywel Williams em 2001, “mas o imperialismo da veia liberal talvez seja mais perigoso, por causa da sua natureza aberta: sua convicção de que representa uma forma de vida superior”. Ele tinha em mente um discurso de Blair, em que o então primeiro ministro prometeu “reorganizar o mundo ao redor de nós” de acordo com os seus “valores morais”.
Richard Falk, respeitada autoridade em lei internacional e Relator Especial da ONU na Palestina, uma vez descreveu uma “tela moral e legal hipócrita, de via única, com imagens positivas de valores ocidentais e da inocência retratada como sob ameaça, que valida uma campanha de violência política irrestrita”. Isso é “tão amplamente aceito que é virtualmente incontestável.”
Posse e proteção recompensam os que se submetem. Na Rádio 4 da BBC, Razia Igbal entrevistou Toni Morrison, a afro-americana laureada pelo Nobel. Morrison se perguntava por que as pessoas estavam “tão bravas” com o Barack Obama, que era “legal” e desejava construir uma “economia e assistência médica fortes”. Morrison estava orgulhosa de ter falado ao telefone com o seu herói, que leu um de seus livros e a convidou à cerimônia de sua posse .
Nem ela, nem sua entrevistadora, mencionaram as sete guerras de Obama, nem a sua campanha de terror com drones, na qual famílias inteiras foram executadas, assim como quem tentava socorrê-las ou orava por elas. O que parecia importar era que um homem negro e “de fala elegante” havia subido ao mais alto comando do poder. Em “Os Condenados da terra”, Frantz Fanon escreveu que a “missão histórica” dos colonizados era servir de “linha de transmissão” para aqueles que comandavam e oprimiam. Nos tempos atuais, o emprego da diferença étnica no poder e sistema de propaganda ocidentais é visto como essencial. Obama exemplifica isso, ainda que o gabinete de George W. Bush – sua panelinha belicosa – tenha sido o mais multirracial na história presidencial.
Quando a cidade iraquiana de Mosul caía sob o poder dos jihadistas do ISIS, Obama afirmou: “O povo americano faz grandes investimentos e sacrifícios para dar aos iraquianos a oportunidade de traçar um destino melhor”. Quão “legal” é essa mentira? Quão “elegantemente falado” foi o discurso de Obama na academia militar West Pointem 28 de maio? Quando fez seu discurso a respeito da “situação mundial”, na cerimônia de graduação daqueles que “vão exercer a liderança americana” ao redor do mundo, Obama disse: “Os Estados Unidos vão usar força militar, unilateralmente se necessário, quando os nossos interesses centrais demandarem isso. A opinião internacional importa, mas a América nunca vai pedir permissão…”
Ao repudiar o direito internacional e os direitos das nações independentes, o presidente norte-americano reivindica uma divindade baseada no poder da sua “nação indispensável”. Essa é uma mensagem familiar da impunidade imperial. Evocando o começo do fascismo na década de 30, Obama disse: “eu acredito na excepcionalidade americana com todas as fibras do meu ser”. O historiador Norman Pollack escreveu: “No lugar da marcha ao passo de ganso [típica do fascismo], coloque a militarização de toda a cultura, aparentemente mais inócua. E em vez do líder tonitruante, nós temos o projeto de reformista, alegre no seu trabalho, planejando e executando assassinatos, sorrindo todo o tempo’.
Em fevereiro, os EUA montaram um dos seus golpes “coloridos” contra o governo eleito na Ucrânia, explorando protestos genuínos contra a corrupção em Kiev. A secretária de Estado assistente de Obama, Victoria Nuland, escolheu pessoalmente o líder para um “governo interino”. Ela o apelidou “Yats”. O vice presidente Joe Biden foi a Kiev, assim como o diretor da CIA, John Brennan. As tropas de choque do seu putsch eram fascistas ucranianos.
Pela primeira vez desde 1945, um partido neo-nazista, abertamente anti-semita, controla setores fundamentais do poder público em uma capital europeia. Nenhum líder europeu ocidental condenou essa recuperação do fascismo na fronteira através da qual as tropas invasoras de Hitler tiraram milhões de vidas russas. Eles eram apoiados pelo Exército Insurgente Ucraniano (UPA), responsável pelo massacre de judeus e russos que chamam de “vermes”. O UPA é a inspiração histórica do atual Partido Svoboda e seus companheiros de viagem da direita. O lider do Svoboda, Oleh Tyanybok, pediu o expurgo da “máfia moscovita-judia” e “outra escória”, incluindo gays, feministas e pessoas de esquerda.
Desde o colapso da União Soviética, os Estados Unidos cercaram a Rússia de bases militares, aviões nucleares de guerra e mísseis, como parte do seu Projeto de Ampliação OTAN. Renegando uma promessa feita ao presidente soviético Mikhail Gorbachev em 1990, de que a não se expandiria “uma polegada para o leste”, a OTAN tem, com efeito, ocupado militarmente a Europa Oriental. No antigo Cáucaso Soviético, a expansão da OTAN é a maior mobilização militar desde a Segunda Guerra Mundial.
O Plano de Ação para Adesão à OTAN é o presente de Washington ao regime golpista em Kiev. Em Agosto, a “Operação Rapid Trident” vai colocar tropas norte-americanas e britânicas na fronteira russa da Ucrânia; e a “Sea Breeze” vai colocar navios de guerra estadunidenses tão próximos dos portos russos que poderão ser vistos a olho nu. Imagine a resposta, se esses atos de provocação e intimidação fossem executados nas fronteiras americanas.
Na recuperação da Crimeia – que Nikita Kruschev separou ilegalmente da Rússia, em 1954 – os russos defenderam-se como têm feito por quase um século. Mais de 90% da população da Crimeia votou favoravelmente a reincorporar o território à Rússia. A Crimeia é a base da Frota do Mar Negro e sua perda significaria vida ou morte para a Marinha Russa e um prêmio para a OTAN. Confundindo as forças em guerra em Washington e Kiev, Vladimir Putin retirou as tropas da fronteira ucraniana e pediu aos russos do leste da Ucrânia que abandonassem o separatismo.
De maneira orwelliana, isso foi invertido no Ocidente, para se converter na “ameaça Russa”. Hillary Clinton associou Putin a Hitler. Sem ironia, comentaristas de direita alemães disseram o mesmo. Na mídia, os neo-nazistas ucranianos são tratados com eufemismos: “nacionalistas”, ou “ultra-nacionalistas”. O que eles temem é que Putin esteja buscando uma saída diplomática e talvez tenha sucesso. Em 27 de junho, em resposta ao último ajuste de Putin – seu pedido ao parlamento russo para rescindir da lei que lhe deu poder para intervir pelos russos na Ucrânia – o secretário de Estado John Kerry emitiu mais um de seus ultimatos. A Rússia deveria “agir dentro das próximas horas, literalmente” para acabar com a revolta no leste da Ucrânia. Não obstante Kerry seja amplamente reconhecido como um bufão, o propósito sério desses “avisos” é conferir à Rússia o status de pária e suprimir as notícias da guerra do regime de Kiev ao seu próprio povo.
Um terço da população da Ucrânia é russo-falante e bilíngue. Buscam há muito tempo uma federação democrática que reflita a diversidade étnica da Ucrânia e que seja tanto autônoma quanto independente de Moscou. A maioria não é nem “separatista” nem “rebelde”, mas cidadãos que querem viver com segurança em seu país. O separatismo é uma reação aos ataques da junta de Kiev contra eles, que provocaram a fuga de cerca de 110 mil pessoas (segundo estimativa da ONU)pela fronteira, em direção à Rússia. Tipicamente, são mulheres e crianças traumatizadas.
Assim como as crianças vítimas do embargo ao Iraque, ou as mulheres e crianças “liberadas” do Afeganistão, aterrorizadas pelos senhores da guerra da CIA, esse povo étnico da Ucrânia não é gente para a mídia ocidental. Seu sofrimento e as atrocidades cometidas contra ele são minimizados ou suprimidos. Nenhum senso da escala da agressividade do regime é relatado nos meios de comunicação ocidental tradicionais. Isso não é sem precedentes. Relendo o magistral “A Primeira Vítima: o correspondente de guerra como herói, propagandista, e criador de mitos” de Phillip Knightley, pude renovar minha admiração por Morgan Philips Price, que, pelo Manchester Guardian, foi o único repórter ocidental a permanecer na Rússia durante a revolução de 1917 e reportar a verdade sobre a desastrosa invasão dos aliados ocidentais. Justo e corajoso, Philips Price sozinho sacudiu aquilo que Knightley chama de “silêncio negro” anti-russo no Ocidente.
Em 2 de maio, em Odessa, 41 ucranianos de etnia russa foram queimados vivos na sede da central sindical, com a polícia assistindo. Há um vídeo horrível como evidência. O líder da direita, Dmytro Yarosh, comemorou o massacre como “mais um dia brilhante na nossa história nacional”. Na mídia norte-americana e britânica, o ocorrido foi reportado como uma “tragédia obscura”, resultando de confrontos entre “nacionalistas” (neo-nazistas) e “separatistas” (pessoas coletando assinaturas para um referendo em favor de um sistema federativo para a Ucrânia. O New York Times enterrou a notícia, tendo considerado “propaganda russa” os alertas sobre as políticas fascistas e anti-semitas dos novos clientes de Washington. O Wall Street Journal responsabilizou as vítimas – “Incêndio Ucraniano Mortal Iniciado por Rebeldes, diz o governo”. Obama felicitou a junta pela sua “moderação”.
No dia 28 de junho, o Guardian dedicou a maior parte de uma página às declarações do “presidente” do regime de Kiev, o oligarca Petro Poroshenko. Novamente, a regra de inversão de Orwell aplicada. Não havia golpe; não havia guerra contra a minoria ucraniana; os russos eram culpados de tudo. “Nós queremos modernizar nosso país”, disse Poroshenko. “Nós queremos introduzir liberdade, democracia e valores europeus. Alguém não gosta disso. Alguém não gosta de nós por isso.”
Segundo seu próprio texto, o repórter do Guardian, Luke Harding, não questionou estas afirmações, nem mencionou o massacre de Odessa, os ataques do regime, por ar e canhões, contra áreas residenciais, a execução e sequestro de jornalistas, a explosão de um jornal de oposição e a ameaça de Poroshenko de “livrar a Ucrânia da sujeira e dos parasitas”. Os inimigos são os “rebeldes”, “militantes”, “isurgentes”, “terroristas” e lacaios do Kremlin. A história evoca os fantasmas do Vietnã, Chile, Timor Leste, África do Sul, Iraque; observe os mesmos rótulos. A Palestina é o sinal mais claro dessa manipulação imutável. Em 11 de julho, na sequência de mais um massacre israelense em Gaza, praticado com equipamento americano, em Gaza – 80 pessoas, incluindo seis crianças em uma família foram mortas –, um general israelense encreveu, no Guardian, um texto intitulado: “Uma demonstração de força necessária”.
Na década de 70, conheci Leni Riefenstahl e perguntei a ela a respeito dos seus filmes que glorificavam os nazistas. Usando técnicas revolucionárias de luz e câmera, ela produziu um documentário que hipnotizou os alemães; era o seu “O Triunfo da Vontade” que, como se sabe, lançou o feitiço de Hitler. Perguntei a ela sobre a propaganda nas sociedades que se consideram superiores. Ela respondeu que as “mensagens” nos seus filmes eram dependentes não das “ordens de cima”, mas de um “vazio submisso” na população alemã. “Isso inclui a burguesia liberal e educada?” perguntei. “Todos,” ela respondeu, “e, é claro, a intelligentsia”.

domingo, 5 de outubro de 2014

Manchetômetro é a autópsia do PiG! E ainda chamam isso de imprensa

No Conversa Afiada - 05/10/2014
O Ansioso blogueiro recebeu esse email:

​Caro PHA,

Envio aqui o link para a nova página do Manchetômetro sobre os escândalos na cobertura de 2014. É impressionante. Se tiver tempo, por favor dê uma olhada.



ESCÂNDALOS

O estudo que feito no âmbito do LEMEP acerca da cobertura das eleições presidenciais de 2010 na grande mídia imprensa mostrou um número muito alto de escândalos no material noticiado. Naquele pleito 6 escândalos tiveram destaque, cinco negativos para o PT e sua candidata, Dilma Rousseff, e um negativo para o PSDB. No total da cobertura foram 1501 textos sobre os “escândalos do PT” e 82 sobre o único “escândalo do PSDB”.


Na cobertura da eleição de 2014 o número de “escândalos” é ainda maior. Contrários ao PT são: Correios de Minas Gerais, Doleiro Yousseff, Graça Forster na CPI, Mensalão, Miriam Leitão na Wikipedia e Petrobrás. Contrários ao PSDB temos: Aeroporto de Cláudio, Alstom, Cantareira/Água em São Paulo, Mensalão Tucano e Metrô de São Paulo.


Os gráficos abaixo mostram a frequência e distribuição temporal desses “escândalos” nas capas dos grandes jornais.


COBERTURA AGREGADA


O gráfico abaixo mostra o número de matérias que cada escândalo recebeu na cobertura da mídia por todo ano de 2014. A cor azul marca os escândalos contrários ao PSDB e a vermelha os contrários ao PT.



SITUAÇÃO X OPOSIÇÃO (AGREGADO)


O gráfico abaixo mostra o número de matérias sobre escândalos agregadas por partidos, PSDB e PT, respectivamente, oposição e situação. A base de dados cobre os textos de capa de todo ano de 2014. A cor azul marca os escândalos contrários ao PSDB e a vermelha os contrários ao PT.





SITUAÇÃO X OPOSIÇÃO (TEMPORAL)


O gráfico abaixo mostra a distribuição temporal de matérias sobre escândalos agregadas por partidos, PSDB e PT, respectivamente, oposição e situação. A base de dados cobre os textos de capa de todo ano de 2014, e a unidade de tempo é o mês. A cor azul marca os escândalos contrários ao PSDB e a vermelha os contrários ao PT.




SÉRIE TEMPORAL SEMANAL: SITUAÇÃO (PT)


O gráfico abaixo mostra o número de matérias que cada escândalo contrário ao PT recebeu durante a campanha eleitoral, que teve início no dia 6 de julho de 2014. A unidade de tempo é a semana.




SÉRIE TEMPORAL SEMANAL: OPOSIÇÃO (PSDB)


O gráfico abaixo mostra o número de matérias que cada escândalo contrário ao PSDB recebeu durante a campanha eleitoral, que teve início no dia 6 de julho de 2014. A unidade de tempo é a semana.




Presidenta Dilma vota em Porto Alegre Dilma volta a Brasília após almoço

           Dilma levou cerca de um minuto e meio para registrar o voto na urna

A Presidenta e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, votou às 8h47 na Escola Estadual Santos Dumont, na Zona Sul de Porto Alegre (RS), neste domingo (5). 

Ela estava acompanhada por Tarso Genro (PT), governador e candidato ao segundo mandato.

Dilma 51 vs Bláblá 24. É no 1° turno ! O DataCaf trata dos votos VÁLIDOS


Conversa Afiada - 05/10/2014

Aecioporto fica com 22.

O DataCaf apurou esse tracking ontem, sábado (4), à tarde.

É posterior, portanto, aos “campos” do Globope e seu carimbo, o Datafalha.

Paulo Henrique Amorim