segunda-feira, 28 de abril de 2014

Wadih Damous: Morte de torturador não é caso comum


Presidente da Comissão da Verdade do Rio cobra acompanhamento federal sobre o assassinato de Paulo Malhães, ex-agente do Centro de Informações do Exército



As controvérsias em torno da morte do coronel reformado Paulo Malhães, ocorrida na quinta-feira 24, alimentam suspeitas em torno do laudo médico no qual a causa mortis é descrita como “edema pulmonar, isquemia do miocárdio, miocardiopatia hipertrófica, evolução de estado mórbido [doença]”.
“Tudo isso é muito estranho. A investigação e a conclusão sobre a morte de Malhães não podem ser baseadas apenas nessa perícia”, alertou o advogado Wadih Damous, presidente da Comissão da Verdade do Rio. “É preciso ouvir novamente a mulher de Malhães, sua filha, o caseiro e outras pessoas.”
Segundo Damous, a morte de Malhães não pode ser vista como um caso comum. “Do meu ponto de vista, pelo passado dele e pelo o que ele representou, esse caso tinha de ter tido um acompanhamento federal. Não pode ser tratado como mera tentativa de assalto”, afirmou. “Por isso queríamos que a Polícia Federal acompanhasse. Por exemplo, a tentativa de asfixia pode ter gerado um infarto? Não sei. São questões técnicas que não sei responder, mas que sempre permanecerão como dúvida.”
Na sexta-feira, logo depois de Malhães ter sido encontrado morto em sua casa na zona rural de Nova Iguaçu (RJ), o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, solicitou ao Ministério da Justiça que a Polícia Federal acompanhe as investigações, atualmente a cargo da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
À CBN o delegado William Pena Júnior, da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), disse não descartar a possibilidade de a morte de Malhães ter sido motivada por vingança, depois de um dos mais polêmicos depoimentos à CNV, no qual confessou ter torturado, matado e descrito técnicas para ocultação de cadáveres de militantes que passaram pela Casa da Morte, centro clandestino de tortura em Petrópolis.
Segundo CartaCapital apurou, em depoimentos anteriores às declarações feitas à CNV, o ex-agente do Centro de Informações do Exército (CIE) deixara claro que temia por sua vida. Segundo um integrante da Comissão da Verdade do Rio, em uma conversa privada, ao ser questionado sobre nomes de militantes infiltrados aliados ao regime ou mesmo de outros agentes da repressão, Malhães disse ter medo e que não podia deixar escapar nomes porque estaria correndo risco de vida.
O corpo do ex-agente do CIE foi enterrado na tarde de sábado 26, no Cemitério Municipal de Nova Iguaçu. Ele morreu na quinta-feira, quando três homens invadiram sua residência e detiveram também sua esposa e um caseiro. Do local, foram levadas diversas armas que Malhães colecionava e também computadores.
Nesta segunda-feira 28, quatro parentes de Malhães serão ouvidos pela DHBF. Além disso, os agentes buscam imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar na identificação da autoria do crime. Ao 76 anos de idade, Malhães vivia com a mulher, Cristina Batista Malhães, e se locomovia com a ajuda de cadeira de rodas.
registrado em: ditadura paulo malhães

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Direitos dos Moradores de Rua




Consideram-se moradores de rua as pessoas cuja renda per capita é inferior à linha de pobreza, que não possuem domicílio e pernoitam nos logradouros da cidade, nos albergues ou qualquer outro lugar não destinado à habitação.
Todo morador de rua tem direito a tirar sua documentação, mesmo sem comprovante de residência. As pessoas moradoras de rua têm direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), no valor de um salário mínimo mensal. ( É importante alertar que o benefício é para idosos e pessoas com deficiência e há critérios de acesso. Como o fato da renda precisar ser inferior a 1/4 de salário mínimo per capita para idosos. E para pessoas com deficiência, há necessidade de comprovar que a deficiência é incapacitante para vida independente e para o trabalho, além da renda familiar, também precisar ser de até 1/4 de salário mínimo per capita.)
É importante saber que existe na assistência uma lei chamada de LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social). De acordo com a LOAS, os atendimentos devem ser oferecidos sem discriminação e com o devido respeito à dignidade e à autonomia das pessoas. Essa lei também garante, expressamente, a criação de programas de amparo às pessoas em situação de rua (art. 23).
O governo disponibiliza abrigos. Não existe um tempo máximo de permanência nos abrigos, que funcionam 24 horas.
Legislaçãoimportante:
·         Lei 8.742 – Dispõe sobre a organização da Assistência Social;
·         Lei 11.530 – Institui o Programa Nacional de Segurança Pública com cidadania;
·         Decreto 7.053 – Política Nacional para a população em situação de rua;

ÓrgãoseEntidades:
·         Disque Direitos Humanos – Ligue 100
·         Ministério Público do Distrito Federal e Territórios 
·         Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios 
·         Abrigo Reencontro (ABRIRE) – QNF AE 24 – Taguatinga Norte – Tel.: 3561 4914 /3561 0328 / 3563 6990/ Fax: 3562 8370 – abrire@sedest.df.gov.br;
·         Casa Lar Guará – QE 17 – Cj. K – Cs. 47 – Guará II – Tel.:(61) 3381-1813;
·         Casa Lar – Qd. 41 – Cs. 56 – Setor Leste – Gama            – Tel.:(61) 3484-0069;
·         Albergue Conviver – QS09 Lt. 01/07 Águas Claras – albercon@sedest.df.gov.br
·         Casa de Passagem Adulto (Casa do Migrante) – Av. L2 Sul – Qd. 614/615 – Bl. G – Lt. 104 – Tel.: 3345 5826/ Fax: 3346 7960 – capas_ad@sedest.df.gov.br – migrante@sedest.df.gov.br;
·         Casa de Passagem Masculino – EQNM 36/38 – Md. 09 – AE – MNorte -  Tel.: 3475 2413/ Fax 3491-2761 -  capascm@sedest.df.gov.br
·         Casa de Passagem Feminina (Casa Flor) – Setor D-Sul – AE – Taguatinga – Tel.: 3351 3457 / Fax: 3561 4797 – capascf@sedest.df.gov.br


História do Egito Antigo



Pirâmides de Gizé no Egito

Religião politeísta, Economia, Sociedade, pirâmides, faraós, cultura e ciência dos egípcios,
escrita hieroglífica, Rio Nilo, história da África, desenvolvimento científico, cultura e arte, resumo

Fonte: http://www.suapesquisa.com/egito/

Introdução 
A civilização egípcia antiga desenvolveu-se no nordeste africano (margens do rio Nilo) entre 3200 a.C (unificação do norte e sul) a 32 a.c (domínio romano).
A importância do rio Nilo
Como a região é formada por um deserto (Saara), o rio Nilo ganhou uma extrema importância para os egípcios. O rio era utilizado como via de transporte (através de barcos) de mercadorias e pessoas. As águas do rio Nilo também eram utilizadas para beber, pescar e fertilizar as margens, nas épocas de cheias, favorecendo a agricultura.
Sociedade Egípcia 
A sociedade egípcia estava dividida em várias camadas, sendo que o faraó era a autoridade máxima, chegando a ser considerado um deus na Terra. Sacerdotes, militares e escribas(responsáveis pela escrita) também ganharam importância na sociedade. Esta era sustentada pelo trabalho e impostos pagos por camponeses, artesãos e pequenos comerciantes. Os escravos também compunham a sociedade egípcia e, geralmente, eram pessoas capturadas em guerras.Trabalhavam muito e nada recebiam por seu trabalho, apenas água e comida.  
Escrita no Egito Antigo 
escrita egípcia também foi algo importante para este povo, pois permitiu a divulgação de idéias, comunicação e controle de impostos. Existiam duas formas principais de escrita: a escrita demótica (mais simplificada e usada para assuntos do cotidiano) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida do faraó, rezas e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Uma espécie de papel chamado papiro, que era produzido a partir de uma planta de mesmo nome, também era utilizado para registrar os textos.  
Os hieróglifos egípcios foram decifrados na primeira metade do século XIX pelo linguísta e egiptólogo francês Champollion, através da Pedra de Roseta.
Economia 
A economia egípcia era baseada principalmente na agricultura que era realizada, principalmente, nas margens férteis do rio Nilo. Os egípcios também praticavam o comércio de mercadorias e o artesanato. Os trabalhadores rurais eram constantemente convocados pelo faraó para prestarem algum tipo de trabalho em obras públicas (canais de irrigação, pirâmides, templos, diques).  
Religião no Egito Antigo: a vida após a morte 
A religião egípcia era repleta de mitos e crenças interessantes. Acreditavam na existência de vários deuses (muitos deles com corpo formado por parte de ser humano e parte de animal sagrado) que interferiam na vida das pessoas. As oferendas e festas em homenagem aos deuses eram muito realizadas e tinham como objetivo agradar aos seres superiores, deixando-os felizes para que ajudassem nas guerras, colheitas e momentos da vida.  Cada cidade possuía deus protetor e templos religiosos em sua homenagem.

Mumificação 
Como acreditavam na vida após a morte, mumificavam os cadáveres dos faraós colocando-os em pirâmides, com o objetivo de preservar o corpo. A vida após a morte seria definida, segundo crenças egípcias, pelo deus Osíris em seu tribunal de julgamento. O coração era pesado pelo deus da morte, que mandava para uma vida na escuridão aqueles cujo órgão estava pesado (que tiveram uma vida de atitudes ruins) e para uma outra vida boa aqueles de coração leve. Muitos animais também eram considerados sagrados pelos egípcios, de acordo com as características que apresentavam : chacal (esperteza noturna), gato (agilidade), carneiro (reprodução), jacaré (agilidade nos rios e pântanos), serpente (poder de ataque), águia (capacidade de voar), escaravelho (ligado a ressurreição).
Civilização 
civilização egípcia destacou-se muito nas áreas de ciências. Desenvolveram conhecimentos importantes na área da matemática, usados na construção de pirâmides e templos. Na medicina, os procedimentos de mumificação, proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano.
Arquitetura egípcia 
No campo da arquitetura podemos destacar a construção de templos, palácios e pirâmides. Estas construções eram financiadas e administradas pelo governo dos faraós. Grande parte delas eram erguidas com grandes blocos de pedra, utilizando mão-de-obra escrava. As pirâmides e a esfinge de Gizé são as construções mais conhecidas do Egito Antigo.


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Denúncias Dr. Rosinha: Serviçais dos EUA por trás de ataques à Petrobras



Dr. Rosinha: Serviçais dos Estados Unidos
por Dr. Rosinha*, no Vermelho
Extraído do blog VIOMUNDO dia 24/04/2014
Alguns podem achar que estou paranóico, mas tenho toda a fundamentação para levantar a seguinte suspeita.
Durante muitos anos, os golpistas negaram a participação dos Estados Unidos na construção do golpe militar dos dias 31 de março e 1º de abril de 1964. Hoje, 50 anos depois, está mais do que comprovado que os EUA patrocinaram, trabalharam e construíram o golpe. E todas as vezes em que se sentiram e se sentem ameaçados, intervieram e intervêm política e militarmente, não importando em que parte do mundo.
Fatos recentes têm comprovado a participação dos EUA. Seja em territórios distantes, como a invasão militar do Afeganistão e do Iraque, ou aqui do nosso lado, como o golpe dado no Paraguai.
Há dois fatos recentes de intervenção americana aqui na vizinhança, na América Latina. Um, o já citado acima, o golpe no Paraguai para derrubar o presidente democraticamente eleito, Fernando Lugo. E o golpe engendrado contra Zelaya e a democracia em Honduras. Não seria um teste para ver a reação dos países sul-americanos? Ambos, segundo os EUA e a direita da América Latina, obedecendo à Constituição daqueles países. Em ambos não foi essa a leitura dos presidentes, democraticamente eleitos e que constituem a Unasul.
Na atual conjuntura, estamos assistindo aos EUA patrocinarem mais um golpe, desta vez na Ucrânia, onde apoiam forças neonazistas. Também assistimos a mais uma tentativa de desestabilização na Venezuela. Em ambos os casos, há comprovação da participação norte-americana.
E qual é a paranoia?
Há no Brasil uma articulação da mídia, com o apoio dos partidos de direita, para desestabilizar o governo Dilma. E, para isso, vale toda e qualquer mentira ou desinformação: a inflação incontrolável, o desequilíbrio da balança de pagamentos, o apagão, a corrupção, etc. No momento, a bola da vez é a Petrobras.
Todos sabem que sou contra a corrupção, seja no serviço público ou nas empresas privadas e estatais. Toda denúncia de corrupção tem de ser apurada, e no Brasil temos meios para isso. O meio menos apropriado é uma CPI, seja ela mista (Câmara e Senado) ou não. Sei o que falo. CPIs são o caminho mais curto para expor pessoas não comprovadamente criminosas e preservar os comprovadamente suspeitos ou criminosos. Não é exagero: o que deu a CPI que investigou o Cachoeira?
Somente num país em que parte das lideranças políticas e da imprensa tem vergonha de declarar seus compromissos com os EUA se faz o que é feito em relação à Petrobras.
Alguém se lembra de ver a imprensa americana, partidos políticos ou parte da sociedade dos Estados Unidos trabalhando contra a Chevron? Ou mesmo na Grã Bretanha, trabalhando contra a British Petroleum ou os holandeses se opondo a Shell? Não, ninguém lembra. Será que essas empresas não cometem nenhum crime de corrupção? Não cometem nenhum crime ambiental?
No início do mês de abril, a Chevron recebeu a autorização para retomar a produção no campo de Frade. Foi noticiado que a ANP autorizou a companhia norte-americana a retomar a produção de petróleo. A empresa estava suspensa após ser responsabilizada por dois vazamentos: o primeiro em novembro de 2011 e o segundo em março de 2012.
Não me lembro de a imprensa brasileira e a oposição pedirem com veemência uma CPI para apurar e responsabilizar a Chevron por esse crime ambiental. Nunca vi a imprensa e o parlamento norte-americano cobrando responsabilidades da Chevron.
E o crime da Bristish Petroleum no Golfo do México?
O que existe em comum entre o Afeganistão, o Iraque, a Venezuela e o Brasil é a quantidade enorme de reservas de petróleo. Os EUA não toleram que isso fique fora de seu controle ou do controle de uma de suas empresas de petróleo.
Os EUA ativaram em julho de 2008 a IV Frota, justamente quando as maiores descobertas do pré-sal foram anunciadas. Não é de se perguntar o porquê de uma enorme força naval que estava desativada desde 1950 ser colocada em ação?
Acho que não é paranoia.
*Dr. Rosinha é médico e deputado federal pelo PT do Paraná.

Tarso Genro: O capital está vencendo. Como a esquerda pode barrá-lo?



Turma da Petrobrax na ofensiva: o monstro da Época e a destruição de Veja. O que há por trás das notícias?
Tarso Genro: O capital está vencendo. Como a esquerda pode barrá-lo?
22 de abril de 2014

Por Tarso Genro

Extraído do blog VIOMUNDO - dia 24/04/2014

A lenta, mas firme desagregação da esquerda européia depois da quebra da URSS, está ancorada em fatores “objetivos”, tais como as mudanças no padrão de acumulação capitalista –“pós-industrial” como já analisavam alguns economistas há trinta anos — que atravessaram a sociedade de alto a baixo.
Estas mudanças alteraram as expectativas políticas, o modo de vida, as demandas do mundo do trabalho e da constelação de prestadores de serviços, dos técnicos das atividades da inteligência do capital, dos sujeitos dos novos processos do trabalho e de amplos contingentes da juventude.
Estes, originários de famílias das classes médias, que perderam o seus “status” social e o seu poder aquisitivo, adquiridos na era de ouro da social-democracia. A social-democracia não se renovou, nem o comunismo, para responder a estas transformações.
A desagregação, todavia, também está ancorada na ausência de respostas – fator “subjetivo” dominante — dos núcleos dirigentes da esquerda comunista e social-democrata. Esta falta de formulação superior pode, parcialmente, ser atribuída a uma ausência de “caráter” — pela “acomodação” teórica e doutrinária dos seus dirigentes — mas este não é, certamente, o fator preponderante: o vazio de respostas de esquerda à nova crise do capital tem outras determinações mais fortes.
Mesmo aqueles que se jogaram para uma posição “movimentista” — mais, ou menos, corporativa — aparentemente radical (ou os que se propuseram a enfrentar o retrocesso com práticas de Governo ou com novas elaborações no âmbito acadêmico) não conseguiram – nos seus respectivos espaços de interferência – abrir novos caminhos que se tornassem hegemônicos.
A adesão da social-democracia francesa, italiana, espanhola e portuguesa – para exemplificar — aos remédios exigidos pela União Européia (leia-se Alemanha), põe por terra as esperanças que algum governo europeu, num futuro próximo, possa inspirar mesmo uma saída social-democrata novo tipo à crise atual.
Tudo indica que a recuperação da Europa capitalista virá por um canal “social-liberal”, depois de um longo período de reestruturação das classes em disputa. Teremos perdas significativas para os trabalhadores do setor público e privado, para as micro, pequenas e médias empresas, que são responsáveis pela maior parte da oferta de empregos. A isso se agregará uma forte pressão sobre os imigrantes e a crescente redução dos gastos públicos, destinados à proteção social.
Paralelamente a este desmantelamento tudo indica que crescerão as alternativas nacionalistas de direita, de corte autoritário e mesmo neo-fascistas, pois o vazio que gera desesperanças pode fazer renascer o irracionalismo das utopias da direita extrema.
Se isso é verdade, o nosso problema brasileiro é bem maior do que parece. A contra-tendência instituída no Brasil, que criou dez milhões de empregos no mesmo período em que foram destruídos mais de sessenta milhões de postos de trabalho em todo o mundo, está sob assédio.
O nome deste assédio é a garantia do pagamento rigoroso — com juros elevados — da dívida pública, para que o sistema financeiro global do capital possa ter reservas destinadas a bancar as reformas e por em funcionamento um novo ciclo de crescimento das economias do núcleo orgânico do capitalismo global.
Cada uma das alternativas que sejam propostas para o próximo período, visando desenvolver o país, combatendo as suas desigualdades sociais e regionais — sejam elas de inspiração neo-keinesiana ou socialista — só poderão ter efetividade e capacidade de implementação política se mostrarem de maneira coerente como elas se comunicam, acordam ou confrontam, com este cenário global.
Ou seja: como as alternativas poderão ser efetivas no território, numa situação de domínio integral do capital financeiro sobre os cenários econômicos e políticos do mundo.
O internacionalismo hoje é, conjunturalmente, mais democrático e social do que propriamente “proletário”, naquele sentido clássico que foi proposto pelo filósofo de Trévèrs.
As conquistas democráticas e sociais das nações estão bem mais ameaçadas depois da crise que se iniciou com o “sub-prime”, pois os governos são vítimas de uma pressão brutal para reduzir, ainda mais, a sua autonomia política e assim integrar-se, pacificamente, nas contaminações globais da crise.
Apresentar soluções internas, portanto, é também apresentar alianças de sustentação destas políticas no cenário internacional, para que as propostas não sejam voluntaristas ou demagógicas
Caso as formações políticas e os governos não consigam apresentar alternativas aceitas pelo senso comum, dificilmente terão apoio popular para governar. O seu fracasso — e o povo sabe disso — terá reflexo imediato como aniquilamento das conquistas de inclusão social, econômica e produtiva, que ocorreram no Brasil nos últimos dez anos.
Este é, na verdade – nos dias que correm — o dilema, tanto demo-tucano e marino-campista, como do extremismo corporativista e movimentista: ambos deveriam responder qual é, nos quadros da democracia política, o efeito imediato na vida das famílias — especialmente das chamadas “novas classes médias” e dos trabalhadores — dos seus projetos concretos de Governo, demonstrando como é possível aplicá-los pela via democrática.
Os ataques à Petrobras, que vem sendo modulados, tanto pela direita neoliberal como pelas oposições anti-PT e anti-Lula — de corte direitista e esquerdista — talvez sejam a síntese mais representativa desta dificuldade.
O ataque, turbinado pela grande mídia, dá espaço para estes grupos políticos não dizerem, de forma clara (se fossem eleitos), o que fariam com a economia e com as funções públicas do Estado, no próximo período. Unidos, esquerdismo e neoliberalismo, desta vez no ataque ao Estado — não somente ao Governo — ficam absolvidos de fazerem propostas para dizerem como o país deverá operar, gerando emprego e renda, ao mesmo tempo que se defende da tutela do capital financeiro e das pressões da dívida pública.
A desmoralização de um ativo público da dimensão da Petrobras, os ataques ao seu “aparelhismo” político, a crítica aos gastos públicos excessivos (programas sociais, na verdade), os ataques às políticas do BNDES – de forma combinada com um permanente processo de identificação da corrupção com o Estado e com os Partidos em geral — fecham um quadro completo do cerco ao país: liquidem com a Petrobras e teremos o Estado brasileiro pela metade; acabem com os gastos sociais e teremos uma crise social mais profunda do que a das jornadas de junho; restrinjam o BNDES e o crescimento – que já é pífio — se reduzirá ainda mais; desmoralizem os partidos e a política e a técnica neoliberal substituirá o contencioso democrático.
Como os militares estão aferrados às suas funções profissionais e constitucionais e não estão para aventuras, o golpismo pós-moderno vem se constituindo através da direita midiática. Esta, se bem sucedida no convencimento a que está devotada, encarregaria um novo Governo social-liberal da desmontagem do atual Estado Social “moderado”, obtido no Brasil num cenário mundial adverso.
Lido este cenário de refluxo da esquerda e de retomada dos valores do neoliberalismo selvagem, que devasta as conquistas da social-democracia européia, pode-se concluir que o debate verdadeiro no processo eleitoral em curso – momento mais importante da nossa democracia republicana concreta – é o seguinte: ou o projeto lulo-petista se renova, baseado no muito que já fez e conquista novos patamares de confiança popular; ou o refluxo direitista liberal, que assola a Europa, chegará em nosso país pela via eleitoral, legitimado por eleições democráticas.
A semeadura da insegurança, que precede as inflexões para direita, está em curso em todos os níveis e para responder a esta sensação manipulada — que vai da economia à segurança pública — é preciso dizer de maneira bem clara quais os próximos passos contra as desigualdades e contra perversão da política e das funções públicas do Estado. Chegamos a um momento de defesa política de um modelo novo combinado com a velha luta ideológica.
Recentemente o MST, no seu Congresso Nacional, deu uma demonstração de acuidade política e clareza programática. Fez a vinculação da questão agrária do país a um novo conceito de reforma: vinculou as demandas particulares dos deserdados da terra à produção de alimentos sadios para os cidadãos de todas as classes, numa verdadeira rebelião agroecológica, que faz a disputa no terreno da produção e da política.
Particularmente ele se reporta àqueles que mais sofrem os efeitos “fast-foods”, turbinados por agrotóxicos e por malabarismos genéticos, cujos efeitos sobre a espécie humana ainda não são avaliáveis na sua plenitude.
Trata-se, na verdade, da superação de uma demanda particular de classe – uma reforma agrária baseada na mera redistribuição da propriedade – para um plano universal de interesse da totalidade do povo, sem a perda das suas raízes classistas. Belo exemplo que vem do povo para ser absorvido e renovar a cultura política da esquerda.
O capital financeiro, no mundo, está vencendo, mas pode ser barrado pela imaginação criadora de uma esquerda que seja consciente da grandeza das suas tarefas nos momentos de refluxo. O MST deu um belo exemplo. A esquerda o seguirá?
PS do Viomundo: Do ponto-de-vista meramente eleitoral, a atual ofensiva tira da candidata Dilma um tema que ela usou extensivamente em 2010, ou seja, a ameaça da privataria que paira sempre sobre os tucanos. Agora Aécio pode se apresentar como a pessoa que vai “salvar” a Petrobras. Sei.

Jornal da família Marinho - O Globo - vai atrás de blogueiros que entrevistaram Lula



Ex-presidente reuniu apenas blogueiros, com quem falou por cerca de 3 horas sobre política e eleições, entre outros

Fonte: Site da Revista Caros Amigos http://www.carosamigos.com.br/index.php/politica/4039-jornal-da-familia-marinho-vai-atras-de-blogueiros-que-entrevistaram-lula

Da Redação
O jornal "O Globo", da bilionária família Marinho, está tentando entrevistas com os blogueiros de esquerda que participaram da coletiva com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, concedida na semana passada no Instituto Lula, em São Paulo. A reportagem do jornal faz várias perguntas, inclusive sobre quem pagou a condução para chegar ao local da entrevista, financiamento público e publicidade oficial - a Rede Globo é o veículo que mais recebe verbas públicas, sem contar os outros veículos da família midiática - foram R$ 50 milhões desde o início do governo Dilma, segundo publicado em Carta Capital (leia mais aqui)
Abaixo, a resposta ao jornal da jornalista Conceição Lemes, que participou da entrevista representando o Viomundo.
 Conceição Lemes, 33 anos de estrada: Resposta em público a O Globo
Por Conceição Lemes
Do Viomundo
Nessa segunda-feira 13, uma repórter de O Globo enviou-nos um e-mail:
“Estou fazendo uma matéria sobre a entrevista que o ex-presidente Lula concedeu a blogueiros na semana passada. Gostaria de conversar contigo por telefone”.
Pedi que enviasse as perguntas por e-mail. Hoje, às 12h27 elas foram encaminhadas:
Nada contra a repórter. Embora não a conheça, respeito-a profissionalmente como colega.
Já a empresa para a qual trabalha, não merece a nossa consideração.
Com essas perguntas aos blogueiros, O Globo parece estar com saudades da ditadura, quando apresentava como verdadeira a versão dos órgãos de repressão. Exemplo disso foi a da prisão, tortura e assassinato de Raul Amaro Nin Ferreira, em 1971, no Rio de Janeiro.
Com essas perguntas, O Globo parece querer promover uma caça aos blogueiros progressistas. Um macartismo à brasileira.
O marcartismo, como todos sabem, consistiu num movimento que vigorou nos EUA do final da década de 1940 até meados da década de 1950. Caracterizou-se por intensa patrulha anticomunista, perseguição política e dersrespeito aos direitos civis.
O interrogatório emblemático daqueles tempos nos EUA:
Mr. Willis: Well, are you now, or have you ever been, a member of the Communist Party? (Bem, você é agora ou já foi membro do Partido Comunista?)
A sensação com as perguntas de O Globo é que voltamos à ditadura. Agora, a ditadura midiática das Organizações Globo. É como estivéssemos sendo colocados numa sala de interrogatório.
Afinal, qual o objetivo de saber se pertencemos a algum partido político?
Será que O Globo faria essa pergunta aos jornalistas de direita, travestidos de neutros, que rezam pela sua cartilha?
E se fossemos nós, blogueiros progressistas, que fizessemos essas perguntas aos jornalistas de O Globo?
Imediatamente, seríamos tachados de antidemocratas, cerceadores da liberdade de expressão, chavistas e outros mantras do gênero.
Como um grupo empresarial que cresceu graças aos bons serviços prestados à ditadura civil-militar tem moral de questionar ideologicamente os blogueiros que participaram da entrevista coletiva?
Liberdade de imprensa e de expressão vale só para direita e para a esquerda, não?
Como uma empresa que tem no seu histórico o colaboracionismo com a ditadura, o caso pró-Consult, o debate editado do Collor vs Lula, ter sido contra a campanha Pelas Diretas, pode se arvorar em ditar normas de bom Jornalismo e ética?
Como uma empresa que deve R$ 900 milhões ao fisco tem moral para questionar outros brasileiros?
Como um grupo empresarial que recebe, disparadamente, a maior fatia da publicidade do governo federal pode criticar os poucos blogs que recebem alguma propaganda governamental?
O Viomundo, repetimos, não aceita propaganda dos governos federal, estaduais e municipais. É uma opção nossa. Mas respeitamos quem recebe. É um direito.
No Viomundo, não temos nada a esconder. Só não admitimos que as Organizações Globo, incluindo O Globo, com todo o seu histórico, se arvorem no direito de fiscalizar a blogosfera.
Por isso, eu Conceição Lemes, que representei o Viomundo na coletiva, não respondi a O Globo. Preferi responder aos nossos milhares de leitores. Diretamente. E em público.
Seguem as perguntas de O Globo e as minhas respostas.
Qual a sua formação acadêmica?
Formada em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
Qual a sua atuação profissional antes do blog? Já cobriu política por outros veículos?
Sou editora do Viomundo, onde faço política, direitos humanos, movimentos sociais. Toco ainda o nosso Blog da Saúde.
No início da carreira, fiz um pouco de tudo: economia, política, revistas femininas, rádio…
Há 33 anos atuo principalmente como jornalista especializada em saúde, tendo ganho mais de 20 prêmios por reportagens nessa área. Entre eles, o Esso de Informação Científica, o José Reis de Jornalismo Científico, concedido pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), e o Sheila Cortopassi de Direitos Humanos na área de Comunicação, outorgado pela Associação para Prevenção e Tratamento da Aids e Saúde Preventiva (APTA) com apoio do Unicef.
Conquistei também vários prêmios Abril de Jornalismo, a maioria por matérias publicadas na revista Saúde!, da qual foi repórter, editora-assistente, editora e redatora-chefe.
Em 1995, fui premiada pela reportagem “Aids — A Distância entre Intenção e Gesto”, publicada pela revista Playboy. O projeto que desenvolvi para essa matéria foi selecionado para apresentação oral na 10ª Conferência Internacional de Aids, realizada em 1994 no Japão.
Pela primeira vez um jornalista brasileiro teve o seu trabalho aprovado para esse congresso. Concorri com cerca de 5 mil trabalhos enviados por pesquisadores de todo o mundo. Aproximadamente 300 foram escolhidos para apresentação oral, sendo apenas dez de investigadores brasileiros. Entre eles, o meu. Em consequência, fui ao Japão como consultora da Organização Mundial da Saúde.
Tenho oito livros publicados na área.
O mais recente, lançado em 2010, é Saúde – A hora é agora, em parceria com o professor Mílton de Arruda Martins, titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP, e o médico Mario Ferreira Júnior, coordenador de Centro de Promoção de Saúde do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Em 2003/2004, foi a vez da coleção Urologia Sem Segredos, da Sociedade Brasileira de Urologia, destinada ao público em geral.
Os primeiros livros foram em 1995. Um deles, o Olha a pressão!, em parceira com o médico Artur Beltrame Ribeiro.
O outro foi a adaptação e texto da edição brasileira do livro Tratamento Clínico da Infecção pelo HIV, do professor John G. Bartlett, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA. A tradução e supervisão científica são do médico Drauzio Varella.
Você é filiada a algum partido político?
Não sou nem nunca fui filiada a qualquer partido político.
Mas me estranha muito uma empresa que apoiou a ditadura, cresceu devido a benesses do regime e hoje se alinhe com todos os espectros da direita brasileira, questione a a filiação partidária de um jornalista.
Quer dizer de direita, tudo bem, e de esquerda, não?
Como você definiria os “blogueiros progressistas”? Existe uma linha política?
Somos de esquerda.
Defendemos:
Melhor distribuição da renda no país.
Reforma agrária.
Os movimentos sociais por melhores condições de moradia, trabalho, defesa do meio ambiente, saúde e educação.
Regulamentação dos meios de comunicação.
Valorização do salário mínimo.
Política de cotas raciais nas universidades.
Direitos reprodutivos e sexuais das mulheres brasileiras.
Combate à discriminação e promoção dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais
Imposto sobre grandes fortunas.
Financiamento público de campanha.
Reforma política.
Fortalecimento da Petrobras.
Sistema Único de Saúde.
Como você foi chamada para a entrevista? Recebeu alguma ajuda de custo do instituto?
Por e-mail. Nenhuma ajuda.
O que você achou da seleção de blogueiros para a entrevista? Incluiria, por exemplo, representantes da mídia ninja ou blogueiros “de oposição”, como Reinaldo Azevedo?
O Instituto Lula tem o direito de chamar para entrevistar o ex-presidente quem ele quiser.
Engraçado O Globo perguntar isso. De manhã à madrugada, de domingo a domingo, todos os veículos das Organizações Globo privilegiam, ostensivamente, sem o menor pundonor, vozes do conservadorismo brasileiro e internacional. Pior é que travestido de uma falsa neutralidade.
Por que O Globo pode chamar quem quiser e o ex-presidente Lula, não?
Por que as Organizações Globo não dão espaços iguais à esquerda e à direita, garantindo a pluralidade de opiniões?
No dia em que as Organizações Globo garantirem efetivamente a pluralidade de opiniões, respeitando a verdade factual, aí, sim, seus profissionais poderão questionar os nomes escolhidos por Lula.
Qual foi o ponto mais relevante da entrevista para você?
Ter falado três horas e meia com os blogueiros. Uma conversa em que nenhum assunto foi proibido. Tivemos liberdade plena de perguntar o que queríamos. Uma lição de democracia.
O instituto arcou com os seus custos de deslocamento?
Não. Fui de táxi. Paguei do meu próprio bolso.
Por que você acredita ter sido escolhida para a entrevista?
Quantos jornalistas brasileiros têm o meu currículo profissional? Quantos repórteres da mídia tradicional e da blogosfera produziram tantos furos jornalísticos quanto nós no Viomundo nos últimos cinco anos?
Por isso, deixo essa pergunta para você e os leitores do Viomundo responder.
O que você acha do movimento “Volta Lula”?
Quem tem de achar é a população e os militantes dos partidos da base de apoio do governo.
Sou apenas repórter. Cabe a mim, portanto, retratar o que presencio.
Qual nota você daria ao governo Dilma? Por quê?
O Globo tem fetiche por nota. Quem tem de dar a nota é o eleitorado. Sou repórter e minha opinião neste caso é irrelevante. A não ser que O Globo pretenda usá-la para fazer o que costuma fazer: manipular informação com objetivos políticos, em defesa de interesses da direita brasileira.