sábado, 27 de agosto de 2016

Mentes privatizadas' estão por trás do assédio moral contra servidores públicos

na Rede Brasil Atual

 "privatização" pela transferência da gestão para entidades privadas leva para dentro de órgãos públicos os malefícios da flexibilização e de outros defeitos do modelo empresarial
por Cida de Oliveira, da RBA

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São Paulo – Depois de fazer milhões de vítimas entre trabalhadores de todo o mundo, o assédio moral é cada vez mais comum em órgãos e entidades ligadas ao poder público. É o caso de universidades públicas, por exemplo. Com recursos praticamente em extinção, tem se tornado comum a competição acirrada entre professores e pesquisadores em busca de mais verba para suas pesquisas. O resultado é um sistema de opressão que destrói a solidariedade, a ética e traz sofrimento psíquico e doença para servidores, colegas e familiares.
O alerta foi feito na tarde de hoje (24) pelo professor e pesquisador Roberto Heloani, da Faculdade de Educação e do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, em palestra no 4° Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde: Acidentes, Adoecimentos e Sofrimentos do Mundo do Trabalho. Realizado desde segunda-feira pelaFundacentro, na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, na capital paulista, o evento segue até sexta-feira (26).
"O assédio moral no setor público é praticado pelas mentes privatizadas, que seguem à risca o mesmo modelo adotado no setor privado. Isso acontece quando a gente trata, avalia e remunera pessoas como se fossem máquinas e elas passam a se comportar como tal", comparou Heloani.
De acordo com o professor, a lógica da flexibilização que já destruiu o coletivo de trabalho por onde passou, faz agora vítimas no setor público. "Para se ter uma ideia, 90% dos hospitais públicos são geridos por organizações sociais no estado de São Paulo.
Numa perspectiva de obtenção de lucros cada vez mais maiores, vale tudo menos a saúde e a vida do trabalhador. "Falar em ética no trabalho, hoje, é coisa de ficção científica", disse ele, destacando uma suposta modernidade que faz consumidores trabalharem de graça para as empresas. É o caso do auto serviço de check in nos aeroportos, que segundo Heloani ceifou 1 milhão de postos de trabalho. "Chegará o dia em que os passageiros vão abastecer a aeronave."
O professor disse que até os anos 1960 havia "ética no capitalismo" e os trabalhadores contavam com seguridade e previdência, com perspectiva de futuro. "Porém, a partir dos anos 1980, a mente das pessoas começou a ser 'flexibilizada' e desde o início dos anos 1990, com o Consenso de Washington, as regras começaram a mudar no Brasil", disse, destacando o discurso do governo norte-americano, Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, que defendiam "a modernização" dos países da América Latina com a abertura de suas economias para o mercado estrangeiro, especialmente para o Norte americano.
"E o que se tem hoje é dizer para o trabalhador, depois de 30 anos de trabalho, que ele não vai ter a casa grande com piscina prometida quando começou a trabalhar. E sim um terreninho num bairro da periferia para construir sua casinha, se quiser. Isso é fraude, artigo 171 do código penal. E com os acidentados então, que estão perdendo seus benefícios?"

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