sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Big techs são confirmadas em evento do PL depois de recusarem convite da AGU

 

Meta, X, Kwai e TikTok tem presença destacada pelo partido de Bolsonaro em Seminário de Comunicação

Evento do PL em BrasíliaCréditos: Reprodução


As big techs Meta (dona do WhatsApp, Facebook e Instagram), Google, Kwai, TikTok (rede social da chinesa ByteDance) e X (antigo Twitter) estão confirmadas em um seminário de comunicação do Partido Liberal que ocorre em Brasília nesta semana.

Há um mês, em janeiro, estas mesmas empresas não participaram de uma audiência pública da Advocacia-Geral da União (AGU), órgão ligado ao governo federal, para discutir desinformação nas plataformas digitais.

Vale lembrar que em 2023 estas empresas firmaram uma campanha contra o governo Lula por conta da pressão política pela aprovação do projeto de lei 2630/21, que buscava regulamentar as mídias sociais no Brasil.

Agora, confirmam presença em evento do Partido Liberal, legenda do bolsonarismo, principal grupo de oposição partidária ao governo Lula.

Vale lembrar que Meta e X anunciaram publicamente um alinhamento internacional com a extrema direita, com o CEO do antigo Twitter, Elon Musk, participando do governo de Donald Trump, e Mark Zuckerberg revelando uma mudança nas políticas do Facebook para satisfazer melhor os desejos do Partido Republicano dos EUA.

O Google afirmou à Veja que “participa de inúmeros eventos oferecendo treinamentos, com foco em ferramentas como Gemini e Google Trends". O Kwai afirmou que participou de um "treinamento". Meta e TikTok não responderam à imprensa.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

A ficha suja de Arthur Lira tem mais de duas décadas

 FONTE: Jornal A Verdade (atualizado hoje dia 31/1/2025)


Arthur Lira sempre foi amigo de Bolsonaro. Os dois são responsáveis pela corrupção do Orçamento Secreto. Foto: reprodução


Arthur Lira, em nova entrevista ao jornal dos Marinho, Valor Econômico, ataca governo Lula.

Logo Lira, um político fisiológico, que não consegue explicar seus bilhões e suas terras, que apoio e apoia a extrema direita que desmontou o país de 2019 a 2022.

Além das informações abaixo do Jornal A Verdade, você trabalhadora e trabalhador pode encontrar vastas e importantes informações sobre O Fazendeiro Arthur Lira canal De Olho nos Rualistas e no instagram da ex-esposa Juliene Lins

O presidente da Câmara dos Deputados já foi condenado pela Justiça Alagoana por improbidade administrativa em 2012. Hoje, vários assessores aliados alvos de investigação da PF sobre esquemas de corrupção envolvendo kits de robótica para escolas públicas.

Lenilda Luna | Maceió


Arthur Lira, atualmente deputado federal por Alagoas, possui uma trajetória política repleta de controvérsias e acusações de corrupção. Sua carreira política começou como deputado estadual no estado, onde seu nome ficou associado a um dos escândalos mais emblemáticos, a Operação Taturana.

A Operação Taturana, deflagrada em 2007, revelou um esquema de desvio de recursos públicos por parte de parlamentares alagoanos, incluindo Arthur Lira. O objetivo do esquema era apropriação indébita de verbas destinadas ao pagamento de salários de assessores parlamentares, através da contratação de funcionários fantasmas. Arthur Lira foi denunciado por participação nesse esquema, sendo acusado de peculato e lavagem de dinheiro.

Ainda como resultado da operação Taturana, Lira foi condenado pela Justiça de Alagoas, em 2012, a devolver recursos de empréstimos fraudulentos. No processo aberto em 2006, ficou constatado que parlamentares fizeram empréstimos em dois Bancos conveniados, mas quem pagava a dívida era a Assembleia Legislativa, com dinheiro dos cofres públicos. 

Ao longo dos anos, Lira acumulou uma série de denúncias e investigações, sempre relacionadas a casos de corrupção. Ainda em 2012, ele foi alvo de uma denúncia do Ministério Público Federal por suposta participação em um esquema de desvio de recursos da Petrobras. No entanto, o Supremo Tribunal Federal arquivou o processo por falta de provas.

Em 2016, durante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Arthur Lira votou a favor, mesmo sabendo que as supostas pedaladas que foram usadas para justificar o golpe não chegassem nem perto do que ele já aprontou na vida pública. Evidente que essa postura serviu para deixar mais clara as motivações políticas e possíveis acordos nos bastidores. Essas suspeitas foram agravadas pelo fato de que Lira era líder do PP na Câmara dos Deputados na época e seu partido estava envolvido em casos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato.

Além disso, Lira também foi mencionado nas delações premiadas de executivos da empreiteira Odebrecht, sendo acusado de receber propina em troca de favorecimento em contratos públicos. Como aconteceu em outras ocasiões, as denúncias não resultaram em processos formais contra ele até o momento.

No dia 13 de junho, foi denunciado pela Agência Sportlight que um policial civil aliado de Lira comprou uma fazenda de 1 milhão de metros quadrados e fez contratos que somam mais de 1 bilhão de reais em todo país com governos locais e federal. De acordo com a reportagem, o policial Murilo Sérgio Jucá Nogueira Junior recebe um salário de 10 mil reais e ainda assim é dono de sete empresas com um capital de R$ 23 milhões. A suspeita da investigação é de que Nogueira seja algum tipo de laranja no esquema de corrupção dos kits de robótica.

A quantidade de vezes em que o presidente da Câmara foi denunciado em casos de corrupção é um indicativo alarmante de sua conduta política. Embora alguns processos tenham sido arquivados ou não tenham resultado em condenação, as denúncias constantes indicam o caráter da vida política de Lira.

A sociedade não pode mais tolerar que  políticos com esse histórico tenham poder para liberar verbas sem transparência, como aconteceu no chamado Orçamento Secreto. Não é surpresa ver o nome do político alagoano mais uma vez envolvido em investigações como a do superfaturamento de Kits de Robótica. As evidências indicam participação de assessores ligados a Arthur Lira em distribuição de maletas de dinheiro em Alagoas e Brasília. A própria ex-esposa do deputado o acusa de corrupção. 

Como vemos, o Estado capitalista não é capaz de combater a corrupção, porque nesse sistema, o lucro está acima da vida, da ética e das leis. Ou nos organizamos para mudar a sociedade e toda essa estrutura apodrecida ou vamos continuar vendo o enriquecimento ilícito ser admitido com a mesma naturalização criminosa com que são ignoradas as 33 milhões de pessoas esfomeadas nesse país.

#ArthurLira  #Corrupção  #Alagoas


sábado, 18 de janeiro de 2025

Batalha do pix: o PT e o conjunto da esquerda brasileira precisam reagir... mudando o rumo do governo

 Por Valter Pomar no se blog


Batalha do pix: o PT e o conjunto da esquerda brasileira precisam reagir... mudando o rumo do governo

Como quase todo mundo, fiquei sabendo pela imprensa o que o governo pretendia fazer acerca do pix.

O que veio em seguida é sabido: a direita fez o que sempre faz, o governo respondeu com a eficácia de sempre, o PT e a esquerda estavam tentando defender, quando o governo resolveu recuar antes que o estrago fosse maior. 

O lado de lá comemorou o recuo como prova de que não apenas fizeram certo, mas também como prova de que fizeram a coisa certa. Um inimigo esperto resumiu assim a coisa toda:



No lado de cá, algumas pessoas externaram publicamente seu desespero. É o caso, para citar um insuspeito de esquerdismo, de Zeca Dirceu:


Outros estão fazendo o que podem para reduzir danos. Um exemplo é o deputado Lindbergh Farias:

Lindbergh Farias | COMPARTILHE! NIKOLAS MENTE! PIX NÃO IA SER TAXADO. O QUE ELE QUER É PROTEGER GRANDES SONEGADORES, ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS E LAVAGEM DE... | Instagram

Outro exemplo é o da presidenta nacional do PT, companheira Gleisi Hoffmann:

Gleisi Hoffmann | Bolsonaristas, pai, filhos e agregados, como o Fake Nikolas, usam as redes sociais para mentir, enganar e explorar o medo das pessoas.... | Instagram

Mas, embora isso deva ser feito, não basta reduzir danos e atacar o lado de lá. É preciso perceber que há graves problemas do lado de cá. 

Um desses problemas é a dificuldade de reconhecer onde está o centro do problema. 

Exemplo disso é o artigo recém-publicado de Alberto Cantalice, segundo o qual “há que se continuar exigindo uma mudança de rota na comunicação, porém, cada um de nós tem que fazer a sua parte”.

O texto de Cantalice está aqui: O PT e o conjunto da esquerda brasileira precisam reagir | Brasil 247

O governo pode trocar o comando da comunicação.

E cada um de nós pode fazer de tudo, até mesmo romaria, que só isso não vai resolver.

Há um problema político na orientação do governo, especialmente mas não somente no ministério da Fazenda. 

A mesma lógica que produziu aquela tecnocrática e malfadada proposta sobre o Benefício de Prestação Continuada, agora levou à produção desta proposta sobre o pix.

Para não falar outra coisa, falta inteligência política em determinadas decisões.

E se nada for feito, de onde saíram estas propostas, sairão outras. E de nada vai adiantar culpar a comunicação, muito menos culpar os inimigos, que aliás agem como agem porque são inimigos.

Como diria um cada vez mais contorcionista chapa-branca: “não pode dar certo!” 

Portanto, quem precisa reagir não é apenas, nem principalmente "o PT", tampouco "o conjunto da esquerda". 

Quem precisa "reagir" é aquela parte que dirige o governo, que precisa mudar de rumo.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Com a cabeça na lua e os pés na soja | (breve balanço de meio mandato do governo Lula; política externa)

 Por Rui Abreu

FOTO:  Ricardo Stcukert

            Lula assumiu a presidência do Brasil em 2023 a meio de um conflito global que coloca os E.U.A. contra qualquer país que não assuma os interesses estadunidenses como primordiais, a guerra que confronta o império norte americano com a sua perda de hegemonia global.

            Com a China a encabeçar o campo contra hegemônico e os BRICS como instrumento de construção econômica de superação do domínio imperialista, o estreitamento de relações dentro do Sul Global apresentava-se para o Brasil como perspectiva alternativa ao destino de eterna colônia dos EUA e das potências europeias. É neste contexto bipolarizado que o governo em disputa de Lula começa sua governação tendo para responder os anseios da esquerda de desenvolver e qualificar a economia; e o lucro confortável agroextrativista e da finança defendido pela direita e extrema direita. Este binômio apresenta-se determinante para as relações internacionais e o papel do Brasil no mundo.

            A casa branca do partido democrata aproximou-se de Lula através dum inimigo que tinha colocado os governos de Biden e Lula e o pacto liberal burguês que os sustentava em risco. Mas nem o enfrentamento comum ao neofascismo conseguiu apagar o rasto golpista da CIA que Snowden ¹ e a vazajato denunciaram e que tornou clara a participação dos EUA no golpe continuado de 2016, passagem que a consciência anti imperialista não esquece.

            Já a China continuava (e continua) seu caminho de predominância comercial, desembarcando em todos os continentes com sua pujante diplomacia econômica. Com um modelo de negócio circular, em que domina todas as fases do ciclo desde o projeto ao financiamento, a China estabeleceu-se como a maior força econômica do mundo, sendo a principal parceira comercial de mais de 120 países. Para tal serviu-se do projeto Cinturão e Rota, em que o Cinturão representa as novas rotas terrestres que acessam a Europa, Sul e Sudeste Asiático e a Rota representa a rede marítima que conecta a produção chinesa com os principais portos da Ásia, América do Sul, África e a Europa. Os resultados já estão à vista estando expectado na balança comercial chinesa para 2024 um superavit de 1 trilhão de dólares. A maioria das infraestruturas foram e são projetadas, construídas e financiadas pela China, colocando o esforço inicial sobre o gigante asiático, mas também garantindo um total controle dos projetos.

 

Subindo a rampa com Joe de um lado e Xi do outro

 

            Sob nova liderança o Brasil tentaria ocupar um lugar de destaque na nova ordem mundial a construir, tentando recuperar a política externa ativa e altiva que Celso Amorim ampliou e que promoveu o Brasil no mundo no início do século XXI. Pelo menos essa era a expectativa, ainda mais inflada pelo discurso (correto) de desdolarização do presidente Lula.

            No entanto, desde o início do mandato os sinais do executivo foram contraditórios, recusando em janeiro o pedido de envio de armas e munições para a Ucrânia feito pelos governos alemão e francês enquanto votava em fevereiro nas Nações Unidas a resolução patrocinada pelos EUA que tentava isolar a Rússia no cenário internacional.

            Dava-se início a um percurso ziguezaguiante que projetava o Brasil como um “não alinhado” de grande dimensão política e econômica, podendo colher frutos de todos os lados. Um caminho trilhado no passado mas num contexto muito diferente do atual, em que a pressão imperialista dos EUA vem bipolarizando o mundo entre os submissos aos seus interesses e os que tentam um desenvolvimento autônomo e soberano. Um contexto de bipolarização catalisado pela guerra na Ucrânia, com o império instando os países a tomar posição no seu campo ou no campo oposto, o anti imperialista, este último difuso e de países com sistemas diferentes mas alinhados em superar a hegemonia norte americana no mundo.

            Sobre a guerra na Ucrânia, a posição do governo Lula oscilou entre a condenação da incursão russa em território ucraniano e a compreensão histórica e política das razões da Rússia. Na prática acabou por não se alinhar com o bloco ocidental na condenação e tentativa de isolamento econômico e político da Rússia, não promovendo russofobia, não chancelando as sanções econômicas impostas por Biden e seus lacaios europeus, não participando do esforço de guerra que o império impõe a seus súditos e continuando suas relações econômicas normais com a Rússia. E fez bem! Em 2024, pela primeira vez na história a Rússia ascendeu ao top 10 dos parceiros comerciais do Brasil.

            Também China e EUA aumentaram suas relações econômicas e comerciais com o Brasil, sendo o primeiro e segundo parceiros respectivamente. Não obstante fossem anunciados acordos de cooperação e desenvolvimento de setores da economia quer com os EUA quer com a China, a balança comercial brasileira continua ser maioritariamente preenchida nas exportações por:

 

Produtos agrícolas: café, soja, açúcar, carne bovina, frutas e verduras;

Produtos minerais: minério de ferro e petróleo;

Produtos industriais: combustíveis de petróleo, petróleo bruto, café, celulose e aeronaves.

 

Enquanto as importações são maioritariamente:

Produtos petrolíferos refinados, óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos; Produtos de tecnologia: equipamentos de informática, equipamentos de telecomunicações, sistemas de energia e maquinário industrial;

Produtos industriais: equipamentos médicos, produtos farmacêuticos e medicamentos.

 

            Ambas as potências retiram da economia brasileira o que mais precisam e o que o modelo econômico agroextrativista tem para colocar no mercado internacional não se divisando nessas relações substantivos desenvolvimentos no tecido industrial brasileiro, mas essa é uma encruzilhada a resolver dentro do Brasil.

            Mas... em tempos de bipolarização global o caminho em cima do muro torna-se estreito e de curta duração, havendo obstáculos impossíveis de ultrapassar.

 

BRICS e o caso Venezuela

 

            Primeiramente em 2009 com China, Rússia, Brasil e Índia, acompanhados em 2011 pela África do Sul, a criação dos BRICS viria a contribuir e destacar o deslocamento do centro econômico atlantista para a Ásia/Pacífico e o que se viria a convencionar como Sul Global. O patrocínio do Brasil ao projeto no início da década passada e os discursos entusiásticos do presidente Lula em 2023 auguravam um aprofundamento do projeto, podendo vir a ser um caminho alternativo às relações coloniais estabelecidas entre o império estadunidense/europeu e o Brasil.

            A incursão da Rússia na Ucrânia serviu de motivo para os EUA quebrarem os circuitos econômicos globais que no seu pleno funcionamento só aumentam a distância de crescimento e desenvolvimento da economia chinesa em relação à estadunidense. Impuseram sanções, roubaram reservas financeiras russas no exterior e estabeleceram fortes restrições no relacionamento com a Rússia. Economia e dólar seriam agora instrumentos cada vez mais bélicos, com objetivos muito mais destrutivos que construtivos, ameaças essas que o resto do mundo bem compreendeu, havendo um movimento de abandono do dólar como unidade das reservas de muitos países.

            A pressão imposta pelas armas e pela ditadura do dólar no comércio mundial levou muitos países a encarar os BRICS como um caminho econômico alternativo às relações extorsionistas do (em declínio mas ainda) império com o resto do mundo, mesmo sendo um grupo de países com modelos políticos e sociais muito diferentes. Neste cenário dezenas de países tentam a adesão ao grupo, tendo sido aprovada em 2024 a extensão para mais cinco países: Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e a Arábia Saudita.

            Foi neste ímpeto aglutinador que a Rússia propôs a Venezuela como novo parceiro do grupo e o Brasil vetou, dando continuidade à pior falha que teve na política externa. A mando não se sabe de quem (mas calcula-se), o Brasil assumiu um papel de fiscalizador de eleições alheias, (mas só da Venezuela) não reconhecendo a legalidade do ato mesmo quando a corte eleitoral venezuelana o fez. Violando despudoradamente a soberania de um país vizinho, parceiro econômico e indispensável para a integração sul americana, que ficou mais fragilizada com esta atitude do governo brasileiro. Recordando que o projeto de envolvimento dos países sul americanos pode ser mais um mecanismo de defesa e emancipação do continente face às potências que sempre o colonizaram, em particular do domínio do Tio Sam.

            Ao final de dois anos de mandato vemos um Brasil pouco comprometido com o aprofundamento dos BRICS, agora na sua versão PLUS, e com a integração sul americana, dando o governo mais destaque nas suas relações com o bloco imperialista, como no encontro do G20 e as negociações do acordo UE/Mercosul. Esperemos que haja uma recondução na política externa brasileira, recuperando fulgor dentro dos BRICSPLUS e normalizando suas relações com a Venezuela, movimento racional e necessário.

 

Palestina viva e livre!

 

            O mundo vai assistindo de forma plácida o genocídio em Gaza promovido pelo governo sionista israelense e patrocinado pelos EUA acompanhados pela maioria dos governos europeus. Também China e Rússia têm assobiado para o lado.

            Lula acertou ao classificar por várias vezes como genocídio o que o é. Embora sem sequência efetiva no campo diplomático e econômico, as falas corajosas de Lula sobre o massacre em Gaza deram relevância e alento à causa palestina e revelou ser o melhor contributo que o governo brasileiro deu nos últimos dois anos. Esperemos que se desenvolvam novas formas de defesa e solidariedade para com a Palestina entendendo que combater o sionismo é tarefa mundial ao nível de cada país. Não só o sionismo está disseminado pelo globo como se emparelha com movimentos/ideologias irmãs como o neofascismo e o neonazismo.

            Combater o genocídio sionista também é combater a extrema direita dentro de casa.

 

Com a cabeça na lua e os pés na soja

 

            Os programas espaciais são talvez a maior forma de afirmação como potências que os países têm no cenário internacional. O século XXI viu recrudescer a exploração espacial com vários novos atores a disputar o palco estelar. O nosso astro inquilino ganhou particular atração nos últimos vinte anos, tendo Israel, Rússia e Índia tentado alunagens com mais ou menos sucesso.       Mas são as duas superpotências que estão mais avançadas nos seus programas de exploração espacial, revelando-se a China a que mais passo deu no seu projeto de criação da Estação Internacional de Investigação Lunar. Afinal tudo acompanha a economia... Em resposta a este projeto, os EUA desenvolvem o programa ARTEMIS que pretende recolocar seres humanos na superfície do satélite terrestre.

            Também estes programas refletem o posicionamento das potências e suas diplomacias. Através da emenda Wolf, de 2011, o congresso norte americano proibiu o financiamento de qualquer programa que tenha o envolvimento de cientistas estadunidenses com projetos espaciais chineses e vice versa. Há mais de uma década que o império encara como um problema vital a ascensão chinesa. Por seu turno, o programa espacial chinês continua aberto à participação de todos os países sem excepção, consolidando o gigante asiático como a potência colaborativa sem medo de concorrência, segura de sua predominância econômica e tecnológica, fazendo lembrar a segurança dos EUA quanto à globalização no início deste milênio. Os astros rodam e a vida também.

            O Brasil poderia estar neste grupo seleto de países com capacidade de exploração espacial, aproveitando os projetos internacionais liderados pelas superpotências. Mas uma breve consulta no site da Agência Espacial Brasileira ² constatamos que na cooperação internacional com EUA e China o Brasil não tem nenhuma atividade desde 2016. Seria coincidência? Claro que não. 2016 é o ano do golpe que reconduziu o Brasil a um modelo exclusivo de agro extrativismo financeirizado deixando o investimento em tecnologia e investigação no passado.

            Como referido em abril de 2023 em “O magnetismo imperialista” ³, a política de alianças, parcerias e enfrentamentos internacionais dependeria mais da situação interna do Brasil que das suas relações com o exterior, constando no capítulo “O amigo externo não faz milagres” que a China ou qualquer outro país só vai comprar o que o Brasil tiver para vender e que não será nenhum outro país a dar um rumo desenvolvimentista ao Brasil.

            Portanto, a questão da política internacional brasileira prende-se com o modelo de desenvolvimento econômico escolhido pelos/as brasileiros/as, sendo certo que se a relação de forças for alterada e o Brasil optar por um caminho de qualificação econômica e laboral, soberano e autônomo, sendo uma referência de desenvolvimento econômico e social, saindo do papel de eterna colônia exportadora de commodities, só um dos campos está disponível para o acolher, e não é o campo do império.

 

         

 

Notas e referências:

 

¹ Edward Snowden trabalhou numa empresa terceirizada da NSA e denunciou em 2013 o sistema de vigilância em massa feito pelo governo estadounidense sobre cidadãos/ãs nacionais e internacionais. Figuras como Dilma Rousseff e Angela Merkel foram vítimas dessa vigilância assim como empresas estratégicas como a Petrobras. Acabou por se refugiar na Rússia no mesmo ano onde recebeu cidadania.

 

² https://www.gov.br/aeb/pt-br/programa-espacial-brasileiro/cooperacao-internacional

 

³ https://www.brasil247.com/blog/o-magnetismo-imperialista

 

. https://www.wilsoncenter.org/blog-post/china-top-trading-partner-more-120-countries#:~:text=China%20is%20the%20top%20trading%20partner%20to%20more,is%20also%20the%20top%20trader%20with%20Russia%E2%80%94and%20Ukraine.

 

. https://emix.com.br/balanca-comercial-2022/

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Para onde vai o governo? Por Aldo Fornazieri

 

 Atualizado em 13 de janeiro de 2025 às 6:24

Por Aldo Fornazieri 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva – Foto: Reprodução
O ano de 2024 terminou politicamente mal no Brasil e para o governo e o de 2025 não começou bem. A perda da capacidade do governo de coordenar as expectativas futuras dos agentes econômicos em meio a uma série de impasses não resolvidos constituiu o ambiente nebuloso do final do ano passado. O início de uma reforma ministerial sem que o governo consiga dizer o que quer e para onde quer conduzir o país marca esse início de ano novo.

Para quem olha o Planalto de longe e da planície, o governo parece cansado, gerido por políticos cansado e que provoca cansaço até mesmo em setores sociais significativos que o apoiam. Todos sabem que o governo tem limites reais, tanto por conta de um Congresso conservador e sem pudor, quanto pela composição de uma base de sustentação que negocia apoios ponto a ponto e que não tem engajamento efetivo na defesa pública das ações governamentais. A rigor, sequer os partidos de centro-esquerda têm esse engajamento.

A imagem que o governo passa é a de que não há um comando político e um rumo claro que indique para onde o governo quer ir, qual seu rumo. A sociedade não consegue identificar qual a direção e sentido do governo. Uma coisa é ter consciência realista dos limites e das dificuldades por conta da correlação de forças e de outros problemas. Outra coisa é acomodar-se às dificuldades, abdicar de dirigir, submergindo a uma dolorosa e agônica passividade, tanto na tarefa de imprimir sentido político, quanto na necessária tarefa de combater os inimigos. Esta é a raiz da sensação de cansaço.

Com 39 ministérios e sem um estado maior dirigente, o arranjo interno do governo é uma confusão fragmentária que se movimenta se coordenação. Sejamos francos: Lula não consegue gerir pessoalmente um arranjo dessa natureza.  Rui Costa, com funções delegadas e limitadas, tampouco consegue imprimir um sentido de conjunto aos seus pares. Cada um gere seu feudo de forma isolada, mas autolimita suas iniciativas temendo ter que voltar atrás por reprimendas e reprovações do chefe.

O ministro Rui Costa em entrevista coletiva sobre a reforma no IR – Foto: reprodução

Dessa forma, sem um estado maior dirigente, Lula optou por um significativo isolamento dentro do próprio governo. Paga um preço por isso: profere discursos sem medir os riscos políticos provocando efeitos contrários a aquilo que ele deseja. Também toma decisões que terminam prejudicando objetivos do governo. Se Sidônio Palmeira, novo chefe da Secom, terá tino e autoridade para reverter essa fabricação de negatividades é uma coisa a ser vista. Lula terá que ser colaborativo para essa reversão: sair do isolamento, deixar de ouvir quem ouve e saber que o que está em risco é a eleição de 2026.

Mesmo assim, isoladamente, alguns ministérios conseguem implementar políticas públicas importantes e necessárias e bons programas. Mas na medida em que o governo se move sem um senso de conjunto e sem um comando, essas políticas parecem mercadorias de uma loja decadente que ficam escondidas nos fundos, perdidas em prateleiras abandonadas.

A consequência de tudo isso é que o governo não sai do lugar: as pesquisas de opinião mostram que há uma tripartição equivalente entre aqueles que avaliam bem o governo, aqueles que o julgam regular e aqueles que o rejeitam como ruim ou péssimo. Chegar a 2026 com esse quadro avaliativo é algo temerário.

Com a reforma ministerial Lula, certamente, procurará resolver problemas pontuais urgentes, tais como: melhorar a comunicação, superar entraves da articulação política, configurar o ministério atendendo os resultados das eleições municipais e começar construir uma estratégia para 2026.

Mas se a reforma se limitar a essas soluções pontuais será insuficiente. Ela precisa resolver alguns problemas centrais: 1) dar visibilidade a um programa de governo que articule um projeto de país, imprimindo direção e sentido à atividade governamental; 2) na economia, recuperar a capacidade de coordenar as expectativas dos agentes econômicos; 3) na política, instituir um comando interno (estado maior) no governo que coordene tanto as ações governamentais de conjunto, quanto a base de sustentação no Congresso.

Governar significa resolver os principais problemas do país e inovar. O espantoso é que os problemas vêm governando o governo. Passividade e falta de rumo são as consequências da escolha desse modo de proceder, resultando uma posição defensiva tanto na esfera política, quanto na econômica. Os partidos de esquerda ou centro-esquerda também se aninharam nesse modo de proceder. Abdicaram de mobilizações e de enfrentamento mais incisivo das expressões extremistas e fascistas do bolsonarismo.

A palidez dos atos e manifestações contra da tentativa do golpe de 8 de janeiro são fruto dessa mentalidade passiva e defensivista que impera no governo e nos partidos de esquerda. Os partidos simplesmente desertaram de organizar manifestações contra o golpismo. Os eventos organizados pelo governo foram tímidos e protocolares, sem sociedade civil e sem povo. Agregaram apenas a aristocracia política e funcional de Brasília. A impressão que foi passada é a de que todos querem esquecer o que aconteceu e que a nova normalidade da política não comporta confrontos e embates com quem quer que seja.

Ataques terroristas realizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em 8 de janeiro de 2023 – Foto: Reprodução

A imagem que prevaleceu não foi a do relógio do Império recuperado ou do restauro de “As Mulatas”, de Di Cavalcanti e de uma democracia forte e pujante. A impressão que ficou é a de que a democracia continua vandalizada, que a Constituição continua estilhaçada por tiros e que o Estado de Direito está a mercê dos solavancos e vendavais trazidos pelas contingências políticas ou pela vontade enlouquecida de militares aloprados.

O governo precisa prestar atenção ao que acontece com a opinião pública. Mesmo com a crescimento da economia e com o alto nível de emprego, a sensação que as pessoas têm é a de que a vida está difícil. As incertezas e o medo do amanhã predominam nos sentimentos das pessoas. O percentual de famílias endividadas é de 77%. No ano passado o endividamento cresceu entre as famílias em geral e nos segmentos mais pobres em particular. A inflação de alimentos atinge principalmente as camadas menos favorecidas.

A missão do governo nesse início de ano consiste em desfazer esse mal-estar político que contamina diversos setores sociais por diferentes motivos. O governo precisa mostrar-se com uma face enérgica, proativa e com rumo. Não pode ser um governo dos varejos políticos. Precisa ser o governo de projeto, de rumo e de estratégia. Precisa persuadir e convencer pelo seu conteúdo e pelas suas ações. Se não for por esse caminho, corre sérios riscos de perder a capacidade de atração de forças sociais e política na caminhada que leva a 2026.

Solidariedade Ministros de Lula vão a velório de membros do MST mortos em ataque no interior de SP

A ministra Macaé Evaristo e o ministro Paulo Teixeira participaram da cerimônia e prometeram avanços nas investigações

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

Da esquerda à direita: os ministros Paulo Texeira e Macaé Evaristo e Gilmar Mauro, do MST - Reprodução/Instagram/Macaé Evaristo

A ministra Macaé Evaristo, do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, e o ministro Paulo Teixeira, do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, participaram, neste domingo (12), do velório das vítimas do ataque ao assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Tremembé, no interior de São Paulo. 

O ataque, que ocorreu na noite de sexta-feira (10), deixou duas pessoas mortas, Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, e Valdir do Nascimento, de 52 anos, e seis feridas. Os moradores do assentamento contam que, por volta das 23h, os criminosos invadiram o assentamento com carros e motos, disparando indiscriminadamente contra as pessoas.  

O velório de Valdir e Gleison reuniu, além de ministros, familiares, amigos, moradores de assentamento e lideranças do MST, como Gilmar Mauro, da direção nacional do movimento. Após o velório, os corpos foram levados para o Crematório Memorial Sagrada Família. 

Na ocasião, Macaé Evaristo afirmou que o governo federal dará atenção aos assentamentos do MST em São Paulo, o que vem sendo cobrado publicamente por dirigentes do movimento

“Seguimos na luta porque a gente sabe que, em São Paulo, precisamos dar uma atenção muito especial, porque os nossos movimentos estão sob linha de fogo e linha de tiro. E o nosso povo não pode perecer por força dos algozes que são aqueles que acham que são donos das riquezas do nosso país”, disse a ministra em Tremembé.                                

“Aqueles que atentam contra a democracia insuflam a violência, a violência contra os nossos os movimentos, a violência no campo, a violência que tira as nossas vidas”, afirmou Evaristo. 

O ministro Paulo Teixeira, por sua vez, reiterou que aguarda o esclarecimento do crime. “O que a gente espera é que a polícia esclareça a autoria desse crime e o verdadeiro mandante desse crime, e que possa dar segurança a esses assentados que querem tocar a sua vida, querem produzir alimentos. Eles estavam dentro do assentamento, não estavam perturbando ninguém. Eles foram defender o lote”, disse. 

“Esse fato não constrangerá o programa de reforma agrária. Pelo contrário, ele vai avançar no sentido de assentar pessoas, garantir produção de alimentos e garantir a segurança de todos os assentados”, concluiu. 

Neste sábado (11), um dia depois do crime, o homem acusado de ter chefiado o ataque foi preso. O delegado seccional de Taubaté, Marcos Ricardo Parra, afirmou que o homem de 41 anos confessou a participação dele no atendado. “Não só confessou, como ele está indicando onde podem ser encontradas as demais pessoas [que participaram do ataque]”, disse em coletiva de imprensa.   

Além de confessar o crime, o homem foi identificado por vítimas que estão hospitalizadas e por testemunhas que presenciaram o ataque. “A gente trabalha na condição de certeza da participação dele”, afirmou o delegado Marcos Ricardo Parra. 

Ainda não se sabe, no entanto, a motivação do criminoso. Indícios apontam que pode haver uma relação com a disputa por um lote do assentamento. “Foi um problema interno de pessoas do próprio assentamento, entre elas [mesmas], ou seja, sem nenhuma conotação com invasão ou proteção de terra. Foi uma cobrança de posição em relação à permissão de negociar o terreno ou não. A gente não conseguiu, até agora, entender se ele era o adquirente ou se ele era o intermediário. Seja como for, ele estava lá para modificar o pensamento dos demais”, disse Parra. 

Edição: Douglas Matos




domingo, 5 de janeiro de 2025

Defensores da escala 6×1, Eduardo Bolsonaro e Nikolas trabalharam menos de 90 dias em 2024

 Augusto de Sousa DCM


Os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) chamaram atenção em 2024 por sua baixa presença na Câmara dos Deputados e elevados gastos com recursos públicos.

Dados disponíveis no site da Casa revelam que os dois parlamentares, notórios críticos de propostas que buscam melhorar as condições de trabalho dos brasileiros, desfrutaram de um ano marcado por longas folgas e altos custos para os cofres públicos.
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), trabalhou apenas 72 dias no ano, acumulando impressionantes 293 dias de folga. Durante esse período, ele utilizou R$ 340 mil da cota parlamentar, destinada a despesas do mandato, R$ 1,3 milhão em contratações de assessores e R$ 528 mil em salários, somando um custo total de R$ 2,2 milhões.
Nikolas Ferreira, por sua vez, esteve presente em 84 sessões, registrando 281 dias de folga. Seus gastos também foram expressivos: R$ 365 mil da cota parlamentar, R$ 1,1 milhão com assessores e R$ 528 mil em salários, totalizando R$ 2,1 milhões. Na prática, o parlamentar trabalhou em média apenas 1,5 dias por semana. (FONTE: DCM)

Ambos os deputados são críticos ferrenhos de iniciativas voltadas para a redução da jornada de trabalho no Brasil. O terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Nikolas se opuseram à PEC apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL), que propõe a garantia de duas folgas semanais para trabalhadores formais. “Defender privilégios para os trabalhadores é desestimular o progresso”, afirmou Nikolas em discurso na Câmara.

O Partido Liberal também tem proposto medidas que geram controvérsia entre trabalhadores. O deputado Marcos Pollon (PL-MS) apresentou uma PEC para reduzir feriados nacionais e aumentar a carga horária semanal dos brasileiros.