domingo, 27 de novembro de 2016

Viva Fidel...Um mundo diferente é possível

por José Gilbert Arruda Martins

Vamos iniciar essa singela homenagem ao grande comandante Fidel Castro, que morreu antes de ontem dia 25/11, com um fragmento de um dos seus famosos e didáticos discursos, desta vez, pronunciado na Organização das Nações Unidas (ONU) em 1979.


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"Se fala com frequência sobre Direitos Humanos, mas há que se falar também dos Direitos da Humanidade, por que uns Povos tem andar descalços para que outros viagem em luxuosos automóveis? Por que uns tem que viver 35 anos para que outros vivam 70? Por que uns devem ser miseravelmente pobres para que outros sejam exageradamente ricos? 


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Falo em nome das crianças que no mundo não tem um pedaço de pão. Falo em nome dos doentes que não tem acesso a medicina. 

Falo em nome daqueles aos que foram negados o direito à vida e à dignidade humana. Uns países possuem abundantes recursos outros não possuem nada. Qual é o destino desses? Morrer de fome? Ser eternamente pobres? 

Para que serve então a civilização? Para que serve a consciência do homem? Para que serve as nações unidas? Para que serve o mundo? 

Não se pode falar de Paz em nome das dezenas de milhões de seres humanos que morrem todos os anos de fome ou doenças curáveis. 

Não se pode falar de Paz, em nome de 900 milhões de analfabetos. 

A exploração dos países pobres pelos países ricos, deve cessar. Sei que em muitos países pobres, há também exploradores e explorados. 

Me dirijo às nações ricas para que contribuam, me dirijo aos países pobres para que distribuam. 

Basta já de palavras é preciso ação" (parte de discurso de Fidel na ONU, 1979)

Viva Fidel!

Vivam suas ideias e seus ideais!

Um mundo diferente é possível.

Um mundo onde todas as pessoas sejam respeitadas na sua humanidade.

Um mundo onde todas as pessoas tenham acesso diário aos bens produzidos por todos e todas.

Um mundo onde todas as pessoas sejam respeitadas no seu direito sagrado de ir e vir.

Um mundo onde todos e todas tenham acesso e permanência em escolas e universidades de qualidade.

Um mundo onde o trabalho seja um direito e que os frutos do trabalho sejam socializados para toda a sociedade sem exploradores e sem explorados.

Um mundo onde os intermediários (sistema financeiro/bancos etc) sejam meios para que os investimentos sejam feitos em prol do bem de todos e todas e não em nome de lucros que enriquecem ainda mais um punhados de rentistas que têm preocupação zero com a Humanidade.

Um mundo que respeite a opção religiosa de todas as pessoas. Que a religião seja para o amor fraterno e não para a alienação e o ódio.

Um mundo diferente, mais humano, mais solidário é possível.

Neste sentido, o professor doutor francês em Estudos Ibéricos e Latino-americanos, Salim Lamrani, Fidel nasceu no dia 13 de agosto de 1926 em Bíran, filho de uma família (como a do Amadeu e da dona Neuza) de sete filhos. Aos sete anos ele se muda para a cidade de Santiago de Cuba e vive na casa de uma professora encarregada de educá-lo.

Fidel foi logo abandonado à própria sorte pela professora, passou fome e viu a dureza da vida e da miséria ainda jovem.

Alguns números da Ilha de Fidel=Cuba

. "Cuba tem o melhor IDH da América Latina.

. Segundo o Banco Mundial, Cuba tem o melhor sistema educacional da América Latina.

.  Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o sistema de saúde cubano é um modelo mundial.

. A indústria de Biotecnologia do país é tão avançada, que diversos estadunidenses viajam para Cuba atrás de remédios e vacinas baratos e raros, que sequer existem nos EUA.

. Segundo estudo da ONU, Cuba é o 2° país menos violento da América Latina, com 4,2 homicídios por 100 mil habitantes. Para efeito de comparação, esse índice chega a 25,2 por 100 mil habitantes no Brasil.

. A taxa de alfabetização na ilha chega a 99,9%.

. A taxa de desemprego tem variado entre 1 e 3% nos últimos 13 anos.

. O país foi o único de toda a América Latina com 0% de desnutrição infantil.

. Possui o maior número de leitos por habitante (5,9 por 1000 habitantes) da América. O Brasil possui 2,4.

. A melhor expectativa de vida da América latina (79 anos).

. A menor taxa de mortalidade infantil de toda a América (5 para cada 1000 nascimentos). O Brasil chega a 19 crianças mortas a cada 1000 nascimentos.

. A taxa mais alta de médicos por habitante da América Latina, 1 para cada 160 habitantes. O Brasil tem 1 para cada 500 habitantes.

Não fosse a Revolução de 1959, Cuba seria um Haiti e um puteiro dos EUA.

Gracias Fidel!"

Fidel e seus companheiros e companheiras mostraram para toda a humanidade que somos capazes de construir um mundo novo, um mundo diferente.

Ilha de Cuba, um país de apenas 109.884 km², mostrou-se gigante em muitas e diversas áreas.

De norte a sul, mais ou menos a distância entre Brasília a Curitiba, um país no "quintal" da maior potencial militar do planeta, que conseguiu fazer e manter uma revolução, que, apesar de todas as dificuldades, deu e dá dignidade ao seu povo e modelo ao resto do mundo.

Obrigado Fidel!



Fontes:

. Notícias.uol.com.br

. Revista Fórum

. Operamundi

. Revista Excelências

. Otempo.com.br

. Internacional.eatadão.com.br

. Pragmatismo Político

. Index mundi.com

. BBC

ADEUS AO COMANDANTE - Fidel Castro morre aos 90 anos

na Rede Brasil Atual

"Seu espírito combativo e solidário animou sonhos de liberdade, soberania e igualdade", afirmou o ex-presidente sobre Fidel Castro. Lula fez uma homenagem a Fidel em seu sítio, no ABC Paulista


Lula: 'Morreu o maior de todos os latino-americanos'

São Paulo – "Morreu ontem o maior de todos os latino-americanos, o comandante em chefe da revolução cubana, meu amigo e companheiro Fidel Castro Ruiz", afirma hoje (26) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de sua nota em homenagem ao líder cubano, morto em Havana aos 90 anos. "Para os povos de nosso continente e os trabalhadores dos países mais pobres, especialmente para os homens e mulheres de minha geração, Fidel foi sempre uma voz de luta e esperança", disse Lula na internet, em nota que estampa foto dos dois líderes em 2010, em Havana.
O ex-presidente contou ter conhecido Fidel pessoalmente em julho de 1980, em Manágua, na Nicarágua, durante as comemorações do primeiro aniversário da revolução sandinista. "Mantivemos, desde então, um relacionamento afetuoso e intenso, baseado na busca de caminhos para a emancipação de nossos povos."
Para Lula, o dirigente cubano deixa um legado eterno de "dignidade e compromisso por um mundo mais justo". Ele disse sentir a morte de Fidel como "a perda de um irmão mais velho, de um companheiro insubstituível, do qual jamais me esquecerei".
"Seu espírito combativo e solidário animou sonhos de liberdade, soberania e igualdade. Nos piores momentos, quando ditaduras dominavam as principais nações de nossa região, a bravura de Fidel Castro e o exemplo da revolução cubana inspiravam os que resistiam à tirania", afirma Lula.

domingo, 20 de novembro de 2016

20 DE NOVEMBRO - Articulação de movimentos promove atos em todo Brasil no Dia da Consciência Negra

na Rede Brasil Atual

Pelo menos 18 capitais realizam manifestações, como São Paulo, Vitória, Manaus, Belém, Brasília e Rio de Janeiro. Na capital paulista, a concentração começa às 11h, no vão livre do Masp

por Lilian Campelo

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Grupo Imalê Ifé dança na celebração do Dia da Consciência Negra no monumento a Zumbi dos Palmares (2014)



Brasil de Fato  Manifestações em diversas cidades do Brasil irão celebrar neste domingo (20) o Dia da Consciência Negra. Os atos, que estão sendo organizados por uma articulação de movimentos negros chamada Convergência Negra, terá como mote "Fora, Temer, nenhum direito a menos para negros e negras!”.
Segundo nota dos organizadores, o objetivo do ato é "expor à sociedade que o governo de Michel Temer é oriundo de um golpe parlamentar e representa um retrocesso às conquistas democráticas e também uma ameaça aos direitos conquistados pela população negra nos últimos anos".
Um texto de convocação para as marchas apresenta 11 pontos que unificam os movimentos negros brasileiros, como extermínio da juventude negra e intolerância religiosa.
Leonor Araújo, presidente nacional do Instituto Gangazumba e coordenadora do Coletivo de Entidades Negras (CEN), afirma que alguns atos serão no dia 20 e outros no dia 18, como em Vitória (ES), cidade onde mora. "Como os movimentos que participarão da marcha entregarão uma carta com pautas de reivindicação do povo negro ao governador do estado (do Espírito Santo, Paulo César Hartung Gomes), a marcha precisava acontecer em um dia útil", justifica.
Márcio Gualberto, coordenador político institucional no CEN e integrante da Convergência Negra em Salvador, conta que nas principais capitais haverá atos e manifestações, já que a data integra a agenda dos movimentos negros pelo país. Em cidades pequenas, médias ou grandes ocorrem atividades e, segundo ele aponta, pelo menos em 18 capitais haverá manifestação, e cita como exemplo São Paulo, Vitória, Manaus, Belém, Brasília, Rio de Janeiro e Maceió.

Marcha

Em Salvador (BA), o Dia da Consciência Negra será marcado por três atividades, com início ainda na madrugada do dia 20 com a ‘Alvorada dos Ojás’ que, de acordo com Gualberto, será uma cerimônia cultural que consiste em envolver os troncos das árvores do Dique do Tororó, lagoa onde estão as estátuas que representam os orixás, em um pano branco formando um laço. O ato simboliza a ligação do homem com a natureza. A atividade cultura é organizada pelo CEN, juntamente com outras entidades que partirão em caminhada até o Pelourinho.
Em mais dois pontos da cidade, nos bairros da Liberdade e Campo Grande, irão ocorrer duas marchas seguindo em direção ao encontro dos participantes da atividade cultural, como explica Gualberto. “Esse ano todas essas ações serão unificadas às 15h. Nós nos deslocaremos junto com o povo do Candomblé para o Pelourinho ao Terreiro de Jesus e receberemos as duas caminhadas que se unificarão ali, será uma culminância desses atos que ocorrem em lugares diferentes e elas se encontrarão para que a gente tenha um grande ato no centro de Salvador”, conclui.
Na capital paraense, como uma das manifestações em celebração ao Dia da Consciência Negra acontece o “Encontro de Negras e Negros do Pará (ENNPA) – Identidades negras, combate, enfrentamento e superação do racismo”, entre os dias 17 a 19 de novembro, organizado pelo Centro de Estudo e Defesa pelo Negro no Pará (Cedenpa).
O evento que será no Centro Cultural Tancredo Neves (Centur) e contará com feira de produtos de empreendedoras negras e empreendedores negros, exposição de artistas negras e negros, oficinas e plenárias. Os debates abordarão temas como o extermínio da juventude negra, a estética, a identidade, a religiosidade e a saúde. No dia 20, uma roda de negritude, com apresentação de artistas locais, encerrará o encontro, que será no Quilombo da República, localizado na Praça da República, em Belém.
E, integrando a agenda nacional, a marcha “Um milhão de negras e negros nas ruas contra o golpe” ocorreu em Belém, no dia 18. Segundo Arthur Leandro, integrante da Rede Amazônica de Matriz Africana (Reata), a data foi escolhida para que lideranças do povo tradicional de matriz africana pudessem participar, visto que a sexta-feira é um dia mais tranquilo nos terreiros. se comparado aos outros dias.

São Paulo

Em São Paulo (SP), a XIII Marcha da Consciência Negra será realizada no domingo (20), a partir das 11h no Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. Na sexta (18), em comemoração a um ano da Marcha das Mulheres Negras, o coletivo impulsor da atividade no estado paulista organizou uma maratona de 12h de debates online. As entrevistas e debates estão disponíveis na página do coletivo de São Paulo da Marcha das Mulheres Negras.

Genocídio

Arthur Leandro, da Reata no Pará, afirma que várias organizações do movimento negro, coletivos de mulheres e juventude negra participarão da marcha em Belém afirmando o combate ao genocídio da população negra. Este ano, seis líderes afro-religiosos foram assassinados na região metropolitana da capital paraense, e neste mês é lembrado os dois anos da “Chacina de Belém”, nome pelo qual ficou conhecido o assassinato de onze jovens, todos moravam na periferia da cidade. “O Pará é um dos estados com maior índice de violência contra a juventude negra”, indica Leandro.
O “Mapa da Violência 2016: homicídios por armas de fogo no Brasil”, estudo que pesquisa a evolução de mortes causadas por armas de fogo, no período de 1980 a 2014, apontou que as maiores vítimas deste tipo de violência são homens jovens e negros. Segundo os dados do estudo, entre 2003 e 2014, as taxa de homicídios por arma de fogo na população branca diminuiu 26,1%, enquanto que na população negra aumentou 46,9%. No ano de 2003, morriam 71,7% mais negros do que brancos; em 2014, esse número saltou para 158,9%. Este é um dado que o próprio estudo chama de “perversa e preocupante” “seletividade racial”, ou seja, morrem 2,6 vezes mais negros do que brancos no país.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Lula, 71 anos de uma criação coletiva do povo brasileiro

na Carta Maior

por: Saul Leblon

Ricardo Stuckert

Lula não começa nem termina nele mesmo.
 
Num dos comícios da campanha de 2002, o então candidato Luís Inácio Lula da Silva assim se definiu: ‘Eu sou uma criação das lutas sociais do povo brasileiro’.
 
Essa síntese completa agora 71 anos.
 
Quantos setenta e um anos serão necessários para surgir uma outra personificação do geral no particular que expresse o conjunto e ainda seja capaz de ter a intuição, a vivacidade, a força e a singularidade cativante de carne e osso de um Lula?
Com todas as fraquezas da carne e do osso ele é o maior líder popular da história brasileira.
 
Com todas as adversidades e equívocos de um regime político que sonegaria a sua presidência a maioria no Congresso –ao custo sabido e agora cobrado--  fez o melhor ciclo de governos da história brasileira, ombreando-se a outro gigante, este vindo da elite, Getúlio Vargas.
 
Agora que a propaganda do golpe desidrata na fornalha de uma economia que borbulha e regurgita catástrofes nos seus próprios termos, fica evidente a importância de se ter um Lula no patrimônio das ferramentas necessárias à reordenação da sociedade e do desenvolvimento brasileiros.
 
A crise na qual a restauração neoliberal afoga a população, o emprego, as contas públicas e a produção escancarou a fraude que atribuía ao PT o desmanche do Brasil. 
 
Constatar a farsa do que prometia o golpe, porém, não basta mais.
 
Não é um fim em si apontar o desastre da restauração conservadora no país.
 
O mais urgente é supera-la antes que condene essa e a próxima geração. 
 
É preciso dialogar com os que foram seduzidos pelo monólogo diuturno da fatalidade elitista e oligárquica.
 
Se Lula será candidato ou cabo eleitoral em 2018, se Moro terá ou não a audácia crepuscular de liquidar seus direitos políticos antes que desabe o regime ao qual pertence, são conjecturas.
 
Mas há uma certeza no centro da qual o nome de Luís Inácio Lula da Silva se inscreve encastoado como a pedra angular de todo o edifício.
 
É preciso repactuar o futuro do Brasil e ninguém –nem Moro, na sua megalomania— imagina que isso é factível sem ter na mesa a cadeira cativa daquele que é capaz de conversar com o povo e com a juventude, com o  trabalhador, o desempregado e o empresário produtivo, com o investidor internacional e com o pai de família que luta por um teto nas periferias do país, ou por um pedaço de terra nos confins do Brasil.
 
Lula é uma síntese da luta social que acredita no diálogo como parte da luta.
 
E na luta como parte do diálogo.
 
Por certo amadureceu esse ponto de equilíbrio nas lições da experiência recente.
 
Hoje, e talvez mais que nunca, personifica uma singular área de porosidade política de valor inestimável na superação progressista do impasse vivido pela democracia brasileira.
 
Para evitar a força de atração desse magnetismo mediador no palanque de 2018, como candidato ou cabo eleitoral, o que sobrou ao golpismo?
 
Sobrou a última carta na mesa: decidir 2018 em 2017.
 
Um golpe dentro do golpe precificado desde já na conflagração entre milícias, grupos, trânsfugas, oportunistas e desesperados.
 

Para isso será necessário consumar aquilo que hoje tem menor probabilidade de êxito do que ontem e, por certo, guarda mais chances do que amanhã.
 
Ou seja,  matar, picar, salgar, espalhar partes do carisma e da credibilidade de Lula pelas ruas, praças, vilas, periferias, vizinhanças e campos de todo o país.  
 

'Esse homem não pode ser candidato; se for é capaz de vencer; se vencer será impossível impedi-lo de assumir; se assumir pode fazer outro grande governo.’
 
Essa é a versão corrente para o que dizia Lacerda em junho de 1950.
 
O ‘Corvo’, no afetuoso apelido que lhe deu, então, o jornalista Samuel Wainer,  tentava igualmente abortar a candidatura de Vargas à presidência da República, alvejada à queima roupa e à luz do dia:  ‘Esse homem não pode ser candidato; se candidato não pode ser eleito; se eleito não deve tomar posse; se tomar posse não deve governar’.
 
A caçada a Lula reflete a velocidade vertiginosa da urgência conservadora antes que ele retome o fôlego e o fôlego tome de vez as ruas.
 
Vale tudo não é força de expressão.
 

É o nome da pauta interativa que conecta o desespero das redações a fileiras do judiciário partidarizado.
 

De onde virá a pá de cal?
 

Do pesqueiro que ele frequenta? Do estádio de futebol que ele ‘ganhou de presente’ de uma empreiteira, como estampou a sofreguidão conservadora impressa com o logotipo de um jornal paulista? Da canoa de alumínio de R$ 4 mil reais? Do apartamento que, afinal, não comprou? De um delator desesperado? De alguém coagido pela Califado de Curitiba, disposto a qualquer coisa para proteger familiares retidos e ameaçados?
 
Eles não vão parar.
  
Desfrutáveis rapazes e moças denominados ‘jornalistas investigativos’ inscrevem-se nas mais diferentes façanhas para antecipar o desfecho ansiado, antes que  resistência que se espalha aborte o cronograma.
 
Procuradores procuram febrilmente a pauta da semana, auxiliados por redações interativas.
Não há limites.
 
Como demonstra a invasão ilegal do Senado pela Polícia Federal, a dinâmica é a do regime de exceção: adaptar a lei às necessidades de manutenção no poder da coalizão que assaltou o mandato da Presidenta Dilma Rousseff.
 
A narrativa geral do desespero vem adaptada ao sotaque de cada público. Desde a mais crua, às colunas especializadas em conspirar com afetação pretensamente macroeconômica ou jurídica.
 
A mensagem vibra a contagem regressiva em direção a ‘ele’.  
 
‘Ele’ é o troféu mais cobiçado, a cabeça a ser pendurada no espaço central da parede onde já figuram outras peças preciosas, embalsamadas pela taxidermia  conservadora.
 

A sentença de morte política foi lavrada em 2005/06, quando se concluiu que pela via eleitoral Lula seria imbatível diante das opções disponíveis.

 
A partir de então seu entorno e depois o seu próprio pescoço seriam espremidos num garrote que agora range, acelera, hesita, derrapa e ainda não conseguiu completar as derradeiras voltas do parafuso vil.
 

O assalto final será indolor à matilha que o conduz?
 
A contagem regressiva bateu na porta do imponderável.
 
A coalizão golpista ingressou precocemente naquela etapa do entrudo em que ninguém é de ninguém.
 
Quem sobrará?
 
A pergunta política de resposta mais cobiçada nos dias que correm sibila quatro letras abominadas pelo radicalismo golpista: ele pode resistir? 
 
Quem? 
 
L-u-l-a.
 
Depende muito do discernimento das lideranças nascidas dessa costela e até mesmo –ou quem sabe, principalmente-  de algumas referenciadas a marcos ideológicos que vão além dela.
 
São hoje as mais mobilizadas.
 
Amanhã serão as primeiras atingidas, se a ‘macrização’ do Brasil for bem sucedida.
 
Lula é refém da avaliação que o conjunto da esquerda  --e de setores democráticos e nacionalistas, bem como dos liberais sinceros e de segmentos do empresariado produtivo--  fizer de sua importância para o futuro da democracia e do desenvolvimento do país.
 
É tão ou mais refém disso do que do sentenciamento  de Moro ou da mídia. Nestes já foi condenado.
 
Mas a intersecção de uma crise que irrompe mais grave do que eles estavam preparados para enfrentar e a reação da rua diante dela pode mudar o seu roteiro da guilhotina para o centro da repactuação brasileira.
 
Não é róseo o horizonte.
 
Há uma recidiva da crise mundial, cuja extensão e profundidade o PT subestimou, Dilma subestimou, Lula subestimou.
 
Estamos a bordo desse túnel de horror escavado com a ajuda dessa subestimação que jogou o Brasil abruptamente no liquidificador de  um acirramento da disputa pelo bolo mais magro, sem que se tivesse preparado a população para isso. 
 
O golpe penetrou nesse vazio.  Mas também subestimou o tamanho do vagalhão , crente de que satisfeitas as ‘expectativas’ dos mercados, com morte do ‘lulopopulismo’ e a violação da Carta de 88,  o crescimento saltaria etapas para coroar a legitimação do assalto ao poder. 
 
Nada isenta Lula dos equívocos sabidos, que o tornaram mais vulnerável nesse momento.
 
O embate, porém, vai muito além do que imagina o bisturi (ambidestro) que resume a equação brasileira a lancetar o espaço do PT e de Lula na urna eletrônica de 2018.
 
O passado continua a frequentar o presente na vida das nações, através da sua gente, dos seus anseios, da memória que é um pedaço do futuro.
 
O ciclo iniciado em 2003 tirou algumas dezenas de milhões de brasileiros da pobreza; deu mobilidade a outros tantos milhões na pirâmide de renda.
 
Foi inconcluso porque atribuiu às gôndolas do supermercado a tarefa de promover o salto de consciência que mudaria a correlação de forças da sociedade.
 
A inclusão foi tão expressiva, porém, que sob a cortina de fogo impiedosa do monopólio midiático, há quase uma década, acuado, ferido, enxovalhado noite e dia, sem espaço de resposta, Lula ainda figura como o nome que parte com 28% a 30% dos votos nas sondagens da corrida presidencial para 2018.
 
Afobados colunistas cuidam de tranquilizar os patrões: sua derrota é fatal diante de uma quase certa aliança conservadora no segundo turno.
 
Em termos.
 
Com acesso diário à tevê que hoje lhe é sonegada, ao rádio e ao debate, num cenário econômico que dificilmente será menos que devastador, as alardeadas dianteiras dos seus principais adversários podem derreter junto com o ‘crime’ de frequentar um pesqueiro em Atibaia ou de ter  sido favorecido por reformas em um ‘tríplex’ que, afinal, não lhe pertence.
 
Em 1954, quando a direita já escalava as grades do Catete e os jornais conservadores escalpelavam a reputação de quem quer que rodeasse Vargas, sua morte política  era comemorada por uma parte da esquerda.
 
O varguismo era acusado, então, de ser um corredor aberto ao imperialismo, um manipulador das massas. 
 
Vargas não era um bolchevique. Nem Lula o é.
 
Tampouco detinha a representação de São Francisco de Assis na terra.
 
Era um estancieiro.
 
Não fez a reforma agrária. Nunca viveu agruras, não liderou greves, não leu Marx –perseguiu comunistas no seu primeiro governo.
 
Ao mesmo tempo, criou o salário mínimo, as leis trabalhistas, peitou o imperialismo...
 
Vargas foi o que são líderes nacionais populares de cada tempo concreto: seres contraditórios de carne e osso, exatamente por isso magnéticos na personificação de um projeto de desenvolvimento em que o vórtice selvagem do capital passa a ser domado pelas rédeas dos interesses sociais organizados.
 
Vem de Varoufakis, o ex-ministro da Fazenda da Grécia, a preciosa síntese do que está em jogo num mundo que é o avesso disso, capturado pela desregulação dos mercados: ‘(a pedra de toque é) não deixar nenhuma zona livre de democracia na sociedade’.  
Nenhuma zona livre de democracia significa, sobretudo, vetar ao mercado a prerrogativa de determinar  o futuro da sociedade.
 
Lula tem seu espaço nesse enredo, do qual a emergência luminosa das ocupações estudantis é só um exemplo daquilo que a participação pode fazer para reformar de fato as bases do país, sem excluir sua razão de ser: o povo brasileiro.
 
Quantas vozes arrebatadoras, como a de Ana Júlia, que hipnotizou a rede social com seu discurso no legislativo de Curitiba em defesa da participação dos estudantes, não estão à espera de uma  oportunidade para fulminar o fatalismo com o frescor e o desassombro, capazes de  fazer do Brasil o país que ele  poderia ser mas ainda não é?
 
Em abril de 1953 uma parte da esquerda brasileira considerava que Vargas não tinha mais espaço em um mutirão desse tipo.
 
Simultaneamente, uma ciranda de ataques descomprometidos de qualquer outra lógica, que não a derrubada de um projeto de desenvolvimento soberano, sacudia o entorno do governo que criara a Petrobras, o BNDES e uma política de fortalecimento do mercado interno com forte incremento do salário mínimo.

Lembra algo?
 
A dramaticidade do suicídio político mais devastador da história iluminaria o discernimento popular gerando revolta diante do ódio golpista que tirou a vida de Vargas.
 
Quem dispensava a Getúlio o tratamento dado a um cachorro morto teve que reinventar a sua agenda com ligeireza para não ser atropelado.
 
Sessenta e dois anos e dois meses depois do tiro que sacudiu o país, a pressão atual do cerco conservador permite aquilatar a virulência que foi aquele momento.
 
O Brasil está de novo submetido ao encalço de cascos especializados em escoicear a nação, seu patrimônio e os direitos, poucos, de sua gente miúda.
 
Dispara-se contra a nação o mesmo arsenal para alvos e objetivos correlatos.
  
A mesma elasticidade ética reveste a ação da mídia determinada a calafetar cada poro do país  com uma gosma de nojo e prostração.
 
Persiste, enfim, o cerco ao Catete.
 
A qualquer Catete –como já se disse neste espaço--  dentro do qual políticas públicas tentem pavimentar mais um trecho da estrada inconclusa que leva à construção de uma democracia social no coração da América Latina.
 
Esse é o tabuleiro da história no qual um peão completa agora 71 anos sob o xeque mate de reis e rainhas que ameaçam empurrá-lo para fora da mesa.
Mas que tem um trunfo não negligenciável: ser uma síntese de representatividade capaz reorganizar o jogo, sem o quê o xadrez brasileiro pode se converter em uma devastadora derrocada de peças de dominó. Da qual nenhum deles escapará.

Mais de 1100 escolas estão ocupadas em todo o país

na Carta Maior do Brasil de Fato
Créditos da foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Wilson Dias/Agência Brasil

De acordo com os últimos dados divulgados pela União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), já são pouco mais de 1.100 escolas ocupadas em todo o país contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 e a reforma do ensino médio, além de 82 campi universitários, três núcleos regionais de Educação e a Câmara Municipal de Guarulhos.
 
O estado do Paraná reúne o maior número de ocupações, com 846 escolas. Minas Gerais aparece em segundo lugar, com 66 escolas ocupadas, seguido pelo Rio Grande do Sul (13), Goiás (10) e Rio Grande do Norte (9).
 
Além disso, existe um movimento nacional de greve geral de professores e técnicos que, no Paraná, teve início no último dia 17.

Após o assassinato do estudante Lucas Eduardo Araújo Mota, 16, em uma das ocupações do Paraná na tarde desta segunda-feira (24), manifestações em repúdio às ocupações por parte do grupo Movimento Brasil Livre (MBL) incentivou os pedidos de reintegração de posse das escolas.
 
Entretanto, depois de uma assembleia realizada na tarde desta quarta-feira (26), os secundaristas decidiram continuar as ocupações no estado.
 
Os estudantes reivindicam a rejeição da PEC 241, aprovada na noite desta terça (25) no segundo turno de votação da Câmara dos Deputados. Agora, a peça vai para avaliação do Senado, também em dois turnos: o primeiro está previsto para terminar até o final de novembro e o segundo, até o dia 13 de dezembro.
 
A PEC introduz um Novo Regime Fiscal e congela os gastos do governo federal pelos próximos 20 anos, o que afetaria diretamente o orçamento direcionado para a educação e, segundo o movimento secundarista, acarretará na retirada de recursos de outras áreas para o investimento no ensino.
 
A Ubes divulgou uma nota com seis "porquês" da movimentação contra a PEC, entre os quais estão ataques aos setores mais carentes da população, desmonte da educação pública e precarização dos serviços públicos.
 
O movimento também se posiciona contra a Medida Provisória (MP) 746/2016, enviada ao Congresso por Michel Temer, que institui a Reforma do Ensino Médio, propondo a reformulação do ensino por áreas de conhecimento.
 
Os estudantes argumentam que a reforma deve ser debatida amplamente com a participação popular antes de ser implantada pela MP.
 
Edição: Camila Rodrigues da Silva