quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Globo mostra o canhão a Marina. De volta ao “vamos ver quem manda aqui” - Autor: Fernando Brito

Mais importante que a pesquisa Ibope no Jornal Nacional de hoje, foi a reportagem sobre os donos do jatinho que matou Eduardo Campos e transformou Marina Silva em sucesso eleitoral.
Fartamente abastecida – como sempre – pela Polícia Federal, a matéria começou a revelar o “laranjal” montado pelo PSB e pelos empresários amigos de Campos, para “comprar” o jato que acabaria por matar o candidato.
Até um peixeiro do Recife foi usado como “bucha” na transação.
O JN adiantou a pauta “malvada” da entrevista de Marina Silva, amanhã.
E nem mesmo citou o outro “megabucha” da compra do avião, Apolo Santana, processado por contrabando.
Vale a pena ler a matéria e ver o potencial explosivo do caso.
É impressionante.
Marina terá 24 horas para explicar ou, como é mais provável, dizer que não tem nada com isso.
Talvez, até, pessoalmente, não tenha.
Mas fica comprometida a imagem do “São” Eduardo,  que a beatifica como candidata da nova política.
E vai ter de ser “boazinha” com William Bonner e Patrícia Poeta.
Afinal, é preciso saber quem manda, não é?
Amanhã, o Tijolaço, que não tem acesso à Polícia Federal e nem faz chantagem política, vai mostrar mais “travessuras” dos homens a quem o PSB atribuiu o “contrato de boca” para ceder o jatinho a Eduardo e Marina.
Documentos indicam empresas fantasmas na compra

do avião em que morreu Eduardo Campos

O Jornal Nacional teve acesso com exclusividade aos extratos da conta AF Andrade – empresa que, para a Anac, é a dona da aeronave.

O Jornal Nacional obteve, com exclusividade, documentos importantes da operação de compra e venda do jato Cessna, que era usado pelo candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos.
O dinheiro que teria sido usado para pagar o avião em que morreu o candidato Eduardo Campos passa por escritórios em Brasília e São Paulo, e por uma peixaria fantasma em uma favela do Recife.
“Rapaz, eu estou até desnorteado. Como é que eu tenho uma empresa uma empresa sem eu saber?”, questiona um homem.
O Jornal Nacional teve acesso com exclusividade aos extratos da conta AF Andrade – empresa que, para a Anac, é a dona da aeronave. Mas a AF Andrade afirma que já tinha repassado a aeronave para outro empresário, que emprestou para a campanha de Campos.
Os extratos que já foram entregues à Polícia Federal mostram o recebimento de 16 transferências, de seis empresas ou pessoas diferentes. Num total de R$ 1.710.297,03.
Nos extratos aparecem os números do CPF das pessoas físicas ou do CNPJ, das empresas que transferiram dinheiro para a AF Andrade. Com esses números foi possível chegar aos donos das contas.
A empresa que fez a menor das transferências, de R$ 12.500, foi a Geovane Pescados. No endereço que consta no registro da peixaria encontramos Geovane, não a peixaria.
“Acha que se eu tivesse uma empresa de pescado eu vivia numa situação dessa?”, diz Geovane.
Outra empresa, a RM Construções, fez 11 transferências, em duas datas diferentes. Cinco no dia 1º de julho e mais seis no dia 30 de julho, somando R$ 290 mil.
O endereço da RM é uma casa no bairro de Imbiribeira em Recife. Mas a empresa de Carlos Roberto Macedo não funciona mais lá. “Tinha um escritório. Às vezes, guardava o material o outro”, conta ele.
Tentamos falar por telefone com Carlos, mas ele pareceu não acreditar quando explicamos o motivo da minha ligação.
Repórter: Você andou depositando dinheiro para comprar de um avião?
Carlos: Tem certeza disso?
Já um depósito de quase R$ 160 mil saiu da conta da Câmara & Vasconcelos, empresa que tem como endereço uma sala vazia em um prédio e uma casa abandonada. Os dois lugares em Nazaré da Mata, distante 60 quilômetros do Recife.
A maior transferência feita para a AF Andrade foi de R$ 727 mil, no dia 15 de maio, pela Leite Imobiliária, de Eduardo Freire Bezerra Leite.
E completam a lista de transferências João Carlos Pessoa de Mello Filho, com R$ 195 mil, e Luiz Piauhylino de Mello Monteiro Filho, advogado com escritórios em Brasília, Recife e São Paulo, com uma transferência de R$ 325 mil.
Luiz Piauhylino de Mello Monteiro Filho disse que realizou, em junho, uma transferência bancária de R$ 325 mil e que esse valor é referente a um empréstimo firmado com o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho.
O empresário João Carlos Lyra declarou que, para honrar compromissos com a empresa AF Andrade, fez vários empréstimos, com o objetivo de pagar parcelas atrasadas do financiamento do Cessna.
A Leite Imobiliária confirmou que transferiu quase R$ 730 mil para a AF Andrade  como um empréstimo a João Carlos Lyra.
Já o PSB declarou, nesta terça-feira (26), que o uso do avião foi autorizado pelos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira.
E que o recibo eleitoral, com a contabilidade do uso do Cessna, seria emitido ao fim da campanha de Eduardo Campos.
O PSB afirmou que o acidente, em que morreram assessores do candidato, criou dificuldades para o levantamento de todas informações.

O VERDADEIRO GLOBOPE: DILMA 36,6%; BLÁBLÁ 25% Bye-bye, Aécio !


Conversa Afiada obteve os verdadeiros números do Globope.

Não se deixe levar por imitações:

Dilma, 36,6%;

Bláblárina, que não diz quem é o dono do jatinho: 25%

Aécio, 15%.

Agora que acabou o veloriomicio, vamos ver a bolha da Bláblá furar. 

Paulo Henrique Amorim

ODAIR, PABLO, CICERO, EUNICE. O NOVO CICLO TEM ROSTO ! Programa de Dilma conta historias de quem já mudou

COMPARA...NÓS BRASILEIROS NÃO GOSTAMOS DE PROGRAMAS ELEITORAIS, MAS COMPARA...
VOCÊ QUE É JOVEM, E EU CONHEÇO MILHARES, POIS TRABALHO TODOS OS DIAS COM ELES, NÃO CONHECE O BRASIL ANTES DE 2002, PRATICAMENTE NÃO EXISTIA PROGRAMAS SÉRIOS PARA OS FILHOS DO POVO, PARA OS FILHOS DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS.
AGORA EXISTEM...COMPARA, PESQUISA...ENTRA NA INTERNET E PROCURA SABER O QUE ACONTECEU COM A EDUCAÇÃO NOS ÚLTIMOS ANOS.
COMPARA!

DEBATE FURA BOLHA DA BLÁBLÁ - Blablozeiras revelam contradição e superficialidade

Fonte: Conversa Afiada - 27/08/2014


O debate da Band é quase inútil.

Enche o palco de sub-candidatos que, em 100% dos casos, só servem para bater na Dilma.

Não somam nada.

Só esquentam o forno contra a Presidenta e levantam a bola para os da Oposição.

Serve para simular imparcialidade. Mas, não engana ninguém.

Mesmo assim, teve uma grande virtude.

Mostrou a impostura que cerca a candidatura da Bláblarina.

(Clique aqui para ver que até jornal nacional detonou o jatinho sem dono )

Na primeira intervenção dela – agora, no lugar do xale, ela veste uns óculos de moldura vermelho-horror – levou uma aula da Dilma sobre o que foi feito na Educação, com os 75% do pre-sal, os Mais Médicos, os 143 bilhões em metros, BRTs e VLTs.

A Blablá não domina os números. E não teve capacidade para revidar.

Quando Aecioporto lhe perguntou sobre a coerência de uma “nova política” que espinafra o Ackmin e apoia o Cerra, ela naufragou.

Um nanico lhe perguntou sobre o apoio de Neca Setúbal , dona do Itau, e de Guilherme Leal, dono da Natura e seu candidato a vice em 2010.

Blablá soltou máxima blablozeira: o problema não é ter elite, mas ter pouca elite ! Precisamos de elite !

Na verdade, a Dilma deveria ceder metade de seu tempo na tevê para deixar a Blablárina falar, ao vivo, e se enterrar pelas próprias blablozeiras.

Em tempo: e aquele “repórter” da Band que teve um ataque de Bonner e tratou os candidatos de “você”  ? 

Paulo Henrique Amorim

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Quando vc imagina que já viu de tudo na tv que finge fazer jornalismo se depara com isso

Nos "debates" com amigos, amigas, familiares, alunos e alunas costumo dizer o seguinte: ...Nunca aceite como verdade qualquer coisa, sem conhecê-la como tal.
Tenho certeza que meus conterrâneos maranhenses, moradores de um dos Estados mais pobres da Federação, que trabalham dia após dia, que criam seus filhos e filhas com o suor do rosto, saberão distinguir, entender o que está acontecendo nessa eleição.
De um lado o maranhense tem uma oligarquia que controla o Estado há mais de 50 anos, que levou o Maranhão e seu Povo ao desespero da fome, ao desespero da falta de escola, de Educação, de moradia,  da falta de dignidade.
Do outro lado, um jovem político, que representa o que o Estado do Maranhão tem hoje de mais honesto, de mais cristalino, no que concerne à Política e à preocupação com o Público.
Ninguém pode afirmar que Flávio Dino vai tirar o Estado do Maranhão da situação de penúria e fome em que se encontra. Mesmo por que, os problemas do Estado são estruturais, na sua grande maioria, e isso leva um certo tempo e paciência do Povo para ser arrumado. Uma coisa temos todos certeza, é chegado a hora do Povo do Maranhão dar a chance a outro e, esse outro não é qualquer um, é um cara jovem, com ideias novas, que conhece o Estado, que conhece nosso Povo.
As perguntas feitas na entrevista pelos entrevistadores/"inquisidores" ao candidato Flávio Dino na TV Mirante foi um desrespeito à inteligência do Povo do Maranhão. Foi um desrespeito à Politica séria. Foi um desrespeito a todos aqueles que desejam um dia ver nossos conterrâneos em uma situação melhor e mais justa.
O Povo do Maranhão precisa se livrar do atraso que o clã Sarney levou o Estado. Está mais do que comprovado a incompetência desse grupo. O Povo tem agora a sua melhor chance de experimentar algo novo na política. Flávio Dino representa isso hoje.
Vamos Povo do Maranhão. Não perca esse momento Histórico para a vida de todos nós, homens e mulheres, negros e negras, brancos e brancas, índios e índias, trabalhadores e trabalhadoras, todo o nosso Povo de mãos dadas por um Maranhão Mais Democrático, mais Solidário, Mais Moderno enfim.
por José Gilbert A. Martins - Betinho do "seu" Amadeu (Professor)
Hoje uma leitora me mandou o vídeo com os seis minutos da entrevista de Flávio Dino, candidato a governador do Maranhão pelo PCdoB.
A entrevista é na TV Mirante, afiliada da TV Globo no Maranhão, sob controle da família Sarney.
As entrevistas aos candidatos aos cargos executivos deveriam servir para questioná-los sobre seus programas de governo. Mas o que vemos neste vídeo deve ter sido o roteiro dos inquéritos do macartismo nos tempos da guerra fria
por Maria Frô - Blog Maria Frô - 26/08/2014 - https://www.blogger.com
Flávio Dino foi perguntado, pasmem vocês, caso vença as eleições para o governo do Maranhão se ia implantar a ditadura comunista no estado!
Não sabia que os Constantinos da Veja faziam o roteiro do similar ao SPTV maranhense. Os seis minutos do candidato praticamente foram gastos para responder uma bobageira sem tamanho e explicar como funciona os partidos no país e a constituição brasileira!
O nível de indigência que chegou o jornalismo no Brasil não é mais caso de estudo acadêmico, é caso de polícia e de hospício.
Bonner e sua estupidez cavalar tem seguidores ainda mais néscios. Barbárie é pouco pra classificar este nível de indigência do patamar mais rasteiro que atingiu a comunicação sob o monopólio de pouquíssimas famílias no Brasil.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Paulo Roberto Costa: Globo atirou no “basso”?


Não sou especialista em comunicação, estou aprendendo, não sou jornalista formado, sou professor de História e cidadão.
Cidadão que, preocupado em estar informado, leio jornais e assisto TVs.
Aprendi, no entanto, que assistir TV no Brasil, país com mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, com uma população de mais de 200 milhões de habitantes é temerário.
A "maior" TV do país, com um alcance assustador de, em alguns programas, de mais de 70% de audiência, que tem a obrigação de informar, é exatamente a parte principal de um conjunto de mídias que aliena, que deseduca; tudo em defesa de interesse de uma minoria, não tenha ilusões, a Globo se esconde atrás de programas supostamente honestos como o "Criança Esperança" para se passar por boazinha, na realidade é uma empresa defensora do status quo vigente na sociedade brasileira.
E que status é esse?
Manutenção de uma sociedade desigual, excludente, mas que vem mudando nos últimos anos com governos mais progressistas comprometidos com a maioria.
Leia o texto abaixo em sua íntegra e entenderá.
por José Gilbert A. Martins (Professor)
Fonte: Blog Tijolaço - retirado dia 25/08/2014
Dias atrás, Carlos Alberto Sardenberg, um dos âncoras mais fiéis da Globo, publicou artigo no jornal tentando justificar um recente (e alarmante) sinal de incompetência da empresa. A Globo foi uma das últimas mídias a confirmar a morte de Eduardo Campos. Me pareceu um recado indireto ao Brasil 247, que se vangloriou de ter sido o primeiro veículo a dar o “furo”.
Segundo ele, a Globo não “atira no basso”. Sardenberg tenta provar que a Globo é séria e por isso não publica nenhuma notícia cuja autenticidade não tenha sido intensamente checada antes. O colunista narra um “causo” antigo, de uma notícia escrita com grafia errada (fulano recebeu tiro no “basso”; o certo é “baço”) que havia sido publicada e republicada por vários jornais.
Pois é. A notícia sobre a “delação premiada” de Paulo Roberto Costa está me cheirando exatamente a um “tiro no basso”.
Na sexta-feira, o jornal tascou um manchetão cheio de certeza.
“Ex-diretor da Petrobrás aceita delação premiada”.
Notícia bombástica, não? Naturalmente, foi republicada em centenas de sites na internet.
Eu já escrevi sobre isso ontem, dizendo que a notícia tinha cheiro de factóide, visto que, poucas horas depois de ser publicada, a nova advogada de Costa, Beatriz Catta Preta aparece na mídia negando peremptoriamente qualquer decisão de Costa a respeito. PF e Ministério Público também negaram qualquer acordo.
Ué, então temos aqui uma contradição. Os jornais asseveram que Costa aceitou fazer delação premiada, o advogado Nélio Costa inclusive teria abandonado o caso por discordar da estratégia, e depois a advogada nega que haja qualquer decisão a respeito?
Afinal, ele vai delatar ou não?
Pois bem, abro os jornais hoje, à procura de atualização sobre o assunto, curioso como cidadão e blogueiro.
Na Folha e no Estadão, nada. No Globo, há uma notícia na página 11 dizendo que “Delação premiada de Costa deixa base de Dilma aflita”, mas sem entrar no mérito principal da notícia, ou seja, se Costa realmente fará um acordo de delação premiada.
Ainda na página 11, sem destaque, outra notícia sobre o caso. O título é “Advogada diz que ex-diretor vive momento difícil”.
Tadinho.
Vamos ler a notícia, e descobrimos, escondida no meio da matéria, a informação que buscávamos:
“Na última sexta-feira, ela teve um encontro de aproximadamente 30 minutos com seu cliente, mas nega que já tenha iniciado tratativas sobre delação com o Ministério Público Federal (MPF), primeiro passo de uma eventual opção pelo recurso. Segundo ela, ainda caberá ao seu cliente “bater o martelo” pela delação.
- Ele ainda não está decidido. Esta é uma escolha muito pessoal, muito subjetiva.”
Ué, o jornal não havia asseverado que ele o faria, com certeza, na segunda-feira? A certeza não era tanta que se usou uma manchete garrafal na primeira página? Agora o mesmo jornal, na maior cara de pau, diz que Costa “ainda não está decidido”?
A notícia cheira a um tiro no escuro. Se Costa realmente decidir fazer a delação premiada, beleza, está tudo bem. Se não, esquece e muda de assunto. Para que se importar com detalhes insignificantes, não é? O leitor não irá se lembrar. Logo veremos, porém, que a “não-notícia” serve a um propósito político e eleitoral.
Na capa do site da Globo, por exemplo, aparece a Dilma, associada aos “escândalos da Petrobrás”, com o subtítulo: “Presidenta (…) não comenta sobre Paulo Roberto Costa fazer delação premiada”.
Como é que é? A troco de quê ela falaria de uma coisa que ainda não existe? Não se sabe se ele vai falar ou não, não se sabe o que vai falar, não se sabe se vai falar alguma coisa de consistente. Enfim, qual o sentido em cobrar um comentário de Dilma a esse respeito? É como noticiar que Dilma não comentou nada sobre Zé da Silva se separar de sua esposa, omitindo os seguintes fatos: 1) Zé da Silva ainda não tomou nenhuma decisão; 2) Zé da Silva não é casado; 3) Dilma não conhece nenhum Zé da Silva; 4) Zé da Silva não existe.
Isso é jornalismo?
Ao final de seu artigo, Sardenberg, no afã de agradar seus patrões, encerra com uma frase gloriosa:
“Tudo isso para dizer que aqui no sistema Globo a gente não atira no basso de ninguém, não faz nada escondido e, sobretudo, não usa anônimos para mexer no perfil dos outros.”
Pausa para rir durante algumas semanas.
A Globo vive publicando denúncias não-confirmadas. A história de Costa é apenas o exemplo mais recente. A certeza sobre um fato não parece ter mais tanta importância para o jornalismo da Globo. Basso ou baço, tanto faz, o importante é dar o tiro.
Quanto a “não fazer nada escondido”, bem, a sonegação fiscal flagrada pela Receita foi uma ação bem escondida, não? E continua escondida até hoje. Tanto é que os jornais do grupo nunca informaram seus leitores sobre a estrepolia da empresa nas Ilhas Virgens Britânicas.
Resta saber se a Globo “usa anônimos para mexer no pefil dos outros”. Pois bem, Sardenberg errou de novo. Bastou-me uma pesquisa rápida para descobrir que um dos IPs da TV Globo, o 200.208.25.68, andou remexendo e corrigindo centenas de páginas da Wikipédia.
O IP da TV Globo mexeu no perfil dos jornalistas Fernando Morais eFausto Wolff. E fez acréscimos e correções nos perfis de inúmeros artistas, inclusive não-globais, como Renato Russo. Zico, Rui Castro, Fernando Meirelles, Tim Maia, etc, também tiveram seus perfis no Wikipédia modificados por alguém usando o IP da TV Globo.
A alteração mais interessante é a tentativa de minimizar críticas presentes na página do Beyound Citizen Kane (Muito além do Cidadão Kane), um importante documentário da BBC, a TV pública do Reino Unido, que conta a história de Roberto Marinho e suas alianças com a ditadura.
Sardenberg, Sardenberg. O “basso” da Globo está cheio de tiros.

Dilma com 70% de aprovação no Ceará

Fonte: Tijolaço - 25/08/;2014

A pesquisa foi realizada entre os dias 18 a 20 de julho. Mas o Ibope só liberou o relatório na última sexta-feira.

domingo, 24 de agosto de 2014

PROJETO CLICK HUMANO - "Moradores" de rua, um fenômeno de exclusão capitalista mundial

Entre os arranha-céus de Seul, uma favela não deixa a 

Coreia esquecer o passado

Barracos feitos de madeira, placas de metal e cobertores de lã sintética abrigam milhares de pessoas que não conseguiram se beneficiar do desenvolvimento econômico do país.

Fonte: http://economia.ig.com.br/2012-06-05/guryong-uma-favela-no-coracao-de-seul.html


Uma das áreas mais nobres de Seul, o distrito de Gangnam une duas facetas do fabuloso desenvolvimento econômico pelo qual a Coreia do Sul passou nas últimas três décadas. Nas congestionadas ruas desse bairro repleto de arranha céus, lojas de grifes internacionais e bares com cara de pubs ingleses, jovens coreanos caminham apressados com os olhos colados em smartphones e tablets, sem, sabe-se lá como, esbarrar uns nos outros. As luzes coloridas dos luminosos em neon, as gigantescas telas em alta definição presas nos altos edifícios, os faróis dos carros quase futuristas, tudo reforça a imagem de um país moderno, que caminha no limite do desenvolvimento tecnológico e da pujança econômica.
Mas a menos de cinco quilômetros desse típico cenário asiático do século 21, persistem inalterados os resquícios de um país que até 50 anos atrás era um dos mais pobres do mundo. Escondidos por trás de compridos ciprestes e um longo muro de pedra que margeia uma movimentada avenida, centenas de barracos feitos de placas de metal, pedaços de madeira, papelão e, curiosamente, cobertores de lã, abrigam uma parcela da população coreana que não conseguiu se beneficiar dessa recente expansão econômica. Ao todo moram 2,2 mil pessoas em Guryong , uma típica favela, na melhor acepção da palavra, mesmo para especialistas no assunto, como os brasileiros.
A favela de Guryong ocupa uma área de 58 mil metros quadrados na região mais rica de Seul, onde a cada ano novos empreendimentos bilionários são erguidos para servir de lar para a camada mais alta do país. No complexo de edifícios que faz às vezes de horizonte para os moradores de lá, cada apartamento é avaliado em cerca de US$ 3 milhões. Apesar da proximidade com a opulência sul-coreana  em Guryong há pouco luxo.
Quase todos os barracos são desprovidos de banheiros, poucos têm um sistema de aquecimento eficaz – algo primordial em uma cidade onde a temperatura cai abaixo de zero no inverno – e há pouca urbanização. Os barracos são geminados e as vielas tão estreitas que em muitos casos duas pessoas não conseguem caminhar lado a lado. “É uma vida difícil, muita gente fica doente com facilidade no inverno, não é o que gostaríamos para nossas vidas”, diz Kim-Won Sim, uma das poucas pessoas a quem a reportagem do iG teve acesso para conversar.
Guryong é resultado direto do processo de expansão econômica da Coreia do Sul. Nos meses que antecederam a abertura dos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, o governo deu início a um processo de “limpeza” estética de sua capital. A intenção era mostrar ao mundo como o país saíra da miséria de 30 anos antes para se transformar em um tigre asiático que despontava na esteira do desenvolvimento japonês. Havia também um componente político. Com a guerra fria ainda em curso, era importante fazer propaganda do sucesso da experiência capitalista, em contraste ao fechado comunismo da Coreia do Norte, apoiada pela então União Soviética. Quem era pobre e morava perto dos estádios e ginásios dos Jogos foi desalojado.
Assim, Guryong nasceu como nascem quase todas as favelas do mundo. Sem ter para onde ir, os desalojados invadiram uma área privada no que era então o cinturão verde de Seul. Estão lá há 24 anos e a maior parte dos moradores trabalha catando papelão nas ruas de Seul para abastecer uma usina de reciclagem instalada ao lado da favela. Outros atuam na construção civil e muitos fazem, simplesmente, bicos. A média salarial por família é estimada em cerca de US$ 500 por mês, muito abaixo dos US$ 2,5 mil médio de cada coreano.
Construída sobre fortes pilares liberais, a Coreia do Sul que emergiu nas últimas décadas não lida bem com locais como Guryong. Em uma sociedade onde o sucesso profissional e financeiro tornou-se uma obsessão tão grande ao ponto de a maior parte dos coreanos abdicar das férias a que tem direito para produzir mais, viver em uma favela é sinônimo de fracasso absoluto.
“Isso aqui é uma vergonha para a Coreia e as pessoas que moram aqui sabem disso”, diz Lee Hyun-Moon, um oficial da polícia que controla a entrada e saída de não moradores de Guryong. É difícil encontrar alguém disposto a conversar ali. Quando surge uma câmera as pessoas escondem os rostos ou simplesmente apressam o passo para não serem retratadas. “Não é orgulho para ninguém viver aqui, é vergonhoso”, KimWon-Sim, que também trabalha no centro comunitário da favela.
A pressão por ser bem sucedido nessa Coreia moderna e ocidentalizada faz do país o campeão absoluto de suicídios entre as nações desenvolvidas. Por ano, 28,4 pessoas em cada grupo de 100 mil habitantes tira a própria vida. Entre apenas os homens, esse índice sobe para impressionantes 39 suicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Com 50 milhões de habitantes, a Coréia do Sul vê, anualmente, 14,2 mil pessoas cometerem suicídio. E esse número vem subindo ano a ano, na mesma proporção do desenvolvimento econômico do país.
De acordo com dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, o índice de suicídios na Coreia do Sul cresceu impressionantes 153% entre 1995 e 2009. Entre os 35 países analisados, só a Coreia e outras quatro nações registraram crescimento no período. No Brasil a taxa de suicídio é de 4,9 mortes por 100 mil habitantes, enquanto a taxa de homicídios está em 26 crimes por 100 mil habitantes. Na prática, é possível afirmar que, proporcionalmente, mais pessoas tiram a própria vida na Coreia do Sul do que são assassinadas no Brasil, ainda um dos países mais violentos do mundo.
Não há levantamento estatístico que mostre o número de suicídios nas favelas coreanas. Mas por conta do passado recente de abusos contra as populações mais pobres na disputa por áreas nobres, especialmente em Seul, há um permanente clima de tensão. A Coreia do Sul vem implantando um controverso programa de reurbanização nas grandes cidades que consiste, basicamente, em desalojar populações de menor renda para dar lugar a empreendimentos de alto padrão.
Recentemente, a Comissão Asiática de Direitos Humanos  fez duras críticas ao governo da Coreia do Sul por conta dessa política. O caso mais célebre é conhecido como “A Tragédia de Yongsan”, quando seis pessoas que protestavam por serem desalojadas de uma espécie de cortiço na região central de Seul, em 2009, foram mortas pelas forças policiais sul coreanas.
Guryong, de certa forma, terá o mesmo destino de Yongsan – sem os casos de violência, espera-se. Os donos dos terrenos onde as duas mil pessoas vivem estão requerendo a área na Justiça. A ideia é construir um empreendimento imobiliário avaliado em US$ 1 bilhão.
A prefeitura de Seul já deixou claro que não há a menor possibilidade de os moradores continuarem ali e vem trabalhando para retirá-los. Instalou no local um posto policial para impedir novas invasões e destruir as casas que forem desocupadas. Dessa vez, garantem as autoridades, os moradores serão realocados de forma digna. Só não está claro para onde elas serão levadas dessa vez.
* O repórter viajou à Coreia do Sul a convite da empresa Hankook Pneus
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Crise aumenta número de moradores de rua na França


Moradores de rua em Paris. Segundo a Fundação Abbé Pierre, 133 mil pessoas estão nessa situação na França.
AFP/Thomas Coex.

A pobreza não para de crescer na França. Um relatório divulgado hoje pela Fundação Abbé Pierre revela sérios problemas no setor da habitação. Pelos cálculos da fundação, 8 milhões de pessoas vivem em condições precárias.

*Colaboração de Lucas Besse para a RFI
A crise econômica que atinge a Europa desde 2008 continua inquietante e quem mais sofre são as famílias mais modestas, que foram atingidas fortemente pelo desemprego e a pobreza. Segundo a fundação Abbé Pierre, 685 mil pessoas não possuem habitação fixa na França. Desse total, 133 mil moram na rua.
As principais vítimas são as mulheres chefes de família, com um emprego de meio período, crianças para cuidar e muitas despesas. Elas ganham um salário na média de 500 euros por mês (R$ 1.400). O aluguel é pago com uma ajuda financeira do governo, mas não é suficiente para cobrir todas as despesas. Prova disso é que a inadimplência de aluguel aumentou e o número de despejos bateu recorde no último ano.
O relatório da fundação estipula duas categorias. Na primeira, com 3,6 milhões de pessoas, estão os “mal instalados” em moradias precárias ou insalubres. Numa segunda categoria, estão pessoas em “situação de fragilidade”. Ou seja, que moram em locais com número excessivo de habitantes e com pagamentos de aluguel atrasados, por exemplo. Pelo menos 91 mil pessoas estão ameaçadas de despejo.
No caso das pessoas que já estão vivendo na rua, a Fundação Abbé Pierre revela que até mesmo nas zonas rurais, que até então haviam sido poupadas desse tipo de problema, crescem as ocorrências de sem-teto. "Os mais frágeis do nosso país têù que estar no centro das políticas públicas", diz comunicado que pede um "choque solidariedade".

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Thomas Piketty e a aposta em um capitalismo humanizado - A DENÚNCIA DAS DESIGUALDADES: NECESSÁRIA, MAS INSUFICIENTE

           Protesto em Nova Iorque, Occupy Wall Street
Me parece que a questão da desigualdade passa obrigatoriamente pela não aceitação do tipo de divisão da riqueza que possuímos. E essa não aceitação passa pela criação de mecanismos efetivos de inserção do Povo nas escolas, não no tipo de escola que perpetue o status quo, mas que quebre de vez com ele, mostrando aos alunos e alunas do Povo como funciona a sociedade e como acontece a produção e a distribuição da riqueza.
É notório que a implantação de um sistema de ensino diferente, voltado à construção de uma sociedade diferente nesse tipo de organização econômica e social que possuímos terá grandes dificuldades de implementação; vivemos numa sociedade de classes com interesses muito diferentes, onde, entre outras coisas, temos uma rede de mídias grandes e pequenas envolvidas seriamente em um esquema para manter a sociedade como está, além de igrejas, pastores, padres, religiosos, associações, ONGs...a maioria atrapalha mais que ajuda.
Grande parte de professores e professoras já trabalham em suas aulas e disciplinas formatos de aulas e metodologias libertadoras, mas a grande maioria ainda não ou nem conhece, ou sabem que existem.
Os professores e professoras que trabalham com as metologias libertadoras o fazem por convicção própria, as escolas, principalmente as particulares ou mesmo públicas com direção à direita ou conservadora, nem chegam a discutir tal tema em suas coordenações e as secretarias ficam, muitas vezes, apenas no debate de textos e autores.
A entrada de milhões de brasileiros e brasileiras do Povo em escolas e universidades com a ascensão de um governo mais a esquerda no Brasil de 2002 para cá significou muito e é preciso continuar, mas, infelizmente não responde o formato mais agudo e imprescindível que precisamos implantar. Esse modelo passa por um aprofundamento da participação mais consciente de trabalhadores e trabalhadoras no processo de escolha e de decisão política e administrativa do Brasil.
Afinal somos maioria, as elites, o próprio nome já diz, são minoria. Esse modelo de desenvolvimento que vem desde a Revolução Francesa (1789) não funcionou para as maiorias, ao contrário vem produzindo milhões de miseráveis e excluídos. Não funcionou também, no sentido de dar estabilidade e futuro ao Planeta Terra. As riquezas estão sendo exploradas cada dia mais para enriquecer os já ricos. Enquanto isso forma-se uma classe de consumidores que vivem como gado, consomem, mas não sabem quem produziu, como produziu e, muitos não sabem nem por que comprou/consumiu. Somos bois e vacas atrás de uma ilusão...não sei nem qual ilusão, me digam.

por José Gilbert A. Martins (Professor)

Extraído de Le Monde Diplomatique Brasil dia 24/08/2014

A julgar pelo imenso sucesso nos Estados Unidos, o último livro de Thomas Piketty caiu como uma luva. Tomando de empréstimo o título de Marx, ele detalha o avanço das desigualdades no Ocidente. Contudo, enquanto Marx esperava uma revolução para transformar o mundo, Piketty sugere imposto global para reformar o capital
por Russell Jacoby

A obra Le capital au XXIe siècle [O capital no século XXI], de Thomas Piketty, é um fenômeno tanto sociológico como intelectual. Ela cristaliza o espírito de nossa época, assim como, em seu tempo, The closing of the American mind [O fechamento da mente norte-americana], de Allan Bloom.1 Este livro, que denunciava os estudos sobre as mulheres, os gêneros e as minorias nas universidades norte-americanas, opunha a “mediocridade” do relativismo cultural à “busca pela excelência”, associada, na mente de Bloom, aos clássicos gregos e romanos. Ainda que tenha tido poucos leitores (era particularmente pomposo), ele alimentou o sentimento de uma destruição do sistema educacional norte-americano, até da própria América, na falta dos progressistas e da esquerda. Esse sentimento não perdeu nada de sua força, e O capital no século XXIinscreve-se no mesmo campo de forças, exceto pelos fatos de que Piketty vem da esquerda e que o enfrentamento deslocou-se da educação para o campo econômico. Dentro do sistema educacional, porém, o debate centra-se agora, em grande parte, sobre questões econômicas e barreiras capazes de explicar a desigualdade.
A obra traduz um mal-estar palpável: a sociedade norte-americana, assim como as outras pelo mundo inteiro, é cada vez mais iníqua. As desigualdades agravam-se e pressagiam um futuro sombrio. O capital no século XXIdeveria chamar A desigualdade no século XXI.
É inútil criticar Piketty por não cumprir objetivos que não eram os seus, mas também não podemos nos contentar em lhe render louros. Muitos comentaristas têm se concentrado em sua relação com Karl Marx, ao que ele lhe deve ao pensador alemão, a suas infidelidades; quando seria preciso, antes de mais nada, questionar de que modo o livro lança luz sobre nossa miséria atual. Ao mesmo tempo, no que diz respeito à preocupação com a igualdade, não é inútil voltar a Marx. Aproximando-se os dois autores, há de fato uma divergência: ambos contestam as disparidades econômicas, mas em direções opostas. Piketty inscreveu suas observações no campo dos salários, da renda e da riqueza: ele deseja erradicar as desigualdades extremas oferecendo – para pastichar o lema da funesta Primavera de Praga – um “capitalismo de rosto humano”. Já Marx se coloca no campo da mercadoria, do trabalho e da alienação: ele pretende abolir essas relações e transformar a sociedade.
Piketty tece uma acusação implacável contra a desigualdade: “Já é tempo”, escreve em sua introdução, “de recolocar a questão da desigualdade no centro da análise econômica” (p.38). Ele adota como epígrafe a segunda frase da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789: “As distinções sociais só podem fundar-se no bem comum”. (Poderíamos nos perguntar por que um livro tão prolixo deixa de lado a primeira frase: “Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos”.) Apoiando-se numa profusão de números e tabelas, ele demonstra que as desigualdades econômicas aumentam e que os mais afortunados concentram uma parte cada vez maior da riqueza. Houve quem tentasse contestar suas estatísticas, mas ele reduziu a pó as acusações.2
O autor bate forte e justo quando trata da exacerbação das desigualdades que desfiguram a sociedade, em particular a norte-americana. Ele observa, por exemplo, que a educação deveria ser igualmente acessível a todos e promover a mobilidade social. No entanto, “o rendimento médio dos pais de alunos de Harvard é de cerca de US$ 450 mil” ao ano, o que os coloca entre os 2% das famílias norte-americanas mais ricas. E conclui seu argumento com este eufemismo característico: “O contraste entre o discurso meritocrático oficial e a realidade parece aqui particularmente extremo” (p.778).
Para alguns, à esquerda, não há nada de novo. Para outros, cansados de ouvir o tempo todo que é impossível aumentar o salário mínimo, que não se devem taxar os “criadores de empregos” e que a sociedade norte-americana continua sendo a mais aberta do mundo, Piketty representa um aliado providencial. Segundo um relatório (não citado no livro), os 25 gestores de fundos de investimentos mais bem pagos ganharam, em 2013, US$ 21 bilhões, mais que o dobro da soma dos rendimentos de cerca de 150 mil professores primários nos Estados Unidos. Se a compensação financeira corresponde ao valor social, então um gestor de hedge funddeve valer bem uns 17 mil professores... Nem todos os pais (e professores) devem concordar com isso.
Contudo, a fixação exclusiva de Piketty na desigualdade apresenta limites teóricos e políticos. Da Revolução Francesa ao movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, passando pelo cartismo,3 pela abolição da escravatura e pelo sufrágio universal, a aspiração à igualdade já suscitou inúmeros movimentos políticos. Em uma enciclopédia das contestações, o artigo dedicado a ela certamente ocuparia centenas de páginas, remetendo a todas as outras entradas. Ela teve, e continua tendo, um papel positivo essencial. Em tempos recentes, o movimento Occupy Wall Street e a mobilização pelo casamento gay são prova disso. Longe de desaparecer, a reivindicação ganhou novo fôlego.
O igualitarismo, porém, também implica uma parte de resignação: ele aceita a sociedade tal como é, visando apenas a reequilibrar a distribuição de bens e privilégios. Os gays querem o direito de se casar assim como os heterossexuais. Muito bem, mas isso não afeta em nada a instituição imperfeita do matrimônio, que a sociedade não pode abandonar nem melhorar. Em 1931, o historiador britânico de esquerda Richard Henry Tawney já destacava esses limites, em um livro que, aliás, também defendia o igualitarismo.4 O movimento operário, escreveu, acredita na possibilidade de uma sociedade que dá mais valor às pessoas e menos ao dinheiro, mas essa abordagem tem seus limites: “Ao mesmo tempo, ela não aspira a uma ordem social diferente, na qual o dinheiro e o poder econômico não sejam mais o critério do sucesso, mas a uma ordem social do mesmo tipo, na qual o dinheiro e o poder econômico sejam distribuídos de modo um pouco diferente”. Aí está o centro do problema. Dar a todos o direito de poluir é um avanço para a igualdade, mas não para o planeta.

Evitar que se pague muito aos universitários
Marx não dá nenhum espaço à igualdade. Não apenas ele jamais considerou que os salários dos trabalhadores pudessem aumentar de maneira significativa, mas também, ainda que isso acontecesse, em sua opinião, a questão não era essa. O capital impõe os parâmetros, o ritmo e a própria definição do trabalho, do que é rentável e do que não é. Mesmo em um sistema capitalista revestido por formas “confortáveis e liberais”, no qual o trabalhador possa viver melhor e consumir mais porque recebe um salário maior, a situação não é fundamentalmente diferente. O fato de o trabalhador ser mais bem remunerado não muda em nada sua dependência; “melhorar o vestuário, a alimentação, o tratamento e aumentar seu peculiumnão abole a relação de dependência e a exploração do escravo”. Um aumento de salário significa, no máximo, que “o tamanho e o peso dos grilhões de ouro que o empregado forjou para si permitem que eles o apertem um pouco menos”.5
Sempre se pode objetar que essas críticas datam do século XIX, mas Marx teve pelo menos o mérito de se concentrar na estrutura do trabalho, enquanto Piketty não disse uma palavra a esse respeito. Não se trata de saber qual deles está certo sobre o funcionamento do capitalismo, mas de apreender o vetor de suas respectivas análises: a distribuição para Piketty, a produção para Marx. O primeiro quer redistribuir os frutos do capitalismo, a fim de reduzir o fosso entre os rendimentos mais altos e os mais baixos, enquanto o segundo quer transformar o capitalismo e colocar um fim em seu domínio.
Desde a juventude, Marx documentou a miséria dos trabalhadores; ele dedicou centenas de páginas de O capital à jornada de trabalho padrão e às críticas que ela despertou. Também sobre isso Piketty não tem nada a dizer, embora evoque uma greve no início de seu primeiro capítulo. No índice da edição inglesa, na entrada “Trabalho”, lemos: “Ver ‘divisão capital-trabalho’”. Isso é compreensível, já que o autor não está interessado no trabalho propriamente dito, mas nas desigualdades resultantes dessa divisão.
Em Piketty, o trabalho resume-se principalmente ao montante de rendimento. Os surtos de cólera que afloram de vez em quando sob sua pena concernem aos ricos. Ele observa, por exemplo, que a fortuna de Liliane Bettencourt, herdeira da L’Oréal, passou de US$ 4 bilhões para US$ 30 bilhões entre 1990 e 2010: “Liliane Bettencourt nunca trabalhou, mas isso não impediu que sua fortuna aumentasse exatamente com a mesma rapidez da de Bill Gates”. Esse enfoque sobre os mais ricos corresponde bem à sensibilidade do nosso tempo, enquanto Marx, com suas descrições do trabalho de padeiros, lavadeiras e tintureiros pagos por dia, pertence ao passado. A manufatura e a montagem desapareceram dos países capitalistas avançados e prosperam nos países em desenvolvimento, de Bangladesh à República Dominicana. Entretanto, não é porque um argumento é antigo que ele é obsoleto, e Marx, concentrando-se no trabalho, destacava uma dimensão quase ausente de O capital no século XXI.
Piketty documenta a “explosão” da desigualdade, especialmente nos Estados Unidos, e denuncia os economistas ortodoxos, que justificam as enormes diferenças de remuneração pelas forças racionais do mercado. Ele zomba de seus colegas norte-americanos, que “tendem frequentemente a considerar que a economia dos Estados Unidos funciona muito bem e, particularmente, que ela recompensa o talento e o mérito com justiça e precisão” (p.468). Isso, porém, não é de espantar, acrescenta, uma vez que tais economistas estão entre os 10% mais ricos. Como o mundo das finanças, ao qual lhes ocorre oferecer seus serviços, puxa seus salários para cima, eles manifestam uma “vergonhosa tendência a defender seus interesses particulares, dissimulando-os atrás de uma improvável defesa do interesse geral” (p.834).
Para dar um exemplo que não está no trabalho de Piketty, um artigo recente publicado na revista da Associação Americana de Economia6 pretende demonstrar, apoiado em números, que as grandes desigualdades decorrem de realidades econômicas. “Os maiores rendimentos têm talentos raros e únicos que lhes permitem negociar a preço alto o valor crescente de seu talento”, conclui um dos autores, Steven N. Kaplan, professor de Empreendedorismo e Finanças da Escola de Negócios da Universidade de Chicago. Visivelmente, Kaplan tenta puxar a sardinha para seu lado: uma nota de rodapé nos informa que ele “participa do conselho de administração de diversos fundos comuns de investimento” e que foi “consultor de empresas de private equity e capital de risco”. Eis o ensino humanista do século XXI! Piketty explica no início de seu livro que perdeu as ilusões sobre os economistas norte-americanos do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e que os economistas das universidades francesas têm a “grande vantagem” de não serem nem altamente considerados nem muito bem pagos: o que lhes permite manter os pés no chão.
A contraexplicação que ele oferece, no entanto, é no mínimo banal: as enormes diferenças salariais decorrem de tecnologia, educação e costumes. As remunerações “extravagantes” dos “superexecutivos”, “poderoso mecanismo” de aumento da desigualdade econômica, particularmente nos Estados Unidos, não podem ser explicadas pela “lógica racional da produtividade” (p.530-531). Elas refletem as normas sociais atuais, que por sua vez revelam políticas conservadoras que reduziram a tributação sobre os mais ricos. Os chefes de grandes empresas concedem-se salários enormes porque têm a oportunidade e porque a sociedade julga essa prática aceitável, pelo menos nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Marx oferece uma análise muito diferente. Ele se preocupa menos em provar as desigualdades econômicas abissais do que em descobrir as raízes da acumulação capitalista. Piketty explica que essas desigualdades devem-se à “contradição central do capitalismo”: a disjunção entre a taxa de rendimento do capital e a taxa de crescimento econômico. Como a primeira tem necessariamente precedência sobre a segunda, favorecendo a riqueza existente em detrimento do trabalho existente, isso conduz a “terríveis” desigualdades na distribuição da riqueza. Marx talvez concordasse sobre esse ponto, mas, novamente, ele está interessado no trabalho, que considera o local de origem e desenvolvimento da desigualdade. Segundo ele, a acumulação de capital produz, necessariamente, o desemprego, parcial, ocasional ou permanente. Todavia, essas questões, cuja importância dificilmente se poderia negar no mundo de hoje, estão ausentes do trabalho de Piketty.
Marx parte de uma proposta totalmente diferente: é o trabalho que cria riqueza. A ideia pode parecer fora de moda, no entanto, ela assinala uma tensão não resolvida do capitalismo: este precisa da força de trabalho e, ao mesmo tempo, tenta livrar-se dela. Quanto mais os trabalhadores são necessários à sua expansão, mais ele se livra deles a fim de reduzir os custos, por exemplo, automatizando a produção. Marx estudou longamente o modo como o capitalismo gera uma “população trabalhadora excedente relativa”.7 Esse processo assume duas formas fundamentais: ou se demitem trabalhadores, ou se deixa de incorporar novos. Em consequência, o capitalismo fabrica trabalhadores “descartáveis” ou um exército de reserva de desempregados. Quanto mais o capital e a riqueza aumentam, mais o subemprego e o desemprego avançam.
Centenas de economistas tentaram corrigir ou refutar essas análises, mas a ideia de um aumento da força de trabalho excedente parece verdadeira: do Egito a El Salvador e da Europa aos Estados Unidos, a maioria dos países passa por níveis elevados ou críticos de subemprego ou desemprego. Em outras palavras, a produtividade capitalista eclipsa o consumo capitalista. Não importa quão perdulários sejam, os 25 gestores de hedge fundsjamais poderão consumir seus US$ 21 bilhões de remuneração. O capitalismo sobrecarrega-se com aquilo que Marx chama de os “monstros” da “superprodução, superpopulação e superconsumo”. Sozinha, a China certamente é capaz de produzir mercadorias suficientes para abastecer os mercados da Europa, África e América. Mas o que será da força de trabalho no resto do mundo? As exportações chinesas de têxteis e móveis para a África subsaariana resultam numa redução no número de postos de trabalho para os africanos.8 Do ponto de vista do capitalismo, temos um exército em expansão, composto por trabalhadores subempregados e desempregados permanentes, encarnações das desigualdades contemporâneas.
Como Marx e Piketty vão em direções diferentes, é lógico que proponham soluções diferentes. Piketty, ansioso em reduzir as desigualdades e melhorar a distribuição, propõe um imposto global e progressivo sobre o capital, a fim de “evitar uma divergência ilimitada da desigualdade patrimonial”. Embora, como reconhece, essa ideia seja “utópica”, ele a considera útil e necessária: “Muitos rejeitarão o imposto sobre o capital como uma perigosa ilusão, da mesma forma como o imposto sobre a renda foi rejeitado há pouco mais de um século” (p.840). Já Marx não propõe realmente nenhuma solução: o penúltimo capítulo de O capital refere-se às “forças” e “paixões” que nascem para transformar o capitalismo. A classe trabalhadora inauguraria uma nova era, na qual reinariam “a cooperação e a propriedade comum da terra e dos meios de produção”.9 Em 2014, essa proposta também é utópica – ou até redibitória, dependendo de como se interpreta a experiência soviética.
Não é preciso escolher entre Piketty e Marx. Para falar como o primeiro, trata-se de esclarecer suas diferenças. O utopismo de Piketty – e esse é um de seus pontos fortes – consiste numa dimensão prática, na medida em que ele fala a linguagem familiar dos impostos e da regulação. Ele espera uma cooperação mundial, e até um governo mundial, para pôr em prática um imposto também mundial que evitaria uma “espiral infinita de desigualdade” (p.835). Ele propõe uma solução concreta: um capitalismo à sueca, que enfrentou seus desafios eliminando as disparidades econômicas extremas. Ele não trata da força de trabalho excedente, do trabalho alienado e da sociedade movida pelo dinheiro e pelo lucro; ao contrário, aceita-os e quer que façamos o mesmo. Em troca, dá-nos algo que já conhecemos: o capitalismo, com todas as suas vantagens e menos inconvenientes.

Os grilhões de ouro e as flores vivas
No fundo, Piketty é um economista muito mais convencional do que ele mesmo pensa. Seu elemento natural são as estatísticas sobre níveis de rendimentos, os projetos de tributação, as comissões encarregadas desses assuntos. Suas recomendações para reduzir as desigualdades resumem-se a políticas fiscais impostas de cima para baixo. Ele mostra-se perfeitamente indiferente aos movimentos sociais, que já foram capazes de questionar a desigualdade e poderiam voltar a fazê-lo. Ele parece, aliás, mais preocupado com o fracasso do Estado em reduzir a desigualdade do que com a desigualdade propriamente dita. E, embora convoque com frequência e com pertinência, romancistas do século XIX, como Honoré de Balzac e Jane Austen, sua definição do capital permanece demasiado econômica e redutora. Ele não leva em conta o capital social, os recursos culturais e o know-how acumulado com os quais podem contar os mais afortunados e que facilitam o sucesso de sua prole. Um capital social limitado condena tanto à exclusão como uma conta bancária vazia, mas sobre esse assunto Piketty também não tem nada a dizer.
Marx nos dá ao mesmo tempo mais e menos do que isso. Seu questionamento, embora mais profundo e amplo, não oferece nenhuma solução prática. Poderíamos qualificá-lo de utópico antiutópico. No posfácio à segunda edição alemã de O capital, ele zomba daqueles que tentam escrever “receitas para as cozinhas do futuro”.10 E, ainda que uma certa visão a respeito possa ser apreendida de seus escritos econômicos, ela não tem grandes relações com o igualitarismo. Marx sempre combateu a igualdade primitivista, que decreta a pobreza para todos e a “mediocridade geral”.11 Embora reconheça a capacidade do capitalismo para produzir riqueza, ele rejeita seu caráter antagônico, que subordina o conjunto do trabalho – e da sociedade – à busca pelo lucro. Mais igualitarismo só faria democratizar esse mal.
Marx sabia da força dos “grilhões de ouro”, mas considerava possível quebrá-los. O que aconteceria se chegássemos a isso? Impossível dizer. A melhor resposta que Marx nos ofereceu talvez esteja em um texto de juventude no qual ele ataca a religião e, já então, os grilhões cobertos por “flores imaginárias”: “A crítica destrói as flores imaginárias que adornam os grilhões não para que o homem carregue seus grilhões sem sonhos e sem consolo, mas para que se livre dos grilhões e colha as flores vivas”.12 

Russell Jacoby
Russell Jacoby é professor de História da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Autor de The last intellectuals [Os últimos intelectuais] (1987), The end of utopia [O fim da utopia] (1999) e, mais recentemente, Les ressorts de la violence. Peur de l’autre ou peur du semblable?[As molas da violência. Medo do outro ou medo do semelhante?], Belfond, Paris, 2014.


Ilustração: David Shankbone/CC

1  Allan Bloom, The closing of the American mind, Simon & Schuster, Nova York, 1987. Essa obsessão conservadora de uma decadência da educação foi sistematizada na França pelo ensaísta Alain Finkielkraut.
2  Chris Giles, “Data problems with Capital in the 21st century” [Problemas nos dados de O capital no século XXI], Financial Times, Londres, 23 maio 2014, e a resposta de Thomas Piketty, “Technical appendix of the book – Response to FT” [Apêndice técnico do livro – Resposta ao FT], 28 maio 2014. Disponível em: .
3  Movimento político operário do meio do século XIX, no Reino Unido.
4  Richard Henry Tawney, Equality[Igualdade], Allen & Unwin, Londres, 1952.
5  Karl Marx, Le capital. Livre I [O capital. Livro I], tradução francesa dirigida por Jean-Pierre Lefebvre, Presses Universitaires de France, Paris, 1993, p.693.
6  Steven N. Kaplan e Joshua Rauh, “It’s the market: the broad-based rise in the return to top talent” [É o mercado: o crescimento de base ampla no retorno dos melhores talentos], Journal of Economic Perspectives, v.27, n.3, Nashville, 2013.
7  Ibidem.
8  Raphael Kaplinsky “What does the rise of China do for industrialization in Sub-Saharan Africa?” [O que o crescimento da China faz com a industrialização da África subsaariana?],Review of African Political Economy, v.35, n.115, Swine (Reino Unido), 2008.
9  Karl Marx, op. cit., p.855-857.

10  Ibidem, p.15.

11  Ibidem, p.854.
04 de Agosto de 2014
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