quinta-feira, 9 de março de 2023

Bolsonaro pediu pelo telefone a chefe da Receita liberação de joias para Michelle

 FONTE: DCM

Ex-presidente Jair Bolsonaro e Julio Cesar Vieira Gomes, ex-chefe da Receita Federal. (Foto: Reprodução)

O então chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes, recebeu do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o pedido da liberação das joias presenteadas pela Arábia Saudita e apreendidas pela alfândega no aeroporto de Guarulhos, São Paulo. O pedido teria sido realizado por Bolsonaro por telefone em dezembro do ano passado. As informações foram divulgadas pela Folha de S.Paulo.

A revelação da informação contradiz a versão apresentada pelo ex-capitão durante evento no final de semana nos Estados Unidos, quando tentou se desvincular do caso, dizendo não ter ficado sabendo dos presentes barrados na alfândega e negando tentativa de trazê-los de forma ilegal.

Há divergências apenas no que se diz respeito de quem partiu a iniciativa da ligação. Alguns relatos contam que assim que Julio Cesar tomou conhecimento da apreensão dos itens, entrou em contato com Bolsonaro. Nesta versão, Bolsonaro não teria conhecimento da existência das joias até a ligação do secretário da Receita. Outros relatos apontam que a ligação teria partido do próprio ex-presidente.

A partir do momento em que Bolsonaro teria tomado conhecimento dos itens, teria entrado em contato com seu ex-ajudante de ordens e homem de confiança, o coronel Mauro Cid,  para acertar com Julio Cesar os trâmites burocráticos para o desembaraço do material.

Procurados, Mauro Cid e Julio Cesar não quiseram se manifestar.

Os itens foram apreendidos pela Receita Federal em outubro de 2021, quando um então assessor do Ministério das Minas e Energia tentou passar pela alfândega do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, sem declarar as peças. O conjunto da marca suíça Chopard com colar, brincos, relógio e anel é avaliado em R$ 16,5 milhões.

Bolsonaro se manifestou sobre o assunto no último sábado (4), após evento nos Estados Unidos, e disse que não pediu nem recebeu qualquer tipo de presente em joias do governo da Arábia Saudita.

Nesta quarta-feira (8), o subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) encaminhou representação à corte com pedido de apuração do caso das joias. O caso segue sendo investigado.



quarta-feira, 8 de março de 2023

DIAMANTES | Governo Bolsonaro excluiu joias em lista de "presentes" da ditadura Saudita

No mesmo dia em que assessor do ministro Bento Albuquerque tentou entrar com conjunto de joias, governo Bolsonaro inclui no acervo presidencial um manto, um lenço, um broche e uma escultura dados pelos árabes.

FONTE: Site Revista Fórum

FOTO: Presidência da República/Reprodução


No mesmo dia em que uma comitiva do Ministério de Minas e Energia tentou entrar no Brasil com um conjunto de joias no valor de R$ 16,5 milhões, o governo Jair Bolsonaro (PL) apresentou uma lista com quatro presentes do Reino da Arábia Saudita para serem incorporados ao acervo presidencial.

Segundo reportagem do jornal O Globo, no dia 26 de outubro de 2021, o governo incorporou à lista do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, vinculado diretamente ao Gabinete Pessoal do Presidente da República um manto, um lenço, um broche e uma escultura dados pela Arábia Saudita.

No entanto, o conjunto com colar, anel, relógio e um par brincos de diamantes, trazidos na mochila de um assessor do ministro Bento Albuquerque, não foi incluído no rol do acervo presidencial e acabou apreendido pela Receita Federal no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.

Lista de presentes

Segundo a Folha de S.Paulo, a Arábia Saudita deu presentes ao ex-presidente quatro vezes durante seu mandato, incluindo os estojos de joias que foram entregues ao ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, em outubro de 2021.

A primeira vez que o antigo ocupante do Palácio do Planalto foi agraciado pelo reino, em 11 de novembro de 2019, um estojo semelhante ao que é pivô do escândalo das joias, contendo relógio, abotoaduras, caneta, anel e uma espécie de rosário árabe, foi dado a ele e os itens foram catalogados na Presidência da República como de “acervo privado”.

Outra reportagem, do Estadão, revela que um segundo estojo com itens de luxo da marca suíça Chopard (relógio, abotoaduras, caneta, anel e uma espécie de rosário árabe) foi entregue pessoalmente ao ex-mandatário nacional, no Palácio do Alvorada.



terça-feira, 7 de março de 2023

A Síndrome de Estocolmo espreita o governo

 FONTE: Outras Palavras

Crescem os sinais de que o Planalto acomoda-se a pressões neoliberais e fisiológicas – que o aprisionam e chantateiam. Tendência precisa ser revertida rápido, ou apequenará Lula III e o deixará sem defesas diante de crise à vista


Foto: Ricardo Stuckert

O neoliberalismo é um tempo de crimes silenciosos. O Conselho de Administração da Petrobrás decidiu na quarta-feira (1º/3) que nada sobrará, para a empresa ou a reconstrução nacional, do gigantesco lucro obtido em 2022, graças à exploração do petróleo brasileiro. Foram R$ 188,3 bilhõesduas vezes mais que o alcançado no mesmo ano por Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, somados. Mas a fortuna será, mais uma vez, desviada.

Assim como faziam sob Bolsonaro, os conselheiros – nomeados em sua maioria pelo ex-presidente – decidiram distribuir, aos rentistas que possuem ações da empresa (em sua maioria privados e estrangeiros), os ganhos relativos ao quarto trimestre. Serão R$ 37,8 bilhões. O engenheiro Ildo Sauer nota: o dinheiro seria suficiente para construir uma refinaria capaz de processar 1 milhão de barris de petróleo por dia, gerar milhares de empregos e tornar o Brasil, de novo, autossuficiente na produção de combustíveis.

Ao longo dos últimos doze meses, os acionistas-rentistas terão recebido R$ 215,8 bilhões. A soma permitiria multiplicar por vinte o orçamento do Minha Casa Minha em 2023; e por 21 o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia. Também equivale a 22 vezes todo investimento da própria Petrobrás ao longo do ano passado. Hoje, o Estado brasileiro oferece a cada três dias, aos especuladores que sugam a Petrobrás, tudo o que o ministro Sílvio Almeida poderá gastar em quatro anos para defender os Direitos Humanos e a Cidadania dos brasileiros.

II.

Detentor da maioria das ações com direito a voto na Petrobrás, o Estado brasileiro poderia reagir à rapina de três maneiras, sempre nos limites da lei. A primeira seria estabelecer sua vontade, legitimada pelas urnas. Bastaria, por exemplo, substituir os membros da diretoria e do Conselho de Administração que representam a União, e foram nomeados por Bolsonaro. É um ato natural e corriqueiro em qualquer empresa privada ou estatal do mundo, lembra o advogado Gilberto Bercovici, titular da cátedra de Direito Econômico da Faculdade de Direito da USP – e não está limitado pela “lei das estatais”.

Se não desejasse chegar a tanto, o governo poderia lançar mão de uma iniciativa política ao mesmo tempo criativa e constrangedora. Um conjunto de personalidades – parlamentares, sindicalistas, intelectuais, artistas, influenciadores – iria a Brasília para pedir ao Tribunal de Contas da União, em caráter liminar, que suste o desperdício do dinheiro de uma empresa pública. Foi o que fez, em janeiro – de forma solitária, mas com repercussão notável – o geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração da Petrobrás e reconhecido como o descobridor do Pré-Sal. Uma ação coletiva repercutiria junto à opinião pública e certamente colocaria em pauta um tema hoje oculto pela mídia.

Por fim, em caso de moderação ainda maior, o governo poderia resignar-se e assumir o prejuízo – cuidando, porém, de nomear para o próximo período (que começa em abril, na assembleia geral da empresa) um Conselho de Administração em sintonia com os novos tempos. Não é isso o que se desenha. Embora defensora de Lula, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) aponta que o Executivo está indicando, para compor o conselho, pessoas interessadas na privatização da Petrobrás – entre elas, bolsonaristas notórios. Ao que parece, o governo delegou a designação ao ministro das Minas e Energia, o ex-senador Guilherme Silveira, um dos “donos” do PSD.

Permitir que a Petrobrás continue influenciada por políticas privatistas é chicote para a empresa e veneno para o governo. Um quarto do mandato de Lula transcorrerá sob o Orçamento de devastação nacional aprovado por Bolsonaro. Também por isso, a vida da maioria dos brasileiros não melhorou e a esperança começou a regredir. As estatais e os bancos públicos podem ser um grande respiro – desde que orientados para novas políticas. Mas o que acontece se, na ausência de um programa de reconstrução nacional efetivo, eles são entregues aos partidos fisiológicos como moeda de troca para obter maiorias parlamentares fugazes?

III.

As respostas já estão aparecendo. O neoliberalismo e o fisiologismo são como uma quadrilha que age de forma combinada para manter o governo em cativeiro e exigir sempre mais. Na terça-feira (28/2), o ministro Fernando Haddad atendeu às pressões do mercado por um “ajuste fiscal” e restabeleceu parcialmente os impostos federais sobre combustíveis. Pensou que satisfaria os abutres. Não foi preciso esperar 24 horas para que a banda do Centrão que apoia o Planalto anunciasse que só aprovará a medida – considerada “impopular” – se obtiver “compensação”. Em outra frente, a maior parte dos deputados do partido União Brasil, que amealhou três ministérios no governo, aderiu ao pedido de convocação de uma CPI-fake, cujo objetivo é embaralhar as investigações sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro. Diante das pressões, o governo recua amedrontado. Na quinta-feira (2/3), já se falava em adiar ao máximo a votação da medida provisória que reonera os derivados de petróleo.

Em poucas semanas de governo, a estratégia dos conservadores para contenção do governo Lula já está clara. A mídia liberal dispara contra as ousadias. A parte interessante do pacote de Fernando Haddad sobre combustíveis – um imposto de exportação sobre o petróleo cru, que estimula a construção de refinarias no país – foi qualificada como medida abilolada” pela mídia. Em seguida, o Centrão recolhe os despojos. Troca o apoio às medidas do governo por concessões fisiológicas de cargos e verbas. Ao fazê-lo, fornece combustível para novas críticas da mídia e obriga o governo, enfraquecido, a pagar ainda mais pelos votos no Congresso. O jogo se repete ao infinito. Quanto mais gira a roda do pragmatismo, mais se esvaem as esperanças da população na democracia e se cria caldo de cultura para o fascismo.

IV.

Como reagir? Estabeleceu-se na prática, entre a esquerda, a noção de que, quando se está no governo, é preciso agir nos limites do jogo institucional. Questionar as instituições liberais seria desatino político. Favoreceria a ultradireita, em especial após a emergência de Bolsonaro.

Mas a disjuntiva entre curvar-se às instituições e atentar contra elas é falsa. Há uma alternativa a estas duas posturas. Implica, nas condições atuais, respeitar as regras da democracia liberal; exercendo, porém, pressão social permanente sobre o poder de Estado. Não é algo novo. Os movimentos sociais, que então renasciam, adotaram esta postura durante todo o período de ascenso das lutas populares que se estendeu entre o fim dos anos 1970 e 1988. Alcançaram, com isso, o fim da ditadura pós-1964 e a Constituição mais avançada da história do país. A pressão sobre as instituições voltou a ser exercida na resistência aos governos neoliberais, entre 1990 e 2002. Mas esmaeceu entre 2002 e 2016, sob Lula e Dilma, quando boa parte das antigas lideranças sociais instalou-se em postos no Parlamento e no Executivo.

Foi certamente por identificar este problema que o próprio Lula fez, antes e depois assumir novamente a presidência, discursos em que incentivava as críticas e a pressão sobre o governo. A inércia institucional é, porém, uma força persistente e pervasiva. Agora, será preciso um novo esforço para rompê-la.

V.

Crescem os sinais de que a relativa calmaria que caracteriza os inícios de governo está no fim. As más notícias vêm da economia. A insistência do Banco Central em manter taxas de juros elevadíssimas está produzindo efeitos desastrosos. Os investimentos do setor privado estão na lona. Ninguém se dá ao trabalho e aos riscos de produzir quando pode, em vez disso, multiplicar seu capital às custas do Tesouro – e a um ritmo de 8,5% ao ano acima da inflação (maior que o crescimento do PIB chinês…). Para piorar, a quebra das Americanas espalhou pânico nos circuitos de crédito e tornou ainda mais penosa a rolagem das dívidas das empresas. Se não houver reviravolta, explica o economista Paulo Nogueira Baptista Jr., a expectativa é de que, na melhor das hipóteses, o ano termine com crescimento zero. Uma recessão não está descartada e teria consequências políticas nefastas.

O Estado tem meios para agir – desde que supere a tendência a se acomodar aos limites institucionais e às chantagens do fisiologismo. Economistas como André Lara Resende e grandes conhecedores do Orçamento e das contas públicas, como a procuradora Élida Graziane, têm sugerido ao governo repensar as duas prioridades que está estabelecendo em sua pauta no Congresso. A “reforma” tributária em tramitação não avançará rumo à justiça fiscal, nem ampliará as receitas públicas. Por afetar interesses menores, é de difícil aprovação, tendendo a consumir capital político do Executivo. E o “novo arcabouço fiscal” em que trabalha o ministro Fernando Haddad é, por definição, uma lei que limita os gastos e a ação econômica do Estado – quando o necessário agora é expandi-los fortemente.

As crises têm, às vezes, o poder de despertar. Em 2008, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, respondeu ao derretimento dos mercados financeiros globais com um conjunto de estímulos à economia que se mostrou altamente eficaz. Ele deveria inspirar atitude semelhante agora, inclusive com correção dos erros da época. O crédito e os recursos do Estado poderiam ser direcionados não a financiar empresas privadas – mas a um grande programa de realização de objetivos nacionais. Por exemplo: universalizar o acesso à água e saneamento, despoluir os rios urbanos e áreas costeiras, iniciar a transição energética, multiplicar o transporte público, garantir a excelência do SUS e reconstruir a escola pública. Cada uma destas ações é capaz de gerar centenas de milhares de ocupações dignas, de todos os níveis; e de abrir, por tabela, um vastíssimo leque de oportunidades para investimento privado produtivo.

Resgatar o Brasil da mediocridade a que se acostumou é tarefa muito árdua. Ninguém melhor que Lula – com sua imensa capacidade de politização didática e comunicação popular – para liderar esta virada. Ela exigirá mobilizar o que a sociedade tem de melhor. Mas requer um governo liberto da Síndrome de Estocolmo.




Extrema direita levanta, anda e se rearticula para 2024. Por Moisés Mendes

Ex-presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução)


Alguns nomes de expressão do bolsonarismo, que atuavam no entorno do governo, sem mandatos e sem crachá de político, recolheram armas desde o 8 de janeiro. Mas só para efeito de exposição pública.

Militantes e operadores de ponta da extrema direita, com dinheiro e poder na estrutura fascista, recuaram estrategicamente.

Uns poucos chegaram a erguer bandeira branca e pedir trégua sem constrangimentos. Houve até quem mandasse flores virtuais para Lula.

Mas a máquina mais agressiva do bolsonarismo, que deu shows na posse de Lula e no 8 de janeiro, pode não ter sido desmontada. Está apenas inativa para grandes espetáculos.

É um recuo natural em consequência da imprevisibilidade dos desdobramentos das ações de Alexandre de Moraes para conter manés que viraram patriotas e patriotas que viraram terroristas.

As esquerdas não precisam de um setor formalmente organizado de inteligência para saber que o fascismo age atrásdo palco e reagrupa tropas que se dispersaram um pouco em Brasília e nas grandes capitais.

E não precisa de arapongas para obter informações sobre o ativismo virtual e real do bolsonarismo na vida cotidiana das pequenas e médias cidades.

 

Não se trata de supor o óbvio, que a extrema direita continua organizada e hegemônica no Brasil profundo da bandidagem, do latifúndio predador e da grilagem.

Nem no Brasil do agro pop ou dos vinhos produzidos por trabalho escravo em redutos tomados pelos maus modos do capitalismo escravocrata.

Não busquem fascismo organizado onde ele não se desorganiza. Procurem em ambientes em que o ativismo dessa turma pode parecer difícil no momento.

Quem tem contato mínimo com o Brasil das paróquias sabe que o bolsonarismo continua ostensivo, com laços de convivência ativos e até revitalizados.

O que a agência MAP captou em fevereiro, em análise de perfis de direita e esquerda nas redes sociais, é a realidade observada com método.

A MAP mostra que as redes sociais são a prova da resiliência do bolsonarismo, apesar das adversidades. E, no caminho inverso, revela acomodação e desmobilização das esquerdas desde as eleições.

Os perfis considerados de direita tiveram em fevereiro 30,7% dos engajamentos (interações com os espaços) do total das redes e 87% deles se apresentaram como bolsonaristas. Bolsonaro ficou com 41,9% de aprovação.

Os perfis assumidamente de esquerda tiveram 13% de participação no total, e Lula teve aprovação em 54% dos comentários. Lula tem boa aprovação, mas com redução de engajamento das esquerdas nas redes.

É como se, passada a eleição e com o desmonte dos acampamentos e a prisão de terroristas, as esquerdas tivessem ido tirar uma sesta. Enquanto a direita atordoada se mantém acordada.

Esses dados podem se alterar com as sequelas das notícias sobre as joias das arábias de Michelle (que está bem nas redes sociais) e o que ainda deve aparecer?

Não parece ser esse o tipo de informação que abale o bolsonarismo. A pesquisa MAP indica mais do que resistência. É a reversão de humores, depois das invertidas de janeiro.

A quem pergunta por mais indícios do reagrupamento da direita, o melhor conselho é o da política do século 20: vá a campo conferir ou converse mais com o Brasil real.

A direita pode estar com maior ânimo para daqui a pouco fazer movimentos mais fortes na montagem de um cenário que se avizinha, o da campanha eleitoral para as eleições municipais.

O Brasil interiorano já está com cabeça na eleição de 2024. A política vai retomar a fervura, quando teremos uma ideia do tamanho do bolsonarismo após o abalo da derrota do ano passado e do fracasso do golpe.

Qual é o nível de fidelidade bolsonarista dentro da direita em cidades que talvez não tenham tempo nem vontade de encontrar soluções fora do que existe desde 2018?

O interior bolsonarista levanta-se e anda e aguarda o desfecho da possível inelegibilidade de Bolsonaro para saber se ele e/ou Michelle continuarão vivos, considerando-se o que ainda pode aparecer nas caixas de joias das arábias.

A extrema direita vive e pode, mesmo que redimensionada e reformatada, ter forças para caminhar sem Bolsonaro.

FONTE: DCM, Blog do Moisés Mendes 

Idoso é resgatado após 40 anos de trabalho escravo em fazenda no sul de Minas

 FONTE: DCM

Idoso, conhecido como João, foi resgatado de trabalho escravo. Foto: Reprodução

Um idoso de 74 anos, conhecido como “João do Brejo”, foi resgatado no fim de janeiro de condições análogas à escravidão na fazenda de café Boa Vista, em Bueno Brandão, no sul de Minas Gerais. Indocumentado, o homem vivia em situação degradante há pelo menos 40 anos.

A operação ocorreu entre os dias 24 e 30 de janeiro e foi coordenada por Auditores-Fiscais do Trabalho do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, vinculados à Secretaria de Inspeção do Trabalho.

O idoso chegou à fazenda em 1984, de acordo com o relato do empregador às autoridades. Segundo ele, João estava perdido e procurava uma oportunidade de trabalho. Desde então, ele era ordenado a executar tarefas na fazenda, como capinar os pastos, cultivar café e cuidar dos porcos.

João, que possui deficiência visual e cognitiva, trabalhava unicamente em troca de comida, sem receber nenhum tipo de remuneração. Segundo o portal de notícias BHAZ, o idoso foi encontrado vivendo em uma casa sem a mínima condição de dignidade humana. No local, ele dormia em uma espuma suja.



segunda-feira, 6 de março de 2023

PRESENTE OU PROPINA? | Dino aciona PF para investigar joias sauditas e ouvir Michelle e Bolsonaro sobre o caso

 Polícia Federal avalia que ex-primeira-dama e ex-presidente devem ser ouvidos sobre “itinerário em tese criminoso” no caso dos presentes milionários

FONTE: Rede Brasil Atual


O primeiro presente, que seria para Michelle, reunia conjunto de joias e relógio estimados em R$ 16,5 milhões | FOTO: Reprodução

São Paulo – O ministro da Justiça, Flávio Dino, acionou a Polícia Federal para investigar a suposta tentativa do governo anterior de se apropriar de joias enviadas pelo governo da Arábia Saudita em 2021 sem pagar impostos. Jair Bolsonaro e sua mulher, Michelle, seriam os destinatários das joias, alegadamente “presentes” do governo saudita ao casal. “No caso, havendo lesões a serviços e interesses da União, assim como à vista da repercussão internacional do itinerário em tese criminoso, impõe-se atuação investigativa”, diz o ministro, em ofício emitido nesta segunda-feira (6).

Por outro lado, a PF avalia que Michelle e também Bolsonaro devem ser ouvidos no inquérito sobre o caso. Não há data para o eventual depoimento do casal. Agentes ouvidos pela jornalista Bela Megale, de O Globo, teriam revelado que os primeiros depoimentos seriam de funcionários da Receita Federal envolvidos com a apreensão das peças avaliadas em R$ 16,5 milhões.

Os investigadores creem que é preciso apurar quais autoridades e funcionários do antigo governo pressionaram pela liberação das joias e como, diz a colunista.

As informações dão conta de que, depois da apreensão, houve oito tentativas do ex-governo de Bolsonaro para tomar posse dos objetos. Esses esforços teriam partido dos ministérios das Relações Exteriores, Minas e Energia e também do gabinete presidencial. Dois pacotes foram entregues pelo governo saudita a representantes brasileiros destinados ao casal presidencial, segundo o que se divulgou.

primeiro presente, que seria para Michelle, reunia um conjunto de joias e relógio estimados em  R$ 16,5 milhões. A Receita apreendeu essa entrega, no aeroporto de Guarulhos (SP), na bagagem de um militar. Marcos André dos Santos Soeiro era assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque.

Segundo pacote

Enquanto o primeiro pacote seria presente a Michelle, o segundo – relógio, caneta, abotoaduras, anel e rosário, da marca suíça de diamantes Chopar – seria para Bolsonaro. Esse conjunto não foi interceptado pela Receita e não há ainda estimativa de seu valor.

Segundo a Folha de S.Paulo, o então assessor do Ministério de Minas e Energia Antônio Carlos Mello justificou a demora para entrega dos itens ao Estado. “Demorou-se muito nesse processo para dizer quem vai receber quem não vai receber, onde vai ficar onde não vai ficar. Só não podia ficar no ministério nem ninguém utilizar”, disse.



domingo, 5 de março de 2023

Jorge Souto Maior: por trás do escândalo do trabalho escravo está o escândalo da terceirização

 FONTE: Brasil de Fato


"Temos milhões de pessoas no Brasil trabalhando em condições degradantes, que não afetam nossas instituições, a não ser que se tornem casos midiáticos" - Foto: EBC

As notícias dos últimos dias fizeram o Brasil discutir as implicações do trabalho escravo contemporâneo. Mais de 200 pessoas foram resgatadas em situação análoga à escravidão trabalhando nas colheitas de uva das vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton, no Rio Grande do Sul. Em São Paulo, outras 32 pessoas resgatadas de uma fazenda que fornece cana para o açúcar Caravelas, da Colombo Agroindústria S/A, conforme revelou o Brasil de Fato com exclusividade.

Em comum nos dois casos, empresas tentam se eximir de responsabilidade e culpam terceirizadas contratadas para fornecer mão-de-obra.

Buscando entender como esse fatos recentes se relacionam com a história do trabalho no Brasil, com a herança de quatro séculos de escravagismo e também com as últimas reformas nas leis trabalhistas do país, o Brasil de Fato entrevistou o jurista Jorge Luiz Souto Maior, desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 15º Região e professor de Direito do Trabalho na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

"O Supremo Tribunal Federal, a grande mídia, grandes juristas, os juristas trabalhistas, empresas, associações, todos eles contribuíram para difundir e naturalizar a terceirização como uma forma de melhorar a economia, mas eles mentiram sobre a terceirização para realmente excluir a responsabilidade social das empresas", analisou o jurista.

Se por um lado, representantes dos empresários e políticos evocaram argumentos preconceituosos e escravagistas como justificativas, o assunto também gerou comoção e revolta.

"E isso é importante. Mas muitos que se comovem, principalmente a grande mídia, não refletem sobre a sua própria contribuição histórica para essa situação, como a reforma trabalhista e a terceirização, que estão envolvidas em praticamente todas essas notícias", explicou Souto Maior.

Leia a entrevista completa abaixo:

Brasil de Fato: Em 2019, numa entrevista publicada pelo Brasil de Fato, o senhor declarou que o Brasil era um "laboratório da retração dos direitos trabalhistas". Temos acompanhado as reações ao resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão em grandes vinícolas do Rio Grande do Sul, e vemos que muitos dos argumentos que se utilizavam à época (para justificar a Reforma Trabalhista) voltam a ser utilizados para justificar o injustificável. O que essa repetição de argumentos nos diz sobre o mundo do trabalho no Brasil?

Jorge Souto Maior: A fala de 2019 estava ligada à experiência específica da reforma trabalhista, que veio nesse contexto de algumas outras reformas trabalhistas ocorridas no mundo, no mesmo período ou até um pouco antes, mas não com a mesma profundidade que a verificada no Brasil em termos de retração de direitos.

O mundo todo olhava para o Brasil nessa perspectiva de como seria possível fazer uma reforma com tanta redução de direitos, como se fosse um laboratório. Em nenhum país se fez o que foi feito no Brasil, que não foi propriamente uma reforma, mas um achatamento muito grande dos direitos trabalhistas, a partir de um movimento antidemocrático que gerou repercussões na ordem política.

Foi muito grave, e também do ponto de vista das fundamentações que foram utilizadas para se chegar a ter aquele ponto da redução de direitos trabalhistas. Argumentos falaciosos, sempre pela necessidade econômica, de que direitos dos trabalhadores impedem o movimento econômico e a competitividade. Coisas mentirosas, porque a classe trabalhadora no Brasil nunca foi privilegiada, muito pelo contrário.

Essas mentiras e falácias fazem mal como um todo, quando são repetidas exaustivamente passam a ser encaradas como verdades e acabamos naturalizando a mentira.

Esse processo é um processo que se espraiou para outras áreas da nossa realidade, como as fake news, que provocaram, alimentaram e justificaram tantas outras mentiras, revisões históricas que causaram muito mal à realidade das pessoas. Verificamos isso desde 2018 até o presente, quando fomos atropelados por uma irracionalidade e brutalidade impressionantes, talvez nunca vistas ou, pelo menos, nunca assumidas tão claramente assim na realidade brasileira.

É uma divida que temos, de aceitar essas mentiras e de acomodarmo-nos a elas, sobretudo para aprofundar o sofrimento da classe trabalhadora, como a reforma trabalhista fez. Mas isso não significa dizer que as condições de trabalho, de vida e os direitos trabalhistas propriamente ditos tenham sido em algum momento da nossa história próximos do ideal ou do necessário.

Nossa experiência de trabalho assalariado com plenos direitos e direitos sociais efetivos é bem curta, não chega a 100 anos.

É triste reconhecer que, historicamente, sempre houve exploração do trabalho no país. Essas mazelas fazem parte da nossa realidade. Não podemos ignorar os problemas e horrores, como a reforma trabalhista de 2017, mas também não podemos pensar que tudo estava bem antes dela.

Quando vemos os casos recentes de trabalho em condições análogas à escravidão, como na produção de vinho no sul do país, essas notícias não são consequências da reforma trabalhista. Na verdade, há registros históricos de exploração do trabalho em condições deploráveis. É importante lembrar da Cosan, em 2011, entre outros casos. Grandes empresas envolvidas com trabalho escravo no Brasil.

A gente não pode esquecer que temos mais de 400 anos de história de escravidão no Brasil em pouco mais de 500 anos. A legislação trabalhista só começou a ser efetivada a partir da década de 1930. Então, nossa experiência de trabalho assalariado com plenos direitos e direitos sociais efetivos é bem curta, não chega a 100 anos. Nossa história é marcada pela escravidão e todos os seus males e problemas.

O impacto dessa notícia específica sobre trabalho em condições análogas às de escravos gera comoção social. E isso é importante. Mas muitos que se comovem, principalmente a grande mídia, não refletem sobre a sua própria contribuição histórica para essa situação, como a reforma trabalhista e a terceirização, que estão envolvidas em praticamente todas essas notícias.

De que forma se dá essa relação entre reforma trabalhista, terceirização e esses casos de trabalho análogo à escravidão?

O Supremo Tribunal Federal, a grande mídia, grandes juristas, os juristas trabalhistas, empresas, associações, todos eles contribuíram para difundir e naturalizar a terceirização como um fator de reengenharia da produção, como uma forma de melhorar a economia. Todo mundo sabe disso, não é mesmo?

Mas eles mentiram sobre a terceirização para realmente excluir a responsabilidade social das empresas, transferindo-a para outras empresas com menos capital ou sem capital algum. Isso levou a uma pressão cada vez maior nas empresas subcapitalizadas, que precisam competir com outras empresas para prestar serviços e, por sua vez, acabam conduzindo a exploração do trabalho a níveis que estamos vendo hoje.

A terceirização corre solta em todas as instituições públicas do país.

E aí vem o Supremo Tribunal Federal e diz: 'não, a terceirização é boa, a terceirização é uma reengenharia de produção'. E no final, agora vivemos um momento em que há terceirização da atividade-fim, ou seja, de tarefas essenciais, com a desculpa da liberdade econômica e outros argumentos. Isso nos leva a uma situação presente como a do trabalho em condições análogas à escravidão na produção do vinho no sul do país, que comove a todos, mas ao mesmo tempo não gera autocrítica, nem culpa pessoal. Não serve para refletir sobre o equívoco da terceirização, do rebaixamento dos direitos trabalhistas, do rebaixamento da ação dos sindicatos, os equívocos que vêm se cometendo historicamente no Brasil quanto aos direitos sociais previstos na Constituição e nos tratados internacionais. Ninguém reflete sobre nossos problemas que conduzem a essa realidade.

Essa realidade não ocorre apenas no Rio Grande do Sul, mas em todo o país, em situações como na produção de pisos, no trabalho doméstico, no trabalho de motoristas de caminhão, no trabalho de cortadores de cana e no trabalho de vendedoras ambulantes. Temos milhões de pessoas no Brasil trabalhando em condições degradantes, que não afetam nossas instituições, a não ser que se tornem casos midiáticos. As pessoas começam a se mobilizar, mas não contra o cotidiano escravista da realidade brasileira, quanto a isso ninguém se manifesta. A terceirização, por exemplo, corre solta em todas as instituições públicas do país.

Se por um lado, uma parte da sociedade se sensibiliza, mas não faz essa reflexão sobre o que há por trás da terceirização, por outro lado, uma parcela da sociedade se mobiliza para defendê-la. Esse tipo de situação que levanta questionamentos sobre o pensamento da elite brasileira e sobre os caminhos para superar essa herança escravagista.

Temos um problema histórico, mas na realidade atual, talvez tenhamos um problema adicional gerado pela explicitação, a naturalização do ódio e da bestialidade. Muitas pessoas buscam argumentos lógicos e racionais para explicar o inexplicável e encontram motivação para retomar um retrocesso ao período da própria escravidão.

Estamos retomando teorias racistas de supremacia e intelectualidade que justificam a escravidão. É preocupante quando entidades que se dizem defensoras do desenvolvimento sustentável, ético dos negócios e empreendimentos econômicos, como o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves, fazem uma defesa das vinícolas sem se preocupar minimamente com a questão da terceirização, com o que ocorreu com aquelas pessoas. Está preocupada com a preservação das empresas e defendê-las, dizendo que elas, coitadas, não sabiam que aquilo estava acontecendo com os trabalhadores e trabalhadoras, né? Porque, afinal de contas, a empresa empregava uma empresa prestadora de serviços, né? Era a tal terceirização.

Isso também fez a Cosan, isso também fez a Zara. Sempre que a terceirização e as condições análogas à escravidão aparecem na produção em rede dessas empresas, elas sempre têm esse argumento de que são as empresas prestadoras de serviços que fazem isso. Não são elas, né?

Nosso capitalismo está ao mesmo nível do trabalho em condições análogas a de escravizados.

E um argumento ainda mais ofensivo, ofensivo à nossa condição humana, é o de que o que aconteceu está justificado porque havia pouca mão-de-obra disponível. Primeiro não tem lógica nem econômica dizer isso, porque, se a mão de obra é escassa, o preço da mão de obra é mais caro, do ponto de vista da lógica da oferta e da procura. O que eles querem simplesmente é justificar que isso se fez porque, afinal de contas, foram conduzidos a isso.

Dizer que as pessoas não queriam trabalhar porque tinham políticas assistenciais. As políticas de assistência já são, digamos, uma fonte de renda muitíssimo baixa. Se elas chegam a impedir o trabalho, é porque quem está oferecendo o trabalho está oferecendo trabalho em condições piores do que a do assistencialismo. Então, o nosso capitalismo está muito ao mesmo nível do trabalho em condições análogas a de escravizados.

Esta fala é ofensiva, mas ao mesmo tempo é reveladora. Para muitas dessas entidades, o que se pretende é que o trabalhador e a trabalhadora sejam explorados, como se escravizados fossem. Sendo, na verdade. Não é nem uma suposição, né? Então eles estão, em outras medidas, dizendo: 'fizemos e talvez faremos de novo'.

Isso quando não chegam coisas piores, como aquele vereador que, logo em seguida, que os trabalhadores locais estavam recebendo assistência, e por isso empresários estão sendo obrigados a contratar pessoas de outros estados e, assim, deu no que deu. Isso é impressionante, tentar justificar a escravidão por culpa do próprio escravizado. Isso é muito ofensivo e trágico. Mas é um momento histórico que nós chegamos e é fruto de muita barbárie do ponto de vista daquilo que estamos dizendo ao longo de várias décadas no mundo do trabalho no Brasil.

Esforços têm sido feitos para justificar esse tipo de comportamento quando a mídia, e o próprio Judiciário, economistas põem a culpa do problema econômico do país na CLT, nos direitos de férias, de descanso e nos direitos dos trabalhadores. O resultado só pode ser esse. Porque os empregadores se consideram vítimas dos direitos trabalhistas e se consideram livres para conseguir qualquer mecanismo para justificar uma exploração sem limites.

O que a lei prevê para esses patrões e como ela poderia ser aperfeiçoada para que esse tipo de condição não exista mais no Brasil?

O crime está definido no código penal, mas o que observamos é que não há punição concreta, mesmo quando se chega a situações como essa. As coisas não passam de comoção social. Alguém é preso? Alguém é realmente responsabilizado criminalmente? No Brasil, concretamente, até hoje, houve alguma condenação pelo crime de exploração do trabalho em condições análogas à escravidão? Houve alguma empresa foi expropriada? Alguma empresa perdeu seu patrimônio para o Estado ou teve todo seu patrimônio direcionado para indenizar as pessoas que estavam escravizadas? 

O que precisa ocorrer do ponto de vista jurídico para que isso nunca mais aconteça é que as vinícolas sejam expropriadas e o valor seja direcionado a indenizar essas pessoas, num valor milionário. E que sejam direcionadas também políticas públicas para combater o trabalho escravo no Brasil. Não pode haver uma atividade econômica com base nessa realidade.

Se uma situação dessa acontece nos Estados Unidos, essa empresa vai pagar milhões de dólares de indenização.

Assim como não aconteceu nada com aquelas empresas que eu mencionei, não aconteceu com alguém no Brasil. O máximo que gerou foi a liberdade das pessoas e o pagamento de verbas nesse valor ínfimo, sem nenhum tipo de condenação social por danos e indenizações que seriam realidades em outro lugares.

Eu acho que a gente tem que olhar para o Brasil e achar soluções sem ficar flanando nos outros países, porque é sempre uma ideia colonial de ver o mundo. A gente precisa achar nossas soluções. Mas, já que o argumento tanto se usa, se uma situação dessa acontece nos Estados Unidos, essa empresa vai pagar milhões de dólares de indenização. Não é simplesmente um pedido de desculpas que vai resolver.

Nós precisamos levar isso com a seriedade que essa situação implica, do ponto de vista jurídico e econômico. Infelizmente, o nosso histórico é de minimizar a importância da classe trabalhadora, dos direitos sociais e da efetivação da justiça social. Como consequência, lidamos com essa quantidade de condições análogas à escravidão e não conseguimos reprimir devidamente quando essas realidades se explicitam, porque elas estão presentes na nossa realidade de forma muito intensa.

Edição: Thalita Pires