sábado, 29 de abril de 2017

As imagens da Greve Geral pelo Brasil, em 28 de abril de 2017, que vão entrar para a História

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Greve Geral contra Reforma Trabalhista.

Na madrugada da última quinta-feira (27), a Câmara dos Deputados aprovou por 296 votos a 177 o projeto que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), cujas origens estão na década de 40 - período em que Getúlio Vargas comandava o País.
ANDRESSA ANHOLETE VIA GETTY IMAGES
Índios aderem ao protesto em Brasília.
A Reforma Trabalhista, uma das prioridades do governo de Michel Temer, traz impactos substanciais ao texto. Para o presidente, a nova legislação será uma garantia de direitos aos trabalhadores:
"Uma vez em vigor, a nova legislação permitirá garantir os direitos dos trabalhadores previstos na Constituição Federal e impulsionar a criação de empregos no País. Trata-se de mais um importante avanço para superar a mais profunda crise econômica de nossa história", avaliou.
A manhã desta sexta-feira (28), porém, começou com protestos daqueles que enxergam nas mudanças um retrocesso para a classe trabalhadora.
Convocados por centrais sindicais e movimentos sociais, membros de diversas categorias prometem parar e aderir a uma Greve Geral contra as reformas da previdência e a trabalhista.
UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro do MTST em protesto em Brasília.

Greve Geral foi foi convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Intersindical, Central e Sindical Popular (CSP/Conlutas), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força Sindical, Nova Central, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).
Pelo menos 25 estados devem aderir as paralisações. Sindicatos do Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco declararam apoio à manifestação e organizaram uma agenda de intervenções para o dia.
Em São Paulo e em Brasília, representantes de movimentos sociais fizeram barricadas e atearam fogo em pneus fechando rodovias.
Em ações pontuais, linhas de transporte público foram paralisadas no ínicio do dia na capital paulista. Também há o bloqueio das principais rodovias que dá acesso à cidade.
Em Brasília, a concentração da paralisação acontece na Biblioteca Nacional e segue caminhada rumo ao Congresso.
Em outros estados, servidores públicos, bancários, motoristas de ônibus e professores estão entre os manifestantes.
Na capital mineira, sob chuva, manifestantes ocupam o centro de Belo Horizonte. Agências bancárias estão fechadas e o metrô paralisado.
Nas redes sociais, hashtags como #BrasilEmGreve e #GreveGeral estão entre os assuntos mais comentados.

100 anos, mesma luta

A Greve Geral desta sexta-feira acontece na mesma data em que, em 1917, 100 mil trabalhadores de São Paulo de uma população de 500 mil habitantes decidiram parar tudo.
Apesar dos anos que separam as duas datas, o desejo de paralisar a mão de obra para pressionar o governo segue como bandeira das principais entidades de classe do País.
Para o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 10 ª Região Grijalbo Coutinho, o jogo está "desequílibrado" e o trabalhador precisa "reagir".
"Temos uma situação extremamente preocupante. Em uma sociedade que se diz democrática a Constituição deve ser de todos e, claramente, isso não está ocorrendo no Brasil. Por exemplo, a aprovação relâmpago do projeto da terceirização foi um absurdo. O jogo está desequilibrado e o trabalhador tem que reagir. Devemos relembrar ao povo do seu poder e para os demais órgãos os seus limites. É fundamental ocupar todos os espaços públicos, somente o diálogo e a greve poderão barrar os ataques", avalia em entrevista ao HuffPost Brasil.
SERGIO MORAES / REUTERS
Greve Geral em 28 de abril de 2017.

Modernização nas leis

A Reforma Trabalhista é apoiada por entidades empresariais. Para o governo, ela será capaz de gerar mais empregos.
Entre as principais mudanças no texto está a prevalência de acordos entre patrões e empregados sobre a lei, o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, obstáculos às ações trabalhistas, a possibilidade do parcelamento de férias e a flexibilização de contratos de trabalho.

Acompanhe as manifestações em imagens:



NACHO DOCE / REUTERS
Trabalhador grava protesto contra Temer em São Paulo nesta sexta-feira.


NACHO DOCE / REUTERS
Protesto do MST em São Paulo na manhã desta sexta-feira.
ROOSEVELT CASSIO / REUTERS
Protesto na rodovia Dutra contra reforma trabalhista.
UESLEI MARCELINO / REUTERS
Integrantes do MST protestam em Brasília nesta sexta-feira.
LEIA MAIS:

quinta-feira, 27 de abril de 2017

A perseguição a Lula é parte do projeto de poder das elites brasileiras?

Para muitos especialistas em Ciência Política, o que está acontecendo não é apenas uma absurda perseguição a um ex-presidente.

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A ideia das elites econômicas e políticas do Brasil em aliança com o grande capital externo, é fazer da perseguição a Lula parte de um projeto maior de poder conservador para durar décadas e, com isso, arrastar toda a América Latina.

É desacreditar o maior líder popular das Américas frente ao povo e instalar um poder que inclui um governo autoritário e neoliberal.

Para quem ainda não sabe, a política neoliberal não é apenas a privatização de empresas e entrega do patrimônio público, é também a política do arrocho salarial e da retirada de direitos dos trabalhadores e do povo.


Mas, a pergunta continua: Por que a perseguição a Lula, ao PT e às esquerdas no Brasil e na América Latina?


A América Latina até o início da década de 2000, com exceção de um ou outro país, era considerada uma espécie de "quintal dos EUA", de lá para cá no entanto, muitos países elegeram governantes mais a esquerda, progressistas que recuperaram um pouco a independência e autoestima do povo da região.


Nesse sentido, os dirigentes progressistas, escolhidos através de eleições diretas e limpas, assumiram o compromisso de instalar em seus respectivos países Políticas Públicas que em sua maioria incluíram na vida social e no mercado de consumo, milhões de cidadãos antes relegados à miséria, exemplos desse tipo de ação são os projetos como o Fies, o Prouni, o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família, para citar apenas o Brasil.


Junto a esse conjunto de medidas populares outras ações como o controle do petróleo, a política externa independente etc.

Neste contexto, como sabemos, a América Latina, e o Brasil não foge à regra, é uma região com um imenso mercado consumidor - apesar de muita gente não ter acesso a ele -, rica em recursos naturais, entre eles o pré-sal, uma camada imensa de óleo de grande qualidade; uma região com uma força de trabalho poderosa; com um parque industrial de altíssima tecnologia; com uma das três maiores empresas na área de construção de aviões do planeta, e, ainda por cima temos a maior floresta do mundo e a maior quantidade de terras agricultáveis.

Quer mais motivos para um golpe das elites daqui em conluio com as elites de fora?

Mas continuemos com a pergunta que não quer calar: Por que os conservadores e as elites ricas do Brasil têm tanto medo de Lula?

Será que é  por que ele construiu e expandiu o ensino técnico e superior, dando chances reais aos filhos e filhas do povo adentrarem ao mercado de trabalho mais preparados exigindo salários melhores?

Talvez seja por causa da lei das domésticas, considerada a segunda abolição da escravatura no Brasil, a primeira aconteceu em 1888, com a Lei Áurea que aboliu oficialmente a escravidão negra.

Por que os caras perseguem Lula? talvez seja por causa da lei do pré-sal que mantém a maior riqueza de toda a América nas mãos de uma empresa nacional, a Petrobrás. A shell, a chevron, a ipiranga não aceitaram, não engoliram e reagiram apoiando o golpe que derrubou Dilma e persegue Lula.

Será que a perseguição é por causa da política externa autônoma e independente? que pagou a secular dívida externa brasileira, que permitiu a saída do Brasil do "guarda-chuva" dos EUA, que aproximou nosso país da mama África e da Ásia?

Não, não é nada disso, a perseguição ao Lula deve ser por causa das Políticas Públicas inclusivas que ele criou: Fies, Minha Casa Minha Vida, Prouni, Samu, Programa de Cisternas do Semi-árido, Programa Bolsa Família, Luz para Todos.

Razões não faltam. No entanto, nenhuma delas é contra o povo.

Acorda companheiro e companheira, a democracia está sendo desmantelada, seus direitos estão sendo roubados.

A Constituição e as leis estão sendo jogadas na lata do lixo exatamente por aqueles que deviam protegê-las. 

Isso acontece para que as elites ganhem mais, enquanto o pouco que resta aos trabalhadores e trabalhadoras seja retirado.

Entenda, leia mais, desliga a rede globo, ela mente para esconder suas próprias falcatruas e seus interesses.

As elites agem no cenário político através de seus lacaios, parlamentares e certos juízes, são esses lacaios defensores dos interesses dos ricos. 

Os ricos mesmos, os "donos do poder", não aparecem, repito, eles mandam seus asseclas para o Congresso, para o Judiciário, para a Polícia Federal, para o Ministério Público etc. com o objetivo de defender seus próprios interesses.

Se fechares teus olhos, teus ouvidos e tua boca para a atual situação e não lutar contra ela agora, poderás não ter por que lutar num futuro breve.

Se pegarmos a história do Brasil, excetuando alguns lampejos de Políticas Públicas na época de Getúlio Vargas, JK e João Goulart, ninguém, nenhum presidente fez pelo Brasil e pelo seu povo como Lula.

Mas insisto, por que então a perseguição?

As pessoas mais simples, por terem acesso 24 horas do dia, muitas vezes apenas à mídia conservadora, tipo globo, band, record etc. de tanto ouvir notícias "fabricadas" contra Lula e as esquerdas em geral, acabam tendo certa dificuldade em entender a jogada das elites ao longo da história e atualmente.

Como já dissemos em outras oportunidades, se os governos trabalhistas de Lula e Dilma, tivessem apenas passado pelo Planalto sem fazer de verdade nada para o Brasil e seu povo, hoje talvez não existisse essa perseguição.

É fundamental que você entenda o que está acontecendo.


A jogada política atual não é apenas contra Lula e o PT, é contra as esquerdas que têm historicamente defendido os interesses dos mais pobres. 

A jogada é contra você trabalhador e trabalhadora.

Veja a pauta de votação do Congresso Nacional após o golpe: PEC 241 que congelou investimentos sociais por 20 anos; PL da Terceirização sem limites, que transforma a classe trabalhadora em escravos do século XXI, a destruição da previdência e da CLT.

Todas as votações, sem exceção é contra o povo. É contra os mais pobres.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Os Mais Importantes Dias de Nossas Vidas


Os próximos dias: 28/04 com a Greve Geral; dia 1° de maio, dia do trabalhador e 3 de maio com a Manifestação Histórica em Curitiba em apoio a Lula e a Democracia, serão os mais importantes dias das últimas décadas da história desse país.

Foto: Resistência Contemporânea
Parlamentares petistas animando a plenária de organização da GREVE GERAL do dia 28/04 na CUT DF: Érika Kokay, Rodrigo Lindberg e Paulo Pimenta


Você meu amigo e minha amiga que presenciou o golpe que está destruindo os direitos do povo, precisa, de alguma forma, participar.

Dia 28 de abril, próxima sexta-feira, não vá trabalhar se for para sair de casa vá para fazer piquete, ajude-nos a parar o Brasil e mostrar ao governo usurpador, à rede globo e às elites que estão destruindo o país, nossa força de ração. Reaja Já!

Em resposta ao desmonte do Estado brasileiro pelo governo ilegítimo do sr. michel temer e seus lacaios: globo, veja, grande capital daqui e de fora, o Brasil vai parar na próxima sexta-feira dia 28/04.

É fundamental que você trabalhador e trabalhadora perceba que o que está sendo votado no Congresso - Câmara e Senado -, PL da terceirização (já aprovado), 20 anos de congelamento dos investimentos sociais (já aprovado), (des)reforma da previdência e (des) reforma trabalhista, são ações contra você e sua família, quem irá sofrer as consequências será você e os seus familiares e amigos.


Lute contra esse desmonte absurdo. Lute contra essa verdadeira destruição do Estado brasileiro e dos teus direitos.

terça-feira, 25 de abril de 2017

O Brasil vai parar sexta dia 28 de abril

por José Gilbert Arruda Martins

O governo usurpador Temer e os deputados e senadores conservadores, estão tentando retirar todos os teus direitos.

Congelamento dos investimentos na área social por 20 anos.

Terceirização sem limites. Reforma da previdência. Reforma trabalhista.

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Por essas e outras você trabalhadora e trabalhador vai parar o Brasil sexta feira próxima dia 28/04.

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O Congresso Nacional + o usurpador Michel Temer a mando do grande capital daqui e de fora estão, além de desempregar 13 milhões de pessoas em todo o país, destruindo todos nossos direitos conquistados a duras penas ao longo dos últimos cem anos.

Por isso, todo trabalhador e trabalhadora.

De todas as áreas da economia precisam parar dia 28/04.

A influência africana no processo de formação da cultura afro-brasileira

Márcio Carvalho C. Ferreira


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Introdução

A influência africana no processo de formação da cultura afro-brasileira começou a ser delineada a partir do tráfico negreiro. Quando milhões de africanos "deixaram" forçadamente o continente africano e despontarem no Brasil para exercer o trabalho compulsório.
O escravo africano era um elemento de suma importância no campo econômico do período colonial sendo considerado "as mãos e os pés dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente" (ANTONIL, 1982, p.89). Contudo, a contribuição africana no período colonial foi muito além do campo econômico, uma vez que, os escravos souberem reviver suas culturas de origem e recriarem novas práticas culturais através do contato com outras culturas.
É importante salientar que não houve uma homogeneidade cultural praticada pelos negros africanos, visto que imperava uma heterogeneidade favorecida pelas origens distintas dos africanos, que apesar de oriundos do continente africano, geralmente os escravos apresentava uma prática cultural diferenciada em alguns aspectos devido à região que pertencia, pois a África caracteriza-se em um continente dividido em países com línguas e culturas diversas.
Além da prática cultural diferenciada ressaltada, os africanos, ainda, incorporaram algumas práticas europeias e indígenas, além de, influenciá-los culturalmente. O intercâmbio cultural entre os elementos citados contribuiu para uma formação cultural afro - brasileira híbrida e bastante peculiar.
Desenvolvimento
Ao longo do período colonial e monárquico brasileiro foi grande o contingente de escravos africanos no Brasil, visto que, constituía a maior mão - de - obra do período. A contribuição desses escravos foi além da participação econômica, uma vez que, foram inserindo suas práticas, seus costumes e seus rituais religiosos na sociedade Brasileira contribuindo, dessa forma para uma formação cultural peculiar no Brasil.
Importante, ressaltar que as práticas desses escravos africanos eram diferenciadas, pois eles eram oriundos de pontos diferentes do continente africano. De acordo com VAINFAS (2001 p. 66), durante o período colonial, quase nada se sabia sobre a origem étnica dos africanos traficados para o Brasil. Porém, ao longo do período passou-se a designá-los a partir da região ou porto de embarque, ou seja, das áreas de procedência.
Apesar da origem diversa dos escravos africanos, dois grupos se destacaram no Brasil: os Bantos e os Sudaneses. Os bantos foram assim, classificados devido à relativa unidade linguística dos africanos oriundos de Angola, Congo e Moçambique.
Vainfas (2001, p. 67) destaca que:
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil desde o século XVII, concentrando-se na região sudeste, mas espalhados por toda a parte, inclusive na Bahia. (...) Os Bantos oriundos do Congo eram chamados de congo, muxicongo , loango, cabina, monjolo, ao passo que os de Angola o eram de massangana, cassange, loanda, rebolo, cabundá, quissamã, embaca, benguela.

 Essa diversidade fez com os Bantos apresentassem uma especificidade cultural, notadamente na linguística, nos costumes e, principalmente, no campo religioso, que mesclou aspectos do cristianismo com suas tradições religiosas.
De acordo com Kavinajé (2009, p. 3):
Os bantos, depois de um primeiro período de autonomia religiosa, que se conhece através de documentos históricos, assistiram à transformação de seus cultos. Por um lado, esses deram lugar à macumba; por outro, amoldaram-se às regras dos candomblés nagôs, não se distinguindo deles senão por uma maior tolerância. Os cultos bantos em gradativo declínio acolheram os espíritos dos índios, o que iria levar ao surgimento de um "candomblé de caboclos", e adotaram cantos em língua portuguesa, ao passo que os candomblés nagôs só usam cantos em língua africana.
Já os sudaneses provenientes da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné, contribuíram culturalmente para a formação de uma identidade afro-brasileira, visto que muito de suas práticas culturais imperam atualmente como, por exemplo, o candomblé, prática religiosa dos escravos sudaneses.
No Brasil estes grupos: bantos e sudaneses misturaram-se resultando em cruzamentos biológicos, culturais e religiosos.
De acordo com Paiva (2001, p. 36):
Misturavam-se informações, assim como etnias, tradições e práticas culturais. Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para designar grupos diferentes de pessoas, para indicar hierarquização das relações sociais, para impor a diferença dentro de um mundo cada vez mais mestiço. Da cor da pele à dos panos que a escondia ou a valorizava até a pluralidade multicor das ruas coloniais, reflexo de conhecimentos migrantes, aplicados à matéria vegetal, mineral, animal e cultural.
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos propiciou a construção de uma identidade cultural brasileira, ou cultura afro-brasileira. Uma vez que, eles não temeram em "inventar códigos de comportamentos e de recriarem práticas de sociabilidade e culturais" (Paiva 2001, p. 23). Assim, este cruzamento foi resultado de um longo processo que propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil.
De acordo com Paiva (2001, p. 27), pode-se caracterizar este cruzamento cultural como resultante de uma aproximação entre universos geograficamente afastados, em hibridismos e em impermeabilidades, em (re) apropriações, em adaptações e em sobreposição de representações e de práticas culturais.
Assim, a influência africana foi se tornando visível em vários seguimentos da sociedade colonial, tais como culinária, práticas religiosas, danças, dentre outros valores culturais que foram incorporados pela população brasileira.
Sobre a influência africana Freire (2001, p. 343) destaca que:
Quantas "mães-pretas", amas de leite, negras cozinheiras e quitandeiras influenciaram crianças e adultos brancos (negros e mestiços também), no campo e nas áreas urbanas, com suas histórias, com suas memórias, com suas práticas religiosas, seus hábitos e seus conhecimentos técnicos? Medos, verdades, cuidados, forma de organização social e sentimentos, senso do que é certo e do que é errado, valores culturais, escolhas gastronômicas, indumentárias e linguagem, tudo isso conformou-se no contato cotidiano desenvolvido entre brancos, negros, indígenas e mestiços na Colônia.
Ainda de acordo com Freyre (2001, p. 346), a nossa herança cultural africana é visível no jeito de andar e no falar do brasileiro, pois:
Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolegando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- pé de uma coceira tão boa. De que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama- de- vento, a primeira sensação completa de homem. Do muleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo. (Freyre (2001, p. 348)
Observa-se que de acordo com a citação acima a influência africana foi além da cozinha e da mesa, chegando até a cama, pois era comum a iniciação sexual do "senhorzinho" branco ocorrer com uma escrava. Comum também era a prática de feitiços sexuais e afrodisíacos pelos escravos, pois foi na "perícia e no preparo de feitiços sexuais e afrodisíacos que deu tanto prestigio a escravos macumbeiros juntos a senhores brancos já velhos e gastos." Freyre (2001, p. 343),
A influência do escravo negro na vida sexual da família brasileira é destacada por, Freyre (2001, p. 381), assim:
(...) O grosso das crenças e práticas da magia sexual que se desenvolveram no Brasil foram coloridas pelo intenso misticismo do negro; algumas trazidas por ele da África, outras africanas apenas na técnica, servindo-se de bichos e ervas indígenas. Nenhuma mais característica que a feitiçaria do sapo para apressar a realização de casamentos demorados. O sapo tornou-se também, na magia sexual afro-brasileira, o protetor da mulher infiel que, para enganar o marido, basta tomar uma agulha enfiada em retrós verde, fazer com ela uma cruz no rosto do indivíduo adormecido e coser depois os olhos do sapo.
Além da influência na vida sexual destacado no clássico Casa Grande e Senzala, merecem ênfase as canções que foram modificadas pelas negras.
Também as canções de berço portuguesas, modificou-se na boca da ama negra, alterando nelas palavras; adaptando-as às condições regionais; ligando-as às crenças dos índios e às suas. Assim a velha canção "escuta, escuta menino" aqui amoleceu-se em "durma, durma, meu filhinho", passando Belém de "fonte" portuguesa, a "riacho" brasileiro. Freyre (2001, p. 380)
Observa-se que as amas apropriaram-se das canções de origem portuguesa e as recriaram, dando um toque especial, o toque africano. Isso é perceptível na "infantilização" das palavras das canções.
"A linguagem infantil também aqui se amoleceu ao contato da criança com a ama negra. Algumas palavras, ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas pelos portugueses, se amaciaram no Brasil por influência da boca africana. Da boca africana aliada ao clima - outro corruptor das línguas europeias, na fervura por que passaram na América tropical e subtropical. Freyre (2001, p. 382)
Deste modo, foi se delineando a língua falada no Brasil, a língua portuguesa que foi amplamente influenciada pelo modo de falar dos escravos africanos.
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida: machucou-as, tirou-lhes as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles. Daí esse português de menino que no norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais doces deste mundo. Sem rr nem ss; as sílabas finas moles; palavras que só faltam desmanchar-se na boca da gente. A linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem um sabor quase africano: cacá, bumbum, tentén, nenén, tatá, papá, papapo, lili, mimi (...) Amolecimento que se deu em grande parte pela ação da ama negra junto à criança; do escravo preto junto ao filho do senhor branco. Os nomes próprios foram dos que mais se amaciaram, perdendo a solenidade, dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos. Freyre (2001, p. 382)
Nota-se que o intercâmbio cultural entre os negros africanos, indígenas e portugueses foram intensos, notadamente na língua, costumes, modos, comidas, forma de pensar e práticas religiosas. De acordo com Paiva (2001, p. 185) As trocas culturais e os contatos entre povos de origem muito diversa é algo que, então, fazia parte do dia - a – dia colonial, desde a chegada dos portugueses. Isto, porque, era ampla a vivência cultural da população negra no Brasil colonial, refletindo amplamente na sociedade do período.
Deste intercâmbio cultural formou-se a cultura afro-brasileira, sendo visível à influência africana em todos os aspectos da sociedade brasileira, não sendo possível desvincular a cultura brasileira da africana, da indígena ou da europeia.
Para Paiva (2001, p. 39) a formação cultural não se deu de forma linear, uniforme e harmônica. Muitos foram os conflitos, as adaptações e os arranjos ao longo do período.
É evidente que não estou sugerindo uma formação linear desse universo cultural, nem estou emprestando-lhe uma harmonia, que, de fato, pouco existiu. Tanto seu processo de formação quanto a convivência no interior dele se deram (e se dão) de maneira conflituosa na maioria das vezes, embora haja, também, adaptações constantes, arranjos e acordos que visam a sua preservação. Paiva (2001, p. 41)
A preservação dessas práticas culturais ocorreu através de aproximações e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001, p. 40):
A conformação e a preservação do universo cultural dão-se, então, através das aproximações e afastamentos, das interseções, da intervenção de espaços individuais e coletivos, privados e comuns, que envolvem dimensões do viver tão diversas quanto à do material, da utensilagem e das técnicas; dos costumes e tradições, das práticas e das representações culturais; da mitologia e da religião; do físico e concreto, do psicológico e imaginário; da linguagem e das escritas; da dominação, da resistência e do transito entre elas: da temporalidade e da espacialidade; das continuidades e das descontinuidades; da memória e da história. Tudo implicado com os campos da política e do econômico, provocando mutuamente contínuas reordenações e construções sociais.
Desse modo, observa-se a formação e a preservação de uma identidade cultural, bastante plural devido às influências: europeia, africana e indígena, favorecendo uma riqueza cultural bastante peculiar. Estas peculiaridades multiculturais manifestaram-se, principalmente, na língua, culinária, música, dança, religião, dentre outros.
Conclusão
Conclui-se que os africanos tiveram um papel importante no processo de formação cultural brasileiro, pois através da inserção de suas práticas e seus costumes na sociedade brasileira contribuíram para a formação de uma identidade cultural afro - brasileira.

REFERÊNCIAS
ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia: São Paulo: EDUSP, 1982.
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. 43 ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
PAIVA, Eduardo França. Escravidão e Universo Cultural na Colônia. Minas Gerais: UFMG, 2001.
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
KAVINAFÉ, Tata Kisaba: O sacrifício do povo africano cultura Afro - Americana. Acesso em 28 jan. 2009.

Márcio de Carvalho C. Ferreira, funcionário público, Formado em História - licenciatura plena, pelo Instituto Superior de Educação (Ceiva) Januária MG, Pós graduado em História e cultura Afro-Brasileira, pela Finon. Atualmente cursa os cursos de pós graduação de Educação ambiental e Docência do ensino superior


Fonte: Geledés

domingo, 23 de abril de 2017

Quando você irá se importar?

por José Gilbert Arruda Martins

Quando chegar na sua porta, na sua casa? Quando a violência atingir um dos seus? Aí pode ser tarde demais.



Espalha-se nas redes sociais do Brasil e do mundo a notícia sobre os campos de concentração para homossexuais na Chechênia, região da Rússia. 

Em nossas conversas em família, comentando e debatendo sobre esse triste e absurdo acontecimento, costumo dizer que, o que acontece na Rússia pode ser uma mistura de cultura opressora de longa data com, historicamente, governos autoritários. Apesar de saber que a Rússia tem grande e importante papel na geopolítica mundial, fazendo um contra ponto fundamental à política dos EUA no mundo, não podemos aceitar o desrespeito e a intolerância institucionalizada ou não.

Presenciamos o descalabro horrendo dos campos de concentração na Chechênia mas, temos em outras partes do planeta e no Brasil, outros tipos de campos de concentração que precisam também ser combatidos.

Os "campos de concentração" de golpes na democracia, como aconteceu na Costa Rica, no Paraguai e, mais recentemente, no Brasil, os "campos de concentração!" da pobreza, do racismo, da intolerância, da corrupção, da manipulação da mídia, da concentração de riqueza, da desigualdade social e econômica, da homofobia...


Chechênia. A violência contra homessexuais


Em nosso país, a percepção que se tem é de aumento da intolerância contra não apenas homossexuais, mas contra os negros, contra pobres, mulheres, índios etc. A violência histórica contra essas "minorias", parece ter sido potencializada pelo golpe e por discursos de ódio da militância de direita, por parte das elites e parlamentares conservadores.

No Brasil, entre 2003 e 2014, com as diversas Políticas Públicas inclusivas, o país avançou consideravelmente nessa questão, os governos Lula e Dilma, criaram, além das Políticas Públicas, leis e projetos democráticos num ambiente onde dava para, pelo menos, debater e amadurecer determinados pontos sobre a homossexualidade e o respeito aos direitos individuais e coletivos. 

Agora, após o golpe, com a colocação de pessoas despreparadas e, até mesmo defensora da violência e da intolerância, em órgãos e cargos importantes ligados aos direitos humanos, a situação tende a piorar bastante.

Resta aos defensores da liberdade e da democracia, a luta. Mas, como dizia o saudoso Paulo Freire, "ninguém se educa sozinho" precisamos um dos outros e das outras, para que a batalha das ruas, do debate ideológico e político, faça diferença e provoque o avanço nas ideias e na prática construtiva e solidária, justa.

Vamos organizar, vamos nos reunir, vamos debater e continuar a luta aqui no Brasil, na Rússia e em todo o planeta contra a homofobia e todo tipo de violência.

Agora há pouco assinei o abaixo assinado contra os campos de concentração para homossexuais da Chechênia. Segue abaixo o link:

https://secure.avaaz.org/campaign/po/close_the_gay_torture_camps_loc/?bGzOsfb&signup=1&cl=12440307265&v=91831

Dez livros para entender a luta operária


Com proximidade da greve geral, Brasil de Fato seleciona obras relacionadas ao tema

no Brasil de Fato

Escolhemos obras teóricas e literárias que tratam da questão operária e do mundo do trabalho - Créditos: Autor desconhecido


Escolhemos obras teóricas e literárias que tratam da questão operária e do mundo do trabalho / Autor desconhecido

Contra as reformas da previdência e trabalhista, uma mobilização nacional é preparada para o dia 28 de abril. Nos sindicatos, assembleias têm definido a adesão de diversas categorias à Greve Geral.
Para entender a importância deste instrumento de luta, o Brasil de Fato selecionou obras teóricas e literárias que tratam da questão operária e do mundo do trabalho. Veja a lista abaixo.

Autor: Ricardo Antunes (org.)
Conjunto de textos dos fundadores do marxismo sob um tema comum: o trabalho. Fonte possível de libertação ou de opressão, a seleção indica como tarefa política o (re)direcionamento do trabalho como elemento da construção de uma nova sociedade.

 
Autoras: Vera Lucia Navarro e Edvânia Ângela de Souza Lourenço (orgs.)
Focados na questão da terceirização, os artigos desta obra apontam os efeitos da flexibilização das relações trabalhistas sobre a vida de trabalhadoras e trabalhadores.

Autor: Geraldo Augusto Pinto
O livro descreve como o modo de produção capitalista se desenvolveu historicamente ao longo do século passado em três modelos industriais: taylorismo, fordismo e toyotismo.

Autores: Claudia de A. Campos, Enid Y. Frederico, Walnice N. Galvão, Zenir C. Reis (orgs.)
Coletânea de textos de autores clássicos da literatura - como Machado de Assis, Lima Barreto e Euclides da Cunha - cobre o a situação do ser humano imerso no mundo do trabalho.

 
Autora: Laís Wendel Abramo
Descreve o papel do movimento grevista como elemento constitutivo da identidade dos trabalhadores e na construção de melhores condições de vida.

 
Autor: Celso Frederico
O livro utiliza o papel da comunicação alternativa na luta sindical como fio condutor da história que vai da resistência à Ditadura Militar a partir da década de 60 até a constituição das centrais sindicais nos anos 80.

Autores: Marcelo Badaró Mattos e Ruben Vega
Seleção de artigos de três países: Brasil, Portugal e Espanha, que descrevem o papel da classe trabalhadora nos processos de resistência a ditaduras e de transição à democracia.

Autora: Márcia Hespanhol Bernardo
A obra defende que, ao contrário do que postulam os discursos relacionados à flexibilização produtiva inaugurados no final do século 20, a condição de exploração permanece intocada.

Autora: Ana Isabel Álvarez González
A autora aponta a relação entre o movimento feminista e as organizações operárias, com convergências e tensões, combatendo também a versão mais difundida sobre a origem do Oito de Março.

 
Autor: Carlindo R. de Oliveira (org.)
Série de depoimentos de lideranças sindicais sobre a experiência grevista


 
Edição: Vanessa Martina Silva