terça-feira, 22 de março de 2016

Ganhos da Globo com dólar revelam o lado lucrativo da Lava Jato

na Rede Brasil Atual

Receita com publicidade cai 6%, mas lucro da empresa dos Marinho sobe 30%. Destaque para operações no mercado financeiro, sobretudo com dólar

por Helena Sthephanowitz, para a RBA

Farofada
Protesto na mansão sem dono em Paraty, que não é notícia na Globo, cujos acionistas têm o que comemorar

A Globo Comunicações e Participações divulgou seu balanço de 2015. A receita vinda dos anúncios despencou 6,1% em relação ao ano anterior. Mesmo assim, o lucro líquido da empresa aumentou astronômicos 30%. Motivo? Operações no mercado financeiro, sobretudo com o dólar.
O fato coloca os responsáveis por vazamentos da Lava jato, no mínimo, em desconforto. Pois os vazamentos e pirotecnia da operação tem causado reboliço nas cotações do dólar e da Bolsa – e o Grupo Globo, que recebe vazamentos em primeira mão, lucrou muito com o dólar.
Vamos desenhar um cenário: uma empresa jornalística qualquer passa a ter acesso antes de todo mundo a vazamentos que afetam a cotação do dólar. Sabe antes de outros investidores que o dólar vai subir ou descer quando publicar tais vazamentos. Se essa informação sair da redação antes de ser publicada e for parar nas mãos de quem opera o dinheiro da empresa com dólar, estaremos diante do uso de informação privilegiada.
É ganhar dinheiro tão fácil como roubar o doce de criança.
Virou um bom negócio investir na cobertura na Lava jato e operar no mercado financeiro. Os lucros podem ser potencializados controlando-se o que publica ou não, o momento de soltar as notícias, o tamanho do sensacionalismo, sempre de olho no efeito sobre as cotações.
O vazamento de informações protegidas, se feito por funcionário público, já é por si só crime de violação de sigilo funcional. Se usado como troca de vantagens indevidas, outro crime se consuma. Se usado para obter lucros, ainda que por terceiros, através da manipulação do mercado ou uso de informações privilegiadas, a coisa ganha dimensões bem piores.
Voltando à Globo, a Lava Jato parece que virou um grande negócio da emissora. Não para aumentar a audiência e anunciantes – ambos estão em queda. Mas para obter lucros no mercado financeiro, sem precisar vender anúncios.
Sem investigação, de nada se pode acusar. Mas crimes de vazamento são fatos que ocorreram indiscutivelmente. Falta investigar e descobrir a autoria e motivação. E, como já dissemos em nota anterior, já passou da hora de investigar se está ocorrendo a prática criminosa de inside information, ou seja, informação sigilosa vazada clandestinamente, sabe-se lá por quem, para investidores saberem de antemão a hora de comprar e de vender dólar e ações, fazendo fortunas em poucas horas.
Curiosamente, em escala bem menor do que o lucro obtido com o dólar, a Lava Jato também ajuda a cortar custos nas empresas jornalísticas através de demissões. Fornece “gratuitamente” conteúdo. As pautas que deixaram de ser produzidas por jornalistas demitidos são preenchidas por textos jurídicos da Lava jato, sejam os divulgados por ofício, sejam os vazados clandestinamente. O trabalho dos procuradores, policiais e juízes – remunerado com dinheiro público – substitui a mão de obra para empresas jornalísticas a custo zero. Para os patrões. Bom para os empresários da mídia corporativa, ruim para os trabalhadores que perdem seus empregos. E, no mínimo, suspeito para o contribuinte, que acredita estar bancando uma estrutura republicana...

BalancoBalanço

Para a TV Globo manter a mesma performance financeira de 2014, considerando a inflação medida pelo IGP-M, teria de ter uma receita líquida de R$ 13,14 bilhões em 2015. Teve de R$ 11,16 bilhões. Encolheu 15,1%.
Em termos nominais, mesmo sem considerar a inflação, a TV Globo perdeu R$ 730 milhões na receita líquida de um ano para o outro.
O Grupo Globo, que inclui as outras empresas, como a programadora de TV por assinatura Globosat, teria de ter a receita líquida de R$ 17,96 bilhões em 2015 para manter a performance do ano anterior. Teve R$ 16,04 bilhões. Encolheu 10,7%.
Sem considerar a inflação, o Grupo Globo perdeu R$ 204 milhões na receita líquida em 2015.
As demissões fizeram os custos operacionais caírem R$ 50 milhões, de R$ 7,11 bilhões em 2014 para R$ 7,06 bilhões.

Mesmo com o encolhimento na receita, o lucro líquido cresceu quase 30%, ajudado pelas aplicações financeiras em dólar e pelos juros mais altos.

segunda-feira, 21 de março de 2016

SAÍDA PELA ESQUERDA - Frente Povo Sem Medo vai às ruas em defesa da democracia

na Rede Brasil Atual

Quinta-feira (24) os movimentos vão protestar contra a "Justiça de exceção" de Sérgio Moro e contra ameaças à democracia, e reivindicar reformas populares e o fim do ajuste fiscal

por Rodrigo Gomes, da RBA 

povosemmedo
Frente Povo Sem Medo iniciou mobilizações no fim do ano passado contra Cunha e o ajuste fiscal

São Paulo – A Frente Povo Sem Medo, formada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e outras 26 organizações, vai realizar quinta-feira a "Mobilização em Defesa da Democracia: a Saída é pela Esquerda" em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Uberlândia e outras cidades. Os movimentos temem que os atos pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff sirvam de trampolim para a cassação de direitos. “Insuflaram um clima macartista de intolerância e ódio, que se traduziu nas ruas com intimidação e agressões contra quem diverge. O ambiente criado é de caça às bruxas, de ameaça à nossa já frágil e limitada democracia”, diz manifesto divulgado ontem (20).
A frente destaca que as ações pró-impeachment e em favor da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão sendo articuladas por setores e personagens conhecidos por ações antidemocráticas e pela corrupção. “Os setores que querem derrubar Dilma e prender Lula apostaram todas suas fichas, passando por cima inclusive de garantias constitucionais e das liberdades democráticas. Nunca é demais lembrar que o impeachment que querem impor tem a marca corrupta, antidemocrática e chantagista do (presidente da Câmara) Eduardo Cunha, representante do que há de pior na política brasileira.”
Os movimentos lamentam a perda de rumo da Operação Lava Jato, que se transformou “num instrumento de abusos e de seletividade”. E avaliam que a “justiça de exceção”, vigente há décadas nas periferias das grandes cidades contra o povo pobre e preto, está sendo legitimada como regra pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela operação, “sob aplausos da mídia”. “Defendemos que a corrupção seja investigada até as últimas consequências. Mas para todos e com as garantias previstas na lei.”
Para a frente, no entanto, não se pode ignorar que o governo Dilma adotou medidas antipopulares, "identificáveis com o programa derrotado nas urnas": iniciou um ajuste fiscal antipopular e assumiu uma “agenda de retrocessos” com temas como a Reforma da Previdência e a lei antiterrorismo. E deixaram passaroportunidades de pautar a democratização dos meios de comunicação e do sistema político, além de reformas populares. A crise atual seria também consequência desta “falta de ousadia”.
“Não ficaremos calados e acovardados ante as ameaças ao que temos de democracia no Brasil. O ataque não é somente contra o PT. É contra o que quer que seja de esquerda neste país. Querem aniquilar o movimento social. Querem impor um ambiente de intolerância e linchamento, onde não há espaço para o pensamento e a ação críticos. A solução que a direita brasileira propõe representa ainda o aprofundamento dos ataques a direitos sociais e trabalhistas.”
Como parte da reação a esses ataques, o MTST realizou nova ocupação na madrugada do sábado (19), em Itaquera, zona leste da capital paulista. E não descarta realizar outras. Além disso, vai compor a mobilização nacional no dia próximo 31, em vários estados, junto com a Frente Brasil Popular.
Mais uma vez, os movimentos reivindicam reformas populares, a desmilitarização da polícia e a radicalização da democracia. “Defendemos a ampliação de direitos e liberdades. Mas sabemos que para construir este caminho é preciso deter os retrocessos, barrar a saída à direita representada pelo golpismo. Não há tempo para vacilação.”
Em São Paulo, a concentração do ato será às 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste. A manifestação vai até a sede da Rede Globo, na Avenida Luís Carlos Berrini. No Rio, o ato vai ser realizado no Campus Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), às 11h. Os endereços das demais manifestações serão divulgados amanhã, às 14h, em entrevista coletiva, em São Paulo.

Fachin se declara suspeito para julgar recurso de Lula no STF

na Rede Brasil Atual

Ministro, designado para relatar habeas corpus assinado por vários juristas, explicou que tem relação pessoal com uma das pessoas que assinaram a ação

por André Richter, da Agência Brasil

Fachin
Com a declaração da suspeição, o habeas corpus foi enviado novamente para a presidência do tribunal

São Paulo – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, sorteado para ser o relator de um habeas corpus protocolado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se declarou hoje (21) suspeito para julgar o caso. Fachin explicou que tem relação pessoal com uma das pessoas que assinaram a ação. Ele é padrinho da filha de um dos advogados que moveu o processo.
A defesa de Lula apresentou o recurso para derrubar decisão do ministro Gilmar Mendes, proferida na última sexta-feira (18), que barrou a posse do ex-presidente na Casa Civil.
"Declaro-me suspeito com base no art. 145, I, segunda parte, do Código de Processo Civil, c.c. o art. 3º do Código de Processo Penal, em relação a um dos ilustres patronos subscritores da medida", justificou Fachin.
Com a declaração da suspeição, o habeas corpus foi enviado novamente para a presidência da Corte, onde deverá ser distribuído novamente.
Ontem (20), a petição da defesa do ex-presidente Lula foi endereçada ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski. No entanto, na manhã desta segunda-feira, Lewandowski decidiu distribuir o habeas corpus eletronicamente, por entender que o assunto não é de competência da presidência do tribunal.

Além dos advogados de defesa do ex-presidente Lula, seis juristas assinam a ação protocolada no STF: Celso Antônio Bandeira de Mello, Weida Zancaner, Fábio Konder Comparato, Pedro Serrano, Rafael Valim e Juarez Cirino dos Santos.

SÃO BERNARDO DO CAMPO - Manifestantes fazem vigília em frente à residência de Lula

na Rede Brasil Atual

Ato foi feito em solidariedade frente aos boatos de que o ex-presidente poderia ter a prisão decretada nesta segunda-feira

por Daniel Mello, da Agência Brasil

apoio
Ato durou mais de cinco horas; deputado federal Vicentinho (PT-SP) esteve presente




São Paulo – Um grupo de militantes fez hoje (21) uma vigília em frente ao prédio onde mora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Segundo a Polícia Militar, os manifestantes chegaram ao local por volta das 5h. Com o tema Cada Boato, Um Ato, a manifestação prestou solidariedade a Lula frente aos boatos de que poderia ter a prisão decretada nesta segunda-feira.
Os militantes permaneceram mais de cinco horas em frente ao edifício. O deputado federal Vicentinho (PT-SP) também esteve presente.
Na sexta-feira (18), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, decidiu pela suspensão da posse do ex-presidente Lula no cargo de ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República.
O ministro atendeu a um pedido do PPS e do PSDB. Na mesma decisão, o magistrado decidiu que os processos que envolvem Lula na Operação Lava Jato devem continuar sob responsabilidade do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, em Curitiba.
Após a posse de Lula como ministro, o que faz com que o ex-presidente tenha direito a foro privilegiado, por prerrogativa de função, Moro enviou os processos ao STF.
Ontem (20), a Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou eletronicamente no STF manifestações em que pede que a Corte conceda medida cautelar para suspender o andamento de todos os processos e decisões judiciais que tenham relação com duas ações que tramitam no STF contra a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil.
No documento, enviado ao ministro Teori Zavascki, a AGU sustenta que os processos devem ser suspensos até que o STF dê a decisão final.

ANÁLISE - A operação golpista está em marcha, e a história não terminou

na Rede Brasil Atual

A ofensiva contra a democracia continua, agora fortalecida pelos extratos mais ricos da população e com apoio promovido e exposto pelos grandes meios de comunicação, a televisão à frente de todos

por Roberto Amaral, na CartaCapital

como em 1964
Tragédia brasileira caminha sob o silêncio de liberais e democratas que amargarão erro da omissão, como em 1964



Está mais clara e mais explícita a opção protofascista, que se expressa na negação da política, dos políticos, dos partidos, da via democrática, enfim. Coroando o festival de aberrações, essa opção se faz ainda mais clara na recuperação do discurso autoritário e, consequência, rescaldo seu, na opção pela intolerância que logo transmuda para violência física covarde que muito nos lembra os pogroms dos camisas pretas (coincidentemente ou não, um símbolo que ressurge) da infância do hitlerismo e muito comum em todas as hipóteses de fascismo.
Nas ruas, sobre a crítica à politica econômica (afinal, não estamos sob recessão em face de uma onda de desempregos?) destacou-se o discurso moralista e punitivo ao lado de aplausos às mais grotescas representações do atraso. Fundem-se a espetacularização das operações da Lava Jato com a campanha generalizada contra os políticos — que, resumidamente e simplificadamente, 'representam tudo o que de mal está aí'.
Destaca-se, em contrapartida, a louvação ao "juiz-investigador-promotor-superestar", o que por um lado reforça o apreço por uma solução "extra-política", até mágica, para o que seria o principal problema do país (a corrupção), e por outro põe de manifesto uma disputa, por parte da direita, pela narrativa da "Lava Jato": ela deve ser entendida, segundo ela direita, fundamentalmente, como um expurgo do PT e da esquerda (aqui reduzidos a representantes da política e dos partidos, abjurados), e não como uma necessária ação de combate à corrupção, doa a quem doer. Daí as denúncias seletivas, os processos seletivos, as delações seletivas, os grampos seletivos, os vazamentos seletivos. O resultado é quase sempre o vazio político e como política e vazio são categorias antípodas, esse vazio é logo preenchido, como se vê na História.
Recentemente a Itália das 'Mãos limpas' herdou Berlusconi e nós mesmos, como fruto da campanha contra os marajás, tão bem levada a cabo pelo sistema Globo, tivemos que conviver, sem merecê-la, com a experiência Collor. Em função do desdobrar da crise podemos, ao final da linha, já proximamente ou em 2018, enfrentar a possibilidade de eleição de um outsider que poderá chamar-se Moro.
A tragédia brasileira caminha sob o silêncio respeitoso de liberais e democratas que amanhã, se o passado se antepuser ao futuro, amargarão o erro da omissão, como os que choraram em 1964 as picadas da serpente que haviam irresponsavelmente cevado. Inebriados pelo moralismo lacerdista e pela unanimidade da imprensa de então, os liberais terminaram, pensando estar defendendo a legalidade constitucional supostamente 'ameaçada pelas reformas de base propostas por Jango', quando de fato estavam abraçando um golpe de Estado cujo primeiro ato foi a revogação da própria Constituição e a implantação de uma ditadura que nos atazanaria por longos 20 anos. E para não fugir à regra, devorando seus principais arautos.
Trata-se, o que estamos a ver e lamentar, hoje, de ação consabidamente concertada, com inequívocos apoios externos, assim como se viu nas revoluções coloridas e na primavera árabe, que reúne meios de comunicação de massa liderados pelo sistema Globo, de vasta experiência golpista, setores protofascistas da direita parlamentar, e as corporações dissidentes da alta burocracia estatal, setores do Ministério Público federal, Ministério Público paulista, polícia federal e o Poder Judiciário, representado por um juiz de primeira instância titular da 13ª vara federal do município de Curitiba, que exerce, com apoio de instâncias superiores e aplausos corporativos, inédita jurisdição nacional.
Por sinal, o mais recente ato desse juiz é peça essencialmente política, produzida exatamente para interferir na política, agravando a crise, crise que é buscadamente agravada, por ele e seus acólitos, a cada dia, exatamente para destruir a política, implantar o caos que traz consigo o apelo à Ordem, que é, sempre, o pretexto para a derruição da democracia. É, desta feita, o golpe de Estado de novo tipo, em franca vigência em nosso país, pois já vivemos sob as penas do direito da exceção, quando a lei cede seu império à materialização do Estado de fato que substitui o Estado de direito democrático. Se a ação não matou a filosofia, como anunciou Mussolini, o direito de exceção aqui criou o estado de fato, gerido por fora das instâncias constituídas pela soberania popular, as únicas legítimas na democracia representativa e em qualquer modelo de direito democrático.
No curso de uma história de grampos telefônicos não suficientemente explicada, o juiz Moro decide, no exato momento do anúncio da nomeação do ex-presidente Lula para a chefia da Casa Civil da presidência da República, tornar públicas interceptações e diálogos telefônicos obtidas mediante discutível legalidade, ignorando, que, por lei, o seu conteúdo deve ser mantido sob sigilo. Informado, tempestivamente, de que a interceptação gravara diálogo do ex-presidente com a presidente Dilma, e gravara após o próprio juiz haver mandado interromper a escuta, o juiz, sendo magistrado e não parte, deveria enviar a peça ao STF, mas o que fez foi entregar a gravação para a rede de televisão de que se fez colaborador fático. Essa divulgação é por si só um ato politico e não jurídico (como políticos são os 'votos' e Gilmar Mendes no STF) de claros objetivos políticos, perseguidos com evidente abuso de autoridade. Para atender a seus ímpetos facciosos ignorou a disposição legal que manda que "A gravação que não interessar à prova será inutilizada". Ora quase toda a gravação era irrelevante para o feito, mas foram trazidas a público para criar dificuldades pessoais a Lula, tentando indispô-lo com políticos e autoridades judiciais.
Fruto do abuso de direito, o ato do juiz-investigador despido da toga de magistrado-julgador é ato político, pelo fato em si, pelo conteúdo e pela oportunidade escolhida. Como que imbuído de paixão messiânica, o juiz de primeira instância Sérgio Moro rasgou a fantasia e assumiu, sem disfarces, o duvidoso papel de salvador da pátria. Serve, hoje (muito embora o lamente publicamente), ao ódio e à intolerância que explodem nas ruas, pelos quais não se sente responsável, como não se sente responsável pelos seus atos, cujas consequências politicas, econômicas, sociais não mede.
E não está só. Outro juiz federal que, diante da omissão conivente do Conselho Federal da Magistratura faz de sua presença no facebook uma tribuna partidária antigoverno, concede liminar em mandado de segurança que visava a impedir a posse de Lula na Casa Civil.
O discurso da direita foi ampliado, não se limitando à rejeição à presidente Dilma e ao PT. Os últimos protestos e os atos praticados por agentes do Judiciário atingiram igualmente a imagem de Lula.
Por que a ofensiva contra Lula?
Com Lula no governo, o poder que parecia vazio revelar-se-ia ocupado; o governo que parecia sem rumo passaria a ter um timoneiro e a política sem estratégia passaria a dispor de um articulador trazendo à sociedade a sensação de segurança. Foi tudo isso que o juiz curitibano – gora com a colaboração de seu colega brasilense– intentou impedir
Por que a ofensiva contra Lula?
Porque ele é, hoje, a principal liderança de que dispõem as forças populares a) para a reaglutinação das esquerdas e b) para uma possível disputa eleitoral, como consequência seja de eventual cassação dos mandatos de Dilma e Temer, seja para as eleições de 2018. É inimigo que precisa ser abatido.
Esse quadro reforça o que tenho dito com insistência: o projeto em curso não se limitará à eventual deposição de Dilma, pois, trata-se, através de golpe de Estado de novo tipo, da captura do Estado, sem voto, para implantar um governo politicamente autoritário, socialmente regressivo e economicamente neoliberal-ortodoxo, pró-EUA, com as consequências que não precisam ser explicitadas.
Enganam-se os que veem nesse concerto de episódios uma só tentativa de surrupiar o mandato legítimo da presidente da República. Insisto: há um golpe de implantação em marcha, cujo objetivo vai além da anunciada troca de guarda: pretende mudar o eixo da economia e da política, completando o processo de privatização das grandes agências estatais como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. Amesquinhará o papel desenvolvimentista do BNDES e fatiará a Petrobrás para que seja entregue aos grupos multinacionais, na bacia das almas. Em qualquer hipótese deixará ela de desempenhar o atual e essencial papel de âncora do desenvolvimento industrial brasileiro.
A independência do Banco Central garantirá segurança absoluta ao capital financeiro, e o sangramento do povo, com juros extorsivos. O novo eixo trará consigo o abandono do Mercosul e de iniciativas correlatas e nossa submissão a qualquer alternativa do tipo ALCA e sepultará os BRICS. Na política externa renunciaremos a qualquer papel de liderança e retornaremos aos tempos de FHC de alinhamento automático aos interesses estratégicos dos EUA. Renunciaremos a qualquer tipo de soberania, mas especialmente renunciaremos a qualquer forma de programa nuclear e aeroespacial. O Estado, livre da emergência das massas, renunciará a quaisquer políticas de compensação social e levará a extremos a flexibilização das relações de trabalho.
O neoliberalismo, por necessidade de sua lógica, implicará a acentuação da recessão associada a juros altos, donde a queda maior do PIB e o aumento do desemprego, os ingredientes perfeitos da crise social, que demandará a repressão aos movimentos sindicais e populares, pois que reagirão a essa política.
O que está em jogo é uma visão de mundo, o que está em disputa é, de um lado, a defesa de um estado desenvolvimentista, social e democrático, com inserção soberana em um mundo que quer ser multipolar, e de outro o estado neoliberal necessariamente autoritário, antipopular e antinacional, submetido ao jugo dos nossos irmãos do Norte.
A história terminou? Por óbvio que não, a não ser que tenhamos renunciado ao combate. Afinal, como dizem os espanhóis, nunca está morto que peleja.

Roberto Amaral foi presidente do PSB, do qual se desfiliou recentemente

'DESONRA A TOGA' - Wadih Dahmous diz que vai pedir impeachment de Gilmar Mendes

na Rede Brasil Atual

Deputado federal (PT-RJ) diz que ministro do STF é um militante partidário. “Eu acho até que o Gilmar Mendes na Câmara dos Deputados seria um ótimo parlamentar do PSDB"

por Akemi Nitahara, repórter da Agência Brasil 

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Wadih Damous: 'O que ele está fazendo é desonrar o Poder Judiciário brasileiro, o Supremo Tribunal Federal'

Rio de Janeiro – O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) informou hoje (20) que vai pedir o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Segundo Damous, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional do Rio de Janeiro, as atitudes de Mendes “desonram a toga”.
Nessa sexta-feira, Mendes decidiu suspender a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cargo de ministro-chefe da Casa Civil e devolver os processos que envolvem Lula nas investigações da Operação Lava Jato ao juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, alegando que a nomeação como ministro causaria tumulto nas investigações.
"Eu já tenho uma petição pronta, mas tenho que atualizar porque ele (Gilmar Mendes) fala besteira todos os dias. Ele desonra a toga todos os dias, então eu tenho que acrescentar isso à petição. Mas eu quero logo, nas próximas semanas, protocolar o pedido de impeachment dele. Ele desonra a toga, na suprema corte americana ou num tribunal constitucional europeu ele nem chegaria lá. Então, nós vamos abreviar a carreira inglória desse indivíduo no Supremo Tribunal Federal”, disse Damous.
Segundo o deputado, Gilmar Mendes é um militante partidário. “Eu acho até que o Gilmar Mendes na Câmara dos Deputados seria um ótimo parlamentar do PSDB, porque os que estão lá são uma porcaria. Ele deveria largar a toga, tentar se eleger e ir para lá, ele faria um ótimo papel lá. Mas o que ele está fazendo é desonrar o Poder Judiciário brasileiro, desonrar o Supremo Tribunal Federal”.
Damous disse que o pedido de impedimento de Mendes será protocolado em seu nome e não no do Partido dos Trabalhadores. Sobre a declaração de apoio da OAB federal ao pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Wadih Damous lamentou a decisão.
“O Conselho Federal da OAB adotou uma posição vergonhosa, golpista, em relação ao que acontece no Brasil hoje. Em 1964, também a OAB apoiou o golpe, só que naquela época havia grandes vultos da advocacia, como Sobral Pinto, Seabra Fagundes, Heleno Fragoso e outros que recolocaram a OAB no caminho da democracia. Neste momento, a OAB federal está resumida a mediocridades. O que deve acontecer na OAB é uma oxigenação democrática, a OAB deve ter eleições diretas, o conselho federal é eleito indiretamente, aí permite que esses caciquinhos de estado, esses líderes paroquiais tomem conta de uma entidade que deveria representar a advocacia nacional. Então, é lamentável, é vergonhosa a aposição da OAB”.
Segundo Damous, as seccionais da OAB do Rio de Janeiro e do Pará foram as únicas que se manifestaram contra o pedido de impeachment. Ele informou também que nesta terça-feira (22) juristas de todo o país se reunirão com a presidenta Dilma Rousseff para repudiar a posição da OAB federal. Ele também lamentou que a entidade não tenha se posicionado sobre a quebra do sigilo das conversas de Lula com seus advogados.
"Infelizmente, a OAB entra no jogo político a favor do golpe e fica em silêncio diante das perseguições e das violações das prerrogativas dos advogados, não se manifesta. Infelizmente essa não foi a OAB da qual eu fiz parte. Essa não é a OAB que lutou contra a ditadura militar", argumentou.
O ex-presidente da OAB/RJ participou de um debate na tarde deste domingo, na Praça São Salvador, em Laranjeiras, zona sul da cidade, organizado pelo movimento À Esquerda da Praça, que promove atos e debates periódicos no local.
Integrante do movimento, Georgia Bello, diz que o momento político do país é de tensão e que o coletivo fará uma vigília constante na praça, com atos todos os domingos. “A gente está fazendo da Praça São Salvador um ponto de resistência, por conta desse golpe que está instalado no pais. Já estamos pensando num próximo debate, em abril, para discutir a mídia e o golpe”, acrescentou.

Professores Contra o Golpe

por José Gilbert Arruda Martins

O direito de criticar é sagrado. O direito de não concordar com os rumos de um governo é legítimo. O que não é legítimo é compactuar com a quebra da institucionalidade como fez a OAB Federal, envergonhando a nação e dividindo os profissionais do Direito.

Na contra mão reacionária da OAB, a Associação dos Docentes da UFABC, divulgaram uma nota contra  o golpe. Veja abaixo:






Associação dos Docentes da UFABC defende a democracia e a república
Diante do agravamento da crise institucional e política pela qual o Brasil passa, a Adufabc decidiu reforçar – ao lado de todas as associações de classe e instituições que se unem hoje em defesa da Democracia – a posição de que qualquer encaminhamento para a crise em curso deve se dar estritamente dentro da legalidade e das normas institucionais democráticas estabelecidas desde 1988.
Repudiamos a quebra das regras institucionais democráticas e dos princípios constitucionais, assim como nos preocupamos com o agravamento da intolerância política e dos confrontos sociais, que ameaçam os avanços republicanos, os direitos civis, políticos e sociais duramente conquistados ao longo de nossa história.
Vemos, ainda, a condução de uma parte do poder judiciário marcado pela seletividade, com apoio da grande mídia, colocando em xeque princípios jurídicos do devido processo legal, da presunção de inocência, do contraditório e da ampla defesa.
A construção de um discurso de “combate à corrupção” não pode estar ancorada na seletividade e nem se tornar partidária. Tal discurso vem inflamando uma parte da população a apoiar o pleito de impeachment, que carece de fundamentação jurídica e de amparo em provas cabais.
A corrupção deve ser duramente combatida, mas dentro das regras institucionais, e essa luta não pode – em hipótese nenhuma – atentar contra o estado democrático de direito.
Recentemente, assistimos à invasão do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em Diadema por contingentes da Polícia Militar de São Paulo, fortemente armados, no dia 11 passado, cerceando a legítima liberdade de expressão de mais de três mil pessoas que realizavam um ato político no local.
Mais ainda, lamentavelmente, no último dia 16 à noite, houve insultos, provocações e outros atos agressivos frente a docentes e discentes na saída do campus de São Bernardo de Campo.
Não devemos nos furtar a tomar posições e ações num ambiente político que infelizmente nos faz relembrar o contexto pré-1964.
Assim, a Diretoria da Adufabc se une às crescentes vozes que exigem o respeito às normas democráticas e jurídicas e se posicionam claramente contra qualquer tentativa de golpe às instituições republicanas.
Conclamamos nossos associados a participarem do ato em defesa da democracia, amanhã, dia 18, a manterem sua mobilização e a encaminharem propostas concretas de atuação coletiva, a serem implementadas na medida dos recursos que estiverem ao alcance da Adufabc.
1. José Paulo Guedes Pinto
2. Ramon Vicente Garcia Fernandez
3. Claudio Luis de Camargo Penteado
4. Danilo Freitas Ramalho da Silva
5. Alessandra Teixeira
6. José Artur Quilici-Gonzalez
7. Michelle Sato Frigo
8. Vanessa Elias de Oliveira
9. Silvio Ricardo Gomes Carneiro
10. Márcia Aparecida Sperancé
11. Luiz de Siqueira Martins Filho
12. Ana Carolina Boero
13. Julia Bertino Moreira
14. Rosana Denaldi
15. Daniel Zanetti de Florio
16. Demétrio Gaspari Cirne de Toledo
17. Jeroen Klink
18. Neusa Serra
19. Tatiana Sanson
20. Giorgio Romano Schutte
21. Luis Paulo Barbour Scott
22. Ricardo de Sousa Moretti
23. Antonio Agricio da Silva
24. Cristina Fróes de Borja Reis
25. Alexandre de Padua Ferreira
26. Fernanda Souza Santos
27. Guilherme Barboza dos Santos
28. Gabriel Santos Carneiro
29. Armando Caputi
30. Daniel Pietrobom
31. Renata Vieira Massa
32. Talita Brito Costa
33. Ana C. Vieira
34. Monique Santos de Oliveira
35. Karen Dias
36. Daniel Victor Amaral Chiaretti
37. Gilberto Marcos Antonio Rodrigues
38. Harlen Costa Batagelo
39. Jair Donadelli jr
40. Francisco Comaru
41. Sidney Jard
42. Ana Carolina Vasques
43. Marina Nabarrete Bastos
44. Tatiana Berringer
45. Victor Distefano Wiltenburg
46. Manuel Ramon Souza Luz
47. Flavia da Fonseca Feitosa
48. Thiago Fonseca Morello
49. Regina Reis
50. Carolina Lacerda dos Santos
51. Jorge Tomioka
52. Angelo Prates
53. Thais Pacheco
54. Paula Ayako Tiba
55. Rogério Perino de Oliveira Neves
56. Luiz Rozante
57. Maria Luiza Levi
58. Mônica Yukie Kuwahara
59. Carolina Moutinho Duque de Pinho
60. Leonardo Openheimer
61. Vitor Marchetti
62. Rafael Cava Mori
63. Suze Piza
64. Kleber Silveira
65. Fernando Costa Mattos
66. Graziele Larissa
67. Jaqueline Rosa dos Santos
68. Salomão Barros Ximenes
69. Ana Keila Mosca Pinezi
70. Daniel Pansarelli
71. Rafael Ribeiro Dias Vilela de Oliveira
72. Simone R. Freitas
73. Silvana Zioni
74. Wesley Góis
75. Cristiane Salum
76. Acácio Almeida
77. Marcos Vinicius Pó
78. Dacio Matheus
79. Camila Caldeira Nunes Dias
80. Paula Braga
81. Gabriela Lotta
82. Guiou Kobauashi
83. Olympio Barbanti Junior
84. Adalberto Mantovani Martiniano de Azevedo
85. Paris Yeros
86. Fernando L. Cássio
87. Eduardo Gregores
88. Fernanda Graziella Cardoso
89. Fernando Rocha Nogueira
90. Silvia Helena Passarelli
91. Klaus Frey
92. Carlos da Silva dos Santos
93. David Morales
94. Rodrigo Fresneda
95. Nathalia de Setta Costa
96. Giselle Watanabe
97. Edson Pinheiro Pimentel
98. Norberto Anibal Maidana
99. Paulo Tadeu da Silva
100. Annibal Hetem Junior
101.Anderson Orzari Ribeiro
102.Raquel Vecchio Fornari
103.Diogo Santana Martins
104.Yossi Zana
105.João Carlos da Motta Ferreira
106.Maria das Graças Bruno Marietto
107.Vanessa Empinotti
108.Raphael Yokoingawa de Camargo
109.Francisco José Brabo Bezerra

Juristas assinam habeas corpus para anular decisão de Gilmar Mendes contra Lula

na Rede Brasil Atual

Ação argumenta que Gilmar Mendes extrapolou e invadiu a competência do ministro Teori, ao decidir uma ação do PPS e PSDB contra a presidenta Dilma, por ter nomeado Lula ministro-chefe da Casa Civil

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Minutos depois de Lula falar para 500 mil pessoas na Avenida Paulista, Gilmar invalidou sua posse como ministro

São Paulo – Seis respeitados juristas impetraram hoje (20), com os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, habeas corpus no Supremo Tribunal Federal contra "decisão injurídica" do ministro Gilmar Mendes, que, na noite de sexta-feira (18), devolveu ao juiz Sérgio Moro as ações referentes a Lula na Lava Jato. Minutos antes, o ex-presidente havia discursado para aproximadamente 500 mil pessoas que estavam na Avenida Paulista em sua defesa e contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Segundo nota divulgada pelo Instituto Lula, no habeas corpus encaminhado ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski, a defesa de Lula e os juristas pedem que a decisão de Gilmar Mendes seja anulada e que as ações sejam mantidas com o ministro Teori Zavascki, que tem a competência sobre o caso Lava Jato no Supremo.
O habeas corpus histórico é assinado pelos juristas Celso Antônio Bandeira de Mello, Weida Zancaner, Fabio Konder Comparato, Pedro Serrano, Rafael Valim e Juarez Cirino dos Santos, com os advogados Cristiano Zanin Martins, Valeska Teixeira Zanin Martins e Roberto Teixeira, defensores de Lula.
Os juristas e advogados argumentam que Gilmar Mendes extrapolou e invadiu a competência do ministro Teori, ao decidir uma ação do PPS e PSDB contra a presidenta Dilma, por ter nomeado Lula ministro-chefe da Casa Civil.
Na decisão de sexta-feira, Gilmar Mendes devolveu a Moro a condução das ações referentes a Lula na Lava Jato. O próprio Moro havia declinado dessa competência para Teori Zavascki na última quarta feira, quando Lula foi nomeado.
Os advogados afirmam que além de invadir competência de outro ministro, Gilmar Mendes não poderia ter tomado essa decisão porque ela nem sequer foi solicitada na ação dos partidos oposicionistas, "porque não se pode misturar questões penais numa ação administrativa – como é a nomeação de ministros – e porque Gilmar já havia feito prejulgamento do caso, em críticas públicas ao PT e ao ex-presidente Lula".
A ação impetrada hoje pede ao STF que suspenda do trecho da decisão de Gilmar Mendes que determinou o retorno das ações a Moro, apontado o fato de Lula já ter sido vítima de uma "série de arbitrariedades praticadas pela 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba".
"Ao contrário do que vem sendo falsamente divulgado na imprensa, a nomeação de Lula para a Casa Civil não interrompe as investigações, mas as transfere para o núcleo da Lava Jato em Brasília. Também é falso dizer, como faz a imprensa, que Lula estaria com isso “fugindo” de investigações. Isto é uma ofensa a Lula e ao próprio STF", diz a nota.
"Na verdade, ao tornar-se ministro, Lula passa a responder diretamente à última instância, sem possibilidade de recorrer a outros tribunais, um direito que ele teria se o caso continuasse nas mãos do juiz Moro", afirmam os advogados.

Gilmar Mendes foi a casa de Eduardo Cunha discutir o impeachment

por José Gilbert Arruda Martins

O juiz partidário na Suprema Corte, Pode?

No Brasil é assim, e não é de hoje. Os grupos de grande poder econômico têm os "seus" na política, no judiciário e na mídia.

Gilmar Mendes é hoje a grande e pobre expressão dessa velha verdade no judiciário brasileiro. Um juiz partidário, defensor de banqueiro corrupto (vide Daniel Dantas), de médico estuprador (vide Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos)...


A sociedade clama por justiça democrática, Gilmar Mendes precisa ser aposentado, não pode ficar mais, é um perigo à democracia brasileira.

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no Blog Amigos do Presidente Lula

Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso indicou Gilmar Mendes para o Supremo Tribunal Federal, o jurista Dalmo Dallari fez um alerta: "Se essa indicação vier a ser aprovada, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional".


Dallari pode ter exagerado, porque a corte tem outros dez ministros para zelar pela Constituição, mas a atuação de Gilmar inspira desconfiança desde que ele vestiu a toga.

A presença constante na mídia, a agressividade em declarações contra o governo e a proximidade com políticos do PSDB lhe renderam o apelido de "líder da oposição" no STF. Gilmar não parece preocupado com isso. Desde que a crise política se agravou, ele usa todas as oportunidades para atacar Dilma e o PT.

A presidente e o partido dão muitas razões para críticas, mas espera-se de um ministro do Supremo que não tome lado na luta política e atue com imparcialidade. Gilmar não parece preocupado com isso. Em julho passado, ele foi à casa de Eduardo Cunha discutir o impeachment. O deputado já era investigado na Lava Jato por suspeita de corrupção.

Em setembro, o ministro estrelou evento na sede da Fiesp. A entidade é comandada por um afilhado político de Michel Temer e promove campanha aberta pela queda da presidente. Gilmar não parece preocupado com isso. Aproveitou o palanque para repetir ataques ao PT. Sobre o correntista suíço, nenhuma palavra.

Na última quarta, Gilmar almoçou com o tucano José Serra, segundo o jornal "O Globo". Após a sobremesa, voltou ao STF e discursou contra a nomeação de Lula para a Casa Civil, que não estava em debate.

Dois dias depois, o ministro atendeu pedido do PSDB e anulou a posse do ex-presidente. Tudo indica que ele deveria se dizer suspeito por falta de isenção para julgar o assunto, muito menos sozinho. Mas Gilmar não parece preocupado com isso. Nota de Bernardo Franco Mello - Na Folha