terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Lula: unidade, atuação no Congresso e papel da mídia são decisivos contra golpe

na Rede Brasil Atual

Contra impeachment

por Eduardo Maretti, da RBA

São Paulo – Inúmeras entidades da sociedade civil, partidos políticos e representantes de diversos setores do movimento sindical promoveram hoje, no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, uma “reunião organizativa” para iniciar discussões e estabelecer estratégias de ação contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou três pontos – segundo ele, fundamentais – que os setores progressistas devem considerar nos debates e nas mobilizações: as ações políticas de deputados progressistas ou contra o impeachment dentro do Congresso Nacional, a atuação na mídia no processo e a unidade do movimento social, sindicalismo e partidos contra o golpe.
“Não podemos perder de vista a ação institucional dentro do Congresso. A gente pode colocar milhares ou até milhões de pessoas na rua, e acontecer o que aconteceu nas Diretas Já. O movimento social, os partidos políticos, as entidades da sociedade civil têm um peso importante de mobilização, até para politizar a sociedade brasileira, mas é preciso saber construir a maioria que precisamos no Congresso para evitarmos ser pegos de surpresa”, disse o ex-presidente.
Lula afirmou ser necessária, nessa mobilização, a participação dos ministros Ricardo Berzoini, Jaques Wagner, da presidenta Dilma, de presidentes de partido, deputados e senadores. “Temos que ter uma contabilidade” (dos votos).
Em segundo lugar, é preciso prestar atenção no “comportamento da nossa gloriosa e democrática imprensa”, afirmou. “A imprensa pode ter um papel extraordinário de ajudar a informar corretamente a sociedade, informar o que está em jogo, o que seria muito bom.” Porém, a mídia pode fazer “uma opção” e ter uma “tendência para esse ou aquele lado”. “Se ela fizer uma opção, é importante que fizesse uma opção pelo lado decente da política brasileira, pelo respeito à democracia e o Estado de Direito.”
Em terceiro lugar, na opinião do ex-presidente, o movimento contra o impeachment não deve perder de vista a unidade. “Para a gente construir a unidade é preciso ter uma bandeira realmente única entre nós, independentemente de cada entidade continuar com sua bandeira.” Essa bandeira, disse Lula, é a luta pela manutenção da democracia, pelo Estado de Direito e pela soberania do voto popular.
Ele usou uma imagem para ilustrar a necessidade de unidade na conjuntura de crise. "É como se estivéssemos andando num trem descarrilado. Não temos agora que ficar brigando em qual vagão a gente vai. A gente tem que colocar o trem no trilho. Quando estiver no trilho, a gente vai brigar para ver qual o vagão, se de primeira, de segunda, de executivo", defendeu. "O dado concreto é que, para reconstruir o direito de brigar outra vez, a gente não pode permitir que haja um golpe de Estado via impeachment."

Agenda

A Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo reúnem-se hoje para traçar estratégias e agenda para a continuidade do movimento, que, segundo Lula, já começou maior do que as Diretas Já em 1984.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, disse que o movimento iniciado da manhã de hoje deve se inspirar na vitória dos estudantes secundaristas de São Paulo, que provocou o recuo do governador Geraldo Alckmin (PSDB) no projeto de reorganização das escolas no estado. “O movimento estudantil mostrou que ninguém é invencível. Alckmin não é invencível, Eduardo Cunha não é invencível e a direita não é invencível”, afirmou Carina.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que “aqueles que querem o impeachment são os mesmos que trabalham contra os interesses dos trabalhadores no Congresso Nacional, os que votam leis contra as mulheres, os negros e as crianças”. O dirigente acrescentou que “o Brasil não precisa da agenda de Eduardo Cunha, mas retomar o caminho do crescimento, da geração de emprego e renda”.
Para o presidente do PT, Rui Falcão, desde a semana passada, com o processo de impeachment desencadeado, Eduardo Cunha conseguiu a proeza de unir a esquerda. Segundo ele, a luta pelo Estado de Direito precisa “abarcar” todos os setores sociais, incluindo deputados e senadores. Ele lembrou ainda os governadores do Nordeste, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), como forças políticas que já estão participando ativamente da defesa do mandato de Dilma Rousseff.
Representando o PDT, Luiz Antônio de Medeiros, secretário de Coordenação das Subprefeituras em São Paulo, garantiu que seu partido está “empenhado com todas as suas forças na manutenção do mandato de Dilma”.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirmou que foi ao evento contra o impeachment em função de decisão pessoal, não em nome da central. O secretário-geral da UGT, Francisco Canindé Pegado, afirmou representar a entidade e seu presidente, Ricardo Patah: “A UGT é contra o impeachment e vamos defender o mandato (da presidenta da República) até o fim”.
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domingo, 6 de dezembro de 2015

O Projeto do PSDB para a Educação Pública no Brasil

por José Gilbert Arruda Martins

Quando o PSDB governou o Brasil por 8 anos com FHC, uma universidade pública foi criada, nenhuma escola técnica, o sistema de ensino do fundamental ao superior foi completamente sucateado.




Em São Paulo, onde o partido governa há mais de 20 anos, o que temos visto é o extermínio de jovens negros da periferia, e sucateamento da educação pública em todos os seus níveis.

No Paraná, Beto Richa (PSDB), mostrou ao país e ao mundo, como o partido da Social Democracia Brasileira trata a educação pública e seus profissionais, porrada, prisões e muita violência.

O projeto do PSDB para a educação pública está mais que posto, está mais que claro. Sucatear, com a tal da reorganização, fechando cerca de 180 escolas, acabando com cerca de 311 mil vagas, superlotando as salas de aula, aumentando a quantidade de horas/aula dos professores e professoras.

Todos sabem que a educação pública de qualidade é, sem sombra de dúvidas, o instrumento mais importante que o país e a sociedade têm para romper com o ciclo de miséria, pobreza e marginalidade herdados por séculos de exclusão e abandono.

O PSDB, no entanto, apesar de ter conhecimento desse fato, não se incomoda em ir para o outro lado, fechando escolas, batendo em professor e estudantes, retirando ou diminuindo recursos destinados à educação pública.

O PSDB, que não avançou em nada no que se refere à educação, quando governou o país por 8 anos, mostra de forma inequívoca, a qual interesse defende, os tucanos, há muito tempo escolheram o lado do capital, o lado dos rentistas, o lado das elites ricas daqui e de fora, mas, por incrível que pareça, parte da sociedade não consegue enxergar.

FHC entregou o patrimônio nacional aos interesses do grande capital a preço de banana na década de 1990.

FHC, "Modernizou" a administração pública brasileira, criando leis que desregulamentaram a economia brasileira, agências reguladoras e todo um aparato aparentemente modernizante, que facilitou enormemente a atuação dos grandes capitalistas internacionais e o controle do capital especulativo sobre grande parte da economia brasileira, tanto na área privada como na atuação estatal.

A herança maldita do PSDB, com as privatizações, com o sucateamento da educação pública, com a desregulamentação da economia, deixou o país em uma arapuca de difícil desarme, os governos Lula e Dilma, e, a sociedade como um todo, mas principalmente os pobres e a classe trabalhadora, estão "pagando o pato"

A educação pública, como era normal que acontecesse, mesmo com os grandes avanços dos últimos anos, sofre profundamente, os estudante secundaristas de São Paulo, estão, concretamente, conhecendo o projeto do PSDB para a área de educação do Brasil.






O que Tancredo diria a Eduardo Cunha, por Fernando Morais

no Tijolaço

tancredo

A frase clássica de que a história se repete – a primeira vez, como tragédia; a segunda. como farsa – acaba de marcar mais um triste ponto em sua trajetória de profecia. Lendo o artigo de Fernando Moraes, hoje, na Folha,é inevitável pensar em o quanto o neto é menor que o avô.

O dia da infâmia

Fernando Morais, na Folha
Minha geração testemunhou o que eu acreditava ter sido o episódio mais infame da história do Congresso. Na madrugada de 2 de abril de 1964, o senador Auro de Moura Andrade declarou vaga a Presidência da República, sob o falso pretexto de que João Goulart teria deixado o país, consumando o golpe que nos levou a 21 anos de ditadura.
Indignado, o polido deputado Tancredo Neves surpreendeu o plenário aos gritos de “Canalha! Canalha!”.
No crepúsculo deste 2 de dezembro, um patético descendente dos golpistas de 64 deu início ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A natureza do golpe é a mesma, embora os interesses, no caso os do deputado Eduardo Cunha, sejam ainda mais torpes. E no mesmo plenário onde antes o avô enfrentara o usurpador, o senador Aécio Neves celebrou com os golpistas este segundo Dia da Infâmia.
Jamais imaginei que pudéssemos chegar à lama em que o gangsterismo de uns e o oportunismo de outros mergulharam o país. O Brasil passou um ano emparedado entre a chantagem de Eduardo Cunha –que abusa do cargo para escapar ao julgamento de seus delitos– e a hipocrisia da oposição, que vem namorando o golpe desde que perdeu as eleições presidenciais para o PT, pela quarta vez consecutiva.
Pediram uma ridícula recontagem de votos; entraram com ações para anular a eleição; ocuparam os meios de comunicação para divulgar delações inexistentes; compraram pareceres no balcão de juristas de ocasião e, escondidos atrás de siglas desconhecidas, botaram seus exércitos nas ruas, sempre magnificados nas contas da imprensa.
Nada conseguiram, a não ser tumultuar a vida política e agravar irresponsavelmente a situação da economia, sabotando o país com suas pautas-bomba.
Nada conseguiram por duas singelas razões: Dilma é uma mulher honesta e o povo sabe que, mesmo com todos os problemas, a oposição foi incapaz de apresentar um projeto de país alternativo aos avanços dos governos Lula e Dilma.
Aos inconformados com as urnas restou o comparsa que eles plantaram na presidência da Câmara –como se sabe, o PSDB, o DEM e o PPS votaram em Eduardo Cunha contra o candidato do PT, Arlindo Chinaglia. Dono de “capivara” policial mais extensa que a biografia, Cunha disparou a arma colocada em suas mãos por Hélio Bicudo.
O triste de tudo isso é saber que o ódio de Bicudo ao PT não vem de divergências políticas e ideológicas, mas por ter-lhe escapado das mãos uma sinecura –ou, como ele declarou aos jornais, “um alto cargo, provavelmente fora do país”.
Dilma não será processada por ter roubado, desviado, mentido, acobertado ou ameaçado. Será processada porque tomou decisões para manter em dia pagamentos de compromissos sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.
O TCU viu crimes nessas decisões, embora não os visse em atos semelhantes de outros governos. Mas é o relator das contas do governo, o ministro Augusto Nardes, e não Dilma, que é investigado na Operação Zelotes, junto com o sobrinho. E é o presidente do TCU, Aroldo Cedraz, e não Dilma, que é citado na Lava Jato, junto com o filho. Todos suspeitos de tráfico de influência. Provoca náusea, mas não surpreende.
“Claras las cosas, oscuro el chocolate”, dizem os portenhos. Agora a linha divisória está clara. Vamos ver quem está do lado da lei, do Estado democrático de Direito, da democracia e do respeito ao voto do povo.
E veremos quem se alia ao oportunismo, ao gangsterismo, ao vale-tudo pelo poder. Não tenho dúvidas: a presidente Dilma sairá maior dessa guerra, mais uma entre tantas que enfrentou, sem jamais ter se ajoelhado diante de seus algozes.

Um parlamento fora da democracia, por Janio de Freitas

no Tijolaço

camcunha


O fato de, aparentemente, faltar ao dueto Cunha-Oposição o número de votos necessários à abertura do processo de impeachment não pode obscurecer – ou impedir-nos de clarear – outro: a situação a que foi levada a Câmara dos Deputados brasileira é, neste momento, a negação de um equilíbrio democrático dos poderes republicanos.
A análise de Janio de Freitas, hoje, na Folha, é uma demonstração, límpida,  do que a Casa se tornou não apenas sob o domínio de Eduardo Cunha, mas porque este contou com tolerância e até proteção – dentro e fora dela – para transformar o parlamento em arma de chantagem política.

Um poder marginal

Janio de Freitas, na Folha
É pouca –se houver alguma– a percepção de que já estamos fora do regime democrático. É a realidade, porém. Está negada a validade do sistema jurídico, essencial no regime democrático, que tem por base o respeito aos direitos fundamentais e aos deveres a que estão sujeitos não só cidadãos em geral, mas também os ocupantes dos poderes constituídos.
A situação da atual Câmara dos Deputados foge aos seus deveres e responsabilidades constitucionais. Estar sujeita à condução de um parlamentar a quem são imputados vários atos criminosos já configura anomalia incompatível com a condição de Poder Legislativo. Assim conduzida, a Câmara dos Deputados sequer consegue que o seu Conselho de Ética opine sobre ser admissível, ou não, uma investigação superficial das acusações de delinquência e crime ao presidente da Casa.
O que se tem passado na Câmara, ao longo de todo este primeiro ano de nova legislatura, não são os meros artifícios com que casas legislativas contornam dificuldades cronológicas, impasses regimentais e acordos problemáticos. São manipulações só possíveis com o uso impróprio do poder funcional, são pressões, são ameaças, punições à resistência e recompensas indevidas. Em grande parte, à sombra do desconhecimento público, pouco e quase sempre mal abastecido, a respeito, pelos meios de comunicação outra vez cedendo espaço do jornalismo a práticas partidárias/ideológicas –o que parecia ser passado já distante no serviço noticioso brasileiro.
Foi esta e foram outras tolerâncias interessadas, com muita contribuição de parlamentares destacados, que levaram a Câmara à sua situação atual. Ou seja, expeliram a Câmara dos Deputados para fora dos seus deveres e responsabilidades.
Em paralelo, o Ministério Público cumpre um papel semelhante ao de testemunha indiferente, com a posse inconsequente da documentação que lhe foi presenteada pelo trabalho investigatório de promotores suíços. Talvez o que lhe seja permitido esteja muito aquém do mínimo conveniente, mas se um senador foi preso por palavras que, umas, provaram-se balelas, outras, não foram levadas a fato algum, documentos incriminatórios devem servir para algo mais do que se saber existirem.
O presidente da Câmara é o segundo na linha de sucessão, elevado a presidente se o vice-presidente posto em exercício precisar afastar-se, em intervalo ou em definitivo. Só isso já indica a dimensão do que a atualidade degenerada da Câmara representa, na sua marginalidade.

sábado, 5 de dezembro de 2015

A disputa é pelo Estado

na Rede Brasil Atual

Depois da profunda crise no centro do capitalismo, vinda do mercado sem controle, a direita não pôde seguir com a apologia ao mercado. Mas segue na busca por minar o Estado e seu poder de personificar projetos nacionais

por Emir Sader


por José Gilbert Arruda Martins


Belo texto do grande professor Emir Sader, gostaria apenas de comentar o seguinte: Apesar de toda essa panaceia direitista contra a presença do Estatal, as elites, historicamente, mamaram e mamam nas tetas do Estado.
Foi assim na antiguidade, quando as elites egípcias, assírias, gregas e romanas faziam do controle estatal, da coisa pública, forma de enriquecimento, foi assim também na Idade Média, quando os reis e as elites usavam do seu poder para controlar o povo, sua força de trabalho e abocanhar os impostos arrecadados.
Foi assim na Modernidade, mesmo após a Revolução Francesa e Estadunidense. As elites rentistas sempre se promoveram e enriqueceram com o Estado.
E sempre, as elites super ricas, tiveram nesses mesmos estados/espaços, os bajuladores de plantão, que, mesmo vindo das classes médias, ascenderam aos governos para defenderem interesses delas, foi e é assim no mundo e no Brasil.
É só enxergar o que fizeram Carlos Lacerda, ACM e, agora o FHC e seu PSDB. Lacaios de sangue puro, entreguistas de primeira grandeza.
O Estado, com seu poder constitucional de arrecadar de influir, de impor à sociedade, foi e é instrumento importante de acumulação de riqueza nas mãos de uma minoria que não passa de 1% hoje em dia.
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Desde que Ronald Reagan difundiu a fórmula de que “O Estado deixou de ser a solução para se tornar o problema”, não se deixou de acentuar a luta pelo Estado. Para minimizá-lo ou para fazer com que continuasse a ter um papel ativo na economia e na sociedade.
A partir desse momento, o Estado se transformou em um tema central no debate de ideias. Foi demonizado, responsabilizado pela inflação, pela ineficiência dos serviços públicos, pela corrupção, pela drenagem dos recursos das pessoas tirados via impostos para gastos com burocracia. Como contraponto, se passou a exaltar a empresa e o mercado, como tudo o que é dinâmico, os empresários como os heróis da economia, temas de biografias e autobiografias.
É a forma que assumiu a polarização público/mercantil na era neoliberal. O Estado passou a ser vítima das campanhas contra ele, por sua capacidade de regulamentação da economia por seu poder de afirmar e garantir direitos sociais para todos, por ser o sujeito de políticas externas soberanas, por poder personificar a nação e os projetos nacionais.
Estado mínimo passou a significar mercado máximo ou centralidade do mercado, que recuperava sua velha qualidade de “melhor alocador de recursos”, mediante sua mão invisível. A recuperação da democracia liberal frente à crise do socialismo ajudava a recuperação do liberalismo econômico, essa casal que pretendia protagonizar o happy end do fim da historia.
Os Estados latino-americanos, em particular, foram destroçados pela avalanche neoliberal. Empresas estratégicas passaram, no espaço de uma semana, de patrimônio publico em mãos do Estado a produtoras de lucros em mãos privadas, frequentemente de empresas estrangeiras. Direitos conquistados mediante duras e prolongadas lutas populares foram abolidos por uma penada. A dignidade nacional jogada fora frente a políticas de subordinação nacional a governos e entidades financeiras internacionais.
Em alguns setores do campo da esquerda surgiram posições de rejeição do Estado, a favor da “sociedade civil”, somando, na prática, com as posições liberais em uma frente antiestatal. Posições que foram perdendo força, até praticamente tornarem-se intranscendentes, deixando nas mãos da direita as posições contra o Estado.
Desde então o Estado recuperou prestígio quando governos latino-americanos o resgataram para desenvolver políticas sociais que terminaram sendo reivindicadas até pelos candidatos da direita. Ao mesmo tempo há consenso também de que a profunda e prolongada crise econômica no centro do capitalismo foi produzida por um mercado sem controle. De tal forma que a direita não pôde seguir fazendo a apologia do mercado. O que ela faz é manter sistemática crítica ao intervencionismo econômico do Estado e a este como fonte de corrupção.
A disputa pelo Estado, para a esquerda, não tem simplesmente o objetivo de resgatar o aparato de Estado tal qual ele é. Mas de fortalecer as políticas sociais e os bancos públicos, democratizar o sistema tributário, resgatar e fortalecer empresas estratégica para a economia, afirmar projetos nacionais, democratizar o processo de formação da opinião publica, apoiar políticas culturais de caráter pluralista, desenvolver um discurso democrático, púbico, popular e soberano.

Recuo de Alckmin sugere primeira derrota em mais de 20 anos de gestão tucana

na Rede Brasil Atual

Para sindicato dos professores da rede estadual, manifestações estudantis contra reorganização mudaram a história da escola pública no estado de São Paulo

por Cida de Oliveira


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Durante greve de 90 dias, professores denunciaram mazelas do ensino paulista, como a superlotação das classes

por José Gilbert Arruda Martins

O recuo do governador truculento do PSDB, não se enganem, é apenas provisório, até os bravos estudantes secundaristas de São Paulo, saírem das escolas, não acreditem nesse cara, um governador que bate em professor e estudante, não merece nenhuma consideração de apreço, muito menos de confiança.

Apesar de ser um recuo do governador e uma vitória momentânea apenas, mas uma vitória que poderá ter algum significado, pois o PSDB vem, com mão de ferro, dominando o estado de São Paulo há mais de 20 anos, a impressão que passa, para quem mora longe, é que até professores e estudantes apoiam cegamente as políticas autoritárias, anti-republicanas do Alckmin.

Por que digo isso?

Por que, a dominação do PSDB por duas décadas, foi e é acompanhada de uma administração repleta de descasos com a coisa pública, haja vista as questões que envolvem desvios de recursos públicos com os trens do Estado, o extermínio das populações de jovens pobres da periferia etc., agora, essa tal de reorganização das escolas, que poderá significar para um futuro bem breve, a entrega aos rentistas, da educação pública ou, como dizem muitos, a entrega dos terrenos onde ficam as escolas para a especulação imobiliária.

Mesmo assim, parabéns aos estudantes secundaristas de São Paulo. Estamos com vocês.

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São Paulo – Longe de significar o fim da reorganização da rede estadual de ensino reivindicada por alunos que ocupam escolas há 25 dias, a suspensão do projeto do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), anunciada hoje (4) em meio a protestos e repressão policial, parece apontar para a primeira derrota em mais de 20 anos de gestão tucana.
“O debate sobre a situação da educação paulista acabou sendo feito por vias tortas, em meio às manifestações. O governo tentou colocar na agenda a seu modo, mas foram os movimentos que acabaram agendando a educação”, disse a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira.
Segundo a dirigente, a desvalorização do trabalho docente e as classes superlotadas, que prejudicam a qualidade do ensino e que estão no centro do debate estudantil apoiado por pais, professores e movimentos sociais, são os mesmos pontos da pauta de reivindicações do movimento grevista dos professores que em 2015 durou três meses sem que o governo apresentasse uma proposta sequer. "Tivemos zero de correção salarial e estamos com uma série de pendências que serão transferidas pelo novo secretário da Educação", disse.
A suspensão do projeto que inclui o fechamento de mais de 90 escolas e a extinção do ensino médio, principalmente noturno, em muitas unidades, bem como a saída do secretário da Educação Herman Voorwald, foram recebidas como "necessárias".
"Era preciso voltar atrás. O bom senso dizia que não se pode impor com força policial aquilo que a sociedade não está aceitando", disse Bebel. "Estamos esperando que o próximo secretário tenha o perfil prometido pelo governador em 2011, de que teria disposição para o diálogo, mas que não aconteceu na prática".
Ainda segundo a dirigente, a luta dos professores ganha força com o movimento dos alunos. "Mesmo assim, governo Alckmin deverá seguir com a tentativa de quebrar a Apeoesp".
A presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas Ângela Meyer, avalia como importante e significativa a queda de Voorwald. "Sua gestão foi marcada pela falta de diálogo desde o princípio. É uma felicidade a saída dele".
No entanto, conforme a lider estudantil, a luta não acabou. "A escola pública deve ter outro objetivo, os professores devem ser valorizados e o governo tem de cumprir sua obrigação com a educação".

Acertada, porém tardia

O diretório estadual da Rede Sustentabilidade se manifestou sobre o recuo do governo de Geraldo Alckmin. Em nota oficial, destacou que a decisão do governo de suspender o processo de reorganização escolar é acertada, porém tardia e claramente motivada pela queda na popularidade de Alckmin anunciada hoje.

"É preciso deixar claro que a decisão de suspender o fechamento das escolas não exime o estado da apuração acerca da conduta violenta por parte da Polícia Militar contra as manifestações", diz a nota oficial. "É grave notar que a declaração de guerra aos estudantes anunciada na semana passada pelo chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação tenha se concretizado em cenas de truculência contra os adolescentes, como assistimos mais uma vez na manhã desta sexta-feira, com o uso da tropa de choque e promoção de uma verdadeira “chuva de bombas”.

O partido cobra ainda transparência com abertura do diálogo com a sociedade, para a construção de alternativas para a educação no Estado de São Paulo e que as ações policiais estejam a serviço da proteção à comunidade e não contra ela.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Quilombo de São José

por José Gilbert Arruda Martins
Foto: PG


Nosso povo tem muita história. Quando fazia graduação em História na Universidade Estadual do Ceará (UECE), na década de 1980, li e ouvia de alguns, inclusive velhos e reacionários professores vindos da área militar, que a história do Brasil teria sido construída apenas pelas elites representadas por D. João, D. Pedro e cia.

Na mesma graduação, encontrei outros professores, entre eles, Lúcio Caminha, professor de História do Brasil que, como dizia ele, para complementar as informações dos outros colegas defendia: "Índios e Negros fizeram história e reagiram, desde o início, à escravidão e à invasão de suas terras e destruição de suas famílias e nações.

Conclui meu curso com as informações do bom e velho amigo Lúcio Caminha. Nosso povo tem história sim senhor.

Os Quilombos, e foram mais de cem, era e é a prova concreta e viva dessa informação.

Os livros didáticos, infelizmente, nos ensinaram ao longo de décadas, que existia apenas Palmares.

Essa informação, fazia parte de um projeto maior das elites tupiniquins, que era esconder do próprio povo a sua História.

Não conseguiram.

Ao longo de décadas de um ensino castrador, com a maioria de professores e professoras de História, mal preparados, tivemos, para nossa alegria, dezenas de outros professores e professoras que, de uma forma bem mais profunda e comprometida com a luta do povo, conseguiu levar às salas de aula, a informação que faltava nos livos e nas aulas do mau professor.

Não apenas os livros e salas de aulas em escolas de ensino fundamental e médio, falaram da história do povo.

O próprio povo, com sua santa teimosia, conseguiu manter suas tradições e suas vidas, que hoje são testemunhos de que somos um povo de muita garra.

Apesar de toda a violência da escravidão.

Apesar de toda a violência do Senhor de Engenho.

Apesar de toda a violência do Pelourinho.

Conseguimos sair do outro lado. Conseguimos vencer o ódio e nos manter vivos.

A história dos Quilombos brasileiros está aí, ninguém, por mais que queira, conseguirá apagar.

O Quilombo de São José é uma dessas histórias.

"No período de escravidão no Brasil (séculos XVII e XVIII), os negros que conseguiam fugir se refugiavam com outros em igual situação em locais bem escondidos e fortificados no meio das matas. Estes locais eram conhecidos como quilombos. Nestas comunidades, eles viviam de acordo com sua cultura africana, plantando e produzindo em comunidade. Na época colonial, o Brasil chegou a ter centenas destas comunidades espalhadas, principalmente, pelos atuais estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Alagoas."
"O Quilombo São José da Serra, é o mais antigo quilombo do Estado do Rio, formado por volta de 1850. Localizado na estrada RJ 157 na altura do Km 57, tem uma área de 476 hectares em Santa Isabel do Rio Preto (distrito de Valença), nas proximidades da Serra da Beleza, e abriga cerca de 200 quilombolas que mantêm vivas as ricas tradições africanas divulgando sua cultura negra.
Algumas características preservadas são: Musica Afro, Artesanato, O ferro a carvão, o fogão a lenha, o terço de São Gonçalo rezado pelas parteiras, o plantio coletivo de milho e feijão, as casas em pau a pique e o mutirão para “catar” sapê na mata para construir o telhado das casas.
Palco de grandes celebrações culturais, o Quilombo tem como maior de todas as comemorações a Festa da Cultura Negra, realizada duas vezes ao ano. Trata-se de um acontecimento grandioso, onde uma grande fogueira é acesa para celebrar a Abolição da Escravatura, que reúne cerca de 2 mil pessoas acampadas pelo terreno, durante um final de semana. Os participantes promovem apresentações de capoeira, Folia de Reis, Jongo, maculelê, calango, dança de roda e muitas outras manifestações da cultura negra.
Dentro do Quilombo, cercado de montanhas e muito verde, destaca-se um centenário e gigantesco jequitibá onde sob a copa da árvore há grutas, ossos e raízes aparentes. É considerado sagrado e abençoado, e são feitos muitos rituais, pedidos e orações ao redor dessa árvore. É uma das localidades especiais na cultura do lugar, e que pela sua beleza, chama a atenção dos visitantes que se embrenham pelas trilhas.
Visitar São José é uma viagem ao passado com direito à uma bela receptividade de seus senhores, senhoras, jovens e crianças que nos recebem com alegria, simpatia e satisfação, sempre convidativos a nos sentar nos sofás de suas casas, tomar um café, e passar uma bela tarde de conversa."
Mais fotografias do Quilombo São José, em exposição em João Pessoa PB:

Fontes:
http://valedocafeonline.com/quilombo-sao-jose-da-serra-santa-isabel-do-rio-preto/

http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/quilombos/

Sexo, drogas e skate: 'O Cheiro da Gente' faz análise chocante da juventude

na Rede Brasil Atual

Do mesmo diretor de 'Kids', longa-metragem de ficção acompanha seis jovens parisienses e retrata a inconsequência, o egoísmo e a solidão desta nova geração

por Xandra Stefanel, especial para RBA

Prostituição
Math (Lukas Ionesco) é o protagonista de 'O Cheiro da Gente'

Vinte anos depois de lançar o polêmico filme Kids, o fotógrafo e diretor americano Larry Clark atravessou o oceano e desembarcou no Velho Mundo para filmar, desta vez, a juventude parisiense. O Cheiro da Gente (The Smell of Us, no título original) estreia nesta quinta-feira (3) nos cinemas brasileiros.
Do alto de seus 72 anos, Clark não perdeu o interesse pelo desregrado universo jovem com o qual entrou no mundo das artes. Ele atraiu a atenção dos produtores artísticos ao expor em suas fotografias o universo que conheceu como adolescente: os subúrbios movidos por anfetaminas e sexo, transformados em matéria-prima de seu cinema nos filmes Kids (1994), indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1995, Bully - Juventude Violenta (2001), Ken Park (2002) e Marfa Girl (2012).
Se, na década de 1990, a história ultra-realista de jovens autodestrutivos que se deixam consomir pelas drogas e sexo sem proteção já chocou parte da sociedade, Clark volta agora com a mesma receita cheia de violência. Desta vez, os adolescentes se encontram entre o Museu de Arte Moderna e o Palácio de Tóquio, em Paris, onde bebem, se drogam, transam em público e “batem” carteiras ao ar livre e sob o permanente registro de seus telefones inteligentes.
A câmera indiscreta de Clark também acompanha os garotos nas festas malucas e nas noites de sexo nas quais os garotos vendem seus corpos à velhos e velhas pervertidos. Nada no filme é delicado ou pensado para preservar de alguma maneira aqueles corpos tão jovens: as cenas de sexo explícito não são raras – muito menos excitantes. A impressão que se tem é que tudo naquele universo é vazio e solitário, até (ou especialmente) as relações familiares.

A cena que abre o filme já prepara o espectador para a angústia que vai acompanhá-lo durante os 88 minutos. Em seus skates, os jovens fazem manobras ao redor de um morador de rua, Rockstar (interpretado pelo próprio Larry Clark), passam por cima e esbarram naquele corpo largado e consumido pelo álcool. É esta a sensação que se mantém durante todo longa-metragem: nada e ninguém importa para aqueles garotos, nem eles mesmo. Além da próxima dose, tudo o que parecem querer é esquecer.

O Cheiro da Gente 
Direção: Larry Clark
Elenco: Lukas Ionesco, Diane Rouxel, Theo Cholbi, Hugo Behar-Thinieres, Rayan Ben Yaiche, Adrien Binh Doan, Maxime Terin, Larry Clark, Michael Pitt
Roteiro: Mathieu “Scribe” Landais, Larry Clark
Fotografia: Helene Louvart
Montagem: Marion Monnier
Distribuição: Zeta Filmes

Para governadores, golpismo e interesse pessoal movem Cunha

na Rede Brasil Atual

Enquanto parlamentares se inscrevem para repercutir pedido de impeachment, governadores do Nordeste enviam ao Congresso documento em que classificam ação como retrocesso institucional

por Hylda Cavalcanti

Governadores
Camilo Santana (CE), Flávio Dino (MA), Jackson Barreto (SE), Paulo Câmara (PE), Renan Filho (AL) Robinson Farias (RN), Ricardo Coutinho (PB), Rui Costa (BA) e Wellington Dias (PI)

Brasília – O Congresso recebeu na tarde de hoje (3) uma nota assinada por governadores dos nove estados da região Nordeste criticando o acolhimento do pedido de impeachment por Eduardo Cunha após a notícia de que o PT iria votar contra ele no Conselho de Ética. Os governadores destacam, no documento, que Cunha reagiu por motivação pessoal e classificam a atitude do deputado como “indesejado retrocesso institucional”.
“Na verdade, a decisão de abrir o tal processo de impeachment decorreu de propósitos puramente pessoais, em claro e evidente desvio de finalidade. Diante desse panorama, os governadores (dos estados) do Nordeste anunciam sua posição contrária ao impeachment nos termos apresentados, e estarão mobilizados para que a serenidade e o bom senso prevaleçam”, acentua o documento, que acrescenta, ainda, que “o  Brasil precisa de união e não de golpismos.
A nota tem a assinatura dos governadores Camilo Santana (PT-CE), Flávio Dino (PCdoB-MA), Jackson Barreto (PMDB-SE), Paulo Câmara (PSB-PE), Renan Filho (PMDB-AL) Robinson Farias (PSD-RN), Ricardo Coutinho (PSB-PB), Rui Costa (PT-BA) e Wellington Dias (PT-PI).
Enquanto isso, na Câmara dos Deputados, é lido há mais de três horas o requerimento que pede o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, acolhido ontem pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A leitura é feita pelo 1º secretário, Beto Mansur (PRB-SP). Parlamentares entram e saem do plenário a todo momento, e muita gente está inscrita para se manifestar. Mas a peça jurídica lida por Mansur é longa, e ele não dá sinais de estar perto do final.

Distribuição das legendas

Na reunião realizada entre os partidos políticos para definir a distribuição entre cada legenda na comissão que vai apreciar o impeachment, encerrada esta tarde, as lideranças acertaram que dos 65 deputados que terá a comissão, os partidos com maior número de integrantes serão PT e PMDB, cada um com o direito de indicar oito deputados. Em seguida vem o PSDB, que poderá ter seis representantes na comissão. A composição segue a proporcionalidade dos partidos na Casa.
PP, PSD, PR e PSB indicarão, cada um, quatro deputados. O PTB indicará três, e um bloco formado pelas siglas DEM, PRB, PDT, SD, PSC e Pros vão indicar dois parlamentares.
Terão direito, nesta proporcionalidade, a indicar um representante, as legendas PCdoB, PPS, PV, PHS, PSol, PMN, PEN, PTC, PTdoB,  PMB e Rede. Ao passo que não terão direito a indicar representantes as bancadas do PRP, PSDC, PRTB e PSL. Mediante um acordo feito entre as lideranças partidárias, cada bancada tem até segunda-feira para indicar os nomes dos deputados, mas alguns partidos já se anteciparam.

O Solidariedade divulgou há pouco que os seus deputados na comissão serão Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SP), e Arthur Oliveira Maia (BA). No PSDB, o líder Carlos Sampaio também disse que a legenda vai antecipar seus nomes até a tarde de amanhã, embora já estejam confirmados o próprio Sampaio e Bruno Araújo (PE). Mas ele destacou que os tucanos têm interesse em fazer com que os próprios líderes e vice-líderes é que sejam os demais representantes da legenda na comissão.