terça-feira, 20 de outubro de 2015

Ruralistas tentam aprovar sementes estéreis

no Portal do MST
"A bancada ruralista avalia que chegou o momento de enfiar goela abaixo da população os pontos mais nocivos da pauta dos capitais do agronegócio para os quais militam diuturnamente", escreve Gerson Teixeira.
monsanto_reprodução_0.gif

Por Gerson Teixeira
Do Outras Palavras

Tirando proveito da perda de influência do PT no governo e, em contrapartida, da crescente hegemonia do PMDB num governo fragilizado na opinião pública, e do controle absoluto do mesmo PMDB sobre as duas casas do Congresso, a bancada ruralista avalia que chegou o momento de enfiar goela abaixo da população os pontos mais nocivos da pauta dos capitais do agronegócio para os quais militam diuturnamente.

Há pouco, aprovaram a ratificação de ofício dos títulos das grandes extensões de terras na faixa de fronteira. Pautaram para votação em regime de urgência, no plenário da Câmara, o projeto de lei (PL) que subscrevem, propondo a plena liberalização do acesso à terra no Brasil por estrangeiros. Por meio de Comissão Especial recentemente criada pelo deputado Eduardo Cunha, iniciaram o processo de alteração da legislação sobre proteção de cultivares, de modo a adequar a legislação vigente ao padrão UPOV 1991. Com a eficácia dessa iniciativa, a proteção intelectual não se dará mais sobre as sementes, e sim, sobre os grãos. Também estão conseguindo celeridade à proposta de emenda constitucional (PEC) 215, entre outras ações do gênero.

Neste momento, pautaram para votação na Comissão de Agricultura, o projeto de lei (PL) 1117, de 2015, do deputado Alceu Moreira, do PMDB do Rio Grande do Sul, propondo alterações na Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105, de 2005) e na lei que liberou os transgênicos, para aprovar a as tecnologias genéticas de restrição de uso na agricultura (GURT).

Trata-se da terceira tentativa dos ruralistas, afora iniciativa similar do ex-deputado Cândido Vacarezza, de introduzir, no Brasil, a semente “terminator”. Consta que, em todos os casos, as proposições foram formuladas por funcionários da Monsanto.

Vale frisar que, neste momento, como ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que foi a autora do primeiro PL sobre o tema em 2005. Com a poderosa influência da ministra no governo, mais a presidência da Comissão de Agricultura nas mãos do seu filho, somado, ainda, às presidências da Câmara dos Deputados e do Senado por seus correligionários, temos, na atualidade, um cenário de “céu de brigadeiro” para o processo legislativo da matéria.

Conforme dito, em 2005 a atual ministra da Agricultura, então deputada, apresentou o Projeto de Lei nº 5.964, propondo a liberação da utilização das tecnologias genéticas de restrição de uso no Brasil. O PL foi aprovado na Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural e rejeitado na Comissão de Meio Ambiente, sendo arquivado em 2007. Naquele ano, o então deputado Eduardo Sciarra (PSD-PR) reapresentou o PL, que só não foi aprovado em 2009 graças às atuações dos movimentos sociais e de vários parlamentares na Comissão de Constituição e Justiça, tendo à frente o PT.

Com a combinação das mudanças na legislação sobre cultivares com o terminator entraremos no “estágio armagedon” da modernização conservadora da agricultura iniciada na década de 1970. Daí em diante será utopia a soberania alimentar do país, bem como a preservação da biodiversidade. Tampouco teremos a perspectiva de um padrão diferenciado de agricultura.

O projeto do deputado Alceu Moreira, ao reeditar os termos dos PLs anteriores, impede a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e licenciamento de sementes que contenham tecnologias genéticas de restrição de uso, salvo nos casos de “plantas biorreatoras” e plantas que possam ser multiplicadas vegetativamente. Exceto, também, quando o uso da tecnologia comprovadamente constituir uma medida de biossegurança benéfica à realização da atividade. Bem, neste último caso, tudo passará a ser “benéfico para a atividade”. Até porque, uma das providências do PL é a de deslocar para a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) o poder disciplinador sobre o assunto, que na atualidade é regido pelo Regulamento da Lei de Biossegurança.

Assim, a suposta manutenção da proibição da semente terminator para alimentos é puro engodo, pois na prática estarão espalhadas várias culturas contaminando inteiramente as demais plantas. A este respeito vale informar que em 2005, a Federação de Cientistas alemães apresentou à Convenção de Diversidade Biológica um parecer concluindo que: “que plantas com tecnologias genéticas de restrição de uso (GURTs, em inglês) produzem pólen genéticamente modificado capaz de fertilizar cultivos próximos e plantas silvestres ou invasoras aparentadas.

Os transgenes contidos no pólen geneticamente modificado e (potencialmente) qualquer proteína expressada por esses genes estarão, assim, presentes na semente da polinização cruzada, independentemente se essa semente se tornou estéril”.

Na realidade, as pressões das multinacionais pela liberação de sementes terminator, visaram, visam e visarão, sempre, o impedimento da reprodução das sementes por terceiros, incluindo os próprios agricultores. Isto estaria assegurado via imposição de uma espécie de “patente biológica”, mais difícil de “piratear” do que no caso da patente jurídica.

Sobre o assunto, vale registrar que grande parte dos 1,45 bilhão de agricultores, em todo o mundo — principalmente agricultores de pequena escala — dependem da semente colhida como principal fonte de sementes para o novo ciclo agrícola. Calcula-se que cerca de 60% das sementes utilizadas pelos agricultores brasileiros são guardadas de uma safra para a outra.

Com o ‘terminator’ estes agricultores estarão na dependência total de fontes externas de suprimento desse insumo, pondo fim, assim, à prática milenar de seleção, melhoramento e troca de sementes entre agricultores de pequena escala, comunidades indígenas e tradicionais, que constituem um verdadeiro seguro de países como Brasil para a segurança alimentar e para a preservação da biodiversidade.

A alegação de supostas vantagens para a biossegurança, com a utilização de plantas estéreis, não passa de ardiloso recurso adicional de marketing das multinacionais em seu lobby contra a moratória dessas tecnologias na Convenção da Biodiversidade. Na verdade, tais vantagens não se confirmam na prática, pois, como afirmamos, antes, existe sim polinização cruzada com outras variedades da espécie, cujas sementes poderão não ser estéreis. Como a característica de restrição ao uso envolve um complexo de muitos genes, ela dificilmente será transmitida por completo (junto com o gene “de interesse” tipo inseticida) no cruzamento fortuito ou aleatório com outras plantas na natureza. A transmissão vai acontecer de maneira imprevisível e incontrolável, fazendo com que a presença do complexo genético terminator no campo (inclusive dos tais “biorreatores”) seja muito mais um risco do que uma garantia para a biossegurança.

Corroborando a avaliação acima, o “Grupo Ad Hoc de Especialistas Técnicos sobre Tecnologias de Restrição de Uso Genético”, formado para assessorar a Convenção sobre Diversidade Biológica apontou em seu relatório que: “…as plantas GURTs produzem pólen geneticamente modificado capaz de fertilizar cultivos próximos e plantas silvestres ou invasoras aparentadas. Os transgenes contidos no Pólen geneticamente modificado e (potencialmente) qualquer proteína expressa por esses genes estarão, assim, presentes na semente de polinização cruzada, independentemente se essa semente tornou-se estéril”.

Portanto, as tecnologias de restrição de uso impedem que a semente germine, mas não impedem a produção e dispersão de pólen. Dessa forma, a característica da esterilidade pode ser transmitida para outras plantas, inclusive para plantas silvestres.

Cumpre assinalar que a Conferência das Partes (COP-8) da Convenção da Biodiversidade, de 2006, em Curitiba, reafirmou a proibição ao plantio de sementes GURT adotada na COP-5. Apesar de as decisões dos países membros de uma convenção já em vigor não serem “vinculantes”, os países que as violam perdem respeito e credibilidade em futuras negociações, podendo ser cobrado pela “falha” por interlocutores inclusive em negociações sobre outros temas, sejam militares, comerciais, etc. Assim, no mínimo, é do interesse nacional que o Congresso não exponha o país a vexames ou se desmoralize internacionalmente, sendo aconselhável, neste caso, como em outros, que o Brasil mantenha a coerência entre compromissos assumidos junto a outras nações e sua própria legislação nacional.

As conseqüências da proposição em referência, na ampliação do monopólio transnacional das sementes seriam desastrosas para economia, para os agricultores e para a soberania nacional. Em um cenário onde 100% das sementes precisassem ser compradas pelos agricultores, no Brasil, somente no caso do milho, por exemplo, o gasto anual com sementes aumentaria de R$ 162 milhões para R$ 1,17 bilhão.

No caso do milho, a região mais penalizada com a obrigatoriedade de compra de sementes a cada safra seria o Nordeste. Desta forma, além de onerar significativamente a agricultura brasileira, a tecnologia terminator teria um impacto catastrófico nos segmentos mais pobres da população rural, conforme dito, antes.

Portanto, a modificação genética de plantas para produzir sementes estéreis tem sido objeto de ampla condenação pela sociedade civil, por organismos científicos e pelos governo s de numerosos países, por considerá-la, no mínimo, uma forma imoral e antiética de aplicação da biotecnologia. Não bastassem tais implicações para os interesses coletivos e da soberania nacional, a iniciativa mostra-se absolutamente inoportuna. Ocorre às vésperas da Convenção do Clima de Paris, onde a temática ambiental, em geral, será objeto das discussões e negociações pelos países membros da “COP do Clima”.

Nesses termos, recomenda-se, em primeiro lugar a luta pela distribuição do PL para a Comissão de Meio Ambiente. Alguém pode achar que foi descuido ou ignorância a não distribuição do PL para o Meio Ambiente? Também devemos lutar pela distribuição da matéria para a Comissão de Relações Exteriores pelas razões postas no texto.

De resto, cumpre aos paridos políticos e organizações de trabalhadores e da sociedade civil, em geral, comprometidos com os valores da soberania nacional e os demais interesses maiores da sociedade brasileira a mobilização contra mais esse ato de lesa pátria da bancada ruralista.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

“As 80 pessoas mais ricas do mundo têm mais dinheiro do que 3,5 bilhões de pessoas”, diz pesquisadora

no Portal do MST
Em entrevista ao Brasil de Fato, Silvia Ribeiro mostra que, ao contrário do que se pensa, a riqueza mundial cresceu 68% nos últimos dez anos, mas apenas 1% da população acumulou 95% da riqueza gerada.
silvia_ribeiro.jpg

or Luiz Felipe Albuquerque
Do Brasil de Fato​

Nos últimos anos, notícias diárias retratam a grave crise econômica pela qual passa todo o mundo. Ao mesmo tempo, nos chegam notícias sobre recordes de lucratividade de alguns setores. O que explicaria algo que a princípio parece ser contraditório?

Para a pesquisadora Silvia Ribeiro, do Grupo ETC, não há nada paradoxal nesse processo. Ribeiro traz um cenário assustador ao demonstrar que nos últimos dez anos, apenas 1% da sociedade abocanharam 95% da riqueza gerada em todo o mundo.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Silvia Ribeiro explica quem são estes 1%, e afirma que estes mesmos setores são os principais responsáveis por uma das mais graves crises mundial: a mudança climática. O campeão dessa crise climática? Toda a cadeia produtiva do agronegócio.

Confira:

Muitos falam que estamos vivendo uma enorme crise econômica mundial, mas ao mesmo tempo vemos lucros cada vez maiores de determinadas empresas. O que explicaria esse paradoxo?

Temos muitas crises. A crise econômica de 2008, a crise ambiental, social e climática. Em relação à crise financeira, alguns grandes grupos econômicos perderam e instituições desaparecem, mas outras se fizeram mais fortes e poderosas comprando estas e outras empresas.

O resgate bancário que se faz com a crise favorece enormemente os bancos muito poderosos, que recebem cifras bilionárias de dinheiro público. Vivemos na maior desigualdade que se conhece na história.

1% da população mais rica do mundo tem 50% da riqueza mundial. Por outro lado, e mais impactante, é que as 80 pessoas mais ricas do planeta tem a mesma quantidade de dinheiro que as 3,5 bilhões de pessoas mais pobres, ou seja, a metade do mundo. 80% de toda humanidade só tem 5,5% da riqueza.

A crise foi manejada pelos Estados para salvar os ricos. Além de dar dinheiro, as empresas tem tudo a seu favor para manipular e capitar novas formas de lucro que são geradas depois da crise.

Ao contrário do que as pessoas pensam, a riqueza mundial cresceu 68% nos últimos 10 anos, mas 95% da riqueza gerada foram apropriadas por apenas 1% da sociedade. O resto da população ficou mais pobre, com trabalho mais precarizado e desempregados. As “pessoas comuns” vivem a crise, mas paradoxalmente a crise foi uma oportunidade para os mais ricos se apropriarem de mais dinheiro e de mais recursos, eliminando concorrências.

E quem são estes 1% mais ricos?

Dados da Revista Fortune mostram que das 100 maiores economias do planeta, 40 são empresas e 60 são países. Ou seja, 40 empresas tem mais dinheiro do que a maioria dos países.

Quando vemos quais são as maiores empresas do mundo, percebemos que a maioria são empresas de energia, sobretudo as petroleiras, de transporte e algumas exceções, como poucas empresas de tecnologia e alguns bancos.

As 12 principais empresas coincidem exatamente com os dados que tem provocado o maior desequilíbrio ambiental global, que é a mudança climática. Trata-se do sistema agroalimentar industrial, da geração e extração de energia e transporte. Esses três setores são os principais causadores da mudança climática.

Porém, das 12 principais empresas, a maior de todas é o supermercado Walmart. Isso nunca havia acontecido. É a primeira vez que o Walmart está em primeiro lugar. É uma empresa de serviços e o maior empregador privado do mundo. E isso tem uma série de significados.

Leia mais:

E quais seriam?

O capitalismo tende a concentrar, e um dos setores que mais tiveram concentração foram as empresas agroalimentar. Desapareceram as empresas de sementes, de processamento, e hoje em dia temos 20 empresas que controlam a maior parte do mercado de alimentos, desde a produção de sementes aos supermercados.

Desde 2009, o maior mercado do mundo é o agroalimentar industrial, passando o mercado de energia, que foi o maior durante todo o século 20.

Isso tem a ver com a industrialização da comida, o processo agro alimentar e a expulsão das pessoas do campo. Esse tipo de empreendimento só pode se concentrar em locais com grandes concentrações urbanas.

Além disso, o Walmart significa “Walmartização” do mercado de trabalho. O Walmart proibiu a sindicalização, e as pessoas que trabalham na empresa são sócias, e não empregadas. É uma das empresas que tem maior quantidade de demandas por motivos de discriminação trabalhista, físico, sexual, etc. Nos EUA, por exemplo, a empresa conseguiu baixar o salário de seus funcionários em quase 30%.

Porém, o Walmart tem a imagem do que se pretende o modelo capitalista de consumo, em que nada é fresco e tudo passa por um processamento, de embalagem, refrigeração, etc.

Entretanto, é muito significativo que o Walmart seja a primeira empresa do mundo, porque ele trabalha com algo de que não poderíamos abrir mão na nossa vida: a comida. Não é somente o maior mercado do mundo, mas é essencial por ser um mercado que não pode deixar de existir. Ele se apropria de um setor chave da sociedade, e está na ponta da cadeia agro alimentar.

Hoje em dia temos dois grandes paradigmas do modelo. Um é a Monsanto, e do outro lado está o Walmart. A Monsanto se apropria de todo o início da cadeia, como as sementes - e que agora está tentando comprar a Syngenta, a maior fabricante de agrotóxicos do mundo, o que daria a ela um controle quase total do início da cadeia -, e do outro está o Walmart, que é tão grande que pode colocar condições a todo o resto da cadeia.


info efeito estufa (1)!.jpg

Por ser um dos maiores setores do mundo, esse sistema agro alimentar também seria um dos maiores causadores dos problemas ambientais?

A mudança climática é um dos mais graves problemas ambientais do mundo. No último século, já aumentamos 1°C a temperatura média da terra, e a projeção é que aumente de 4°C a 5°C.

Isso é devastador do ponto de vista ambiental e dos impactos que terão sobre o ecossistema e na forma de subsistência da vida humana. Já há dezenas de milhares de migrantes climáticos no mundo, e a Organização Mundial da Migração já disse que a mudança climática será um dos fatores que fará crescer muito o número de migrantes.

A Terra levou bilhões de anos para equilibrar o clima para que existisse vida. Mas nosso sistema econômico e político desequilibrou o clima em apenas 100 anos, a um ponto difícil de controlar. E isso tem a ver, sobretudo, com a emissão de gases de efeito estufa.

Essas emissões são o ponto 1 para entender porque o clima é um paradigma tão importante. Conhece perfeitamente as causas das mudanças climáticas. O IPCC identifica três grandes setores que são os principais: 25% é a extração e produção de energia; o segundo, com 24%, é a agricultura industrial e toda a mudança do uso do solo e o desmatamento, e 14% o transporte.

Porém, a Via Campesina e Grupo ETC, fizemos um trabalho de analisar esses dados de outra maneira. Nos perguntamos: quem usa a energia, quem usa os transportes e porque se produz o desmatamento?

Quase 85% do desmatamento é para a expansão da fronteira agrícola. Ou seja, não se trata apenas de um problema de desmatamento, mas um problema que está vinculado à expansão da fronteira agrícola.

A maioria da emissão de metano, por exemplo, tem a ver com a comida agroindustrial. Na comida dos mercados locais não há embalagens como nos convencionais, ela não vai parar no lixo, mas num composto, se recicla, etc. 75% do corte de árvores no mundo se transforma em embalagens.

Quando começa a identificar quem usa os transportes, as embalagens, quem provoca a deflorestação, vemos que o que está por trás é o sistema alimentar agroindustrial. Da Monsanto ao Walmart. Este sistema provoca entre 44% a 57% dos gases de efeito estufa.


info agrotoxicos (1)!.jpg

Mas ele não é essencial à vida humana?

O sistema alimentar agroindustrial alimenta apenas 30% da população mundial, mas se utiliza de 75% a 80% das terras agrícolas do mundo, de 70 a 80% da água e dos combustíveis de uso agrícola. Além disso, todas as sementes que se utilizam neste sistema são patenteadas e pertencem a uma empresa. Não há nenhum agrotóxico no planeta que não seja de uma empresa transnacional. As dez maiores empresas tem 95% de todo mercado mundial.

Do outro lado temos um dos melhores exemplos que são as redes de alimentação camponesa, que incluem pescadores, ribeirinhos, hortas urbanas, etc. Este sistema tem apenas 25% da terra agrícola no mundo e alimenta 70% da população mundial, com apenas 30% dos recursos hídricos e 20% dos combustíveis.

Ele não apenas oferece mais alimento, mas se tivesse mais terra - por isso a reforma agrária segue sendo um problema fundamental -, apoios mínimos, poderiam produzir muito mais, já que com as condições tão desfavoráveis, num processo quase de guerra contra os camponeses, se produz tanto.

E o que estas grandes corporações tem dito frente a estas questões?

A única propostas das grandes corporações para a saída da crise climática é o que chamamos de falsas soluções. São soluções tecnológicas muito negativas, como os transgênicos e os agrotóxicos, que eles chamam de “intensificação sustentável”.

São medidas tecnológicas extremamente perigosas e completamente falsas. Um exemplo é o mercado de carbono. Dizem que diminuirão as emissões, mas seguem aumentando o tempo todo. São apenas novos fatores especulativos, que permitem com que os capitalistas privatizem até mesmo o ar.

Ainda que pareça loucura, em lugar de ir às causas do problema, as empresas estão apresentando propostas sobre a manipulação do clima. O efeito estufa, por exemplo, é uma relação entre os gases que formam uma capa e não deixa os raios solares saírem. Para isso há a proposta de se criar nuvens vulcânicas artificiais para tapar os raios de sol para que não cheguem tanto no solo; fazer cultivos transgênicos brilhantes para que reflita o sol, ou branquear as nuvens para refletir o sol.

Se estas propostas forem efetivadas, mudaria os padrões de chuva e vento e a temperatura baixaria, mas as monções na Ásia, por exemplo, perderiam sua intensidade, e mudaria todo o sistema agrícola da região, e ao mudar a precipitação, mudaria os ventos na África.

Outra proposta é como sacar os gases que estão em excesso com meios tecnológicos. A indústria petroleira está propondo em retirar o dióxido de carbono e enterrá-lo a mais de 1.500 metros de profundidade em poços de petróleo e em minas esgotadas. Esse é um dos métodos que irão propor na Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), que irá acontecer em dezembro, em Paris.

Isso serve à indústria porque já é uma técnica petroleira. Os poços de petróleo têm 20% a 25% de reservas que não pode ser retirada por estarem tão profundas. Mas com o dióxido de carbono seria possível injetar e empurrar essa reserva para que ela saísse. Apenas não a usavam porque é muito cara.

Porém, poderiam vendê-la como uma solução para o clima. Isso significa que eles estão pedindo aos governos para que paguem as instalações. Os governos não só pagariam as instalações, como as empresas retirariam mais reservas de petróleo e cobrariam créditos de carbono para enterrarem os gases.

Isso levaria a uma nova onda de concentração de terra, e mesmo que fizessem isso em todos os poços do mundo, não seria suficiente para retirar os gases da atmosfera. Além disso, o dióxido de carbono teria que ficar ali para sempre, mas para a empresa não importa se ele sairá dentro de um, dez ou vinte anos. Isso é uma manobra para que eles tenham subsídios, retirem mais petróleo e depois diriam: com isso não foi possível, agora precisamos da Neo Engenharia, que é a manipulação do clima.
info22 (1) (1)!.jpg

Diante desse quadro, quais seriam as alternativas?

Os movimentos sociais têm debatido soluções reais e possíveis a um dos problemas mais graves do planeta, que é a crise climática. Há dez anos a Via Campesina começou a dizer que os camponeses esfriam o planeta. Um dos maiores fatores de absorção do dióxido de carbono são os solos. Imediatamente, os empresários disseram: “vamos comprar solos para absorver o gás”.

Porém, para o que o solo absorva e retenha o dióxido de carbono é preciso que ele seja manejado, o que precisa de gente, e isso só os camponeses podem oferecer. Além do mais, são os camponeses que conhecem, literalmente, milhares variedades de sementes, espécies de plantas, árvores, etc, o que pode dar resposta às mudanças climáticas.

Os movimentos mais vivos da terra são os movimentos que tem a ver com a defesa da cultura, da comunidade, dos territórios e a luta pela terra. Não quero dizer sozinhos resolveriam tudo, claro que precisamos de uma articulação muito mais ampla.

A Via Campesina é o maior movimento da história do mundo, desde a quantidade de gente, números de países e que, ademais, tem um elemento fundamental: não tem apenas soluções, mas já a executam.

Um dos maiores desafios é derrubar mitos: o mito de que a agricultura industrial é quem nos alimenta, e que sem ela não seria possível alimentar o planeta. Não necessitamos de grandes desenvolvimentos industriais e fontes de energia para termos uma boa vida, inclusive a que temos agora, o problema é que não somos nós que estamos usando a maior parte dos recursos, mas sim uma minoria.

Professores dão dicas para última semana de estudo antes do Enem

no Portal Vermelho

A poucos dias das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), não é hora de aprender novos conteúdos, mas sim de revisar aquilo que já se domina. Essa é a dica do professor de química Paulo Santos. "Neste momento, o estudante tem que priorizar aquilo que tem algum tipo de domínio e fazer aquele ajuste final", orienta ele, que leciona num cursinho preparatório para o Enem e o Programa de Avaliação Seriada (PAS), em Brasília.

 


No próximo fim de semana, nos dias 24 e 25, estudantes de todo o país farão as provas do Enem. Mais de 7,7 milhões de candidatos se inscreveram. A Agência Brasil e o Portal EBC conversaram com professores para saber o que os alunos devem priorizar nos últimos dias de estudo e que temas têm mais chances de aparecer nas questões.

Além da revisão, a dica de Santos é que os alunos resolvam provas de anos anteriores como forma de treino, pois muitos temas são recorrentes. "É a melhor estratégia de todas. O aluno vai se habituando à linguagem e vai aprendendo os processos cognitivos que o Enem desenvolve dentro daquele assunto", disse. Ele lembra também outros aspectos que os estudantes podem encontrar na prova de química. “Em química, aparecem muitas questões sobre equilíbrio químico, reconhecimento de funções orgânicas”. Santos destaca também que as questões sociais são bastante abordadas. “Até na ciência da natureza esse aspecto nunca é deixado de lado. A relação do homem com o meio, como pode modificar o seu meio em prol econômico, ambiental e social.”

Refazer provas

Coordenador de um curso pré-vestibular em Brasília, Paulo Perez concorda com a estratégia. “Fazer provas anteriores é o melhor caminho para a preparação. O [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira] Inep disponibiliza todas as provas no site dele, com os gabaritos. O aluno pode fazer a prova e ver o que errou. [Pode] procurar, nesta última hora, caso um assunto se repita com frequência, ir atrás do assunto para treinar.”

Perez destaca também que a prova exige que os alunos coloquem em prática o conteúdo que aprenderam dentro de sala de aula e, por isso, as conhecidas “decorebas” acabam não ajudando tanto. “É uma prova de leitura, de saber ler e interpretar. É uma prova muito mais de saber resolver os problemas com as ferramentas que ele aprendeu no ensino médio do que de decoreba e conteudista”.

Outra dica importante dos professores é ter uma estratégia para responder às questões e ganhar tempo. “Uma dica que serve para qualquer prova: leia antes o enunciado. Primeiro comece pelo comando, pela situação problema. Depois de ler o enunciado você vai fazer uma leitura do texto com mais foco, mais objetivo. Tempo no Enem é crucial”, acrescenta Perez.

Ele lembra ainda que em português, questões que tratam de figuras de linguagem e gêneros textuais têm sido frequentes. Já em matemática o estudante deve deparar com porcentagens, probabilidade, conversão de medidas e leitura de gráficos, por exemplo. Em física, temas relacionados com energia estão entre as apostas. “Em história, com certeza [as questões vão abordar] história do Brasil, Era Vargas, escravidão, os direitos civis e políticos, as novas conquistas, as conquistas das mulheres. Na geografia, a geografia da agricultura, a estrutura fundiária, os conflitos sociais, fontes de energia, e água”, completa Perez.

Biologia

Mas quais são os temas que podem cair na prova e merecem a atenção dos candidatos? O professor de biologia Guga, também de Brasília, aposta que a ecologia será uma das temáticas. Ele destacou os problemas ambientais como possíveis temas.

“Sugiro que [o aluno] dê uma atenção especial à ecologia e sobretudo estude bastante os desequilíbrios ambientais”, disse ao ressaltar a eutrofização e as ilhas de calor. Segundo o professor, outros temas são recorrentes nas provas. “Depois vem biologia celular, fisiologia e genética. São as quatro frentes de biologia que você vai ter em maior número de questões na sua prova.”

Os professores lembram que a prova já está pronta há algum tempo e, por isso, temas que vêm sendo destaque somente nas últimas semanas provavelmente não serão abordados.

Para ajudar os candidatos a se preparar para o Enem, a EBC preparou o aplicativo Questões Enem que reúne todas as questões desde a edição de 2009. No sistema, é possível escolher as áreas do conhecimento que se quer estudar. O acesso é gratuito.
 

Fonte: Agência Brasil

TV Senado mostra a luta pela adoção do voto feminino no país

no Portal Vermelho

A TV Senado exibe, neste final de semana, o oitavo episódio da série Senado na História, que trata dos debates ocorridos durante a República Velha (1889-1930) sobre o direito das mulheres participarem da vida política do país. A pressão de mulheres como Bertha Lutz, criadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), e Leolinda Daltro, fundadora do Partido Republicano Feminino, transformou a política e trouxe para o Senado a discussão sobre a participação feminina. 


O documentário mostra a história da luta pela cidadania das mulheres brasileiras. 
O documentário mostra a história da luta pela cidadania das mulheres brasileiras. 


Agência Senado

O documentário, dirigido por José Geraldo Coêlho e produzido por Lorena Maria, mostra que a Proclamação da República não pôs fim às estruturas de controle e exclusão que prevaleceram no período imperial. Além das mulheres, os analfabetos, os ex-escravos e os pobres eram impedidos de votar.

Depoimentos das historiadoras Lucília de Almeida Neves e Ane Cajado e da feminista Schuma Schumaher, coautora do livro As Herdeiras das sufragistas, detalham a história da luta pela cidadania das mulheres brasileiras.

No programa, são exibidos documentos originais do Arquivo do Senado Federal — como o abaixo-assinado da FBPF, entregue em 1927 com mais de duas mil assinaturas — e cenas de filmes históricos.




A crise paralisa o Distrito Federal

na Carta Capital
Depois dos profissionais da saúde, servidores de outras categorias decidem iniciar uma greve no DF
por Rodrigo Martins
Naara-e-Francisca

Naara Guedes e sua mãe, Francisca: ela depende de exames para um transplante
Na fila para o transplante de rim e de pâncreas, Naara Guedes precisou de dois ônibus e uma hora para se deslocar do Riacho Fundo, onde mora, até o ambulatório do Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília, onde pretendia agendar dois exames preparatórios para a cirurgia, a ser realizada em São Paulo. Surpreendeu-se, porém, com a greve dos servidores da saúde do Distrito Federal, que a partir da quinta-feira 8 passam a atender apenas casos de urgência e emergência.
“Espero que entendam ser esta a minha situação”, resigna-se a jovem portadora de doença renal. “Nos hospitais, falta tudo. Quando ela faz hemodiálise em Taguatinga, precisamos levar até gaze e esparadrapo”, critica a mãe Francisca Macedo, companheira nas peregrinações pela rede pública.
Ao todo, 37 categorias de servidores prometem cruzar os braços após o governador Rodrigo Rollemberg, do PSB, anunciar que não pagará benefícios e reajustes salariais concedidos em 2012, na gestão do petista Agnelo Queiroz.
À época, chegou-se a um acordo de reajustes escalonados até 2015, validados por leis aprovadas pela Câmara Legislativa. As últimas parcelas deveriam ser quitadas em setembro de 2015, mas o governo, em grave crise financeira, alega só ter condições de honrar os compromissos a partir do próximo ano, e sem o pagamento dos retroativos.
Na quarta-feira 7, os representantes de sindicatos decidiram abandonar o salão nobre do Palácio do Buriti enquanto o secretário de Relações Institucionais, Marcos Dantas, tentava esclarecer as razões da moratória. “O governador não compareceu ao encontro e seus representantes só repetiam a mesma ladainha de que não havia dinheiro no caixa.
Hospital
A situação nos hospitais é caótica / Crédito: Rodrigo Martins
Chegaram a mencionar que a Grécia teve de cortar o salário dos servidores em 30% e que talvez fosse necessário demitir funcionários. Entendemos isso como uma ameaça, por isso abandonamos a reunião”, afirma Guttemberg Fialho, presidente do Sindicato dos Médicos. A categoria está com os pagamentos de horas extras atrasadas há três meses e teria direito, por lei, a um reajuste de 5% a partir de setembro.
A paralisação dos servidores promete transformar a vida do brasiliense num verdadeiro caos. Nas delegacias, não haverá atendimento administrativo. Os professores confirmam a paralisação a partir de 15 de outubro, e as escolas públicas podem ter as aulas suspensas. A obtenção de documentos e alvarás promete ficar mais morosa com a paralisação de servidores nas administrações regionais e nos postos de atendimento do Na Hora. Mas o calcanhar de aquiles, não resta dúvidas, é a saúde pública, que há tempos padece com o sucateamento dos hospitais, a falta de insumos e medicamentos, além de um crônico déficit de profissionais.
As farmácias hospitalares estão com os estoques zerados de 61 remédios. Por falta de insulina, cerca de 4 mil diabéticos estão com o tratamento prejudicado. Dos 13 tomógrafos existentes na rede, quatro estão quebrados, enquanto quase 9 mil pacientes aguardam na fila para o exame. A dívida com as empresas responsáveis pelo reparo dos aparelhos ultrapassa a cifra de 2,4 milhões de reais.
Equipamento-quebrado
A falta de manutenção de equipamentos compromete os remédios / Crédito: Rodrigo Martins
Num dos laboratórios do Hospital de Base, um equipamento da marca Architect i2000SR, capaz de realizar 200 testes de imunologia e de hormônios por hora, está desligado, com a manutenção vencida desde junho de 2014, mostra um servidor indignado com a situação de penúria. Cerca de 20 exames de diagnóstico não podem ser realizados no local devido à ausência de reagentes, como o teste de PSA, usado para detecção do câncer de próstata.
Em outro laboratório, dedicado a exames de emergência, uma servidora mostrou a geladeira completamente desabastecida de reagentes. Na prática, o Hospital de Base, referência no tratamento de alta complexidade, estava sem condições de realizar testes de enzimas cardíacas, como Troponina e CK Massa, para detectar infartos.
“Para não deixar os pacientes sem assistência, a gente passa a mão no telefone e tenta encontrar o que falta em outras unidades da rede. Aí ligamos para o Hospital Regional de Brazilândia e perguntamos ‘vocês têm teste rápido de HIV?’ Se dizem que sim, logo pedem algo em troca, um kit de dengue, algum reagente em falta por lá. Todos estão na mesma situação”, explica a funcionária, que pediu para não ter a identidade revelada.
No Hospital Materno Infantil de Brasília, servidores relatam atrasos em repasses a empresas terceirizadas que cuidam da alimentação e da limpeza local, o que costuma acarretar em interrupção nos serviços. Pacientes do Hospital Regional do Paranoá, internados em regime domiciliar, também sofreram nos últimos meses com interrupções no acesso à alimentação enteral e a fraldas.
De acordo com Marli Rodrigues, presidente do SindiSaúde do Distrito Federal, até mesmo os aventais descartáveis usados no manuseio de pacientes na UTI ou em áreas de isolamento têm sido reaproveitados. “Infelizmente, muitos de nós lançam mão desse tipo de improviso para não interromper o atendimento. Mas é uma coisa arriscada, fora do protocolo, pois expõe tanto os pacientes quanto os profissionais ao risco de contaminação e infecção.”
O sindicato reivindica o cumprimento de duas leis, uma aprovada em 2012 e a outra no ano seguinte, que tratam a incorporação de uma gratificação aos vencimentos dos servidores e da equiparação da jornada de 20 horas a todos os profissionais da área, além de criticar a transferência de alguns serviços de saúde a organizações privadas. “Parece haver um intencional processo de sucateamento da rede pública, que visa à terceirização dos serviços”, diz Rodrigues. Pelos cálculos do SindSaúde, há um déficit de 10 mil profissionais na rede pública.
Protesto
Protesto em frente à sede do governo distrital na quinta 8 / Crédito: Claudio Reis/D.A. Press
No caso dos médicos, o déficit é de 5.052 profissionais, segundo recente auditoria da Controladoria-Geral do Distrito Federal. Das 10 mil vagas existentes em janeiro de 2015, somente 4.938 estavam ocupadas. “Há médicos que acumulam até 96 horas de trabalho, mais que o dobro do permitido pela CLT, só para não haver desfalque nos plantões”, comenta Fialho. “Com os atrasos, muita gente desiste de estender a jornada. No vencimento deste mês, foram pagas as horas extras de julho.”
A crescente insatisfação do funcionalismo é um desafio a mais para Rollemberg, herdeiro de uma dívida de 3,8 bilhões de reais deixada pelo antecessor, Agnelo Queiroz. “Esta é a maior crise financeira da história do Distrito Federal”, afirmou aCartaCapital em janeiro, logo após assumir o Palácio do Buriti.
Agora, o governador se diz de mãos atadas para cumprir as leis que determinam reajustes aos servidores, uma vez que os gastos com pagamentos de salários atingiram 51% da receita corrente líquida no segundo quadrimestre, de maio a agosto, 2 pontos percentuais acima do teto estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Qualquer reajuste, costuma enfatizar, depende do aumento da arrecadação. Procurado pela revista, Fábio Gondim, secretário de Saúde, não atendeu ao pedido de entrevista.
Na terça-feira 6, o governo conseguiu aprovar um pacote de aumento de tributos, que deve ampliar as receitas em 242 milhões de reais em 2016. Os deputados distritais rejeitaram, porém, as propostas de reajuste no IPTU, na Contribuição sobre Iluminação Pública e na Taxa de Limpeza, o que reforçaria o orçamento do próximo ano em 166 milhões.
Os servidores da saúde refutam o argumento de que não há recursos para o cumprimento das leis de 2012 que estabelecem reajustes e benefícios. “Recentemente, o governo tomou um empréstimo de 1,5 bilhão de reais do Iprev, valor que corresponde a 75% do superávit desse fundo, destinado à aposentaria dos funcionários da saúde. Se incluir esse valor na conta, estamos longe do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal”, diz Rodrigues. A batalha, tudo indica, deve terminar nos tribunais. 
*Reportagem publicada originalmente na edição 871 de CartaCapital, com o título "Brasília às moscas"

ENTREVISTA MARCO AURÉLIO MELLO - Não é bom, Gilmar

na Rede Brasil Atual
Apesar de um membro do STF ter agido para que o dinheiro empresarial em eleições fosse legalizado, a corte votou com a Constituição. Para o ministro Marco Aurélio Mello, foi um passo contra a corrupção


Marco Aurélio Mello


Foi do ministro Marco Aurélio Mello um dos oito votos do Supremo Tribunal Federal pela ilegalidade das doações empresarias em eleições. O processo ficou um ano e meio parado numa gaveta. O ministro Gilmar Mendes pediu vista com o objetivo de ganhar tempo para que o Congresso legalizasse a ilegalidade. Segundo Mello, isso não será possível. “A decisão da corte tem eficácia imediata e irreversível”, disse, em entrevista ao repórter daRBA Eduardo Maretti.
A decisão é irreversível mesmo?
A proclamação foi nesse sentido, e evidentemente a eficácia não é retroativa. Aplica-se às eleições de 2016. É bom que realmente seja. Vamos ver se barateamos as campanhas e, em vez de marketing apenas se tenha a revelação do perfil dos candidatos, que é o que interessa à sociedade.
"Fico triste, porque o Gilmar tem uma bagagem jurídica constitucional invejável, e acaba se desgastando. Não é bom para o Tribunal, para a cidadania brasileira nem para ele"
A premissa do tribunal é que o poder de eleger é do cidadão, não é de segmentos econômicos, porque, quem deve estar representado no Congresso e nas casas legislativas, nos executivos, é o povo, é o cidadão, é o eleitor.
O STF estaria hoje preenchendo um vácuo do Legislativo e do Executivo?
O Supremo, como poder moderador, acaba atuando nesses espaços que ficam abertos. Agora, tarda uma reforma política maior.
Como o senhor vê as movimentações pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff?
De início o processo de impeachment é um processo político. O contexto é péssimo porque o Executivo nacional hoje está muito desgastado. Temos de aguardar. Agora, a ordem natural das coisas direciona no sentido de a presidente terminar o mandato. O impeachment é uma exceção, e como exceção, tem de estar respaldada em aspectos concretos. Vamos aguardar para ver o que ocorre.
O jurista Dalmo Dallari criticou o ministro Gilmar Mendes e disse que o tribunal está em alguns momentos tendo posturas políticas...
O que se espera de quem tem essa missão sublime de julgar é uma equidistância maior. Nós não podemos desconhecer que a tônica do ministro tem sido uma tônica muito ácida em termos de crítica ao PT e ao próprio governo. Agora, o Supremo tem atuado e decidido com equidistância (...) Eu, por exemplo, fico triste, porque o ministro Gilmar Mendes tem uma bagagem jurídica constitucional invejável, e acaba praticamente se desgastando com certas colocações. Não é bom.
Vários juristas temem ameaças a garantias constitucionais, a direitos individuais, com abuso de prisões preventivas, uso indiscriminado de delação premiada como prova, na Operação Lava Jato.
Há algo que causa perplexidade. Primeiro, ter-se a generalização das prisões preventivas. É algo que não entra na minha cabeça, invertendo-se portanto a ordem natural, que direciona você a apurar para, selada a culpa, prender em execução da pena. Em segundo lugar, ressoa a prisão preventiva como uma forma de fragilizar o preso, aquele que está sob a custódia, e ele partir para a delação. Nós precisamos realmente preservar princípios. (...) Não estou criticando a Polícia Federal, o Ministério Público, muito menos o colega Sérgio Moro. Mas em Direito, você não pode potencializar o fim e colocar em segundo plano o meio, que é o que está assentado nas normas jurídicas.
O senhor disse que não queria estar na pele da presidenta Dilma?
Eu acho que ela está realmente encurralada, está num período em que a legitimidade é questionada, porque as colocações que ela tem que fazer não logram a ressonância desejável, principalmente considerada uma crise, que é a crise maior no Brasil, que é econômica, financeira, e evidentemente isso desgasta a pessoa. Ela é um ser humano, e deve a certa altura se questionar sobre a cadeira ocupada e sobre qual a ressonância que os atos praticados a partir dessa cadeira estão tendo.

domingo, 18 de outubro de 2015

As reações desencontradas sobre a Lava Jato

no GGN o Jornal de Todos os Brasis

A força tarefa da Lava Jato não se envergonhou de ter mandado para a prisão uma cunhada do tesoureiro petista João Vaccari, pelo simples fato de ter sido filmada tirando dinheiro de um caixa eletrônico. Houve celebração da midia pela atuação firme e destemida do juiz Sérgio Moro e dos bravos procuradores da República que não deixaram que sentimentos banais de pena os desviassem do caminho da punição; houve indignação da esquerda.
Agora, Eduardo Cunha entra na mira e a esquerda move campanha exigindo isonomia: se prendeu a cunhada de Vaccari, tem que prender a mulher de Cunha.
Nem entro no mérito das suspeitas sobre cada uma. Apenas meço as reações gerais ante o poder ilimitado de que se viu revestida a Lava Jato, desde que se associou aos grupos de mídia e passou a comandar o noticiário. 
Nada tenho a favor de Eduardo Cunha, muito pelo contrário: esta semana fui convocado para duas audiências nas ações cível e penal que ele me move. A revelação das contas de Cunha na Suíça e das contas dos anos 90 nos Estados Unidos, facilitarão minha vida.
Mas o método utilizado pelo Procurador Geral da República contra Eduardo Cunha –o vazamento sistemático de informações visando enfraquece-lo – é o mesmo que se usa contra Lula, contra o filho de Lula, contra a nora do Lula.
Não adianta a indignação seletiva, de afirmar que há provas concretas contra Cunha e meras ilações contra Lula. Ao aplaudir o método da Lava Jato contra Cunha, está-se sancionando o poder absoluto do PGR Rodrigo Janot, do juiz Sérgio Moro e da força tarefa – junto com os grupos de mídia. Basta inundar o noticiário com referências concretas ou vagas sobre qualquer pessoa para se ter a condenação imediata perante a opinião pública e a decretação de prisão, sabendo que nenhum tribunal superior ousará enfrentar o clamor das ruas.
Hoje em dia, o método do assassinato de reputação  não tem mais limites. Toda acusação tem a sanção tácita da Lava Jato. Os bravos setoristas de escândalos publicam informações comprovadas ou meras alusões ou informações falsas sem que ninguém seja responsabilizado. Ganharam o poder com que sonham procuradores e jornalistas pouco profissionais (existem os procuradores e jornalistas sérios): o de poder expor seus argumentos, provas e manchetes no tribunal da mídia, sem qualquer forma de contestação.
Aplaudir a ofensiva contra Cunha significa liberar o PGR para continuar influindo no jogo político, ao centrar fogo em um lado e poupar Aécio Neves em outro. Se tudo isso valer o preço da prisão e humilhação de Eduardo Cunha, que seja assim e Deus seja louvado.
Mais esperto dos economistas do Real, André Lara Rezende percebeu os novos ventos e, em uma aula em Harvard, defendeu uma espécie de anistia geral e irrestrita para a corrupção pública. O PGR já anunciou a intenção de defender a tese, perante os tribunais internacionais, da imprescritibilidade da corrupção pública. O receio de André é o mesmo dos torturadores quando a Lei da Anistia passou a ser questionada com base nos tratados internacionais sobre a imprescritibilidade da tortura. 
O reconhecimento das teses pelas cortes internacionais significaria tirar da gaveta todas as ações que foram sufocadas pelo Judiciário, a começar do inquérito do Banestado, fitas do BNDES, privatização e política cambial..
Como seria se as armas do MPF se voltassem contra governos passados? Por enquanto, o pacto com a mídia tem blindado Aécio Neves, José Serra e o próprio André. Mas quem garante que a exacerbação desse clima punitivo manteria o rio correndo dentro das margens acertadas?
Há dois riscos nessa exacerbação punitiva da Lava Jato.
O primeiro é o do excesso de poder, que desequilibrou completamente os sistemas de freios e contrapesos dos demais poderes jogando no lixo direitos individuais.
O segundo é o risco de, mais tarde, assim que a Lava Jato cansar, esquerda e direita se unirem para retirar poderes do Ministério Público.
Qualquer das duas conclusões seria desastrosa.

sábado, 17 de outubro de 2015

Campanha, bem bolada do Sinpro-DF, faz homenagem às professoras e professores.

por José Gilbert Arruda Martins



Campanha, bem bolada do Sinpro-DF, homenageia professoras e professores.

Apesar da Greve e da luta que não para nunca, o sindicato dos professores e professoras, faz bela e justa homenagem aos educadores e educadoras do Distrito Federal.

Todas as 649 escolas receberam fixado em sua porta de entrada, cartazes "Eu amo minha profissão" e, dezenas de professoras e professores foram entrevistados para divulgação no site do sindicato.

Dia do Professor e da Professora

formação de gerações

Trabalhadores do campo e da cidade fecham Avenida Paulista contra 'superexploração'

na Rede Brasil Atual
Manifestação passou pela Fiesp, HSBC e Petrobras, na região central de São Paulo, reivindicando melhores condições de trabalho e salários dignos
por Rodrigo Gomes, da RBA
trabalhadores

São Paulo – Trabalhadores de frigoríficos, agricultores familiares, bancários e petroleiros tomaram a Avenida Paulista, no centro da capital paulista, na tarde de hoje (16), para protestar contra a superexploração dos trabalhadores em vários setores da economia. “Os trabalhadores têm ficado doentes com jornadas exaustivas, assédio moral, péssimas condições de trabalho e baixos salários. E quando chega a data-base, banqueiros e outros empresários querem aplicar um reajuste ínfimo, alegando crise, mesmo tendo lucrado milhões”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.
Os trabalhadores pararam em frente à unidade do banco HSBC na Avenida Paulista e fizeram um escracho. O banco é investigado por lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, tendo movimentado, pelo menos, € 180 milhões de 100 mil clientes e 20 mil empresas por meio de contas bancárias na Suíça, utilizando empresas de fachada.
Juvandia chamou os banqueiros a assumir suas responsabilidades na sociedade brasileira. “Os bancos deviam financiar o crescimento econômico, criar empregos, financiar a casa própria, eletrodomésticos. E não só consumirem o dinheiro do povo, com juros de 400% no cartão de crédito e 300% no cheque especial”, disse. Os bancários estão em greve desde o dia 5 e estimam que 50% das 11.439 agências bancárias e 42 centros administrativos estão paralisados.
Os trabalhadores do setor financeiro reivindicam reajuste salarial de 16% – referente à reposição da inflação, mais 5,7% de aumento real; participação nos lucros ou resultados (PLR) equivalente a três salários mais R$ 7.246,82 e que o piso da categoria seja fixado em R$ 3.299,66. Também pedem que os vales-alimentação e refeição, a 13ª cesta-básica e o auxílio-creche/babá seja de R$ 788, por mês cada. Os banqueiros propuseram 5,5% de reajuste, ante uma inflação de 9,88%, considerada a pior proposta dos últimos anos.

A mobilização também parou em frente à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde o presidente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Romário Rosseto, expôs a situação de superexploração em que vivem os trabalhadores das grandes empresas frigorificas nacionais: BRF Brasil Foods e JBS Friboi. “O trabalhador de frigorífico tem de dez a 12 anos de vida útil. Depois perde sua capacidade de trabalho e vai pro Sistema Único de Saúde (SUS), sem apoio e sem ganhos. Não consegue nem levantar uma escova de dentes”, afirmou.
Segundo Rosseto, embora essas empresas recebam grandes incentivos financeiros governamentais, por meio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), isso não se reflete em boas condições de trabalho, nem em salários satisfatórios. “Aquela empresa bonita só existe no comercial. Não é a realidade dos trabalhadores”, afirmou. O BNDES aportou R$ 2,5 bilhões na BRF Brasil Foods e tem participações na JBS Friboi, por meio da BNDESPAR, da ordem de R$ 8 bilhões.
O militante do MPA também cobrou que o governo federal apresente uma posição sobre o Plano Camponês de Alimentação Saudável, que pretende priorizar a compra governamental de alimentos produzidos por pequenos agricultores, sem a utilização de agrotóxicos. “As grandes transnacionais como Monsanto, Dow Chemical e Syngenta estão envenenado o povo brasileiro, as águas e até o leite materno. Isso não pode continuar”, afirmou Rosseto.
Por fim, os trabalhadores se dirigiram à sede da Petrobras, no número 901 da Avenida Paulista, onde deram um abraço simbólico no prédio, e prometeram enfrentar qualquer tentativa de enfraquecer a empresa, como o PLS 131/2015, de autoria do senador paulista José Serra (PSDB), que possibilita a privatização do pré-sal, ou o novo plano de negócios da empresa, que propõe a venda de até 40% da estatal, até 2018.
“Os movimentos sociais entendem a importância da Petrobras para o desenvolvimento do Brasil. Seja na criação de empregos, por conta da aquisição de produtos nacionais na fabricação de sondas e outros equipamentos, ou na educação e na saúde, pela destinação de royalties do petróleo”, destacou a coordenadora do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP), Cibele Vieira.

Os trabalhadores abriram mão da campanha salarial este ano e estão reivindicando diálogo com a empresa sobre a Pauta pelo Brasil, apresentada em 7 de julho deste ano. Entre outras coisas, reivindicam que a empresa retome investimentos, contrate trabalhadores por meio de concurso público, não realize venda de nenhuma subsidiária e mantenha o pré-sal sob regime de partilha.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

"Esse Silêncio Todo Me Atordoa"

por José Gilbert Arruda Martins

Hoje Brasília amanheceu diferente; diferente por que a greve dos professores de escolas públicas por tempo indeterminado inicia hoje.
topo

Ruas, que normalmente amanhecem repletas do vai e vem de crianças e jovens indo para as escolas, amanheceram palidamente silenciosas, sem cor e sem a alegria rotineira.

Infelizmente, por conta de um governo autoritário e irresponsável, sem compromisso algum com a Educação, a categoria de educadores do Distrito Federal resolveu, de forma democrática, começar um movimento de greve.

Os estudantes e suas famílias, que, serão os mais prejudicados nessa situação toda, precisam entender que o que está em jogo, não é apenas o salário e a dignidade dos professores e professoras, está em jogo implacavelmente, o presente e o futuro da Educação Pública no DF.

Os estudantes devem estar acompanhando via internet, por que a "grande" mídia não divulga, o que está acontecendo em alguns Estados brasileiros, mais especificamente em São Paulo, lá, o governador Geraldo Alckmin do PSDB, pode fechar nos próximos meses, cerca de 127 escolas, na sua grande maioria, na periferia da cidade, essa trágica medida irá atingir em cheio os jovens negros e pobres das comunidades já sofridas daquela cidade.

Os jovens de Brasília, os estudantes de todo o DF e suas famílias, precisam apoiar fortemente esse movimento que se inicia hoje.

O GDF, parece estar certo, que a Educação Pública precisa ser reformulada à maneira tucana de reformular, que é sacateando a educação pública e justificar sua privatização num futuro breve.

Jovens do DF, acompanhem o que está acontecendo em São Paulo e entendam que a Greve hoje, que sacrifica, que faz sofrer e causa prejuízo sim, pode ser um instrumento importante garantidor do futuro da educação Pública aqui na região.

O silêncio das ruas hoje, atordoa, deixa zonzo quem não percebeu que a educação precisa ser respeitada e levada a sério, e, respeitar a educação é também, valorizar os professores e professoras.

'Se nossa escola for fechar, a cidade vai parar'

na Rede Brasil Atual
Centenas de estudantes caminharam na capital paulista entoando gritos contra Alckmin e sua proposta de "reestruturação" das escolas
por Gabriel Valery
protesto4.jpg
No Dia do Professor, alunos protestam contra 'reestruturação' das escolas por Alckmin


São Paulo – Estudantes da rede pública estadual fizeram hoje (15), na capital paulista, uma manifestação contra a “reestruturação” das escolas, proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O movimento, que vem ganhando força com o mote “Não fechem a minha escola”, reuniu aproximadamente 500 alunos da rede estadual de ensino no Largo da Batata, na zona oeste, por volta das 9h. Após decisão coletiva, os jovens seguiram em passeata, por sete quilômetros, até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, no Morumbi, zona sul.
Ao chegar, estudantes cantavam repetidamente o grito “Se nossa escola for fechar, a cidade vai parar. Se os alunos se unirem, o Geraldo vai cair”. Antes do início das movimentações, policiais militares já estavam no local com cinco viaturas da Força Tática.
O projeto de reestruturação pretende rever os ciclos educacionais do ensino público, e com isso, mais de 127 escolas podem ser fechadas, de acordo com estimativa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp)
Entre os jovens reunidos, esperando o movimento ganhar volume, destacava-se Clara Kaiser. Professora na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), ela fez questão de comparecer ao protesto. “Vejo essa reorganização como uma perda. Não é necessário uma escola estar superlotada para se justificar”, disse.
“A existência da escola também significa um espaço cultural, de encontro e atividades sociais. Se essas medidas servirem para economia, as perdas futuras serão muito maiores”, diz a respeito do argumento de racionalização da estrutura de ensino, apresentada pelo governo.
Aos poucos, mais manifestantes foram chegando, alguns com cartazes, bandeiras e tambores. Não eram poucos os que panfletavam informações sobre o fechamento de escolas e coletivos de defesa da educação.
Segurando uma grande bandeira vermelha, que ainda ia guiar os manifestantes durante caminhada até o Palácio, Cauê Borges, estudante secundarista e membro do coletivo Grupo de Estudantes Secundaristas (GAS), disse que o resultado positivo das manifestações contra a reestruturação “depende muito da organização dos secundaristas”.
Para ele, o ato trouxe pessoas engajadas de outras esferas. “Achei este ato muito universitário e não acho que isso seja positivo. Pode deslegitimar o movimento. Os partidos, por exemplo, não estavam dando muita bola e no último ato, que ganhou a mídia, eles apareceram em peso”, apontou em tom crítico o estudante.
Quando os manifestantes tomaram todas as faixas da Avenida Faria Lima, no sentido Avenida Juscelino Kubitschek, alguns, mais exaltados, gritavam que não iam desistir nem pela força policial. Não foi preciso. Os poucos policiais presentes no momento limitaram-se a organizar o trânsito e aguardar a passeata passar.
Quando o grupo chegou à Marginal Pinheiros, pela ponte Eusébio Matoso, os policiais fecharam a pista local e acompanharam em comboio por trás dos manifestantes. Na altura do Jockey Club, onde as pistas local e expressa se encontram, duas faixas ficaram livres para os carros.
Alguns motoristas abriam as janelas e saiam momentaneamente dos carros para ofender os estudantes que caminhavam há mais de três horas sob sol intenso.
Até o momento de chegada no Palácio, não houve confrontos entre policiais e manifestantes. Um pequeno grupo, que seguia na frente dos manifestantes, ao alcançar o destino final, lançou objetos em policiais, que retrucaram com bombas de gás.

O tom geral foi de otimismo entre a maioria. “O governador vai acatar. Os estudantes estão acordando, eles querem acabar com a juventude que não tem condições de estudar em uma escola paga, como os filhos deles. Esse movimento vai crescer. Se escolas fecharem, vamos ocupar a cidade”, disse Marcela Nogueira dos Reis, que completou com um questionamento: "Onde estão as panelas agora"?