domingo, 3 de maio de 2015

A caminhada do PSDB para a direita está completa

na Carta Maior

O PSDB se tornou um boneco de ventríloquo: aparelhado pelas forças sociais conservadoras, coloca a truculência policial ao dispor do reacionarismo.

Maria Inês Nassif
Aécio Neves / Flickr


por José Gilbert Arruda Martins

Escrevi no meu blog - http://professorgilbert2014.blogspot.com.br - sobre o tema em março de 2014.
Hoje o PSDB perdeu a vergonha de vez, mostra de forma clara de que lado está na política e na vida brasileira.

E isso não é um ruim, o PSDB assumir o seu verdadeiro lado, o lado do conservadorismo reacionário, truculento, violento, entreguista, elitista, homofóbico, anti-republicano, é importante.

Parabéns ao Aécio - nunca pensei que fosse escrever isso na vida -, ao apoio que está dando ao seu aliado Beto Richa (PSDB Paraná), é isso, estão juntos no projeto e no estilo da direita de governar.

Resta aos Movimentos Sociais, à Classe Trabalhadora e ao Povo entender e fazer suas escolhas.

A matéria da Maria Inês abaixo é extremamente esclarecedora, deveria ser usada por nós professores em sala de aula nesta segunda feira.

O Brasil sempre teve partidos e políticos de direita, aliás, fomos governados durante toda a República por políticos e partidos de direita.

Em todo esse tempo tivemos os mais e menos entreguistas e distantes dos reais interesses do país e do Povo.

A blogosfera insiste, e vou hoje novamente falar, mais recentemente, claro, historicamente falando, tivemos a União Democrática Nacional, a velha e conservadora UDN, que tinha figuras importantes para a direita do país, Carlos Lacerda era figura principal desse projeto anti-popular e entreguista.

Hoje temos o PSDB. Figuras emblemáticas como FHC, que, durante seus dois mandatos, protagonizou o maior desmonte de um Estado de toda a história, entregando o patrimônio público nacional a preço de banana ao capital rentista, criou um arcabouço legal que priorizou a privatização e o desmonte dos serviços públicos.

Em 2002, com a vitória eleitoral de Lula da Silva, foi criado e implantado um projeto nacional, ainda tímido de país, mas que trouxe de volta o papel fundamental do estado na implementação de Políticas Públicas de orientação direta aos mais pobres que deu um salto no atendimento das demandas da maioria da população. 

De 2003 até hoje, com todos os erros que pessoas e governos possam cometer, o PT e seus aliados, capitaneados por suas lideranças, entre elas Lula e Dilma, construíram uma forma de Estado do Bem Estar Social, repito, ainda tímido, que a direita deseja desconstruir.

Por isso os ataques diários ao Lula, à Dilma, ao governo e, principalmente ao Partido dos Trabalhadores.

O que a esquerda precisa ter claro é que, o PSDB é isso que está posto.

Um partido que tem projeto sim, o projeto do retorno do Estado Neoliberal, um estado militante, organizado em torno de uma ideia fixa de desmoralizar tudo que seja voltado ao público, ao social e às minorias em busca de priorizar os interesses rentistas daqui de fora

A caminhada do PSDB para a direita está completa

O PSDB se tornou um boneco de ventríloquo: aparelhado pelas forças sociais conservadoras, coloca a truculência policial ao dispor do reacionarismo.

Maria Inês Nassif

A violenta repressão da Polícia Militar a uma manifestação de professores em Curitiba – que justificadamente protestavam contra o assalto do governo do Estado a um fundo de Previdência que é deles – traz preocupações que transcendem a própria violência. O perfil dos governos do PSDB nos Estados onde, teoricamente, o partido tem líderes de vocação nacional, confluem para um conservadorismo orgânico, para um modelo tucano de governar vocacionado ao fiscalismo, à visão desumanizada do servidor público e do que se considera adversários políticos, ao desprezo pela gestão pública e, fundamentalmente, para uma opção por uma política de segurança pública pautada pela força bruta.

Se isso for considerado no plano nacional, e numa conjuntura em que a esquerda está enfraquecida, a perspectiva futura de poder federal – se as forças no poder não se reerguerem – é de governos altamente conservadores, fiscalistas, desumanizados, alheios à função social da gestão pública e truculentos. Esse é o pior dos Brasis pensados para o futuro.

Os dois governos, de Beto Richa (PR) e Geraldo Alckmin (SP), fecham o ciclo da caminhada perseverante do PSDB rumo à direita. É a linha ideológica, hoje, o principal liame entre os políticos do partido e sua base partidária, e ela foi tecida de fora para dentro, já que o partido nunca conseguiu resolver uma dificuldade histórica de constituir-se em formulador ideológico e formador de quadros.

Na verdade, são as forças sociais conservadoras e os meios de comunicação, apoiadores incondicionais do PSDB, que têm desempenhado o papel de escolher os quadros tucanos e de definir ideologicamente a legenda. Por esse filtro, jamais a qualidade do quadro é colocado como condição para sua ascensão midiática, que por sua vez define as escolhas internas do partido: o apoio é simplesmente proporcional à capacidade ofensiva (no pior sentido) do político, nunca ao que ele pode agregar a um projeto de Brasil ideológico e consistente.

No momento em que se aliou a essas forças de forma radical, o PSDB acabou se tornando prisioneiro de sua própria armadilha. A estratégia de desqualificar a política institucional, usada para minimizar os ganhos eleitorais do petismo, acabou se constituindo na desqualificação de si próprio. Para as forças sociais e para os meios de comunicação aliados ao PSDB por conveniência, o partido é apenas um instrumento na guerra deflagrada para vencer a esquerda, que teve no petismo a sua principal expressão.

Se a esquerda institucional hoje tem sérios problemas de qualidade de quadros, a direita mais ainda. Hoje, os políticos que “repercutem” as denúncias cavadas diuturnamente pela mídia tradicional, numa estratégia perseverante de desconstrução da esquerda, têm uma condição não melhor do que o boneco no colo do ventríloquo: fala o que o dono quer ouvir. Sem condições de alçar voos pela qualidade de seus quadros, o PSDB depende hoje desesperadamente, e unicamente, de ser o escolhido pela mídia tradicional como instrumento de guerra; e de, nessa condição, ser o alvo preferencial dos financiamentos empresariais dentro da oposição. Com dinheiro e com apoio das mídias, não há condições de qualquer outro partido oposicionista concorrer com ele como aparelho ideológico preferencial da direita.

Como força política institucional, o PMDB, hoje, estaria muito mais apto a desempenhar esse papel – a substância ideológica peemedebista, depois de extraído o sumo da fisiologia, é francamente conservador. Mas não vai. Isso porque o PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros não é um partido nacional com chances de ser aparelhado por esses grupos, mas uma soma de chefes políticos estaduais e de grandes interesses econômicos comezinhos e particulares. Os pemedebistas sobrevivem do outro lado do balcão, o governista, com mais segurança, hoje com chances de grande autonomia, e a um custo muito mais alto para essas forças sociais do que a que impõe um PSDB sem quadros e sem personalidade própria. As fragilidades tucanas são atrativas para a direita social porque isso o torna altamente manipulável.

A ausência de vida interna do PSDB e o aparelhamento do partido pelos meios sociais e forças políticas conservadoras, ao longo dos últimos 12 anos, produziu um saldo desalentador. O candidato a presidente nas últimas eleições, derrotado, não consegue sequer formular uma estratégia de oposição minimamente consistente para construir uma personalidade própria, sua e do partido. A única estratégia política de Aécio Neves, presidente nacional tucano, é tirar a candidata vencedora nas eleições do ano passado do poder, a qualquer custo, e antes que cumpra o mandato para o qual foi eleita.

Nos Estados, Alckmin e Richa professam o conservadorismo que os apoiam usando a linguagem mais conservadora disponível: o uso da truculência policial, que se submete ao executivo estadual. No Senado, a profissão do preconceito como arma ideológica, e a mesma truculência, se consolidam. E tudo isso leva de roldão o que se considerava, há pouco mais de duas décadas, a nata da inteligência socialdemocrata do Brasil. Não é à toa que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fala, desfala e desordena pensamentos, como uma biruta numa tempestade de ventos. Este não é um cenário propício para o exercício da inteligência.

sábado, 2 de maio de 2015

África: o agronegócio é a nova versão do colonialismo

na Carta Maior

Os países do G-8 querem assumir a terra do continente africano, exportando suas tecnologias e ignorando qualquer conhecimento agroecológico.

Najar Tubino
Africa Renewal / Flickr
Os 53 países da África tem uma população de 1,111 bilhão de habitantes, sendo que 863 milhões moram na África Subsaariana – 34 países -, e 539 milhões continuam vivendo no campo. Mais de 90% são agricultores familiares, que as instituições internacionais insistem em qualificar de pequenos agricultores sem recursos. Além disso, 75% dos que trabalham e vivem da agricultura são mulheres, outro dado negligenciado pelas agências internacionais, como a USAID dos EUA, que está envolvida na maioria dos projetos de cooperação no continente africano. O próprio G-8 definiu há dois anos uma estratégia até 2022, para retirar 50 milhões de pessoas da situação de fome. Uma hipocrisia que de tempos em tempos os governantes ricos do planeta transformam em anúncios pomposos e planos detalhados. Este ano, por exemplo, era para ser a data em que a fome no mundo seria reduzida a metade. Isso foi anunciado no início do novo milênio.
 
Na verdade, o que os países do G-8 e suas agências, além é claro, das suas corporações, querem mesmo é assumir a terra do continente africano, que é habitada há milênios por comunidades de povos tradicionais e de indígenas. Parte dessa estratégia é traçar novas regulamentações nas próprias terras, iniciando o processo de regulamentação e da emissão de títulos individuais para os povos tradicionais, que obviamente, não tem documentos sobre suas terras. A USAID tem investido milhões de dólares em projetos neste sentido. Mas outra entidade chamada Millennium Challenge Corporation (MCC), criada pelo Congresso dos EUA em 2004 com o objetivo de promover o mercado livre em países pobres já investiu US$260 milhões para regulamentar as terras africanas. A rede de ONGs GRAIN, do Canadá, especialista na questão fundiária denunciou que os países africanos já promoveram 243 mudanças em suas legislações fundiárias e outras 43 na alteração do mercado de sementes.
 
Agroecologia é totalmente boicotada
 
A outra ponta da estratégia dos países ricos é implantar o agronegócio nas terras das comunidades tradicionais, para fazer o que já fazem em outras regiões, inclusive no Brasil: plantar soja, milho e algodão, cana e em alguns casos, como na África, culturas como caju, amendoim e tabaco. O pacote envolve sementes certificadas e patenteadas, fertilizantes químicos e agrotóxicos, o trio universal que tomou conta do planeta. A organização WWI (World Watch Institute), de Washington, criada pelo agrônomo Lester Brown, fez um trabalho de pesquisa de campo em 25 países africanos nos anos de 2009-2010, para o relatório lançado em 2011 – “Estado do Mundo: Inovações que nutrem”.
 
Os pesquisadores do WWI relataram dezenas de experiências em agroecologia na África – onde quase um milhão de agricultores trabalham com agroecologia e produção orgânica- em regiões difíceis como o Níger, a Etiópia, Mali e Malawi, que não são difundidas. Aliás, as agências internacionais não fazem a menor questão de divulgar este tipo de trabalho. Muito menos as fundações Gates, Soros, Rockefeller que definiram que a estratégia é implantar as sementes transgênicas no território africano, gastando mais de 200 milhões de dólares, se contabilizarmos os projetos de apenas duas delas – Gates e Rockefeller.
 
Milhões serão exilados pela mudança climática
 
Isso inclui criar semente transgênica de batata doce e de mandioca, duas culturas básicas na dieta dos africanos do campo. É preciso acrescentar nestas estatísticas futuras, que nos próximos cinco anos, entre 75 e 250 milhões de pessoas se tornarão exilados, em consequência das mudanças climáticas na África. As secas atingem as colheitas em dois de um período de três anos. A cada década uma seca grave. Então o problema básico dos povos tradicionais da África é a falta de umidade no solo, a falta de armazenamento da água da chuva e a inexistência de fertilidade do solo, ou seja, matéria orgânica, que em algumas regiões desapareceu. Não há pacote agroquímico no mundo capaz de resolver o problema.
 
Uma das fantasias criada pela Monsanto no Quênia é a promoção de uma semente transgênica lançada nos EUA em 2013, que é “resistente à seca”, e na verdade é tolerante a uma seca moderada. Coisa que qualquer semente crioula adaptada ao seu local de origem exerce em seu ciclo produtivo. Este é outro ponto que a estratégia dos países ricos pretende implantar na África. Em todos os países estão sendo introduzidas mudanças para regulamentar o mercado de sementes. Num continente onde mais de 90% da produção agrícola é familiar e tradicional, ou seja, faz parte dos costumes a troca e a partilha do conhecimento, portanto, das sementes crioulas, os agentes das corporações querem segurança para as patentes de suas marcas transgênicas.
 
Prosavana denunciado pelos camponeses de Moçambique
 
É lamentável que entre esses programas da USAID, das fundações filantrópicas norte-americanas estão iniciativas do governo Brasileiro, em projetos de cooperação técnica com vários países, especialmente Moçambique. A Embrapa desenvolve um programa de inovação agrícola em parceria com USAID em Moçambique. Existem dois projetos envolvendo a implantação do Programa de Aquisição de Alimentos e do Mais Alimentos. Até recentemente os programas filantrópicos dos EUA e da União Europeia compravam grãos dos seus agricultores para levar como ajuda humanitária à África, através do Programa Mundial de Alimentos. Agora mudaram a estratégia em parte, comprando de agricultores africanos.
 
Entretanto, o Prosavana é o mais conhecido dos programas a ser realizado no Corredor de Nacala, onde o ponto final é o porto, e onde uma ferrovia atravessa o norte do país. O discurso é o mesmo: ajudar a agricultura dos 4,5 milhões de pequenos produtores, melhorar a eficiência, combater a fome, mas depois de tudo isso, organizá-los em cooperativas para que se enquadrem no agronegócio e mergulhem no mercado de commodities mundial. Trabalhar para regulamentar a terra e nos projetos de reassentamentos. A Vale que explora carvão em Moatize tem uma área de 23 mil hectares e reassentou mais de mil famílias. A União Nacional dos Camponeses de Moçambique tem denunciado o Prosavana justamente por não contemplar as comunidades locais, de usurparem das suas terras e de implantar um programa sem consulta pública. Sem contar que a Fundação Getúlio Vargas estava fazendo a estruturação do Fundo Nacala, com sede em Luxemburgo e que pretendia captar dois bilhões de dólares de investidores e que receberiam seus lucros em 10 anos. Não vingou.
 
Algumas empresas portuguesas, da Suécia, da Finlândia, dos EUA, do Brasil já estão implantando projetos no Corredor de Nacala. Em Niassa, uma das províncias da região, o governo de Moçambique pretende incentivar o plantio de três milhões de hectares de eucalipto. Por ironia trágica, as empresas Hoyo Hoyo e Grupo Américo Amorin, além da Portucel, de Portugal, atuavam em Moçambique durante a colonização. Do Brasil o grupo Agromoz, dos Estados Unidos a Africa Century Agriculture Rei do Agro. É muito educativa a declaração da CEO do African Agricultural Land Fund, Susan Payne:
 
“- As terras e a mão de obra são tão baratas na África que vale a pena correr os riscos para investir”.
 
Programa para transformar em revendedor de agroquímicos
 
Na maioria dos países o governo concede licenças – no caso de Moçambique de 50 anos – para exploração por preços irrisórios, afinal, as empresas, fundos, corporações querem ajudar a combater a fome, melhorar a renda dos pequenos agricultores de parcos recursos e que necessitam da modernização da agricultura, das suas sementes transgênicas, dos seus fertilizantes químicos e de seus venenos. Um dos programas da USAID, patrocinado pelas corporações químicas é o PROFIT. Trata-se de um caso realmente engenhosos: formar agentes locais para revenda de produtos e também divulgadores das tecnologias do agronegócio. Eles treinaram milhares de agricultores na Zâmbia, que na zona rural de Mkushi, transformaram a paisagem num campo igual aos de Iowa, maior produtor de milho transgênico dos EUA. Em meio às choupanas de palha, como o relato de Andrew Rice no relatório do WWI.          
 
Enquanto isso, no Níger, país com 14 milhões de habitantes que enfrenta fome crônica e uma seca que devastou as criações de animais, situado na região do Sahel, os povos tradicionais fizeram uma recuperação da mata nativa, de espécies lenhosas, que em muitos casos são leguminosas, que naturalmente fixam nitrogênio na terra e conseguiram mudar o panorama numa área de cinco milhões de hectares. Isso ocorre nas regiões de Maradi e Zinder. Mesmo tipo de iniciativa o povo Dogon, no Mali, realizou. Fazendo cobertura vegetal, implantando sistemas agroflorestais e cultivando plantas nativas como painço e a espécie crioula do feijão-fradinho, além de rotação com noz de bambara, fanio e amendoim.
 
Sobrevivem com dignidade há milênios
 
Na Etiópia os povos das aldeias Wukro e Wenchi produzem mel de excelente qualidade – o país produz mais de 24 mil toneladas por ano, é o maior produtor da África -, que entrou no circuito internacional através de uma iniciativa do Slow Food International, que também já implantou mais de mil hortas comunitárias com espécies crioulas. As mulheres Massai, do distrito de Kajiado, no Quênia, construíram cisternas de ferrocimento para armazenar água, um projeto do Programa de Meio Ambiente da ONU. Em cada cisterna plantam 100 árvores.
 
Nos planaltos da Etiópia um grupo de agricultores descobriu e formulou um novo tipo de fertilizante usando uma planta nativa. Na mesma região onde até hoje produzem café selvagem, o mesmo que deu origem as plantações do Brasil, Colômbia e outros países.
 
Esta é uma realidade que não tem apoio dos governos locais todos interessados nas verbas das agências internacionais e das corporações, incluindo a elite local, que como sempre faz o seu papel de introdutor do pacote neoliberal agrovenenoso. Também não tem divulgação a não ser nos veículos alternativos ou de entidades. O pacote inclui a informação manipulada de uma realidade que só pode mudar se os povos tradicionais abrirem mão das suas terras, da sua história, enfim, da vida que levam a milhares de anos. E que agora os países do G-8, as fundações Rockefeller, Gates, Soros, Buffet, e as corporações Monsanto, Syngenta, Dupont e Bayer querem transformar, liquidando com a única coisa que eles mantiveram depois da escravidão, da colonização – a dignidade de viver de acordo com seus costumes e tradições, mesmo passando fome em muitos momentos.  
 

As terceirizadoras são vazias de sentido social

na Carta Maior

A terceirização silencia as conquistas dos trabalhadores brasileiros alçadas ao patamar de direitos fundamentais pela Constituição Federal de 1988.

Grupo de Pesquisa Trabalho, Constituição e Cidadania (UnB/CNPq)
Camila Domingues / Palácio Piratini

Modernizar a legislação trabalhista e aumentar a competividade do país: essas são as palavras que estão na ordem do dia desde que o projeto de lei que trata da terceirização voltou à pauta do Congresso Nacional. Em democracias socialmente responsáveis, as relações de trabalho protegidas, com salários dignos, progressão na carreira e permanência no emprego, consistem no mais relevante instrumento de integração social e de melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.
 
A análise científica do fenômeno da terceirização demonstra que esse mecanismo de gestão tem sido responsável por arquitetar empresas vazias de sentido social e de direitos fundamentais. Tais empresas, portanto, não passam de embalagem oca.
 
A terceirização articula relações de trabalho rarefeitas, a partir da desconstrução dos parâmetros constitucionais de proteção ao trabalho humano e do decréscimo dos patamares jurídicos de afirmação dos direitos fundamentais.
 
As contratações sucessivas e fragmentadas a que se submetem os trabalhadores terceirizados provocam consequências nefastas, prejudicando o gozo dos direitos ao aviso prévio, à aposentadoria e às férias, por exemplo. A violação de tais direitos pode resultar, inclusive, em dano existencial por retirar do trabalhador o protagonismo de seu projeto de vida.
 
Pesquisas recentes ainda comprovam que: o patamar remuneratório dos trabalhadores terceirizados é significativamente inferior ao dos empregados diretos; o índice de inadimplência de verbas trabalhistas e previdenciárias é superior entre os terceirizados; a duração semanal do trabalho terceirizado é superior à do trabalhador diretamente contratado; a incidência de acidentes de trabalho graves e fatais e de de doenças ocupacionais é superior nas empresas que adotam o modelo de gestão terceirizado.
 
A terceirização também dificulta a constituição e o funcionamento da organização sindical, na medida em que inviabiliza a reunião dos trabalhadores terceirizados em torno do sindicato legitimado para a defesa dos seus reais interesses, frustrando as relações de cooperação e de solidariedade e a própria identidade de classe.

POR QUE É BOM TER LULA OPERANDO PELO BRASIL

no Portal 247
Quando o BNDES faz um empréstimo para a Odebrecht construir uma obra no exterior, ele está financiando também, de modo indireto, um número grande de outras empresas que participam da cadeia da construção civil brasileira, beneficiando, sobretudo, o Brasil


por José Gilbert Arruda Martins

Marcelo, é verdade, apesar de não ser especialista, sou apenas um professor de História, o investimento no exterior é parte de uma cadeia que alimenta a economia, não só do país que recebe, mas também, e principalmente, do país credor do investimento.

Além de tudo, diferentemente, dos países imperialistas, somos, com Lula e Dilma, um país que enxerga dentro e fora a importância da pessoa humana, não vemos gente como um $, gente é gente em qualquer lugar do mundo.

O que a velha imprensa de esgoto deseja, é destruir o PT, o governo e, fundamentalmente Lula da Silva, mas não vão conseguir, os movimentos democráticos de todo o país não permitirão tal insanidade.

Lula não é bom apenas para os trabalhadores ou para os Movimentos Sociais, apesar de a velha mídia golpista não divulgar nada de positivo do ex-presidente, Lula da Silva, é o maior líder e mais importante do Brasil das últimas décadas, quiçá, do século.

Lula é bom para o país como um todo. O preconceito de classe, exacerbado por político da estatura ética anã de um Aécio, Bolsonaro, Eduardo Cunha, para citar apenas três, cega parte da classe média e, as elites nem se fala, é míope, ver apenas o que interessa a ela.

Parabéns, mais uma vez pela matéria.



Marcelo ZeroMARCELO ZERO

Em primeiro lugar, é preciso desmitificar algumas ideias equivocadas, propagadas pela mídia, sobre esse tipo de exportação, quais sejam:
  • A exportação de serviços gera empregos no exterior e desemprego no Brasil.
  • O Brasil financia obras de infraestrutura no exterior, prejudicando o financiamento da infraestrutura nacional.
  • Tais obras são financiadas sem licitação e contratadas de forma não transparentes.
  • Há financiamento de bens estrangeiros, prejudicando a indústria nacional.

A bem da verdade, o que se constata é que:
1. Brasil não financia gastos locais e empregos de estrangeiros, apesar de Agências Créditos à Exportação de outros países financiarem.
2. Os financiamentos BNDES cobrem apenas empregos no Brasil e bens nacionais.
3. Os financiamentos são liberados ao exportador em reais, no Brasil. Nenhum centavo é remetido exterior.
4. O país importador paga o BNDES, em dólares, o valor do principal e juros, o que é muito interessante numa conjuntura de apreciação da moeda norte-americana.
5. Os financiamentos desses pacotes, incluindo insumos, seguem práticas mundiais.
6. As exportações financiadas de serviços de engenharia são registradas no Siscomex e no Siscoserv, auditadas pelo TCU, e submetidas à fiscalização usual da Receita Federal.
7. Qualquer juiz, ou ainda qualquer parlamentar, pode requerer abertura do sigilo das operações financeiras envolvidas nessas exportações, com base no disposto na Lei Complementar nº 105, de 2001.
8. Os empréstimos do BNDES para empresas que exportam serviços ou bens (EMBRAER, por exemplo) para o exterior correspondem a somente 2% do total financiado pelo banco.
Na realidade, o setor de serviços representa, hoje, cerca de 80% do PIB dos países mais desenvolvidos e ao redor de 25% do comércio mundial, movimentando US$ 6 trilhões/ano.
Somente o mercado mundial de serviços de engenharia movimenta cerca de US$ 400 bilhões anuais e as exportações correspondem a 30% desse mercado. Considerando-se as maiores firmas exportadoras de serviços de engenharia, a posição brasileira no mercado mundial é ainda relativamente pequena, oscilando entre US$ 1 bilhão e US$ 2,5 bilhões, desde o início da década de 1990.
Assim, enquanto que no período de 2008 a 2012, o apoio financeiro do Brasil às suas empresas exportadoras de serviços foi, em média, de US$ 2,2 bilhões por ano, o apoio oficial da China às suas empresas exportadoras alcançou, nesse mesmo período, a média anual de US$ 45,2 bilhões; o dos Estados Unidos US$ 18,6 bilhões; o da Alemanha, US$ 15,6 bilhões; o da Índia, US$ 9,9 bilhões.
Por conseguinte, o Brasil ainda tem deficiências, no que concerne ao apoio às suas empresas exportadoras de serviços. Ao contrário do que se afirma, o nosso país financia relativamente pouco as suas empresas exportadoras de serviços.
Entretanto, mesmo com o apoio oficial ainda muito aquém do concedido nos outros países, é notável o impacto positivo sobre empregos, no Brasil, e sobre as exportações de bens, dos financiamentos que são concedidos.
É que a cadeia da construção civil, principalmente da construção civil pesada, é bastante longa e robusta, de modo que a dinamização do setor via exportações de serviços têm impacto muito positivo sobre uma série de atividades econômicas.
No período 1998-2011, os gastos com mão de obra brasileira expatriada, em virtude desses financiamentos a exportação do BNDES, ascenderam a US$ 600 milhões. Frise-se que se trata de mão de obra qualificada, que tem empregos de boa remuneração. Estima-se que, apenas em 2010, as exportações de serviços de engenharia tenham gerado cerca de 150 mil empregos diretos e indiretos no País.
Além disso, os gastos com a importação de bens brasileiros em países como Peru, Argentina, Angola, Venezuela, República Dominicana, Uruguai, etc., em função de algumas dessas exportações financiadas pelo BNDES, ascenderam a US$ 1,6 bilhão, no período 1998-2011. Entre tais bens, estão os aços, os cimentos, vidros, material elétrico, material plástico, metais, tintas e vários outros.
Somente os gastos que outros países tiveram com consultorias brasileiras, em razão dessas exportações, ascenderam a quase US$ 60 milhões, no período considerado.
É óbvio, portanto, que essas exportações têm um impacto direto e muito positivo sobre uma longa cadeia de produção de insumos e serviços relacionados à engenharia.
Além disso, elas ajudam a diminuir o nosso déficit em conta corrente.
Quando o BNDES faz um empréstimo para a Odebrecht, por exemplo, construir uma obra no exterior, ele está financiando também, de modo indireto, um número grande de outras empresas que participam da cadeia da construção civil brasileira, beneficiando, sobretudo, o Brasil e sua economia. O mesmo faz Lula, quando defende essas empresas no exterior.
Mas não se trata somente disso. É oportuno entender que essas obras no exterior funcionam como uma espécie de ponta de lança para outros bens e serviços do Brasil.
Elas criam interesses comuns, fortalecem a presença brasileira no exterior e abrem as portas de mercados externos para a produção nacional.
É por isso que a China e outros países investem cada vez mais nesse mercado, consolidando a sua presença no mundo.
A China, aliás, já se prontificou, em recentes acordos bilaterais com a Argentina, a construir hidrelétricas na Patagônia e uma nova central nuclear naquele país. Também já se dispôs a construir um porto no Uruguai. Se não se tomar muito cuidado, o Brasil perderá o mercado criado pela integração regional.
Somente a chinesa CRCC, especializada em construção de ferrovias, tem US$ 95 bilhões investidos no exterior. Muito mais que todas as empresas brasileiras juntas.
Afinal, esse mercado mundial de obras é muito concorrido e os países fazem poderosos lobbies para obter contratos. Presidentes, primeiros-ministros e até monarcas se empenham pessoalmente para que as empresas de seus países consigam obras no exterior. Assim como se empenham também para que comprem os produtos de seus países. E isso envolve também ex-presidentes.
Nos EUA, e em outros países, isso é considerado muito natural. Há até grupos econômicos, como o Carlyle Group, que se especializam na contratação de ex-presidentes e ex-secretários de Estado para fazer lobby no exterior para empresas norte-americanas. Só no Brasil é que inventaram a jabuticaba jurídica do tráfico de influência internacional contra Lula, por ter, supostamente, usado sua influência para obter obras para empresas brasileiras, principalmente a Odebrecht.
Considere-se que empresas capazes de realizar obras no exterior são poucas, pois é necessária muita musculatura técnica, operacional e financeira para disputar esse mercado. No Brasil, são pouquíssimas. Odebrecht, Andrade Gutiérrez e Queiroz Galvão, basicamente. A Odebrecht é a principal. É a que mais tem obras e que mais concorre .
Em relação especificamente ao Porto de Mariel, tão criticado por nossos asnos globalizados, deve-se levar em consideração que tal obra custou 957 milhões de dólares, sendo 682 milhões de dólares financiados pelo BNDES. Mas, em contrapartida, 802 milhões de dólares investidos na obra foram gastos no Brasil, na compra de bens e serviços comprovadamente brasileiros. Estima-se que tal obra gerou 156 mil empregos diretos e indiretos no País.
Mas os benefícios não se restringem a esses efeitos imediatos de dinamização da nossa economia.
O porto de Mariel será acompanhado de uma Zona Especial de Desenvolvimento Econômico, criada nos moldes das existentes na China. Nessa zona, ao contrário do que ocorre no resto do país, as empresas poderão ter capital 100% estrangeiro. Assim, o Brasil está criando as condições para que empresas brasileiras lá se estabeleçam e desfrutem desse regime jurídico privilegiado. Por isso, o Brasil já abriu uma linha de crédito de 290 milhões de dólares, para a implantação desta Zona Especial em Mariel.
Frise-se que a localização de Mariel é absolutamente estratégica e privilegiada. Com efeito, tal porto está a menos de 150 quilômetros do maior mercado do mundo, o dos Estados Unidos. E o embargo comercial imposto há décadas, como se sabe, está em vias de extinção. Com isso, as empresas brasileiras terão à sua disposição, além da localização estratégica, num moderno porto que comporta navios gigantes, post panamax, uma plataforma de exportação que as colocará às portas do maior mercado mundial.
O investimento no porto de Mariel não tem, assim, nada de ideológico. Trata-se, na verdade, de um investimento pragmático em comércio, exportação e na internacionalização de empresas brasileiras. Tal observação também se aplica a todos os outros investimentos feitos pelo Brasil no exterior.

Ao 1° de Maio: Cristo, Marx e Francisco

na Carta Maior

Neste 1° de maior, uma frase do Papa Francisco: 'a principal causa da pobreza é esse sistema econômico que retirou o ser humano do centro'

Catholic Church England and Wales

José Carlos Peliano*

Ateus ou crentes, não importa a igreja, o culto, o rebanho, no mesmo barco estamos entre a fé e a dúvida, ou a indiferença ou a total descrença. O que parece nos aproximar uns dos outros é o contato com o espelho. Precisamos do outro para reforçar ou negar nossa crença.
 
Não fosse assim estaríamos vivendo num mundo que não o capitalista. Onde as relações entre mulheres e homens seriam espontâneas, genuínas, diretas. Possivelmente arranjos humanos de cooperação mútua, saudáveis, auto-reguladores.
 
Na complexidade capitalista em que vivemos, no entanto, impera, vocifera e tempera a competição. Vendida por seus representantes e mandantes como fundamento do sistema, enquanto predisposição natural entre os homens, a competição foi adotada por nós como forma e expediente de vencer na vida a qualquer custo.
 
Uma coisa é clara. Historiadores, arqueólogos, e outros cientistas, a grande maioria deles, nos informam que o mundo primitivo, embora ainda não socializado, trazia em si o espírito da cumplicidade dos grupos pelo menos na defesa de seus territórios e posses e na proteção de seus membros.
 
Até aparecer os chefes e reis, vide Game of Thrones, que passaram a disputar espaços territoriais e de domínios, lutando uns contra os outros. Da crença no poder dos reis chega-se à infiltração da crença no poder divino. Reis e sacerdotes passaram a coabitar o mesmo altar de mandos e desmandos sobe os privilegiados súditos e pobres plebeus.
 
Da vivência natural dos povos primitivos chega-se à obediência imposta por chefes, reis e sacerdotes. Os grupos medievais tinham nesses ungidos pelo poder da força e das armas de um lado e dos ministros dos céus de outro a sorte ou a desgraça de suas sobrevivência e trabalho.
 
Nesta etapa da história humana surgem os grêmios de artesãos onde mestres e artífices iniciam a colaboração entre si na execução de tarefas. Carruagens, móveis, utensílios, armas, armaduras, ferraduras, esporas, entre outros, eram feitos por esses grupos para uso dos feudos.
 
Os olhos ávidos dos detentores de recursos provenientes em grande parte de saques, roubos, espoliação e heranças cooptaram alguns grêmios e dominaram outros para usufruir mais dos resultados do artesanato. Surgem daí os embriões das primeiras fábricas.
 
A realeza e o clero perdem, então, a pose e a circunstância para os primeiros representantes da turma capitalista. Fabricantes, comerciantes, banqueiros começam a dominar o espaço econômico das sociedades. A Inglaterra primeiro, e os demais países europeus após, rearranjam suas condições de produção e espalham suas garras para outras regiões ainda desconhecidas. Desse jorro de colonização fez parte o Brasil.
 
Pois bem, tudo isto dito até aqui para mostrar que os que servem aos chefes ou reis ou sacerdotes ou capitalistas são os mesmos. Pobres trabalhadores que vivem de executar tarefas e serviços para outrem, não mais para si mesmos como no mundo primitivo. Ah! Sim, há os trabalhadores por conta própria de hoje. Mas esses trabalham nas fímbrias do sistema, sozinhos, sem cooperação de grupo, à mercê da evolução cíclica da economia.
 
Então, logo após o advento da fase industrial do capitalismo, quando as fábricas se ampliam, se intensificam e se tornam mais complexas, Deus faz Marx. Assim diriam os crentes. Ou nasce Marx como diriam os demais, entre eles os ateus. O que importa é que Marx vem ao mundo para recolocar os pingos em cada i e mostrar que o capital existe porque ele domina, extrai ao máximo das tarefas impostas, paga mal e dispõe como quer de todo trabalhador.
 
Contestem, esperneiem, alcunhem de demônios os que assim seguem e defendem os postulados marxistas, mas a verdade é que ele foi o baluarte entre os cientistas sociais que levantou a primeira devastadora crítica ao sistema capitalista de produção. A qual persiste referenciada até hoje.
 
Argumentarão os católicos que Cristo defendeu os pobres com unhas, dentes até sua morte. É verdade, a pura verdade. Talvez por isso mesmo ele tenha sido o precursor das ideias defendidas por Marx. A diferença entre eles é que Cristo pregava o amor e a compreensão entre os homens, já Marx explicava porque não havia amor e compreensão entre os homens no mundo materialista.
 
E Marx que não foi ungido por Deus, como Cristo, acabou se tornando deus na economia política, ungido por seus seguidores. Schumpeter, renomado economista austríaco, da vertente mais liberal, chegou a dizer que Marx era o economista que mais entendeu o funcionamento do capitalismo, fossem a favor ou contra ele. Muitas das ideias dos dois guardavam fortes semelhanças.
 
O Papa Francisco, pontífice da ala mais à esquerda da Igreja Católica, próximo a João XXIII, disse no começo do ano com todas as letras em um dos seus marcantes pronunciamentos que “tenho ouvido dizer que as famílias com muitos filhos e altas taxas de natalidade estão entre as causas da pobreza. Isso me parece uma opinião simplista. Eu posso lhe dizer que a principal causa da pobreza é esse sistema econômico que retirou o ser humano do centro”.
 
Palavras do chamado representante de Deus na terra que seguem as palavras de Marx. Qualquer coincidência é mera semelhança. O que não surpreende. A visão e a leitura de Marx, embora seus textos sejam pesados e longos, é simples, direta e objetiva. Tal qual a opinião do Papa Francisco.
 
Ocorre que os defensores do capitalismo tentam obscurecer a realidade jogando a culpa em tudo à mão, menos neles mesmos, com relação às crises periódicas do sistema, à desigualdade de rendas, à repartição injusta de patrimônios, à pobreza extrema, à situação trágica da fome e das enfermidades, ao desemprego, entre tantos outros males.
 
Ou, ao contrário, tentam piorar mais ainda a situação dos trabalhadores, vendendo gato por lebre. Como quer Eduardo Cunha e Aécio Neves, entre outros, com a defesa do projeto da terceirização, Beto Richa com a violência contra os professores, dito por ele “desordeiros e partidários”, Alckmin com seu silêncio de chuchu há meses sem negociar com os professores, igualmente “desordeiros”, e Gilmar Mendes por sentar em cima da decisão da maioria dos ministros contra o financiamento privado de campanhas políticas, que acaba tirando algum dos bolsos dos trabalhadores.
 
Mesmo na companhia de Marx e dos papas João XXIII e agora Francisco, se nós unidos fizermos pouco, desunidos então não faremos nada. Já dizia o grande Maiakovski
 
“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”



*colaborador da Carta Maior


sexta-feira, 1 de maio de 2015

1° de Maio em Brasília - A Resistência Começa Aqui

por José Gilbert Arruda Martins

O 1° de Maio, Dia do Trabalhador em Brasília, teve a participação de diversos Movimentos Sociais e Partidos Políticos: CUT, Sinpro-DF, SAE, CNTE, MST, Via Campesina, PT, PCdoB, e centenas de trabalhadores e trabalhadoras.
Prof. Gilbert e a Deputada Federal Érika Kokay (PT-DF)
"1 de maio é o Dia do Trabalhador, data que tem origem a primeira manifestação de 500 mil trabalhadores nas ruas de Chicago, e numa greve geral em todos os Estados Unidos, em 1886. Três anos depois, em 1891, o Congresso Operário Internacional convocou, em França, uma manifestação anual, em homenagem às lutas sindicais de Chicago. A primeira acabou com 10 mortos, em consequência da intervenção policial. São os factos históricos que transformaram 1 de maio no Dia do Trabalhador. Até 1886, os trabalhadores jamais pensaram exigir seus direitos, apenas trabalhavam."

A história desse dia, que começou em Chicago (EUA), não pode ser jamais esquecido. Devemos aproveitar esse dia 1° de Maio para lembrar grandes homens e mulheres que lutaram durante toda sua vida para estarmos onde estamos.

Hoje deveria ser dia de comemoração, mas os acontecimentos de Curitiba, onde a PM do governador Beto Richa (PSDB), que massacrou os professores e professoras, ofuscou um pouco esse momento histórico.

Em Brasília, na Torre de TV, milhares de trabalhadores e trabalhadoras se reuniram para ouvir um som de MPB ao vivo com um cantor da terra e, também ouvir discursos de nossas lideranças sindicais e políticas.

Uma delas foi a deputada federal do partido dos trabalhadores Érika Kokay, que, por sinal, foi a única da bancada de oito deputados do DF que votou contra o PL 4.330.







1º DE MAIO - No Dia do Trabalho, governos latinos ressaltam avanços sociais

na Rede Brasil Atual

por Mariana Jungmann, 

O Dia do Trabalho foi comemorado em diversos países da América Latina. Presidentes e outras autoridades do Equador, da Bolívia e Venezuela ressaltaram as conquistas sociais de seus governos e criticaram o modelo neoliberal anterior.
No Equador, o ministro do Trabalho, Carlos Marx Carrasco, ressaltou à agência pública de notícias Andes os avanços alcançados no país nos últimos anos. Melhorias dos salários, aumento de direitos para trabalhadoras grávidas e sindicalistas, ampliação da seguridade social, redução do desemprego e fim da terceirização estão entre as pautas que ele cita como nas quais o país mais avançou.
“Não há dúvidas de que os trabalhadores equatorianos de hoje estão infinitamente melhores que os trabalhadores do período neoliberal”, afirmou o ministro. O presidente equatoriano Rafael Correa foi às ruas nesta sexta, em Quito, acompanhando trabalhadores na marcha do dia 1º de maio.
A agência Andes, no entanto, registra que, enquanto alguns saíram às ruas para comemorar, os oposicionistas protestaram contra as políticas do governo na área trabalhista. Entre as principais queixas da oposição estão trechos da Lei de Justiça Laboral e Reconhecimento do Trabalho em Casa, que atende principalmente as mulheres. Para eles, a lei, já aprovada, trata de maneira desigual alguns setores da sociedade e retira subsídios do governo aos trabalhadores. Além disso, partidos de oposição, sindicalistas e representantes de indígenas reclamam que as reformas não têm sido suficientes.
Na Bolívia, o presidente Evo Morales fez pronunciamento cumprimentando os trabalhadores do país e assinou quatro decretos sobre questões trabalhistas. Ele ressaltou a “unidade dos trabalhadores e organizações sociais” para “livrar a Bolívia do neoliberalismo”.
“Agora, graças a uma luta do povo boliviano, essa luta contra um modelo neoliberal, contra a dominação imperialista, nos tem permitido em pouco tempo dar outra imagem à Bolívia. Que importante tem sido a união dos trabalhadores e do povo”, disse o presidente, segundo a Agência Boliviana de Informações (ABI).
Já o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, participou das comemorações do Dia do Trabalho em Havana, em Cuba. De acordo com informações da Agência Venezuelana de Notícias (AVN), os atos na capital cubana foram encabeçados pelo presidente do país, Raúl Castro, e ocorreram na Praça de La Revolución, onde houve um desfile de trabalhadores. Segundo a AVN, cerca de 2 mil pessoas participaram da celebração.

Ainda hoje, Maduro deve retornar à Venezuela para presidir as comemorações em seu país. Haverá uma marcha em Caracas. Todas as agências latinoamericanas lembram que o 1º de Maio passou a ser o Dia do Trabalho depois que um grupo de trabalhadores de Chicago, nos Estados Unidos, foi às ruas da cidade em 1886 protestar por direitos como a jornada de oito horas e férias remuneradas. Na época, houve confrontos com a polícia e perseguição aos manifestantes. Alguns foram mortos e outros demitidos e presos.

DIA DO TRABALHO - No 1º de Maio, presidente da CUT anuncia frente nacional de esquerda unificada

na Rede Brasil Atual
Em referência à agenda conservadora vigente no país, Vagner Freitas disse no ato do Anhangabaú: 'Aqui se organiza a resistência'
São Paulo – O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse hoje (1º), no ato unificado do Dia do Trabalho, no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo,que está lançada a frente nacional de esquerda unificada. "Aqui se organiza a resistência", disse, em referência à agenda conservadora vigente no país. O ato realizado pela CUT, CTB, Intersindical e movimentos populares reúne aproximadamente 50 mil pessoas, segundo a organização.
Segundo o dirigente cutista, o Projeto de Lei 4.330, da terceirização, é o maior achaque aos direitos dos trabalhadores, "uma ousadia da direita, que nem a ditadura conseguiu fazer". Para Freitas, mesmo perdendo as eleições, os conservadores "querem empurrar sua agenda ao país"

'Aqui se organiza a resistência'
Ele afirmou que se os senadores também aprovarem o projeto, como fizeram os deputados no último dia 22, a mobilização será pelo veto da presidenta Dilma Rousseff, e que 29 de maio será um dia nacional de paralisações: "Vamos construir uma greve geral para ela vetar. Não é contra governo, mas contra a retirada de direitos".
Freitas considerou que teria sido melhor a presidenta fazer o tradicional pronunciamento do 1º de Maio em cadeia de rádio e televisão, e não pelas redes sociais, mas que o importante é o apoio manifestado por Dilma ontem (30), em reunião com centrais, contra a terceirização da atividade-fim e pela regulamentação.
"Apostar numa pauta positiva é tudo o que nós queremos e vamos cobrar do governo esta conta", disse o presidente da CTB, Adilson Araújo. Ao falar sobre o apoio da Força Sindical ao PL 4.330, afirmou que a tese da central representa uma posição da cúpula, não de sua base. "Penso que a direção vai na contramão daquilo que os trabalhadores defendem."
'Aqui se organiza a resistência'

Já o coordenador do Movimentos dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, considera o PL 4.330 o maior ataque ao conjunto dos trabalhadores, não apenas os sindicalizados, mas os mais precarizados. "Somos contra as MPs 664 e 665 porque o ajuste fiscal corta investimentos. O Minha Casa, Minha Vida 3 não foi lançado até agora por causa do ajuste."
Boulos destacou que o ato de hoje também é um desagravo aos professores do Paraná, que foram agredidos pela Polícia Militar na quinta-feira (29). "O governador Beto Richa (PSDB) não pode ficar à frente do governo do Paraná depois do que fez com os professores."
O integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Gilmar Mauro falou sobre a agenda conservadora vigente no país, seja por meio da atuação do Congresso ou pelas manifestações populares. Ele diz que neste momento é preciso preparar a defesa: "Precisamos resistir e preparar o contra-ataque. Hoje só temos uma alternativa, que é a rua. Há um ódio muito grande de classes sendo destilado. Temos de responder com ação e politização.


Ao comentar sobre o ajuste fiscal anunciado pelo governo Dilma Rousseff no final de 2014 e ainda em discussão no Congresso disse que foi um erro "gravíssimo". "Nos dedicamos ao máximo para reeleger a Dilma. País nenhum no mundo se recuperou do ponto de vista econômico fazendo ajuste fiscal."
Segundo o ativista, existem muitos desafios. "A burguesia nos lembra todos os dias que existe luta de classes. Os meios de comunicação buscam formar consenso na sociedade: a ideia da redução da maioridade penal, do impeachment, do estigma dos movimentos sociais, para implementar um receituário que perdeu nas eleições".
A respeito do PL 4.330 e a admissibilidade da maioridade penal, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) também destacou o fato de a direita ter colocado sua pauta no Congresso Nacional. Porém, ele observou que nesses dois temas houve uma reação muito importante da sociedade, lembrando que diminuiu o número de votos favoráveis ao 4.330 na segunda votação.
Teixeira avalia que há neste momento uma reorganização de forças no Congresso evitando que o centro político se junte ao setor conservador: "É preciso resistir a essa agenda do Eduardo Cunha (presidente da Câmara).



1° de Maio de 2015 "Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Indignai-vos!"

por José Gilbert Arruda Martins

O motivo da resistência hoje é a indignação. 
Professor do Paraná, covardemente agredido pela PM

Hoje, deveria ser dia apenas de comemoração, de fortalecimento da Classe Trabalhadora, de discursos inflamados de companheiros e companheiras, mas infelizmente não é.

Além da conjuntura de tentativa de golpe por parte da direita conservadora e da velha mídia, da tentativa desses mesmos grupos de destruição da CLT com a PL 4330, esta semana, mais precisamente antes de ontem, no Estado do Paraná, os professores e professoras, foram covardemente massacrados pelo governo tucano do governador Richa.

Por isso, o 1° de Maio de 2015, será marcado, muito mais pela capacidade da Classe Trabalhadora em resistir ao avanço desas forças do que de festa.

Em todo o Brasil nesse momento, trabalhadores e trabalhadoras estão se preparando para um encontro nas ruas e nas praças; será um encontro de resistência.

Resistência à mídia conservadora que mostra apenas um lado dos fatos, o lado das elites ricas.
Resistência contra a aprovação por parte dos empresários que dominam o Congresso, contra a aprovação do PL 4330.
Resistência à tentativa de mudança na Constituição com a Redução da Maioridade Penal.
Resistência contra os golpistas de plantão.
Resistência contra a violência da PM militar a serviço de governos autoritários, antidemocráticos, ante republicanos como esse do PSDB do Paraná.

Trabalhadores do Brasil, Indignai-vos!