sábado, 21 de fevereiro de 2015

Professores, humilhação e resistência

POR 
VALERIOARCALY  no outras palavras

Carreira mergulhou, há 25 anos, em ruína. Escola tornou-se o serviço público mais vulnerável. Mas eles jamais deixaram de lutar
Por Valerio Arcary*
Mais valem lágrimas de derrota do que a vergonha de não ter lutado.
Sabedoria popular brasileira
Qualquer avaliação honesta da situação das redes de ensino público estadual e municipal revela que a educação contemporânea no Brasil, infelizmente, não é satisfatória. Mesmo procurando encarar a situação dramática com a máxima sobriedade, é incontornável verificar que o quadro é desolador. A escolaridade média da população com 15 anos ou mais permanece inferior a oito anos, e é de quatro entre os 20% mais pobres, porém, é superior a dez entre os 20% mais ricos.[1] É verdade que o Brasil em 1980 era um país culturalmente primitivo que recém completava a transição histórica de uma sociedade rural. Mas, ainda assim, em trinta anos avançamos apenas três anos na escolaridade média.
São muitos, felizmente, os indicadores disponíveis para aferir a realidade educacional. Reconhecer as dificuldades tais como elas são é um primeiro passo para poder ter um diagnóstico aproximativo. A Unesco, por exemplo, realiza uma pesquisa que enfoca as habilidades dominadas pelos alunos de 15 anos, o que corresponde aos oitos anos do ensino fundamental.[2] O Pisa (Programa Internacional de avaliação de Estudantes) é um projeto de avaliação comparada. As informações são oficiais porque são os governos que devem oferecer os dados. A pesquisa considera os países membros da OCDE além da Argentina, Colômbia e Uruguai, entre outros, somando 57 países.
TEXTO-MEIO
Em uma avaliação realizada em 2006, considerando as áreas de Leitura, Matemática e Ciências o Brasil apresentou desempenho muito abaixo da média.[3] No caso de Ciências, o Brasil teve mais de 40% dos estudantes situados no nível mais baixo de desempenho. Em Matemática, a posição do Brasil foi muito desfavorável, equiparando-se à da Colômbia e sendo melhor apenas que a da Tunísia ou Quirguistão. Em leitura, 40% dos estudantes avaliados no Brasil, assim como na Indonésia, México e Tailândia, mostram níveis de letramento equivalentes aos alunos que se encontram no meio da educação primária nos países da OCDE. Ficamos entre os dez países com pior desempenho.
As razões identificadas para esta crise são variadas. É verdade que problemas complexos têm muitas determinações. Entre os muitos processos que explicam a decadência do ensino público, um dos mais significativos, senão o mais devastador, foi a queda do salário médio docente a partir, sobretudo, dos anos oitenta. Tão grande foi a queda do salário dos professores que, em 2008, como medida de emergência, foi criado um piso nacional. Os professores das escolas públicas passaram a ter a garantia de não ganhar abaixo de R$ 950,00, somados aí o vencimento básico (salário) e as gratificações e vantagens. Se considerarmos como referência o rendimento médio real dos trabalhadores, apurado em dezembro de 2010 o valor foi de R$ 1.515,10.[4] Em outras palavras, o piso nacional é inferior, apesar da exigência mínima de uma escolaridade que precisa ser o dobro da escolaridade média nacional.
Já o salário médio nacional dos professores iniciantes na carreira com licenciatura plena e jornada de 40 horas semanais, incluindo as gratificações, antes dos descontos, foi  R$1.777,66 nas redes estaduais de ensino no início de 2010, segundo o Ministério da Educação. Importante considerar que o ensino primário foi municipalizado e incontáveis prefeituras remuneram muito menos. O melhor salário foi o do Distrito Federal, R$3.227,87. O do Rio Grande do Sul foi o quinto pior, R$1.269,56.[5] Pior que o Rio Grande do Sul estão somente a Paraíba com R$ 1.243,09, o Rio Grande do Norte com R$ 1.157,33, Goiás com R$ 1.084,00, e o lanterninha Pernambuco com R$ 1016,00. A pior média salarial do país corresponde, surpreendentemente, à região sul: R$ 1.477,28. No Nordeste era de R$ 1.560,73. No centro-oeste de R$ 2.235,59. No norte de R$ 2.109,68. No sudeste de R$ 1.697,41.
A média nacional estabelece o salário docente das redes estaduais em três salários mínimos e meio para contrato de 40 horas. Trinta anos atrás, ainda era possível ingressar na carreira em alguns Estados com salário equivalente a dez salários mínimos. Se fizermos comparações com os salários docentes de países em estágio de desenvolvimento equivalente ao brasileiro as conclusões serão igualmente escandalosas. Quando examinados os salários dos professores do ensino médio, em estudo da Unesco, sobre 31 países, há somente sete que pagam salários mais baixos do que o Brasil, em um total de 38.[6] Não deveria, portanto, surpreender ninguém que os professores se vejam obrigados a cumprir jornadas de trabalho esmagadoras, e que a overdose de trabalho comprometa o ensino e destrua a sua saúde.
O que é a degradação social de uma categoria? Na história do capitalismo, várias categorias passaram em diferentes momentos por elevação do seu estatuto profissional ou por destruição. Houve uma época no Brasil em que os “reis” da classe operária eram os ferramenteiros: nada tinha maior dignidade, porque eram aqueles que dominavam plenamente o trabalho no metal, conseguiam manipular as ferramentas mais complexas e consertar as máquinas. Séculos antes, na Europa, foram os marceneiros, os tapeceiros e na maioria das sociedades os mineiros foram bem pagos. Houve períodos históricos na Inglaterra – porque a aristocracia era pomposa – em que os alfaiates foram excepcionalmente bem remunerados. Na França, segundo alguns historiadores, os cozinheiros. Houve fases do capitalismo em que o estatuto do trabalho manual, associada a certas profissões, foi maior ou menor.
A carreira docente mergulhou nos últimos vinte e cinco anos numa profunda ruína. Há, com razão, um ressentimento social mais do que justo entre os professores. A escola pública entrou em decadência e a profissão foi, economicamente, desmoralizada, e socialmente desqualificada, inclusive, diante dos estudantes.
Os professores foram desqualificados diante da sociedade. O sindicalismo dos professores, uma das categorias mais organizadas e combativas, foi construído como resistência a essa destruição das condições materiais de vida. Reduzidos às condições de penúria, os professores se sentem vexados. Este processo foi uma das expressões da crise crônica do capitalismo. Depois do esgotamento da ditadura, simultaneamente à construção do regime democrático liberal, o capitalismo brasileiro parou de crescer, mergulhou numa longa estagnação. O Estado passou a ser, em primeiríssimo lugar, um instrumento para a acumulação de capital rentista. Isso significa que os serviços públicos foram completamente desqualificados.
Dentro dos serviços públicos, contudo, há diferenças de grau. As proporções têm importância: a segurança pública está ameaçada e a justiça continua muito lenta e inacessível, mas o Estado não deixou de construir mais e mais presídios, nem os salários do judiciário se desvalorizaram como os da educação; a saúde pública está em crise, mas isso não impediu que programas importantes, e relativamente caros, como variadas campanhas de vacinação, ou até a distribuição do coquetel para os soropositivos de HIV, fossem preservados. Entre todos os serviços, o mais vulnerável foi a educação, porque a sua privatização foi devastadora. Isso levou os professores a procurarem mecanismos de luta individual e coletiva para sobreviverem.
Há formas mais organizadas de resistência, como as greves, e formas mais atomizadas, como a abstenção ao trabalho. Não é um exagero dizer que o movimento sindical dos professores ensaiou quase todos os tipos de greves possíveis. Greves com e sem reposição de aulas. Greves de um dia e greves de duas, dez, quatorze, até vinte semanas. Greves com ocupação de prédios públicos. Greves com marchas.
Conhecemos, também, muitas e variadas formas de resistência individual: a migração das capitais dos Estados para o interior onde a vida é mais barata; os cursos de administração escolar para concursos de diretor e supervisor; transferências para outras funções, como cargos em delegacias de ensino e bibliotecas. E, também, a ausência. Tivemos taxas de absenteísmo, de falta ao trabalho, em alguns anos, inverossímeis.
Não obstante as desmoralizações individuais, o mais impressionante, se considerarmos futuro da educação brasileira, é valente resistência dos professores com suas lutas coletivas. Foram e permanecem uma inspiração para o povo brasileiro.

*Valerio Arcary,
 é professor do IF/SP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia), e doutor em História pela USP

[1] Os dados sobre desigualdades sociais em educação mostram, por exemplo, que, enquanto os 20% mais ricos da população estudam em média 10,3 anos, os 20% mais pobres tem média de 4,7 anos, com diferença superior a cinco anos e meio de estudo entre ricos e pobres. Os dados indicam que os avanços têm sido ínfimos. Por exemplo, a média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais de idade se elevou apenas de 7,0 anos em 2005 para 7,1 anos em 2006. Wegrzynovski, Ricardo Ainda vítima das iniqüidadesin http://desafios2.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=3962
Consulta em 21/02/2011.
[2] Informações sobre o PISA podem ser procuradas em:
Consulta em 21/02/2011
[3] O relatório citado organiza os dados de 2006, e estão disponíveis em:
Consulta em 19/02/2011
[4] A pesquisa mensal do IBGE só é realizada em algumas regiões metropolitanas. Não há uma base de dados disponível para aferir o salário médio nacional.
Consulta em 19/02/2011
[5] Uma pesquisa completa sobre os salários iniciais em todos os Estados pode ser encontrada em estudo:
Consulta em 14/02/2011

[6] http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/unesco.htm

Quando a educação transformadora tem, no centro, professor

POR 
TATHYANA GOUVÊA no Outras palavras

1502218-Portugal
Em Portugal, Movimento da Escola Moderna questiona salas-de-aula, cria conselhos democráticos e multiplica espaços de participação do aluno — mas valoriza, em especial, novo papel do educador  
Por Tathyana Gouvêa*
Agradeço ao professor Sérgio Niza, às professoras e a diretora da escola A Voz do Operário (Lisboa-Portugal) e ao professor Júlio Pires da Escola Básica Integrada de São Bruno (Lisboa-Portugal), que me concederam entrevistas e me permitiram a observação de suas práticas.
Diante de um número crescente de empresas, Fundações, voluntários e interessados na educação, o professor tem sido por vezes considerado apenas mais um dos agentes que trabalham em prol da transformação da área. No entanto, uma experiência que completa 50 anos em Portugal nos mostra que o professor é a peça fundamental para uma educação de qualidade e que está em suas mãos a decisão de oferecer experiências e conteúdos emancipatórios aos seus alunos.
Refiro-me ao MEM – Movimento da Escola Moderna de Portugal, que teve início na década de 60 junto ao Movimento da Escola Moderna Francesa, ligado à Célestin Freinet (1896-1966). Com o decorrer dos anos o projeto foi ganhando autonomia e, apesar de manter o mesmo nome, hoje apresenta características próprias e distintas de outros movimentos.
Sérgio Niza (1940 – ), ex-professor de ensino primário, perseguido no período da ditadura em Portugal, começou a reunir um grupo de educadores para estudar a prática pedagógica. O grupo seguiu realizando encontros mensalmente e hoje conta com mais de 200 membros ativos e diversos professores interessados por todo o país. Ao longo dos anos foi desenvolvendo uma metodologia pedagógica cujo cerne está na relação professor-aluno, ambos considerados agentes participativos do processo, como sustentado pelo psicólogo Vygostky (1896-1934), base teórica do MEM.
TEXTO-MEIO
Fonte: http://www.movimentoescolamoderna.pt/
A metodologia com as crianças se estrutura sobre cinco pilares:
  • O trabalho por projeto em cooperação
  • A comunicação e difusão do trabalho desenvolvido entre os estudantes
  • A construção ou revisão de conceitos e saberes com colaboração do professor e dos demais alunos
  • O trabalho autônomo com acompanhamento individual
  • E o conselho de cooperação educativa
Esta metodologia foi sendo constituída ao longo dos encontros dos professores e segue sendo aprimorada num processo contínuo de pensar e escrever sobre a prática docente. A escrita, para Sergio Niza, é a peça-chave do trabalho do professor, já que este é fundamentalmente um trabalho prático e intelectual, não podendo se configurar sem ambas as atividades. A escrita também se mostra necessária para todos os estudantes nos diversos níveis de ensino, uma vez que é por ela que o aluno se torna o autor do seu processo de aprendizagem e passa a expressar sua visão sobre os assuntos, seu pensamento e sentimento diante de tudo que lhe é apresentado pelo professor, pelos colegas e pela dinâmica do grupo. A produção escrita perpassa as várias áreas do saber e é desenvolvida diariamente de modo cooperado, sendo a autocorreção e os feedbacks dos colegas e do professor os elementos de aprimoramento do texto.
Fonte: http://www.movimentoescolamoderna.pt/
Semanalmente, os estudantes desenvolvem atividades individuais de estudo, atividades dirigidas pelo professor, conselho de cooperação educativa e planejamento. As salas “de aula” se transformam em laboratórios de estudo, em que alguns alunos fazem experiências sobre uma mesa maior ao fundo, outros estudam e resolvem seus roteiros de diversas áreas, seguindo o planejamento que cada um fez para a semana, outros leem livros num cantinho com almofadas e outros ainda sentam-se com o professor para tirar dúvidas ou revisar algum conteúdo.
E na sala são disponibilizados os vários fichários com roteiros e exercícios elaborados pelo professor da turma, papéis, lápis, canetas, réguas e borrachas de uso coletivo e, nas paredes da sala, diversos cartazes, entre eles o mais importante para a dinâmica da turma, em que ao longo da semana os alunos escrevem o que gostaram e o que não gostaram. Ali são registradas todas as queixas e elogios aos colegas, professores e demais funcionários da escola.
Todos os temas são lidos e tratados no conselho de cooperação educativa, que pode envolver pessoas de outra sala ou série na resolução do que foi trazido pelos alunos. As partes envolvidas sempre são ouvidas, todos podem propor soluções e a turma chega a um consenso com relação ao que será feito. Essa é para o MEM a distinção entre “assembleia” e “conselho de cooperação”: não se busca chegar a uma solução com base na vontade de uma maioria, mas sim ampliar a compreensão que cada parte tem sobre a outra, buscando processos de entreajuda e cooperação. Nessa concepção, o desenvolvimento sociomoral dos alunos está atrelado à consciência progressiva de que o sucesso individual só se realiza com o sucesso de todos.
Aparentemente isso só poderia ser aplicado numa escola bastante diferente das escolas tradicionais, não é? Pois é aqui que o MEM se destaca. Esse modelo não é adotado por escolas, mas sim por professores. Apenas uma escola em Portugal tem todos os seus profissionais ligados ao Movimento (a escola A Voz do Operário, em Lisboa). Os demais professores trabalham em escolas regulares e adotam essa metodologia em suas salas de aula, sejam eles professores de Educação Infantil, Ensino Fundamental ou Médio.
Quando fui apresentada ao MEM, achei que o mesmo seria difícil de ser desenvolvido por professores do Fundamental II e Médio, uma vez que os docentes trabalham em horários reduzidos com cada turma, atuando por disciplina. Com algumas adaptações, especialmente na rotina de trabalho, que deixa de ser semanal e passa a ser mensal ou bimestral, o modelo segue contemplando o planejamento, o conselho de cooperação educativa, os estudos individuais e a escrita colaborativa.
As várias técnicas que compõe todo o modelo vão sendo introduzidas conforme o professor vai se familiarizando e sentindo segurança no seu trabalho e nos alunos, bem como compreensão e apoio da escola. Por ser um modelo bastante sério com grande respaldo teórico, elaborado pelos próprios professores e compartilhado mensalmente nos sábados pedagógicos, na rede interna aos membros ou pela revista impressa do Movimento, os professores vão avançando na reflexão de suas práticas e incorporando cada vez mais aspectos dessa metodologia no cotidiano de suas escolas.
Fonte: http://www.movimentoescolamoderna.pt/
Mas o que ganha um professor por se esforçar para fazer diferente, se dedicar um sábado por mês para estudar e debater com seus pares a prática pedagógica? Ganha um trabalho dotado de sentindo, o empoderamento de suas ações e a certeza de colaborar com uma educação emancipatória. O MEM se configura como um grupo de estudos em que os professores voluntariamente participam, que por crescer a cada dia passou a se estruturar, mas guarda na essência a crença de que é o professor, dialogando com seus pares, que será capaz de oferecer uma educação de qualidade.

* Texto publicado originalmente no Reevo
Para saber mais:
Site Oficial do MEM – http://www.movimentoescolamoderna.pt/
Revistas da Escola Moderna
NÓVOA, António; Ó, Jorge Ramos do; MARCELINO, Francisco (Orgs.). Sérgio Niza: escritos sobre educação. Lisboa: Tinta-da-China, 2012.

Quem nos governa?

Em 2013, Elisabeth Warren, senadora dos EUA, perguntou: "Quanto tempo ainda será necessário para se fechar um banco como o HSBC?"

por Vladimir Safatle na Carta Capital 
HSBC
Traficantes de drogas e armas não teriam tanto poder se não existissem bancos que oferecem seus serviços de lavagem de dinheiro

por José Gilbert Arruda Martins

O que faz um dono de banco, além de esconder dinheiro de corruptos, ladrões, assassinos históricos - como o governo inglês -, e traficantes de drogas, para ganhar dinheiro?

Quem assistiu ao documentário Assassinos Econômicos, deve ter visto como governos, entre eles dos Estados Unidos e da Inglaterra, usam todo tipo de violência para desestabilizar governos e defender interesses de empresas como o banco HSBC em detrimento de toda a sociedade de um país, isso aconteceu e acontece na América latina, África e Ásia quase todo tempo.

A História da invasão da Ilha de Hong Kong é, infelizmente, apenas um lampejo do que já foi perpetrado pelos governos dos países ricos para defender interesses de empresas mundo a fora.

A história colonial, mas, principalmente do Imperialismo do século XIX, que ainda não foi contada, assassinou milhares e milhares de inocentes, mulheres e crianças, principalmente, para encher ainda mais os bolsos dos sempre ávidos capitalistas, principalmente ingleses.

Praticamente todas as guerras do mundo, dos últimos 200 anos, entre elas as duas Grandes Guerras e a do Vietnã, que juntas assassinaram milhões de civis - apenas a 1a. Grande Guerra, denominada a guerra das guerras, matou cerca de 10 milhões de pessoas -, foram pensadas e travadas para defender interesses de empresários e grandes oligopólios.

Os trabalhadores e o povo em geral, como sugere um dos internautas comentarista, deveriam fechar suas contas. Pela quantidade de dinheiro que o HSBC tem, não faria muita diferença, mas lavaria a alma dos ex-correntistas.

A pequena viagem na História para explicar a origem do banco é importante, o professor Safatle, a meu ver acertou, infelizmente o espaço talvez não seja suficiente e adequado para um necessário aprofundamento.

Essa história suja do HSBC, pode ser esclarecedora também, aqui e no mundo, para mostrar o lado violento e sombrio das organizações privadas que são sempre muito protegidas, principalmente no Brasil, pelos entreguistas/privatistas e neoliberais de plantão.

A "grande" mídia, capitaneada pela Falha de S. Paulo e rede Globo, festejam diariamente as falhas - e elas existem -, do setor público brasileiro, e fazem de uma forma que potencializa a opinião da sociedade na reivindicação das privatizações, a notícia dos esquemas violentos, corruptos, fraudadores do HSBS podem ajudar as pessoas entenderem que a corrupção é parte do sistema econômico controlado por uma minoria de super ricos que, para valer, governam o mundo.

Os trabalhadores e o povo em geral, como sugere um dos internautas comentarista, deveriam fechar suas contas. Pela quantidade de dinheiro que o HSBC tem, não faria muita diferença, mas lavaria a alma do ex-correntista.

A pequena viagem na História para explicar a origem do banco é importante, o professor Safatle, a meu ver acertou, infelizmente o espaço talvez não seja suficiente e adequado para um necessário aprofundamento.

Essa história suja do HSBC, pode ser esclarecedora, aqui e no mundo, para mostrar o lado violento e sombrio das organizações privadas que são sempre muito protegidas, principalmente aqui no Brasil, pelos entreguistas/privatistas e neoliberais de plantão.

A "grande" mídia, capitaneada pela Falha de S. Paulo e rede Globo, festejam diariamente as falhas - e elas existem -, do setor público brasileiro, e fazem de uma forma que potencializa a opinião da sociedade na reivindicação das privatizações, a notícia dos esquemas violentos, corruptos, fraudadores do HSBS podem ajudar as pessoas entenderem que a corrupção é parte do sistema econômico controlado por uma minoria de super ricos que, para valer, governam o mundo.

Quem nos governa?

Em 2013, Elisabeth Warren, senadora dos EUA, perguntou: "Quanto tempo ainda será necessário para se fechar um banco como o HSBC?"
Estamos em 1860. O Império Britânico acaba de vencer a famosa “Guerra do Ópio” contra a China, talvez uma das páginas mais cínicas e criminosas da história cínica e criminosa do colonialismo. Metade do comércio da Inglaterra com a China baseia-se na venda ilegal de ópio. Diante da devastação provocada pela droga em sua população, o governo chinês resolve proibir radicalmente seu comércio. A resposta chega por uma sucessão de guerras nas quais a Inglaterra vence e obriga a China a abrir seus portos para os traficantes e missionários cristãos (uma dupla infalível, como veremos mais à frente), além de ocupar Hong Kong por 155 anos.
Em 1860, guerra terminada, os ingleses tiveram a ideia de abrir um banco para financiar o comércio baseado no tráfico de drogas. Dessa forma apoteótica, nasceu o HKSC, tempos depois transformado em HSBC (Hong Kong and Shangai Bank Corporation), conhecido de todos nós atualmente. Sua história é o exemplo mais bem acabado de como o desenvolvimento do capitalismo financeiro e a cumplicidade com a alta criminalidade andam de mãos dadas.
A partir dos anos 70 do século passado, por meio da compra de corporações nos Estados Unidos e no Reino Unido, o HSBC transformou-se em um dos maiores conglomerados financeiros do mundo. No Brasil, adquiriu o falido Bamerindus. Tem atualmente 270 mil funcionários e atua em mais de 80 países. Sua expansão deu-se, em larga medida, por meio da aquisição de bancos conhecidos por envolvimento em negócios ilícitos, entre eles o Republic New York Corporation, de propriedade do banqueiro brasileiro Edmond Safra, morto em circunstâncias misteriosas em seu apartamento monegasco. Um banco cuja carteira de clientes era composta, entre outros, de traficantes de diamantes e suspeitos de negócios com a máfia russa, para citar alguns dos nobres correntistas. Segundo analistas de Wall Street, a instituição financeira de Nova York teria sido vendida por um preço 40% inferior ao seu valor real.
Assim que vários jornais do mundo exibiram documentos com detalhes de como a filial do HSBC em Genebra havia lavado dinheiro de ditadores, traficantes de armas e drogas, auxiliado todo tipo de gente a operar fraudes fiscais milionárias e a abrir empresas offshore, a matriz emitiu um seco comunicado no qual informava que tais práticas, ocorridas até 2007, não tinham mais lugar e que, desde então, os padrões de controle estavam em outro patamar. Mas não é exatamente essa a realidade.
Em julho de 2013, a senadora norte-americana Elisabeth Warren fez um discurso no qual perguntava: quanto tempo seria ainda necessário para fechar um banco como o HSBC? A instituição havia acabado de assumir a culpa por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas mexicano e colombiano, além de organizações ligadas ao terrorismo. Tudo ocorreu entre 2003 e 2010. A punição? Multa irrisória de 1,9 milhão de dólares.
Que fantástico. Entre 2006 e 2010, o diretor mundial do banco era o pastor anglicano (sim, o pastor, lembram-se da Guerra do Ópio?) Stephen Green, que, desde 2010, tem um novo cargo, o de ministro do gabinete conservador de David Cameron, cujo governo é conhecido por não ser muito ágil na caça à evasão fiscal dos ricos que escondem seu dinheiro. Enquanto isso, os ingleses veem seu serviço social decompor-se e suas universidades serem privatizadas de fato. O que permite perguntas interessantes sobre quem realmente nos governa e quais são seus reais interesses.
Alguns fatos são bastante evidentes para qualquer interessado em juntar os pontos. Você poderia colocar seus filhos em boas escolas públicas e ter um bom sistema de saúde público, o que o levaria a economizar parte de seus rendimentos, se especuladores e rentistas não tivessem a segurança de que bancos como o HSBC irão auxiliá-los, com toda a sua expertise, na evasão de divisas e na fraude fiscal. Traficantes de armas e drogas não teriam tanto poder se não existissem bancos que, placidamente, oferecem seus serviços de lavagem de dinheiro com discrição e eficiência. Se assim for, por que chamar de “bancos” o que se parece mais com instituições criminosas institucionalizadas de longa data?

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Por que as crianças francesas não têm déficit de atenção?

no Pragmatismo Político
Como é que a epidemia do Déficit de atenção, que tornou-se firmemente estabelecida
em vários países do mundo, foi quase completamente desconsiderada com relação a
crianças na França?
déficit atenção crianças
Déficit de Atenção em crianças francesas é inferior a 0,5% (Foto: Ilustração)

por Marilyn Wedge, em Psichology Today Tradução: Equilibrando
Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?
Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, vêem o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos, tais como Ritalina e Adderall.
Leia também
Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar os sintomas.
Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que na minha opinião, tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.
A abordagem psico-social holística francesa também permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos. Os médicos que trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.
E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias são relevantes para a discussão, por que o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos Estados Unidos.
A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem um firme cadre – que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso.

Pós, MBA, Mestrado, Mestrado Profissional e Doutorado: entenda as diferenças

no Pragmatismo político
Qual a diferença entre Pós e MBA? Onde buscar os melhores cursos de especialização? Posso fazer doutorado sem ter feito mestrado? O que é mestrado profissional?
pós mba mestrado doutorado estudos carreira acadêmica
Com o crescimento no número de concluintes em cursos de graduação no país – o quantitativo ultrapassa mais de 1 milhão de formados em um ano, de acordo com o Censo Escolar -, um dos caminhos naturais da carreira é a realização de uma pós-graduação. E opções de cursos é o que não faltam. Só de mestrados e doutorados, por exemplo, existem mais de 5 mil cursos.
Dentro desse leque, questionamentos é o que não falta. Por exemplo, os MBA´s (da sigla em inglês, Master Business Administration) são cursos de mestrado? Ou ainda: Existem cursos gratuitos de pós-graduação? E onde buscar as melhores opções de especialização? Para tirar essas e outras dúvidas sobre o tema, além de descobrir que é possível, por exemplo, tentar um doutorado mesmo sem ter feito o mestrado, o iG Educação preparou um guia amplo sobre as principais diferenças e as informações mais fundamentais sobre todos os tipos de pós-graduações existentes no país.
Pós-graduação no Brasil
No País, existem dois tipos de cursos de pós-graduação. São os cursos “lato sensu“, como as especializações e os MBA´s, e os “stricto sensu“, que são os mestrados e os doutorados. Existe uma série de diferenças entre eles. As pós-graduações “lato sensu“, geralmente, têm uma menor duração e tendem a ser menos exigentes que os mestrados e doutorado. Além disso, elas não precisam ter uma autorização prévia do MEC. A instituição que já oferece cursos de graduação, e é autorizada pelo ministério a funcionar, não precisa pedir permissão ao MEC para criar novos cursos. Sendo assim, eles tendem a ser mais flexíveis, conseguindo atender necessidades mais específicas do mercado de trabalho, por exemplo.
Já os cursos “stricto sensu” precisam de autorização do governo para funcionar. Cabe à Capesrealizar a recomendação do curso para que ele possa funcionar. É durante a avaliação realizada por essa agência que são atribuídas as notas para cada um dos programas de pós-graduação (“stricto sensu“) existentes no país. Essa pontuação, que se torna pública e pode ser consultada na internet, atesta o nível de qualidade do curso, tornando-se mais fácil a escolha do candidato.
Confira, a seguir, características mais específicas sobre cada modalidade:
1. ESPECIALIZAÇÃO:
De forma mais ampla, todo curso que é realizado após o ensino superior é chamado de curso de pós-graduação. Contudo, no país, o termo abreviado “pós” foi comumente associado a cursos de especialização. Essa modalidade de pós-graduação é vista por muitos candidatos como uma oportunidade de mudar de área. É comum os cursos de especialização estarem abertos a graduados de qualquer área de conhecimento. De acordo com o MEC, normalmente, a “pós” é um curso que tem o objetivo técnico ou profissional mais específico, sem abranger totalmente uma área de conhecimento. No entanto, ele precisa seguir algumas regras mínimas. Caso contrário, ele será considerado um simples curso livre. Conheça as principais exigências da especialização:
– Perfil do candidato: requisito mínimo exigido é que o candidato tenha diploma de curso superior
– Como escolher os cursos? Pela falta de fiscalização e controle na criação dos cursos de especialização pelo MEC, não existe um sistema oficial disponibilizando uma relação completa desses cursos. Assim, a melhor forma de escolher a pós é analisando algumas informações que podem melhor indicar o nível de qualidade da instituição.
Por meio do sistema eletrônico E-mec é possível fazer uma busca em todas as faculdades, centros universitários e universidades brasileiras. Lá, é possível conferir o endereço da instituição, telefones e sites. Também é possível conferir as áreas de conhecimento dos cursos de graduação que a instituição oferece, além de dados sobre fundação e se ela tem ficha suja no MEC (opção “ocorrências“). Adicionalmente, recomenda-se fazer visitas prévias à coordenação do curso, avaliar o programa de aulas da pós e verificar se ela é bem reconhecida no mercado.
– Fique atento! Dos professores que farão parte do corpo docente do curso, pelo menos metade deles devem ser mestres ou doutores. E os demais, devem ter, pelo menos, a formação de especialista.
– Duração: os curso têm duração mínima de 360 horas. Nesse tempo, no entanto, não estão computados as horas de estudo individual, sem assistência do professor, e nem do tempo reservado, obrigatoriamente, à elaboração do trabalho final.
– Processo seletivo: cabe à própria instituição definir seus critérios de seleção. Se o candidato se sentir injustiçado durante o processo, ele pode até levar sua queixa à Secretaria de Educação Superior (SESu), responsável pelos cursos “lato sensu“.
– Custo: geralmente os cursos de especialização são pagos, tanto em instituições privadas quanto nas públicas. A cobrança pelo pagamento em universidades estaduais e federais, por exemplo, ocorre porque esses cursos não são considerados “atividades de ensino regulares, como os mestrados e o doutorado”.
– Trabalho final de conclusão: é comum que os cursos exijam a elaboração de uma monografia. No entanto, é possível outras modalidades de trabalho final, como a elaboração de artigos, por exemplo.
– Titulação: ao concluir, o aluno ganha o título de especialista. A titulação ocorre por meio da emissão de um certificado pela instituição que ofertou o curso. Com o documento em mãos, o candidato pode, por exemplo, ser professor universitário em instituições privadas.
2. MBA:
O MBA (da sigla em inglês, Master Business Administration) não é um curso de mestrado, como o nome sugere. Junto com a especialização, ele é um curso “lato sensu“. Sendo assim, muitas de suas características são comuns com a “pós“. De acordo com o próprio MEC, os MBA´s “nada mais são do que cursos de especialização em nível de pós-graduação na área de Administração“.
Muitos dos cursos oferecidos são voltados para o campo dos negócios e da gestão. No entanto, é possível encontrar MBA´s de outras áreas, como comunicação e saúde.
– Perfil do candidato: independente do segmento do MBA, o curso em si é visto como uma oportunidade de realização e troca de contatos profissionais. Para fomentar esse networking é comum algumas instituições exigirem que o candidato tenha tido experiências de trabalho já consolidadas. O diploma da graduação também é obrigatório.
– Como escolher os cursos? O candidato pode, como nos cursos de especialização, consultar o portal E-mec para obter mais informações sobre se a instituição pretendida oferece algum tipo de MBA.
– Fique atento! De Forma complementar, o candidato também pode consultar se o curso faz parte da Associação Nacional de MBA (Anamba) – uma organização que monitora os parâmetros de qualidade. Mas vale lembrar que a não presença de cursos na Anamba não significa que ele não é de qualidade.
– Duração: os cursos têm duração mínima de 360 horas. Nesse tempo, no entanto, não estão computados as horas de estudo individual, sem assistência do professor, e nem do tempo reservado à elaboração do trabalho final.
– Processo seletivo: cabe à própria instituição definir seus critérios de seleção. Se o candidato se sentir injustiçado durante o processo, ele também pode levar sua queixa à Secretaria de Educação Superior (SESu), responsável pelos cursos lato sensu.
– Custo: geralmente os cursos de MBA são pagos. Tanto em instituições privadas quanto públicas. A cobrança pelo pagamento em universidades estaduais e federais, por exemplo, ocorre porque esses cursos não são considerados “atividades de ensino regulares“, como os mestrados e o doutorado.
– Trabalho final de conclusão: elaboração de uma monografia ou outras modalidades de trabalho final
– Titulação: ao fim do curso, o candidato tem o título de pós-graduação em nível “lato sensu“.
3. MESTRADO:
Para funcionar, os cursos “stricto sensu” como os mestrados precisam ser recomendados pela Capese reconhecidos pelo MEC. É essa agência do Ministério da Educação que avalia o curso e atesta sua qualidade. As notas vão de 1 a 7 (nota máxima). Os cursos precisam ter, ao menos, a nota 3. Aqueles que possuem nota 5 já são considerados com “elevado padrão de qualidade“. Mas, para ter essa nota, é preciso que tenham cursos de doutorado, além do mestrado. O máximo possível é a nota 7, que significa que o curso tem um “desempenho claramente destacado“, afirma a Capes.
– Perfil do candidato: é importante que o candidato tenha interesse na realização de pesquisas científicas. Muitos dos mestrandos pretendem seguir a carreira acadêmica, ou seja, querem ser professores universitários.
– Como escolher os cursos? Os cursos recomendados pela Capes podem ser consultados pela internet. No portal da agência é possível conferir as notas dos programas e também relatórios detalhados sobre a qualidade do corpo docente, das instalações e da proposta curricular do mestrado.
– Fique atento! Ao contrário dos cursos de especialização e MBA, em cursos “stricto sensu” como o mestrado, é desejável que o postulante se dedique integralmente aos estudos, deixando de lado o trabalho e outras atividades.
– Duração: geralmente têm duração de dois anos. Mas é comum ser estendido até dois anos e meio. No primeiro ano os estudantes têm aulas, no segundo, se dedicam à confecção do trabalho final de conclusão.
– Processo seletivo: cabem às instituições de ensino ditarem as regras de seleção dos alunos. De acordo com a Capes, “eventuais abusos de poder podem ser corrigidos através de recurso na própria instituição ou dos órgãos de defesa do consumidor “.
– Custo: como são considerados cursos regulares pelo MEC, nenhuma instituição de ensino pública pode cobrar pelo mestrado. Dessa forma, o candidato selecionado não precisa pagar mensalidades para a realização do mestrado. Além disso, é comum parte dos estudantes ganharem bolsa mensal de auxílio durante o curso. Além da Capes, que oferece uma bolsa no valor médio de R$ 1.500, outras agências de fomento como o CNPq, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e as fundações de pesquisa como a Fapesp também oferecem esse tipo de auxílio. Já nas privadas que têm mestrado, praticamente todos os cursos são cobrados. Contudo, os alunos matriculados em instituições particulares também podem postular a essas bolsas de auxílio.
– Trabalho final de conclusão: é necessário que o estudante elabore uma dissertação ao final do curso. E a pesquisa deve ser apresentada e defendida diante de um grupo de pesquisadores e especialistas para ser aprovado.
– Titulação: ao final do curso, o aluno adquire um diploma de mestre.
4. MESTRADO PROFISSIONAL:
É uma modalidade mais recente de cursos “stricto sensu“. O mestrado profissional foi regulamentado em 2009. Sua principal diferença em relação ao mestrado (acadêmico) é o seu enfoque voltado à qualificação profissional do candidato. Além disso, o candidato tem mais opções de realização do trabalho final de conclusão.
– Perfil do candidato: geralmente o postulante não tem pretensão de abandonar o mercado de trabalho após a conclusão do curso para seguir a carreira acadêmica.
– Como escolher os cursos? Segue a mesma sistemática do conjunto de cursos “stricto sensu“. Assim, para consultar os cursos de mestrados acadêmicos recomendados pela Capes basta o candidato acessar o portal da agência.
– Fique atento! Como a modalidade é recente, a oferta é restrita.
– Duração: geralmente têm duração de dois anos, mas pode se estendido por mais meses.
– Processo seletivo: cabe à instituição ofertante definir e anunciar publicamente as regras do certame.
– Custo: mesma sistemática dos mestrados acadêmicos, ou seja, cabem às instituições de ensino ditarem as regras de seleção dos alunos.
– Trabalho final de conclusão: pode ser apresentado em vários formatos além da dissertação, como por exemplo por meio da elaboração de um artigo, desenvolvimento de aplicativo, elaboração de estudo de caso ou produção artística.
– Titulação: De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE) – orgão consultor do MEC -, como todo curso “stricto sensu“, o diploma do mestrado profissional tem validade nacional e grau “idêntico” ao mestrado acadêmico. Sendo assim, quem finaliza o mestrado profissional também fica habilitado a ser um professor universitário, por exemplo.
5. DOUTORADO:
Além dos mestrados, o doutorado é outra modalidade de cursos “stricto sensu“. Sendo assim, os normativos são semelhantes. No país, são quase 2 mil cursos voltados para a formação de doutor. Uma quantidade bem mais baixa que a de mestrados acadêmicos, mas superior a de mestrados profissionais. Saiba mais sobre os números:
Uma das principais diferenças entre o mestrado e o doutorado está no nível de exigência que é solicitado aos candidatos selecionados no doutorado. Para ser professor de uma universidade pública, por exemplo, é preciso ter o doutorado.
Já depois dessa titulação, o candidato que finaliza o curso de doutorado ainda pode prosseguir nos estudos, realizando aprofundamentos de pesquisas. Tais atividades já são consideradas como de ”pós-doc“, ou seja, de pós-doutorado. No Brasil, ainda não existe a modalidade de doutorado profissional.
– Perfil do candidato: é recomendável que o postulante tenha forte interesse analítico no desenvolvimento de pesquisas científicas. É preferível que o candidato se dedique inteiramente ao doutorado em regime de dedicação exclusiva.
– Como escolher os cursos? Segue a mesma sistemática do conjunto de cursos “stricto sensu“. Assim, para consultar os cursos de doutorado recomendados pela Capes basta o candidato acessar oportal da Capes. Lá, é possível conferir as notas dos programas e também relatórios detalhados sobre a qualidade do corpo docente, das instalações e da proposta curricular do doutorado.
– Fique atento! Mesmo exigindo um nível alto do candidato, é possível que pessoas que tenham apenas o título de graduação tentem uma vaga em doutorados. O candidato deve ficar atento aos editais de seleção.
– Duração: geralmente quatro anos.
– Processo seletivo: Mesma sistemática dos mestrados , ou seja, cabem às instituições de ensino ditarem as regras de seleção dos alunos. De acordo com a Capes, “eventuais abusos de poder podem ser corrigidos através de recurso na própria instituição ou via órgãos de defesa do consumidor“.
– Custo: Como são considerados cursos regulares pelo MEC, nenhuma instituição de ensino pública pode cobrar pelo doutorado. Dessa forma, o candidato selecionado não precisa pagar mensalidades para a realização do doutorado. Além disso, é comum parte dos estudantes ganharem uma bolsa mensal de auxílio financeiro durante o curso. Além da Capes, que oferece uma bolsa no valor médio de R$ 2.200, outras agências de fomento como o CNPq, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e as fundações de pesquisa como a Fapesp também oferecem esse tipo de auxílio. Já nas privadas que têm doutorado, praticamente todos os cursos são cobrados. Os alunos de instituições particulares, contudo, também podem postular a essas bolsas de auxílio.
– Trabalho final de conclusão: o candidato precisa defender uma tese “que represente trabalho de pesquisa importando em real contribuição para o conhecimento do tema“, atesta a Capes. É também fundamental que o objeto de estudo tenha um enfoque inovador.
– Titulação: oferece o título de doutorado, ou seja, os concluintes podem, sim, ser chamados de doutores.
Davi Lira, Último Segundo
Fontes
Para a elaboração dessas orientações e construção desse mapeamento consolidado, a reportagem contou com a colaboração de especialistas na área, como o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), José Fernandes de Lima, Gustavo Balduíno, secretário executivo da Andifes (a associação dos reitores das universidades federais), e o especialista em educação Claudio de Moura Castro, ex-diretor da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão federal responsável pela avaliação dos cursos de mestrado e doutorado no país.
Adicionalmente, ainda foi consultada uma série de normativas presentes nos bancos de dados do Ministério da Educação (MEC), do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Capes. O objetivo era ficar por dentro de todos os detalhes e meandros e simplificar, ao máximo, a legislação. Tudo isso para esclarecer as principais dúvidas dos futuros candidatos da forma mais prática possível.
Os dados sobre o número de pós-graduados formados no país e a relação de doutores por milhão de habitantes no Brasil e em Portugal foram coletados de publicação do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (GEE), organização social ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).