quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Beto Richa (PSDB) caloteiro, cadê o meu dinheiro?

por  no Diálogo Petista
Beto Richa Caloteiro
por José Gilbert Arruda Martins
"Os sindicalistas montaram uma barraca na Boca Maldita, distribuíram um planfleto, “Beto RIcha caloteiro”, e fizeram um bazar solidário, com roupas, calçados, livros, revistas e bijuterias, tudo a R$ 1,00, para ajudar os professores e professoras sem salário. Receberam o apoio da população que passava pelo local."
O parágrafo acima mostra a cara da educação pública no país. Vejam o respeito que governos e sociedade têm com a educação do Povo.
Então?
O atraso não era apenas no Distrito Federal, apenas do Partido dos Trabalhadores?
Pelo que todos e todas sabem, Beto Richa é dos tucanos.
Mais uma demonstração da importância da Educação Pública.
Professores e professoras do país precisam entender em que terreno estão pisando. A educação pública no Brasil é para filhos de trabalhadores e trabalhadoras, portanto, os governos e a sociedade fazem, na maioria das vezes, apenas discursos, vamos à luta.

Beto Richa caloteiro, cadê o meu dinheiro?


O fim do ano chegou com uma péssima notícia para 37 mil trabalhadores e trabalhadores da educação pública do Paraná: o governo simplesmente deixou de pagar o salário, o que deveria ser feito no dia 30 de dezembro. O fato provocou uma rápida mobilização da categoria, principalmente a partir do Núcleo Sindical Curitiba Sul da APP-Sindicato. Dezenas de sindicalistas foram à rua no centro da cidade fazer panfletagem contra o calote do governador Beto Richa.
Os 37 mil trabalhadores que ficaram sem receber fazem parte do PSS (Processo Seletivo Simplificado), ou seja, não são concursados e, portanto, aqueles com menos direitos e menores salários. O governo garante que pagará até dia 9, sexto dia útil do mês. Mas o prejuízo causado aos trabalhadores é irreversível.
Em reunião realizada na terça-feira, o Núcleo Curitiba Sul recebeu o apoio da direção geral da APP-Sindicato e da CUT/PR
Os sindicalistas montaram uma barraca na Boca Maldita, distribuíram um planfleto, “Beto RIcha caloteiro”, e fizeram um bazar solidário, com roupas, calçados, livros, revistas e bijuterias, tudo a R$ 1,00, para ajudar os professores e professoras sem salário. Receberam o apoio da população que passava pelo local.
Segundo Déborah Fait, da direção do Núcleo Curitiba Sul e integrante do Diálogo e Ação Petista, “não podemos deixar que o governo implante sua política de ataques brutais aos trabalhadores”. O próximo passo do movimento é uma concentração em frente à Secretaria da Fazenda.
O governador Beto Richa, reeleito em primeiro turno, parece querer mostrar-se como o campeão dos ataques aos direitos dos trabalhadores. Outras categorias também tiveram seus salários atrasados ou cortados. Richa importou para seu secretário da Fazenda Mauro Ricardo, que ocupou o mesmo cargo para o prefeito ACM Neto, de Salvador, e que, mesmo antes de assumir, já havia anunciado uma política de arrocho. Mauro Ricardo ficou tristemente célebre por ter lamentado que não se use mais o pelourinho para cobrar os devedores.
E agora, governador e secretário, caloteiros e devedores, aceitam colocar-se no pelourinho?

“Vamos colocar o Maranhão no século 21″, diz Flávio em artigo na Folha

Folha de S. Paulo no Vermelho
 

por José Gilbert Arruda Martins

Para perceber como o Maranhão vive no século passado, é só viajar de automóvel pela região.

Não é surpresa para ninguém, o Estado sofreu um atraso secular que precisa ser fortemente trabalhado.

As pessoas, no geral, parece não terem parâmetros para medir o atraso.

Se compararmos o Maranhão até com o vizinho Piauí, percebemos o atraso.

Flávio Dino, novo governador, terá pela frente grandes e espinhentos desafios.

Os problemas são imensos, são estruturais, leva um certo tempo para consertar, e, o povo, já maltratado de anos, terá paciência?

“Vamos colocar o Maranhão no século 21″, diz Flávio em artigo na Folha

O Estado sofreu muito com as graves consequências do coronelismo. Com o potencial que temos, vamos colocar o Maranhão no século 21
O Maranhão atravessou todo o século 20 sofrendo as graves consequências do patrimonialismo e do coronelismo, em uma proporção que nenhuma outra unidade da nossa Federação jamais viveu.
O resultado mais nítido desse ciclo é conhecido de todo o Brasil: os piores indicadores sociais do país, produtos desse amálgama entre regime oligárquico tardio e uma desastrada “modernização” baseada em enclaves econômicos.
Desde 1º de janeiro, nosso desafio é virar essa página, fazendo com que o Maranhão seja capaz de gerar um ciclo de direitos que cheguem até a casa de todos. Para isso, o passo inicial é afirmar um novo projeto de desenvolvimento, baseado na alta qualidade das despesas públicas e na ampliação dos investimentos privados.
Visando garantir a concretização dessas metas, adotamos, no primeiro dia de governo, medidas como a criação da Secretaria de Transparência e Controle e do Conselho Empresarial do Maranhão (há que se frisar: sem a criação de um único cargo público a mais).
A Secretaria de Transparência e Controle funciona nos moldes da CGU (Controladoria-Geral da União), com uma atuação preventiva –no que se refere aos gastos do novo governo– e investigativa, no tocante aos diversos e gravíssimos indícios de mau uso do dinheiro público no Maranhão.
Apenas para citar o caso mais recente, lembro as transações entre o doleiro Alberto Youssef e o governo do Maranhão, envolvendo cifras superiores a R$ 100 milhões.
Já o Conselho Empresarial do Maranhão reúne o governador e os secretários com as principais entidades empresariais do Estado, com pautas voltadas à remoção dos entraves para a ampliação da atividade econômica no nosso território. Vinculadas ao conselho, criamos as câmaras setoriais das principais cadeias produtivas aqui instaladas ou para as quais somos vocacionados.
Temos a expectativa também da retomada vigorosa de um importante projeto nacional hoje em ritmo lento: o Centro de Lançamento de Alcântara, que queremos transformar, com políticas complementares, em um polo de geração e irradiação de tecnologia para o desenvolvimento do nosso Estado.
O Maranhão tem vantagens competitivas únicas, tais como o complexo portuário brasileiro mais próximo dos grandes mercados consumidores do planeta, energia e água abundantes. Chegou a hora de usar esse patrimônio a favor do povo maranhense.
Nesses primeiros dias de governo, além de organizar o caos administrativo reinante, uma causa tem mobilizado todos os nossos esforços: a educação. Lançamos o programa “Escola Digna”, para eliminar as escolas de taipa e palha no Maranhão, e vamos implantar uma rede estadual de educação profissional em tempo integral, já começando neste ano de 2015.
Trilhando esse e outros caminhos, com o enorme potencial que temos, tenho a convicção de que –nos próximos anos– vamos finalmente colocar o Maranhão no século 21. E com isso pretendemos contribuir para a recuperação da grandeza da política.
A política que é indignada com a injustiça. A política feita com honestidade, que não é um fim em si mesma, mas um instrumento para melhorar a vida das pessoas. A política sem preconceitos, quando é hora de escolher a política pública mais eficiente. A política que respeita as divergências, mas acredita na união em torno dos grandes desafios de um povo.
FLÁVIO DINO, 46, advogado, é governador do Estado do Maranhão. Foi presidente da Embratur (governo Dilma), juiz federal e deputado federal pelo PC do B


    “Sentindo a derrota, Cunha inventa factoide”, afirma Paulo Teixeira

    Fonte: GGN no Vermelho
    Paulo Teixeira é deputado federal por São Paulo
    Paulo Teixeira é deputado federal por São Paulo

    Em sua página oficial no Twitter, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) afirma que o também deputado Eduardo Cunha (PMDB) - candidato à Presidência da Câmara dos Deputados disputando a vaga contra o seu correligionário Arlindo Chinaglia (PT-SP) - criou um "factoide" para tentar reduzir os impactos negativos da Operação Lava Jato sobre sua imagem e, consequentemente, sobre sua campanha.

    "Eduardo Cunha, sentindo a derrota para a presidência da Câmara, inventa um factoide e atira-se na área para cavar um pênalti. Cartão amarelo!", escreveu Teixeira.

    A declaração de Paulo Teixeira em sua página foi feita nesta terça-feira (20), após Eduardo Cunha convocar uma coletiva de imprensa para "denunciar" o que chamou de uma "alopragem" que teria como objetivo prejudicar sua candidatura à presidência da Câmara.

    Segundo Cunha, no último sábado, um homem que se identificou como agente da Polícia Federal foi seu escritório, no Rio de Janeiro, entregar um áudio que supostamente seria anexado nos processos da Lava Jato para sustentar o envolvimento do peemedebista com os escândalos na Petrobras. No áudio, duas pessoas conversam de maneira roteirizada, sugerindo que estão no esquema em que Cunha foi acusado de receber propina a mando do doleiro Alberto Youssef. Cunha nega a participação.

    Cunha tenta explicar o que foi explicado

    Na coletiva, Cunha insinuou que o áudio é uma fraude elaborada pela cúpula da Polícia Federal contra ele, mas não quis citar nomes. Diante das ilações, ele resolveu tentar se explicar pelo Twitter. “Quero deixar bem claro que não acusei o governo [Dilma] de nada na denúncia que fiz. Tanto que procurei o próprio governo, no caso o ministro da Justiça, para abertura de investigação policial do fato. Se tivesse a certeza de que era o governo, teria procurado direto o Ministério Público e não o governo. O que relatei foi a versão que me passaram, o que não quer dizer que tenha aceito a versão como fato".

    Fonte: GGN

    Cercada por latifúndios, população xavante resiste, mas exige políticas públicas

    Sarah Fernandes/ RBA
    Programas sociais chegaram aos indígenas, mas não foram suficientes para baixar a mortalidade infantil, combater a desnutrição e garantir atendimento médico para a população.
    no Retrato do Brasil
    Com altos índices de mortalidade infantil e subnutrição, baixa expectativa de vida e ocorrências de doenças praticamente já erradicadas do restante do país, os xavantes da terra indígena de Parabubure, em Mato Grosso, são um dos desafios para o segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, que tem como prioridade zerar a miséria do país. Cercados por fazendas pujantes pelo agronegócio, que alteraram drasticamente o meio ambiente e o modo de vida tradicional, eles resistem em um bolsão de pobreza, onde os programas sociais dos governos PT chegaram, mas não foram suficientes para resolver em definitivo os problemas.
    O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante tem pelo menos 17 mil pessoas, divididas em seis terras indígenas – uma delas Parabubure – e 242 aldeias, que chegam a distar dias de viagem uma das outras. A grande maioria delas não tem energia elétrica nem água encanada. Ao todo, 400 profissionais da saúde, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, dentistas, agentes de saúde, agentes sanitários e 15 médicos – oito deles do programa Mais Médicos – tem o desafio de promover atenção básica, garantindo o atendimento universal do SUS sem interferir na cultura tradicional xavante. Para isso, pelo menos 80% da equipe é composta por indígenas.
    Um dos problemas mais graves é a ainda elevada taxa de mortalidade infantil. Só até agosto, 56 crianças morreram no primeiro ano de vida a cada mil nascidas vivas. No ano passado, foram 48 mortes para cada mil, superando países como Quênia (44), Gana (47), Namíbia (46) e Zimbábue (28). No restante do Brasil, no entanto, o índice caiu em mais de 70%, passando de 62 em 1990 para 14 em 2012, segundo um relatório do Unicef, lançado em setembro do ano passado. “A mortalidade infantil ainda é grande entre os indígenas em todo país e uma das principais causas aqui nos xavantes é a desnutrição”, afirma o coordenador do distrito, Cláudio Rodrigues.
    Um dos problemas mais graves é a ainda elevada taxa de mortalidade infantil. Os xavantes mantêm a segunda maior taxa de mortalidade infantil do país, atrás apenas dos também indígenas Yanomanis, que vivem em regiões de difícil acesso na Amazônia. No restante do Brasil, no entanto, o índice caiu em mais de 70%, passando de 62 em 1990 para 14 em 2012, segundo um relatório do Unicef, lançado em setembro do ano passado. “A mortalidade infantil ainda é grande entre os indígenas em todo país e uma das principais causas aqui nos xavantes é a desnutrição”, afirma o coordenador do distrito, Cláudio Rodrigues.
    Apesar das dificuldades, os xavantes são muito bem sucedidos na manutenção da sua cultura, que enche os olhos dos brancos: a língua materna e principal é o próprio xavante. O português vem depois, na escola, como segundo idioma. Apesar do uso de roupas já ser comum, exibem orgulhosos adornos tradicionais, como as gravatas de corda e pena, os brincos de madeira e os cordões de palha de buruti enrolados ao redor os pulsos e dos tornozelos.
    Os meninos, quando fazem por volta de 13 anos, saem da casa dos pais e vão viver todos juntos na Hö, ou em português, 'Casa do Adolescente', onde irão aprender, durante sete anos, a cultura tradicional xavante. Encerrado o período, ocorre o ritual de furação da orelha, uma das festas mais fortes e tradicionais dos xavantes. A partir daí os meninos recebem um par de brincos e estão prontos para casar e assumir o papel de homens na tribo. Sendo um povo tradicionalmente guerreiro, participarão das árduas corridas com as toras de buriti nas costas e das lutas entre os dois clãs que dividem as aldeias: âwawẽ e po'reza'õno.

     
    Crianças: desnutrição é o principal problema
    entre os xavantes; Bolsa Família não tem
    sido suficiente para suprir necessidades
    Foto: Sarah Fernandes
     

    “O governo tem que dar mais atenção para o índio. Quem esta destruindo o país é o branco, não o índio. Antigamente, nos anos 1970 e 1980, no rio que corre em frente minha aldeia era fartura de pintado e de todo tipo de peixe. Hoje você não vê nenhum matrinxã (peixe muito comum na região)”, critica a indígena Ângela Rootsitsimro Tsupto, que vive na aldeia Três Marias. “Agora o índio tem que comprar peixe em Campinápolis e está muito caro. Qualquer um é R$ 25 reais. Só quem trabalha, é aposentado ou recebe Bolsa Família consegue, e ainda assim só um pouquinho.”
    Os xavantes são originalmente nômades, mas foram forçados a se fixar em uma terra delimitada, cercada por grandes propriedades de terra, ora improdutivas, ora pujantes pelo agronegócio, que alteraram completamente o meio ambiente, secando rios, espantando a caça e empobrecendo o solo. A única alternativa é comprar os alimentos na cidade de Campinápolis, há 60 quilômetros da aldeia mais próxima, chamada São Pedro. O dinheiro vem de trabalhos vinculados a órgãos do governo federal, em geral de professores e agentes comunitários de saúde, ou do Bolsa Família, principal fonte de renda dos indígenas.
    O resultado é uma alimentação pobre, baseada em carboidratos industrializados como arroz e farinha, que substituíram comidas tradicionais como farinha de mandioca brava, cará, peixes e feijão e milho xavantes. Nesse cenário, se multiplicaram casos de diabetes e hipertensão e as consequentes decorrências dessas doenças, que vão de amputações à cegueira.
    Nos últimos 20 anos, Dilma foi a presidenta que menos desapropriou imóveis para reforma agrária, de acordo com a Comissão Pastoral da Terra. No seu segundo mandato, a ministra da Agricultura será a polêmica senadora Katia Abreu (PMDB-TO), que há seis anos é presidenta da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e que presidiu a bancada ruralista no Congresso. Ela é considerada o “símbolo do agronegócio” pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
    “Hoje é muito difícil de arrumar caça, porque só tem fazenda em volta. Antes era mato, e eles coletavam frutas, mandiocas, batatas e caçavam animais silvestres. O xavante nunca foi de fazer roça. Isso é muito contraditório porque os órgãos do governo quererem fazer arados de terra e plantações enormes, mas isso não é da cultura deles. É um hábito que precisa ser introduzido”, diz a responsável pelo Programa de Saúde Mental do DSEI Xavante, Ana Cristina Ferreira.
     
    Apesar das roupas, exibem adornos tradicionais,
    como as gravatas de corda e pena,
    brincos de madeira e cordões
    de palha de buruti Foto: Sarah Fernandes

    “O problema dos xavantes é um só: comida. Somos a segunda população do país com maior mortalidade infantil, perdendo apenas para os Yanomamis, mas eles estão em uma região mais isolada, onde só é possível chegar por via área. Aqui é tudo terrestre”, afirmou uma enfermeira que não quis se identificar, durante uma reunião de profissionais de saúde indígena, realizada em agosto. “É muito difícil tratar uma criança desnutrida na aldeia, porque ela precisa de oferta de alimentos que elas não têm. Às vezes levamos a suplementação alimentar, mas, pela cultura xavante, todos os membros da família acabam consumindo e a criança que precisa fica sem”, conta.
    Para contornar o problema, a coordenação do distrito sanitário Xavante está organizando encontros com diferentes órgãos do poder público, para discutir a desnutrição infantil entre os indígenas. A principal proposta é desenhar um programa que introduza roçados e criação de animais nas aldeias, munindo os indígenas de conhecimento técnico, ferramentas e sementes. “Dinheiro, cesta básica, Bolsa Família, tudo isso ajuda, mas acredito que não seja a principal solução. O ideal seria um projeto de incentivo ao plantio dentro das reservas e de criação de peixe, galinha e vaca. A ideia é financiar o plantio e promover capacitação de como cultivar a terra, para que depois, com o tempo, eles deem sequência a isso. Terra tem, água tem, o que falta é o incentivo, verba e capacitação”, diz Rodrigues.
    As barreiras culturais também impactam, e muito, nos altos índices de mortalidade infantil causada pela subnutrição. Em uma cultura de muita submissão da mulher, as xavantes são entendidas como procriadoras e os filhos pertencem aos homens, que podem inclusive se relacionar com outras mulheres. “Quando há um rompimento na relação, a mulher, para chamar a atenção do marido, abandona o filho. Temos muitos óbitos nutricionais porque a mãe se nega a dar alimento. Nós, como profissionais da saúde, orientamos muito, mas não podemos mudar isso, que é da cultura deles”, diz a chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (Diasi), Camilla Pacheco Dutra.
    É costume entre as xavantes, por exemplo, não amamentar os bebês com o leite das primeiras 24h após o parto, chamado colostro, por acreditarem que não é um alimento limpo. A criança é entregue a outra mãe para que possa ser alimentado nesse período, o que aumenta o risco de alterações na taxa de açúcar no sangue dos recém-nascidos. “O pai e a mãe às vezes seguram a criança para ela não ser removida para um hospital e tentam salvar na pajelança. Quando eles veem que está muito grave liberam, mas aí muitas vezes já não tem mais jeito”, diz Rodrigues.
    As gestações raramente são anunciadas e acabam sendo descobertas quando os enfermeiros, nas visitas, encontram as mulheres com as barrigas já salientes. Assim, é comum que elas acabam perdendo os primeiros meses do pré-natal. A tentativa então é conseguir garantir pelo menos três consultas, uma em cada trimestre da gestação. “Nós não estamos aqui para mudar a cultura deles, mas para nos adequarmos. O fundamental é criar vínculo entre o indígena e a equipe de saúde. Assim, ao invés de mudar a cultura deles a gente pode fazer com que tenham acesso mais fácil a equipe, em uma relação de confiança. Se eles não confiam, não aderem às recomendações médicas”, diz Camila.

    Alimentação e saúde

    O atendimento médico ocorre principalmente pelo Programa Saúde da Família, que visa prevenir doenças e promover a saúde. Na prática, as ações encontram algumas barreiras: há, por exemplo, um enfermeiro para uma média de 20 aldeias, que chegam a ficar a um dia de distância uma das outras, dificultando as visitas às aldeias. Apesar de receberem um salário maior que o dos demais profissionais, há muita rotatividade entre os brancos que trabalham com saúde indígena, pela dificuldade do trabalho.
    “Se formos levar em conta a relação preconizada pelo SUS, de um médico para cada 2 mil pessoas, hoje teríamos o suficiente, mas na prática não é. Estamos em aldeias em regiões de difícil acesso. É diferente ter pessoas aglomeradas em uma cidade e ter uma população espalhada em hectares e hectares de terra”, diz Rodrigues. Uma das estratégias do DSEI Xavante tem sido redistribuir as equipes de profissionais, de forma a impedir que, por exemplo, dois enfermeiros sejam responsáveis por uma área com 32 aldeias enquanto, em outro local, cinco profissionais se dividam em 20 comunidades, como ocorre hoje.
     
    Habitação com luz elétrica: exceção
    entre 17 mil pessoas,
    divididas em 6 terras indígenas,
    uma delas Parabure, e 242 aldeias
    Foto: Sarah Fernandes
     
    “Essas doenças com as quais eles estão sofrendo hoje, como diabetes e hipertensão, provavelmente não seriam um problema se no passado houvesse esse trabalho de prevenção, de acesso à alimentação saudável e de acesso à informação para os indígenas, que são a prioridade da nossa gestão”, diz Ana Cristina.
    Nesse cenário, a maioria dos problemas de saúde que já afetaram os xavantes dependendo de especialistas e acessá-los é um desafio. Os indígenas são encaminhados para a Casa do Índio (Casai) de Campinápolis, Barra do Garças ou Brasília, onde ficam hospedados até conseguirem atendimento em um hospital público, uma jornada que pode durar meses e que representa um rompimento dos indígenas com seu modo de vida tradicional e com o sustento da família. Na região, o tempo médio de espera de para uma consulta com oftalmologista chega a dois anos, segundo uma enfermeira, que também não quis se identificar.
    “Antigamente a natureza oferecia alimentação saudável; agora o índio mora em uma terra delimitada, cercado pelos fazendeiros e a natureza não está oferecendo mais o que os nossos antigos tinham para se alimentar. O mais problemático é a diabetes, que faz a gente doer tudo lá dentro”, diz a indígena Ângela. “E saúde não é só alimentação. Saúde é ter água encanada, que não temos. Saúde é ter teto digno, mas aqui as casas são todas de palha.”
    Em um cenário de precariedade sanitária, doenças praticamente já erradicadas no restante do país continuam se proliferando entre os xavantes: tuberculose, escabiose e leishmaniose, que até agosto somava 26 casos no polo e, em 2013, 45 casos. Outro problema grave são os casos de alcoolismo. De um tempo para cá, o problema deixou de se concentrar apenas nos homens e passou a atingir também as mulheres, inclusive as adolescentes.
    Um dos focos mais graves é na aldeia de Sangradouro, onde se colecionam casos de acidentes de carro, violência sexual e física e, sobretudo, perda da identidade cultural e enfraquecimento do modo de vida tradicional, tudo agravado pelo consumo abusivo de álcool. Para combater o problema, estão sendo articuladas ações em conjunto com o Ministério Público, a Polícia Federal, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Ministério da Educação, as prefeituras da região e o governo do Mato Grosso.
    “Lembro sempre de uma fala de um cacique muito sábio, que disse; ‘o povo xavante está ficando burro e cego. O branco quer que o índio beba mesmo. Quer vê-lo adoecer e morrer para tomar suas terras. Como o índio vai defender sua terra bêbado?'”, conta Ana Cristina. “Muitas pessoas pesam que o índio tem que ficar no mato, tem que plantar, tem que caçar, mas não percebem que as culturas evoluem historicamente. Se eu trabalho e tenho salário, por que o índio não pode? As vezes o branco tem a intenção de preservar mais a cultura do índio do que o índio.”

    Lava Jato é para destruir Petrobras e empreiteiras

    Agora é a judicialização do entreguismo. Esses tucanos …– PHA - Conversa Afiada
    Conversa Afiada reproduz a partir do Viomundo:

    BENAYON: LAVA JATO MANIPULADA PARA DESTRUIR PETROBRAS E EMPREITEIRAS NACIONAIS


    por Adriano Benayon, via Desenvolvimentistas

    1. Não é hipérbole dizer que o Brasil – consciente disto, ou não – vive momento decisivo de sua História. Se não quiser sucumbir, em definitivo, à condição de subdesenvolvido e (mal) colonizado, o povo brasileiro terá de desarmar a trama, o golpe em que está sendo envolvido.

    2. Essa trama – que visa a aplicar o golpe de misericórdia em qualquer veleidade de autonomia nacional, no campo industrial, no tecnológico e no militar – é perpetrada, como foram as anteriores intervenções, armadas ou não, pelas oligarquias financeiras transnacionais e instrumentalizada por seus representantes locais e pelo oligopólio mediático, como sempre utilizando hipocritamente o pretexto de combater a corrupção.

    3. Que isso significa? Pôr o País à mercê das imposições imperiais sem que os brasileiros tenham qualquer capacidade de sequer atenuá-las.

    4. Implica subordinação e impotência ainda maiores que as que levaram o País, de 1955 ao final dos anos 70, a endividar-se, importando projetos de infra-estrutura, em pacotes fechados, e permitindo o crescimento da dívida externa, através dos déficits de comércio exterior decorrentes da desnacionalização da economia, e em função das taxas de juros arbitrariamente elevadas e das não menos extorsivas taxas e comissões bancárias para reestruturar essa dívida.

    5. Ora, a cada patamar inferior a que o Brasil é arrastado, o império o constrange a afundar para degraus ainda mais baixos, tal como aconteceu nas décadas perdidas do final do Século XX.

    6. Na dos anos 80 ocorreu a crise da dívida externa, após a qual o sistema financeiro mundial fez o Brasil ajoelhar-se diante de condições ainda mais draconianas dos bancos “credores”.

    7. Na dos anos 90, mediante eleições diretas fraudadas em favor de ganhadores a serviço da oligarquia estrangeira, perpetraram-se as privatizações, nas quais se entregaram e desnacionalizaram, em troca de títulos podres de desprezível valor, estatais dotadas de patrimônios materiais de trilhões dólares e de patrimônios tecnológicos de valor incalculável.

    8. A Operação Lava-jato está sendo manipulada com o objetivo de destruir simultaneamente a Petrobrás – último reduto de estatal produtiva com formidável acervo tecnológico – bem como as grandes empreiteiras, último reduto do setor privado, de capital nacional, capaz de competir mundialmente.

    9. Quando do tsunami desnacionalizante dos 90, a Petrobrás foi das raras estatais não formalmente privatizadas. Mas não escapou ilesa: foi atingida pela famigerada Lei 9.478, de 1997, que a submeteu à ANP, infiltrada por “executivos” e “técnicos” ligados à oligarquia financeira e às petroleiras angloamericanas.

    10. Essa Lei abriu a porta para a entrada de empresas estrangeiras na exploração de petróleo no Brasil, com direito a apropriar-se do óleo e exportá-lo, e propiciou a alienação da maior parte das ações preferenciais da Petrobrás, a preço ínfimo, na Bolsa de Nova York, para especuladores daquela oligarquia, como o notório George Soros.

    11. Outros exemplos do trabalho dos tucanos de FHC agindo como cupins devoradores – no caso, a Petrobrás servindo de madeira – foram: extinguir unidades estratégicas, como o Departamento de Exploração (DEPEX); desestruturar a administração; e liquidar subsidiárias, como a INTERBRÁS e numerosas empresas da área petroquímica.

    12. Como assinalam os engenheiros Araújo Bento e Paulo Moreno, com longa experiência na Petrobrás, a extinção do DEPEX fez que a empresa deixasse de investir na construção de sondas e passasse a alugá-las de empresas norte-americanas, como a Halliburton, a preços de 300 mil a 500 mil dólares diários por unidade.

    13. Os próprios dados “secretos” da Petrobrás, inclusive os referentes às fabulosas descobertas de seus técnicos na plataforma continental e no pré-sal são administrados pela Halliburton. Em suma, a Petrobrás é uma empresa ocupada por interesses imperiais estrangeiros, do mesmo modo que o Brasil como um todo.

    14. Além disso, a Petrobrás teve de endividar-se pesadamente para poder participar do excessivo número de leilões para explorar petróleo, determinados pela ANP, abertos a empresas estrangeiras.

    15. Para obter apoio no Congresso, os governos têm usado, entre outras, as nomeações para diretorias da Petrobrás. Essa política corrupta e privilegiadora de incompetentes, já antiga, é bem-vinda para o império, e é adotada para “justificar” as privatizações: vai-se minando deliberadamente a empresa, e depois se atribui suas falhas à administração estatal.

    16. Tal como agora, assim foi nos anos 80 e 90, com a grande mídia, incessantemente batendo nessa tecla, e fazendo grande parte da opinião pública acreditar nessa mentira.

    17. Mas as notáveis realizações da Petrobrás são obras de técnicos de carreira, admitidos por concurso – funcionários públicos, como foram os da Alemanha, das épocas em que esse e outros países se desenvolveram. Entretanto, a mídia servil ao império demoniza tudo que é estatal e oculta a corrupção oriunda de empresas estrangeira, as quais, de resto, podem pagar as propinas diretamente no exterior.

    18. Para tirar do mercado as empreiteiras brasileiras, as forças ocultas – presentes nos poderes públicos do Brasil – resolveram aplicar, contra essas empresas, a recente Lei nº 12.846, de 01.08.2013, que estabelece “a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira (sic).”

    19. Seu art. 2o reza: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.”

    20. Como as coisas fluem rapidamente, quando se trata de favorecer as empresas transnacionais, a Petrobrás já cuidou de convidar empresas estrangeiras para as novas licitações, em vez das empreiteiras nacionais.

    21. A grande mídia, tradicionalmente antibrasileira, noticia, animada, a possibilidade de se facilitar, em futuro próximo, a abertura a grupos estrangeiros do mercado de engenharia e construção civil, mais uma consequência da decisão, contrária aos interesses do País, de considerar inidôneas as empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato.

    22. Recentemente, nos EUA, foi infligida multa recorde, por corrupção, a um grupo francês, a qual supera de longe os US$ 400 milhões impostos à alemã Siemens. Já das norte-americanas, por maiores que sejam seus delitos, são cobradas multas lenientes, e não está em questão alijá-las das compras de Estado.

    23. Já no Brasil – país ocupado e dominado, mesmo sem tropas nem bases estrangeiras – somente são punidas empresas de capital nacional. Fica patente o contraste entre um dos centros do império e um país relegado à condição de colônia.

    24. Abalar a Petrobrás e inviabilizar as empreiteiras nacionais implica acelerar o desemprego de engenheiros e técnicos brasileiros em atividades tecnológicas. As empreiteiras são importantes não só na engenharia civil, onde se têm mostrado competitivas em obras importantes no exterior, mas também por formar quadros e gerar de empregos de qualidade nos serviços e na indústria, inclusive a eletrônica e suas aplicações na defesa nacional.

    25. Elas estão presentes em: agroindústria; serviços de telefonia e comunicações; geração e distribuição de energia; petróleo; indústria química e petroquímica; construção naval. E – muito importante – estão formando a nascente Base Industrial da Defesa.

    26. A desnacionalização da indústria já era muito grande no início dos anos 70 e, além disso, foi acelerada desde os anos 90, acarretando a desindustrialização. Paralelamente, avança, de forma avassaladora, a desnacionalização das empresas de serviços.

    27. Este é o processo que culmina com o ataque mortal à Petrobrás e às empreiteiras nacionais, e está recebendo mais um impulso através da política fiscal – que vai cortar em 30% os investimentos públicos – e da política monetária que está elevando ainda mais os juros.

    28. Isso implica favorecer ainda mais as transnacionais e eliminar maior número de empresas nacionais, sobre tudo pequenas e médias, provedoras mais de 80% dos empregos no País. De fato, só as transnacionais têm acesso aos recursos financeiros baratos do exterior e só elas têm dimensão para suportar os cortes nas compras governamentais.

    29. Como lembra o Prof. David Kupfer, a Petrobrás e seus fornecedores respondem por 20% do total dos investimentos produtivos realizados no Brasil. Só a Odebrecht e Camargo Corrêa foram responsáveis por mais de 230 mil empregos, em 2013.

    30. A área econômica do Executivo parece não ver problema em reduzir o assustador déficit de transações correntes (mais de US$ 90 bilhões de dólares em 2013), causando uma depressão econômica, cujo efeito, além de inviabilizar definitivamente o desenvolvimento do País, implica deteriorar a qualidade de vida da “classe média” e tornar ainda mais insuportáveis as condições de vida de mais da metade da população, criando condições para a convulsão social.

    31. Por tudo isso, há necessidade de grande campanha para virar o jogo, com a participação de indivíduos, capazes de mobilizar expressivo número de compatriotas, e de entidades dispostas a agir coletivamente.

    Adriano Benayon é doutor em economia, pela Universidade de Hamburgo, e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

    SP tucana explora o 3º. volume morto

    A incapacidade, a cumplicidade, o mau-caratismo e tudo o que se tornou comum no PiG blindam os tucanos.
    no Conversa Afiada
    De Gilvan Curvelo, no face do C Af
     Do Tijolaço:

    Este blog, há um ano, foi o primeiro a tratar como dramática a situação da água em São Paulo e a dizer que deveriam ser adotadas medidas de prudência, em lugar da simples fé em que viriam chuvas abundantes.

    Depois da eleição, vivi a ilusão de que ao cessar a blindagem política a Geraldo Alckmin, a imprensa paulista iria, finalmente, dar -sem trocadilho – profundidade á análise do que está acontecendo com o abastecimento da Grande São Paulo.

    Infelizmente não deu e não diz também que, dependendo da chuva do final desta semana, na próxima a Sabesp entrará na terceira cota de volume morto, a lama da lama da lama.

    Não porque  já tenha acabado a segunda cota, mas porque as condições de operação deixam o reservatório do Atibainha perto do limite autorizado da segunda cota, com apenas 65 centímetros acima da marca autorizada pela Agência Nacional de Águas.

    Um número assustador, porque já é  a entrada no que poderia ser chamado de “beira do zero”, mesmo com bombeamento.

    A terceira cota, na faixa de 60 milhões de litros, levará a curva de acumulação do reservatório ao ponto onde ela “despenca” para o nada, como o fundo de um funil.

    O Jacareí já foi autorizado a chegar a este ponto onde a acumulação tende ao zero.

    Os gráficos do post,confeccionados a partir de dados oficiais e marcando o já pouco que se tinha em 31 de janeiro passado como início,  mostram como é o restinho de água que se vai aproveitar.

    Não adianta a “mágica” da Sabesp de dizer que restam “tantos por cento” do volume do Cantareira, um número que subitamente cresce com a incorporação da água de fundo.

    O volume da estatística sobe, mas a água desce, implacavelmente.

    Desde fevereiro, sem contar os demais reservatórios, São Paulo perdeu cerca de 450 milhões de litros de água em suas reservas – “vivas” (por gravidade) ou “mortas” (por bombeamento) – o mesmo que todo o volume do Lago Paranoá, a imensidão que contorna Brasília.

    E continua perdendo.

    Entre 31 de outubro e 30 de novembro de 2013, o Cantareira forneceu a São Paulo 50 milhões de litros de água, além da quantidade fornecida pela chuva, convertida em vazão dos rios que o formam, outros 52 milhões de litros. No total, 102 bilhões de litros.

    No mesmo período de 2014, só forneceu 36 milhões de litros – 16 milhões das chuvas e 20 milhões das reservas.

    Houve, portanto, uma redução de 64% no envio de água proveniente do Cantareira aos consumidores paulistanos.

    Parte dele, é claro, foi compensada pela redução de consumo.

    Outra, aliviada pelo sobreuso dos reservatórios do Alto Tietê e Guarapiranga.

    Como a adição de outros sistemas ao abastecimento são mensuráveis, não haveria dificuldade alguma para que os jornais pudessem dar a dimensão do racionamento a que, na prática, estão submetido os paulistanos.

    Quanto é o volume de água ofertado à população diante do que era antes das “restrições hídricas”, que é o nome pelo qual o governador paulista gosta de chamar a falta d’água.

    São Paulo está condenada a ficar sem água, salvo por um milagre.

    Se, no caso do sistema elétrico, uma sonhada melhora nas chuvas ainda permite esperar por  problemas menores, no caso do abastecimento de água de São Paulo, não é mais sonho, é devota oração.

    A terceira cota do “volume morto” é o coma terminal de um sistema que entrou em colapso há quase um ano, que as chuvas (Deus nos ouça!) de verão podem prolongar, mas não vão reverter.

    O “não vai faltar água” de Alckmin foi “comprado” pela imprensa paulista e vendido à população.

    Por incapacidade, por cumplicidade, por mau-caratismo e tudo o mais que se tornou comum na mídia brasileira.

    Furo: Stedile reproduz encontro com Papa

    Francisco: latifúndio é inaceitável eticamente !
    no Conversa Afiada
    Stedile com o Papa: "ele se considera um peronista"

    Nesta quarta-feira (21), em entrevista a blogueiros sujos, João Pedro Stedile revelou detalhes do encontro com o Papa Francisco, ocorrido em novembro de 2014. Segundo o líder do Movimento Sem Terra (MST), o religioso admitiu ser “inaceitável” o latifúndio.

    “O latifúndio é inaceitável eticamente aos olhos dos valores e doutrinas que pregamos. Nenhuma família pode estar sem casa, sem moradia digna. Nenhum sem terra pode estar sem terra. O latifúndio ser distribuído é uma posição ética”, disse o Papa no encontro.
    “Ninguém pode se arvorar ao direito de se apropriar de um bem da natureza”, teria dito o Papa. “Ele vai fazer encíclica sobre ecologia e mudanças climáticas”, contou Stedile.

    Quanto à reforma agrária, para Stedile, a discussão mudou o sentido no século XXI. “Agora, o latifúndio mudou de cara. Por trás da agricultura, está as empresas transnacionais, que controlam o comércio e a produção e estão os bancos que as financiam. É esse modelo que se chama agronegócio”, afirmou usar como exemplo o banqueiro Daniel Dantas. “Ele comprou no sul do Pará, com dinheiro americano, 600 mil hectares”.

    “Todas as reformas agrárias ao longo do século XX levaram ao desenvolvimento. Estados Unidos, ainda no século XIX e o Japão após a segunda guerra, por exemplo”, completou Stedile.
    E criticou a imprensa. “Temos dificuldade de pautar a reforma agrária porque a imprensa é hegemonizada pelo agronegócio. No ano passado o MST fez duas das suas maiores ocupações. Não saiu uma linha na imprensa”.

    “No Brasil, desde Celso Furtado tenta-se a reforma agrária. Ele faria a mais generosa delas”, confessou, para completar: “Elegemos Lula e a reforma não saiu” Apesar da crítica, Stedile elogiou os anos de “neodesenolvimento” com o Presidente Lula e com a Presidenta Dilma.

    No evento, o MST lançou o seu novo site. “Internet é um instrumento importante de comunicação. A intenção é democratizar tecnologia para outros movimentos”, concluiu.


    Leia outras frases:
    “A democracia no Brasil está sequestrada. Dez empresas elegeram 70% dos parlamentares. Precisamos da Reforma Política”
    “Depois de conquistada a terra, a luta continua. O nosso desafio é a produção de alimentos agroecológicos” 

    “Temos que priorizar a nossa agroecologia para a alimentação escolar” 

    Gostamos (nós, da esquerda) de fazer discursos, mas somos ruins de comunicação de massa.

    O tema (reforma agrária), que permeou o século XX, mudou o seu sentido. A terra deve ser para quem nela trabalhe foi lançado pelo Zapata.

    A burguesia nacional tinha interesse na reforma agrária.

    A eleição do Papa é resultado da crise da Igreja

    Construímos um encontro do papa com movimentos sociais

    Ele se recusa que beije a mão dele.

    É uma figura sui generis para o cargo que ocupa

    Ele participou da discussão

    São Paulo ampliou em 8 anos o monocultivo da cana para 6 milhões de hectares  (por isso não chove lá)

    Manifestação junho 2013 não mobilizou trabalhador

    Papa se considera peronista

    Ligado trabalhadores urbanos 

    Tentar encontro mundial de movimentos populares 200 pessoas

    Emocionado – se recusa beijar mão

    Espaço dos sínodos – nunca entrei nessa sala do sínodo

    É inaceitável uma família sem moradia

    Nunciatura da Bolívia foco oposição Evo

    Evo pela primeira vez encontrou Papa
    Programa (de desenvolvimento do Governo) se esgotou E é dependente exterior
    Brasil é único lugar do mundo em que trabalhador paga para trabalhar

    Dez empresas financiaram parlamentares – democracia sequestrada !

    Dá os Lava Jato da vida !

    Steinbruch jantava no Natal com Mercadante e agora foi pra Oposição

    Governo tem que vir para a esquerda
    Estamos convictos de que devemos reflorestar esse país. É o bolsa-árvore.
    É possível, sim, a Tarifa Zero
    O ópio do povo nos dias de hoje é a Televisão
    A contradição do agronegócio é que ele é antissocial. Eliminou mais de 5 milhões de empregos
    O agronegócio ainda prejudica o meio ambiente e contamina os alimentos com agrotóxicos
    No Brasil a cada ano surgem 500 Mil novos casos de cancer devido aos venenos no campo
    O nosso papel é colocar o povo na rua. Essa é a melhor maneira de politizar as massas
    Estamos no esforço de construção de uma grande frente de esquerda para defender os direitos conquistados

    quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

    Arquiteto cria contêiner que se transforma em residência sustentável

    Gilberto Dimenstein do  - no Catraca Livre

    Buscando novas soluções para pensar o espaço urbano, o arquiteto australiano Dan Sparks criou a G.Pod, uma residência móvel e sustentável, projetada a partir de um contêiner marítimo reaproveitado.
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    A casa portátil, com aberturas automáticas e compartimentos retráteis, pode ser transportada com todos seus componentes internos para facilitar a montagem no local de instalação. Além disso, o telhado da residência é composto por terra e vegetação para plantio de uma horta.
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    Quando a parede frontal é aberta, ela se transforma em uma varanda coberta para o usuário, enquanto a parede de trás se expande para aumentar o espaço interno e aproveitar a iluminação e ventilação naturais.
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    A G-Pod, além de ser uma alternativa portátil e prática, diminui os impactos ambientais da construção e utiliza somente materiais renováveis e orgânicos.

    Assista ao vídeo:


    Boaventura: a Europa à beira do estado de sítio

    POR BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS - no Outras Palavras
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    A liberdade de expressão e seus limites — inclusive no “Charlie Hebdo”… “Valores ocidentais” ou hipocrisia? EUA alimentam o fundamentalismo islâmico. As vidas festejadas e as vidas esquecidas
    Por Boaventura de Sousa Santos
    O crime hediondo que foi cometido contra os jornalistas e cartunistas do Charlie Hebdotorna muito difícil uma análise serena do que está envolvido neste ato bárbaro, do seu contexto e seus precedentes e do seu impacto e repercussões futuras. No entanto, esta análise é urgente, sob pena de continuarmos a atear um fogo que amanhã pode atingir as escolas dos nossos filhos, as nossas casas, as nossas instituições e as nossas consciências. Eis algumas das pistas para tal análise.
    A luta contra o terrorismo, tortura e democracia. Não se podem estabelecer ligações diretas entre a tragédia do Charlie Hebdo e a luta contra o terrorismo que os EUA e seus aliados travam desde o 11 de setembro de 2001. Mas é sabido que a extrema agressividade do Ocidente tem causado a morte de muitos milhares de civis inocentes (quase todos muçulmanos) e tem sujeitado a níveis de tortura de uma violência inacreditável jovens muçulmanos contra os quais as suspeitas são  meramente especulativas, como consta do recente relatório apresentado ao Congresso norte-americano. E também é sabido que muitos jovens islâmicos radicais declaram que a sua radicalização nasceu da revolta contra tanta violência impune.
    Perante isto, devemos refletir se o caminho para travar a espiral de violência é continuar seguindo as mesmas políticas que a têm alimentado, como é agora demasiado patente. A resposta francesa ao ataque mostra que a normalidade constitucional democrática está suspensa e que um estado de sítio não declarado está em vigor, que os criminosos deste tipo, em vez de presos e julgados, devem ser abatidos, que este fato não representa aparentemente nenhuma contradição com os valores ocidentais. Entramos num clima de guerra civil de baixa intensidade. Quem ganha com ela na Europa? Certamente não o partido Podemos, na Espanha, ou o Syriza, na Grécia.
    TEXTO-MEIO
    A liberdade de expressão. É um bem precioso mas tem limites, e a verdade é que a  esmagadora maioria deles são impostos por aqueles que defendem a liberdade sem limites sempre que é a “sua” liberdade a sofrê-los. Exemplos de limites são imensos: se na Inglaterra um manifestante disser que David Cameron tem sangue nas mãos, pode ser preso; na França, as mulheres islâmicas não podem usar o hijab; em 2008 o cartunista Maurice Siné foi despedido do Charlie Hebdo por ter escrito uma crônica alegadamente antissemita. Isto significa que os limites existem, mas são diferentes para diferentes grupos de interesse. Por exemplo, na América Latina, os grandes meios de comunicação, controlados por famílias oligárquicas e pelo grande capital, são os que mais clamam pela liberdade de expressão sem limites para insultar os governos progressistas e ocultar tudo o que de bom estes governos têm feito pelo bem-estar dos mais pobres.
    Aparentemente, o Charlie Hebdo não reconhecia limites para insultar os muçulmanos, mesmo que muitos dos cartuns fossem propaganda racista e alimentassem a onda islamofóbica e anti-imigrante que avassala a França e a Europa em geral. Para além de muitos cartuns com o Profeta em poses pornográficas, um deles, bem aproveitado pela extrema-direita, mostrava um conjunto de mulheres muçulmanas grávidas, apresentadas como escravas sexuais do Boko Haram,  que, apontando para a barriga, pediam que não lhes fosse retirado o apoio social à gravidez. De um golpe, estigmatizava-se o Islã, as mulheres e o estado de bem-estar social. Obviamente, que, ao longo dos anos, a maior comunidade islâmica da Europa foi-se sentindo ofendida por esta linha editorial, mas foi igualmente imediato o seu repúdio por este crime bárbaro. Devemos, pois, refletir sobre as contradições e assimetrias na vida vivida dos valores que alguns creem  ser universais.
    A tolerância e os “valores ocidentais”.  O contexto em que o crime ocorreu é dominado por duas correntes de opinião, nenhuma delas favorável à construção de uma Europa inclusiva e intercultural. A mais radical é frontalmente islamofóbica e anti-imigrante. É a linha dura da extrema direita em toda a Europa e da direita, sempre que se vê ameaçada por eleições próximas (o caso de Antonis Samara na Grécia). Para esta corrente, os inimigos da civilização europeia estão entre “nós”, odeiam-nos, têm os nossos passaportes, e a situação só se resolve vendo-nos nós livres deles. A pulsão anti-imigrante é evidente. A outra corrente é a da tolerância. Estas populações são muito distintas de nós, são um fardo, mas temos de as “aguentar”, até porque nos são uteis; no entanto, só o devemos fazer se elas forem moderadas e assimilarem os nossos valores. Mas o que são os “valores ocidentais”?
    Depois de muitos séculos de atrocidades cometidas em nome destes valores dentro e fora da Europa — da violência colonial às duas guerras mundiais — exige-se algum cuidado e muita reflexão sobre o que são esses valores e por que razão, consoante os contextos, ora se afirmam uns, ora se afirmam outros. Por exemplo, ninguém põe hoje em causa o valor da liberdade, mas já o mesmo não se pode dizer dos valores da igualdade e da fraternidade. Ora, foram estes dois valores que fundaram o Estado social de bem-estar que dominou a Europa democrática depois de segunda guerra mundial. No entanto, nos últimos anos, a proteção social, que garantia níveis mais altos de integração social, começou a ser posta em causa pelos políticos conservadores e é hoje concebida como um luxo inacessível para os partidos do chamado “arco da governabilidade”. A crise social causada pela erosão da proteção social e pelo aumento do desemprego, sobretudo entre jovens, não será lenha para a fogueira do radicalismo por parte dos jovens que, além do desemprego, sofrem a discriminação étnico-religiosa?
    O choque de fanatismos, não de civilizações. Não estamos perante um choque de civilizações, até porque a cristã tem as mesmas raízes que a islâmica. Estamos perante um choque de fanatismos, mesmo que alguns deles não apareçam como tal por nos serem mais próximos. A história mostra como muitos dos fanatismos e seus choques estiveram relacionados com interesses econômicos e políticos que, aliás, nunca beneficiaram os que mais sofreram com tais fanatismos. Na Europa e suas áreas de influência é o caso das cruzadas, da Inquisição, da evangelização das populações coloniais, das guerras religiosas e da Irlanda do Norte. Fora da Europa, uma religião tão pacífica como o budismo legitimou o massacre de muitos milhares de membros da minoria tamil do Sri Lanka; do mesmo modo, os fundamentalistas hindus massacraram as populações muçulmanas de Gujarat em 2003 e o eventual maior acesso ao poder que terão conquistado recentemente com a vitória do Presidente Modi faz prever o  pior; é também em nome da religião que Israel continua a impune limpeza étnica da Palestina e que o chamado califado massacra populações muçulmanas na Síria e no Iraque.
    A defesa da laicidade sem limites numa Europa intercultural, onde muitas populações não se reconhecem em tal valor, será afinal uma forma de extremismo? Os diferentes extremismos opõem-se ou articulam-se? Quais as relações entre os jihadistas e os serviços secretos ocidentais? Por que é que os jihadistas do Emirato Islâmico, que são agora terroristas, eram combatentes de liberdade quando lutavam contra Kadhafi e contra Assad? Como se explica que o Emirato Islâmico seja financiado pela Arábia Saudita, Qatar, Kuwait e Turquia, todos aliados do Ocidente? Uma coisa é certa: pelo menos na última década, a esmagadora maioria das vítimas de todos os fanatismos (incluindo o islâmico) são populações muçulmanas não fanáticas.
    O valor da vida. A repulsa total e incondicional que os europeus sentem  perante estas mortes devem-nos fazer pensar por que razão  não sentem a mesma repulsa perante um número igual ou muito superior de mortes inocentes em resultado de conflitos que, no fundo, talvez tenham algo a ver com a tragédia do Charlie Hebdo? No mesmo dia, 37 jovens foram mortos no Yemen num atentado a bomba. No ano passado, a invasão israelense causou a morte de 2000 palestinos, dos quais cerca de 1500 civis e 500 crianças. No México, desde 2000, foram assassinados 102 jornalistas por defenderem a liberdade de imprensa e, em Novembro de 2014, 43 jovens, em Ayotzinapa. Certamente que a diferença na reação não pode estar baseada na ideia de que a vida de europeus brancos, de cultura cristã, vale mais que a vida de não europeus ou de europeus de outras cores e de culturas assentes noutras religiões ou regiões. Será então porque estes últimos estão mais longe dos europeus ou são pior conhecidos por eles? Mas o mandato cristão de amar o próximo permite tais distinções? Será porque os grande media e os líderes políticos do Ocidente trivializam o sofrimento causado a esses outros, quando não os demonizam ao ponto de fazerem pensar que eles não merecem outra coisa?
    TEXTO-FIM