segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O papel do Ministério Público Federal na regulação da mídia

 - no GGN

Faltaram dois representantes da mídia em encontro relevante do MPF-SP: a ABERT e o Ministro Paulo Bernardo. Mas iniciativas como a do procurador Jefferson Dias podem ajudar a desinterditar o debate de regulação da mídia.


por José Gilbert Arruda Martins
Reunir informações. Selecionar e fazer leitura das matérias divulgadas sobre o tema "Regulamentação da mídia", postar e provocar o debate.
Esse será um dos trabalhos que o blog do professor Gilbert fará a partir de agora.
Professores e professoras, estudantes e profissionais de educação, precisam entrar no debate nas escolas de todo o país.
As escolas que recebem a revista veja precisam receber e trabalhar com outras mídias.
Os educadores e educadoras precisam entender como fazer e trabalhar com a internet, envolvendo-se num cenário já dominado pelos estudantes.
A mídia faz parte de nosso cotidiano. Alunos e professores são influenciados e debatem nos corredores e salas de aula sobre as notícias veiculadas. Entender como isso acontece, que meio de comunicação é o mais lido ou assistido  por estudantes, é fundamental.
A matéria abaixo pode colaborar nesse sentido.
O papel do Ministério Público Federal na regulação da mídia
Insuspeito de ter uma posição governista, o Ministério Público Federal - como defensor dos direitos difusos da sociedade - poderá ter papel central na regulação da mídia.
Em fevereiro de 2014, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal em São Paulo, organizou uma audiência pública relevante, para discutir o tema. Obviamente, recebeu escassa cobertura da mídia.
O evento foi feito em parceria com o Intervozes (Coletivo Brasil de Comunicação Social), debatendo uma proposta apresentada por organizações da sociedade civil e trouxe um conjunto relevante de informações sobre o tema.
Todos os pontos estão ligados a direitos previstos no Artigo 5o da Constituição, dentre os quais: 
  • IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
  • V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
  • IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
  • X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
  • XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
  • XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
  • XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
Convidados, os dois órgãos representativos dos grupos de mídia - a ABERT (Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão) e o Ministério das Comunicações de Paulo Bernardo - não compareceram.
Jefferson Aparecido Dias, Procurador Regional substituto, denunciou a “conivência” do poder público com a interdição deste debate, “em função da pressão das empresas do setor".

As prioridades do MPF-SP

Dias informou que, em São Paulo, os procuradores definiram como questões centrais o cancelamento de concessões que concentram mídias “além dos tênues limites colocados pela lei”, e o aumento da fiscalização para o cumprimento da legislação pelas rádios na capital.
A questão maior é que discute-se uma nova regulação, mas não se obedece sequer à regulação em vigor.
A legislação permite no máximo 6 outorgas de rádio FM e três em onda média nacional. Só o grupo de Comunicação Brasil Sat, que tem oito outorgas de rádio FM. Em vista disso, o MPF-SP solicitou à Anatel o cancelamento das concessões ilegais e a licitação dos serviços excedentes.
Outro ponto óbvio - mas que nunca foi devidamente utilizado pelos órgãos reguladores - é a obrigatoriedade das emissoras veicularem campanhas educativas.
No início daquele mês, a Procuradoria Regional insistiu junto ao Tribunal Regional Federal da 3a Região para que apreciasse ação que determinava à  rede Globo a divulgação de uma campanha sobre os direitos das mulheres.
O parecer foi originado numa ação pública de 2012, após o programa Big Brother ter exibido imagens de um suposto abuso sexual. Como ocorre com todas as ações do gênero, a sentença de 1a Instância foi contra o MPF, em nome da liberdade de imprensa.
A PRDC atuou também em outros capítulos abusivos, como o arrendamento de concessões a instituições religiosas e - pasme-se! - contra um site que faz leilão de controle acionário de concessões cujos processos ainda estão sendo analisado pelo Ministério das Comunicações.
As iniciativas são individuais, da PRDC de São Paulo.
Se o Procurador Geral da República Rodrigo Janot quiser deixar uma obra de fôlego, deveria encampar a bandeira e abrir a discussão em nível federa.

A proposta do Intervozes 

Representante do Intervozes, Pedro Ekman apresentou os principais pontos da proposta de democratização da mídia.
Espectro – dividir o espectro em três partes, conforme definido pela Constituição, reservando um terço do espaço para emissoras públicas ou comunitárias. Os outros dois terços ficam divididos entre as concessões comerciais e a radiodifusão estatal. 
Operador de rede – criar um operador nacional de rede para oferecer estrutura nacional de operações do sinal de várias emissoras, dividindo as frequências de forma mais democrática e equilibrada. 
Políticos – proibir a titularidade de concessões de rádio e TV por parlamentares em exercício de mandato e parentes destes em primeiro grau, regulamentando o artigo 54 da Constituição Federal.
Produção nacional e diversidade –regulamentar a determinação constitucional de estabelecimento de cotas de produção independente, nacional e regional, dos conteúdos de radiodifusão, destinando percentuais para cada uma dessas esferas. 
Proteção à infância –regulamentação a proteção à infância, por meio da classificação indicativa.
Participação social - Cria o Conselho Nacional de Comunicação Social, com representação do Estado, concessionários e sociedade civil, para atuar como órgão auxiliar do Poder Executivo na fiscalização do cumprimento da legislação nacional e na formulação de políticas públicas para o setor. Cria também a Defensoria dos Direitos do Público, com a função de assegurar o respeito aos direitos humanos no campo da comunicação.
Contra censura - contra qualquer tipo de censura prévia, valendo-se da regulamentação já existente em países como Portugal, Inglaterra, Estados Unidos e Argentina para assegurar a preservação dos direitos humanos e impedir a monopolização do setor.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Levantamentos mostram perseguição contra religiões de matriz africana no Brasil

adeptos de religiões afro-brasileiras se reúnem no Parque Ecológico dos Orixás, em Magé - Domingos Peixoto


Metade dos terreiros do Rio foi alvo de ataque, e denúncias são maioria no Disque 100

Por Dandara Tinoco - Fonte: http://anma.org.br/
RIO – Conceição de Lissá já avaliava os estragos causados pelo incêndio, quando, novamente, foi pega de surpresa. Sutilmente, o cheiro de gasolina indicava que a faísca que tinha iniciado a destruição do quarto onde guardava roupas de santo e outros artigos usados em cerimônias não fora acionada por um curto-circuito, como até então supunha. A mãe de santo entendeu que alguém havia destruído o local de forma voluntária e procurou a polícia. Oito anos e oito ataques depois, ainda não sabe quem a agrediu e continua a ser vitimada. O último episódio ocorreu mês passado, quando outra parte do terreiro, em Duque de Caxias, foi novamente incendiada.
- A minha casa de santo se tornou um quilombo. Aqui falamos africano, cantamos músicas, vestimos roupas típicas e sofremos perseguição. Terei de instalar câmeras e alarmes, para garantir a segurança que o Estado não me dá. Mas temos de resistir – protesta a mãe de santo.
O relato de Conceição é repetido na voz de outros muitos adeptos de religiões de matriz africana. Fiéis do candomblé e da umbanda – que somavam quase 600 mil pessoas no Censo de 2010 – são os mais atacados no Brasil. De janeiro a 11 de julho deste ano, eles foram vítimas em 22 das 53 denúncias de intolerância religiosa recebidas pelo Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, segundo levantamento feito a pedido do GLOBO. Em 2013, foram 21 registros feitos por adeptos de religiões afro-brasileiras, em um total de 114. Mas o segmento também foi o que somou mais agredidos nesse ano.
O estudo “Presença do axé – Mapeando terreiros no Rio de Janeiro”, de pesquisadores da PUC-Rio, também contabilizou as agressões aos frequentadores de culto afro-brasileiros. Das 840 casas listadas, 430 foram alvo de discriminação. Mais da metade (57%) em locais públicos. Entre esses casos, a maior parte ocorreu nas ruas (67%).
- As denúncias à secretaria são encaminhadas a defensorias públicas, promotorias e delegacias. E os dados estatísticos servem de instrumento de orientação das nossas políticas – afirma Elias Vieira de Oliveira, coordenador geral de promoção de diversidade religiosa da SDH. – Em março deste ano, foi empossado o Comitê Nacional da Diversidade Religiosa, que tem representantes de matriz africana. As agressões já estão na pauta do grupo.
Se por um lado as denúncias trazem indícios de que é crescente a violência contra fieis do candomblé e umbandistas, por outro, mostram também um aumento da mobilização contra a intolerância. O movimento vem se fortalecendo desde 2008, quando quatro pessoas invadiram o Centro Cruz de Oxalá, no Catete. Na ocasião, imagens foram quebradas e fiéis xingados. Foi criada então a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), formada por grupos da sociedade civil e religiosos de diferentes crenças.
Em junho, uma polêmica decisão do juiz titular da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Eugênio Rosa de Araújo, que negou pedido de retirada de vídeos do YouTube gravados durante cultos evangélicos, com mensagens de intolerância contra religiões afro-brasileiras, foi o gatilho para novas manifestações. O magistrado dizia, na sentença, que candomblé e umbanda não são religiões. Ele acabou voltando atrás, mas não conseguiu apaziguar os ânimos. Dias depois, representantes de diferentes estados viajaram a Brasília para cobrar de autoridades o respeito ao direito de crença.
- Esses casos recentes reacenderam a autoestima dos adeptos de religiões de origem africana. Além disso, causaram um resgate da identidade religiosa, porque têm levado essa população a se assumir e buscar apoio da sociedade – analisa o babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da CCIR, que espera reunir cem mil pessoas na 7ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, dia 21 de setembro, na orla de Copacabana.
GRUPO FOI EXPULSO DE COMUNIDADE
Os casos denunciados à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência vão de insultos à violência física, passando por invasões de terreiros e até recusa de fazer negócios. Foi o que ocorreu com Fábio Oliveira, frequentador do Ilê Axé Oxum.
- Compramos um terreno em uma comunidade em Campo Grande para erguer um barracão. Na semana seguinte, fomos informados de que o tráfico local não queria ‘macumbeiros’ ali. Tivemos de desistir do espaço – conta.
O grupo de Oliveira hoje se reúne com frequência no Parque Ecológico dos Orixás, em Magé. O local foi criado há dez anos, na tentativa de evitar a exposição dos praticantes de candomblé e umbanda. Todos os fins de semana, a área, de 60 mil metros quadrados, recebe dezenas de associados à União Umbandista dos Cultos Afro-Brasileiros. Vestidos de branco, os frequentadores se reúnem em cantorias com atabaques e deixam oferendas aos pés de imensas estátuas de orixás e em uma cachoeira.
Diferentemente de Oliveira, grande parte dos frequentadores do parque não quer ser identificada e não se deixa fotografar. Testemunhos de quem aceita conversar dão pistas do que leva ao acanhamento.
- Trabalho em um banco e tive uma chefe que descobriu que eu batia tambor. A partir dali, ela começou a me perseguir, e tive de pedir transferência – conta uma umbandista.
Professor do Departamento de Ciência da Religião, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o cientista social Silas Guerriero vê um aumento da intolerância no Brasil nos anos recentes:
- As intolerâncias mexem com a sociedade de maneira geral, quando um grupo se acha superior ao outro. No Brasil, sempre houve uma certa tolerância religiosa. O que tem acontecido nos últimos anos é que o pentecostalismo se coloca de maneira muito fundamentalista. E esse fundamentalismo evangélico tem levado às situações de violência que estamos vendo.
Segundo números do Disque 100, evangélicos são apontados em nove dos 22 registros de intolerância contra adeptos do candomblé e da umbanda. Mas, para o diretor da Associação dos Pastores e Ministros Evangélicos do Brasil, Carlos de Oliveira, os neopentecostais são acusados de maneira injusta.
- Os evangélicos são pacíficos. Nunca presenciei um pastor dizendo “vamos incendiar um terreiro, vamos quebrar suas imagens”. O que se fala é “vamos orar para que Deus toque o coração deles”. – defende o pastor da Assembleia de Deus. – Sempre que invadem uma igreja católica ou um terreiro, os evangélicos são os primeiros suspeitos. Mas, muitas vezes, os agressores não são da religião.
Fonte: O globo- online – 10/08/2014

Quando o Ensino Público é exemplo de qualidade

Educação
Disponível na matéria Porvir

Série de documentários ‘Educação.doc’ apresenta escolas que estão fazendo a diferença em suas realidades


por José Gilbert Arruda Martins

Você colocaria seus filhos e filhas para estudarem em escolas públicas?

A matéria a seguir - "Educação.doc" mostra exemplos reais da força da educação pública em várias regiões do Brasil.

Somos capazes sim de construir uma educação pública de qualidade. Escolas e professores/professoras, preparados, bem informados, bem remunerados para atender os filhos e filhas dos trabalhadores.

Lendo e assistindo aos documentários, percebemos que, não existe mágica, mas é possível fazer escola com qualidade.

A qualidade não fica apenas no prédio adequado, nas paredes pintadas, mas na escolha do currículo, na preparação dos professores e professoras, na participação democrática da comunidade.

A educação pública de qualidade se faz com participação das pessoas envolvidas. Nada pode vir de cima para baixo.

Os exemplos destacados serão replicados por todo o país?

Esperamos que sim.

Fonte: Porvir

 que é preciso para ter um ensino de qualidade? Em Heliópolis (SP), a escola Municipal Presidente Campos Salles decidiu derrubar os muros e apostar na democracia. Já na zona oeste do Rio de Janeiro, no bairro Padre Miguel, o colégio Estadual Monsenhor Miguel de Santa Maria Mochón inovou suas aulas, criando projetos que deixam o currículo mais atrativo. Mas o que há de comum entre essas duas experiências? Além de mostrarem que é possível alcançar resultados surpreendentes em territórios com dificuldades socioeconômicas, elas integram a série de documentários “Educação.doc”, produzida pelos cineastas Luiz Bolognesi e Laís Bodanzky.
Dividida em cinco episódios, a série percorre oito escolas brasileiras para mostrar histórias de quem está fazendo a diferença no ensino público, apresentando experiências realizadas nos estados do Piauí, Ceará, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Com depoimentos de alunos, professores e diversos especialistas, o documentário traz uma série de discussões sobre a qualidade da educação, redução da evasão escolar, integração da escola com a comunidade e a valorização de professores.
EducaçãoReprodução

Entre os entrevistados, estão nomes como Viviane Senna e Mozart Neves Ramos (Instituto Ayrton Senna), Beatriz Bontempi (Instituto Avisa Lá), Giovana Zen (Instituto Chapada de Educação e Pesquisa), a filósofa Viviane Mosé e a pesquisadora Paula Louzano, doutora em política educacional pela Universidade Harvard (EUA).
Segundo a cineasta Laís Bodanzky, a intenção do documentário é pautar a sociedade para mostrar que é possível fazer diferente. “A escola dos meus pais e dos meus avós já não é mais a mesma escola de hoje. Antes a informação toda estava na escola. Hoje em dia você já não precisa mais da escola como a única fonte”, afirmou ao Instituto Ayrton Senna, durante o Fórum Internacional de Políticas Públicas.
‘A escola dos meus pais e dos meus avós já não é mais a mesma escola de hoje. Antes a informação toda estava na escola. Hoje em dia você já não precisa mais da escola como a única fonte’
No primeiro episódio, o documentário conta a experiência realizada na Chapada Diamantina, no interior da Bahia, onde a qualidade do ensino melhorou em 20 municípios da região. O segundo vídeo da série percorre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro para mostrar o trabalho realizado em duas escolas que se abriram para a comunidade e passaram a atrair o interesse dos alunos. Na terceira etapa da série, são apresentadas escolas em Cocal dos Alves(PI), Sobral(CE) e Foz do Iguaçu(PR), onde os resultados educacionais chamam a atenção, seja pelo acúmulo de medalhas em olimpíadas de química e matemática, ou por terem conseguido zerar a evasão escolar.
Mais adiante, no quarto episódio, os espectadores conhecem a experiência do Colégio Estadual Monsenhor Miguel de Santa Maria Mochón, que tem encontrado propostas para tornar o currículo mais atrativo. Por fim, a série encerra com uma discussão sobre como será a escola do futuro, convidando professores, alunos, diretores e pensadores a darem a sua opinião sobre o modelo de ensino que gostariam de ter daqui a 50 anos.
“A educação que se espera para o futuro é uma educação que consiga fornecer conhecimento e potencial de reflexão”, defendeu o cineasta Luiz Bolognesi durante o fórum. De acordo com ele, a escola que se abre para ouvir o lugar em que está inserida tem mais chances de acertar, pois apresenta mais conexão com a realidade.
Os episódios da série “Educação.doc” podem ser assistidos no canal da Buriti Filmes, no YouTube (clique aqui para ver). Confira o teaser abaixo:





10 dicas para escrever e publicar um artigo científico

                                                                                                     crédito: nito / Fotolia.com

Confira algumas sugestões para desenvolver uma boa pesquisa e divulgar o seu trabalho no meio acadêmico

no PorVir

Escrever e publicar um artigo científico pode não ser uma tarefa fácil. A elaboração de qualquer pesquisa exige precisão e domínio sobre o assunto. No entanto, muitas vezes os estudantes ficam em dúvida sobre a maneira correta de elaborar o seu trabalho. Por onde começar? Como definir o tema da pesquisa? Qual linguagem utilizar no texto? Esses são apenas alguns dos questionamentos que surgem.
As pessoas costumam ter dúvidas e errar porque não sabem ciências, ou não aprenderam de maneira correta, avalia Gilson Volpato, professor de redação científica, da Unesp (Universidade Estadual Paulista). “Muitos professores transformam essa disciplina em um conjunto de regras”, aponta, ao afirmar que os alunos precisam entender o que estão fazendo. Inclusive, para ajudar alunos, professores e pesquisadores a escreverem uma pesquisa acadêmica, Volpato criou o Clube SOS Ciência, que tira dúvidas on-line sobre redação científica (leia matéria no Porvir).
Com base na conversa com o professor, o Porvir reuniu algumas sugestões para auxiliar na redação e publicação de um artigo científico. No entanto, conforme destacou Volpato, é preciso lembrar que não existe receita para a elaboração de uma boa pesquisa. Cada projeto possui as suas particularidades.
Confira algumas dicas:
1. Leia sobre o que já feito
Antes de começar um projeto de pesquisa, é importante checar diversas conteúdos da área para conhecer tudo o que já foi falado sobre o tema. Uma das sugestões apresentadas pelo professor Volpato é ler artigos de boas revistas internacionais.  Além disso, é preciso fazer um levantamento de publicações que podem ser utilizadas para dar base ao seu projeto.
2. Pense no nível que a sua pesquisa irá atingir
Antes de fazer um projeto é preciso identificar o nível de ciência que se pretende atingir. Identifique algumas publicações científicas que estariam no patamar da sua pesquisa. Você pretende atingir uma Science, com abrangência em diversas áreas de conhecimento, ou deseja focar em uma publicação especializada? Se a sua resposta for publicar em um veículo científico de grande abrangência, será necessário pensar e elaborar a sua pesquisa de forma que ela seja compreensível para o maior número de pessoas possível, incluindo outras áreas de conhecimento.
3. Apresente uma novidade
Não existe uma boa pesquisa sem algo novo ou relevante. “Os pesquisadores têm dificuldade de aceitar que o tema da sua pesquisa não apresenta uma novidade”, conta Volpato. Segundo ele, após ler sobre o que já foi desenvolvido dentro do tema, é necessário encontrar uma nova abordagem. Uma pesquisa muito repetitiva não pode apresentar grandes contribuições científicas.
4. Saiba a hora certa para começar a escrever
Muitas pessoas começam a escrever o seu artigo na hora errada. Segundo Volpato, para manter a unidade do texto é importante ter uma ideia completa do trabalho. Não comece a adiantar algumas partes do seu artigo sem ter concluído a pesquisa, analisado e interpretado dados.  Antes de começar a escrever, o professor afirma que é necessário já ter em mente a resposta para algumas perguntas: 1) Como surgiu a pesquisa? 2) Onde você chegou? 3) Como chegou nesse caminho e o que me faz aceitar a sua história? 4) O que isso muda na ciência? 5) Por que as pessoas se interessariam por isso?
5. Tenha em mente o tipo de revista que você gostaria de publicar
Após ter uma visão geral do trabalho, respondendo as perguntas anteriores, comece a pensar na revista que você deseja ter o seu trabalho divulgado. Leia diversos artigos e tente observar o formato que eles seguem. “É bom conhecer o jeitão da revista”, apontou Volpato. Pense nessa estrutura quando estiver escrevendo.
6. Mantenha a lógica no texto
Na hora de escrever é preciso observar se as ideias da pesquisa não estão se contradizendo. De acordo com o pesquisador, muitas pessoas acabam cometendo erros nesse item. Introdução, desenvolvimento e conclusão devem estar muito bem alinhados e relacionados. Todas as partes devem apresentar coerência e lógica. Releia o texto e veja se ele consegue manter uma unidade. Não use freses sem sentido.
7. Encontre a medida certa
O tamanho do texto não quer dizer qualidade. “Nenhuma palavra a mais, nenhuma palavra a menos. A gente tem que saber sintetizar”, apontou Volpato. Segundo ele, as pessoas tendem a achar que os trabalhos mais longos são os melhores. No entanto, o número de páginas não é sinônimo de qualidade. É  importante apresentar todos os argumentos de maneira clara e objetiva. Para o professor e pesquisador, a elaboração de um artigo deve ser semelhante a de um prédio. “Ele precisa ser vistoso, importante, sólido e econômico”, defendeu.
8. Seja claro e evite palavras que dificultam o entendimento  
Nada de prosopopéia para acalentar bovinos (ou seja, a famosa expressão “conversa para boi dormir”). Tente tornar a sua pesquisa mais acessível e troque as palavras de difícil entendimento. Segundo Volpato, a ciência tem um caráter transdisciplinar, porém, quando você escreve um artigo cheio de termos técnicos e palavras desconhecidas, a sua pesquisa tende a ficar restrita apenas para pessoas da área. “É importante pensar que você está escrevendo um texto para ser lido por diferentes públicos.”
9. Compartilhe o seu conhecimento
Após concluir um artigo é importante tentar a sua publicação em revistas de divulgação científica. Segundo o professor Volpato, a divulgação da pesquisa é tão importante quando a redação. É a partir da publicação que você poderá compartilhar o seu conhecimento com outros pesquisadores. Além disso, também terá a oportunidade de submeter o seu trabalho para avaliação de outros especialistas. Antes de enviar um artigo para análise, observe atentamente o formato exigido em cada publicação. Algumas revistas têm normas específicas que devem ser seguidas, incluindo padronização de estilo, quantidade de caracteres e outras referências.
10. Acompanhe os resultados
Não pense que a publicação do artigo é o último passo. Após divulgar a sua pesquisa, tente observar a repercussão do seu trabalho no mundo científico. Observe as contribuições acadêmicas da sua pesquisa. Ao visualizar quem está citando o seu artigo, procure entender quais reflexões estão sendo geradas a partir dele.

Seção Livros

País sem excelências e mordomias

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Fonte: http://geracaoeditorial.com.br/pais-sem-excelencias-e-mordomias-um/
UM PAÍS SEM EXCELÊNCIAS E MORDOMIAS
Uma incrível visita a uma das democracias mais ricas do mundo, onde os políticos ganham pouco, andam de ônibus, cozinham sua comida, lavam e passam suas roupas e são tratados como “você”.
Autora: Claudia Wallin
Título Nacional
Selo: Geração
Gênero: Reportagem
Acabamento: Brochura
Formato: 15,6 x 23 cm
Págs: 336
Peso: 494
ISBN: 978-85-8130-237-9
Preço: R$ 39,90
E-booke-ISBN:  978-85-8130-238-6
Preço: R$ 19,90
SinopseLer este livro é algo obrigatório para todo deputado, senador, ministro, juiz, desembargador, governador, presidente, secretário, prefeito, vereador. E sobretudo para o eleitor. Para ele, é quase um guia de sobrevivência na selva da política brasileira. Claudia Wallin trata da Suécia mas é impossível não pensar no Brasil a cada parágrafo. Com cinismo, cólera, amargura. Ou com esperança. Porque não? Afinal, prova que existem políticos que desconhecem o tratamento de “Excelência”. Que não tem mordomias, não aumentam seu próprio salário, não tem gabinete próprio. Que usam transporte público e não estão na vida pública para fazer fortuna. E que respeitam – e muito — o eleitor. Um sistema apoiado em três pilares: transparência, escolaridade e igualdade. Um dia, quem sabe, chegaremos lá. Ler e se envergonhar com estas páginas pode ser o começo.
 Sobre a autoraClaudia Varejão Wallin – Jornalista e consultora radicada na Suécia. Trabalhou dez anos em Londres como diretora da International Herald Tribune TV, chefe do escritório de Jornalismo da TV Globo de Londres e produtora da seção brasileira da BBC World Service, após carreira no jornal O Globo do Rio de Janeiro. Colaboradora da Rede Bandeirantes de Televisão e da BBC Brasil.

Como a mídia é regulada na Suécia

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por José Gilbert Arruda Martins

E aí? Vamos entrar no debate? ou vamos deixar apenas "eles" debaterem?
Quem são "eles"?
"Eles" são a "grande" mídia.
Os políticos de direita que não querem nem pensar em regulamentação da mídia.
Partidos de direita, de apoio ou não ao governo, que são contra a regulamentação.
São os grupos econômicos rentistas, banqueiros, grandes empresas e empresários.
Você não pode ficar apenas olhando. Participe de alguma forma.
Professores e professoras do país inteiro precisam levar o debate para as salas de aula.
Estudantes do Ensino Fundamental ao Superior, precisam se envolver no debate, levar o tema para as reuniões, encontros dos Grêmios estudantis e CAs.
E você trabalhador, vai ter tempo de conhecer e debater?
Postamos logo abaixo uma matéria que pode nos ajudar a entender a importância da regulamentação da mídia no Brasil
Aproveite.

O artigo abaixo é de Claudia Wallin, jornalista brasileira radicada na Suécia e autora do livro Um país sem excelências e mordomias.

no Diário do Centro do Mundo


DE ESTOCOLMO
O Ombudsman sueco da Imprensa levanta uma sobrancelha, como se acabasse de ouvir um impropério ou um desvairado insulto pessoal. A pergunta é se o sistema de regulação da mídia na Suécia pode ser interpretado como algum tipo de censura ou cerceamento da liberdade de imprensa. ”Absolutamente não”, diz um quase raivoso Ola Sigvardsson. ”Trata-se,aqui, de proteger a ética”.
Em 1766, a Suécia aprovou a primeira lei de liberdade de imprensa do mundo. Um século e meio depois, os suecos chegaram à conclusão de que era inadiável criar um modelo que, se de um lado preservava a essencial liberdade de expressão, de outro continha os perigosos excessos da mídia. Em 1916, o país criou o mais antigo conselho supervisor de imprensa da história – um modelo pioneiro, que viria a inspirar a criação de organismos de auto-regulamentação da mídia em diversos países.
Tempos depois, os suecos deram mais um passo à frente: incorporaram representantes da sociedade e do Judiciário ao seu Conselho de Imprensa. Criaram também um Comitê de Radiodifusão para supervisionar o rádio e na TV, e também puseram lá cidadãos comuns – como professores, médicos, representantes de sindicatos. E a presidência dos dois organismos é sempre excercida por juízes da Suprema Corte, que se alternam, em regime de revezamento, à frente dos órgãos de supervisão.
O entendimento sueco é que o direito de expressar uma opinião traz, em doses iguais, o dever da responsabilidade. ”A liberdade de expressão, quando exercida de forma abusiva, pode ofender, incitar à discriminação e à violência, ou ter consequências negativas para um indivíduo ou uma sociedade como um todo”, diz a literatura oficial sueca sobre o tema.
O modelo sueco é, por definição, um sistema de auto-regulação voluntária da mídia – mas que se equilibra sobre o alicerce de um sólido conjunto de normas de conduta, e leva em conta a voz do público. Não há uma legislação específica para regular a imprensa: o que rege o sistema é um robusto código de ética.
”A ética é sempre muito mais rigorosa do que as leis”, pondera Ola Sigvardsson, ex-jornalista que desde 2011 ocupa o cargo de Ombudsman da Imprensa na Suécia.
”Um jornal poderia, por exemplo, publicar os nomes de pessoas que cometeram suicídio, ou de indivíduos suspeitos de ter praticado um crime. Isso não seria uma violação à lei, mas seria antiético. A ética também manda que a imprensa seja particularmente cuidadosa com as vítimas de crimes, por elas já terem sofrido o suficiente”, observa Sigvardsson.
”A ética é sempre muito mais rigorosa do que as leis”, diz o ombudsman Ola Sigvardsson
”A ética é sempre muito mais rigorosa do que as leis”, diz o ombudsman Ola Sigvardsson
Os guardiões da ética na imprensa sueca são o Ombudsman da Imprensa e o Conselho de Imprensa (Pressens Opinionsnämnd). O Ombudsman, também uma invenção sueca (de ”ombud”, representante, e ”man”, povo”), é a face pública do sistema. Ele atua como o primeiro filtro das queixas relacionadas à mídia, e tem poderes para mediar correções e direitos de resposta nos jornais. Casos mais complexos são examinados pelo Conselho em seu conjunto.
O envolvimento no sistema do Conselho de Imprensa é voluntário – mas praticamente todos os jornais e sites noticiosos do país são sócios desse clube: aos olhos do seu exigente público, submeter-se voluntariamente a um real escrutínio representa uma espécie de selo de garantia de responsabilidade.
”Quando o jornal Expressen foi criticado certa vez, o editor estampou a seguinte manchete: ’O Expressen foi criticado pelo Conselho de Imprensa. Leiam sobre isso’. Porque a posição do editor é a de que ser reconhecido como um jornal responsável é o caminho do futuro, e uma maneira de se diferenciar do ”quase jornalismo” que em muitos casos se pratica na internet.  
“No passado, publicar uma crítica do Conselho era algo vexaminoso. Hoje, eu diria que essa cultura está sendo transformada: publicar uma crítica mostrando que seu jornal errou mostra ao seu público que você está empenhado em ser correto”, diz o Ombudsman da Imprensa, que é nomeado por um comitê especial composto pelo Ombudsman do Parlamento, o presidente da Associação Nacional de Magistrados da Suécia e o presidente do Clube Nacional de Imprensa.
O Conselho de Imprensa sueco é formado por 32 integrantes: além dos quatro juízes da Suprema Corte que se revezam na presidência, a composição do órgão é equilibrada entre 16 representantes das organizações de mídia e 12 membros do público em geral. Os representantes públicos – atualmente composto, entre outros, por médicos e professores – são nomeados pelo Ombudsman do Parlamento, e pelo presidente da Associação Nacional de Magistrados da Suécia.
”Não há qualquer interferência de políticos, do estado ou do governo. É um comitê independente, que realiza uma supervisão independente”, diz Fredrik Wersäll, o juiz da Suprema Corte que preside atualmente o Conselho.
”A Suécia tem uma forte tradição de liberdade de expressão, que é um elemento básico de uma sociedade liberal. Mas por outro lado, é preciso defender os valores éticos”, destaca Wersäll.
O juiz Fredrik Wersäll
”Não há qualquer interferência de políticos, do estado ou do governo”, diz o juiz Fredrik Wersäll, presidente do Conselho de Imprensa
Com orçamento anual de 45 milhões de coroas suecas (cerca de 15,3 milhões de reais), o Conselho de Imprensa da Suécia é financiado majoritariamente pelas quatro principais organizações jornalísticas do país: a Associação de Editores de Jornais (75%), a Associação dos Editores de Revistas (5%), a União de Jornalistas (menos de 1%) e o Clube Nacional de Imprensa (menos de 1%) – organismos que são também responsáveis pela formulação do Código de Ética que rege o sistema.
Os cerca de 20% restantes do financiamento do Conselho vêm de uma peculiaridade do sistema sueco: as multas aplicadas a empresas jornalísticas que violam as normas da ética. O valor das multas varia de 13 mil coroas suecas (cerca de 4,4 mil reais), para jornais de menor porte, a 22 mil coroas (aproximadamente 7,4 mil reais) para jornais com tiragem superior a dez mil exemplares.
É um sistema que ainda se apóia consideravelmente na eficácia da ameaça da humilhação pública: jornais que atropelam o código de ética costumam publicar os veredictos do Conselho de Imprensa em notas da proporção de uma página quase inteira – mesmo não sendo obrigados a isso: ”Recomendamos que as críticas sejam publicadas com destaque, mas não há obrigatoriedade no cumprimento da norma”, diz Synnöve Magnusson, secretária-geral do Conselho.
“Por que então quase sempre as críticas ocupam quase toda uma página?”, pergunto.
”Penso que é porque os jornais têm grande respeito pelo sistema”, responde Synnöve. ”E o sistema funciona, porque os leitores suecos odeiam ver esse tipo de crítica no jornal que compram”.
No site oficial do Conselho de Imprensa, é possível acessar um extenso banco de dados com as reprimendas e punições aplicadas pelo órgão. Um dos casos mais recentes é o de um sueco que se prepara para cumprir pena em uma penitenciária, e que encaminhou a sua queixa ao Conselho: o jornal Aftonbladet havia incluído seu nome em uma lista decondenados pela Justiça procurados pela Interpol, em reportagem intitulada ”Caçados em todo o mundo”.
Só que o homem já havia se apresentado à Justiça, que o condenou a quatro anos de prisão por ter ludibriado os serviços sociais ao fingir estar preso a uma cadeira de rodas para receber benefícios do Estado. O Conselho demandou a correção.
A cada ano, o Conselho recebe em torno de 200 queixas formais, em sua maioria relacionadas à cobertura jornalística sobre suspeitos de crimes e a casos de invasão de privacidade. Este ano, das 136 reclamações recebidas, 72 resultaram em críticas ao órgão jornalístico em questão.
”O sistema é eficiente, e não penso que o código de ética deve ser transformado em lei. Porque uma legislação teria o potencial de reduzir a liberdade de expressão”, opina o Ombudsman da Imprensa.
A Suécia também não tem uma legislação específica para regular a alta concentração da mídia no país: dois grupos, o sueco Bonniers e o norueguês Schibsted, controlam os jornais de maior circulação nacional e têm diferentes interesses no mercado de TV; a tradicional Bonniers controla ainda a maior editora do país.
”Somos um país pequeno, de pouco mais de 9 milhões de habitantes, e o mercado tende a ser mais concentrado. Temos por outro lado uma forte tradiçãode liberdade de opinião, e fortes valores éticos na mídia. Também há um grande espectro de empresas independentes de distribuição e produção de conteúdo.Mas há um consenso geral de que, a longo prazo, precisaremos ter um novo panorama de mídia no país”, diz Kristoffer Talltorp, o porta-voz do Ministério da Cultura.
Casos de fusão de empresas de mídia, porém, passam obrigatoriamente pelo crivo do Konkurrensverket, a autoridade sueca que regula a competição no país.
”Bloqueamos uma fusão de empresas de mídia recentemente, pois do contrário uma companhia de TV a cabo teria se tornado dominante demais”, conta Maria Ulvensjö, especialista em casos de merger do Konkurrensverket. ”Mas não é proibido na Suécia que uma empresa de mídia cresça e adquira predominância.”
Também não há nenhuma proibição formal, na Suécia, de que políticos sejam donos de jornais ou concessões de rádio e TV.
”Mas isso simplesmente não acontece aqui. Seria inaceitável”, afirma o porta-voz do Ministério.
Para o rádio e a TV sueca, o sistema de auto-regulação segue os moldes do modelo adotado na imprensa. Oguardião do sistema é a Comissão de Radiodifusão(Myndigheten för Radio och TV), subordinada ao Ministério da Cultura. São duas as funções do órgão: regulamentar a outorga de concessões, e supervisionar se as regras estabelecidas na Lei de Rádio e Televisão são cumpridas pelas emissoras.
A renovação de concessões de rádio e TV não é automática.
A renovação de concessões de rádio e TV não é automática
A renovação de concessões de rádio e TV não é automática
”As licenças são concedidas por um período máximo de seis anos”, diz Kerstin Morast, diretora do departamento responsável pela outorga de concessão de licenças. ”Todas as licenças de rádio e TV na Suécia expiram simultaneamente, e portanto a cada seis anos iniciamos um amplo processo de análise da renovação das licenças”.
Não há registro recente, no entanto, de casos de revogação de concessões.
”Não temos problemas sérios de violação das normas na Suécia”, diz Kerstin.
Algumas normas da Lei sueca de Rádio e TV, atualizada em 2010, são:
. O direito de realizar transmissões deve ser exercido, mais especificamente no caso das emissoras públicas, com imparcialidade e objetividade
. Empresas jornalísticas devem garantir que os serviços de jornalismo reflitam os conceitos fundamentais de uma sociedade democrática, o princípio de que todas as pessoas têm igual valor, e a liberdade e dignidade do indivíduo
. Programas para crianças menores de 12 anos de idade não devem ser interrompidos por comerciais
. Anúncios comerciais na TV não devem exceder o total de 12 minutos por hora
A lei sueca também proíbe a veiculação de comerciais destinados a crianças menores de 12 anos de idade.
Igualmente, a lei não permite que estrelas de programas infantis façam qualquer tipo de propaganda na TV.
”E antes das 9 da noite, as emissoras devem também evitar exibir filmes violentos ou que possam amedrontar as crianças. É recomendável ainda que a violência na TV sempre seja mantida em níveis aceitáveis”, diz o jurista Nils Sigfrid, jurista da Comissão de Radiodifusão.
A supervisão do cumprimento das normas é feita em caráter constante, na Comissão, pelo chamado Comitê Supervisor da Radiodifusão (Granskningsnämden för Radio och TV).
O órgão é composto por 11 integrantes, incluindo três juízes da Suprema Corte. Os demais oito membros são representantes públicos, nomeados pelo governo.
”Atualmente, os representantes do público são umprofessor de Mídia e Comunicação, três jornalistas, sendo que um deles é aposentado, um escritor e o diretor de uma companhia de ópera”, detalha Helena Söderman, chefe do departamento de supervisão da Comissão de Radiodifusão.
Não se trata, repete Söderman, de um trabalho de censor: ”Absolutamente nada a ver com censura”, diz ela. ”Temos uma legislação com normas de conduta, e regras especiais que os detentores de concessões devem seguir.”
Dos cerca de 1 300 casos julgados anualmente pelo Comitê, segundo Söderman, a maioria é relacionada à questão da imparcialidade e da exatidão das informações veiculadas.
A punição para o descumprimento das normas é a leitura das críticas do Comitê antes da transmissão do programa em questão – ou multa: casos de emissoras que violam por exemplo as regras sobre anúncios comerciais, ou sobre a proibição de exibir produtos em programas não comerciais, são levados pelo Comitê à Justiça. O valor da multa, nesses casos, pode chegar a5 milhões de coroas suecas (cerca de 1,7 milhão de reais).
Deve haver sensatez no modelo de regulação da mídia dos suecos e seus vizinhos escandinavos, que adotam sistemas semelhantes: Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca aparecem consistentemente no alto dos rankings dos países com o maior índice de liberdade de imprensa do mundo.
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Claudia Wallin
Sobre o Autor
A jornalista brasileira Claudia Wallin, radicada em Estocolmo, é autora do livro Um país sem excelências e mordomias.

O que é o Sisu

Fonte: MEC
O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) é o sistema informatizado gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC) no qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas para candidatos participantes do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
quando acontece
O processo seletivo do Sisu é realizado duas vezes ao ano, sempre no início do semestre letivo. A inscrição é gratuita, em uma única etapa e é feita pela internet.
como funciona
A cada edição, as instituições públicas de ensino superior que optam por participar do Sisu ofertam vagas em seus cursos. Ao final do período de inscrições, são selecionados os candidatos mais bem classificados dentro do número de vagas ofertadas.