sábado, 22 de novembro de 2014

STF: Barroso e Fux podem desmoralizar Lava Jato O Supremo tem a responsabilidade de demonstrar que vai revirar todas as pedras. Todas !​


no Conversa Afiada

A Lava Jato começa a sair de seu leito original – as delações seletivas da PF do zé, dos delegados  aecistas, e do queijo suíço em que se transforma a Vara do Dr Moro.

Era a Lava Jato para detonar a Dilma e eleger o Aécio Never.

Como disse o Procurador Janot, era tudo campanha eleitoral.

(Com a leniência do zé da Justiça.)

Com o andar da carruagem, a investigação chegou – por conta de Lei do Governo Dilma – aos corruptores e, pela primeira vez, há empreiteiros na cadeia.

O que devia acontecer desde o impeachment do Presidente Collor e toda a gestão tucana, de FHC ao trensalão de São Paulo.

Mas, não aconteceu.

Acontece agora.

A Lava Jato começa – começa ! – a alagar o Aécio, o Cerra e – enfim ! – o Governo Fernando Henrique, com a ilustre intervenção do “Baiano”.

A Lava Jato molha todo mundo.

Urbi et Orbe.

Até a Bláblá, porque, como se sabe, o Paulo Roberto Costa era assim com o Eduardo Campos e, breve, ele poderá esclarecer quem é o dono do jatinho em que a Blablá viajou cinco vezes, em campanha.

Está como o Mino Carta gosta: é tudo a mesma sopa.

Vamos ver ser se, ao quebrar o sigilo bancário do Vaccari, do PT, o PiG revelará a secreta essência do que o Rubens Valente – no inigualável “Operação Banqueiro” – denunciou: as artes do Vaccari para tornar possível a patranha da BrOi.

Vamos ver o Globo e a Fel-lha meter a mão no câncer da BrOi e da Satiagraha.

Vamos ver, amigo navegante !

Aí chegamos à medula.

Ao caráter estrutural da corrupção no Brasil.

Por causa, sobretudo, da desbragada participação das empresas no financiamento das campanhas.

O que, breve, o Supremo proibirá, diante da decisão por 6 a 1 de seu soberano plenário.

Do contrário, como demonstrou a Operação Mãos Limpas, na Itália, a Lava Jato pode ser, ao fim, o trampolim para que o Berlusconi fique vinte anos no poder, a rir, às gargalhadas, do Dr Moro.

Foi o que observou o Saul Leblon, em notável artigo, e adverte o Mino: Dr Moro, e a Satiagraha ?

Empresas na campanha?

Outros exemplos ?

Estão na Castelo de Areia e na Satiagraha.

E, sem elas, a Lava Jato será uma caricatura.

Um pastiche de Justiça.

A desmoralização da Lava Jato se fará, em primeiro plano, por sua seletividade.

Uma espécie de “eugenia política”.

Se mandar para cadeia só os pretos, os pobres, as p… – e os petistas !

Será a consolidação do Ancien Régime em que se sustentam as estruturas desmoralizadas de um aparelho Judiciário impenetrável.

Revirar pedra e pedra está nas mãos do Supremo Tribunal Federal.

Fabio Serapião escreveu para a Carta Capital dessa semana uma notável reportagem: “Juízo final ?”.

O título contém esse ceticismo que só o Supremo pode desfazer.

Por que o Supremo, de novo ?

Serapião revela que dorme na gaveta do sereno Ministro Luís Roberto Barroso um Recurso Especial para retomar a Operação Castelo de Areia.

A Castelo de Areia, como se sabe, é a que desnuda a ligação orgânica, estrutural de empreiteiras – Camargo Correia, de novo – com os tucanos de São Paulo.

Da mesma forma, adormece na gaveta do Ministro Fux a RE 680967 que legitima a Satiagraha – a Operação que desnuda as sinistras ligações dos protagonistas da Privataria Tucana com a fundaçao da BrOi – a tal da patranha.

(BrOi foi a operação no BNDES que deu a Brasil Telecom à Oi Com o dinheiro do FAT, o BNDES conferiu um “bônus de saída” (quá, quá, quá !)  de US$ 1 bilhão a “brilhante banqueiro”, na qualificação de seu patrono, Fernando Henrique Cardoso. Foi FHC quem “deu” a Brasil Telecom ao “brilhante” naquela famosa operação conhecida como “se der m”…)

O Juiz Moro, que militou na desmontagem – inútil – do Banestado, sabe de quem se trata …)

A Castelo de Areia foi interrompida no Superior Tribunal de Justiça, porque uma denúncia – depois confirmada  por investigação da PF – foi uma “anônima”.

O STJ, então, considerou que se tratava de uma “maçã podre” que contaminou toda a árvore (regada pelos empreiteiros, para fazer a torta de maçã do breakfast tucanos de São Paulo …)

“Denúncia anônima” serve para prender pedófilo mas, não, para prender tucano de São Paulo.

Viva o Brasil !

A Satiagraha foi interrompida provisoriamente por dois HCs Canguru até hoje não se sabe bem por quê.

(Sobre a matéria, clique aqui para ver vídeo incriminador que a Globo censurou.)

Provavelmente, porque os HCs tivessem a propriedade de beatificar o “brilhante” banqueiro.

Os Ministros Barroso e Fux estão diante de monumental responsabilidade.

Desmoralizar a Lava Jato – ou salvá-la.

Legitimá-la.

Em tempo: o ansioso blogueiro pegou um taxi nessa manhã de sábado 22/11. O motorista, idoso, que oferece o Estadão aos passageiros, perguntou:

- O senhor que é jornalista. Dá para acreditar nesse cara que disse no Estadão que começou a roubar na Petrobras no tempo do Fernando Henrique ?

- Se o senhor não acreditar nele, não pode acreditar nos que dizem que roubaram no tempo do Lula…

Em tempo2:
 A excelente reportagem de Serapião revela que, por um “descuido” – as aspas são dele, Serapião – do então Procurador Geral, Antonio Fernando de Souza, a relação de Daniel Dantas com Marcos Valério não constou da denúncia oferecida ao STF e, por isso, o doleiro Youssef pode operar, livre e ativo, com o Banco Rural. Lamentável descuido !

Em tempo3:
 depois de oferecer a denúncia, conhecida como “Ali Babá e os 40 ladrões”, o descuidado Souza integrou a equipe dos 1001 advogados de Daniel Dantas.

Lava Jato: Baiano chama FHC para dançar Estava demorando



por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
Parece que agora vai!
O Brasil, se a "grande" mídia divulgar, irá conhecer um esquema de corrupção que vai além de tudo que foi vergonhosamente alardeado pelo PIG nos últimos dias e anos.
O livro na mão do maior "vira latas" da história republicana vai vender muito a partir de agora. As pessoas e a sociedade irão, finalmente, conhecer o outro lado da moeda.
Essa CPMI deveria ir fundo para talvez chegar ao esquema de desmonte do Estado feito na era FHC, anos 90, e desvendar como esse desmonte pode ter enriquecido grupos de pessoas ligadas ao PSDB e ao governo de FHC na época.
A Petrobrás, que teve 40% do seu capital privatizado na era FHC, e só não foi privatizada de vez por ser grande demais,  não deu tempo do Sr. Vira-Latas vender toda ela, pode estar sendo atacada desde essa época.
A verdade virá à tona?
O Ministério Público Federal terá culhões para enfrentar esse episódio que envolve o PSDB? Veremos!



Fernando Baiano disse à PF que em 2000 firmou contrato com estatal para manutenção de termelétricas



O empresário Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de propinas e corrupção na Petrobrás, afirmou à Polícia Federal nesta sexta feira, 21, que começou a fazer negócios com a Petrobrás ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, em 2001. “Por volta do ano de 2000, ainda durante a gestão Fernando Henrique celebrou um contrato com uma empresa espanhola, de nome Union Fenosa, visando a gestão de manutenção de termelétricas”. Segundo ele a empresa acabou sendo contratada.


A PF suspeita que o reduto de ação de Fernando Baiano na Petrobrás era a Área Internacional, que foi comandada por Nestor Cerveró, personagem emblemático da compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA. Fernando Baiano disse que conheceu Cerveró “ainda no governo Fernando Henrique”. Na ocasião, segundo ele, Cerveró era gerente da Petrobrás.



(…)


Dias: enfim, corruptores na cadeia A Lei que pega os corruptores é do Governo Dilma


no Conversa Afiada

Dilma desmoraliza Veja. De novo Dilma já processou Veja por fraude eleitoral.


Conversa Afiada reproduz nota da Presidência da República:

NOTA À IMPRENSA

A reportagem de capa da revista Veja de hoje é mais um episódio de manipulação jornalística que marca a publicação nos últimos anos.


Depois de tentar interferir no resultado das eleições presidenciais, numa operação condenada pela Justiça eleitoral, Veja tenta enganar seus leitores ao insinuar que, em 2009, já se sabia dos desvios praticados pelo senhor Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobras demitido em março de 2012 pelo governo da presidenta Dilma.


As práticas ilegais do senhor Paulo Roberto Costa só vieram a público em 2014, graças às investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.


Aos fatos:


Em 6 de novembro de 2014, Veja procurou a Secretaria de Imprensa da Presidência da República informando que iria publicar notícia, “baseada em provas factuais”, de que a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, recebeu mensagem eletrônica do senhor Paulo Roberto Costa, então diretor da Petrobras, sobre irregularidades detectadas em 2009 pelo Tribunal de Contas da União nas obras da refinaria Abreu e Lima. O repórter indagava que medidas e providências foram adotadas diante do acórdão do TCU. A revista não enviou cópia do e-mail.


No dia 7 de novembro, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República encaminhou a seguinte nota para a revista:


“Em 2009, a Casa Civil era responsável pela coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Assim, relatórios e acórdãos do TCU relativos às obras deste programa eram sistematicamente enviados pelo próprio tribunal para conhecimento da Casa Civil.


Após receber do Congresso Nacional (em agosto de 2009), do TCU (em 29 de setembro de 2009) e da Petrobras (em 29 de setembro de 2009), as informações sobre eventuais problemas nas obras da refinaria Abreu e Lima, a Casa Civil tomou as seguintes medidas:


a. Encaminhamento da matéria à Controladoria Geral da União, em setembro de 2009, para as providências cabíveis;


b. Determinação para que o grupo de acompanhamento do PAC procedesse ao exame do relatório, em conjunto com o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras;


c. Participação em reunião de trabalho entre representantes do TCU, Comissão Mista de Orçamento, Petrobras e MME, após a inclusão da determinação de suspensão das obras da refinaria Abreu e Lima no Orçamento de 2010, aprovado pelo Congresso.


Nesta reunião, realizada em 20 de janeiro de 2010, “houve consenso sobre a viabilidade da regularização das pendências identificadas pelo TCU” nas obras da refinaria Abreu e Lima (conforme razões de veto de 26 de janeiro de 2009). Foi decidido, também, o acompanhamento da solução destas pendências, por meio de reuniões regulares entre o MME, o TCU e a Petrobras.


A partir daí, o Presidente da República decidiu pelo veto da proposta de paralisação da obra, com base nos seguintes elementos:


1) a avaliação de que as pendências levantados pelo TCU seriam regularizáveis;


2) as informações prestadas em nota técnica do MME que evidencia os prejuízos decorrentes da paralisação; e


3) o pedido formal de veto por parte do então Governador de Pernambuco, Eduardo Campos.


Este veto foi apreciado pelo Congresso Nacional, sendo mantido.


A partir de 2011, o Congresso Nacional, reconhecendo os avanços no trabalho conjunto entre MME, Petrobras e TCU, não incluiu as obras da refinaria Abreu e Lima no conjunto daquelas que deveriam ser paralisadas.


E a partir de 2013, tendo em vista as providências tomadas pela Petrobras, o TCU modificou o seu posicionamento sobre a necessidade de paralisação das obras da refinaria Abreu e Lima”.


A inconsistência da reportagem de Veja é evidente. As pendências apontadas pelo TCU nas obras da refinaria Abreu e Lima já haviam sido comunicadas, em agosto, à Casa Civil pelo Congresso e foram repassadas ao órgão  competente, a CGU.


Como fica evidente na nota, representantes do TCU, Comissão Mista de Orçamento do Congresso, Petrobras e do Ministério de Minas e Energia discutiram a solução das pendências e, posteriormente, o Congresso Nacional concordou com o prosseguimento das obras na refinaria.


Mais uma vez, Veja desinforma seus leitores e tenta  manipular a realidade dos fatos. Mais uma vez, irá fracassar.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Ramonet: viagem a uma nova Bolívia

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Como nacionalização dos setores estratégicos, por Evo Morales, permitiu redistribuir riqueza, impulsionar economia, modernizar infraestrutura. Surpresa: empresários já colaboram com governo
por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
É muito bom ler uma matéria como essa mostrando que um índio, no caso Evo Morales, levou seu país em nove anos ao lugar onde sempre deveria estar.
Logo a Bolívia, um país antes governado por uma elite conservadora, branca, mais ligada à Europa que a América latina e seus povos.
Logo a Bolívia, considerado até um dia desses o segundo mais pobre país da América.
Logo a Bolívia, que teve parte de seu território "roubado" pelo Brasil no início do século XX com a "maestria" diplomática de Rio Branco.
A Bolívia é um exemplo claro, cristalino de que os países da América Latina não precisam seguir receitas das "grandes" potencias para se desenvolver - diga-se receita neoliberal -. Evo Morales e sua equipe criaram algo realmente notável ao administrar um país antes com uma população beirando a miséria, hoje, com seu povo se alimentando melhor, vestindo melhor, estudando melhor e com acesso aos bens de consumo.
É nós América do Sul, é nós América Latina. Chegou, definitivamente nossa vez. Nosso Povo irá, a partir de agora usufruir das nossas riquezas, sem esquecer de proteger a "mãe-terra".

Ramonet: viagem a uma nova Bolívia

Por Ignacio Ramonet | Tradução: Inês Castilho - no Outras Palavras
Para o viajante que volta à Bolívia depois de alguns anos de ausência, e que caminha lentamente pelas ruas estreitas de La Paz – cidade marcada por ravinas escarpadas a quase quatro mil metros de altitude – as transformações saltam aos olhos: não se veem mais pedintes, nem vendedores informais que lotavam as calçadas. As pessoas se vestem melhor, têm um ar mais saudável. E a capital tem uma aparência mais bem tratada, mais limpa, com muitos espaços verdes. Ressalta também o surgimento de novas construções. Despontaram duas dezenas de grandes imóveis e multiplicaram-se os centros comerciais; um deles tem o maior complexo de cinemas (18 salas) da América do Sul.
Mas o mais espetacular são os teleféricos urbanos, de extraordinária tecnologia futurista [1], que mantêm, acima da cidade, um balé permanente de cabines coloridas, elegantes e etéreas como bolhas de sabão. Silenciosas e não poluentes. Duas linhas estão funcionando agora, a vermelha e a amarela; uma terceira, a verde, será inaugurada nas próximas semanas, permitindo assim a criação de uma rede interligada de transporte a cabo de 11 km, a maior do mundo. Isso possibilitará a dezenas de milhares de moradores de La Paz economizar em média duas horas de viagem por dia.
A Bolívia muda. Evo cumpre suas promessas”, afirmam cartazes nas ruas. E pode-se constatar que o país é de fato outro. Muito diferente daquele que conheci há apenas uma década, quando foi considerado “o Estado mais pobre da América Latina depois do Haiti.” Corruptos e autoritários em sua maioria, seus governos passavam os anos a implorar empréstimos aos organismos financeiros internacionais, às principais potências ocidentais ou às organizações humanitárias. Enquanto isso, as grandes mineradoras estrangeiras pilhavam o subsolo, pagando ao Estado royalties de miséria e prolongando a espoliação colonial.
Relativamente pouco povoada (cerca de dez milhões de habitantes), a Bolívia tem superfície de mais de um milhão de quilômetros quadrados (duas Franças, ou Bahia e Minas Gerais somadas). Suas entranhas transbordam de riquezas: prata (faz lembrar Potosí …), ouro, estanho, ferro, cobre, zinco, tungstênio, manganês etc. O sal de Uyuni tem as maiores reservas no mundo de potássio e lítio – considerado a energia do futuro. Mas hoje, a principal fonte de renda é constituída pelo setor de hidrocarbonetos: gás natural (a segunda maior reserva da América do Sul), e petróleo (em menor quantidade, por volta de 16 milhões de barris ao ano).
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No decorrer dos últimos nove anos, após a chegada de Evo Morales ao poder, o crescimento econômico da Bolívia foi sensacional, com uma taxa média anual de 5%. Em 2013, o avanço do PIB atingiu 6,8% [2]; em 2014 e 2015, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), será igualmente superior a 5%… É o percentual mais elevado da América Latina [3]. E tudo isso com uma inflação moderada e controlada, inferior a 6%.
Assim, o nível material de vida dobrou [4]. As contas públicas, embora com importantes investimentos sociais, são igualmente controladas, a tal ponto que a balança comercial oferece resultado positivo com excedente orçamentário de 2,6% (em 2014) [5]. Embora as exportações, principalmente de hidrocarburetos e de produtos de mineração, desempenhem papel importante nessa prosperidade econômica, é a demanda interna (+5,4%) que constitui o principal motor do crescimento. Finalmente, outro sucesso sem precedentes da gestão do ministro da economia, Luis Arce: as reservas monetárias internacionais da Bolívia agora equivalem a 47% do PIB [6], colocando pela primeira vez o país em primeiro lugar na América Latina, bem à frente de Brasil, México e Argentina. Evo Morales indicou que a Bolívia pode deixar de ser um país endividado em nível estrutural para tornar-se um país credor. Ele revelou que “quatro Estados da região”, sem especificar quais, já solicitaram crédito ao governo …
Num país onde mais de metade da população é de origem indígena, Evo Morales, eleito em janeiro de 2006, é o primeiro índio a tornar-se presidente no decorrer dos últimos cinco séculos. E, depois que assumiu o poder, esse presidente diverso rejeitou o “modelo neoliberal” e substituiu-o por um novo “modelo econômico social comunitário produtivo”. A partir de maio de 2006, nacionalizou os setores estratégicos (hidrocarburetos, indústria de mineração, eletricidade, recursos ambientais) geradores de excedentes, e investiu parte desse excedente nos setores geradores de emprego: indústria, produtos manufaturados, artesanato, transporte, agricultura e pecuária, habitação, comércio etc. Consagrou a outra parte do excedente à redução da pobreza por meio de políticas sociais (educação, saúde), aumentos salariais (para funcionários e trabalhadores do setor público), estímulos à integração (os bônus Juancito Pinto [7], a pensão “dignidade” [8], os bônus Juana Azurduy [9]) e subsídios.
Os resultados da aplicação desse modelo não se refletem apenas nas cifras acima, mas também num dado bem explícito: mais de um milhão de bolivianos (10% da população, portanto) saíram da pobreza. A dívida pública, que representava 80% do PIB, diminui e mal chega a 33%. A taxa de desemprego (3,2%) é a mais baixa da América Latina, a tal ponto que milhares de imigrantes bolivianos na Espanha, Argentina e Chile começam a voltar, atraídos pelo pleno emprego e notável aumento do padrão de vida.
Além disso, Evo Morales começou a tornar verdadeiro um Estado que até o presente não era senão virtual. É claro que a vasta e torturada geografia da Bolívia (um terço de altas montanhas andinas, dois terços de planícies tropicais e da Amazônia), assim como a divisão cultural (36 nações etnolinguísticas) nunca facilitaram a integração e a unificação. Mas o que não foi feito em quase dois séculos, o presidente Morales está determinado a colocar em prática, para dar fim ao desmembramento. Isso passa, antes de tudo, pela promulgação de uma nova Constituição, aprovada por referendo, que estabelece pela primeira vez um “Estado plurinacional” e reconhece os direitos de nações diversas que coabitam o território boliviano. Em seguida, passa pelo lançamento de uma série de ambiciosas obras públicas (estradas, pontes, túneis) com o objetivo de conectar, articular, servir áreas dispersas para que seus habitantes sintam que fazem parte de um mesmo conjunto: a Bolívia. Isso nunca havia sido feito. É a razão por que o país teve tantas tentativas de divisão, separatismo e fracionamento.
Hoje, com todos esses êxitos, os bolivianos sentem-se – talvez pela primeira vez – orgulhosos de si. Estão orgulhosos de sua cultura indígena e de suas línguas nativas. Estão orgulhosos de sua moeda, que a cada dia ganha um pouco mais de valor em relação ao dólar. Estão orgulhosos de ter o mais elevado crescimento econômico e as reservas monetárias mais importantes da América Latina. Orgulhosos de suas realizações tecnológicas como a rede de teleféricos de última geração, de seu satélite de telecomunicações Tupac Katari, de sua cadeia de televisão pública Bolivia TV [10]. Essa cadeia, dirigida por Gustavo Portocarrero, deu em 12 de outubro, dia das eleições presidenciais, uma demonstração notória de sua excelência tecnológica ao conectar-se diretamente – durante 24 horas ininterruptas – com seus enviados especiais em cerca de 40 cidades do mundo (Japão, China, Rússia, Índia, Egito, Irã, Espanha etc.), onde bolivianos que vivem no exterior votaram pela primeira vez. Proeza técnica e humana que poucos canais de TV do mundo seriam capazes de conseguir.
Todas essas realizações – econômicas, sociais, tecnológicas – só explicam em parte a vitória esmagadora de Evo Morales e de seu partido (o Movimiento al Socialismo, MAS) nas eleições de 12 de outubro último [11]. Ícone da luta dos povos indígenas e autóctones de todo o mundo, graças a este novo triunfo, Evo conseguiu romper preconceitos importantes. Ele prova que a permanência no governo não causa, necessariamente, desgastes; e que, depois de nove anos no poder, é possível conseguir uma reeleição esmagadora. Prova também que, ao contrário do que afirmam os racistas e colonialistas, “os índios” sabem como governar e podem ser os melhores líderes que o país já teve. Prova que, sem corrupção, com honestidade e eficácia, o Estado poder ser um excelente administrador, e não uma calamidade sistemática, como pretendem os neoliberais. Finalmente, Evo prova que a esquerda no poder pode ser eficaz; que pode gerir políticas de integração e redistribuição de riquezas sem pôr em perigo a estabilidade da economia.
Mas essa grande vitória eleitoral explica-se também, e talvez sobretudo, por razões políticas. O presidente Evo Morales logrou vencer, ideologicamente, seus principais adversários, agrupados no seio da casta de empresários da província de Santa Cruz, principal motor econômico do país. Esse grupo conservador, que tentou tudo contra o presidente – desde o ensaio de divisão do país até o golpe de Estado –, acabou finalmente por submeter-se e render-se ao projeto presidencial, reconhecendo que o país está em plena fase de desenvolvimento.
É uma vitória considerável, que o vice-presidente Álvaro García Linera explica nestes termos: “Conseguimos integrar o leste da Bolívia e unificar o país, graças à derrota política e ideológica de um núcleo político de empresários ultraconservadores, racistas e fascistas, que conspiraram para dar um golpe de Estado e financiaram grupos armados para organizar uma divisão do território oriental. Além disso, esses nove anos têm mostrado às classes médias urbanas e aos setores populares de Santa Cruz, que estavam cautelosos, que temos melhorado suas condições de vida, que respeitamos o que foi construído em Santa Cruz e suas especificidades. Somos evidentemente um governo socialista, de esquerda, e dirigido por indígenas. Mas desejamos melhorar a vida de todos. Enfrentamos as empresas petrolíferas estrangeiras, da mesma forma que as empresas de energia elétrica, e as fizemos dar sua contribuição para depois, com esses recursos, dar poder ao país, principalmente aos mais pobres – mas sem afetar as posses das classes médias ou do setor empresarial. Esta é a razão por que foi possível um reencontro com o governo de Santa Cruz, e tão frutífero. Nós não mudamos de atitude, seguimos dizendo e fazendo as mesmas coisas que há nove anos. Eles é que mudaram de atitude diante de nós. Desde então, começa esta nova etapa do processo revolucionário boliviano, que é a da irradiação territorial e da hegemonia ideológica e política. Eles começam a compreender que não somos seus inimigos, que é do interesse deles praticar a economia sem entrar na política. Mas se, como empresários, tentarem ocupar as estruturas do Estado e quiserem combinar política e economia, eles não conseguirão. Da mesma forma, não pode ser que um militar assuma também o controle civil, político, uma vez que eles já têm o controle das armas.”
Em seu gabinete do Palacio Quemado (palácio presidencial) o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, explica isso em uma frase: “Vencer e integrar”. “Não se trata – diz ele – de derrotar o adversário e abandoná-lo à sua sorte, correndo o risco de que comece a conspirar com o ressentimento do derrotado e embarque em novas tentativas de golpe. Uma vez vencido, é preciso incorporá-lo, dar-lhe oportunidade de juntar-se ao projeto nacional em que todos estão envolvidos, sob a condição de que admitam e se submetam ao fato de que a direção política, pela decisão democrática das urnas, é exercida por Evo e o MAS.”
E agora? O que fazer com uma vitória assim esmagadora? “Temos um programa [12] – afirma tranquilamente Juan Ramón Quintana – queremos erradicar a pobreza, dar acesso universal aos serviços públicos básicos, garantir uma saúde e uma educação de qualidade para todos, desenvolver a ciência, a tecnologia e a economia do conhecimento, estabelecer uma administração econômica responsável, ter uma gestão pública transparente e eficaz, diversificar nossa produção, industrializar o país, alcançar a soberania alimentar e agrícola, respeitar a mãe Terra, avançar em direção a uma maior integração latino-americana e com nosso parceiros do Sul, integrar-nos ao Mercosul e alcançar nosso objetivo histórico, fechar nossa ferida aberta: recuperar nossa soberania marítima e o acesso ao mar [13].”
Por sua vez, evou Morales exprimiu seu desejo de ver a Bolívia tornar-se o “coração energético da América do Sul”, graças ao enorme potencial em matéria de energias renováveis (hidroelétrica, eólica, solar, geotérmica, biomassa), ao invés dos hidrocarbonetos (petróleo e gás). Isso, com o complemento da energia atômica civil produzida por uma central nuclear cuja aquisição está próxima.
A Bolívia muda. Avança. E sua metamorfose prodigiosa ainda não acabou de surpreender o mundo.

NOTAS
[1] A fabricante é a empresa austríaca Doppelmayr Garaventa.
[2] Ler Economía Plural, La Paz, abril 2014.
[3] Ler Página Siete, La Paz, 12 outubro 2014.
[4] Entre 2005 e 2013, o PIB por habitante mais que dobrou(de 1.182 dólares para 2.757 dólares). A Bolívia não é mais um “país de baixa renda” e foi declarada “país de renda média”. Ler “Bolivia, una mirada a los logros más importantes del nuevo modelo econômico” em Economía Plural, La Paz, junho 2014.
[5] A boa gestão das finanças públicas possibilitou à Bolívia tornar-se o segundo país de maior superávit orçamentário da América Latina no curso dos últimos oito anos.
[6] Em cifras absolutas, as reservas internacionais da Bolívia são de aproximadamente 16 bilhões de dólares. Em 2013, o PIB foi cerca de 31 bilhões de dólares.
[7] Uma quantia de 200 bolivianos anuais (23 euros) é dada a cada aluno do ensino público fundamental e médio que acompanhou todas as aulas regularmente. O objetivo é lutar contra a evasão escolar.
[8] Uma pensão que todos os bolivianos recebem a partir de 60 anos, mesmo aqueles que jamais contribuíram com o sistema de Previdência.
[9] Uma ajuda econômica de 1.820 bolivianos (cerca de 215 euros) é fornecida às mulheres grávidas e por cada menino ou menina de menos de dois anos com o objetivo de reduzir a taxa de mortalidade infantil e materna.
[11] Ler, de Atilio Borón, “Por que Evo Morales venceu outra vez?” Outras Palavras, 13/10/2014.
[12] “Agenda patriótica 2025: la ruta boliviana del vivir bien (Agenda patriótica 2025:o caminho boliviano do bem viver)”. Em 2025 será a festa do bicentenário da independência e da fundação da Bolívia.
[13] A Bolívia fez uma consulta à Corte internacional de justiça de Haia. Leia El libro del mar, ministério de assuntos estrangeiros, La Paz, 2014.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Negros no Brasil


 
História dos Negros no Brasil
 
AEscultura Negros Africanos história dos negros no Brasil é conturbada. Escravidão, lutas e vitórias fazem parte da caminhada dos negros, atualmente chamados de afro-brasileiros.
 
Os negros chegaram ao Brasil na época colonial. Eles foram trazidos como mercadoria pelos portugueses, que escravizavam africanos nas ilhas do Atlântico: Madeira, São Tomé, Cabo Verde, Açores. A mão de obra era utilizada nos canaviais e, como o açúcar estava em alta, cultivou-se a cana-de-açúcar na colônia, o que gerou bastante lucro, uma vez que a mão de obra era barata. Antes, os nativos prestavam serviço; porém, os colonos não se interessaram neles.
 
Navios Negreiros
 
transporte dos negros africanos se fazia por meio dos navios negreiros e as condições precárias resultavam na morte dos escravos. Eles ficavam amontoados e no mesmo lugar em que dormiam, era o próprio banheiro. Fezes e urina em local fechado e em contato com crianças, jovens e adultos, geravam contaminações. Castro Alves, conhecido como o poeta dos escravos, expressa, em sua poesia 'Navio Negreiro', as condições subumanas dessas embarcações:
 
“Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...”
 
Trabalho dos Negros no Brasil
 
Os negros eram os principais movimentadores da economia do Brasil, pois eles eram comercializados para desenvolver os trabalhos nas áreas de agricultura, pecuária e serviços domésticos. Por causa de maus tratos e péssima qualidade de vida, fugiam dos engenhos. Os capitães do mato saíam em busca dos desertores. Reféns da escravidão, criavam sociedades clandestinas, as quais, eram chamadas de Quilombos.
 
Os Quilombos: Comunidade de Negros Fugitivos
 
As pequenas aldeias abrigavam os negros fugitivos e, unidos, formavam uma comunidade econômica, política, social, religiosa e militar, de acordo com os costumes de seus países de origem. Assim, se tinha a sociedade livre.
 
Os quilombos se localizavam em áreas de difícil acesso. O Brasil era dividido em 15 capitanias – no século XVI – e havia alguns quilombos espalhados. Onde hoje se situa o município de União dos Palmares, Alagoas, existia um dos mais importantes vilarejos clandestinos: o Quilombo dos Palmares.
 
Comercializados nas capitanias de Pernambuco e Bahia, eles corriam para os quilombos. Havia um poderoso homem, líder de Palmares, que recebia os recém-chegados, Ganga Zumba. Ele pertencia a um reino tribal da Angola e veio escravizado para o Brasil. No entanto, constituiu seu quilombo, que chegou a marca dos 35 mil habitantes e era fortemente armado.
 
Os negros buscavam sua liberdade e os quilombos eram essa esperança; porém, o maior deles foi destruído, após 60 anos de resistência, por Domingos Jorge Velho. Zumbi dos Palmares era sobrinho de Ganga Zumba e assumiu a liderança depois da morte do tio por envenenamento. Zumbi foi traído e capturado pelas tropas de Velho.
 
Movimentos Abolicionistas
 
Somente depois do século XIX, a Inglaterra questionou a escravidão brasileira. Assim, foi publicada a lei Bill Aberdeen, em 1845, que proibia o tráfico negreiro. Eles estavam interessados em expandir o mercado para o público brasileiro.
 
Com a pressão imposta pelos ingleses, foi aprovada a Lei Eusébio de Queiróz (1850) para acabar com o tráfico negreiro. Mais tarde, em 1871, foi aprovada a Lei do Ventre Livre, dando a liberdade aos filhos de escravos que nasceriam após a aprovação da lei. Já em 1885, foi aceita a Lei dos Sexagenários para libertar os escravos maiores de 60 anos.
 
E, finalmente, os negros só foram ter a liberdade em todo o mundo através da Lei Áurea, um documento assinado pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. Mesmo com a liberdade, muitos tiveram que aceitar trabalhos ruins como meio de sobrevivência.
 
Cultura Negra
 
Vários aspectos da cultura brasileira são herança deixada pelos escravos negros africanos no Brasil. A maior parte desta cultura foi trazida no período do tráfico de escravos. Além dessa, o Brasil também é fortemente influenciado pela cultura europeia, americana e indígena. Existem traços da cultura negra em vários elementos da cultura brasileira:
 
  • Danças típicas - O samba, o maxixe, o carimbó e a capoeira são uma das manifestações dos afro-brasileiros;
  • Culinária - a feijoada, o acarajé, a moqueca, caruru;
  • Religião - Umbanda, Candomblé, Macumba, Xambá, Confraria, dentre outras.
 
Desigualdade Racial e Movimentos Negros
 
Num momento inicial, devido à adaptação da sociedade brasileira a padrões europeus, a cultura negra foi rejeitada pela sociedade, assim como as pessoas da cor.
 
Essa saga dos negros se dividiu em três etapas:
 
  • A primeira, se deu no Estado Novo, de Getúlio Vargas, entre o período inicial da República, em 1889, até o ano de 1937. Nessa época houve a criação de movimentos negros de combate ao racismo no Brasil. Desenvolveu-se a imprensa negra que, voltada para esse público, tratava dessas questões de discriminação. Houve a criação da Frente Negra Brasileira (FNB).
  • Na segunda etapa, a União dos Homens de Cor (UHC) foi criada e outras também com mesmos ideais. A partir disso, na época do governo militar, as manifestações dos “homens de cor” diminuiu.
  • A terceira fase se deu na redemocratização do país, aconteceu uma crise com os movimentos negros do Brasil. A discussão sobre o problema da discriminação foi tirada das pautas de discussão. O movimento só voltou em meados da década de 1970.
No exterior, as manifestações aconteciam e eram encabeçadas por personalidades notáveis. Nos Estados Unidos, elas eram lideradas por Martin Luther King e Malcon X, que sonhavam com uma sociedade em que negros e brancos seriam considerados iguais.
 
Os movimentos foram aumentando, principalmente nos países africanos colonizados pelos portugueses. Alguns deles, Guiné Bissau, Moçambique e Angola. Em 1978, em manifestação no Teatro Municipal de São Paulo, o Movimento Negro Unificado (MNU) se estabeleceu no Brasil, com o intuito de combater todo e qualquer tipo de preconceito e discriminação praticadas contra os negros.
 
Até hoje, existem alguns resquícios de dificuldade em relação a sociedade. No entanto, os movimentos e manifestações da cultura negra têm crescido, juntamente com a população que se considera da cor. De acordo com os relatórios da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de 91 milhões de negros/pardos  no Brasil. Com isso, entende-se a porcentagem de negros no Brasil em mais de 50%.
 
 
 Negros no Brasil -->> Escravidão no Brasil
 

Funarte exibe Musical Tradição Viva neste fim de semana

Tradição Viva_Foto Estúdio Gunga (1)

no site Partido dos Trabalhadores - DF

O espetáculo musical Tradição Viva conta a história da criação do universo segundo a tradição Bambara do Komo (povos do sul do Saara, antiga Barfur). Os personagens deste mito serão representados pela expressão artística do teatro de bonecos através da música, dança, artes visuais, projeções e outros recursos que se alinham para uma recriação lúdica da criação da Terra sob a ótica destes africanos. Com seis apresentações planejadas para Brasília e Ceilândia, a temporada tem como objetivo a formação de cidadãos conscientes e orgulhosos de suas raízes.
Para os cenários, o ambiente será caracterizado pelos acontecimentos históricos citados no roteiro dessa proposta. Serão atendidas, por meios dos recursos para montagem de cenários com mais qualidade, a situação e representação fiel ao ambiente no qual se situa a história, no sentido, épico, geográfico e sociocultural.
O musical traz grande amparo na musicalidade original dos tambores Malinké e Yorubás, somando os recursos da sonoplastia e execução de trilha sonora ao vivo com instrumentos de corda, sopro e percussão que encontram-se em conexão com os elementos terra, ar e água abordados no referido mito. O texto é construído a partir de um diálogo entre o velho sábio Neco e a jovem Aroni, interlocutora que aprende um pouco da história de suas raízes africanas, através da contação de histórias e de danças e músicas compostas especialmente para o espetáculo.
O espetáculo conta com os bonequeiros Fabiola Resende e Thiago Francisco e os dançarinos Louise Lucena e Rafael Portela no elenco. A direção musical de “A Tradição Viva” é de Nãnan Matos, que é acompanhada, em cena, pelos músicos André Costa, Diogo Cerrado, Dani Neri e Felipe Fiúza. Como contrapartida do projeto aprovado pelo Fundo de Apoio à Cultura do GDF, os bonequeiros apresentarão oficina de contação de histórias e a banda Foli Ayê, que acompanha o musical, realizará apresentação em praça pública do DF.
O quê?
Musical Tradição Viva
Quando?
Dias 21, 22 e 23 de novembro de 2014. 
Horário?
Sexta-feira: Às 21h.
Sábado: Às 21h.
Domingo: Às 20h.
Onde?
Sala Plinio Marcos, Funarte – Eixo Monumental (depois da Torre de TV)
Assessor de Imprensa: Guilherme (61) 3041-1057.

Investigação de corrupção na Petrobras muda Brasil para sempre, diz Dilma Na reunião do G20, presidenta afirma que escândalo "vai acabar com a impunidade” ao enquadrar corruptos e corruptores

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Presidenta Dilma Rousseff cumprimenta o Primeiro-Ministro da Comunidade da Austrália, Tony Abbott

no site da Carta Capital

Na Austrália para a reunião do G20, a presidenta Dilma Roussef comentou neste domingo 16 os desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Segundo a mandatária, o escândalo de corrupção na Petrobrás "mudará para sempre a relação entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e a empresa privada”, pois a investigação “não é engavetável” e "vai acabar com a impunidade” ao enquadrar corruptos e corruptores.
“A questão da Petrobras é uma questão simbólica para o Brasil. É a primeira investigação efetiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos. A primeira. E que vai a fundo”, disse antes de deixar a cúpula da reunião das 20 maiores economias do mundo.
Dilma afirmou ainda que este não é o primeiro caso de corrupção no Brasil, mas o "primeiro escândalo da nossa história que é investigado” e que jogará a "luz do sol sobre todos os processos de corrupção”.
A presidenta afirmou que é preciso ter cuidado para não “demonizar” todas as empreiteiras do Brasil. Empresas do setor com contratos milionários com a Petrobras estão sendo investigadas por envolvimento no esquema de corrupção da estatal. Executivos do alto escalão da OAS e Camargo Côrrea, por exemplo, foram presos pela PF. “São grandes empresas e, se A, B, C ou D praticaram malfeitos, pagarão por isso. Agora, isso não significa que a gente vai colocar um carimbo na empresa”, disse Dilma.

Perguntas e respostas da Operação Lava Jato Entenda o esquema de cartel e lavagem de dinheiro que pode ter desviado bilhões dos cofres públicos

Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa
                                                                     Youssef e Costa: os principais delatores da Lava Jato


no site da Carta Capital

Deflagrada em 14 de novembro, a sétima fase da Operação Lava Jato causou um certo choque pelo ineditismo de seus alvos: executivos de algumas das maiores empreiteiras do Brasil foram parar na cadeia por envolvimento naquele que pode ser um dos maiores escândalos de corrupção da história do País. A ação é o desdobramento de uma investigação que chegou ao público em março e que pode, a depender de seu andamento, levar políticos para a prisão. Abaixo, algumas perguntas e respostas a respeito da Lava Jato.
O que é a Operação Lava Jato?É uma investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal a respeito de uma organização criminosa formada por políticos, funcionários públicos, executivos de empreiteiras e doleiros. As empreiteiras distribuíam entre si contratos com órgãos públicos, em especial a Petrobras, mediante o pagamento de propina e desvio de dinheiro público, que era repassado a partidos políticos.
Por que a Lava Jato está na sétima fase, o que aconteceu antes?A Lava Jato foi deflagrada em 17 de março de 2014 e se concentrava no combate ao crime de lavagem de dinheiro, com foco na atuação do doleiro Alberto Youssef. O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa era um dos alvos e foi preso em 20 de março. A partir de grampos, documentos apreendidos e dos depoimentos, a PF e o MPF chegaram ao esquema de desvio de dinheiro público. Desde então, conforme avançam as investigações, novas fases da operação são realizadas.
Como funcionava o esquema?De acordo com o MPF, as empreiteiras se reuniam e decidiam previamente quem executaria cada uma das obras oferecidas pelo poder público. Ao valor da oferta apresentada nas licitações era acrescentado um determinado porcentual, que era desviado para funcionários públicos e partidos políticos. Essa verba era repassada pelas empreiteiras à quadrilha por meio de empresas de “consultoria” ligadas aos integrantes do esquema, “lavando” o dinheiro.
Quem comandava a quadrilha?De acordo com a PF e o MPF, o doleiro Alberto Youssef era o operador financeiro do esquema, enquanto o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa era o operador político. Em depoimentos à Justiça, Costa afirmou que o esquema funcionava também em outras diretorias da Petrobras, como Serviços, Gás e Energia, Produção e Internacional. Há suspeitas também de que a quadrilha agia na Transpetro, subsidiária da estatal. Na sétima fase da Lava Jato, um dos presos foi Renato de Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras.
Quais empreiteiras faziam parte da quadrilha?Em novembro, na sétima fase, a Lava Jato investigou executivos de nove empreiteiras: Camargo Corrêa, OAS, UTC/Constram, Odebrecht, Mendes Júnior, Engevix, Queiroz Galvão, Iesa Óleo & Gás e Galvão Engenharia.
Quanto dinheiro o esquema desviou?Segundo as investigações, o esquema de lavagem de dinheiro investigado originalmente movimentou até 10 bilhões de reais. Não há, por enquanto, informações a respeito de quanto dinheiro público foi desviado.  Em despacho divulgado em novembro, o juiz federal Sergio Moro, responsável pelo caso, afirmou que os danos sofridos apenas pela Petrobras “atingem milhões ou até mesmo bilhões de reais”. Em março, quando Youssef foi preso, a PF encontrou com ele uma lista de 750 obras que envolviam grandes construtoras e obras públicas.
Por que a maior parte das notícias sobre a Lava Jato envolve só a Petrobras?Porque toda investigação precisa de um foco e a apuração da PF e do MPF teve início com Youssef e Paulo Roberto Costa. À medida que mais informações forem obtidas por esses órgãos, a investigação deve ser ampliada. Ainda que o foco esteja na Petrobras, outras empresas públicas já apareceram nas investigações, como a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), uma das principais concessionárias de energia elétrica do Brasil, que teria firmado contrato com uma empresa de fachada pertencente a Alberto Youssef.
Quem foi beneficiado pelo esquema?Até aqui, depoimentos de Costa e Youssef indicam que o dinheiro repassado a partidos políticos serviu para irrigar os cofres dePT, PMDB e PP. Segundo as declarações de Costa à Justiça Federal, no caso do PT quem recebia e distribuía o valor era o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. No caso do PMDB, o operador seria Fernando Soares, conhecido como “Fernando Baiano”.
Paulo Roberto Costa também afirmou que intermediou o pagamento de 20 milhões de reais para o caixa 2 da campanha do então candidato à reeleição ao governo de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), em 2010. Outro nome citado é o da senadoraGleisi Hoffmann (PT-PR), cuja campanha ao Senado, segundo Costa, recebeu 1 milhão de reais do esquema de desvios da estatal.
Outro envolvido no esquema seria o ex-presidente do PSDB, Sergio Guerra, morto em março deste ano. Segundo Paulo Roberto Costa, ele teria pagado propina a Guerra em 2009, para que ele esvaziasse uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretendia esclarecer as denúncias de corrupção na Petrobras. Segundo Costa, Guerra o procurou e cobrou 10 milhões de reais para que a CPI, aberta em julho de 2009, fosse encerrada. O pagamento, que teria sido feito depois do encerramento da CPI, teria sido feito pela Queiroz Galvão. Além disso, Leonardo Meirelles, um dos donos do Labogen, laboratório usado por Youssef para lavar dinheiro ilegal, disse acreditar que "o PSDB e eventualmente algum padrinho político do passado e provável conterrâneo ou da região do senhor Alberto" foram beneficiados nos desvios de dinheiro da Petrobras.
Todos os partidos e políticos citados negam envolvimento no esquema.
Desde quando existe o esquema?O Ministério Público Federal afirma que o esquema de cartel das empreiteiras em obras da Petrobras existe há pelo menos 15 anos. “Muito embora não seja possível dimensionar o valor total do dano, é possível afirmar que o esquema criminoso atuava há pelo menos 15 anos na Petrobras" escreveram os procuradores na petição em que pedem autorização para a deflagração da sétima fase da Operação Lava Jato.
As indicações para as diretorias da Petrobras são políticas?
Sim. Paulo Roberto Costa, por exemplo, foi indicado pelo PP para a Diretoria de Abastecimento da estatal. Em um de seus depoimentos à Justiça Federal, Costa contou desde quando isso ocorre: "Desde que eu me conheço como Petrobras, as diretorias da Petrobras, e a presidência da Petrobras foram sempre por indicação política. Eu dava sempre o exemplo (...) ninguém chega a general se não for indicado. Você, dentro (...) das Forças Armadas, [se não tiver indicação] você para como coronel e se reforma como coronel. Então, as diretorias da Petrobras, quer seja no governo Collor, quer seja no governo Itamar Franco, quer seja no governo Fernando Henrique, quer seja nos governos do presidente Lula, foram sempre por indicação política, e eu fui indicado, realmente, pelo PP, para assumir essa Diretoria de Abastecimento".
Existe alguma relação entre a Lava Jato e o "mensalão"?Assim como o "mensalão", a Lava Jato é uma nova tentativa de entender a promíscua relação entre partidos políticos, doações eleitorais e licitações milionárias. Até aqui, a relação entre os dois casos se dá pelo fato de que Youssef, segundo o MPF, lavou 1,16 milhão de reais repassados pelo empresário Marcos Valério, operador do "mensalão", a José Janene (PP-PR), então líder do PP na Câmara e um dos réus do "mensalão". Além disso, a corretora Bonus-Banval, citada na denúncia do "mensalão" como uma das empresas usadas para lavar dinheiro, é apontada como pertencente a Alberto Youssef.
Qual é o futuro da Lava Jato?Os processos e investigações referentes à Lava Jato seguirão em duas mesas distintas. Enquanto o juiz federal Sérgio Moro continua com suas diligências em Curitiba a fim de provar o esquema criminoso envolvendo as empreiteiras, doleiros e empresas públicas, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, debruça-se sobre as provas para, perante o STF, conduzir a investigação dos detentores de foro privilegiado, os políticos.