quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Aécio trabalhou para Câmara enquanto morava no Rio - Viva a meritocracia !


No Conversa Afiada

O candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, admitiu em nota que foi contratado para trabalhar na Câmara dos Deputados, que fica em Brasília, mesmo enquanto ainda morava no Rio de Janeiro, em 1980. Na época, tinha 19 anos.


De acordo com o texto, o tucano cuidava da agenda do deputado Aécio Ferreira da Cunha –trata-se do pai de Aécio Neves que exercia mandato pelo PDS (Partido Democrático Social). A sigla é sucessora da Arena, legenda criada pela ditadura militar.


(…)


A biografia de Aécio Neves, no site oficial do tucano, omite o período em que o presidenciável trabalhou remotamente para o gabinete do pai.



Em tempo: o Conversa Afiada reproduz artigo de Paulo Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo:

MERITOCRACIA À AÉCIO


Meritocracia.


Uma das palavras mais pronunciadas por Aécio nesta campanha é esta, meritocracia.


Faz parte, se entendo, de um esforço de se colocar como um grande gerente. No jargão corporativo, meritocracia é uma palavra muito empregada, bem como outra do repertório de Aécio: previsibilidade.


Como todos sabemos, meritocracia é escolher alguém pelos seus méritos, e apenas por eles.


Num mundo menos imperfeito, a mídia teria tratado de verificar a trajetória de Aécio para ver como, no caso pessoal dele, se manifestou a meritocracia.


Convenhamos: ele é um forte candidato à presidência, e informações sobre sua carreira profissional têm, mais que nunca, um torrencial interesse público.


Mas este mundo é muito imperfeito – e a mídia mais ainda.


A inépcia — ou má fé — de jornais e revistas não impediu, no entanto, que viralizassem na internet documentos que mostram a rápida ascensão de Aécio.


Examinemos o papel da meritocracia em sua jornada, iniciada cedo. As informações estão no site da Câmara dos Deputados. Nenhum repórter teria que suar, portanto, para prestar um serviço relevante aos eleitores. (AQUI, O LINK)


Aos 17 anos, Aécio foi nomeado secretário de gabinete parlamentar na Câmara dos Deputados. Seu pai, Aécio Cunha, era deputado federal pela Arena.


Segundo o site da Câmara, Aécio permaneceu nesta posição até os 21 anos.


Há, aí, um fato intrigante: conforme perfil feito pela insuspeita revista Época, Aécio fazia faculdade no Rio no mesmo período em que era secretário de gabinete.


Algum jornalista se interessou em esclarecer essa suposta ubiquidade meritocrática?


Mundo imperfeito, mundo imperfeito.


Aos 23 anos, de volta a Minas depois da estada no Rio, foi nomeado assessor pelo avô, o governador Tancredo Neves. Como avós sempre encontram méritos nos netos, Aécio poderia hoje dizer que ganhou o cargo graças à meritocracia.


Tancredo morreria em 1985, pouco antes de tomar posse como primeiro presidente civil depois da ditadura militar. (Ele vencera, ao lado do vice Sarney, eleições indiretas.)


Com Sarney na presidência, Aécio deu um salto. Aos 25 anos, era diretor da Caixa Econômica Federal.


O que o candidato Aécio diria, hoje, de um neto de político indicado para uma diretoria da Caixa aos 25?


Aparelhamento?


Como os jornais, que jamais trataram disso, falariam do caso se fosse um neto de Lula?


No Brasil, aparelhamento é quando os adversários fazem nomeações.


Quando você mesmo faz, é meritocracia. FHC nomeou seu genro diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, e o desnomeou depois do divórcio.


Serra deu emprego a Soninha e família na máquina estadual do PSDB.


Mas nada disso é aparelhamento.


A irmã de Aécio ocupa alto cargo público em Minas. O marido dela é peça-chave na campanha de Aécio. Um primo também. CHEQUE AQUI, se tiver dúvida.


Na gestão do presidente Itamar Franco, o pai de Aécio, Aécio Cunha, foi nomeado presidente do Conselho de Administração do BNDES.


Tudo é meritocracia, naturalmente.


Graças à meritocracia à Aécio, Minas sob seu governo ficou em 22.o lugar entre os 27 estados brasileiros em crescimento econômico entre 2002 e 2010, segundo o IBGE.


O silêncio da mídia permite bravatas meritocráticas a Aécio. E não só meritocráticas: ele se sente protegido o suficiente para falar em “decência” mesmo depois de construir, com dinheiro público, um aeroporto numa fazenda da família.


Este silêncio é obsequioso, mas não gratuito. Caso Aécio se eleja, as grandes empresas de mídia podem se preparar para as copiosas quantidades de dinheiro público que choverão nelas em anúncios governamentais.


E em resposta à chuva de publicidade, o Brasil subitamente melhorará nas análises de Jabor, Merval, Míriam Leitão. A corrupção desaparecerá dos telejornais, dos jornais, das revistas. Se nem a compra da reeleição de FHC foi notícia, o que haverá de ser?


Como disse um genial economista conservador, “não existe almoço grátis”.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Dilma: não dou sinal ao mercado. Isso é coisa do outro “Onde estão os envolvidos em escândalos como o Sivam e a Pasta Rosa ? Estão todos soltos !”


No Conversa Afiada

A Presidenta Dilma Rousseff fez duros comentários sobre a Operação Lava-jato ao comparar as investigações feitas nos governos do PT com as do PSDB, período em que Fernando Henrique Cardoso presidiu o país. “(As denúncias) Não são um ponto fora da curva. É que antes não se investigava. Quem não investiga, não acha”, declarou a candidata à reeleição em coletiva no Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (13).

“Onde estão todos aqueles envolvidos em escândalos anteriores como Sivam e o da Pasta Rosa?  Estão todos soltos”, continuou Dilma para quem a Lava-jato “tem que ser aberta, pois tudo deverá ser investigado”.

No inicio do mandato do tucano, denúncias de corrupção e tráfico de influências em um contrato de US$ 1,4 bilhão para a criação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) chegaram a derrubar um ministro e dois assessores presidenciais. Logo depois, a Procuradoria-Geral da República arquivou  os processos da chamada “pasta rosa”. Era uma alusão à pasta com documentos citando doações ilegais de banqueiros para campanhas eleitorais de políticos da base de sustentação do governo. 

Confrontada com a intenção de Aécio Neves (PSDB) de acabar com a reeleição, Dilma enfatizou: “Quem propõe o fim da reeleição foi quem criou, em um processo que não houve investigação. Hoje, estão todos soltos. Quero saber que negociação é esta que está por trás da proposta. É uma negociação dos tucanos? Essa é uma proposta que deve vir à mesa de forma clara. Não existe uma proposta teórica sobre reeleição. Tem que ter uma proposta muito concreta. Ninguém consegue fazer um governo efetivo em quatro anos.”

A presidenta participou na tarde de hoje de um ato de mobilização pela reforma política, bandeira do partido após as manifestações de junho de 2013. “Concordo com o fim do financiamento empresarial de campanha, o financiamento deve ser de pessoas físicas. É muito relevante o fim das coligações proporcionais. O mais relevante é o fato que não é possível reforma política sem apoio popular”, defendeu a petista para completar: “Considero que a reforma política é a condição para um efetivo combate à corrupção”.

“Não posso me posicionar sobre uma Assembleia Constituinte porque represento uma coligação, tenho que consultá-la. O centro pra mim é um plebiscito. Quem tem que votar é o povo brasileiro”, ponderou Dilma.

Questionada sobre a declaração de Marina Silva (PSB), que comparou Aécio Neves a Lula, quando o Presidente assinou a Carta aos Brasileiros, Dilma opinou: “A comparação  é infeliz, seja pela trajetória, seja pelo que realizaram. O que Lula fez pelo Brasil foi crescer, empregar. O que Aécio fez foi deixar uma dívida monstruosa no Estado. Lula fez uma revolução. Aécio deixou um estado endividado, sem investir 7 bilhões na saúde e R$ 8 bilhões na educação”, disse.

Dilma também foi perguntada sobre uma carta, que ela enviou a Fernando Henrique Cardoso, em 2011. “Eu mandei mesmo uma carta ao Fernando Henrique Cardoso. A estabilização da moeda é um ganho, mas não significou estabilização da economia. Estabilizar a moeda não é estabilizar a economia. Eles quebraram o país três vezes. Ele deixou o país com desemprego elevado. Vamos separar os cumprimentos, não foi pelo mandato geral dele. Eu não concordo em proibir escolas públicas federais. Os tucanos proibiram”, esclareceu a Presidenta.

Por fim, Dilma afirmou que não divulgará sua equipe econômica do segundo mandato e comentou a atual conjuntura no setor. “Eu não tenho que dar sinal para o mercado, como fez o Aécio, eu tenho que dar sinal para o povo. Nós teremos uma política duríssima contra a inflação, como já tivemos e vamos ter ainda mais. Não tem mágica a fazer. Querer que a gente tenha como impedir que haja flutuação de preços está descartado”, encerrou.


A seguir, outras frases da Presidenta:



Eu concordo com financiamento público de campanha

Não haverá reforma política sem o povo pressionando

Tenho interesse em receber manifestação das diferentes entidades

O Lula tentou três eu tentei uma (vez passar a reforma). É difícil porque essa é uma estão q divide. Só quem pode decidir isso é o povo.

Em parte, o que garante que o brasileiro possa colocar carne, ovo, leite na mesa é que nós criamos empregos

Eles sempre desempregaram. No meu governo foram criados 5 milhões de empregos

É importante lembrar como era antes: a fila dobrava o quarteirão por uma vaga de emprego

Antes de Lula passou por um momento em que as crianças não tinham o que comer

A campanha em questão era composta pelo PSB e pela Rede. O PSB não apóia totalmente uma ou outra. O Coutinho está com a gente

A eleição é algo democrático. Todo mundo tem direito de escolher quem vai apoiar

Todos os debates são importantes para dar uma métrica e esclarecer o eleito

Só tem um jeito de saber quem teve mais apoio, é no dia 26 de outubro

Eu não tenho nenhuma manifestação sobre pesquisa. Não é papel de presidente da república se manifestar sobre isso

Acho que pesquisa é importante. Mas todo mundo que conhece estatística sabe que varia

Eu já cumprimentei o Evo Morales e vou falar com ele amanhã. Ele é um grande presidente

tem muita demagogia em eleição. A imprensa é muito compreensiva com a crise de abastecimento de água de SP

Havendo seca, afeta o preço dos alimentos aqui, nos EUA, em todos os lugares. É temporário. E não tem mágica





Em tempo:


Logo após, a Presidenta Dilma Rousseff recebeu os oito milhões de votos obtidos em plebiscito sobre a reforma política no Brasil. No evento, a petista apontou o que considera diferenças entre o modelo defendido pelo PT e o tutelado pelo PSDB. 

“Eles tentam dizer que farão um governo para os pobres. São 2 projetos de país, que dizem respeito a questões fundamentais. A primeira dessas questões é a prioridade. A nossa prioridade é o social. Nós não achamos que é possível crescer se o nosso povo não crescer junto. Por isso, ao contrário deles, nós empregamos. Eles desempregam. Nós não aceitamos que o salário-mínimo é razão de inflação”, afirmou a candidata à reeleição para a plateia.

No discurso, Dilma enalteceu os programas sociais de seu governo e criticou a ausência deles na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).  “Eles dizem que vão fazer um governo para os pobres. Como, se eles tiraram o pobre do orçamento? Eles não gostam de uma palavra: gratuito. Se o Pronatec não fosse gratuito, você faria a velha seleção: só quem tivesse dinheiro, poderia fazer o curso. Outra palavra que eles odeiam: subsídio”.

E continuou: “A faixa maior do MCMV é de famílias que ganham 1600 reais e hoje pagam 5% da renda na prestação. Se a família for comprar no mercado, sem subsídio, paga R$ 940. Se ela ganha mil reais, como vai viver? As pessoas moram em área de risco porque não tinham onde morar”.

Aos gritos de “Segura, segura, imperialista, a América Latina será toda socialista”, a Presidenta falou sobre a importância das parcerias com os vizinhos. “Eles fingem que não viram os Brics. Viraram as costas para o Mercosul  .A proposta deles é virar as costas pra América Latina”, disse.

Abaixo, outras frases da Presidenta:


Vocês conseguiram quase 8 milhões de votos. Feitos pela espontânea ação de consulta

Hoje, aqui, a gente reconhece uma atividade que mobilizou 8 milhões de pessoas votando pela força de mudanças

Não serão aqueles no exercício do mandato que reformarão as estruturas do país, mas com a mobilização popular

Acho que tem que expandir essa unidade. 8 milhões é suficiente pra aproximar mais pessoas

Tem que ter paridade homem e mulher nas eleições proporcionais

Eu acho que tem que fazer uma unidade entre pontos fundamentais e levar isso pra frente

Não é possível um combate efeito à corrupção sem reforma política

No dia 26, diante das urnas, temos que pensar qual é o futuro desse país

Em 1998, eles proibiram o governo federal em investir em escolas técnicas

Aí, o Lula acabou com essa proibição, em 2005. O Lula fez 214 escolas técnicas e eu fiz 208

Foi por causa dessas 422 escolas a mais, feitas por Lula e por mim, que nós pudemos fazer o Pronatec




Alisson Matos, editor do Conversa Afiada.

Piketty: Democracia precisa de classe média forte E ainda há quem leve o Naufraga e o Haras Resende a sério …

                                            Cena no Morumbi, SP: os da direita votam no PSDB (Imagem do Twitter da Rede Brasil Atual)

No Conversa Afiada de PHA

As controversas teses em “O capital no século 21″, do economista francês, provocaram críticas, mas também elogios entusiásticos. Em entrevista à DW – e publicada pelo Diário do Centro do Mundo – Thomas Piketty explica algumas das ideias contidas no best-seller.

“Os ricos ficarão sempre cada vez mais rapidamente mais ricos, pois dispõem de um estoque de rendimentos de capital que traz significativamente mais rendimentos do que o trabalho.” “Para a maioria da população, em contrapartida, os rendimentos dos salários não são mais suficientes para que criem reservas.”

Com tais teses, o francês Thomas Piketty vem gerando furor internacional. Ele é professor de economia da Paris School of Economics e da École des Hautes Études en Science Sociales (EHESS), e vive na capital francesa, com a esposa e três filhas. Tendo lecionado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), entre outros, há 20 anos ele se ocupa dos temas renda, capital e justiça social.

Seu best-seller Le capital au 21e siècle (O capital no século 21), publicado em 2013, está sendo lançado este mês na Alemanha.


DW: Seu livro é um sucesso de público. Quantas cópias foram vendidas, até agora?

Thomas Piketty: Em inglês e francês, juntos, 800 mil. Em inglês, foram 600 mil.



O senhor acredita que vai conseguir influenciar algo com seu livro?

Minha intenção era convencer o leitor de que os temas renda e prosperidade são importantes demais para serem simplesmente relegados aos estatísticos e economistas. Meu objetivo foi fornecer fundamentos históricos aos leitores, para que possam fazer seus próprios julgamentos. Porém se trata de ciências sociais, no sentido mais amplo, que não são uma ciência exata. Por isso, também não espero que todos os leitores concordem comigo.



Como o sistema econômico deve ser melhorado, para que os assalariados voltem a ter maiores rendimentos com seu trabalho?

Há diferentes soluções. A longo prazo, investindo na educação. Universidades são um instrumento muito poderoso para reduzir a desigualdade. Um dos principais problemas da Europa é que investimos mais dinheiro na redução das nossas dívidas públicas do que na formação universitária. Isso não é bom presságio para o futuro. Deveríamos investir mais nas universidades.



Que outras soluções existem, para que o valor do trabalho cresça?

A tributação progressiva dos altos salários e rendimentos de capital também é importante. Precisamos, portanto, de um sistema tributário que tribute menos aqueles que só vivem de seus salários e entram na vida sem capital nem prosperidade.



Com isso, chegamos à sua declaração central, de que hoje em dia muitos assalariados só conseguem sobreviver com os seus salários. Por que é assim?

No início da geração dos baby boomers[os nascidos no pós-guerra, entre 1946 e 1968], também era possível reservar poupanças, a partir do salário. Pois, com as altas taxas de crescimento econômico, era possível partir do zero e depois, trabalhando, chegar a uma relativa prosperidade e acumular reservas.


No entanto, para as atuais gerações, se você quiser poupar numa cidade grande, então precisa ter um salário muito bom. No entanto, quando se tem uma taxa de crescimento de apenas 1,5%, isso significa que os rendimentos com capital ainda são de 4% a 5% – ou mais, nos investimentos de risco, cerca de 7%, no caso das ações. Com isso, as desigualdades iniciais são reforçadas.



Com que consequências?

Esse estado de coisas reduz a mobilidade social numa sociedade. E, no entanto, a chance de subir à classe rica é uma boa coisa para a eficiência da economia e para o empreendedorismo. A esse respeito, Warren Buffet disse certa vez: ninguém quer que, dos Jogos Olímpicos de 2030, só participem os filhos das equipes de 2000.



O senhor colheu dados dos principais países industrializados e emergentes. São, em maioria, estatísticas de órgãos fiscais. Mas na Alemanha, a riqueza sequer é registrada nas estatísticas.

Precisamos de mais transparência sobre rendimentos e riqueza. E o resultado de uma tributação progressiva do capital e rendas também seria podermos exigir informações confiáveis sobre os grupos de renda.



O senhor defende que haja impostos internacionais. Mas como isso funcionaria? Afinal, os países da União Europeia competem entre si por investidores e capital, com os menores impostos possíveis.

O senhor está certo com esta suposição. Se cada país mantiver seu próprio sistema fiscal, vai ser muito difícil. O resultado é que, já agora, as multinacionais pagam relativamente menos impostos do que empresas pequenas e médias. A Alemanha, França e Itália competem para atrair investidores. Isso permite que os grandes conglomerados joguem com os diferentes sistemas fiscais, conseguindo, no final, pagar impostos relativamente mais baixos. Isso não é ruim somente para o tratamento igualitário, mas também para o crescimento e a eficiência da economia.



Então, o que sugere?

A solução é muito simples: precisamos de uma política fiscal comunitária. Não é possível, com uma moeda única, como o euro, que mantenhamos simultaneamente 18 sistemas fiscais diferentes, que competem uns com os outros, com 18 diferentes dívidas públicas e 18 diferentes taxas de juros dos títulos estatais. Precisamos, portanto, uma união fiscal e política muito mais coesa na Europa, começando com um pequeno grupo de países e depois, com vários.



De onde o senhor tira o otimismo de que isso venha a funcionar?

Durante a coleta de informações sobre depósitos de capital dos bancos, conseguimos obter essas informações, mas isso leva tempo e exige uma disposição para se implementar sanções. Não podemos pedir educadamente que os paraísos fiscais deixem, finalmente, de ser paraísos fiscais. Na Europa, fomos extremamente ingênuos em nossa abordagem. A Suíça agora fornece automaticamente informações bancárias sobre seus clientes. E isso apenas porque os Estados Unidos impuseram sanções contra os bancos suíços.



Quais são as consequências para a classe média do acúmulo de capital nas mãos dos mais ricos?

Precisamos de uma classe média forte, para o crescimento e para o funcionamento da democracia. Europa ainda é estruturada de forma mais igualitária do que um século atrás, e mais igualitária ainda do que os Estados Unidos. Mas nos EUA, a concentração de renda e riqueza é tão forte que muitos acreditam que isso poderia comprometer a democracia. Grupos individuais poderiam dominar a política. Nos EUA, há dinheiro privado ilimitado na política. Esse é um problema real.



Como o senhor avalia a situação econômica na Europa e nos EUA?

Em Paris e na zona do euro, a economia está estagnada, as taxas de crescimento tendem a zero, assim como a inflação. O desemprego está aumentando. O que acho particularmente triste é que nossa dívida pública inicial não era mais dramática do que nos EUA, no Reino Unido ou no Japão. Mas aqui permitimos com que a grande crise da dívida desembocasse numa crise de confiança, esse é o nosso principal problema.



Como esses problemas se manifestam para as pessoas na rua?

Em alguns países europeus, um quarto da geração jovem está desempregado. E mesmo quando as pessoas têm uma renda, é extremamente difícil formar capital. O grande perigo na Europa é que cada vez mais gente tem a impressão de que a globalização não está funcionando para elas ou de que os ganhos dos donos do capital são desproporcionalmente grandes. Acho isso perigoso, pois favorece aos movimentos extremistas.


Os adeptos de uma ordem econômica liberal dizem que no momento dinheiro suficiente está sendo impresso e distribuído de forma justa, e que os altos lucros do capital não são simplesmente tomados dos trabalhadores.


Mas a questão é: será que é bom para a eficiência do sistema econômico os executivos ganharem 10 milhões de dólares? Eu estudei os dados de cuidadosamente e não encontrei nenhuma prova de que isso faça sentido. Afinal de contas, são os custos com que o resto da economia arca, e que incidem sobre os salários baixos e médios.



Em tempo: sobre artigo de Andre Haras Resende – na precisa definição de Ricardo Melo – em que tenta se opor a Piketty, leia aqui.  Sobre o Armínio Naufraga, que se opõe ao salário mínimo e quer fechar o Banco do Brasil, seria bom ver como o Mantega o massacrou, segundo o Financial Times.

Em tempo2: a Historiografia Econômica Mundial aguarda ansiosa o momento inesquecível em que a Urubóloga – o melhor pensador neolibelês que o Brasil produziu – desconstruirá as teses de Piketty. O francês não perde por esperar…

Em tempo3: Não deixe de ver que outro francês, o Nobel Tirole, vai pra cima da Globo.


Paulo Henrique Amorim

Nobel é contra a Globo No Brasil, só não tem regulação num monopólio …


No Conversa Afiada de PHA

Como se sabe, com 40% da audiência (em queda acentuada), a Globo Overseas detém 80% da publicidade na tevê aberta.

Como a tevê aberta – ainda – é responsável por 50% de toda a publicidade no Brasil, a Globo tem 80% de 50%, ou seja, R$ 0,40 de cada R$1 investido em publicidade nessa pseudo-democracia em que vivemos …

Só o Google pode vir a googlar a Globo.

Embora a Dilma tenha dito aos blogueiros que “o Brasil está amadurecido” para uma Ley de Medios. com esse Congresso que está aí, segundo o Toninho do DIAP, vai ser difícil.

Já imaginaram se a irmãzinha do Aecioporto controlar a SECOM, com o republicanismo com que controlou as verbas do Governo de Minas para as rádios da família ?

Até a Academia Sueca, que passou os últimos anos a premiar os teólogos do neolibelismo, os que usam a Matemática para fazer Alquimia, se mancou e deu agora o prêmio a um discreto francês que recomenda uma Ley de Medios para o setor de telecomunicações … ou de Medios … 

É o que se vê no PiG cheiroso, o jornal Valor:

COLEGA BRASILEIRO DESTACA A INFLUÊNCIA NA CRIAÇÃO DE AGÊNCIAS REGULADORAS


Por Sergio Lamucci | De Washington


Os estudos de Jean Tirole tiveram grande impacto na regulação bancária e na regulação dos meios de pagamento de 2000 para cá, segundo o economista brasileiro Renato Gomes, que trabalha com o vencedor do Nobel deste ano. Professor-assistente da Escola de Economia de Toulouse, na França, Gomes ressalta que os estudos de Tirole enfatizam a necessidade de se controlar o endividamento e a liquidez das instituições financeiras, de modo a minimizar o “risco moral”, o que é fundamental para evitar a repetição de crises como a de 2008.


“Após as privatizações da década de 1980, a análise de Tirole e Jean-Jacques Laffont [economista francês morto em 2004[ guiou as práticas regulatórias e deu o arcabouço intelectual necessário para a criação das agências reguladoras na Europa”, afirma Gomes.


O economista conhece bem Tirole, “uma pessoa tímida e extremamente humilde”. Junto com Hélène Bourguignon, eles escreveram o trabalho “Custos Ocultos de Transação”, publicado neste ano. “É um estudo sobre como regular provedores de meios de pagamento, como cartões de crédito tradicionais e outros mais modernos, como o PayPal, o Google Wallet e o Bitcoin”, diz Gomes. Ele e Tirole trabalham agora num projeto sobre regulação de plataformas de busca e compras na internet, como sites de reservas de hotel ou aquisição de passagens aéreas.


Gomes, de 33 anos, estudou economia na PUC-Rio e fez mestrado e doutorado na Northwestern University, nos EUA. Hoje, trabalha em economia industrial e teoria econômica. Abaixo, a íntegra da entrevista, feita por e-mail.



Valor: Jean Tirole ganhou o prêmio Nobel por seu trabalho em regulação. Qual a importância da pesquisa de Tirole para a área?

Renato Gomes: Jean Tirole é o fundador, juntamente com Jean-Jacques Laffont, da teoria moderna da regulação. Essa teoria enfatiza a existência de assimetria de informação entre a empresa regulada e o regulador. Tipicamente, empresas reguladas conhecem melhor sua produtividade que o regulador, que só observa os custos finais de operação. A análise de Laffont e Tirole esclarece como a assimetria de informação impacta a regulação ótima, e mostra sob que condições formas tradicionais de regulações (envolvendo reembolso de custos ou subsídios diretos) maximizam o bem-estar social.



Valor: Em que medida o trabalho de Tirole tem ajudado governos e agências a regular a atuação de grandes empresas?

Gomes: O setor inicialmente mais impactado pelo trabalho acadêmico de Laffont e Tirole é o de telecomunicações. Após as privatizações da década de 1980 (inicialmente no Reino Unidos), a análise desses economistas guiou as práticas regulatórias e deu o arcabouço intelectual necessário para a criação de agências reguladoras na Europa. Seu trabalho também teve grande influência no setor de energia e, mais recentemente, em regulação bancária.



Valor: O trabalho de Tirole ganhou maior atenção depois da crise financeira de 2008. As ideias de Tirole podem ajudar a evitar a eclosão de novas crises como essa?

Gomes: Sim, seu trabalho sobre regulação bancária é fundamental nesse sentido. Em crises como a de 2008, há risco de rápido contágio entre instituições financeiras, e o governo tipicamente intervém para minimizar danos decorrentes de falências bancárias. O problema é que os bancos tipicamente sabem que serão socorridos em caso de crise e evitam tomar as custosas precauções necessárias para evitar o desastre. O trabalho de Tirole enfatiza a necessidade de se controlar endividamento e a liquidez das instituições financeiras, de modo a minimizar o “risco moral” presente em economias de rede.


(…)

Governo Aécio não diz quanto gastou em rádio do Aécio


Conversa Afiada - 14/10/2014

Empresas da família do Aecioporto receberam da irmã para veicular publicidade.

É o que diz a Fel-lha (no ABC do C Af), nesta terça-feira (14/10), na página 5 do caderno sobre Eleições.

O Governo de Minas Gerais se recusou várias vezes nos últimos anos a divulgar informações sobre despesas que realizou para veicular publicidade oficial em três rádios e um jornal controlados pela família do Aecioporto do Titio.

Quando irmão era governador, Andrea Neves, a irmã mais velha, coordenava um grupo de assessoramento do governo que tinha como atribuições “estabelecer diretrizes para a política de comunicação e manifestar-se previamente sobre a relação de despesas com publicidade”.

Aqui se sabe o que ela fazia com quem divulgava notícias de que ela não gostava …

Agora, amigo navegante, imagine o que a irmãzinha não faria se controlasse a SECOM, a Polícia Federal e a Receita ?

Em tempo: a denúncia é do repórter Lucas Ferraz, o mesmo que detonou o aeroporto cuja chave só o Titio tem. Depois da saída da Laura Capriglione, que escreveu o epitáfio da Bláblárina, deve ser um dos dois ou três repórteres ainda na Fel-lha. O resto é colonista (no ABC) .


Paulo Henrique Amorim
Vovô Almeida, a irmãzinha da SECOM e o vice-presidente da Caixa

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Pesquisa Vox Populi mostra Dilma na frente de Aécio

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Dilma Rousseff (PT) tem 45% das intenções de votos, ficando à frente de Aécio Neves (PSDB), com 44%
Por Redação - Revista Fórum - 13/10/2014
Pesquisa Vox Populi encomendada pela TV Record, Record News e R7 e divulgada na noite desta segunda (13) mostra a presidenta e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT) ultrapassando Aécio Neves (PSDB), sendo que a intenção de votos aponta aos candidatos com 45% e 44%, respectivamente. Considerando a margem de erro de 2,2 pontos percentuais, os presidenciáveis estão em empate técnico. 
Considerando apenas os votos válidos – sem as intenções votos em branco e nulo e os eleitores que não sabem em quem vão votar -, novamente empate técnico: Dilma aparece com 51% e Aécio com 49%.
A pesquisa ouviu 2.000 eleitores em 147 cidades de todas as regiões do País entre o sábado (11) e domingo (12). A margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-01079/2014.
Foto de Capa: Montagem BBC

Janio de Freitas ataca golpe da delação encomendada

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Autor: Miguel do Rosário

Jânio de Freitas, um dos últimos colunistas da imprensa brasileira a adotar uma postura independente do proprietário do jornal onde trabalha, denunciou hoje a estranha coincidência da “delação premiada” com o calendário eleitoral.
“(…) Registre-se a nota social, aliás, do Judiciário como debutante na disputa eleitoral, em par com o Ministério Público (também chamado de Procuradoria da República). Daí resultou a interessante coincidência, no calendário, entre o primeiro turno eleitoral e a delação premiada sob um novo sistema: o de sigilo judicial com alto-falante. E, ainda melhor, esta outra obra do acaso, que foi o primeiro depoimento judicial de um delator, com o previsível vazamento, logo no primeiro dia da disputa de segundo turno.
Já que as coincidências estão aí, convém repor no seu lugar aquela com que Fernando Henrique prova continuar querendo que se esqueça o que disse, por escrito ou de viva voz. Em entrevista a Mário Magalhães e a Josias de Souza, para o UOL, disse ele que “o PT está fincado nos menos informados, que coincide de serem os mais pobres”.
Não há como negar a interpretação de que a frase atribui o voto no PT a inferioridades culturais e sociais, não existentes nos eleitores de outros partidos. Ninguém, portanto, entre os muitos que viram na frase uma divisão preconceituosa do eleitorado, mentiu sobre a autoria, a própria frase e o seu sentido, como Fernando Henrique os acusa com virulência. O blog do Mário Magalhães ainda remete para a entrevista.
Entre o Bolsa Família e a Bolsa de Valores, há mais do que uma disputa eleitoral entre os mal informados e os bem deformados.”


Cineasta reúne história sobre a venda de ativos públicos desde a era Vargas. Assista

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por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
Fundamental assistir ao documentário do Sílvio Tendler - A Distopia do capital -. Temos debatido aqui nesse espaço a importância de todos, todos mesmos, trabalhadores, trabalhadoras, estudantes e a sociedade em geral, procurar entender o que pode significar para o país a vitória do candidato Aécio "arrocho" Neves.
O documentário postado logo abaixo, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=A8As8mFaRGU&feature=youtu.be, expõe de forma nua e crua a quem realmente  governos do tipo PSDB defendem.
Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, esse último, do PSDB e o maior padrinho político do hoje candidato a presidente Aécio, instalaram no Brasil o neoliberalismo e junto a essa política, implementaram o segundo maior desmonte de um Estado em toda a história do planeta, não é apenas do Brasil, é do mundo todo.
Você precisa entender o que pode acontecer se o PSDB voltar ao governo central. O que restou do patrimônio público: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, os rios da Amazônia, o ar que você respira e ainda não paga...tudo corre o risco de ser vendido a preço de banana como foi feito com a Companhia Vale do Rio Doce, com o Sistema Telebrás, Embraer etc.
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Cineasta reúne história sobre a venda de ativos públicos desde a era Vargas. Assista
Por Redação
O cineasta Silvio Tendler acaba de lançar seu novo filme Privatizações: a Distopia do Capital. No documentário de 56 minutos, intelectuais, políticos e educadores abordam o Estado mínimo; a venda de ativos públicos ao setor privado; o ônus decorrente das políticas de desestatização.
O flme é uma realização do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), com o apoio da CUT Nacional, trazendo a assinatura da produtora Caliban.
De acordo com Tendler, a perspectiva da produtora e dos realizadores é promover o debate em todas as regiões do país como forma de avançar “na construção da consciência política e denunciar as verdades que se escondem por trás dos discursos hegemônicos”.
“Imagine cidadão, que o ar que você respira agora no Raso da Catarina pode estar sendo vendido em Cingapura ou as águas do rio Amazonas, que há milênios correm no mesmo leito, passarão a ser chamadas de blue gold – ouro azul – e passariam à propriedade de meia dúzia de empresas que vão tentar te convencer que a água paga é melhor do que o livre acesso de água para todos”, questiona um dos trechos do filme.
Assista ao filme abaixo



sábado, 11 de outubro de 2014

Bomba! A pesquisa Ibope que a mídia escondeu!


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Por Miguel do Rosário

Na pesquisa Ibope divulgada ontem,  nas páginas 51 a 77 do relatório completo, há um conjunto de dados que a mídia fingiu não existir.
O entrevistador perguntou ao eleitor qual o candidato que melhor representa os seguintes setores: ricos, agricultura, empresários, bancos, defesa do meio ambiente, aposentados, jovens, trabalhadores e pobres.
Aécio ganhou somente entre ricos, empresários  e bancos.
Dilma ganhou nos seguintes itens: agricultura, defesa do meio ambiente, aposentados, jovens, trabalhadores e pobres.
E ganhou disparada na frente.
Fácil entender porque a mídia, aecista histérica, quis esconder, né?
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NauFraga: não vai sobrar muito do BB e da Caixa Áudio é a prova: NauFraga é a verdadeira Neca Setúbal

Conversa Afiada reproduz artigo da Rede Brasil Atual:

‘MINISTRO’ DE AÉCIO, ARMÍNIO FRAGA DEFENDE REDUÇÃO DOS BANCOS PÚBLICOS

Em áudio divulgado pela internet, o economista, que já havia dito que a valorização do salário mínimo ‘atrapalha’, diz que, em sua gestão, do BNDES, Banco do Brasil e Caixa não deverá ’sobrar muito’


São Paulo – Já ‘nomeado’ por antecipação ministro da Fazenda em um eventual governo de Aécio Neves (PSDB), Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, defende a redução do papel dos bancos públicos na economia brasileira. Em áudio divulgado pelo blog O Cafezinho, ele chega a dizer que não sabe bem “o que vai sobrar no final da linha, talvez não muito”.


No trecho da apresentação, Armínio afirma que o modelo brasileiro – formado por “três grandes bancos públicos em atuação”, BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal –, “não é um modelo favorável ao crescimento, ao desenvolvimento” do país.


“Sabemos, da nossa própria história e da história universal dos bancos públicos”, justifica. Em um trecho adiante, Fraga afirma “Não estou advogando aqui fechar o BNDES”, ressalta. “Mas não sei muito bem o que vai sobrar no final da linha, talvez não muito.”


O autor do blog, Miguel do Rosário, escreve em seu post:


“É importante destacar que Fraga mente ao falar da ‘história’ do crescimento. Todos os países desenvolvidos cresceram com enormes investimentos públicos. E hoje, os países que mais crescem, são os que tem bancos públicos fortes, como China. E os bancos privados são justamente os principais responsáveis pelas periódicas crises financeiras que vêm drenando recursos do Estado para mãos de algumas instituições bancárias.


“A acusação de que os bancos públicos são capturados por interesses ‘públicos e privados’ é inconsequente, porque finge ignorar que o mesmo acontece, numa escala infinitamente superior, com os bancos privados.


https://soundcloud.com/jair-silva-31/arminio-fraga