segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O retorno de George Orwell

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Cena de “1984”, filme de Michael Radford adptado a partir do romance original. Para Pilger, “na política, assim como no jornalismo e nas artes, parece que a dissidência, antes tolerada no ‘mainstream’, voltou a ser uma dissidência: um submundo metafórico”

por José Gilbert Arruda Martins (professor)
O artigo abaixo de John Pilger, faz lembrar que vivemos uma espécie de construção do que chamo "substituição do cidadão pelo consumista". Não que a presidente Dilma Roussef ou Lula da Silva, tenham governado com esse intuito. Minha tese é que o "livre" mercado, o grande poder econômico é que tem aos poucos, com o apoio da "grande" mídia, instalado em nossa sociedade uma espécie de 1984.
Por que defendo essa teoria? Vejamos, na década de 1970 e 1980, estudantes universitários capitaneados pela UNE - União Nacional dos Estudantes -, estavam à frente das questões políticas e sociais, em grandes e importantes movimentos de rua. Os sindicatos idem, os trabalhadores também. No entanto, ao longos dos últimos 20 anos, a luta arrefeceu, perdemos nossas bandeiras, não se luta mais por causas maiores - talvez, com raras exceções - a luta dos grupos homossexuais que fazem grandes movimentos de rua -, no resto, até os trabalhadores organizados em sindicatos/confederações importantes, só aparecem, por exemplo, no dia 1° de maio se tiver um sorteio de apartamento ou outra coisa grande.
A classe média, nem se fala, é só olhar a atual campanha eleitoral, esse grupo, que parece tornar-se mais conservador com o passar do tempo, tem dado seu apoio aos candidatos mais atrasados, ultrapassados e ultraconservadores de direita, com ideias que chegam a surpreender até Adolfo Hitler. A impressão que passa é que, querem apenas consumir, viajar, enfim, facilidades que o só dinheiro pode comprar.
A coisa pega quando observamos a classe de trabalhadores e trabalhadoras que deveria ser a mais esclarecida, a menos egocêntrica, a mais progressista a menos conservadora ou preconceituosa que são os professores e professoras pensarem do mesmo jeito, se preocupar apenas com o hoje quando falam da questão social e política. Colegas que fazem leitura/assinatura da veja e usam essa mesma leitura como formação para seus argumentos sobre questões triviais - o que é aceitável - e até questões maiores sobre o país e seu povo - o que, não é aceitável -. Depois usam a sala de aula e a sala de professores  para defender "com unhas e dentes" suas "verdades" retiradas das páginas da veja ou do noticiário da globo.
É, como defende o texto abaixo, a volta de George Orwell. Estamos construindo aos poucos uma sociedade que não pensa. Uma sociedade guiada pelos interesses do consumismo. A grande e importante questão é, chegaremos onde? quem ganhará ou perderá?

O retorno de George Orwell
Como despolitização, mídia submissa ao Estado e cinismo dos intelectuais estão produzindo, nas antigas democracias ocidentais, um ambiente “1984 high-tech”
Por John Pilger | Tradução: Mariana Bercht Ruy
Uma noite dessas, assisti ao 1984, de George Orwell, interpretado no teatro, em Londres. Apesar de clamar por uma interpretação contemporânea, o alerta de Orwell sobre o futuro foi apresentado como algo de época: remoto, pouco ameaçador , quase tranquilizador. Foi como se Edward Snowden não tivesse revelado nada, o Grande Irmão não fosse um bisbilhoteiro digital e o próprio Orwell nunca tivesse dito “ninguém precisa viver em um país totalitário para ser corrompido pelo totalitarismo”.
Aclamada pela crítica, a hábil produção foi um sinal de nossos tempos, políticos e culturais. Quando as luzes acenderam, as pessoas já estavam de saída. Pareciam indiferentes, ou talvez outras distrações as atraíssem. “Que confusão”, disse uma jovem, ao ligar seu celular.
À medida que sociedades avançadas vão sendo despolitizadas, as mudanças são tão súbitas quanto espetaculares. No discurso cotidiano, a fala política está de ponta cabeça, como Orwell profetizou em 1984. “Democracia” transformou-se em um aparato retórico. Paz é “guerra permanente”. “Global” é imperial. O conceito, uma vez esperançoso, de “reforma” agora significa regressão, e mesmo destruição. “Austeridade” é a imposição do capitalismo extremo aos pobres e a benção da socialização das perdas para os ricos: um engenhoso sistema no qual a maioria paga as contas da minoria.
Nas artes, a hostilidade a quem diz verdades políticas é um artefato da fé burguesa. “O período vermelho de Picasso e por que política não faz boa arte”, diz uma manchete doObserver. Considere isso em um jornal que promoveu o banho de sangue no Iraque como uma cruzada liberal. A vida de Picasso, de oposição ao fascismo, é apenas uma nota de rodapé, assim como o radicalismo de Orwell desbotou do prêmio que leva seu nome.
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Alguns anos atrás, Terry Eagleton, então professor de Literatura Inglesa na Universidade de Manchester, avaliou que “pela primeira vez em dois séculos, não há nenhum poeta, dramaturgo ou romancista eminente inglês preparado para questionar os alicerces do modo de vida ocidental” Nenhum Shelley fala pelos pobres, ou Blake pelos sonhos utópicos; nenhum Byron condena a corrupção da classe dominante, nenhum Thomas Carlyle ou John Ruskin revela o desastre moral do capitalismo. William Morris, Oscar Wilde, H. G. Wells, George Bernard Shaw, nenhum tem equivalentes hoje. Harold Pinter foi o último a erguer sua voz. Entre as insistentes vozes dos consumidores de feminismo, nenhuma ecoa Virginia Woolf, que descreveu “ as artes de dominar outras pessoas… de mandar, de matar, de adquirir terra e capital”.
No National Theatre, uma nova peça, Great Britain, satiriza o escândalo da vigilância telefônica que levou a julgamento e condenou jornalistas, incluindo um antigo editor doNews of the World, de Rupert Murdoch . Descrita como uma “farsa com dentes [que] põe toda a cultura incestuosa [midiática] na berlinda e a sujeita ao ridículo impiedoso”, a peça tem como alvos os “abençoadamente engraçados” personagens dos tabloides britânicos. Isso é muito bom, e também muito familiar. O que dizer da mídia não sensacionalista que se considera honrada e digna de crédito, mas desempenha um papel paralelo como arma de Estado e do poder corporativo, como na promoção da guerra ilegal?
inquérito Leveson sobre vigilância telefônica permitiu ver de relance estes fatos impronunciáveis. Tony Blair dirigia-se ao público , reclamando ao Seu Senhor sobre o assédio dos tabloides à sua mulher, quando foi interrompido por uma voz da plateia. David Lawley-Wakelin, um cineasta, demandava a prisão de Blair por crimes de guerra. Houve uma grande pausa: o choque da verdade. Lorde Leveson ficou em pé em um salto, mandou expulsar o contador de verdades e pediu desculpas ao criminoso de guerra. Lawley-Wakelin foi processado; Blair ficou livre.
Os cúmplices permanentes de Blair são mais respeitáveis que grampeadores de telefone. Quando a apresentadora de artes da BBC, Kirsty Wark, entrevistou-o no décimo aniversário da invasão ao Iraque, ela o presenteou com um momento com o qual ele só poderia sonhar. Permitiu-lhe lamentar sua “difícil” decisão no Iraque, ao invés de chamá-lo a prestar contas sobre o seu crime épico. Isso fez lembrar a procissão de jornalistas da BBC, que, em 2003, declararam que Blair poderia se sentir “vingado” e o subsequente seriado da BBC, “The Blair Years”, para o qual David Aaronovitch foi escolhido como escritor, apresentador e entrevistador. Um bate-pau de Murdoch que fez campanha em favor dos ataques militares ao Iraque, Líbia e Síria, Aaronovitch soube bajular com esperteza.
Desde a invasão do Iraque – exemplo dum ato de agressão não provocada, algo que o procurador de Nuremberg, Robert Jackson, chamou de ”o supremo crime internacional, que diferencia-se dos outros crimes de guerra por conter acumulado em si todo o mal” – Blair e seu porta-voz e principal cúmplice, Alastair Campbell, têm recebido espaços generosos no The Guardian para reabilitar suas reputações. Descrito como uma “estrela” de partidos trabalhistas, Campbell buscou a simpatia de seus leitores por sua depressão e exibiu seus interesses, embora escondesse seu atual – de conselheiro, junto com Blair, da tirania militar egípcia.
Enquanto o Iraque vai sendo desmembrado como consequência da invasão de Blair e de Bush, uma manchete do Guardian declara: “Derrubar Saddam estava certo, mas fizemos isso muito cedo”. Isso coincide com um proeminente artigo de 13 de Junho, escrito por um antigo funcionário de Blair, John McTernan, que também serviu ao ditador iraquiano instalado pela CIA, Iyad Allawi. Ao falar da invasão repetida a um país que seu antigo mestre havia ajudado a destruir, McTernan não faz nenhuma referência às mortes de pelo menos 700 mil pessoas, à fuga de quatro milhões de refugiados e ao tumulto sectário de uma nação outrora orgulhosa da sua tolerância comum.
“Blair encarna a corrupção e a guerra”, escreveu o colunista radical do Gardian, Seumas Milne, em um artigo espirituoso em 3 de Julho. No comércio, isso é conhecido como “balanço”. No dia seguinte, o jornal publicou um anúncio de página inteira de um bombardeiro invisível norte-americano. Na imagem ameaçadora do avião, estavam as palavras ”O F-35. ÓTIMO para a Grã-Bretanha”. Essa outra encarnação da “corrupção e da guerra” vai custar aos contribuintes britânicos 2,1 bilhões de dólares, e seus modelos antecessores têm massacrado gente pelo mundo em desenvolvimento.
Em uma vila no Afeganistão, habitada pelos mais pobres dentre os pobres, filmei Orifa, ajoelhada no túmulo de seu marido, Gul Ahmed, um tecelão de tapetes, e de sete outros membros da sua família, incluindo seis filhos e duas crianças que foram mortas na casa adjacente. Uma bomba de “precisão” de mais de duzentos quilos caiu diretamente na sua casa de lama, pedras e palha, deixando uma cratera de 15 metros de largura. A Lockheed Martin,fabricante do avião, teve lugar de honra na propaganda do The Guardian.
A antiga secretária de Estado e aspirante a Presidente dos Estados Unidos, Hillary Clinton, esteve recentemente no quadro da BBC “Hora das Mulheres” [“Women's Hour”], a quintessência da respeitabilidade da mídia. A apresentadora, Jenni Murray, apresentou Clinton como um farol das conquistas femininas. Ela não lembrou seus ouvintes sobre a mistificação de Clinton, segundo a qul o Afeganistão foi invadido para “liberar” mulheres como Orifa. Ela não perguntou nada a ex-secretária sobre a campanha de terror, conduzida por seu governo, usando drones, para matar mulheres, homens e crianças. Não houve menção à ameaça vã de Clinton, durante sua campanha para ser a primeira presidente mulher, de “eliminar” o Irã, e nada sobre o seu apoio à vigilância maciça e ilegal sobre os cidadãos e a perseguição a quem a denuncia.
Ah, sim – Murray fez uma pergunta indiscreta. Clinton perdoou Monica Lewinsky por ter um caso com seu marido? “O perdão é uma escolha”, disse Clinton, “para mim, foi certamente a melhor escolha ”. Isso fez lembrar a década de 90 e os anos consumidos pelo “escândalo” Lewinsky. O Presidente Bill Clinton estava, então, invadindo o Haiti e bombardeando os Balcãs, a África e o Iraque. Ele também estava destruindo a vida de crianças iraquianas; a Unicef reportou que as mortes de meio milhão de crianças iraquianas com menos de cinco anos foi resultado de um embargo liderado pelos EUA e a Grã-Bretanha.
As crianças não eram pessoas para a mídia, assim como as vítimas de Hillary Clinton nas invasões que ela apoiou e promoveu – Afeganistão, Iraque, Iêmen, Somália – não são pessoas para a mídia. Murray não fez referências a elas. Uma fotografia dela e da sua distinta convidada, sorridentes, aparece no site da BBC.
Na política, assim como no jornalismo e nas artes, parece que a dissidência, antes tolerada no “mainstream”, voltou a ser uma dissidência: um submundo metafórico. Quando comecei uma carreira na imprensa britânica, nos anos 60, era aceitável criticar o poder ocidental como uma força voraz. Leia os festejados relatos de James Cameron sobre a explosão da bomba de hidrogênio no Atol de Bikini, a guerra bárbara na Coreia e o bombardeio americano no Vietnã do Norte. A grande ilusão de hoje é sobre uma suposta Era da Informação quando, na verdade, vivemos em uma Era da Mídia, na qual a incessante propaganda corporativa é insidiosa, contagiosa, efetiva e liberal.
Em seu ensaio “Sobre a Liberdade” [“On Liberty”], de 1859, ao qual os liberais modernos prestam homenagem, John Stuart Mill escreveu: “Despotismo é um modo legítimo de governo no trato com bárbaros, desde que o fim seja melhorá-los, e tendo os meios justificados pelo cumprimento do objetivo”. Os “bárbaros” eram grandes setores da humanidade de quem era exigida “obediência implícita”. “É um mito bom e conveniente que os liberais são promotores da paz e os conservadores são os fomentadores da guerra”, escreveu o historiador Hywel Williams em 2001, “mas o imperialismo da veia liberal talvez seja mais perigoso, por causa da sua natureza aberta: sua convicção de que representa uma forma de vida superior”. Ele tinha em mente um discurso de Blair, em que o então primeiro ministro prometeu “reorganizar o mundo ao redor de nós” de acordo com os seus “valores morais”.
Richard Falk, respeitada autoridade em lei internacional e Relator Especial da ONU na Palestina, uma vez descreveu uma “tela moral e legal hipócrita, de via única, com imagens positivas de valores ocidentais e da inocência retratada como sob ameaça, que valida uma campanha de violência política irrestrita”. Isso é “tão amplamente aceito que é virtualmente incontestável.”
Posse e proteção recompensam os que se submetem. Na Rádio 4 da BBC, Razia Igbal entrevistou Toni Morrison, a afro-americana laureada pelo Nobel. Morrison se perguntava por que as pessoas estavam “tão bravas” com o Barack Obama, que era “legal” e desejava construir uma “economia e assistência médica fortes”. Morrison estava orgulhosa de ter falado ao telefone com o seu herói, que leu um de seus livros e a convidou à cerimônia de sua posse .
Nem ela, nem sua entrevistadora, mencionaram as sete guerras de Obama, nem a sua campanha de terror com drones, na qual famílias inteiras foram executadas, assim como quem tentava socorrê-las ou orava por elas. O que parecia importar era que um homem negro e “de fala elegante” havia subido ao mais alto comando do poder. Em “Os Condenados da terra”, Frantz Fanon escreveu que a “missão histórica” dos colonizados era servir de “linha de transmissão” para aqueles que comandavam e oprimiam. Nos tempos atuais, o emprego da diferença étnica no poder e sistema de propaganda ocidentais é visto como essencial. Obama exemplifica isso, ainda que o gabinete de George W. Bush – sua panelinha belicosa – tenha sido o mais multirracial na história presidencial.
Quando a cidade iraquiana de Mosul caía sob o poder dos jihadistas do ISIS, Obama afirmou: “O povo americano faz grandes investimentos e sacrifícios para dar aos iraquianos a oportunidade de traçar um destino melhor”. Quão “legal” é essa mentira? Quão “elegantemente falado” foi o discurso de Obama na academia militar West Pointem 28 de maio? Quando fez seu discurso a respeito da “situação mundial”, na cerimônia de graduação daqueles que “vão exercer a liderança americana” ao redor do mundo, Obama disse: “Os Estados Unidos vão usar força militar, unilateralmente se necessário, quando os nossos interesses centrais demandarem isso. A opinião internacional importa, mas a América nunca vai pedir permissão…”
Ao repudiar o direito internacional e os direitos das nações independentes, o presidente norte-americano reivindica uma divindade baseada no poder da sua “nação indispensável”. Essa é uma mensagem familiar da impunidade imperial. Evocando o começo do fascismo na década de 30, Obama disse: “eu acredito na excepcionalidade americana com todas as fibras do meu ser”. O historiador Norman Pollack escreveu: “No lugar da marcha ao passo de ganso [típica do fascismo], coloque a militarização de toda a cultura, aparentemente mais inócua. E em vez do líder tonitruante, nós temos o projeto de reformista, alegre no seu trabalho, planejando e executando assassinatos, sorrindo todo o tempo’.
Em fevereiro, os EUA montaram um dos seus golpes “coloridos” contra o governo eleito na Ucrânia, explorando protestos genuínos contra a corrupção em Kiev. A secretária de Estado assistente de Obama, Victoria Nuland, escolheu pessoalmente o líder para um “governo interino”. Ela o apelidou “Yats”. O vice presidente Joe Biden foi a Kiev, assim como o diretor da CIA, John Brennan. As tropas de choque do seu putsch eram fascistas ucranianos.
Pela primeira vez desde 1945, um partido neo-nazista, abertamente anti-semita, controla setores fundamentais do poder público em uma capital europeia. Nenhum líder europeu ocidental condenou essa recuperação do fascismo na fronteira através da qual as tropas invasoras de Hitler tiraram milhões de vidas russas. Eles eram apoiados pelo Exército Insurgente Ucraniano (UPA), responsável pelo massacre de judeus e russos que chamam de “vermes”. O UPA é a inspiração histórica do atual Partido Svoboda e seus companheiros de viagem da direita. O lider do Svoboda, Oleh Tyanybok, pediu o expurgo da “máfia moscovita-judia” e “outra escória”, incluindo gays, feministas e pessoas de esquerda.
Desde o colapso da União Soviética, os Estados Unidos cercaram a Rússia de bases militares, aviões nucleares de guerra e mísseis, como parte do seu Projeto de Ampliação OTAN. Renegando uma promessa feita ao presidente soviético Mikhail Gorbachev em 1990, de que a não se expandiria “uma polegada para o leste”, a OTAN tem, com efeito, ocupado militarmente a Europa Oriental. No antigo Cáucaso Soviético, a expansão da OTAN é a maior mobilização militar desde a Segunda Guerra Mundial.
O Plano de Ação para Adesão à OTAN é o presente de Washington ao regime golpista em Kiev. Em Agosto, a “Operação Rapid Trident” vai colocar tropas norte-americanas e britânicas na fronteira russa da Ucrânia; e a “Sea Breeze” vai colocar navios de guerra estadunidenses tão próximos dos portos russos que poderão ser vistos a olho nu. Imagine a resposta, se esses atos de provocação e intimidação fossem executados nas fronteiras americanas.
Na recuperação da Crimeia – que Nikita Kruschev separou ilegalmente da Rússia, em 1954 – os russos defenderam-se como têm feito por quase um século. Mais de 90% da população da Crimeia votou favoravelmente a reincorporar o território à Rússia. A Crimeia é a base da Frota do Mar Negro e sua perda significaria vida ou morte para a Marinha Russa e um prêmio para a OTAN. Confundindo as forças em guerra em Washington e Kiev, Vladimir Putin retirou as tropas da fronteira ucraniana e pediu aos russos do leste da Ucrânia que abandonassem o separatismo.
De maneira orwelliana, isso foi invertido no Ocidente, para se converter na “ameaça Russa”. Hillary Clinton associou Putin a Hitler. Sem ironia, comentaristas de direita alemães disseram o mesmo. Na mídia, os neo-nazistas ucranianos são tratados com eufemismos: “nacionalistas”, ou “ultra-nacionalistas”. O que eles temem é que Putin esteja buscando uma saída diplomática e talvez tenha sucesso. Em 27 de junho, em resposta ao último ajuste de Putin – seu pedido ao parlamento russo para rescindir da lei que lhe deu poder para intervir pelos russos na Ucrânia – o secretário de Estado John Kerry emitiu mais um de seus ultimatos. A Rússia deveria “agir dentro das próximas horas, literalmente” para acabar com a revolta no leste da Ucrânia. Não obstante Kerry seja amplamente reconhecido como um bufão, o propósito sério desses “avisos” é conferir à Rússia o status de pária e suprimir as notícias da guerra do regime de Kiev ao seu próprio povo.
Um terço da população da Ucrânia é russo-falante e bilíngue. Buscam há muito tempo uma federação democrática que reflita a diversidade étnica da Ucrânia e que seja tanto autônoma quanto independente de Moscou. A maioria não é nem “separatista” nem “rebelde”, mas cidadãos que querem viver com segurança em seu país. O separatismo é uma reação aos ataques da junta de Kiev contra eles, que provocaram a fuga de cerca de 110 mil pessoas (segundo estimativa da ONU)pela fronteira, em direção à Rússia. Tipicamente, são mulheres e crianças traumatizadas.
Assim como as crianças vítimas do embargo ao Iraque, ou as mulheres e crianças “liberadas” do Afeganistão, aterrorizadas pelos senhores da guerra da CIA, esse povo étnico da Ucrânia não é gente para a mídia ocidental. Seu sofrimento e as atrocidades cometidas contra ele são minimizados ou suprimidos. Nenhum senso da escala da agressividade do regime é relatado nos meios de comunicação ocidental tradicionais. Isso não é sem precedentes. Relendo o magistral “A Primeira Vítima: o correspondente de guerra como herói, propagandista, e criador de mitos” de Phillip Knightley, pude renovar minha admiração por Morgan Philips Price, que, pelo Manchester Guardian, foi o único repórter ocidental a permanecer na Rússia durante a revolução de 1917 e reportar a verdade sobre a desastrosa invasão dos aliados ocidentais. Justo e corajoso, Philips Price sozinho sacudiu aquilo que Knightley chama de “silêncio negro” anti-russo no Ocidente.
Em 2 de maio, em Odessa, 41 ucranianos de etnia russa foram queimados vivos na sede da central sindical, com a polícia assistindo. Há um vídeo horrível como evidência. O líder da direita, Dmytro Yarosh, comemorou o massacre como “mais um dia brilhante na nossa história nacional”. Na mídia norte-americana e britânica, o ocorrido foi reportado como uma “tragédia obscura”, resultando de confrontos entre “nacionalistas” (neo-nazistas) e “separatistas” (pessoas coletando assinaturas para um referendo em favor de um sistema federativo para a Ucrânia. O New York Times enterrou a notícia, tendo considerado “propaganda russa” os alertas sobre as políticas fascistas e anti-semitas dos novos clientes de Washington. O Wall Street Journal responsabilizou as vítimas – “Incêndio Ucraniano Mortal Iniciado por Rebeldes, diz o governo”. Obama felicitou a junta pela sua “moderação”.
No dia 28 de junho, o Guardian dedicou a maior parte de uma página às declarações do “presidente” do regime de Kiev, o oligarca Petro Poroshenko. Novamente, a regra de inversão de Orwell aplicada. Não havia golpe; não havia guerra contra a minoria ucraniana; os russos eram culpados de tudo. “Nós queremos modernizar nosso país”, disse Poroshenko. “Nós queremos introduzir liberdade, democracia e valores europeus. Alguém não gosta disso. Alguém não gosta de nós por isso.”
Segundo seu próprio texto, o repórter do Guardian, Luke Harding, não questionou estas afirmações, nem mencionou o massacre de Odessa, os ataques do regime, por ar e canhões, contra áreas residenciais, a execução e sequestro de jornalistas, a explosão de um jornal de oposição e a ameaça de Poroshenko de “livrar a Ucrânia da sujeira e dos parasitas”. Os inimigos são os “rebeldes”, “militantes”, “isurgentes”, “terroristas” e lacaios do Kremlin. A história evoca os fantasmas do Vietnã, Chile, Timor Leste, África do Sul, Iraque; observe os mesmos rótulos. A Palestina é o sinal mais claro dessa manipulação imutável. Em 11 de julho, na sequência de mais um massacre israelense em Gaza, praticado com equipamento americano, em Gaza – 80 pessoas, incluindo seis crianças em uma família foram mortas –, um general israelense encreveu, no Guardian, um texto intitulado: “Uma demonstração de força necessária”.
Na década de 70, conheci Leni Riefenstahl e perguntei a ela a respeito dos seus filmes que glorificavam os nazistas. Usando técnicas revolucionárias de luz e câmera, ela produziu um documentário que hipnotizou os alemães; era o seu “O Triunfo da Vontade” que, como se sabe, lançou o feitiço de Hitler. Perguntei a ela sobre a propaganda nas sociedades que se consideram superiores. Ela respondeu que as “mensagens” nos seus filmes eram dependentes não das “ordens de cima”, mas de um “vazio submisso” na população alemã. “Isso inclui a burguesia liberal e educada?” perguntei. “Todos,” ela respondeu, “e, é claro, a intelligentsia”.

domingo, 5 de outubro de 2014

Manchetômetro é a autópsia do PiG! E ainda chamam isso de imprensa

No Conversa Afiada - 05/10/2014
O Ansioso blogueiro recebeu esse email:

​Caro PHA,

Envio aqui o link para a nova página do Manchetômetro sobre os escândalos na cobertura de 2014. É impressionante. Se tiver tempo, por favor dê uma olhada.



ESCÂNDALOS

O estudo que feito no âmbito do LEMEP acerca da cobertura das eleições presidenciais de 2010 na grande mídia imprensa mostrou um número muito alto de escândalos no material noticiado. Naquele pleito 6 escândalos tiveram destaque, cinco negativos para o PT e sua candidata, Dilma Rousseff, e um negativo para o PSDB. No total da cobertura foram 1501 textos sobre os “escândalos do PT” e 82 sobre o único “escândalo do PSDB”.


Na cobertura da eleição de 2014 o número de “escândalos” é ainda maior. Contrários ao PT são: Correios de Minas Gerais, Doleiro Yousseff, Graça Forster na CPI, Mensalão, Miriam Leitão na Wikipedia e Petrobrás. Contrários ao PSDB temos: Aeroporto de Cláudio, Alstom, Cantareira/Água em São Paulo, Mensalão Tucano e Metrô de São Paulo.


Os gráficos abaixo mostram a frequência e distribuição temporal desses “escândalos” nas capas dos grandes jornais.


COBERTURA AGREGADA


O gráfico abaixo mostra o número de matérias que cada escândalo recebeu na cobertura da mídia por todo ano de 2014. A cor azul marca os escândalos contrários ao PSDB e a vermelha os contrários ao PT.



SITUAÇÃO X OPOSIÇÃO (AGREGADO)


O gráfico abaixo mostra o número de matérias sobre escândalos agregadas por partidos, PSDB e PT, respectivamente, oposição e situação. A base de dados cobre os textos de capa de todo ano de 2014. A cor azul marca os escândalos contrários ao PSDB e a vermelha os contrários ao PT.





SITUAÇÃO X OPOSIÇÃO (TEMPORAL)


O gráfico abaixo mostra a distribuição temporal de matérias sobre escândalos agregadas por partidos, PSDB e PT, respectivamente, oposição e situação. A base de dados cobre os textos de capa de todo ano de 2014, e a unidade de tempo é o mês. A cor azul marca os escândalos contrários ao PSDB e a vermelha os contrários ao PT.




SÉRIE TEMPORAL SEMANAL: SITUAÇÃO (PT)


O gráfico abaixo mostra o número de matérias que cada escândalo contrário ao PT recebeu durante a campanha eleitoral, que teve início no dia 6 de julho de 2014. A unidade de tempo é a semana.




SÉRIE TEMPORAL SEMANAL: OPOSIÇÃO (PSDB)


O gráfico abaixo mostra o número de matérias que cada escândalo contrário ao PSDB recebeu durante a campanha eleitoral, que teve início no dia 6 de julho de 2014. A unidade de tempo é a semana.




Presidenta Dilma vota em Porto Alegre Dilma volta a Brasília após almoço

           Dilma levou cerca de um minuto e meio para registrar o voto na urna

A Presidenta e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, votou às 8h47 na Escola Estadual Santos Dumont, na Zona Sul de Porto Alegre (RS), neste domingo (5). 

Ela estava acompanhada por Tarso Genro (PT), governador e candidato ao segundo mandato.

Dilma 51 vs Bláblá 24. É no 1° turno ! O DataCaf trata dos votos VÁLIDOS


Conversa Afiada - 05/10/2014

Aecioporto fica com 22.

O DataCaf apurou esse tracking ontem, sábado (4), à tarde.

É posterior, portanto, aos “campos” do Globope e seu carimbo, o Datafalha.

Paulo Henrique Amorim

sábado, 4 de outubro de 2014

Datafolha trava Dilma em 40%

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Autor: Miguel do Rosário - Tijolaço
Números do Datafolha que acabam de ser divulgados.
Eles estão travando Dilma em 40% há 4 pesquisas.
Aécio ultrapassou numericamente Marina e está com viés de alta.
Marina continua em queda livre.
No segundo turno, Datafolha traz Aécio melhor posicionado que Marina.

São Paulo impõe sua vontade: Aécio à frente de Marina. Agora, é só impedir o 1° turno…

direita

Autor: Fernando Brito   -  Tijolaço

Verdadeiro ou falso, o fato é que há duas verdades nesta anunciada ultrapassagem de Aécio Neves sobre Marina Silva anunciada pelo Datafolha e pelo Ibope na véspera da eleição.
A primeira é que Marina cai, cai, cai, como consequência de sua própria inconsistência política, um fenômeno que, faz tempo, a gente vem insistindo que se iniciou logo depois de sua mórbida disparada midiática  com a morte de Eduardo Campos.
A segunda é que o alto comando da direita brasileira, sediado em Saõ Paulo,  tem boas chances de conseguir recuperar não apenas  sua presença no segundo turno das eleições – mesmo que a situação seja de “empate técnico”, imagine a repercussão disso pela TV e pelos jornais… – como a de levar Marina ao papel que ela tem agora, como teve em 2010: o de viabilizar uma segunda chance para a direita brasileira num segundo turno.
Aliás, melhor desta vez do que na anterior, porque a necessidade de desmanchar a montagem elitista e midiática que se construiu em torno dela interditou a discussão que é real no Brasil: o que Lula representaversus o significado do tucanato.
É fato que não se pode descartar que a eleição feche no primeiro turno, porque é impensável que em meio ao declínio de Marina, nada se transfira a Dilma, sobretudo nas regiões mais sofridas do país, como o Nordeste, onde a candidata do PSB ainda ostenta bons números e Aécio é uma pixotada. E com os sinais de que Dilma cresce em todos os estados.
Mas o sucesso da direita pára por aí.
Consumado, ele levaria ao segundo turno alguém fraco por uma derrota em seu estado “vitrine”, politica e moralmente inconsistente e vazio em ideias.
Medições feitas  para o segundo turno agora refletem apenas o anti-dilmismo que Marina  imprimiu à sua campanha.
A porção de classe-média de seu eleitorado, sim, talvez se transfira em maior número para o tucano.
Mas não o povão, onde ela fez o estrago que talvez possa impedir a vitória de Dilma na primeira rodada das eleições, se o conseguir.
Não haverá transferência em massa dos seus 20% no Nordeste e Norte para Aécio, nem das pequenas “máquinas” estaduais do PSB para ele.
Os números das pesquisas lhes deixam margem para “ajustar” tudo a uma eventual frustração de suas “ordens” estatísticas.
Mas não estão fazendo nada senão, como em 2010, construírem um “tempo extra” onde mais factoides midiático-policiais lhes propiciem chances de ser o que não são: a escolha do povo brasileiro.

O passado que o PSDB quer esconder

A sociedade brasileira tem memória. Os trabalhadores e trabalhadoras têm memória.
Memória, em tempos de eleição é coisa de luxo. É importante.
Assista ao vídeo, você que é da época, 1994-2001, vai relembrar, você que é jovem vai conhecer.
O PSDB desmontou o Estado brasileiro e fez um dos piores governos que o Povo e os trabalhadores já experimentaram. Conheça.

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

NauFraga é o Arrocho de sempre Que autoridade tem esse operador de moedas e fortunas ?

Armínio NauFraga é aquele dos juros de 45% ao ano !

Do desemprego de 12,5%.

Ele, portanto, tem autoridade profissional para ser o Ministro da Fazenda do Arrocho Neves.

NauFraga também acha que o Salário Mínimo cresceu muito.

Um jenio !

E acabou de apresentar o “programa” de Governo do Arrocho.

Não precisava.

O “programa” do Arrocho é o do FHC, aquele que quebrou o Brasil (com o NauFraga) três vezes e, sem sapatos,  foi ao FMI.

Graças, é claro, à mãe de todos os mensalões, a compra da reeleição, como bem lembrou a Bláblárina no debate da Globo.

Mas, na véspera da eleição o Arrocho lançou o programa do NauFraga.

Eles são daqueles “idiotas do tripé”, diria o Nelson Rodrigues.

Aliás, essa bendita eleição ofereceu ao Brasil a magnífica oportunidade de opor os parvos do tripé ao método Lulilma.

E o resultado a gente já conhece desde 2002…

Vamos ao “programa” do NauFraga.

- As despesas não podem crescer mais do que as receitas.

Joga fora o Keynes…

É de uma arrogância intelectual impressionante.

Que autoridade intelectual tem esse operador de fortunas para “rever” a obra do Keynes, assim, como quem chupa um picolé ?

Quantos livros já escreveu ?

O que ele já fez na vida, além de administrar a fortuna de ricos – além da dele ?

Seu patrão, o George Soros, pelo menos, escreve livros, participa do debate de ideias e financia atividades democráticas em países autoritarios.

É um mega-bilionário de outra estirpe.

Que, nos Estados Unidos, vota com os trabalhistas.

O discípulo não aprendeu nada com ele – a não ser operar moedas…

O Fernando Henrique também, um dia, achou que o Gustavo Franco era o jenio da raça.

Depois demitiu-o.

O Gustavo Franco, pelo menos, escreve …

- Os juros “normais” serão de 2%.

Para quem praticou 45%, é muita desfaçatez.

Como disse a Dilma à Blablárina, outra autoridade em política monetária: os juros do Brasil, hoje são os mais baixos da História.

- A meta de inflação de 4,5% será atingida em dois anos; depois, reduzida para 3%, com banda de 1,5 ponto (hoje é de 2).

Ou seja, arrocho. Desemprego, cortes no Bolsa Família, no Minha Casa Minha Vida, na construção do submarino nuclear e no finaciamento da safra.

E, para chegar aos 3% de inflação, juros de 45%, para a alegria da Neca Setubal !

É fazer o que os americanos deixaram de fazer e o Draghi vai deixar de fazer na Europa.

O Hemisfério Norte já mudou e os Colonizados ainda não perceberam …

Isso leva tempo, amigo navegante.

Os Colonizados sintonizarem as novas tendências Metropolitanas.

- Arrocho diz que vai levar o investimento de 16,5% para 24% do PIB.

Com a cavalar redução do investimento público, quero ver …

Um jenio !

- Mercosul

E aí vem a pegadinha “beijo na cueca”: “se for obstáculo a uma maior integração comercial, será revisto”.

O que significa isso ?

Fazer do Brasil um México.

Um Estado Associado !

O que significa ser um México ?

Fazer como o novo presidente do PRI, o Peña Nieto, que entregou a PEMEX aos americanos: entregar o pré-sal à Chevron.

Eles rodam, rodam e se agasalham no colo do Titio.

Do Norte.

(E de Cláudio).

NauFraga é daqueles que falam mal  do Brasil no exterior.

E investem pesado aqui na Economia da Dilma – e ganham rios de dinheiro.

Para ele e os clientes.

Paulo Henrique Amorim

Lula aos indecisos: como era o Brasil antes do PT? Lula pede que o último dia da campanha não seja o derradeiro da militância. E que a partir desta sexta-feira, comece um mutirão boca a boca, porta a porta.


Último dia de campanha, último dia de aula da semana e o  debate da sala de Professores e Professoras foi longe. É, o ódio ao Partido dos Trabalhadores fomentado pelo PIG - Partido da Imprensa Golpista, diga-se, Globo, Estadão, Folha, TV Globo...nove família, unidas, centradas, manipulando a opinião pública de quase todo o país -, fez-se presente em nossa nobre sala.

Impressiona as falas raivosas, despolitizadas e ultraconservadoras de parte substancial dos colegas. Costumo defender que nossa classe precisa ir além da revista veja e da rede globo, não é aceitável, educadores e educadoras se pautarem nesses veículos de "comunicação" para argumentarem as questões maiores e sérias desse país. Todos nós conhecemos - ou deveríamos - o que a veja e a globo são capazes. Essa duas respondem hoje dezenas de ações na justiça por calúnia e difamação. O Machetômetro, pesquisa feita pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, mostra o que PHA defende em seu Conversa Afiada há meses, a "grande" mídia no Brasil se tornou um partido político, o PIG - Partido da Imprensa Golpista -, será que nossos colegas já leram sobre? Já refletiram sobre isso? Está passando da hora.

Aqui em Brasília, governada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), vivemos uma situação que tenho debatido aqui nesse espaço. Agnelo, atual governador e candidato à reeleição, quando assumiu há quatro anos, pegou um DF recheado de problemas, corrupção, que envolvia agentes públicos importantes, inclusive o próprio governador na época o Sr. Arruda, obras paralisadas, greves de trabalhadores etc.

Agnelo assumiu, passou dois anos limpando a sujeira deixada pelas "autoridades" anteriores. Sofreu derrotas seguidas da justiça a pedidos da oposição local quando iniciou as audiências públicas e as publicações das regras legais para iniciar a maior transformação que o transporte coletivo já passou, foram meses jogados fora, um longo tempo perdido, até ganhar na justiça o direito de fazer as mudanças - hoje mais de 95% dos ônibus de Brasília foram trocados por novos o modernos veículos -. Brasília está limpa, mais bonita, mais cuidada. Esse governo finalizou cerca de 105 obras deixadas pelo governo anterior e fez outras centenas. Contratou cerca de 7 mil funcionários públicos, desses mais de 3 mil professores.

Como podemos medir um bom governo?
Não são as obras, a transparência com os gastos públicos?
Não é tratar a cidade e as pessoas bem?
Não é criar as condições na saúde e educação para que o Povo tenha melhor qualidade de vida?
Agnelo fez tudo isso. Não jogue fora um projeto que melhorou a vida de todos.
O texto acima foi inspirado no texto postado abaixo. Leia.

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)


Site Conversa Afiada - 04/10/2014



De Saul Leblon, extraído da Carta Maior:


LULA AOS INDECISOS: COMO ERA O BRASIL ANTES DO PT?



Lula pede que o último dia da campanha não seja o derradeiro da militância. 

E que a partir desta sexta-feira, comece um mutirão boca a boca, porta a porta.


Ex-presidentes costumam dar expediente em institutos e fundações de carpete 
macio, gabinetes de mogno e mesas de vidro com aço escovado.


Telefonemas bajuladores e audiências reverenciais compõem uma rotina 

colorida, fatiada de almoços elegantes e recepções requintadas. Amenidades 

bocejam 24 horas por dia no seu entorno.


Bons negócios, comendas, lavanda inglesa e gravatas de seda italiana.


Mas tem um deles que destoa do figurino de voz macia e boutades autocentradas.


Debaixo da garoa fina desta quinta-feira, protegendo a cabeça branca com 

chapéu de boiadeiro que destoa do blusão esportivo, a voz rangendo idade, 

cansaço, estrada, o rosto vincado, lá está ele em Diadema, no cinturão vermelho 

de São Paulo, em cima de uma carroceria, puxando a carreata que fecha o 

primeiro turno da campanha de 2014.


Alguém poderia imaginar que estamos falando de FHC?


Não. Quem está ali com uma mão agarrada ao microfone e a outra a 

gesticular, alternando uma e outra, a voz rouca modulando altos e baixos de 

ironia e indignação, mestre na oralidade, é o único ex-presidente capaz de 

fazer isso como se fosse um novato, a suar a camisa para provar que 

suas ideias pertencem ao mundo através da ação.


O novato no caso é o político que alia a garra de um jovem militante à 

experiência de maior líder popular do Brasil.


Duas vezes ex-presidente da República, ele dá o exemplo da volta às origens 

que cobra do PT.


Levar a disputa às ruas.


Definir o campo de classe dos interesses em jogo.


Voltar às bases, ouvir, falar, engajar e aí nunca mais se omitir.


É isso que ele tem feito com intensidade assustadora para a idade e o 

susto de um câncer diagnosticado há três anos , em 29 de outubro de 2011.


Lula fará 69 anos no dia seguinte ao pleito de 5 de outubro próximo. A contrariar 

o fardo dos outubros, nos últimos nove dias ele visitou nove cidades, fez mais 

de 15 comícios.


Na terça feira, de dia, estava na Capela do Socorro; à noite em Cidade 

Tiradentes, agora em Diadema. Fala duas, três vezes por dia. Como fazia 

no governo.


Fosse FHC, as câmeras de televisão estariam formando uma parede entre o 

orador e a plateia reunida em frente a um supermercado em Diadema.


Mas é Lula; e sendo Lula quem é, tem que ser escondido pelo que representa, 

pelo que já fez, pelo que ainda fará e hoje, sobretudo, pelo que ainda fala e faz.


Ele faz coisas do seguinte tipo: na carreata em Diadema levou anotações com 

dados do site Manchetômetro, um monitoramento de mídia feito por pesquisadores 

da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) sobre a cobertura das 

eleições de 2014.


Durante quase dez minutos Lula dissecou o sentido político dos números 

frios colhidos pelo Manchetômetro.


Fez manchetes com notícias que não saem nos jornais.


Ao mencionar o tempo ocupado por escaladas negativas contra a presidente 

Dilma Rousseff no Jornal Nacional ( 1h46m), por exemplo, recorreu 

à metáfora futebolística e disparou para ninguém mais esquecer: ‘A Globo na 

campanha presidencial de 2014 dedicou mais tempo dando manchetes contra 

a Dilma do que a duração de uma partida de futebol’.


Pronto. Não precisava mais nada.


Mas para reforçar ele não hesitou em sacudir a anotação no ar: sabem quantos 

minutos de noticiário negativo a candidata do PSB teve no mesmo período ?


Nenhum.


Um mestre na pontuação oral.


Sobrou também para os jornalões da ‘gloriosa imprensa brasileira’, como 

ele gosta de alfinetar com ironia ácida.


Um número resume todos os demais.


Desde o início da disputa, em 6 de junho, lembrou a voz rouca, mais afiada 

que nunca, os jornais Folha de SP, Globo e Estadão deram nada menos 

que 490 manchetes negativas contra Dilma.


Uma intensidade mais de quatro vezes superior a soma das manchetes 

negativas atribuídas a Aécio e Marina juntos (114).


A conclusão disso tudo altera a voz rouca, que agora adquire um 

sentimento de indignação diante do qual é impossível ficar indiferente.


Imagine essa cena no Jornal Nacional.


Não acontecerá.


Porque Lula não é FHC e porque FHC jamais diria o que ele vai disparar em 

seguida.


‘Isso acontece porque neste país não existe liberdade de imprensa, mas sim 

a doutrina de nove famílias que dominam a comunicação e nutrem ódio pelo PT. 

Não pelos erros que o PT possa ter cometido’, fuzila a rouquidão indignada. 

‘O PT tem defeito? Tem’, prossegue depois de uma pausa. ‘Mas eles nos 

odeiam não pelos nossos defeitos. E, sim, porque o PT promoveu a ascensão 

social dos pobres neste país. É por isso que desde o início da campanha eles 

atacam a Dilma com o equivalente a três manchetes negativas por dia cada um’.


A indignação contra esse cerco, cujo núcleo duro está arranchado no estado 

de São Paulo, fez o ex-presidente intensificar a campanha de rua no interior 

e na região metropolitana da capital.


Sua determinação extrai força de uma certeza: é preciso enfrentar e romper o 

torniquete de aço contra Dilma, contra Padilha e, sobretudo, contra o PT e 

contra ele próprio. Ou a restauração conservadora pode fechar de vez as 

portas e frestas sociais e geopolíticas arduamente abertas a unha nos 

últimos doze anos.


Ao final da carreta, esse orador empenhado faz um apelo acalorado.


Lula pede que o último dia da campanha não seja o derradeiro da militância. 

Que ela continue a falar o que a sua voz já não poderá mais dizer na boleia 

de um caminhão. E que a partir desta 6ª feira, comece um mutirão boca a boca, 

porta a porta, voto a voto para buscar o eleitor indeciso e decisivo na arrancada 

final para a urna.


A senha que ele sugere à militância diante dos recalcitrantes é a sua convicção 

de que a memória é um pedaço precioso do futuro a ser conquistado nestas eleições.


É com essa certeza que ele faz sua despedida como quem sacode o país pelos 

ombros para espantar o torpor criado pela doutrinação midiática conservadora 

e diz: ‘Perguntem às pessoas se elas se lembram como era o Brasil antes 

de o Lula governar este país’.