segunda-feira, 30 de outubro de 2017

E-commerce brasileiro deve crescer até 15% em 2017

e-commerce brasileiro começa 2017 com boa perspectiva de faturamento: a expectativa é de alta de 10% a 15% no ano, após encerrar 2016 com crescimento previsto de 8% nas contas do Ebit, e de 11% segundo a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico).


A previsão é do presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e CEO da Ebit, Pedro Guasti, com base na Pesquisa Conjuntural do Comércio Eletrônico FecomercioSP/Ebit.

Em 2017, segundo ele, uma estratégia que deve ser usada para as empresas do segmento elevarem as vendas é a oferta de cupons de desconto, mercado que teve bom desempenho em 2016. Já para as empresas que operam apenas no varejo físico, a dica é considerar ampliar o negócio para o mundo virtual, a exemplo de corporações que aumentaram bastante o faturamento com essa alternativa.
Apesar das boas perspectivas para 2017, Guasti afirma que o ano passado poderá ser a primeira vez em anos que o e-commerce corre o risco de crescer apenas um dígito (em 2015, a alta foi de 15% e em 2014, de 24%, de acordo com o Ebit). Porém, diante de um cenário de recuo do setor varejista, é um resultado a se comemorar.
“O ano foi bem difícil para a economia de forma geral e as lojas virtuais também foram impactadas pela crise, apesar de crescer em um cenário no qual a maioria apresenta queda”, diz.
Balanço
De acordo com Guasti, os consumidores que mais deixaram de comprar no comércio eletrônico em 2016 foram os da classe C, que devem representar em 2016 cerca de 35% dos compradores, enquanto em 2015 eram 39%.
No quesito comportamento do cliente, ele destaca o aumento da participação das compras por meio de dispositivos móveis (a expectativa é que dobre o índice de 12% visto em 2015). Já pelo lado das empresas, houve grande preocupação com o resultado (a margem de lucro) e não apenas com o maior número de vendas.
“Isso impactou na redução da oferta de frete grátis e do número de parcelas sem juros no pagamento, além de mais estímulo para os consumidores pagarem suas compras à vista, oferecendo desconto maior para quem pagasse nessa modalidade, com o objetivo de fazer caixa e ter um capital de giro”, analisou.
Segmentos
Produtos como eletrodomésticos, eletroportáteis e celulares devem terminar o ano como o segmento que teve o maior volume financeiro em vendas, com destaque para as categorias de utilidades domésticas (principalmente para cozinha) e peças para automóveis (acessórios automotivos).
“São duas categorias impactadas pela crise, com aumento nas vendas em consequência de as pessoas saírem menos para comer fora, ficarem mais em casa, viajarem menos, e comprarem menos automóveis novos, optando por investir na manutenção do veículo atual”, apontou Guasti.
Foi o que sentiu a revendedora de autopeças e acessórios Tottori, que possui e-commerce próprio e vende também por meio do Mercado Livre. Em 2016, as vendas giraram em torno de 5 mil por mês, contra as cerca de 4,5 mil mensais vistas no ano anterior. Em novembro, esse número bateu os 6,5 mil mensais.
Segundo um dos diretores da empresa, Gustavo Taconi, a procura por peças aumentou no final do ano porque muitas pessoas saem de férias e fazem a manutenção do veículo para poder viajar. “Estamos vendendo mais as peças mecânicas voltadas para a manutenção do automóvel do que os acessórios. Vimos que com a crise, as pessoas preferem fazer a manutenção do que trocar por um novo”, relatou.
Pensando em ampliar o número de clientes e os canais de vendas – hoje, a maioria das vendas é proveniente do Mercado Livre, em outubro a Tottori começou a comercializar seus produtos em marketplaces. “O ramo de autopeças é complicado porque existem muitas peças e que mudam muito, conforme os modelos dos carros são alterados. Precisamos ter muitos canais porque é muito concorrido”, explicou Taconi.
Para Sabrina Nunes, CEO da Francisca Joias, e-commerce especializado na venda de joias e semijoias, nos últimos anos o brasileiro se acostumou “a comprar barato”, por isso em tempos de crise ele pesquisa mais antes de adquirir algum produto. E, em tempos de crise, apesar de diminuir o tíquete da compra, não deixa de comprar.
“Isso dá um pouco mais de trabalho porque precisamos conseguir mais clientes com menos recursos financeiros. Por esse motivo investimos em melhorar o relacionamento com eles, aparecendo mais nas redes sociais, caprichando nas embalagens, oferecendo um produto melhor com uma margem de preço menor, tudo para não perder o cliente”, relatou.
A companhia, que vende no varejo e no atacado, resolveu investir mais no relacionamento com as revendedoras, tanto no ano que passou quanto em 2017. A ideia é prestar mais auxílio nas vendas, realizando encontros e estando mais próximo. “Gera confiança e isso reflete na venda”, disse.
Fonte: FecomercioSP

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Veja alternativas para Android da função SOS de Emergência

no Catraca Livre

Uma das novidades do iOS 11 que mais estão repercutindo na internet é o SOS de emergência. O recurso do novo sistema operacional da Apple permite que usuários de iPhone possam discar para um número de emergência sem precisar interagir com a tela do seu smartphone – um ótimo truque para quando se está em apuros.


No entanto, a ideia não é exclusiva do iOS. Se você tem um aparelho Android, veja quais são as alternativas para facilitar um pedido de socorro:

Galaxy S8

O smartphone da Samsung tem uma funcionalidade bem parecida com o SOS de Emergência do iOS 11: com ela, você pressiona a tecla ligar/desligar três vezes para enviar mensagens com a sua localização aos seus contatos principais.
O caminho para encontrá-la no celular é: definições > funções avançadas > enviar mensagens SOS. Depois, basta ativá-la e indicar quatro contatos que possam fornecer ajuda em momentos de perigo.
Dependendo da sua operadora e da região em que você estiver, também é possível anexar gravações de áudio e fotografias na mensagem. Veja mais informações aqui.

Aplicativos

Graver 24x7
A ferramenta permite que você cadastre contatos para receberem SMS ou e-mail em situações de emergência. Ela também envia imediatamente as suas coordenadas por GPS.
Red Panic Button
O app deixa o usuário configurar um "botão de pânico". Ele pode enviar SMS, e-mail, sua localização por meio do Google Maps e até mesmo fazer um post no Facebook ou no Twitter.
Emergência
O aplicativo lista números de emergência e indica qual é o seu endereço – assim, fica mais fácil de pedir socorro no caso de um acidente ou um assalto.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Mensagem de Rosa Luxemburgo ao século 21

no Outras Palavras

POR 
ISABEL LOUREIRO

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Uma nova biografia (agora em quadrinhos) destaca a revolucionária que defendeu a liberdade com paixão, criticou a esquerda endurecida, viu potência no feminismo e nos índios e entregou-se ao amor, ao sexo e à arte
Por Isabel Loureiro | Tradução: Mauro Lopes
Por que em um momento de derrota da esquerda na América Latina e em todo o mundo ainda falamos de Rosa Luxemburgo? O que fez essa revolucionária judia-polaca-alemã para que, cem anos depois de seu assassinato, em janeiro de 1919, suas ideias ainda nos interpelem?
Ainda que brevemente é preciso dizer que Rosa militou durante 20 anos na social-democracia da Polônia (SDKPiL) e na social-democracia da Alemanha; polemizou toda a vida com Lênin; participou ativamente da revolução russa de 1905; foi a única mulher a ser professora de Economia Política na Escola do SPD (Partido Social-Democrata Alemão); junto com seus pares da ala esquerda do SPD, fundou a Liga Spartakus –nome em homenagem ao gladiador de origem trácia que liderou uma revolta de massas na Roma antiga; passou toda a guerra na prisão, onde escreveu cartas de tom lírico a seus amigos e amores; saiu da prisão em novembro de 1918 e se converteu em líder da revolução alemã; em fins de dezembro de 1918 tornou-se uma das cofundadoras do KPD (Partido Comunista da Alemanha); foi assassinada em 15 de janeiro de 1919 por tropas paramilitares, os Freikorps, precursores dos nazistas. Seus assassinos tiveram penas leves e viveram tranquilamente na Alemanha nazista.
A recepção a suas ideias no século XX foi muito controvertida. Em vida, Rosa sofreu seguidos ataques machistas de seus companheiros de partido, que tinham medo de sua língua mordaz e de sua liberdade de espírito. Referiam-se a ela como “materialista histérica” ou “cadela venenosa, porém brilhante” (Víctor Adler); quando foi nomeada redatora chefe de um importante jornal social-democrata, enfrentou uma quase rebelião dos colegas jornalistas que duvidavam de sua competência, pelo fato de ser mulher; os conservadores alemães chamavam-na de “porca judia”; na Polônia, sua terra natal, é odiada até hoje; em 2001, quando a prefeitura de esquerda de Berlim propôs a construção de um monumento em sua homenagem, houve uma verdadeira chuva de críticas na imprensa e ataques de cunho machista, embora de maneira mais sutil: ela nunca recebeu uma proposta de casamento de seus amantes e nunca teve filhos, que era um desejo explícito. Quem questionaria um homem dessa maneira, revolvendo sua vida privada?
Além das críticas machistas, existiam aquelas de caráter político, que começaram com Lênin, continuaram no âmbito do KPD – Partido Comunista da Alemanha – e chegaram ao paroxismo com o stalinismo, que procurou extirpar sua memória do campo da esquerda. Um dirigente do KPD, disse em 1932, abertamente: “Em todas as questões nas quais RL tinha uma concepção diferente da de Lênin, ela estava errada.” Porém, a tentativa de matar sua memória foi em vão.
Rosa sobreviveu subterraneamente, até ser redescoberta nos anos 1970 quando suas obras completas começaram a ser publicadas na República Democrática Alemã: escritos políticos, teóricos e cartas.
TEXTO-MEIO
É um fato: Rosa sempre reaparece em momentos de crise da esquerda. Isso aconteceu no Brasil depois da Segunda Guerra Mundial; na Europa, durante a rebelião de 1968; no movimento Occupy; no Brasil novamente no ano passado, durante o movimento de ocupações das escolas, quando voltamos a viver um “momento Rosa Luxemburgo”. Por que isso acontece?
Vejamos rapidamente algumas de suas ideias políticas para entender: a defesa intransigente das liberdades democráticas em todas as sociedades e em todos os tempos; a crítica incisiva à concepção de um partido de vanguarda formado por um núcleo duro de revolucionários profissionais separados das bases, cuja função seria liderar as massas populares que, por sua vez, limitar-se-iam a obedecer ao comando superior; a defesa incondicional da formação política e intelectual das classes subalternas, que ela via como pré-requisito para sua autonomia política; e, finalmente, uma ideia que está na ordem do dia, a da espontaneidade das massas populares. Ou seja, a ideia de que as camadas subalternas da sociedade entram em movimento independentemente das palavras de ordem dadas por líderes partidários ou sindicais e que a organização se estrutura a partir da própria luta, cotidiana e/ou revolucionária. Mas Rosa também sabia que a espontaneidade sozinha não resolve tudo, que o trabalho organizativo é fundamental para estruturar as explosões de energia que brilham esporadicamente no céu cinzento da vida cotidiana.
Para dizer em poucas palavras, penso que o mais atraente para um leitor contemporâneo no pensamento de Rosa Luxemburgo é sua defesa apaixonada da liberdade, tanto pública como individual. Para Rosa, não existe sociedade livre sem indivíduos livres, conscientes, não manipulados, seja por líderes políticos, pelas mídias, pela propaganda, ou, no plano individual, por suas paixões e fantasmas.
Rosa é filha da Aufklärung (iluminismo), como todo o marxismo. Esse era seu mundo e seu limite. Porém, em que pese o fato de hoje sabermos que não bastam declarações racionalizadas, creio que ela tinha razão em acreditar que não existe a possibilidade de virar a página sem a iniciativa e a participação consciente dos debaixo, dos que mais sofrem com a desigualdade econômica, social e política engendrada pelo capitalismo.
Há igualmente outra ideia de Rosa que nos atrai até hoje e que aparece no ensaio A crise da social-democracia (1916). Neste amargo balanço do processo de decomposição da social-democracia alemã – que culminou  com a aprovação dos créditos de guerra pela bancada do SPD em 4 de agosto de 1914 –, Rosa colocou em questão pela primeira vez o ingênuo conceito de progresso, típico da II Internacional. Para os socialistas hegemônicos da época, essa ideia  traduzia-se na crença de que o socialismo resultaria, cedo ou tarde, das contradições imanentes ao modo de produção capitalista. No ensaio, um de seus melhores, Rosa pôs na ordem do dia a famosa consigna socialismo ou barbárie, dando a entender que o socialismo não era mais uma garantia mas uma aposta. E essa aposta só pode ser vencida si houver o compromisso ativo das classes subalternas, aqui e agora, contra a barbárie. Esta é a interpretação Michael Löwy, com que estou totalmente de acordo.
Também é digna de nota sua obra de economia política na qual apresenta elementos de uma visão terceiromundista que é muito frutífera para a América Latina. Segundo Rosa, a acumulação do capital, para além da apropriação da mais valia, só foi e é possível com o intercâmbio entre economias capitalistas e não capitalistas. Tal intercâmbio continua até hoje e é uma descrição válida do processo de desenvolvimento histórico do capitalismo como processo global e, consequentemente, uma boa descrição da destruição violenta das culturas e dos espaços não capitalistas. Tal processo violento de acumulação primitiva permanente (acumulação por expropriação, para Harvey), além dos métodos tradicionais de expropiação territorial, consiste também na conversão de antigos direitos em mercadorias.
Rosa enfatizou a violência com que as culturas primitivas foram e são aniquiladas pelo colonizador e substituídas pela economia de mercado. Isso não significou nem significa progresso em relação ao período anterior, mas tão somente a ruína econômica e cultural dos povos originários. Diferentemente de uma concepção iluminista do progresso, segundo a qual a violência capitalista é vista como um mal “necessário” no caminho até o socialismo, Rosa acreditava que os povos originários poderiam (e podem) ensinar aos “civilizados” formas mais igualitárias de sociabilidade, não predadoras, determinadas pelos interesses da coletividade.
Rosa Luxemburgo, que era polonesa – ou seja, periférica na Europa dos princípio do século XX – teve insights (que não desenvolveu) que apontavam para uma concepção de história distinta do marxismo ortodoxo de seu tempo, caracterizada por una fé ingênua no desenvolvimento das forças produtivas. As populações tradicionais da América Latina, em busca de um modelo de desenvolvimento crítico ao modelo de civilização oriundo da Revolução Industrial, fundado na dicotomia entre pobres e ricos e na destruição da naturaleza, podem ter em Rosa Luxemburgo uma fonte de inspiração.
Por fim, Rosa é uma referência para as feministas; basta pensar no funcionamento interno das organizações políticas e dos movimentos, onde imperam a hierarquia, o centralismo, a rigidez, a burocracia, tudo o que Rosa questionava. Além de construir-se como mulher independente, que atuou no espaço público, ela também questionou a sujeição das mulheres ao isolamento da vida privada, à submissão aos homens, ou seja, questionou o patriarcado, que é inseparável do capitalismo.
A Editora Martins Fontes acaba de publicar a tradução do original inglês de una biografia-historieta de Rosa Luxemburgo –Red Rosa/Rosa Vermelha–, que enfatiza a Rosa feminista. De autoria de Kate Evans, esta biografia apresenta-nos uma mulher que, além da dedicação apaixonada à militância e à revolução, entregou-se de corpo e alma aos prazeres da vida, ao amor, ao sexo, à natureza, à pintura, à música, à literatura. A autora apresenta-nos também una professora talentosa, que sabia explicar didaticamente aos estudantes (adultos que frequentavam a Escola do Partido) os conteúdos mais complexos da economia política. Tudo coroado por uma escrita plena de vivacidade, de ironia, palavras espirituosas, um texto pleno de lirismo, como demonstram as cartas da prisão.
Há algo maravilhoso nessa biografia escrita por una mulher jovem e não especializada na obra de Rosa Luxemburgo: revela a proximidade entre essa revolucionária que viveu na virada do século XIX para o XX é nós, no século XXI; uma proximidade que deriva em parte de sua intensa relação com a vida, com todo o vivente. Esse é um traço muito forte de sua personalidade, que a levou a opor-se a tudo o que é rígido, inflexível, mecânico; em uma palavra, burocrático. Quando, por exemplo, criticou Lênin, Rosa disse que sua concepção de partido e de revolução era mecânica. Rosa apreciava a metáfora da vida em contraposição às de fundo mecânico.
Escreveu Rosa: “Só a vida sem obstáculos, efervescente, leva a milhares de novas formas e improvisações, traz à luz a força criadora, corrige os caminhos equivocados. A vida pública em países com liberdade limitada está sempre tão golpeada pela pobreza, é tão miserável, tão rígida, tão estéril, precisamente porque, ao excluir-se a democracia, fecham-se as fontes vivas de toda riqueza e progresso espirituais.” (A revolução russa).
Rosa criticava os bolcheviques porque, ao fechar a Assembleia Constituinte, não permitiram que as camadas populares fizessem suas próprias experiências da vida democrática no âmbito da revoluão; é como se Rosa tivesse dito que os companheiros de Lênin intervinham desde fora do processo democrático porque já sabiam o que seria melhor para o povo, porque já tinham uma ideia do que o povo devia fazer. Assim foram (são) substituídas as massas populares que ainda não estariam (estão) prontas para o socialismo. Para Rosa, o socialismo só pode ser obra das próprias massas, não de lideranças intelectuais que pretensamente sabem o que é melhor para o povo. Para isso é necessário tempo de amadurecimento. “Tempo não é dinheiro, tempo é o tecido da vida”, disse o grande crítico literário Antonio Cândido, que também era socialista. A democracia, e ainda mais o socialismo democrático, são uma invenção permanente que necessita vida pública livre, absolutamente necessária para a formação política dos de baixo.
A crença nas virtudes curativas da vida aparece muitas vezes em sua correspondência da prisão como, por exemplo, nesta carta a sua amiga Sonia Liebknecht (dezembro de 1917), onde explicava por que não desesperava depois de viver tanto tempo encarcerada: “Creio que o segredo não é outro que a própria vida (…) Sob os passos lentos e pesados do carcereiro canta uma bela, uma pequena canção da vida: basta apenas saber ouvir.”
Em suma, a biografia de Rosa Luxemburgo escrita por Kate Evans não é como outras anteriores, a de mártir assexuada e cheia de pudor, que sacrificou a vida no altar da Revolução – como se fora uma santa comunista – , mas uma mulher de carne e osso, divertida, ousada, à frente de seu tempo, que rechaçava o espartilho, controlava seu corpo para não ficar grávida — em uma palavra, uma mulher que conquistou sua liberdade com muita luta e sacrifício. Ela sabia que liberdade outorgada não é verdadeiramente liberdade. Essa é a mensagem que Rosa deixa para as mulheres do século XXI que ainda lutam por sua emancipação.
_________________
*Isabel Loureiro falou no Seminário sobre a vida, obra e pensamento de Rosa Luxemburgo que aconteceu em 2 e 3 de setembro de 2017 em Assunção (Paraguai). O texto acima é o roteiro original de sua palestra.

domingo, 8 de outubro de 2017

30 dicas do Catraca Livre para você GABARITAR no Enem

no Catraca Livre

A próxima edição do Enem está chegando! As provas acontecem em dois domingos, dias 5 e 12 de novembro de 2017. Então, mantenha a calma e aproveite as dicas do Catraca Livre para estudar para o exame:

O Resistência Foi Buscar para Você Dicas para o Enem Clique.

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sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Conheça a universidade que oferece graduação gratuita e on-line

no Catraca Livre

University of the People (UoPeople) ou Universidade do Povo, em português, é a primeira instituição on-line e sem fins lucrativos que se dedica a ampliar o acesso global à educação superior de forma gratuita. Não há salas físicas nem taxas de anuidade. Além disso, a universidade norte-americana reúne alunos de 194 países em seu ambiente de aprendizagem.
De acordo com o site Estudar Fora, a UoPeople oferece atendimentos personalizados e assistência de mais de 3 mil professores voluntários por meio da tecnologia open-source. São oferecidos atualmente programas completos de graduação em administração de empresas; ciência da computação; ciência da saúde; e MBA.
As salas são compostas por até 30 estudantes. Diferente de cursos on-line abertos, precisa ser aceito na instituição para se matricular. Embora não tenha mensalidade ou custos com materiais, é necessário também pagar uma taxa de candidatura (de até 50 dólares) e uma taxa (de 100 dólares) por exame de final de curso. Há possibilidade de se isentar das taxas ao final do programa através de bolsas.
Qualquer pessoa que tenha concluído o ensino médio pode se candidatar. Ter acesso a computador, conexão de internet e conhecimentos de inglês para acompanhar as aulas são essenciais. Todos os anos são feitas cinco rodadas de admissão. Acompanhe o site da UoPeople para não perder as próximas inscrições!
Com informações do site Estudar Fora.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Educação - 3 países na Europa para cursar uma universidade (quase) de graça

no Catraca Livre

Aqui na editoria Educação do Catraca Livre já divulgamos diversas ofertas de bolsas de estudo em muitas partes do mundo. Mas, há também países em que a universidade pode ser cursada quase de graça, sem custos de anuidade ou competição para bolsas. Conheça abaixo três nacionalidades em que é possível estudar gastando o mínimo:
1. Alemanha
As universidades da Alemanha não cobram nenhum tipo de taxa para alunos de graduação. De modo geral, não é caro para se viver em solo alemão. Por lá, os estudantes gastam entre 500 e 700 euros por mês com acomodação, transporte, alimentação e despesas gerais. Confira aqui as principais instituições de ensino na Alemanha.
2. Noruega
Créditos: iStock/rusm
Os custos para estudar na Noruega
As universidades públicas não cobram anuidade de qualquer estudante (incluindo alunos de graduação, mestrados e PhD). No entanto, é preciso desembolsar uma taxa semestral de manutenção que varia entre 300 e 600 coroas norueguesas (até 230 reais). Já o custo de vida no país é mais elevado. Veja aqui instituições da Noruega.
3. França
Créditos: iStock/sborisov
Como estudar na França pagando menos
Aos estudantes que se arriscam a falar francês, o ensino é mais em conta nas universités (com graduações e mestrados que custam entre 200 e 400 euros anuais) e écoles (formações mais específicas com custo de 600 euros anuais). Um estudante precisa de 430 euros por mês para se manter no país.
Com informações do site Estudar Fora

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Como resgatar mensagens do WhatsApp apagadas em seu Android

no Catraca Livre

Perdeu ou apagou conversas no WhatsApp que eram muito importantes? O aplicativo restringe a recuperação de mensagens – mas tem um jeito de tentar fazer isso.


Tecmundo, parceiro do Catraca Livre, ensinou uma maneira de realizar essa tarefa. Ela não garante que você consiga restaurar todo o seu bate-papo; porém, vale a tentativa. E atenção: você precisará desinstalar o WhatsApp durante o processo. Por isso, faça backups antes.
Passo 1 – Desinstale o app
Caso a mensagem que você quer recuperar tenha sido trocada há até 24 horas, excluir e reinstalar o aplicativo dá conta do recado. O WhatsApp irá perguntar se você deseja restaurar conversas antigas – daí, é só selecionar "recuperar".
No entanto, se a conversa que você quer resgatar é mais antiga, será necessário desinstalar o WhatsApp e fazer o download de um novo aplicativo na Play Store. Neste caso, continue seguindo o tutorial.
Passo 2 – Instale o Gerenciador de Arquivos
Gerenciador de Arquivos (ou Clean File Manager) acessa as pastas de dados do sistema Android. Uma alternativa de gerenciador de arquivos é o Web PC Suite, mas ele precisa ser operado com ajuda de um computador.
Após desinstalar o WhatsApp e baixar o Gerenciador de Arquivos, você deve acessar o lo cal de armazenamento de dados de seu Android. Abra o gerenciador e selecione “memória do sistema” ou “memória interna” (no tutorial do Tecmundo, foi escolhida a segunda opção). Abra a pasta “WhatsApp” e, então, selecione “Databases” – é aqui que as mensagens ficam armazenadas.
Veja o resto do passo-a-passo no Tecmundo.

domingo, 1 de outubro de 2017

Decisão do STF sobre ensino religioso nas escolas é equívoco, diz professor da PUC

na Rede Brasil Atual

Jorge Cláudio Ribeiro, professor de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP, diz que em vez do ensino religioso confessional, escolas deveriam estimular a diversidade e a tolerância

ensino religioso
Contra a intolerância: "É preciso que a comunidade escolar seja capaz de criar um ambiente de convivência"

São Paulo – Para o professor titular do departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP, Jorge Cláudio Ribeiro, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que liberou o ensino religioso confessional nas escolas públicas é um equívoco e uma contradição. "O modelo que admite aulas sobre uma religião específica é um equívoco porque a sociedade é plural no que se refere às religiões, não é uma paróquia, a docência não é um púlpito", afirmou. 
Em entrevista à Rádio Brasil Atual nesta sexta-feira (29), o professor afirma que "os supremos juízes erraram, porque parece haver uma contradição entre uma disciplina que é optativa e que ao mesmo tempo é confessional, ou seja, é optativa para os alunos e obrigatória para uma religião só". 
Ribeiro diz que essa decisão também representa a perda de uma oportunidade importante de estimular a diversidade e a tolerância religiosa nas escolas, e que é preciso questionar e adaptar essa nova realidade, de modo a afastar o risco de sectarismo e, até mesmo, que uma "guerra religiosa" seja transportada para os bancos escolares. 
"Seria lamentável que a guerra religiosa que existe em alguns nichos bastante difundidos da sociedade fosse transportada para as escolas. O sectarismo é indesejável em qualquer âmbito da vida humana. É preciso que a comunidade escolar seja capaz de criar um ambiente de convivência", frisa o professor.
Ele também ressaltou o risco de que religiões de matrizes africanas, como a umbanda e o candomblé, sejam silenciadas. "Todos nós de alguma forma somos africanos, umbandistas, candomblecistas, a umbanda é uma invenção brasileira. Essa mistura brasileira deveria ser mais incentivada, o Brasil possui uma riqueza religiosa construída há séculos." 

sábado, 23 de setembro de 2017

PROJETO:" Política Arroz com Feijão" - O Violento Cotidiano Fascista

por José Gilbert Arruda Martins

A vida cotidiana no Brasil caminha a passos largos rumo ao fascismo. A perseguição e os assassinatos das lideranças das chamadas minorias aumenta a cada momento, o Estado não age, portanto, resta a luta dos defensores da liberdade.

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É de conhecimento de todos e de todas, aqui e no exterior, que a violência no Brasil, fundamentalmente contra negros e negras, população LGBTS, indígenas, mulheres e pobres fazem parte da construção de país das elites brasileiras. Essa violência e perseguição seguida de assassinatos brutais, são parte de um projeto elitista de país, é uma coisa orquestrada há séculos e, segundo vários especialistas e organizações defensoras de direitos humanos - Veja aqui tem aumentado após o golpe do impeachment de 2015.

Nesse sentido, é importante que todo mundo veja que o Estado, dirigido atualmente pelo grupo de político e empresários golpistas, fecharam os olhos deles próprios e do aparelho de justiça para as seguidas ações violentas de latifundiários, de policiais e dos grupos e movimentos fascistas que crescem a olhos visto por todas as regiões dessa imensa nação. Como afirmou um ator brasileiro em seu canal no Youtube: "O país está à deriva".

No entanto, nem tudo está perdido quando temos um povo que luta. As organizações defensoras dos direitos humanos, os partidos progressistas e todos e todas as defensoras da liberdade estarão, com certeza, como sempre estiveram, à frente dessa luta contra todo tipo de violência.

Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos caminhando a passos largos rumo as fascismo. Como debatido no texto, temos, miseravelmente, todos os ingredientes históricos e atuais para isso: a violência é histórica, o Estado, com esse governo, propositalmente, não faz nada para impedir enquanto a violência só cresce. Resta a luta dos defensores da liberdade. Resta a consciência de que podemos e devemos lutar de forma organizada e corajosa na construção de um país onde as pessoas sejam respeitadas não importando que religião siga, não importando sua classe social, sua cor, seu jeito, seu sexo, suas preferências em todos os sentidos.

Imagem:  https://www.google.com.br/search?q=imagens+direitos+humanos+preto+e+branco&rlz=2C1SAVU_enBR0538BR0538&tbm=isch&imgil=4Wk37HMiugserM%253A%253BDSGs46B82DXYiM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Finfoativodefnet.blogspot.com%25252F2013%25252F03%25252Fmulheres-direitos-humanos-hoje-e-sua.html&source=iu&pf=m&fir=4Wk37HMiugserM%253A%252CDSGs46B82DXYiM%252C_&usg=__OxJFE1Nau_Y7SKwMv2e4ebmnW4Q%3D&ved=0ahUKEwiH7sSWurvWAhXFkZAKHYYgDygQyjcIQA&ei=G2fGWcf0NcWjwgSGwbzAAg&biw=1280&bih=662#imgrc=4Wk37HMiugserM:

NÃO À HOMOFOBIA - Coletivos LGBT protestam em SP contra decisão sobre 'cura gay'

na Rede Brasil Atual

Ato na Avenida Paulista foi uma resposta à liminar que abre caminho para a aplicação de terapias de "reversão sexual"

por Gabriel Valery, da RBA

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"A psicologia comprometida com a transformação social não vê homossexualidade como doença"


São Paulo – Ativistas de diferentes movimentos organizados da sociedade civil realizaram nesta sexta-feira (22) um ato em defesa da causa LGBT na capital paulista. A manifestação “LGBT não é doença! Revogação imediata da liminar da ‘cura gay’” teve início por volta das 17h no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. Com músicas, danças, beijos e sorrisos, os participantes reivindicaram o direito de existir e serem respeitados. Também não faltaram momentos em que todos entoaram em conjunto "Fora Temer".
O ato foi uma resposta à decisão do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara Federal do Distrito Federal que, na última sexta-feira (15), concedeu uma liminar que abre caminho para a aplicação de métodos para reverter a orientação sexual do “paciente”. A medida vai contra a Resolução 01/99, do Conselho Federal de Psicologia, que impede tais métodos, visto que a homossexualidade não é considerada como doença desde 1990 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
"As chamadas 'terapias de conversão' não apresentam qualquer cientificidade, não sendo reconhecidas pela psicologia, além de estarem associadas ao agravamento do sofrimento vivido por quem a elas é submetido", afirma o Conselho.
A organização do evento convocou todos para a mobilização contra o que consideram ser um absurdo. “Após a Justiça Federal acatar parcialmente a liminar que quer regularizar o uso de terapias de ‘reversão sexual’, nós do movimento LGBT vamos ocupar as ruas com nosso orgulho para revogar essa bizarra decisão que quer retroceder 27 anos de conquistas da luta LGBT”.
"Estamos contra essa balela, contra esses retrocessos. Estamos trabalhando desde 2013 juntos, caminhando com vocês e felizes. A psicologia comprometida com a transformação social não vê homossexualidade como doença", disse o psicólogo Rodrigo Mello, do Conselho Regional de Psicologia.
Participaram da manifestação, entre outras entidades, o coletivo Pão e Rosas Brasil, a Faísca: Anticapitalista e Revolucionária, o Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), o Mais, o Rua: Juventude anticapitalista, o Afronte: Pra virar o jogo, a Atravessa, o Vamos à Luta SP, a Periferia Antifascista, a Ação Popular, o Conselho Regional de Psicologia (CRP-SP), a Casa 1, o Levante Popular da Juventude, Mães pela Diversidade e a Associação da Parada LGBT de São Paulo.
"Agradeço a todos aqui pela coragem. Não tenham medo. Lutem. Gritem. Mostrem para esse mundo que não temos nada a temer. A vida é para viver. Toda a força do amor está com vocês", disse o padre Júlio Lancellotti, que esteve presente na manifestação.
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"Não somos doentes"

Após a concentração que reuniu, em pouco mais de meia hora, milhares de manifestantes e os presentes seguiram em passeata – por volta das 19h, quando o ato tomou a avenida nos dois sentidos – até o prédio da Justiça Federal, na mesma quadra do Masp, onde realizaram um jogral em repúdio à liminar. "Nossa luta é todo dia contra o racismo, machismo e homofobia. As bi, as gay, as trans e as sapatão estão organizadas para fazer revolução", disseram em coro. Após um pequeno conflito entre a PM e manifestantes, o ato ganhou ainda mais força e os cantos aumentaram de volume.
"Um passo para trás foi dado. Mas não somos doentes. Eu pergunto, a quem serve a cura gay? Ao mesmo Estado que prendeu Rafael Braga e tira direitos com a reforma trabalhista e da Previdência?", questionou Virgínia, da organização.
A professora Flávia, militante do PSTU, disse que "sentimos na pele o que significou a interpretação de que LGBT é doença. Isso significa estupro corretivo, internações compulsórias e mortes. Agora sentimos essa violência vinda do Estado burguês. Homofobia não é doença. Tem que ser crime. Também é importante lembrar que a justiça, o Estado e a bancada evangélica são cúmplices. Doente é o capitalismo".
Dali, o ato seguiu pela avenida pela Rua Augusta até o Largo do Arouche para então encerrar a manifestação.
"Doente é o preconceito que matou a Dandara. Doente é o Bolsonaro. Nosso direito de ser e amar não podem ser criminalizados. Queremos viver sem morrer a cada esquina. Queremos um mundo sem medo, sem essa podridão e sem enterrar as LGBTs todos os dias. Não podemos esperar nada de governo. Por nossos direitos, viramos carro de polícia. Só assim vão nos deixar viver e amar sem dor", disse Magalhães, do coletivo Mais.
"Em 2010, fui vítima do 'atentado da lâmpada'. Estou aqui como resistência. Junto de mim, apanharam mais cinco meninos que estavam voltando para suas casas. Quero provar que podem me bater dez vezes mais. Se bateram com uma lâmpada, podem bater com dez porque estamos juntas nessa luta. LGBT resiste, estaremos sempre unidas", disse Rodrigo, vítima do ataque na Avenida Paulista.

A decisão judicial

O deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) também participou do ato e conversou com os presentes. "Queremos um Brasil sem ódio, intolerância ou preconceito. Quem está aqui está para defender nossos direitos, queremos democracia e o fim desse ódio plantado. Nossa bancada entrou no Conselho Nacional de Justiça contra o juiz que deu o parecer espúrio, uma sentença que não condiz com a liberdade e é um retrocesso de acordo com o que estamos vendo no Brasil."
O juiz Waldemar Cláudio de Carvalho se pronunciou sobre o caso por meio de nota divulgada ontem (21). “Em nenhum momento este magistrado considerou ser a homossexualidade uma doença ou qualquer tipo de transtorno psíquico passível de tratamento”, afirmou. Carvalho disse que houve uma interpretação equivocada de sua decisão e que não irá se pronunciar novamente nem conceder entrevistas. Caso existam discordâncias, afirma o magistrado, estas devem ser “feitas judicialmente”, o que o Conselho Federal de Psicologia deve fazer na próxima semana.
“Considerando ser vedado ao magistrado manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento”, afirmou o juiz. A decisão atendeu a uma liminar de um grupo de psicólogos que alegou ser “censura” o impedimento de “tratar” homossexuais. Entre as signatárias da ação está Rozangela Alves Justino, psicóloga que ocupa um cargo comissionado no gabinete do deputado da bancada evangélica Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). O parlamentar é pastor da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, liderada por Silas Malafaia.

Outras cidades do país também contaram com atos similares nesta tarde, como as capitais Cuiabá, Rio de Janeiro, Vitória, Belém e Florianópolis. No interior de São Paulo, foram realizadas mobilizações em Taubaté, São Carlos, Campinas, Ourinhos e Bauru.

RISCO IMINENTE - Comitê de direitos humanos denuncia 'mortes anunciadas' de defensores

na Rede Brasil Atual

Carta aberta lista 15 casos no Brasil de risco de morte iminente de ativistas. Defensores denunciam inação do governo e cobram respostas ao aumento da violência

por Tiago Pereira, da RBA


Pau D'arco


São Paulo – Para alertar sobre a violência crescente contra pessoas que atuam na defesa dos direitos humanos no Brasil e cobrar a atuação urgente das autoridades para evitar que casos de perseguição e ameaça se consumem, o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) listou 15 casos espalhados por todo o país em que há risco de morte iminente de ativistas.
Os casos listados incluem ataques e ameaças a comunidades de trabalhadores rurais, indígenas, quilombolas e pescadores que vivem em áreas distantes e até isoladas, mas também traz violações nas grandes cidades e áreas urbanas contra moradores das favelas do Rio de Janeiro e militantes LGBT no Paraná, por exemplo. 
Ainda em julho deste ano, o CBDDH – formado por mais de 30 organizações e movimentos sociais que atuam na defesa dos direitos humanos –  elaborou o dossiê Vidas em Luta em que apontam a morte de 66 defensores em direitos humanos em 2016. Neste ano, a marca deve ser superada, pois até o momento já são 62 os ativistas assassinados.
Para a pesquisadora da ONG Justiça Global e representante do comitêAlice de Marchi, os casos apresentados na "carta das mortes anunciadas", como denomina , são apenas uma "amostra" das violações que vêm ocorrendo em todo o país e servem de alerta para que novas ocorrências venham engrossar as estatísticas. "Diante de todos esses casos que não param de crescer, a gente precisa alertar a sociedade e as autoridades para que mais mortes não venham a ocorrer", afirmou, em entrevista coletiva do CBDDH nesta sexta feira (22) em São Paulo. 
Ela afirma que essa onda de violência contra os defensores cresce desde meados de 2015, mas teve impulso no ano passado, após a "ruptura democrática" do golpe do impeachment que colocou no poder um governo avesso a políticas voltadas aos direitos humanos.

Estado ausente

Os ativistas denunciam a ausência do Estado, na maioria dos casos, com a falta de proteção aos defensores e de investigação e punição aos crimes cometidos, e também o envolvimento de agentes públicos, como no Massacre de Pau D'Arco, ocorrido no Sul do Pará, em maio deste ano, que teve a participação de policiais civis e militares na morte de dez trabalhadores rurais.
Uma das graves situações de violência recorrente relatada ocorre no município de Nova Guarita, no estado do Mato Grosso, onde um casal que vive em um dos assentamentos rurais foi torturado e mantido em cárcere privado. As ameaças de morte se estendem aos demais moradores do Assentamento Raimundo Viera III, que também já tiveram suas casas queimadas, cercas cortadas, além de disparos contra casas e veículos dos assentados. Os agressores, mais uma vez, seriam fazendeiros interessados nos territórios ocupados.
No Maranhão, a violência é contra o povo indígena Akroá Gamela, na aldeia Cajueiro Piraí, município de Viana. Depois de ataque com arma de fogo, em abril deste ano, que deixou mais de 22 índios da etnia feridos, fazendeiros seguem ameaçando com armas, facas, paus e pedras. Em agosto, novos disparos foram registrados. O relatório completo com os 15 casos denunciados você confere aqui.
Alice disse ainda que o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, criado em 2005 após a morte da missionária Dorothy Stang – que atuava em defesa de povos indígenas da Amazônia e foi morta por pistoleiros a mando de fazendeiros devido a disputas territoriais com os nativos – vem sendo desmantelado pelo atual governo, com corte de recursos e desligamento de defensores. 
Contra as populações indígenas, o integrante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Lindomar Padilha diz que as ameaças e ações violentas são estruturais e endêmicas. Ainda assim, ele afirma que a atual situação é a mais grave desde meados dos anos de 1980. "Nos assusta também o requinte de crueldade. Não é só violação dos direitos, mas a desvalorização daquilo que é mais fundamental, que é a vida", disse ele.  

O povo guarani-kaiowá, segundo Padilha, contabiliza centenas de mortos, nas últimas décadas, o que configura um verdadeiro genocídio  quando as ações violentas visam o extermínio completo de um determinado grupo. Ele também sinalizou para a inação das autoridades governamentais. "Dia a dia há ataques e assassinatos em acampamentos dos guaranis, com milícias e pistoleiros a mando dos fazendeiros. Não se pode dizer que o governo não sabia, a gente precisa exigir providências do Estado. Se medidas não forem tomadas, a tendência é de agravamento dessa situação", afirmou o conselheiro indigenista.