quinta-feira, 17 de março de 2016

Convido você que é estudante de Direito para conhecer essa análise sobre os grampos ilegais de Sérgio Moro. Uma verdadeira aula de direito.

por José Gilbert Arruda Martins

Com a rapidez das comunicações, com o WhatsApp e toda essa maravilhosa parafernália que dispomos, não lemos ou não damos a atenção necessária a textos e mensagens importantes que nos enviam. 

leia a matéria que replicamos abaixo, é uma verdadeira aula.

Uma aula de Direito e de Democracia.

Os professores deveriam levar esse texto hoje e nos próximos dias para dentro das Universidades e Faculdades do País.


SEM COMPETÊNCIA

Sergio Moro divulgou grampos ilegais de autoridades com prerrogativa de foro

na Conjur

Ao tornar públicas as gravações de telefonemas entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o juiz federal Sergio Fernando Moro divulgou material ilegal. De acordo com professores de Direito e advogados ouvidos pela ConJur, os grampos não poderiam ter perdido o sigilo, por dois motivos igualmente graves.
Primeiro, porque se um dos participantes da conversa tem prerrogativa de foro por função, caberia à primeira instância mandar as provas para a corte indicada. No caso, a presidente Dilma só pode ser processada e julgada (em casos de crimes comuns) pelo Supremo Tribunal Federal, conforme manda o artigo 102, inciso I, alínea “b”, da Constituição Federal.
Ou seja, a única decisão que Moro poderia tomar a respeito da gravação seria enviá-la ao Supremo, para que lá fosse decidido o que fazer com essas provas: abrir inquérito, abrir ação penal, arquivar, devolver etc. De acordo com a explicação do professor de Processo Penal da USP Gustavo Badaró, agora que Moro abriu o sigilo sem questionar o Supremo, se houver qualquer indício de crime cometido pela presidente nas conversas, as gravações não poderão ser usadas.
Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC de São Paulo, é mais direto. Para ele, não há interpretação da Constituição que permita a um juiz de primeiro grau tornar público material sem qualquer decisão do STF.
O advogado Cezar Roberto Bitencourt, professor de Direito Penal da PUC do Rio Grande do Sul, também afirma a ilegalidade da divulgação dos grampos. "No momento em que o telefone interceptado conecta-se com autoridade que  tem foro privilegiado, o juiz não pode dar-lhe publicidade", afirma.
Planos políticos
Na gravação, Dilma aparece dizendo que enviou a Lula um envelope com um papel, o termo de posse. Nesta quarta-feira (16/3) à tarde, Lula foi nomeado ministro da Casa Civil, o que foi inclusive divulgado em edição extra do Diário Oficial da União.
A tese da oposição é que Lula só foi nomeado ministro para “ganhar” o direito a prerrogativa de foro por função. Isso seria corroborado com a fala de Dilma a Lula dizendo que ele usasse o termo de posse caso necessário. Dilma afirmou ter dito aquilo porque o ex-presidente não havia dado certeza sobre se compareceria à cerimônia de posse no cargo, marcada para esta quinta-feira (17/3) às 10h.
Outra autoridade com prerrogativa de foro no Supremo que aparece nas gravações divulgadas nesta quarta é Jacques Wagner, antecessor de Lula na Casa Civil e atual chefe de gabinete da presidente Dilma. Ele aparecereclamando de Claudio Lamachia, presidente do Conselho Federal da Ordem.
“Também é preciso ver os horários. Se Lula já estava ministro quando a conversa foi divulgada, a decisão foi ilegal”, completa Badaró. E se Lula não ainda não era ministro, Jacques Wagner era.
Relógio
O outro motivo é que, ao que tudo indica, as gravações das conversas foram ilegais, e Moro as divulgou sabendo disso. Pelo menos é o que mostram os horários em que os eventos foram publicados no site da Justiça Federal do Paraná.
Às 11h13 desta quarta-feira (16/3), Moro despachou que, como já haviam sido feitas “diligências ostensivas de busca e apreensão”, “não vislumbro mais razão para a continuidade da interceptação”. Por isso, ele determinou a interrupção das gravações.
Ato contínuo, informou à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal sobre o despacho. Às 11h44, Moro publicou uma certidão de que havia intimado por telefone o delegado da PF Luciano Flores de Lima a respeito da suspensão das gravações.
Entre 12h17 e 12h18, Moro enviou comunicados às operadoras de telecomunicações sobre a suspensão dos grampos. As interceptações são feitas, na verdade, pelas operadoras, a pedido da polícia, com autorização judicial. Portanto, uma hora depois da suspensão dos grampos, elas já estavam sabendo que não deveriam atender a nenhum pedido nesse sentido.
Só que a conversa em que Dilma avisa a Lula que ele vai receber o termo de posse como ministro da Casa Civil aconteceu às 13h32. A própria Polícia Federal foi quem contou isso ao juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, onde corre a “lava jato” e as investigações sobre Lula.  Em comunicado enviado à vara às 15h34, o delegado Luciano Flores conta a Moro sobre o conteúdo.
Por volta de uma hora depois, às 16h21, Moro determina o levantamento do sigilo do processo inteiro, dando ao público acesso a tudo o que está nos autos, inclusive a gravação da conversa entre Dilma e Lula.
“Na melhor das hipóteses, o juiz foi imprudente”, comenta Badaró. “Se havia um despacho dele mesmo mandando cessar as interceptações, qualquer gravação feita depois disso é ilegal.”
Já para Cezar Bitencourt, "houve, no mínimo, má-fé". "Essa gravação, após encerrada a autorização judicial, é uma interceptação ilegal, e a sua divulgação também é ilegal, pois feita com a consciência de que se tratava de uma gravação ilegal. Houve crime de quebra de sigilo telefônico ilegalmente. Houve também falta administrativa, que deverá ser apurada pelo CNJ."
Sigilo obrigatório
O criminalista Alberto Zacharias Toron concorda. Ele lembra que o artigo 8º da Lei 9.296/1996, a Lei das Interceptações, é clara em dizer que os grampos telefônicos e suas respectivas transcrições são sigilosas. Já o artigo 10 diz que “constitui crime”, com pena de dois a quatro anos de prisão, quebrar segredo da Justiça, conforme lembra o advogado Marcelo Leal de Lima Oliveira, do Eduardo Antônio Lucho Ferrão Advogados Associados.
“Ainda que o juiz queira abrir o sigilo do inquérito, jamais poderia tê-lo feito em relação às interceptações. Essa divulgação me parece marcada por flagrante ilegalidade”, afirma o Toron. “É muito espúrio que um juiz divulgue isso para causar comoção popular. É mais uma prova de que o juiz busca aceitação popular, de que ele busca sua legitimação no movimento popular. Sua aceitação não vem da aplicação da lei, vem da mobilização do povo, o que é muito característico do fascismo, não do Estado Democrático de Direito.”
Morogate
O professor de Processo Penal Lenio Streck acredita que se pode chamar o caso de “Morogate”. É uma referência ao caso das escutas ambientais instaladas numa reunião do Partido Democrata, nos Estados Unidos, a mando do então presidente, Richar Nixon. O episódio ficou conhecido como Watergate, em homenagem ao prédio em que as escutas foram instaladas, e resultou na renúncia de Nixon.
“Imaginemos que, para pegar um presidente, sejam feitos vários grampos envolvendo pessoas que o cercam, como a secretária executiva. A vingar a tese de Moro de que não há mais sigilo [em conversas envolvendo autoridades, desde que elas não tenham sido diretamente grampeadas], todos os segredos da República poderiam ser divulgados. Uma cadeia de contatos que exporiam todo tipo de assunto que o Presidente da República falasse com pessoas sem foro”, analisa Lenio. “Quem examinar esse fato à luz da democracia, dirá: Moro foi longe demais.”
Já Daniel Gerber, também do escritório Lucho Ferrão Advogados, afirma que, no caso da presidente, o levantamento do sigilo é ainda pior, pois suas conversas podem envolver assuntos estratégicos para o país.  “Isto jamais poderia ser desvelado por um juiz, principalmente, sendo um de primeira instância” finaliza.
Apoio a Moro
O presidente do Conselho Federal da OAB, Claudio Lamachia, comemorou a decisão de Moro. Segundo ele, a sociedade tem o direito de ter acesso a todas as informações.
“A OAB tem cobrado o fim do sigilo desses processos. O Direito Constitucional à informação precisa ser garantido nesse momento turbulento da história do país. As pessoas precisam ter condições de saber como decidir o que fazer, como opinar”, afirmou, em nota. Lamachia também pediu acesso aos depoimentos dados pelo senador Delcídio Amaral na “lava jato”, o que ainda estava sob sigilo na época. Queria acesso aos documentos para instruir um pedido de impeachment da presidente Dilma.
Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) também manifestou apoio a Moro. Em nota, disse que “as decisões tomadas pelo magistrado federal no curso deste processo foram fundamentadas e embasadas por indícios e provas técnicas de autoria e materialidade, em consonância com a legislação penal e a Constituição Federal, sempre respeitando o Estado de Direito”.
“No exercício de suas atribuições constitucionais, o juiz federal Sérgio Moro tem demonstrado equilíbrio e senso de justiça”, conclui a nota.
Ao explicar a decisão em que levantou o sigilo, o juiz federal Sergio Fernando Moro diz que não há qualquer defesa de intimidade ou interesse social "que justifiquem a manutenção do segredo em relação a elementos probatórios relacionados à investigação de crimes contra a Administração Pública".
*Texto alterado à 1h08 do dia 17/3 de 2016 para acréscimo de informações.


Posse Lula Ministro

por José Gilbert Arruda Martins

Só vamos recuar um milímetro, quando for como estratégia para avançar. Podem gritar, podem espernear, Lula é o novo ministro da Casa Civil do governo Dilma Roussef.

O cara que levou mais porrada que todos nos últimos dias e consegue ter a grandeza de lutar pelo País. 

Esse cara é Lula da Silva - Luis Inácio Lula da Silva -, ontem, como já havia falado, nos retiramos da frente do Palácio do Planalto para evitar agressões.



Posse Lula Ministro!


Ontem, a Globo insuflou o povo contra a democracia.

Ontem o anti juiz Moro insuflou perigosa e irresponsavelmente o povo, numa atitude política, de grande desrespeito às leis e à Constituição.

Hoje, depois de tanta luta, Lula é o mais novo ministro da Casa Civil.

Agora, que a esperança voltou, vamos trabalhar, mesmo com todos os problemas, para tirarmos o País da crise.

Por que tantas liminares da direita contra a posse de Lula?

Até o PSB, - Partido Socialista Brasileiro -, que tinha história, entrou com uma liminar e perdeu no STF.

Que triste fim levaram o PSB esse grupo que assumiu a direção nesses últimos anos!?






quarta-feira, 16 de março de 2016

O Anti Juiz Moro será desconstituído amanhã

por José Gilbert Arruda Martins

Todas as pessoas do Brasil e do exterior que acompanham com a mínima atenção os acontecimentos políticos do nosso país nos últimos anos, deve ter observado a parcialidade, a atuação partidarizada do anti juiz Moro e parte do MP brasileiro.

Moro-600x311
Juiz Moro da Lava Jato com o pré candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo

Enlouqueceram de vez, agora com a chegada de Luis Inácio Lula da Silva ao governo assumindo a Casa Civil.

Como o golpe estava posto, faltavam poucos detalhes, entre eles humilhar com a prisão o ex-presidente Lula, e agora que não podem mais fazer o que estava meticulosamente e maquiavelicamente planejado, juntamente com a globo, a veja, a isto, estadão, folha e demais PIGs, enlouqueceram divulgando uma ilegalidade absurda que é o grampo de uma presidente da República.

Moro precisa ser afastado amanhã, para o bem do País, ou o Supremo Tribunal Federal afasta esse juiz ou o Brasil entrará numa crise mais aguda e nem os deuses sabem que tragédia pode estar nos esperando.

Vou transcrever aqui parte da conversa do ex-presidente Lula com a presidente Dilma Roussef:

LULA: Alô?
DILMA: Lula, deixa eu te falar uma coisa? Seguinte: estou te mandando pelo Messias, junto com o papel, para a gente ter ele e só use em caso de necessidade que é o termo de posse.
LULA: Ah, tá bom, tá bom.
DILMA: Só isso. Você espera aí que ele está indo aí.
LULA: Tchau
DILMA: Tchau, querida.


Assista aqui ao vídeo - Documentos revelam que doleiro abriu conta secreta da família de Aécio Neves em Liechtenstein

por José Gilbert Arruda Martins

Em dois anos de atividades e ativismo social/digital aqui em nosso blog, não havíamos ainda replicado nenhum tipo de material do PIG, hoje vamos compartilhar esse material devido a sua importância para a Democracia brasileira.

Senador Aécio sendo expulso da festa que ele havia organizado

Não que a revista Época, um dos instrumentos do PIG - tenha feito qualquer coisa de saudável para a política ou para o Estado de Direito, não, não é por isso, é apenas por que a notícia de que a família de Aécio tem contas no exterior e isso ser divulgado pela revista do grupo Globo, é um sinal de que os Marinhos se caçaram da incompetência do senador tucano.

Como afirmou um blogueiro "A globo demitiu Aécio".

Não foi apenas a globo, a classe média nas ruas domingo passado já havia feito o mesmo com Aecim e com o Alkmin.

O senador se tornou um grande perigo para a democracia brasileira, depois que perdeu as eleições de 2014, defende abertamente o desrespeito às leis, anda em rodas de "revoltados on line" entre outros fascistas.

Por isso essa matéria é importante, se a justiça é séria Aécio responderá pelos supostos esquemas que liderou e se beneficiou.

Segue então a matéria da revista (do PIG) Época:



DIEGO ESCOSTEGUY

ÉPOCA obteve acesso aos papéis, apreendidos em operação da PF. Conta foi citada por Delcídio do Amaral, na delação homologada no STF, e está sendo investigada pela PGR na Lava Jato - anos atrás, MP chegou a arquivar o caso, sem apurá-lo.



Na manhã do dia oito de fevereiro de 2007, um comboio da Polícia Federalatravessou sem alarde a avenida Rui Barbosa, no Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Estacionou próximo ao portão de abóboda dourada do edifício residencial Murça, no número 460. Desembarcaram dos carros agentes daDelegacia de Repressão a Crimes Financeiros, a unidade da PF encarregada de investigar esquemas de lavagem de dinheiro. Bateram à porta de um dos confortáveis apartamentos do décimo-terceiro andar. Um casal de senhores atendeu, atônito. Não havia engano: era atrás deles que a PF estava. O octogenário Norbert Muller e sua mulher, Christine Puschmann, eram suspeitos de comandar uma das mais secretas e rentáveis “centrais bancárias clandestinas” do país. Vendiam aos seus clientes um serviço que, por aqui, só eles podiam oferecer: a criação e manutenção, no mais absoluto sigilo, de contas bancárias no LGT Bank, sediado no principado de Liechtenstein, o mais fechado de todos os paraísos fiscais do mundo. Naquela manhã de fevereiro, tanto no apartamento do casal Muller quanto no escritório deles, os agentes e delegados da PF encontraram as provas de que precisavam.
Graças à organização minuciosa de Norbert Muller, havia pastas separadas para cada um dos clientes – apenas nos arquivos do apartamento, a PF localizou 75 nomes. Cada pasta apreendida continha extratos bancários de contas, procurações, cópias de passaporte do cliente, contratos, correspondências de Muller com o banco LGT, anotações de valores. ÉPOCA obteve cópia – na íntegra e com exclusividade – dos papéis apreendidos e da investigação da PF. Havia ali pastas com nomes de advogados, médicos, empresários, socialites, funcionários públicos, um ex-deputado e até um desembargador do Rio recém-aposentado. Havia ali, especialmente, uma pasta-arquivo amarela, identificada pela PF nos autos de busca e apreensão pelo número 41. Nela, o doleiro Muller escrevera, a lápis, a identificação “Bogart e Taylor”. Era o nome escolhido por Inês Maria Neves Faria, mãe e sócia do senador Aécio Neves, do PSDB de Minas, então presidente da Câmara dos Deputados, para batizar a fundação que, a partir de maio de 2001, administraria o dinheiro da conta secreta 0027.277 no LGT.
Na terça-feira (15), tantos anos depois, veio a público a delação premiada do senador Delcídio do Amaral, do PT do Mato Grosso do Sul, que foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Nela, entre muitas outras denúncias, Delcídio cita a conta em Liechtenstein. Aos procuradores, o senador disse que fora informado "pelo ex-deputado federal José Janene, morto em 2010, que Aécio era beneficiário de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono ou controlador de fato; que essa fundação seria sediada em Liechtenstein". Delcídio diz que não sabe dizer ao certo, mas que "parece que a fundação estaria em nome da mãe ou do próprio Aécio Neves; que essa operação teria sido estruturada por um doleiro do Rio de Janeiro". Delcídio disse não saber se há relação entre essa fundação e as acusações que fez ao tucano – entre elas, de serbeneficiário de propinas em Furnas e de ter agido para interferir nas investigações da CPI dos Correios, da qual o petista foi presidente, em 2006. Janene era um dos líderes do esquema em Furnas, segundo as investigações.
Foi a primeira vez que uma testemunha da Lava Jato citou em público o que os investigadores da Procuradoria-Geral da República investigam sigilosa e discretamente. Os procuradores que trabalham ao lado de Rodrigo Janot apuram a participação de Aécio nos esquemas citados por delatores, em especial o de Furnas. Pediram colaboração internacional, junto às autoridades de paraísos fiscais, para averiguar se contas como a associada ao senador em Liechtenstein foram usadas para o recebimento de propinas. Já descobriram, informalmente, que vários políticos brasileiros foram pagos em contas secretas em paraísos fiscais europeus. Aguardam o compartilhamento oficial dessas evidências. Marcelo Miller, um dos procuradores que atuaram no caso do doleiro Norbert Muller, integra a força-tarefa da PGR.
Aécio acabara de assumir a Presidência da Câmara dos Deputados quando a conta em Liechtenstein foi aberta. De acordo com os documentos apreendidos pela PF, ela poderia ser movimentada por Inês Maria e por Andréa Neves, irmã de Aécio. Segundo os papéis, Aécio não estava autorizado a movimentar a conta da fundação no banco LGT. Era, no entanto, seu beneficiário, de acordo com um documento apreendido pela PF e conhecido como “By Law”. Trata-se de umdocumento sigiloso, cujas cópias estão disponíveis apenas para os signatários e seus advogados – e que nem sequer é registrado perante as autoridades de Liechtenstein. O beneficiário, ou membro, de uma fundação tem direito a receber bens e dinheiro dela. Uma cláusula do By Law da fundação Bogart & Taylor especificava que, no caso da morte de Inês Maria Neves, Aécio herdaria a fundação e, com isso, o direito de movimentar livremente a conta no LGT. Ele, a mãe e a irmã são sócios em diversos outros empreendimentos, entre eles uma rádio e duas empresas de participação, de acordo com documentos da Junta Comercial de Minas Gerais.
A investigação da PF confirmou que nem Inês Maria, nem Andréa, nem Aécio declararam a existência da conta e da fundação Bogart & Taylor à Receita Federal ou ao Banco Central, como determina a lei. Nenhum dos outros clientes de Muller havia declarado também. Em tese, cometeram os crimes de evasão de divisasocultação de patrimônio e sonegação fiscal. Procurados por ÉPOCA, nem Aécio nem Inês Maria quiseram dar entrevista. Por meio de seus advogados, a família Neves confirmou que os documentos apreendidos são verdadeiros e que Inês Maria pretendia criar a fundação Bogart & Taylor em Liechtenstein para destinar recursos à educação de seus netos. Mas afirmam que a conta secreta no LGT foi aberta “sem conhecimento” da família. E permaneceu aberta por seis anos “à revelia” – até a operação da PF naquela manhã de fevereiro de 2007. Numa das notas enviadas a ÉPOCA, os advogados da família Neves afirmam: “Em 2001, assessorada pelo seu marido, o banqueiro Gilberto Faria, a Sra. Ines Maria pensou em criar uma fundação no exterior para prover os estudos dos netos. Foram feitos contatos com o representante de uma instituição financeira, no Brasil, e a Sra. Ines Maria encaminhou ao representante as primeiras documentações. Em função da doença de seu marido (Gilberto Faria morreria em outubro de 2008), os procedimentos foram interrompidos, e a fundação não chegou a ser integralmente constituída. A Sra. Ines Maria nunca assinou qualquer documento autorizando a abertura de conta bancária e nunca realizou remessa financeira para a mesma”.
Após a revelação do depoimento de Delcídio, a assessoria de Aécio divulgou nota reafirmando, em essência, o que seus advogados haviam informado a ÉPOCA. Omitiram, porém, que a conta só foi declarada após a batida da PF na casa do doleiro. Acrescentaram que o MPF no Rio e, ano passado, a própria PGR arquivaram investigações sobre o caso. É verdade. Omitiram, no entanto, que não houve investigação em nenhuma das duas instâncias. Numa, os procuradores disseram ser inviável apurar a existência da conta, em razão da proteção assegurada por Liechtenstein; noutra, a mais recente, a PGR limitou-se a seguir burocraticamente o que os procuradores no Rio já haviam dito. Ao arquivar o pedido de investigação, a PGR, no entanto, ressaltou que ele poderia ser reaberto mediante o surgimento de mais provas - como a delação de Delcídio e o avanço na colaboração da Lava Jato com autoridades de paraísos fiscais.
O segundo beneficiário
Indepedentemente do desenrolar da investigação na Lava Jato, um exame atento dos documentos da pasta amarela permite levantar sérias dúvidas sobre as declarações apresentadas por Aécio e seus advogados.Os papéis contradizem a versão de que a conta foi aberta "sem conhecimento da família" de Aécio e que permaneceu aberta "à revelia" dela. A pasta amarela guardava toda a papelada usada para abrir a conta. Havia cópia do passaporte de Inês Maria, assinaturas dela nos contratos com o LGT e procurações a Muller. Havia também páginas de extrato da conta. Em 2007, havia US$ 32 mil de saldo. Como são poucos os extratos apreendidos, não há como saber quanto dinheiro foi movimentado – nem quem fez depósitos ou saques. Na pasta, havia ainda numerosos faxes trocados entre Muller e um grupo de advogados ligados ao LGT, sediados em Vaduz, capital de Liechtenstein, com quem Muller mantinha parceria para facilitar contatos com o banco. Havia, por fim, os documentos de criação da fundação Bogart & Taylor, titular da conta no LGT. A criação da fundação, um tipo de entidade jurídica destinada a administrar patrimônios, estabelece uma camada extra de anonimato ao cliente. Uma coisa (a conta) não existe sem a outra (a fundação). Trata-se de uma precaução comum em Liechtenstein, também seguida por outros clientes de Muller.

Os documentos revelam que as tratativas para abrir a conta secreta começam em abril de 2001. Não se sabe quem da família de Aécio procura Muller – nem por quê. Naquele momento, apesar das declarações dos advogados de Aécio, Muller já é um personagem conhecido no mundo dos negócios clandestinos cariocas. Não é um "representante de uma instituição financeira". É um doleiro, conhecido também da PF, que o havia processado por crimes contra o sistema financeiro e fraude cambial em casos dos anos 1990. No dia 26 de abril, surge o primeiro registro formal da abertura da conta (todos os documentos em alemão obtidos por ÉPOCA foram vertidos ao português por um tradutor juramentado). Muller envia um detalhado fax aos advogados de Liechtenstein que, em parceria com ele, cuidavam das contas secretas da clientela brasileira. O assunto: “Nova fundação Bogart and Taylor”. Em anexo ao fax, seguem os documentos de abertura da Bogart & Taylor e, também, da conta bancária dessa fundação. “Hoje eu recebi da proprietária US$ 21.834,00 a título de capital e peço que me informe por fax o endereço para o qual deve ser transferido o dinheiro”, escreve Muller. Ele é claro quanto à administração do dinheiro: “A fundação deve abrir uma conta no Banco LGT Bank em Liechtenstein AG, e ambas as pessoas inscritas no cartão de assinaturas deverão poder assinar”. Assinar, nesse caso, significa o poder de movimentar a conta. As pessoas autorizadas são Inês Maria e Andréa.
Três dias depois, em 29 de abril, Muller envia mais documentos da família Neves a Liechtenstein. Conta detalhes das tratativas com Inês Maria: “Gostaria de informar que a proprietária quer substituir ‘and’ por ‘&’. Por favor, faça esta alteração. Em anexo, encaminho o estatuto que acertei com ela na data de hoje. Peço a gentileza de informar se esta minuta pode ser aceita. Na quarta feira visitarei a proprietária novamente, para colher a assinatura”. No dia seguinte, a advogada Daniela Wieser, uma das parceiras de Muller em Liechtenstein, confirma o recebimento dos papéis: “A fundação está sendo criada na data de hoje, e espero todos os documentos de volta até a metade da semana que vem. Por favor, envie ainda o endereço e a data de nascimento da cliente (eventualmente por fax), e uma cópia autenticada do passaporte”. Daniela Wieser informa a conta (0400130AH) no LGT que deverá receber os recursos para a criação da Bogart & Taylor. Essa conta pertencia à Hornbeam Corporation, era administrada pelo grupo de Muller – e, noutras investigações da PF, já aparecera metida em transações ilegais com doleiros brasileiros. Não há comprovantes da origem dos dólares repassados pela família de Aécio ao doleiro Muller. Mas é certo que eles chegaram à conta secreta no LGT por meio de uma conta usada para lavar dinheiro.
Em 7 de maio de 2001, prossegue a troca de documentação entre Muller e seus contatos em Liechtenstein. A advogada Daniela pede, por fax, mais informações sobre Inês Maria: “Por favor, me informe por fax a profissão da cliente e de seu ex-marido, pois necessito destas informações para a Hornbeam (a empresa de Muller, cuja conta abasteceria a conta da família Neves em Liechtenstein)”. Muller responde no mesmo dia: “A cliente (Inês Maria) administra seu próprio patrimônio. O ex-marido (Gilberto Faria) é um industrialista com diversas empresas, além de acionista de um grande banco (Bandeirante)”. No mesmo dia, Muller envia os documentos necessários para a criação da Bogart & Taylor: cópia autenticada do passaporte de Inês Maria, procuração assinada por ela e os estatutos da fundação.
O estatuto, assinado por Inês Maria, prevê que ela teria a liberdade de distribuir o dinheiro em nome da Bogart & Taylor como quisesse.  Segundo o estatuto, cria-se a Bogart & Taylor com um patrimônio inicial de 30 mil francos suíços. Noutro documento, uma espécie de procuração, Inês Maria delega a Muller, por meio de uma das companhias dele, a Domar Fiduciary Management, com sede em Liechtenstein, o poder de administrar a Bogart & Taylor e o dinheiro dela. No mesmo documento, assinado pela mãe de Aécio, especifica-se que a Bogart & Taylor abrirá conta no LGT, que os recursos dessa conta serão geridos em dólares americanos – e que a conta poderá ser movimentada por Inês Maria e Andréa. Ou seja, nada indica que tenha sido uma operação "sem conhecimento da família". Muller aparece como contato da Bogart & Taylor, com a seguinte ressalva: “(Contactar) Apenas em casos de extrema necessidade”. Semanas depois, Muller viaja a Liechtenstein. Encontra-se em Vaduz com os advogados que cuidam das contas no LGT. Recolhe as assinaturas deles, os recibos do LGT e, logo depois, traz a papelada ao Brasil. Guarda-as na pasta amarela.
LGT, um banco de lavagem
Quatro anos após a abertura da conta, os advogados ligados a Muller pedem que Inês Maria assine mais papéis. Agora, a família Neves demonstra cuidado. Em 16 de março de 2005, Muller explica aos advogados, por fax, por que Inês Maria não quer assinar os documentos restantes: “A proprietária (Inês Maria), por ocasião de minha visita no dia de ontem, declarou que ela não quer assinar nenhum documento no Brasil. (…) Se a assinatura das declarações que me foram enviadas tiver que ser de imediato, ela prefere fechar a fundação (...) Em poucos meses, ela (Inês Maria) estará em Paris e me prometeu informar a data da viagem e o local de permanência em Paris, para que o senhor possa enviá-la os documentos para assinatura”.

Meses depois, em 17 de novembro do mesmo ano, nada mudara. Por fax, Muller reforça aos advogados que Inês Maria prometera resolver as pendências somente quando estivesse fora do Brasil. “Infelizmente, a senhora (Inês Maria) ainda não assinou o formulário ‘declaração’. Ela sempre diz que pretende resolver essa pendência tão logo esteja em Paris. Mas seu esposo está atualmente doente e se encontra em cadeira de rodas, de forma que ela não pode viajar”, escreve Muller. Diante da demora de Inês Maria em assinar os papéis, ele parece resignado: “Continuarei tentando colher a assinatura dela, mas não tenho muitas esperanças”.

No dia em que a PF apreendeu os papéis na casa de Muller, a conta de Inês Maria no LGT registrava saldo de US$ 32.316,12. Dois meses após a operação da PF, Inês Maria finalmente “cancelou os procedimentos de criação da fundação”, nas palavras de seus advogados. De onde saiu o dinheiro depositado por Muller na conta de Liechtenstein? Os advogados dizem que Inês Maria pagou, embora não identifiquem a origem dos recursos nem forneçam comprovantes: “Ao longo de seis anos, o Sr. Norbert cobrou duas vezes, em 2001 e em 2005, da Sra. Ines Maria, honorários e taxas para a criação da fundação. O valor total dos dois pagamentos, feitos em moeda nacional, no Brasil, correspondeu, na época, a cerca de US$ 30 mil, uma média anual de US$ 5 mil. Em 2007, após protelar por anos a assinatura dos documentos faltantes, tomou a iniciativa de encerrá-lo para evitar que se mantivesse indefinidamente em aberto”.

Abrir uma conta em Liechtenstein e declará-la ao governo seria tão inusitado que não há registro público disso. O BC não pôde informar a ÈPOCA o total de recursos enviados por brasileiros a Liechtenstein – uma informação que costuma ser pública. O montante, diz o BC, é tão pequeno que revelá-lo ameaçaria o sigilo bancário dos poucos remetentes. O LGT, que pertence à família real de Liechtenstein, é conhecido, no sistema financeiro internacional, como um porto tranquilo para dinheiro de origem duvidosa. Em fevereiro de 2009, dois anos após a operação da PF, Heinrich Kieber, um funcionário do LGT, fez cópia completa dos documentos de 1.400 contas hospedadas no banco. Vendeu-as aos serviços secretos da Alemanha e da Inglaterra – dois dos países com maior número de correntistas, que maior prejuízo haviam tido com a sonegação de impostos. Seguiram-se extensas investigações e a maior operação de combate à evasão fiscal nos dois países. Os dados foram compartilhados com outros países prejudicados, como França, Espanha, Itália, Grécia, Suécia, Áustria, Austrália, Nova Zelândia, Índia, Canadá e Estados Unidos. Houve investigações em todos e prisões na maioria. Até a Lava Jato, o Brasil não pedira acesso aos dados.

Num depoimento ao Senado americano, ainda em 2009, Kieber deu detalhes de como clientes são orientados pelo LGT a proceder, de maneira a enganar as autoridades. “O LGT orientava seus clientes a não contar a ninguém sobre a existência dessas entidades (fundações), incluindo advogados ou familiares que não fossem beneficiários do patrimônio mantido no bancos suíços”, afirmou Kieber. “As relações humanas podem não terminar bem, e o cliente se transformar em vítima de alguma chantagem.” Outra orientação, nas palavras de Kieber: “Não ligue para o LGT de casa, não ligue de casa nem do trabalho. Use apenas telefones públicos”. De acordo com o Kieber, o LGT só usava telefones celulares da Suíça e da Áustria, para dificultar o rastreamento das autoridades. Ele informou também que o LGT não se comunica com seus clientes por e-mail. “O fato de os clientes do LGT não precisarem do dinheiro escondido para despesas rotineiras ajuda a não ser detectado.”
A central bancária paralela
De posse do material recolhido e analisado pela PF, e ciente também das revelações do ex-funcionário do LGT, o Ministério Público Federal decidiu não aprofundar as investigações. Em 20 de abril de 2009, os procuradores Fábio Magrinelli e Marcelo Miller ofereceram denúncia apenas contra os três integrantes da família do patriarca Muller, que morrera recentemente: a viúva dele, Christine Puschmann (segundo os procuradores, ela assumira os negócios do marido) e duas de suas filhas, Christine Muller e Ingrid Muller. “A denunciada Christine Puschmann, agindo em conjunto com seu companheiro Norbert Muller, fez operar uma verdadeira instituição financeira informal, mas suficientemente estruturada, gerindo recursos de terceiros em larga escala. As atividades eram desenvolvidas com a captação, intermediação e aplicação de divisas pertencentes a seus clientes, pessoas físicas majoritariamente residentes no Brasil, em especial a partir da administração de contas mantidas no exterior, mais precisamente no LGT Bank, sediado em Liechtenstein, e no UBS Bank, sediado na Suíça, em notórios paraísos fiscais”, escreveram os procuradores. Eles afirmam que a família Muller atuava como uma espécie de “central bancária paralela”. Abriam e movimentavam contas em paraísos fiscais, sacavam dinheiro, depositavam dinheiro – e até distribuíam cartões de crédito, de modo a facilitar os gastos cotidianos dos clientes.
Segundo a denúncia, o material apreendido pela PF na casa de Muller, aliado aos diálogos telefônicos interceptados no decorrer da investigação, revela a existência de “mais de uma centena de contas vinculadas ao LGT Bank e ao UBS Bank que eram administradas pelo casal”. “Tem-se que a identificação das contas e de seus titulares a partir dos elementos carreados aos autos, todos harmônicos e complementares entre si, evidencia a dimensão do esquema ilícito posto em prática por Norbert Muller e Christine Puschmann, revelando a perenidade da sistemática, o longo lapso temporal em que executada, a expressividade dos valores envolvidos (…), tudo realizado à margem da fiscalização das autoridades brasileiras, sempre com o cuidado de se manter a clandestinidade dos negócios”, afirmam os procuradores.
E quanto aos clientes? Os procuradores acharam melhor transformar o caso de cada um num processo separado. A depender da cidade de residência do investigado, encaminharam fragmentos de provas a diferentes procuradores, que tiveram autonomia para decidir que providências tomar. Essa estratégia produziu resultados incoerentes com a denúncia do MP contra Christine Puschmann. Em Porto Alegre, os procuradores resolveram pedir a Liechtenstein acesso às contas dos investigados. No Rio de Janeiro, onde mora a maioria dos clientes, diferentes procuradores ofereceram diferentes entendimentos sobre como proceder, apesar de analisar iguais evidências. Houve casos de denúncia. E houve casos de pedido de arquivamento. Foi o que aconteceu com a família Neves.

Em 23 de fevereiro de 2010, o procurador Rodrigo Poerson – dez meses após seus colegas de andar na Procuradoria da República do Rio acusarem Muller de operar uma “central bancária paralela” – assinou despacho em que pede o fim das investigações sobre a conta da fundação Bogart & Taylor. (O MPF se recusou a fornecer cópia do parecer; ÉPOCA teve que obter o documento na Justiça.) Nele, em três páginas, Poerson acolheu integralmente os argumentos da defesa de Inês Maria. E disse ser inviável conseguir a colaboração de Liechtenstein. Ele desconsiderou os documentos assinados por Inês Maria, que previam a abertura da conta, e a própria natureza das fundações em Liechtenstein – para criar uma fundação, é necessário depositar 30 mil francos suíços numa conta aberta em nome dela. Diante do parecer de Poerson, em 26 de fevereiro de 2010 o juiz federal Rodolfo Hartmann, do Rio de Janeiro, não teve opção senão arquivar o processo. Ele fez a ressalva de que, se o Ministério Público tentasse conseguir mais provas, reabriria a pasta amarela.
Os documentos da conta secreta
da família de Aécio em Liechtenstein
São 36 páginas de documentos - no site da revista você encontra o restante.

1° ministro: Lula não aceitou ser ministro de Dilma, mas o chefe de governo

no Blog do Rovai

por Renato Rovai

Lula é o novo ministro da Casa Civil da presidenta Dilma.


MILAO ITALIA 05/06/2015  POLITICA Ex presidente Luiz Inacio  Lula da Silva visita o  pavilhão brasileiro da Expo 2015 em Milao. FOTO Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Há pelo menos uma semana o ex-ministro Gilberto Carvalho ficou em reuniões no Palácio do Planalto tratando do assunto.
Na direção do PT havia muito gente contra. A volta de Lula ao governo estava longe de ser unanimidade entre os líderes da legenda.
Muito pelo contrário, havia uma boa parte que já entendia que o governo havia acabado e que Lula deveria se preservar para 2018.
Mas entre deputados e ministros quase todos faziam pressão para Lula ser ministro.
Entre os prefeitos e vereadores do partido idem.
Líderes da base aliada diziam que essa era a única chance de o governo Dilma tentar (vejam bem, tentar) ir até 2018.
Na militância do PT e nos movimento sociais Lula ainda é mito. E o entendimento é que na hora do aperto só ele salva. E a pressão foi imensa nas bases para que  aceitasse o desafio.
No intimo, quem conviveu com Lula e debateu o assunto, não via entusiasmo nele para aceitar o cargo.
Mas Lula não teve opção.
O governo esfarelou nos últimos meses e já não havia quem o defendesse se algo de muito radical não viesse a ser feito.
E Lula poderia perder todo o capital político que acumulou na sua trajetória se o país viesse a entrar em colapso.
Mais do que isso, ainda seria cobrado por não ter ajudado na hora em que o bicho pegou.
Foi isso que levou Lula a voltar ao Planalto na condição de ministro.
Para aceitar, porém, foram muitas as condições.
Lula não entra como ministro da Casa Civil, mas como primeiro ministro.
Ele não vai cuidar de defender Dilma do impeachment. Ele vai governar.
Nos próximos dias é que vai se saber como e com quem, mas já se pode afirmar que a Reforma da Previdência não será tema para agora. E que Lula vai priorizar a retomada do crescimento.
É quase certo que o presidente já condicionou sua volta a usar uma parte das reservar em dólar, algo próximo a 100 bilhões, para retomar obras paradas do PAC.
Prefeitos, principalmente, estão desesperados porque muita coisa necessária está juntando lixo e água empoçada nas cidades por falta de verbas.
Lula costuma dizer que o mais caro é obra parada. E que não há maior corrupção do que deixar um investimento pela metade.
Com essa injeção de recursos a construção civil poderia voltar a crescer e a expectativa é que isso gerará empregos. A aposta é que o Brasil sairá do atoleiro e dará uma navegada econômica ainda neste ano.
Lula também aposta em acordos de grandes investimentos com os chineses.
E por isso pretende trazer de volta o seu fiel escudeiro, Celso Amorim, para o ministério das Relações Exteriores. Ele quer um ministro que priorize as relações Sul-Sul. E que tenha voz firme e forte fora do Brasil.
A volta de Lula foi bastante discutida com o PMDB.
Renan Calheiros sinalizou que era o caminho para não haver impeachment.
Os russos, com que o jogo não foi combinado, são os procuradores da Lava Jato e o juiz Sérgio Moro. E, claro, a Rede Globo.
As investigações não cessarão porque Lula chegou ao governo. E a divulgação de vazamentos também não.
A narrativa da Lavajato, porém, pode perder fôlego. Porque muita coisa já foi revelada e muita coisa está espirrando em líderes da oposição e do PMDB.
Aécio, por exemplo, já está carimbado como o delatado-mor. Foi apontado como parte de esquemas por cinco pessoas diferentes. E agora reapareceu a denúncia da lista de Furnas e de uma conta de sua mãe em Liechtenstein.
E vez ou outra senadores do PMDB entram na roda.
Delcídio, por exemplo, falou de vários deles na delação divulgada ontem.
Se Lula conseguir fazer o governo chegar nas Olimpíadas um pouco melhor, o impeachment pode perder força.
Porque depois de agosto o Congresso praticamente ficará vazio com a entrada no calendário das eleições municipais.
Lula está assumindo num momento de alto risco.
Se a situação melhorar para um regular, já pode se aposentar tranquilo.
Mas se for engolido pela tsunami, ficará com um biografia menor.
E por isso só aceitou a tarefa por falta de opção.
A oposição vai dizer que Lula só tomou esse rumo para fugir de Moro. Mas isso não contou. Muito pelo contrário. Se fosse por isso, Lula ficaria em São Bernardo junto com Marisa e seus filhos.
O que mais lhe fez relutar na ida para o governo foi isso, o fato de parecer que estava fugindo do juiz paranaense.
Quem acompanha julgamentos no STF desde o mensalão sabe que eles costumam ser mais duros do que nas instâncias inferiores. Não foi por outro motivo que Eduardo Azeredo (PSDB-MG) renunciou ao seu mandato. Quis ser julgado lá na primeira instância.
Neste caso do julgamento, Lula não tem nada a ganhar.
Se é que tem algo a ganhar em qualquer outra coisa nesta sua ida para o ministério.
Mas na política o cálculo não pode ser o de só ir na boa. Só entrar para ganhar.
Em política, assumir riscos é que diferencia os agentes públicos.
Lula está arriscando quase tudo nessa sua nova missão.

Interrogatório de Lula: a vergonha de uma polícia política, sem fato concreto a apurar

no Tijolaço

POR 

depoim

Vazou – o que não vaza – o texto do depoimento de Lula durante a operação-sequestro de Congonhas.
A leitura é de chorar.
Simples meganhagem, especulação, arapucas.
Lula diz, logo ao início, que não participava da administração financeira ou organizacional do Instituto que leva seu nome.
No entanto, as poucas perguntas que guardam alguma materialidade – e repetidas várias vezes – versam exclusivamente sobre isso.
O delegado ficou pedindo detalhes de informações contábeis mesmo depois de ter-lhe sido dito que tais coisas não eram tratadas pessoalmente por Lula, o que é ocioso, portanto.
O resto é pura bisbilhotice.
“Delegado da Polícia Federal:- Sim. Como eu já adiantei para o ex-presidente, ele envolve reformas e aquisição e registro da propriedade do sítio em Atibaia, eventuais reformas e registro de propriedade do flat…
Declarante (Lula):- O senhor deveria estar entrevistando o Ministério Público, trazer o Conserino aqui e fazer pergunta para ele, para ele dizer que é meu, para ele dizer que o apartamento é meu, para ele dizer que eu paguei o apartamento, ele que tem que dizer, não eu.
Delegado da Polícia Federal:- O que interessa para nós…
Declarante:- Que o cidadão conta uma mentira e eu sou obrigado a ficar respondendo a mentira dele.
Delegado da Polícia Federal:- Mas se o senhor não responder quem vai responder?
Declarante:- Um cidadão que é membro do Ministério Público, que fica a serviço da Globo, do Jornal Globo, da Revista Veja, fazendo insinuações e eu tenho que responder? Ele que diga, ele que prove, no dia que ele provar que o apartamento é meu alguém vai me dar o apartamento, ou o Ministério Público vai me comprar o apartamento ou a Globo me compra o apartamento, ou a Veja me compra o apartamento, ou sei lá quem vai me comprar o apartamento, o que não é possível é que a gente trabalhe tanto para criar uma instituição forte nesse país e dentro dessas instituições pessoas que não merecem estar nessa instituição estejam a serviço de degradar a imagem de pessoas, não sou eu que tenho que provar que o apartamento é meu, ele é que vai ter que provar que é meu, ele vai ter, eu espero que ele tenha dinheiro para depois pagar e me dar o apartamento, eu já estou de saco cheio disso, essa é a verdade, estão gravando aqui para ficar registrado. Eu estou de saco cheio de ficar respondendo bobagens.
Coisas desrespeitosas, do ponto-de- vista pessoal. como quando o delegado pergunta (ele deve viver no mundo da lua) porque houve mais palestras em 2011 que em 2012, quando o ex-presidente estava se recuperando de um câncer na garganta:
Declarante:- Aí comecei a fazer quimioterapia, comecei a fazer radioterapia, só fui começar a ficar razoavelmente bem, a campanha do Haddad foi em outubro de 2012, eu ainda não conseguia falar porque tossia mais do que falava, eu só fui ficar pronto mesmo em 2013.
Delegado da Polícia Federal:- Início, meio ou fim?
Declarante:- Hein?
Delegado da Polícia Federal:- Início, meio ou fim de 2013?
Declarante:- Eu acho que no começo de 2013 eu estava muito ruim da garganta, estava muito inchado e a garganta ficava irritada por qualquer coisa.
Delegado da Polícia Federal:- Foi de tanta palestra em 2011, então.
Declarante:- Hein?
Delegado da Polícia Federal:- Foi de tanta palestra, né.
Se há algo a criticar no Lula é o ex-presidente ter tido tanta paciência. Eu, embora fosse evitar o vai se … apropriado à gracinha, teria no mínimo parado ali, por falta de respeito pessoal evidente, molecagem de brincar com o câncer alheio…
Em outras horas, é o delegado quem fica constrangido, como nos momentos em que Lula fala do baixo valor das diárias dos militares de sua segurança e quando ele concorda que o ex-presidente “faz muito bem” a propaganda do Brasil no exterior.
Mas tome de bisbilhotice sobre as palestras pagas a Lula:
Delegado da Polícia Federal:- Quem arca com os custos de transporte, hospedagem e alimentação?
Declarante:- Só para repetir, quem me contrata paga tudo.
Delegado da Polícia Federal:- Perfeito, perfeito.
Declarante:- Aqui e no exterior.
Delegado da Polícia Federal:- Qual é o tipo de hospedagem que o senhor exige nessas palestras, quando o senhor se desloca?
Declarante:- As que tem.
Delegado da Polícia Federal:- Não faz exigência de…
Declarante:- Não faço exigência porque, você sabe o que acontece, eu cansei
de ficar em apartamento e a única coisa que eu utilizava era o banheiro de manhã e a cama durante 6 horas, então eu fico no apartamento que tiver.
Se Lula não é presidente, não é servidor público, se a palestra é um negócio privado, qual é o interesse em saber “o tipo de hospedagem”. Vá perguntar para a Madonna ou aos Rolling Stones, Doutor Delegado…
Eu poderia continuar selecionando dúzias de barbaridades. Referências à Petrobras entram um ou duas vezes, apenas para justificar uma suposta ligação com a Lava Jato. As perguntas sobre Bumlai são de doer, totalmente sem objetivo.
Nada que justificasse um depoimento, muito menos ainda um dado sob condução coercitiva.
Apenas um espetáculo de força e autoritarismo.
PS. Para quem quiser perder seu tempo, tem aqui o depoimento na íntegra.

O japonês da Federal é contrabandista, confirma o STJ

no Tijolaço

POR  

japafederal


O herói da direita, que virou boneco gigante e máscara de carnaval, motivo de marchinhas. Newton Hidenori Ishii, o “japonês da Federal” está, finalmente, condenado definitivamente como contrabandista.
A história está, toda, no blog do Marcelo Auler, que mostra que o “Japonês” agora é. com sentença transitada em julgado, um  contrabandista.
Aí está o que é o “herói” da direita.Neste caso, não há vazamentos e as sentenças são publicadas de forma quase cifrada.
“No STJ, a decisão do ministro cita apenas as iniciais dos réus. Ali, o ministério público tentou reverter a “consunção”, procurando a condenação por corrupção, já que a facilitação do contrabando e descaminho foi apenas o meio encontrado pelos agentes públicos para receberem dinheiro indevidamente. As penas seriam, consequentemente, maiores. Mas tanto a subprocuradora como o ministro entenderam que não cabia esta revisão pois seria necessário “o revolvimento da matéria fático-probatória, o que é vedado pela Súmula 7/STJ”.
O “Japonês da Federal” está de férias. Por isso não participou da “condução coercitiva” de Lula. Não volta à cena, mas terá toda a sua integral aposentadoria, a partir do mês que vem.
E vai poder, talvez, usar o tempo livre para defender a autonomia da Polícia Federal.
Veja toda a enojante história no blog do Marcelo Auler.

Não deixe o ódio entrar em você

no Tijolaço

gun

O ódio, como um vírus, espalha-se numa sociedade sem que a gente saiba como pará-lo, embora saiba bem quem são os mosquitos que os conduzem.
E como este infelizmente famoso zika, tende a produzir microcefalia não em fetos, mas em marmanjos.
Nesta questão das armas, vivemos um surto e não faltam microcéfalos a propagar a estupidez de que a paz se alcança o dia em que todo mundo puder ameaçar o outro com um tiro.
Anteontem aqui se postou o rapazote que, na falta de ocupação que tenha valia, posa com uma arma de atirar bolotas de tinta para dar apoio à ideia do armamento geral.
Também circula, na internet, um vídeo onde outro luminar, o senhor Jair Bolsonaro, na pacata cidade de Resende, nos limites do Rio de Janeiro com São Paulo, defender que cada dono de sítio possa ter um fuzil!
Imaginem que alegria para o PCC paulista ou uma facção criminosa do Rio passar um final de semana na “roça” e voltar com uma dúzia de fuzis novinhos, tirados do casal de velhinhos surpreendido à noite, deixados amarrados ou, pior, deitados em meio  uma poça de sangue?
Chegamos a um ponto em que a ignorância e a brutalidade sequer se disfarçam, estimuladas por estes tempos onde alguns se proclamam portadores de direitos sagrados à estupidez, às armas, ao poder, sob o manto ultra-extra-super neoliberal de que cada um sozinho tem de fazer o papel do Estado.
O seu modelo, o céu americano, o USA Heaven, onde as armas mais pesadas podem ser vendidas em qualquer magazine está aí, corando um massacre por semana, quase, como este em que um casal, que possuía fuzis e seis mil cartuchos para eles, deixa seu bebê de seis meses com a avó e vai a uma festa de final de ano de um centro de serviços sociais para  matar 14 pessoas…
Dramático, mas muito mais grave é o retrato do que ocorre quando o ódio se espalha, pois fuzis sem ódio não disparam a rodo.
Não é por outra razão que justamente os pregadores do ódio querem também que todos tenham armas, e pesadas.
É porque eles, mesmo antes delas, já distribuem a munição.