Para sindicato dos professores da rede estadual, manifestações estudantis contra reorganização mudaram a história da escola pública no estado de São Paulo
por Cida de Oliveira
Durante greve de 90 dias, professores denunciaram mazelas do ensino paulista, como a superlotação das classes
por José Gilbert Arruda Martins
O recuo do governador truculento do PSDB, não se enganem, é apenas provisório, até os bravos estudantes secundaristas de São Paulo, saírem das escolas, não acreditem nesse cara, um governador que bate em professor e estudante, não merece nenhuma consideração de apreço, muito menos de confiança.
Apesar de ser um recuo do governador e uma vitória momentânea apenas, mas uma vitória que poderá ter algum significado, pois o PSDB vem, com mão de ferro, dominando o estado de São Paulo há mais de 20 anos, a impressão que passa, para quem mora longe, é que até professores e estudantes apoiam cegamente as políticas autoritárias, anti-republicanas do Alckmin.
Por que digo isso?
Por que, a dominação do PSDB por duas décadas, foi e é acompanhada de uma administração repleta de descasos com a coisa pública, haja vista as questões que envolvem desvios de recursos públicos com os trens do Estado, o extermínio das populações de jovens pobres da periferia etc., agora, essa tal de reorganização das escolas, que poderá significar para um futuro bem breve, a entrega aos rentistas, da educação pública ou, como dizem muitos, a entrega dos terrenos onde ficam as escolas para a especulação imobiliária.
Mesmo assim, parabéns aos estudantes secundaristas de São Paulo. Estamos com vocês.
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São Paulo – Longe de significar o fim da reorganização da rede estadual de ensino reivindicada por alunos que ocupam escolas há 25 dias, a suspensão do projeto do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), anunciada hoje (4) em meio a protestos e repressão policial, parece apontar para a primeira derrota em mais de 20 anos de gestão tucana.
“O debate sobre a situação da educação paulista acabou sendo feito por vias tortas, em meio às manifestações. O governo tentou colocar na agenda a seu modo, mas foram os movimentos que acabaram agendando a educação”, disse a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira.
Segundo a dirigente, a desvalorização do trabalho docente e as classes superlotadas, que prejudicam a qualidade do ensino e que estão no centro do debate estudantil apoiado por pais, professores e movimentos sociais, são os mesmos pontos da pauta de reivindicações do movimento grevista dos professores que em 2015 durou três meses sem que o governo apresentasse uma proposta sequer. "Tivemos zero de correção salarial e estamos com uma série de pendências que serão transferidas pelo novo secretário da Educação", disse.
A suspensão do projeto que inclui o fechamento de mais de 90 escolas e a extinção do ensino médio, principalmente noturno, em muitas unidades, bem como a saída do secretário da Educação Herman Voorwald, foram recebidas como "necessárias".
"Era preciso voltar atrás. O bom senso dizia que não se pode impor com força policial aquilo que a sociedade não está aceitando", disse Bebel. "Estamos esperando que o próximo secretário tenha o perfil prometido pelo governador em 2011, de que teria disposição para o diálogo, mas que não aconteceu na prática".
Ainda segundo a dirigente, a luta dos professores ganha força com o movimento dos alunos. "Mesmo assim, governo Alckmin deverá seguir com a tentativa de quebrar a Apeoesp".
A presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas Ângela Meyer, avalia como importante e significativa a queda de Voorwald. "Sua gestão foi marcada pela falta de diálogo desde o princípio. É uma felicidade a saída dele".
No entanto, conforme a lider estudantil, a luta não acabou. "A escola pública deve ter outro objetivo, os professores devem ser valorizados e o governo tem de cumprir sua obrigação com a educação".
Acertada, porém tardia
O diretório estadual da Rede Sustentabilidade se manifestou sobre o recuo do governo de Geraldo Alckmin. Em nota oficial, destacou que a decisão do governo de suspender o processo de reorganização escolar é acertada, porém tardia e claramente motivada pela queda na popularidade de Alckmin anunciada hoje.
"É preciso deixar claro que a decisão de suspender o fechamento das escolas não exime o estado da apuração acerca da conduta violenta por parte da Polícia Militar contra as manifestações", diz a nota oficial. "É grave notar que a declaração de guerra aos estudantes anunciada na semana passada pelo chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação tenha se concretizado em cenas de truculência contra os adolescentes, como assistimos mais uma vez na manhã desta sexta-feira, com o uso da tropa de choque e promoção de uma verdadeira “chuva de bombas”.
O partido cobra ainda transparência com abertura do diálogo com a sociedade, para a construção de alternativas para a educação no Estado de São Paulo e que as ações policiais estejam a serviço da proteção à comunidade e não contra ela.
O partido cobra ainda transparência com abertura do diálogo com a sociedade, para a construção de alternativas para a educação no Estado de São Paulo e que as ações policiais estejam a serviço da proteção à comunidade e não contra ela.