sexta-feira, 18 de setembro de 2015

STF proíbe doação de empresas a partidos políticos

na Rede Brasil Atual

Foram oito votos contra e três a favor das doações. Ação estava parada desde abril de 2014, quando ministro Gilmar Mendes pediu vistas.

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“O poder econômico captura de maneira ilícita o poder político”, disse o relator Luiz Fux

São Paulo – Por oito votos a três, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou hoje (17) inconstitucionais as doações de empresas a partidos políticos. A Corte encerrou o julgamento, iniciado em 2013, de uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que questionou artigos da Lei dos Partidos Políticos e da Lei das Eleições. Esses artigos autorizam as doações de empresas para partidos políticos e candidatos. Por oito votos a três, o Supremo entendeu que as doações desequilibram a disputa eleitoral.
As doações de empresas nas eleições passam a ser proibidas,mas a polêmica sobre o assunto não está encerrada. Semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei para regulamentar as contribuições. O texto aguarda decisão da presidenta Dilma Rousseff sobre sanção ou veto. Se a presidenta sancionar a lei, será preciso uma nova ação para questionar a validade das doações no Supremo, devido a posição contrária adotada pelo tribunal.
Para entrar em vigor nas eleições municipais do ano que vem, eventual sanção deve ser efetivada até 2 de outubro, um ano antes do primeiro turno do pleito.
No início da sessão desta quinta-feira, o relator do caso, ministro Luiz Fux, manteve seu voto apontando contradições ditas pelo ministro Gilmar Mendes em seu posicionamento ontem. “Quero rejeitar a suposição de que meus companheiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tenham elegido estudo para servir de instrumento de manipulação”, disse o relator.
Mendes ainda tentou argumentar dizendo que empresas já influenciam o pleito eleitoral. “O The Economist, que é lido pela elite mundial dá palpite em eleições”, disse a fim de mostrar influência de empresas – no caso de comunicações – sobre as eleições.
Sobre a capacidade da Corte de discutir tal tema, em debate afastado do Parlamento, Fux argumentou: "A classe política não vai lutar contra seus próprios interesses (…) e o poder econômico captura de maneira ilícita o poder político”.
Seguindo o voto do relator, as ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber reforçaram a inconstitucionalidade da doação. “Não há como o poder econômico participar do pleito sem incomodar factualmente as coisas. Ele faz vergar ao peso patrimonial corporativo a espinha dorsal do eleitor”, disse Rosa Weber.
Em determinado momento do voto da ministra Rosa Weber, Gilmar Mendes a interrompeu com recorrente posição política afirmando: “Um partido tem direito a 'pixuleco' e outro não”. Fux rebateu desconsiderando a posição ao dizer que não se pode julgar com essas premissas.
Além do voto em forte tom político de Gilmar Mendes, os ministros Teori Zavascki e Celso de Mello se posicionaram contrários à proibição, utilizando argumentos baseados em aspectos constitucionais.
“O que a Constituição combate é a influência econômica abusiva”, disse Mello. Zavascki seguiu a mesma lógica, propondo a proibição parcial, sendo vedada a possibilidade de doações para candidatos rivais e também recursos oriundos de empresas que possuem contratos com o governo.
Com Agência Brasil

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

7 em cada 10 crianças de até 2 anos consomem biscoitos e bolachas

na Carta Maior

Conheça os males que o açúcar causa no organismo das crianças:

Adriana Franzin Fonte - Portal EBC
EBC
Agitação, nervosismo, sono ruim e alimentação precária. Parecem até sintomas de uma doença, mas essas são as consequências da ingestão excessiva de açúcar por bebês pequenos. Mascarado em alimentos industrializados, como biscoitos e suco, esse açúcar causa um grande prejuízo à saúde dos pequenos. E o mal é bem comum entre os bebês brasileiros.
 
Levantamento feito pela Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada hoje (21), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que quase 70% das crianças com menos de 2 anos de idade comiam biscoitos, bolachas ou bolo e 32,3% tomavam refrigerante ou suco artificial, em 2013.
 
Segundo a nutricionista Andressa Nascimento, o açúcar de sucos e refrigerantes atinge a corrente sanguínea muito rapidamente e o corpo precisa produzir uma quantidade grande de insulina para processá-lo. Esse pico insulínico, de acordo com ela, favorece o acúmulo de gordura no tecido adiposo e gera um ciclo vicioso pela necessidade de mais açúcar.
 
“Depois desse pico, a falta de açúcar no sangue gera irritabilidade e uma sensação de que se precisa consumir mais açúcar. Se preciso consumir mais açúcar, tenho mais fome e vira um ciclo que tende a ficar cada vez mais intenso. Um bebê obeso tem uma probabilidade maior de desenvolver diabetes, pressão alta e doenças cardíacas na fase adulta”.
 
Além disso, ela ressalta que o açúcar eleva a dopamina, que é um hormônio que dá sensação de bem-estar, mas que também tem pouco tempo de duração e a tendência é reforçar a sensação de necessidade de mais açúcar. Ou seja, cria-se uma dependência na criança. “É um efeito muito similar ao da cocaína ou heroína no sistema nervoso. Esse sobe e desce hormonal está também ligado ao aparecimento da hiperatividade com redução na capacidade de concentração e irritabilidade”, salienta. 
 
Outro problema é que nessa fase, os bebês ainda estão desenvolvendo o paladar e o contato com esse tipo de alimento vai dificultar a aceitação de verduras e legumes, que não são tão atraentes. 
 
Os refrigerantes, na opinião dela, são especialmente danosos, porque além dos malefícios do açúcar ainda contêm ácido fosfórico, que atrapalha a absorção do cálcio necessário para o desenvolvimento da estrutura óssea; cafeína, que interfere na qualidade do sono (que, por sua vez, está diretamente ligado ao desenvolvimento e à maturação dos órgãos); substâncias cancerígenas (formaldeído e benzoato de potássio) e os corantes artificias, que estimulam a produção de radicais livres e consequentemente o envelhecimento precoce.
 
Não existe recomendação de uma quantidade mínima de refrigerante, segundo a nutricionista, pois é um alimento que não deveria ser consumido. “É claro que, eventualmente, a criança vai consumir porque convive com outras crianças, porque frequenta festinhas, mas o ideal é não ter em casa nem ser usado como recompensa”, orienta ela.
 
A metade das crianças participantes da pesquisa tinha nove meses ou mais e estava em aleitamento materno de modo complementar. Foram consultados 64 mil domicílios no estudo, feito em parceira com o Ministério da Saúde.


Créditos da foto: EBC

O pequenino afogado Ayslan Kurdi nos faz chorar e pensar

na Carta Maior

Você não morreu, meu querido Ayslan. Foi viver e brincar num outro lugar, muito melhor. O mundo não era digno de sua inocência.

Leonardo Boff
reprodução
O pequenino sírio de 3 a 4 anos jaz afogado na praia, pálido e ainda com suas roupinhas de criança. De bruços e com o rosto voltado ao lado, como quem quisesse ainda respirar. As ondas tiveram piedade dele e o levaram à praia. Os peixes, sempre famintos, o pouparam porque também eles se compadeceram de sua inocência. Ayslan Kurdi é seu nome. Sua mãe e seu irmãozinho também morreram. O pai não pôde segurá-los e lhes escaparam das mãos, tragados pelas águas.
 
Querido Ayslan: você fugia dos horrores da guerra na Síria, onde tropas do presidente Assad, apoiado pelos ricos Emirados árabes, lutam contra soldados do cruel Estado Islâmico, esse que degola a quem não se converte à sua religião, tristemente apoiado pelas forças ocidentais da Europa e dos Estados Unidos.  Imagino que você tremia ao som dos aviões supersônicos que lançam bombas assassinas. Não dormia de medo de que sua casa voasse pelos ares em chamas.
 
Quantas vezes você não deve ter escutado de seus pais e vizinhos quão temíveis são os aviões não pilotados (drones). Eles caçam as pessoas pelas colinas desérticas e as matam. Festas de casamento, celebradas com alegria, apesar de todo o horror, também são bombardeadas, pois se supõe que no meio dos convidados deverá haver algum terrorista.
 
Talvez você nem imagina que quem pratica essa barbaridade e está por trás disso tudo, é um soldado jovem, vivendo no Texas num quartel militar. Ele está sentado tranquilo em sua sala diante de imensa tela como de televisão. Através de um satélite mostra os campos de batalha da sua terra, a Síria, ou do Iraque. Conforme a sua suspeita, com um pequeno toque num botão dispara uma arma presa no drone. Nada sente, nada escuta, nem chega a ter pena. Lá no outro lado, a milhares de kms, são mortas subitamente  30-40 pessoas, crianças como você, pais e mães como os seus e pessoas que nada têm a ver com a guerra. São friamente assassinadas. Lá do outro lado, ele sorri por ter acertado o alvo.
 
Por causa do terror que vem pelo céu e pela terra, pelo pavor de serem mortos ou degolados, teus pais resolveram fugir. Levaram toda a família. Nem pensam em arranjar trabalho. Apenas não querem morrer ou ser mortos. Sonham em viver num país onde não precisam ter medo, onde possam dormir sem pesadelos.
 
E você, querido Ayslan, podia brincar alegremente  na rua com coleguinhas cuja língua você não entende mas nem precisa, porque vocês, crianças, têm uma linguagem que todos, os meninos e meninas, entendem.
 
Você não pôde chegar a um lugar de paz. Mas agora, apesar de toda a tristeza que sentimos, sabemos que você, tão inocente, chegou a um paraíso onde pode enfim brincar, pular e correr por todos os lados na companhia de um Deus que um dia foi também menino, de nome Jesus, e que, para não deixá-lo só,  voltou a ser de novo menino. E vai jogar futebol com você; você vai poder pegar no colo um gatinho e correr atrás de um cachorrinho; vocês vão se entender tão bem como se fossem amigos desde de sempre; juntos vão fazer desenhos coloridos, vão rir dos bonecos que fizerem e vão contar histórias bonitas, um ao outro. E se sentirão muito felizes. E veja que surpresa: lá estará também seu irmãozinho que morreu. E sua mãe vai poder abraçá-lo e beijá-lo como fazia tantas vezes.
 
Você não morreu, meu querido Ayslan.  Foi viver e brincar num outro lugar, muito melhor. O mundo não era digno de sua inocência.
 
E agora deixe que eu pense com meus botões. Que mundo é esse que assusta e mata as crianças? Por que a maioria dos países não querem receber os refugiados do terror e da guerra? Não são eles, nossos irmãos e irmãs, habitando a mesma Casa Comum, a Terra? Esses refugiados não cobram nada. Apenas querem viver. Poder ter um pouco de paz e não ver os filhos chorando de medo e saltando da cama pelos estrondos das bombas. Gente que quer ser recebida como gente, sem ameaçar ninguém. Apenas quer viver o seu jeito de venerar Deus e de se vestir como sempre se vestiu.
 
Não foram suficientes dois mil anos de cristianismo para fazer os europeus minimamente humanos, solidários e hospitaleiros? Ayslan, o pequeno sírio, morto na praia é uma metáfora do que é a Europa de hoje: prostrada, sem vida, incapaz de chorar e de acolher vidas ameaçadas. Não ouviram eles tantas vezes que quem acolhe o forasteiro e o perseguido está anonimamente hospedando Deus?
 
Querido Ayslan, que a sua imagem estirada na praia nos suscite o pouco de humanidade que sempre resta em nós, uma réstia de solidariedade, uma lágrima de compaixão que não conseguimos reter em nossos olhos cansados de ver tanto sofrimento inútil, especialmente, de crianças como você. Ajude-nos, por favor, senão a chama divina que tremula dentro de nós, pode se apagar. E se ela se apagar, então afundaremos todos, pois sem amor e compaixão nada mais terá sentido neste mundo.
 
De Leonardo Boff, um vovô de um país distante que já acolheu muitos de seu país, a Síria, e que se compadeceu com sua imagem na praia e lhe fizeram escapar doloridas lágrimas de compaixão.


Créditos da foto: reprodução

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS - UNICEF

20 de Novembro de 1959, As Crianças têm Direitos. 
Direito à igualdade, sem distinção de raça religião ou nacionalidade.

Para o Conselho Tutelar da Asa Sul



Princípio I

- A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração. Estes direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer exceção, distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição econômica, nascimento ou outra codição, seja inerente à própria criança ou à sua família.
Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.

Princípio II
- A criança gozará de proteção especial e disporá de oportunidade e serviços, a serem estabelecidos em lei por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança.
Direito a um nome e a uma nacionalidade.

Princípio III
- A criança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma nacionalidade.
Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe.

Princípio IV
- A criança deve gozar dos benefícios da previdência social. Terá direito a crescer e desenvolver-se em boa saúde; para essa finalidade deverão ser proporcionados, tanto a ela, quanto à sua mãe, cuidados especiais, incluindo-se a alimentação pré e pós-natal. A criança terá direito a desfrutar de alimentação, moradia, lazer e serviços médicos adequados.
Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente.

Princípio V
- A criança física ou mentalmente deficiente ou aquela que sofre da algum impedimento social deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que requeira o seu caso particular.
Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.

Princípio VI
- A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afeto e segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe. A sociedade e as autoridades públicas terão a obrigação de cuidar especialmente do menor abandonado ou daqueles que careçam de meios adequados de subsistência. Convém que se concedam subsídios governamentais, ou de outra espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas.
Direito á educação gratuita e ao lazer infantil.

Princípio VII
- A criança tem direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares. Dar-se-á à criança uma educação que favoreça sua cultura geral e lhe permita - em condições de igualdade de oportunidades - desenvolver suas aptidões e sua individualidade, seu senso de responsabilidade social e moral. Chegando a ser um membro útil à sociedade.

O interesse superior da criança deverá ser o interesse diretor daqueles que têm a responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade incumbe, em primeira instância, a seus pais.
A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito.
Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes.

Princípio VIII
- A criança deve - em todas as circunstâncias - figurar entre os primeiros a receber proteção e auxílio.
Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.

Princípio IX
- A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e exploração. Não será objeto de nenhum tipo de tráfico.

Não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada; em caso algum será permitido que a criança dedique-se, ou a ela se imponha, qualquer ocupação ou emprego que possa prejudicar sua saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral.
Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

Princípio X
- A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole. Deve ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar suas energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes.

RIO - Após dois meses sem aula, alunos da UFRJ terão reposição a partir de segunda

na Rede Brasil Atual
Greve dos professores da instituição, que durou quase 60 dias, terminou no fim de agosto, mas os funcionários das áreas técnica e administrativa continuam em greve
por Flávia Villela, da Agência Brasil
alunos
Cada curso deverá avaliar internamente quantos dias serão necessários para finalizar o primeiro semestre

Rio de Janeiro – A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) iniciará a reposição de conteúdos do primeiro semestre letivo deste ano na segunda-feira (14). Algumas faculdades poderão estender até 17 de outubro o prazo para reposição. Cada curso deverá avaliar internamente quantos dias serão necessários para finalizar o primeiro semestre. A Escola de Educação Infantil e o Colégio de Aplicação já iniciaram a aulas de reposição. No curso de medicina, a data para início do segundo semestre é 28 de setembro. O calendário preliminar aprovado prevê que o segundo semestre irá de 26 de outubro de 2015 a 18 de março do ano que vem.
A greve dos professores da instituição, que durou quase 60 dias, terminou no fim de agosto, mas os funcionários das áreas técnica e administrativa continuam em greve. Eles querem reajuste de 9,5% em 2016 e de 5,5% em 2017, com cláusula de revisão em 2016, caso a previsão de inflação oficial em 2017 ultrapasse 5,5%. A proposta foi apresentada na quinta-feira (10). O governo dará uma resposta na  quarta-feira (16). Uma assembleia geral será marcada para quinta ou sexta-feira da próxima semana, informou o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (Sintufrj), Francisco de Assis. Ele ressaltou que outro motivo da greve é pedir mais verbas no Orçamento para a educação.
“Nossa luta não é apenas por recuperação de inflacionária, mas também por recuperação da universidade, da questão orçamentária. Segundo o próprio reitor, se continuar assim, a universidade terá de fechar as portas”, disse Assis. “A falta de orçamento afeta diretamente o funcionamento da universidade, o atendimento aos estudantes e as condições de trabalho dos docentes e técnicos administrativos”, acrescentou, ao lamentar que os docentes tenham encerrado a greve.
Na Universidade Federal Fluminense (UFF), tanto os professores quanto os funcionários técnicos e administrativos continuam em greve. Os docentes aprovaram uma lista de sete encaminhamentos apresentados pelo comando de greve e marcaram a próxima assembleia para o dia 17 de setembro. Eles defendem o caráter público da universidade e reivindicam melhores condições de trabalho e ensino, garantia da autonomia universitária, reestruturação da carreira e valorização salarial de ativos e aposentados. A principal demanda dos funcionários é o reajuste salarial igual ao defendido pelo Sindufrj, acordado pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra).

A pesca predatória dizima os rios da Ilha de Marajó

na Carta Capital
No meio da água e do verde, vicejam a pobreza e a desesperança
por Dal Marcondes 
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É cada vez mais raro encontrar pirarucus nas águas da região.

Na ilha de Marajó, os rios parecem não ter fim. O barco sai de Belém e aproxima-se da maior ilha fluvial do mundo. De um lado, deságua o Amazonas, que atravessa a maior floresta tropical do planeta e com força empurra a água do mar por quilômetros afora. Do outro chega o Tocantins, fortalecido por centenas de afluentes. O arquipélago, com suas 19 cidades, carrega o título de região mais pobre do Pará. Sorte, alguém pode pensar, que existem peixes em quantidade suficiente para alimentar os ribeirinhos. Engano. 
Recentemente, pesquisadores do Instituto Peabiru, ONG dedicada ao desenvolvimento sustentável do Pará, atravessaram a Baía do Marapatá em direção a Curralinho. Oito horas em um barco onde os passageiros viajam em redes. De passagem pela cidade de 30 mil habitantes, metade deles na zona rural, dá para notar os resultados da improbidade administrativa pela qual foram condenados dois ex-prefeitos, além do descaso em relação ao Conselho Tutelar da Infância, que levou o Ministério Público do Pará a agir contra o atual alcaide. Em abril, a Justiça estadual afastou o prefeito José Leonaldo dos Santos Arruda, cujos direitos políticos foram caçados por cinco anos. 
O primeiro indício de problemas com a biodiversidade local aparece em uma cuia de tacacá, caldo preparado com a goma de tapioca, folhas de jambu e camarão. No primeiro gole surge um camarão tão pequeno que cabe sobre uma unha. Logo depois, um “ovado”, repleto de ovas que dariam origem a centenas de novos crustáceos. Provas de uma pesca descomprometida com o futuro. Os camarões foram capturados durante o período de defeso, quando os pescadores recebem uma bolsa do governo federal para garantir a subsistência enquanto os peixes e crustáceos se reproduzem.
A equipe segue em um barco menor em direção ao Rio Canaticu, pequeno para os padrões da Amazônia, mas que despeja cerca de 50 vezes o volume do Tietê em sua foz. Quase 20 comunidades se abrigam em suas margens, casas, em sua maioria de madeira, construídas sobre palafitas. O barco é o único meio de transporte. A mata verde é exuberante e o rio, uma promessa de vida? Nada disso. Nas matas, a madeira nobre sumiu, assim como os animais nativos. Nas águas, não tem mais peixe nem camarão. 
Os pesquisadores conversam com os ribeirinhos e tentam entender o que aconteceu. Vicente de Paula Ferreira de Oliveira, morador antigo, conta que o fim dos peixes começou com a “malhadeira”, rede de malha fina esticada de margem a margem nos rios e igarapés de Marajó. Mais de 20 anos de pesca predatória, na captura de peixes que subiam o rio para desovar na piracema, praticamente acabaram com a presença de grandes espécies, como o tucunaré e o pirarucu na região. No prato do ribeirinho reina o frango congelado, que atravessa meio mundo para chegar naquelas barrancas.
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E a colheita do açaí ainda se apoia no trabalho de crianças. Créditos: Istockphoto
A principal renda na região vem do açaí, coqueluche no Sul-Sudeste e no exterior. Mas o fruto também corre riscos. O palmito das palmeiras atraiu fábricas que o cortavam e envasavam, mas não plantavam uma nova muda. No fim, foi apenas um curto ciclo de exploração que deixou a região ainda mais pobre. O crescimento dos mercados de açaí fora do Pará deu um novo fôlego aos ribeirinhos, que conseguiram replantá-los e começar uma nova e rentável atividade econômica. João Meirelles, diretor do Peabiru, aponta, no entanto, para o perigo às crianças. “Boa parte do açaí que chega ao mercado é coletada por menores, com muitos acidentes.” Segundo ele, a maior parte do açaí consumido no Brasil sai de Marajó.
Raimundo Ferreira, de 77 anos, fala de um tempo em que havia de tudo em Marajó: jabuti, jacaré, veados, caça farta. Mas, como tudo que se mexe no mato acaba morto, os animais desapareceram. Os pesquisadores do Peabiru defendem um acordo de pesca voluntário que dê alguma folga para a recuperação dos estoques pesqueiros. “Não adianta querer resolver esse desastre pela força”, diz Meirelles, que ainda acredita no diálogo. Enquanto isso, em meio a tanta água e tanto verde, vicejam a pobreza e a desesperança. 
*Reportagem publicada originalmente na edição 866 de CartaCapital, com o título "Águas sem vida"

terça-feira, 15 de setembro de 2015

São deveres dos Conselheiros Tutelares



1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de proteção.

2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medidas pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.

3. Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificadamente, descumprir suas decisões.

4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o Estatuto tenha como infração administrativa ou penal.

5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes.

6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores.

7. Expedir notificações em casos de sua competência.

8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e adolescentes, quando necessário.

9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentaria para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente.

10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para que estas se defendam de programas de rádio e televisão que contrariem princípios constitucionais bem como de propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.

11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações judiciais de perda ou suspensão do pátrio poder.

12. Fiscalizar as entidades governamentais e não-governamentais que executem programas de proteção e socioeducativos.

As ideias de Paulo Freire

no Portal do Jornal Brasil Popular
Editora UnB e Fundação Perseu Abramo reeditam obra sobre o pensamento do grande educador brasileiro acerca da comunicação como direito humano fundamental.
As ideias de Paulo Freire

Paulo Freire não foi apenas um pedagogo. Ele dedicou a sua vida a instigar a nossa reflexão sobre o estar no mundo. Para ele, o saber (conhecimento), o saber-fazer (habilidades), o saber-pensar, o pensar certo são essenciais para a transformação social do ser humano. O amor humanista de Paulo Freire baseava-se principalmente na esperança e na sua crença nos homens e nas mulheres e na certeza da transformação do mundo a partir dos oprimidos e injustiçados pela superação da contradição antagônica opressor-oprimido.
Para Freire, estar no mundo significa estar com ele e com os outros, ”agindo, falando, pensando, refletindo, meditando, buscando, inteligindo, comunicando o inteligido, sonhando e referindo-se sempre a um amanhã”.  Segundo ele, “não é possível estar no mundo, com o mundo e com os outros, sem estar tocados por uma certa compreensão de nossa própria presença no mundo. Vale dizer, sem uma certa inteligência da História e de nosso papel nela” (in Pedagogia da indignação, Editora Unesp, 2000, p. 125).
Paulo Freire foi autor de muitos textos e livros. Em sua obra mais famosa, Pedagogia do oprimido, ele foca a educação como instrumento para a libertação, com participação ativa e consciente, capaz de superar uma cultura baseada em classes sociais. Ele pensava a educação juntamente com a subjetividade do ser humano para uma construção da história e da cultura. De acordo com Freire, o lugar e o sentido da comunicação e da cultura têm a condição de instrumento do desenvolvimento humano e servem para modificar o mundo, pois é “com a palavra que o homem se faz homem. Ao dizer a sua palavra, o homem assume conscientemente sua essencial condição humana” (in Pedagogia dos oprimidos, Paz e Terra, 1987, p.13).
Foi essa capacidade crítica em relação à comunicação e à cultura nos inúmeros estudos de Paulo Freire, que carregavam mensagens profundamente libertadoras, que o professor Venício A. de Lima ousou e publicou uma obra inédita em uma tentativa de analisar e avaliar as ideias do consagrado educador sobre comunicação e cultura e suas possíveis contribuições aos estudos da comunicação.
Na ocasião em que o livro Comunicação e cultura: As ideias de Paulo Freire (Editora UnB, 1981) foi publicado pela primeira vez, o professor Venício atribuiu à publicação a necessidade de dar a devida atenção aos estudos de comunicação à obra freiriana. Enumerou quatro razões que justificaram esse interesse, quais sejam: Freire partilha várias das suposições básicas dos Estudos Culturais para a Comunicação e seus conceitos de comunicação e cultura acrescentam novas dimensões e abrem novas possibilidades; em segundo, a maior parte do trabalho de Freire é devotada explicitamente ao problema da educação ou àquilo que ele chama de ação cultural, o que traz implicações diretas para os estudos de comunicação nos níveis filosófico e social; em terceiro, pela sua grande sensibilidade cultural, as ideias de Freire deveriam ter um apelo especial para os estudiosos de comunicação que reconhecem a força das teorias de comunicação “culturalmente comprometidas”; por último, Freire deveria interessar aos estudiosos de comunicação já que todo o seu pensamento gira em torno dos conceitos fundamentais de comunicação e cultura.
Ideias que nunca morrem
Se na ocasião esta obra despertou enorme interesse, hoje, mais de 30 anos depois, a atualidade das ideias de Paulo Freire levou a que a Editora Universidade de Brasília, em parceria com a Fundação Perseu Abramo, promovesse a sua reedição. Nos tempos atuais, o tema comunicação e cultura continua a oferecer muitas possibilidades de debate justamente pela crítica freiriana aos meios de comunicação de massa, que, para o educador, se constituem em meros instrumentos de transmissão e tratam os destinatários como receptores passivos e não possibilitam relações dialógicas.
Para o autor Venício de Lima, a reedição da obra Comunicação e cultura: As ideias de Paulo Freire reveste-se de importância devido ao exercício de diálogo crítico que esse tema proporciona aos estudiosos da comunicação e cultura e porque Paulo Freire era um defensor da comunicação como direito humano fundamental de homens e mulheres, opondo-se à “cultura do silêncio”, que nega a boa parte da população sua liberdade fundamental de se expressar. “Freire é o principal representante contemporâneo da tradição teórica da comunicação como diálogo. Existe um enorme potencial analítico embutido em alguns conceitos introduzidos por ele que ainda não foram plenamente explorados e suas ideias constituem a base teórica para a positivação da comunicação como direito humano fundamental”, observa Lima.
A reedição da obra ganhou uma significativa contribuição. A também educadora e viúva de Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire escreve o prefácio, no qual avalia a mensagem profundamente libertadora dos escritos de Freire sobre comunicação e cultura e que levam os leitores a sentir a importância e a grandeza de Freire, “quer pelos afetos generosos que ele distribuiu em profusão como parte de seu sentimento mais profundo de amorosidade e de comunicabilidade, ´molhadas´ nas suas emoções como parte da sua existência humana mais autêntica, nunca negados, mas sempre aprofundados até o último dia de sua vida; quer pela sua enorme capacidade de nos fazer pensar. Pensar no outro e na outra com o outro e a outra, germe de sua compreensão do existenciar-se humano e, portanto, da comunicabilidade como diálogo para transformar o mundo”.
Para ela, a reedição desta obra põe de volta nas discussões acadêmicas o pioneirismo, a importância e a atualidade do pensamento de Paulo Freire, no que se refere à teoria da comunicação, da qual ele próprio é uma das expressões maiores no Brasil.
Certamente, em um contexto de desconstrução de utopias, este é um livro especial para interessados e estudiosos que acreditam que a educação, em suas várias vertentes, não é apenas um ato, mas principalmente um ato político-pedagógico, e nunca neutra, que serve à transformação política e econômica dos oprimidos, pois como Freire mesmo diz: “O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da história, mas seu sujeito igualmente. No mundo da história, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar (in Pedagogia da indignação, p. 79).
Serviço
Para comprar o livro acesso www.editora.unb.br
Por Inês Ulhôa

EDUCAÇÃO - Goiás, Pará e Espírito Santo querem privatizar gestão de escolas públicas

na Rede Brasil Atual
Modelo usa organizações sociais para livrar governadores do dever de casa e é inspirado em experiência pernambucana que já não deu certo
por Cida de Oliveira e Tiago Pereira
capa
Pioneiro Estadual, Ginásio Pernambucano,em Recife, teve diretor indicado por empresas entre 2004 e 2008



Criado em 1825, o Ginásio Pernambucano, em Recife, é o colégio mais antigo do país em funcionamento. Ali estudaram o economista Celso Furtado, os escritores Ariano Suassuna e José Lins do Rego e o empresário das comunicações Assis Chateaubriand. Outro diferencial da escola estadual é ser a primeira gerida pela iniciativa privada. Em 2004, depois de reformada, foi reinaugurada como Centro de Ensino Experimental, um projeto idealizado por empresários da multinacional holandesa Philips, da Tintas Coral, do Eurobank e da empresa de capital misto do setor elétrico Chesf. Com apoio de outras, essas companhias criaram em 2000 o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE).
Seus 2.200 estudantes, transferidos antes das obras, não puderam voltar para lá, assim como seus professores. Foram abertas apenas 300 vagas, disputadíssimas, e selecionados 26 novos professores para jornada de oito horas diárias, com salário três vezes maior que o do conjunto da rede, fora premiação por resultados. Tudo pago com dinheiro do estado. O projeto foi implementado de cima para baixo, sem aviso prévio, surpreendendo a todos.
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEMalunos na escolaEm Bezerros, aulas o dia todo só terça e quinta
Diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o professor Heleno Araújo conta que havia uma promessa de estender o “modelo de excelência” para toda a rede. Na realidade, as vagas no principal colégio de Recife foram cortadas radicalmente. O estado promoveu uma escola de elite. “O ICE reformou o prédio e indicava a direção e coordenação. O estado pagava tudo”, conta.
Sindicato e movimento estudantil então se mobilizaram contra a parceria que se ampliava para outras 13 escolas num processo conflituoso, desativando antigas estruturas, impondo novos gestores, exigindo o que as escolas não tinham, como biblioteca, chuveiro nos banheiros, refeitório, laboratórios, quadra coberta. O vice-governador Mendonça Filho (DEM), então candidato a suceder Jarbas Vasconcelos (PMDB), na eleição de 2006, prometeu ampliar para 50 as escolas ­experimentais. Venceu Eduardo Campos (PSB), morto em 2014.
HÉLIA SCHEPPA/JC IMAGEMUESPEAlunos lutam por melhorias no ginásio de Recife
Pressionado por críticos e defensores do modelo, Campos não o combateu nem defendeu. Em 2008, transformou-o em política pública, com o nome de Escola de Referência. Devolveu ao estado a indicação para gestores escolares, mas manteve o período integral, o sistema de seleção de alunos e de professores, bem como a gratificação, embora o pessoal administrativo não tivesse esse direito.

Nada sobrou

Algumas unidades se tornaram verdadeiras aberrações: as Escolas de Referência, de ensino médio, conviviam com o fundamental. Em um mesmo prédio, uniformes diferentes, merenda diferente – uma terceirizada e a outra feita no próprio local. Hoje são 100 as de tempo integral, sendo 13 profissionalizantes e 200 com regime semi-integral, com aula o dia todo apenas duas vezes na semana. A maioria é precária, sem chuveiro nos banheiros, refeitório nem laboratório, inclusive o Ginásio Pernambucano, onde tudo começou. Há 2 anos, os alunos se mobilizaram para ­expor a situação.
“Nessa ampliação do modelo, são trabalhados basicamente os conteúdos de português e matemática visando os índices no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)”, conta Araújo. Os professores que não queriam o sindicato nessas escolas, diz, hoje engrossam a greve. Licenças médicas, por exemplo, anulam gratificações, que já não triplicam o salário como antes. “De positivo, não sobrou nada. O aluno não sai preparado para a vida, para o exercício da cidadania nem para o mundo do trabalho. Sem contar aqueles que, por estarem defasados na relação idade-série, foram expulsos para o curso de 18 meses da Fundação Roberto Marinho. E a lógica da aprovação automática tende a se aprofundar com as Organizações Sociais (OS), que vão em busca de bônus e resultados quantitativos.”
ACERVO SINTEGOBia, de Goiás“Educação é tarefa do Estado enquanto ente Público”
Longe de ser panaceia para os problemas da educação pública, a proposta que começou no Ginásio Pernambucano se espalhou e inspirou o governo paulista, que buscou ali elementos para suas escolas de tempo integral. E continua fazendo escola. Os governadores Simão Jatene (Pará) e Marconi Perillo (Goiás), ambos do PSDB, vão além: querem transferir toda a gestão das escolas para OS.
No final de julho, o colunista Antônio Gois, do jornal O Globo, informou que o governador paraense testará em sua rede um modelo de administração escolar controverso até mesmo nos Estados Unidos, onde foi criado: as chamadas escolas Charter. Públicas, mas administradas pela iniciativa privada, deverão ser construídas 50 unidades de ensino médio. Os gestores privados vão receber conforme os resultados alcançados.
Para a secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), Sílvia Letícia da Luz, as OS na educação preocupam e devem ser intensamente debatidas. “Os parceiros privados vão construir as escolas que vão administrar. Mas com o tempo devem assumir toda a rede, já que não há concurso para repor os servidores, mantidos de maneira precária”, diz.
JOÃO MARCOS VEIGA/ANPEDAraújo“Excelência” para poucos: vagas fechadas e ensino ruim
Como ela destaca, há respaldo legal para essa política. O Plano Nacional de Educação (PNE) a legitima em sua meta 20, que trata do financiamento da educação, ao permitir que, dos 10% do PIB a ser destinados para o setor, podem ser retirados recursos para custear essas parcerias. Além disso, a reforma administrativa de 1998 abriu as portas para as OS. Questionadas no Supremo Tribunal Federal (STF), foram validadas em abril passado.
Simão Jatene, segundo Sílvia, já deu início ao seu projeto em outras frentes. Muitos professores perderam aulas, e os alunos do ensino médio são distribuídos em turmas de 50, 52, para assistir a teleaulas da Fundação Roberto Marinho. “A evasão é crescente numa etapa já tão problemática. Os professores de inglês estão perdendo o emprego porque o governo comprou cursos R$ 198 milhões, de uma consultoria ligada a um empresário que foi preso por fraudar o seguro obrigatório.”

“Rende mais”

No começo de janeiro, na primeira reunião com seu novo secretariado, Marconi Perillo afirmou que já estudava a adoção do modelo de organizações sociais na gestão das escolas. Segundo os jornais goianos, a grande determinação do tucano “é que filhos de pobres estudem em escolas com padrão dos filhos de ricos”. Perillo afirmou ainda que a produtividade dos servidores vinculados às OS “rende mais pelo fato de serem substituídos por profissionais no mercado caso não correspondam às expectativas da sociedade no desempenho de um trabalho de qualidade”. Em abril, quando publicou edital para essas organizações, o governador de Goiás voltou a defendê-las na educação – “Uma iniciativa ousada e corajosa pelo enfrentamento ideológico”, afirmou.
“Como não apareceram interessados, o governo está estimulando a formação dessas organizações”, afirma a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Maria Euzébia de Lima, a Bia. A entidade está entrando com ação na Justiça para impedir que o estado coloque empresas para dirigir as escolas. “Educação é uma tarefa do Estado enquanto ente público. Quem quiser abrir sua própria escola, que a submeta ao conselho de educação e coloque quem quiser para gerir. Mas na escola pública, não. Isso é um absurdo”, diz. Para a dirigente, falam em terceirizar a gestão, mas não falam como ficará a merenda escolar, o livro didático. O estado não abre concurso para professores há seis anos. O último para administrativos foi há 15 anos.
De acordo com o site do ICE, há ações por meio da mobilização da sociedade e da classe empresarial em parceria com os governos do Ceará, para o ensino médio profissional, com a cidade do Rio de Janeiro para o ensino fundamental (do 7º ao 9º ano), e com os estados de Sergipe e Piauí, para o ensino médio – na mesma lógica de Pernambuco. E há proposta também na Assembleia Legislativa do Espírito Santo. De acordo com Heleno Araújo, que coordena o Fórum Nacional de Educação, em cinco escolas capixabas será adotado o mesmo modelo. “Já vão mexer na estrutura dessas escolas, tirar alunos e professores. O pessoal está resistindo.”
LUCIVALDO SENA/ARQUIVO UNIDOS PRA LUTARSilvia LetíciaSilvia Leticia teme os efeitos das OSs na educação. “Debates devem ser intensos”
Segundo ele, a situação é mais preocupante em Goiás e no Pará. Enquanto em Pernambuco gestores e diretores eram indicados, as partes financeira e de pessoal continuavam ligadas ao estado. “O modelo de Perillo é o mesmo das OS na saúde, sem fiscalização, que contratam diretamente seus empregados, matando o concurso público, a representação sindical desse trabalhador e o vínculo, que é fundamental na educação. O estado repassa recursos e a entidade deve cumprir as metas definidas pelo governo. Se alcançar, a concessão é renovada. Se não, é substituída por outra ou devolve para o estado”.
De acordo com o relatório Modelo de Escola Charter: A experiência de Pernambuco, da Fundação Itaú Social, as escolas Charter “são um exemplo de como os setores público e privado podem somar diferentes expertises para promover mudanças de paradigma na proposição de alternativas em reformas do ensino público”. O mesmo documento, porém, afirma que “o modelo apresentado (Pernambuco) não dá conta de uma rede pública de ensino inteira, mas tampouco seu propósito é atingir esse tipo de escala”. E que “o valor das experiências de escolas Charter está justamente no fato de que, por serem menores e trazerem um modelo de cogestão com o setor privado, proporcionam mais agilidade e espaço para inovações”.
ANTONIO SILVA / AGÊNCIA PARÁEmpresáriosEmpresários vão indicar os diretores para as 50 escolas que Simão Jatene (PSDB) vai construir no Pará
Já estudos das universidades de Rutgers e do Colorado, nos Estados Unidos, revelam que os orçamentos das escolas privatizadas sob contrato variam. As mais bem dotadas, como de Nova York, recebem por aluno US$ 10 mil a mais do que as públicas tradicionais e outrascharters. E nem assim oferecem ensino de qualidade superior. Então, a explicação para a proposta de privatização, transformando a educação em negócio, pode estar na possibilidade de buscar recursos tanto do setor público como privado. Espera-se que os governantes estejam atentos a erros, que podem custar caro aos cofres públicos e à formação de algumas gerações.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Propostas do Professor Gilbert para o Conselho Tutelar Asa Sul

por José Gilbert Arruda Martins

O Conselho Tutelar é uma das entidades públicas competentes a salvaguardar os direitos das crianças e dos adolescentes nas hipóteses em que haja desrespeito, inclusive com relação a seus pais e responsáveis, bem como aos direitos e deveres previstos na legislação do ECA e na Constituição.



Verso


Este é nosso panfleto de rua. Nele expomos uma breve apresentação e algumas propostas para o Conselho Tutelar da Asa Sul, onde somos candidato.