sábado, 20 de junho de 2015

DEMOCRACIA NADA - A verdade sobre o 'preso político' que Aécio quis visitar na Venezuela

na Rede Brasil Atual
Emblemático que Aécio viaje à Venezuela para visitar Leopoldo Lopez, e que a mídia brasileira trate esse golpista como 'preso político'
por Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho
lopez.jpg


Aécio Neves, derrotado nas urnas em 2014, possui três virtudes, evidenciadas com sua visita a "presos políticos" na Venezuela. E o digo com todo respeito ao nobre cargo que ocupa, de senador da república pelo estado de Minas Gerais: é um golpista, um hipócrita, e um mentiroso.
As mesmas virtudes se aplicam à nossa mídia familiar, e novamente o digo com profundo respeito.
Respeito sobretudo à liberdade de imprensa de que esta goza no Brasil, e que continuará gozando enquanto os valores democráticos não forem solapados por eleitores de Aécio Neves, que andam saindo às ruas, sob aplausos desta mesma mídia, pedindo intervenção militar.
Emblemático que Aécio venha visitar Leopoldo Lopez, e que a mídia brasileira trate esse golpista como "preso político".
Presos políticos os têm o Brasil, onde o Judiciário prende sem provas, sem sentença, apenas com base em reportagens mentirosas da mídia. Ou então faz pior: condena sem provas.
Leopoldo Lopez, o "preso político" da Venezuela, foi o principal incitador das chamadas "guarimbas", manifestações violentíssimas que ocorreram no país no início de 2014, e que resultaram nas mortes de 43 pessoas.
Um jovem membro do governo da Venezuela, que acompanha a delegação brasileira, me explica, indignado:
"Em 23 de janeiro de 2014, Leopoldo Lopez, Maria Corina Machado e Antonio Ledezma, identificados como a ala radical da oposição, convocam a imprensa para anunciar o plano que eles chamaram 'La Salida'. O objetivo do plano era a deposição do presidente Nicolás Maduro. Houve pequenas manifestações inicialmente. Mas em 12 de fevereiro, deste mesmo ano, eles convocaram uma manifestação até o Ministério Público. Era o "dia da juventude" e a convocação foi voltada principalmente para os estudantes universitários. A convocatória foi feita por Leopoldo, ele veio encabeçando a manifestação, e quando chegaram diante da Procuradoria, os líderes sumiram e começou a bagunça. Quebraram a sede do ministério público, tentaram incendiá-la."
Daí teve início uma sequência de violências, em várias cidades do país, que resultaram em destruição de patrimônio público, caos econômico e político, mortos e feridos.
"Vários agentes da ordem foram executados com tiros na cabeça. Eles (os "guarimbeiros") colocavam fios de arame de poste a poste, atravessando a rua, que provocaram a degola de vários motociclistas", denuncia o jovem bolivariano.
Essas manifestações não foram, portanto, de forma nenhuma pacíficas. O Cafezinho tem em mãos (publico aqui assim que o tiver digitalizado) o documento do Ministério Público da Venezuela com o resultado das amplas investigações sobre as violências cometidas.
A quantidade de agentes públicos mortos e feridos é a principal prova de que houve violência intencional, incitada por Leopoldo Lopez.
O caos gerou também violências por parte de agentes da ordem, os quais estão sendo – como prova o documento que tenho em mãos – devidamente processados pelo Ministério Público; a maioria já foi presa.

Segue um vídeo de Lopez organizando o plano golpista, num evento realizado nos Estados Unidos, ainda em outubro de 2013, preparando as violências que iriam se materializar no início de 2014:

Veja que ele fala: "como vamos esperar seis anos mais?" Seus posicionamentos são absolutamente radicais e terminativos. Os golpistas no Brasil ao menos tentam disfarçar sua truculência política com o papo furado de "intervenção militar constitucional".
Lopez, nem isso. Ele prega a deposição de um presidente eleito, sem o mínimo pudor pelos trâmites democráticos e constitucionais.
Agora perguntem a si mesmos.
Em que país do mundo, um sabotador desse naipe, um terrorista, um indivíduo que não tem nenhum respeito pela ordem democrática, pelo resultado das urnas, pela paz, não seria devidamente processado e preso?
Eu posso responder: a própria Venezuela. Mas, mesmo com tudo isso, o governo venezuelano não o prendeu.
A sua prisão resultou da identificação, por parte da inteligência venezuelana, de um plano para assassiná-lo, por grupos ainda mais extremistas, com objetivo de provocar a completa radicalização da situação política no país e fomentar o caos.
Tanto que a prisão resultou num acordo entre o Estado e Lopez, que se entregou, após um ato público permitido pelo governo (que "ditadura" é essa, hein?).
Lopez é um golpista louco, um tipo que o Brasil, infelizmente, começa a conhecer através dessas organizações que proliferam a partir de São Paulo, algumas financiadas pela direita norte-americana.
O partido de Lopez, o Voluntad Popular, não tem um mísero deputado na Assembléia. Tinha um, Hernán Núñez, mas que aderiu ao governo no início de 2013, e foi expulso do partido.
O plano atual da oposição, diz o jovem bolivariano, é acusar o Estado da Venezuela de violador de direitos humanos; com ajuda, naturalmente, das mídias corporativas latino-americanas e de representantes da direita golpista de outros países, como Aécio Neves.
É triste que Felipe González, do Partido Socialista Obrero Español (PSOE), seja também um agente desse movimento anti-Venezuela. Mas seguramente essa é uma das razões da falência do PSOE, e que resultou na ascensão do Podemos como principal partido da esquerda espanhola. Gonzales virou uma espécie de Roberto Freire (aliás, o PT, que anda conversando com Gonzales, tem de tomar cuidado!)
Não terminou. Respirem fundo!
Para piorar, Lopez é um golpista reincidente.
Em 2002, foi um dos signatários do decreto do golpe que depôs Chávez.
Um decreto que dissolveu o parlamento, o supremo tribunal de justiça, o conselho nacional eleitoral, a procuradoria geral da república, a defensoria do povo (um cargo que não existe no Brasil) e o controlador geral da república.
Que sujeito democrático!
Quando a mobilização popular reverteu o golpe, o presidente Chávez deu anistia à maioria dos golpistas, incluindo a Leopoldo Lopez, que tinha sido um dos seus principais idealizadores, articuladores e realizadores.
Tem mais!
Lopez era prefeito de Chacao por ocasião do golpe de 2002. Sob suas ordens diretas, mandou prender ministros e políticos ligados ao governo. Leopoldo Lopez foi responsável direto pela prisão do ministro de Interior e Justiça, Ramón Rodríguez Chacín, que denunciou diretamente Henrique Capriles Radonski e Leopoldo Lopez, então prefeitos de Baruta y Chacao, por sua detenção.
Outra vítima da truculência golpista de Lopez foi Tarek William Saab, atual Defensor do Povo da Venezuela, um cargo que não existe no Brasil (devia existir).
Saab era então um deputado federal, e foi preso pela polícia de Leopoldo Lopez, de maneira duplamente ilegal: primeiro porque foi uma prisão totalmente política; segundo porque Saab estava em lugar fora da jurisdição da polícia de Chacao.
Agora, me digam.
Por que Aécio Neves veio visitar um terrorista, um violento, um golpista, um indivíduo cujas práticas deveriam ser condenadas radicalmente por qualquer amante da paz e da democracia?
Por que Aécio não conversa com os familiares das vítimas das "guarimbas", as violências golpistas convocadas por Leopoldo Lopez?
Por que a mídia brasileira não mostra os vídeos desse familiares, que estiveram recentemente na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), denunciando a direita venezuelana como responsável pelas violências que vitimaram 43 pessoas no país, e feriram centenas de outras?
Por que a mídia brasileira não informa aos brasileiros que Leopoldo López foi um dos signatários do decreto do golpe de Estado de 2002, um decreto que dissolveu todas as instituições democráticas do país?
Abaixo, alguns vídeos sobre o perfil criminoso e golpista de Lopez.






As babás usam branco para continuar invisíveis

no Diário do Centro do Mundo
Enquanto isso, no clube Pinheiros
Enquanto isso, no clube Pinheiros

Um famoso experimento social de um pesquisador da USP constatou que os uniformes de profissões modestas e estigmatizadas como gari ou auxiliar de serviços gerais transformam esses trabalhadores em seres invisíveis.
O mesmo não acontece com o uniforme branco das babás, pelo menos para a promotora de Justiça Beatriz Helena Budin Fonseca, que abriu um inquérito civil contra o Clube Pinheiros depois de receber a denúncia de que a agremiação paulistana obriga as babás que acompanham sócios a usarem uniforme branco. Outros clubes da capital paulista devem tomar a mesma enquadrada.
“Ao exigir o uso de determinada roupa pelas babás, o clube pretende marcar as pessoas que estão no local, circulando entre os sócios, mas que pertencem a outra classe social”, explicou a promotora em entrevista à BBC Brasil.
O uniforme das babás, neste caso, é a antítese do uniforme laranja dos garis ou das vestimentas cinzas ou azuladas das equipes de limpeza de escritórios ou condomínios. Ele destaca a trabalhadora no ambiente e mostra que a moça de pele escura e cabelo crespos não tem grau de parentesco com a criança branquinha e de cabelos lisos que ela acompanha.
As vestes brancas das profissionais também servem de sinal de status para quem as emprega. Em um país onde a renda média da população é de R$ 2.104,16, ter condições de manter uma funcionária para cuidar das crianças é privilégio de poucos. Considerando o pagamento de um salário mínimo de R$ 788,00 e os benefícios previstos pela legislação trabalhista, as despesas com uma babá partem de R$ 959,30 por mês.
Para a pequena parcela da população que se preocupa mais com o vizinho do que com as qualidades mecânicas ao escolher um carro, paga quantias de três dígitos por camisas gola polo com bichinhos bordados ou de quatro dígitos por uma bolsa de mão, terceirizar a criação dos filhos por meio dos serviços de uma babá também entra na cota da ostentação.
Mas não basta só a serviçal, é preciso que ela seja diferenciada, como essa turma gosta de dizer. É aí que entra o uniforme, perfeito se for impecavelmente branco. Coisa de sonho, do universo classe média glamoroso das novelas do Manoel Carlos.

(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Marcos Sacramento
Sobre o Autor
Marcos Sacramento, capixaba de Vitória, é jornalista. Goleiro mediano no tempo da faculdade, só piorou desde então. Orgulha-se de não saber bater pandeiro nem palmas para programas de TV ruins.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Ao vivo, Boechat responde Malafaia: “Vai procurar uma rola”

no Portal da Revista Fórum
Na manhã desta sexta-feira (19), o jornalista se defendeu das provocações do pastor, que o acusou de “falar asneira no programa de rádio”.  “Não me enche o saco. Você é um idiota, um paspalhão, um pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia”, reagiu o apresentador. Ouça

Por Redação
Em seu programa na rádio BandNews FM, o jornalista Ricardo Boechat respondeu, na manhã desta sexta-feira (19), a provocações feitas pelo pastor Silas Malafaia no Twitter. “Ô, Malafaia, vai procurar uma rola”, disse, durante a transmissão.
Mais cedo, Malafaia havia desafiado Boechat por meio da rede social a um “debate” para que ele “parasse de falar asneira”, chamando-o ainda de “falastrão”. Segundo o religioso, o jornalista teria dito, nesta semana, que pastores evangélicos “incitam fieis a praticar a intolerância”, em meio a comentário sobre o caso da menina de 11 anosapedrejada no Rio de Janeiro por vestir trajes do Candomblé.
Boechat, então, defendeu-se. “Ô, Malafaia, vai procurar uma rola, vai. Não me enche o saco. Você é um idiota, um paspalhão, um pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia. E agora vai querer me processar pelo que eu acabei de falar, porque é isso que você faz. Você gosta muito de palanque, e eu não vou te dar palanque porque você é um otário”, afirmou.
A resposta do apresentador não parou por aí. “Em nenhum momento – é pegar as minhas falas que estão todas gravadas – eu disse qualquer coisa que generalizasse esse comentário. Até porque, diferente de você, não sou um idiota. Você é homofóbico, uma figura execrável, horrorosa, e que toma dinheiro das pessoas a partir da fé”, adicionou.
“Eu não sou rico porque tomei dinheiro das pessoas pregando salvação depois da morte. O meu salário, meus bens, meus patrimônios vieram do meu suor, não do suor alheio”, completou Boechat. “Você é um charlatão, cara, que usa o nome de deus, de cristo para tomar dinheiro de fieis. Você é tomador de grana, você e muito outros.”
Para finalizar, o âncora do Jornal da Band garantiu não temer represálias orquestradas por Malafaia. “Não tenho medo de você não, seu otário. Vai procurar uma rola, repetindo em português bem claro.”
Ouça:

Um Golpista na Câmara Distrital em Brasília-DF

por José Gilbert Arruda Martins


O que é o Estado de Direito? 

Estado de Direito significa que nenhum indivíduo, presidente, deputado distrital ou cidadão comum, está acima da lei. Os governos democráticos exercem a autoridade por meio da lei e estão eles próprios sujeitos aos constrangimentos impostos pela lei.



Portanto o respeito à lei é um princípio do Estado de Direito, até o mais simples cidadão conhece isso.

O "professor" tucano Raimundo Ribeiro perdeu a aula de História ou Sociologia onde o professor debateu o tema.

Ir às ruas protestar contra governos e autoridades públicas contra algo ilegal, autoritário etc. é um direito de qualquer cidadão em uma democracia.

Agora, convenhamos, um professor sair de sua casa, pintar a cara e se juntar a grupos de Classe Média alta de Brasília, que usam o seu ódio contra um partido e a um governo democraticamente eleito, é demais.

Protestar contra os erros do governo é completamente aceitável, afinal, os erros foram e são cometidos, o que não é razoável, é um professor engrossar fileiras de um movimento flagrantemente golpista.

Foi exatamente isso o que fez o "professor" que é deputado distrital pelo PSDB-DF.







REINVENTANDO PAULO FREIRE NA ESCOLA DO SÉCULO XXI

 Moacir Gadotti – USP; IPF gadotti@paulofreire.org
Resumo: Resgatar o papel da escola e do professor no século XXI, à luz da obra de Paulo Freire, é o objeto deste ensaio, que considera a escola como um espaço de relações sociais e humanas e a sociedade atual como aquela que oportuniza múltiplas oportunidades de aprendizagem.

Tomando como referencial a obra de Paulo Freire, a tarefa da escola é formar para e pela cidadania, visando construir os pilares de um outro mundo possível, educando para uma cultura da paz e da sustentabilidade, na linha proposta pelo Fórum Social Mundial e o Fórum Mundial de Educação.

INTRODUÇÃO A única maneira que alguém tem de aplicar, no seu contexto, alguma das proposições que fiz é exatamente refazer-me, quer dizer, não seguir-me. Para seguir-me, o fundamental e não me seguir. Paulo Freire, Por uma pedagogia da pergunta (p. 41). Confesso que, cada vez mais, gostaria de participar de congressos apenas como ouvinte. Com a idade e a experiência, alarga-se o campo da nossa ignorância e precisamos ouvir mais, precisamos contar com o outro para superar a nossa “incompletude” (Paulo Freire).

Mas, o pedido do querido amigo e irmão Benno Sander, companheiro de utopias passadas e presentes, é, para mim, uma convocação. Sinto-me novamente convocado para um novo desafio que aceito honrado e com prazer. O desafio que ele nos propôs é o de pensar a escola do século 21 reinventada a partir da reinvenção de Freire. Lembro-me de Paulo como alguém que sempre falava bem da escola.

Com base na minha leitura de Paulo Freire, em particular do livro Pedagogia da autonomia (São Paulo, Cortez, 1997), gostaria de falar da escola do século 21, como um lugar especial, um lugar de esperança e de luta. Já falamos muito mal da escola.

Costumamos reclamar dos nossos professores como se eles fossem os responsáveis por todos os males da humanidade. Mas é na escola que passamos os melhores anos de nossas vidas, quando crianças e jovens. A escola é um lugar bonito, um lugar cheio de vida, seja ela uma escola com todas as condições de trabalho, seja ela uma escola onde falta tudo. Mesmo faltando tudo, nela existe o essencial: gente. Professores e alunos, funcionários, diretores. Todos tentando fazer o que lhes parece melhor. Nem sempre eles têm êxito, mas estão sempre tentando.

Por isso, precisamos falar mais e melhor de nossas escolas, de nossa educação. A ESCOLA COMO ESPAÇO DE RELAÇÕES E APRENDIZAGEM A escola é um espaço de relações. Nesse sentido cada escola é única, fruto de sua história particular, de seu projeto e de seus agentes. Como lugar de pessoas e de relações, é também um lugar de representações sociais. Como instituição social ela tem tanto contribuído para a manutenção quanto para a transformação social.

Numa visão transformadora ela tem um papel essencialmente critico e criativo. A escola não é só um lugar para estudar, mas para se encontrar, conversar, confrontar-se com o outro, discutir, fazer política. Deve gerar insatisfação com o já dito, o já sabido, o já estabelecido. Só é harmoniosa a escola autoritária.

A escola não é só um espaço físico. É, acima de tudo, um modo de ser, de ver. Ela se define pelas relações sociais que desenvolve. E se ela quiser sobreviver como instituição, no século 21, precisa buscar o que é específico dela numa sociedade de redes e de movimentos que é a sociedade atual.

A escola não pode mudar tudo e nem pode mudar a si mesma sozinha. Ela está intimamente ligada à sociedade que a mantém. Ela é, ao mesmo tempo, fator e produto da sociedade. Como instituição social, ela depende da sociedade e para mudar-se depende também da relação que mantém com outras escolas, com as famílias, aprendendo em rede com elas, estabelecendo alianças com a sociedade, com a população.

 Não somos seres determinados, mas, como seres inconclusos, inacabados e incompletos, somos seres condicionados. O que aprendemos depende das condições de aprendizagem. Somos programados para aprender, mas o que aprendemos depende do tipo de comunidade de aprendizagem a que pertencemos.

A primeira comunidade de aprendizagem a que pertencemos é a família, o grupo social da infância. Daí a importância desse condicionante no desenvolvimento futuro da criança. A escola, como segunda comunidade de aprendizagem da criança, precisa levar em conta a comunidade não-escolar dos aprendentes. Quando os pais, mães, ou seus responsáveis, acompanham a vida escolar de seus filhos, aumentam as chances da criança aprender. Os pais precisam também continuar aprendendo. Se qualidade de ensino é aluno aprendendo, é preciso que ele saiba disso: é preciso “combinar” com ele, envolvê-lo como protagonista de qualquer mudança educacional. O fracasso de muitos projetos educacionais está no fato de desconhecer a participação dos alunos. O aluno aprende quando o professor aprende; ambos aprendem quando pesquisam.

Como diz Paulo Freire em sua Pedagogia da autonomia (p. 32), “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.

Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”. Vivemos hoje numa sociedade de múltiplas oportunidades de aprendizagem, chamada de “sociedade aprendente”, na qual as conseqüências para a escola, para o professor e para a educação em geral, são enormes. Torna-se fundamental aprender a pensar autonomamente, saber comunicar-se, saber pesquisar, saber fazer, ter raciocínio lógico, aprender a trabalhar colaborativamente, fazer sínteses e elaborações teóricas, saber organizar o próprio trabalho, ter disciplina, ser sujeito da construção do conhecimento, estar aberto a novas aprendizagens, conhecer as fontes de informação, saber articular o conhecimento com a prática e com outros saberes.

Nesse contexto de impregnação da informação, o professor é muito mais um mediador do conhecimento, um problematizador. O aluno precisa construir e reconstruir o conhecimento a partir do que faz. Para isso, o professor também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o quefazer dos seus alunos. Ele deixará de ser um lecionador para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem. Poderíamos dizer que o professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador da aprendizagem.

Não há ensino-e-aprendizagem fora da “procura, da boniteza e da alegria”, dizia-nos Paulo Freire. A estética não está separada da ética. E elas se farão presentes quando houver prazer e sentido no conhecimento que construímos. Por isso, precisamos também saber o quê, por que, para que estamos aprendendo. A ESCOLA COMO ESPAÇO DA CIDADANIA E DA DEMOCRACIA Ninguém nega a importância da escola para a formação da cidadania e como forma de se preparar para o trabalho. Entretanto, muitos se perguntam para que servem esses anos de estudo. Por isso, saber distinguir o essencial do secundário é muito importante; saber distinguir o estrutural do conjuntural é decisivo. E saber aonde queremos chegar é crucial. Educar para quê? Com que mundo sonhamos? Como educar para um outro mundo possível?

A escola é conseqüência de um longo processo de compreensão/realização do que é essencial, do que é permanente, e do que é transitório para que um cidadão exerça criticamente a sua cidadania e construa um projeto de vida considerando as dimensões individual e coletiva para viver bem em sociedade. Paulo Freire foi um defensor da escola pública que é a escola da maioria, das periferias, dos cidadãos que só podem contar com ela.

A escola pública do futuro, numa visão cidadã freireana, tem por objetivo oferecer possibilidades concretas de libertação para todos. Ele entendia a escola pública como "escola pública popular" (grande mote de sua gestão na Prefeitura de São Paulo) como "escola cidadã", definida por ele, mais tarde, como "escola de companheirismo que vive a experiência tensa da democracia", como expressão concreta da “escola pública popular”.

Como o demonstra José Eustáquio Romão em várias de suas obras, a escola cidadã é o resultado de um movimento crescente de renovação educacional tal como o movimento da Escola Nova no final do século XIX, um movimento enraizado nas experiências das gestões populares e democráticas da escola, inspiradas na pedagogia freiriana. Caracteriza-se pelo pluralismo de instituições e de projetos políticopedagógicos.

 Na Prefeitura Municipal de São Paulo, Paulo Freire defendeu a Escola Pública Popular como escola autônoma, escola cidadã, mas teve dificuldades na sua implementação, inclusive por divergências na sua equipe e porque essa não era a concepção majoritária no Partido dos Trabalhadores, que havia conquistado o governo municipal. Penso que o subtítulo do seu livro Pedagogia da autonomia, “saberes necessários à prática educativa", pode ser traduzido como “os saberes necessários ao educador para a construção da escola autônoma, da escola cidadã”. Porque esses saberes referem-se a uma pedagogia da educação, como prática da liberdade e da autonomia. Essa ideia ele repetiu diversas vezes no Instituto Paulo Freire, um dos espaços onde mais ele analisou e refletiu sobre os últimos temas que o preocuparam, inclusive o tema da ecologia, com seu querido amigo Francisco Gutiérrez.

Considero que o título "pedagogia da autonomia", é uma espécie de reflexão crítica sobre o que conseguiu e o que não conseguiu realizar na Prefeitura Municipal de São Paulo e que, no ano em que ele a publicou (1997), representava uma "reinvenção" do que ele havia feito como Secretário. Isso em nada tira a importância da sua obra como Secretário.

A repercussão reinventada do que ele fez pode ser percebida em numerosas prefeituras que adotaram, posteriormente, as mesmas prioridades que a gestão dele em São Paulo adotou. Na verdade ele se identificava muito com essas novas experiências de gestão que estavam retomando o que ele havia feito, sem copiá-lo.

Paulo sentia-se constrangido, às vezes, quando alguns "seguidores" repetiam mecanicamente o que havia escrito, dito ou feito. Ele era radicalmente contrário aos "repetidores de idéias". Sempre retomava suas idéias a partir do contexto onde se encontrava e, assim, nos deu exemplo de que não era um repetidor de suas próprias idéias. Era coerente com elas, sem repeti-las. Daí que, para mim, Pedagogia da autonomia representa não só seu último livro, mas um dos livros mais importantes que ele escreveu. Sem dúvida, o mais importante para a formação do professor e para o gestor público. Em sua última mensagem ele nos chama a atenção para a importância da formação do professor para a autonomia da escola.

Para ele, a autonomia é uma conquista. Não é doação. A autonomia não distanciará as escolas de um padrão nacional de qualidade. Ao contrário, quanto maior for a autonomia da escola, maior será a sua capacidade de chegar a esse padrão.

O professor precisa saber muitas coisas para ensinar. Mas, o mais importante não é o que é preciso saber para ensinar, mas, como devemos ser para ensinar. O essencial é não matar a criança que existe dentro de nós. Matá-la seria uma forma de matar o aluno que está à nossa frente. O aluno só aprenderá quando tiver um projeto de vida e sentir prazer no que está aprendendo. O aluno quer saber, mas nem sempre quer aprender o que lhes é ensinado.

Devemos aprender com a rebeldia do aluno, que é um sinal de sua vitalidade, um sinal de sua inteligência e de seu desejo de apender. Ela deve ser canalizada para a criatividade social e não para a violência. Educar é sempre impregnar de sentido todos os atos da nossa vida cotidiana. É entender e transformar o mundo e a si mesmo. É compartilhar o mundo: compartilhar mais do que conhecimentos, idéias... compartilhar o coração. Numa sociedade violenta como a nossa, é preciso educar para o entendimento. Educar é também desequilibrar, duvidar, suspeitar, lutar, tomar partido, estar presente no mundo. Educar é posicionar-se, não se omitir. Educar é reproduzir ou transformar, repetir servilmente aquilo que foi, optar pela segurança do conformismo, pela fidelidade à tradição, ou, ao contrário, fazer frente à ordem estabelecida e correr o risco da aventura; querer que o passado configure todo o futuro ou partir dele para construir outra coisa. Por tudo isso, ser professor é um privilégio. Não podemos imaginar um futuro sem ele.

Um dos primeiros saberes da prática educativo crítica, segundo Paulo Freire: É o saber do futuro como um problema e não como inexorabilidade. É o saber da História como possibilidade e não como determinação. O mundo não é. O mundo está sendo" (Pedagogia da autonomia, p. 85). UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL Não se pode entender o pensamento pedagógico de Paulo Freire descolado de um projeto social e político.

Por isso, não se pode "ser freireano" apenas cultivando suas idéias. Isso exige, sobretudo, comprometer-se com a construção de um "outro mundo possível". Sua "pedagogia sem fronteiras" é um convite para transformar o mundo. Esta afirmação de Paulo Freire tem tudo a ver com o lema do Fórum Social Mundial: "um outro mundo é possível". É para construir esse outro mundo possível que Paulo Freire propôs a sua “pedagogia da luta”, expressão que define a essência de sua obra segundo Carlos Alberto Torres. É para isso que ensinamos e aprendemos: colocamos nosso saber à disposição de uma causa. O Fórum Social Mundial (FSM) não teria sido criado no Brasil, em 2001, sem a trajetória de mais de meio século de lutas do movimento da educação popular, do qual Paulo Freire é um dos grandes inspiradores. Dentre os inúmeros fóruns gerados a partir do FSM, destaca-se, sem dúvida, o Fórum Mundial de Educação. Contra a ofensiva neoliberal, crescente no neste século, também no campo da educação, o Fórum Mundial de Educação aprovou, em sua quinta edição, realizada em Nairóbi (Quênia), no final de janeiro de 2007, uma Plataforma Mundial em defesa do direito à educação pública e contra a mercantilização da educação.

Nesse contexto, o Fórum Mundial de Educação representa uma força real de resistência às ameaças das políticas neoliberais e, ao mesmo tempo, uma esperança de construção da educação necessária para um "outro mundo possível".

O que é educar para um outro mundo possível? Educar para um outro mundo possível é visibilizar o que foi escondido para oprimir, dar voz aos que não são escutados; é educar para conscientizar, para desalienar, para desfetichizar, para desmercantilizar a vida; é educar para a emergência do que ainda não é, o ainda-não, a utopia; é também educar para a ruptura, para a rebeldia, para a recusa; é fazer da educação, tanto formal, quanto não-formal, um espaço de formação crítica e cidadã, e não apenas de formação de mão-de-obra para o mercado; é inventar novos espaços de formação alternativos ao sistema formal de educação e negar a sua forma hierarquizada numa estrutura de mando e subordinação; é educar para mudar radicalmente nossa maneira de produzir e de reproduzir nossa existência no planeta, portanto, é uma educação para a sustentabilidade.

Paulo Freire deixou marcas profundas em muita gente, enquanto pessoas humanas e enquanto profissionais. Não apenas pelas suas idéias, mas, sobretudo, pelo seu compromisso ético-político. Foi assim que, em Los Angeles, no dia 12 de abril de 1991, numa reunião com educadores e amigos, entre eles Carlos Alberto Torres, Paulo Freire ficou entusiasmado com a idéia da criação de um instituto, já sugerida no Brasil por José Eustáquio Romão e Walter Esteves Garcia e, mais tarde, secundada por Francisco Gutiérrez. Seu desejo era encontrar uma forma de reunir pessoas e instituições do mundo todo que, movidas pela mesma utopia de uma educação como prática da liberdade, pudessem refletir, trocar experiências, desenvolver práticas pedagógicas nas diferentes áreas do conhecimento que contribuíssem para a construção de um mundo com mais justiça social e solidariedade.

Assim surgiu o Instituto Paulo Freire (IPF). Hoje, Paulo Freire já não está entre nós, ou melhor, está em todos os nós da rede que teceu. O IPF está hoje presente em mais de vinte países, buscando manter viva a sua luta, continuando e reinventado Freire. Não se pode continuar Freire sem reinventá-lo. Para esta tarefa não designou uma ou outra pessoa ou instituição. Esta tarefa ele a deixou a todos nós, a todas e a todos os que estão comprometidos com a causa dos oprimidos.

Para nós, do IPF, Paulo Freire continua sendo, no século 21, a grande referência de uma educação como prática da liberdade. Ele pode ser comparado a muitos educadores do século XX, mas nenhum, melhor do que ele, formulou uma pedagogia dos silenciados e da responsabilidade social, ao mesmo tempo dos oprimidos, dando-lhes voz, e daqueles que não são oprimidos, mas estão comprometidos com eles e com eles lutam. Colocar Paulo Freire no passado é não querer mexer na cultura opressiva de hoje. POR QUE CONTINUAMOS LENDO PAULO FREIRE?

Alguns certamente gostariam de deixá-lo para trás na história das idéias pedagógicas e outros gostariam de esquecê-lo, por causa de suas opções políticas. Ele não queria agradar a todos. Mas havia uma unanimidade compartilhada por todos os seus leitores e todos os que o conheceram de perto: o respeito à pessoa. Paulo sempre foi uma pessoa cordial, generosa, muito respeitosa. Podia discordar das idéias, mas respeitava a pessoa, mostrando um elevado grau de civilização.

A pedagogia do diálogo que pensou e praticou fundamenta-se numa filosofia pluralista. O pluralismo não significa ecletismo ou posições "adocicadas", como ele costumava dizer. Significa ter um ponto de vista e, a partir dele, dialogar com os demais. É o que mantinha a coerência da sua prática e da sua teoria. Paulo era, acima de tudo, um humanista. Seria a única forma de "classificá-lo" hoje.

 É preciso reiterar que a força da obra de Paulo Freire não está só na sua teoria do conhecimento, mas em ter insistido na ideia de que é possível, urgente e necessário mudar a ordem das coisas. Ele não só convenceu tantas pessoas em tantas partes do mundo pelas suas teorias e práticas, mas também porque despertava nelas a capacidade de sonhar com uma realidade mais humana, menos feia e mais justa. Como legado, nos deixou a utopia.

Estamos diante de um educador que não se submeteu a correntes e tendências pedagógicas e criou um pensamento vivo orientado apenas pelo ponto de vista do oprimido. Essa é a ótica básica de sua obra, à qual foi fiel a vida toda: a perspectiva do oprimido. Esse compromisso nós podemos encontrar já na dedicatória do seu livro mais importante, Pedagogia do oprimido, escrito no Chile, em 1968: Aos esfarrapados do mundo e aos que neles se descobrem e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam. A pergunta que podemos fazer hoje é a seguinte: esse ponto de vista é ainda válido, no século 21? Caso não seja válido, já não haveria mais porque continuar lendo Paulo Freire. Ou melhor, Paulo Freire seria um autor já superado, porque sua luta pelo oprimido estaria superada.

Ele passaria para a história como um grande educador, mas que não teria mais nada a dizer para o nosso tempo. Pelo contrário, a sua pedagogia continua válida não só porque ainda há opressão no mundo, mas porque ela responde a necessidades fundamentais da educação de hoje.

A escola e os sistemas educacionais encontram-se hoje frente a novos e grandes desafios diante da generalização da informação na sociedade que é chamada por muitos de "sociedade do conhecimento", de sociedade da aprendizagem.

As cidades estão se tornando educadoras e aprendentes, multiplicando seus espaços de formação. A escola, nesse novo contexto de impregnação do conhecimento, não pode ser mais um espaço, entre outros, de formação. Precisa ser um espaço organizador dos múltiplos espaços de formação, exercendo uma função mais formativa e menos informativa.

Precisa tornar-se um "círculo de cultura", como dizia Paulo Freire, muito mais gestora do conhecimento social do que lecionadora. Nesse contexto, o pensamento de Paulo Freire é mais atual do que nunca, pois, em toda a sua obra, ele insistiu nas metodologias, nas formas de aprender e ensinar, nos métodos de ensino e pesquisa, nas relações pessoais, enfim, no diálogo.

Devemos continuar estudando a sua obra, não para venerá-lo como a um totem ou a um santo, nem para ser seguido como a um guru, mas para ser lido como um dos maiores educadores críticos do século 21. Honrar um autor é sobretudo estudá-lo e revê-lo criticamente, retomar seus temas, seus problemas, seus questionamentos. Nisso ele mesmo nos deu um belo exemplo. Paulo retomava com freqüência os mesmos temas e problemas.

Como ele afirma em sua Pedagogia da autonomia (p.14), Não creio, porém, que a retomada de problemas entre um livro e outro e no corpo de um mesmo livro enfade o leitor. Sobretudo quando a retomada do tema não é a pura repetição do que já foi dito. No meu caso pessoal retomar um assunto ou tema tem que ver principalmente com a marca oral de minha escrita. Há algo que permanece constante no pensamento dele: a sua preocupação ética, seu compromisso com os "condenados da Terra" (Pedagogia do oprimido), com os "excluídos" (Pedagogia da Autonomia). Seu ponto de vista foi sempre o mesmo.

O que há de diferente é a ênfase em certas problemáticas que, estas sim, vão se diversificando e evoluindo. Em 2002 estive na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), durante a realização do II Fórum Paulo Freire, organizado pelo Instituto Paulo Freire de Los Angeles, e falei de duas perspectivas opostas de mundo, de humanidade nessa primeira década do milênio. Perspectiva significa "ponto de vista" que é a vista de um ponto, de um lugar. Daí eu ter escolhido como perspectivas a de dois lugares: a de Washington e a de Angicos. Paulo Freire nos incitava a ler o mundo. Lemos o mundo a partir do espaço, do lugar onde nos "ubicamos", para me utilizar de uma expressiva palavra da língua espanhola.

Não se trata de um lugar fixo, pois estamos sempre a caminho, em movimento. Nosso ponto de vista sempre determina nossa visão do mundo. Não é por nada que nossos pontos de vista são tão diversos e até antagônicos. Nos “ubicamos” em muitos lugares. Essa diversidade é a riqueza da humanidade. Sem ela não haveria mudança; o mundo seria estático, eternamente imutável, sem sentido, sem perspectiva. O respeito à diversidade não é apenas uma exigência ética. É condição de humanidade.

É condição sine qua non para o avanço da própria humanidade. Paulo Freire nos fez sonhar porque falava a partir de um ponto de vista que é o ponto de vista do oprimido, do excluído, a partir do qual podemos pensar um novo paradigma humanitário, civilizatório, o sonho de um outro mundo possível, necessário e melhor.

Por que, então, falo da perspectiva de Washington versus a perspectiva de Angicos? Por que não falar da perspectiva do opressor e do oprimido – como dizia Paulo Freire – do colonizador e do colonizado, do globalizador e do globalizado? Falo de Washington como metáfora, símbolo de um poder, de uma política, de uma visão de mundo, de um ponto de vista. Angicos foi a cidade onde Paulo Freire fez sua mais importante experiência do seu método pedagógico. Foi a partir do êxito obtido lá, em 1963, que ele ficou conhecido no mundo. Angicos e Washington podem ser tomados hoje como metáforas de dois paradigmas civilizatórios do século 21. Mesmo analisando dialeticamente – unidade e oposição de contrários – esses dois pontos de vista, há entre eles uma irredutibilidade de fundo, como existe entre guerra e paz, entre poder militar e poder da utopia, entre fundamentalismo e diálogo.

Contradições existem em tudo. Por isso existem mudanças. Ao propor essa reflexão sobre essas duas vias opostas de humanidade, não intencionamos defender essa irredutibilidade. Ao contrário, buscamos superá-la dialeticamente para que em "outros mundos possíveis" (diante da pluralidade humana deve-se admitir uma pluralidade de modos de bem viver dos seres humanos) não exista tanta fome e tanta pobreza como existem hoje, sustentadas por guerras e fundamentalismos.

A beleza da diversidade não deve ser confundida com a brutalidade da miséria frente à riqueza. Estamos diante de uma escolha a fazer entre diálogo e guerra. E Paulo Freire pode nos ajudar a encontrar um caminho mais seguro.

Contra a visão necrófila do mundo que opõe um fundamentalismo a outro fundamentalismo, que leva à depredação ambiental, à violência, que suscita e alimenta o terrorismo (político, econômico, religioso, militar, de Estado...) existe outra visão, uma visão biófila que promove o diálogo e a solidariedade. Por mais difícil que seja essa via, ela é a única capaz de evitar a guerra, a barbárie e o extermínio. O terrorismo não pode nos impedir de pensar com lucidez. O QUE ESPERAR DO PROFESSOR DO SÉCULO 21? Espera-se do professor do século 21 que tenha paixão de ensinar, que esteja aberto para sempre aprender, aberto ao novo, que tenha domínio técnico-pedagógico, que saiba contar estórias, isto é, que construa narrativas sedutoras para seus alunos.

Espera-se que saiba pesquisar, que saiba gerenciar uma sala de aula, significar a aprendizagem dele e de seus alunos. Espera-se que saiba mediar conflitos, que saiba trabalhar em equipe, que seja solidário. Espera-se, sobretudo, que seja ético. Não é competente o professor que não é ético. A ética faz parte da natureza mesma do ser professor. Bom professor é o que “cuida da aprendizagem”, como costuma dizer nosso querido amigo Pedro Demo.

O aluno aprende quando o professor aprende e pesquisa. Bom professor é o que enxerga longe, porque os alunos vão enxergar até onde o professor enxerga. Os alunos querem ver longe, tem muitos sonhos na vida e desejam que os seus professores não lhes imponham limites aos seus sonhos.

O QUE ESPERAR DA ESCOLA DO SÉCULO 21? Espera-se da escola do século 21 que ofereça as condições de aprendizagem, um ambiente formador, estético. Dizia Paulo Freire, na sua Pedagogia da autonomia (p. 160), “ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”. Os professores são competentes, mas não têm condições de trabalho. Espera-se da escola do século 21 que facilite a formação continuada de sua equipe de professores, que ofereça as condições para que eles possam refletir sobre a sua prática, construir seus projetos de vida, seus projetos pedagógicos e possam sentir-se bem na escola.

Espera-se que a escola tenha um projeto pedagógico. Uma escola sem projeto não é uma escola, é um fábrica de adestramento. A força da obra de Paulo Freire não está só na sua pedagogia, mas no fato de ter insistido na ideia de que é possível, urgente e necessário mudar a ordem das coisas. Ele não apenas convenceu muitas pessoas em muitas partes do mundo pelas suas teorias e práticas, mas, também, despertou neles e nelas a capacidade de sonhar um mundo "mais humano, menos feio e mais justo". Ele foi uma espécie de guardião da utopia. Esse é o legado que ele nos deixou. Esse legado, nesse início de milênio, é, acima de tudo, um legado de esperança. Por isso, devemos continuar lendo Paulo Freire.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Dirceu mostra ao PiG como comprou imóvel

no Conversa Afiada
“As suspeitas não têm qualquer fundamento”
A partir da notícia “Lobista ajudou Dirceu a comprar imóvel em SP“, o Conversa Afiada reproduz do Blog do Dirceu:


DIRCEU ESCLARECE COMPRA DE IMÓVEL



A defesa de José Dirceu divulgou nesta quarta-feira uma série de esclarecimentos a respeito do inquérito da Polícia Federal que investiga o trabalho de consultoria do ex-ministro. Um dos pontos questionados – e amplamente abordado pela imprensa – diz respeito à compra de um imóvel no Ibirapuera onde funcionou, até o fim do ano passado, a sede da JD Assessoria e Consultoria. Embora toda a negociação tenha sido declarada à Receita Federal, a aquisição está sob investigação da Justiça do Paraná. Em nome da transparência processual, a defesa do ex-ministro apresentou à Justiça uma série de informações detalhando a negociação.

NOTA À IMPRENSA

O ex-ministro José Dirceu refuta, com veemência, qualquer ilação de prática de crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação patrimonial. Dirceu trabalhou como consultor de empresas por 9 anos e todos os seus rendimentos foram declarados à Receita Federal, que não apresentou qualquer ressalva sobre sua evolução patrimonial no período. “As suspeitas não têm qualquer fundamento, já apresentamos à Justiça do Paraná todos os esclarecimentos pedidos e é preciso ficar claro que não existe nenhuma acusação formal contra o ex-ministro”, afirma o advogado Roberto Podval. “Já demonstramos a partir de vasta documentação que José Dirceu atendeu a cerca de 60 clientes e que todos os serviços foram plenamente prestados, os impostos recolhidos e os rendimentos declarados.”

O escritório na República do Líbano

O imóvel da Avenida República do Líbano foi adquirido, em 2012, conforme consta nas declarações de renda do ex-ministro apresentadas à Receita e em posse da Justiça Federal do Paraná. Os antigos proprietários, intimados pela Justiça a falar sobre a venda do imóvel, confirmaram a legalidade da negociação e o recebimento integral no montante de R$ 1,6 milhão, conforme estabelecia o contrato entre as partes e seus representantes.

O valor foi definido entre as partes, ainda em setembro de 2008, quando o imóvel foi alugado pela JD Assessoria e Consultoria. O contrato de locação previa cláusula de opção de compra, que foi exercida pela JD no início de 2010.

A venda, no entanto, só se concluiu no início de 2012 porque o imóvel, como registra a escritura no 14º Registro de Imóveis de São Paulo e consta no inquérito da Polícia Federal, fazia parte do espólio deixado pela mãe dos antigos proprietários. A documentação do inventário exigida para o financiamento bancário só foi concluída no final de 2011, permitindo a conclusão do negócio nas bases pré-estabelecidas.

Forma de pagamento

A aquisição do imóvel se deu por meio de entrada no valor de R$ 400 mil e o restante financiado em 161 parcelas mensais junto ao Banco do Brasil. Como corretamente aponta o relatório da Receita Federal, os R$ 400 mil reais não passaram pelas contas bancárias do ex-ministro nem da JD Assessoria e Consultoria porque foram pagos, como parte do contrato, pela JAMP Engenharia diretamente ao então representante do espólio do imóvel, o escritório de advocacia Leite & Rossetti.

“A operação foi perfeitamente legal”, afirma o advogado Roberto Podval. “A forma como se deu o pagamento – diretamente para conta de terceiro – estava explicitamente prevista no contrato entre a JD e a JAMP.”

A cláusula 11 do contrato estabelecia os seguintes parágrafos:

1° – Por solicitação formal da Contratada à Contratante, os depósitos poderão ser efetuados em outras contas-correntes de sua titularidade ou, ainda, da titularidade de terceiros que venha indicar, responsabilizando-se isoladamente por estas operações.

2° – A Contratada poderá requerer à Contratante, o pagamento antecipado de valores para fazer jus à cobertura de despesas e/ou pagamentos decorrentes do desenvolvimento dos serviços objeto deste instrumento.

Após o pagamento efetuado pela JAMP diretamente aos proprietários, a JD emitiu respectiva nota fiscal contra a JAMP no valor de R$ 436.449,79, recolhendo os impostos incidentes. Todas as informações já foram encaminhadas e são do conhecimento da Justiça Federal do Paraná.

Sobre a casa de uma das filhas

Em maio de 2012, a JAMP Participações comprou uma casa que pertencia a uma das filhas de José Dirceu. Com o recurso, a filha do ex-ministro adquiriu um novo imóvel, onde mora até hoje. “Fizemos questão de informar a Justiça sobre a compra e venda do imóvel por uma questão de lealdade processual e de honestidade, até para que, nesse clima de estardalhaço midiático envolvendo a operação, não provoque entendimentos equivocados e precipitados”, afirma o advogado Roberto Podval. “A compra é totalmente legal e não tem qualquer relação com o contrato de consultoria entre a JD e a JAMP.”

Empréstimo ao irmão Luís Eduardo


O referido empréstimo de R$ 230 mil de José Dirceu para seu irmão, como consta no relatório dos sigilos fiscal e bancário, foi um erro de lançamento na declaração do imposto de renda de ambos, o que já foi retificado e aceito pela Receita Federal.

O apartamento na rua Estado de Israel


O apartamento no bairro da Vila Clementino foi adquirido por Luís Eduardo de Oliveira e Silva, irmão do ex-ministro, e declarado à Receita Federal. O imóvel foi adquirido mediante entrada de R$ 350 mil e saldo financiado pelo Banco do Brasil, conforme consta no 14º Registro de Imóveis de São Paulo. “Não há qualquer discrepância entre o valor da venda e o valor de mercado”, afirma Roberto Podval. “O valor pago também foi perfeitamente aderente aos rendimentos providos como sócio da JD Assessoria e Consultoria.”




Leia também:

DIRCEU RESPONDE PF DO ZÉ

Brito: Aécio na Venezuela foi pataquada

no Conversa Afiada
“Aécio Neves está virando um Marcelo Reis, o revoltado, com mandato…”
"A revista Veja antecipa o fechamento para dar um furo internacional". Fernando Morais


Conversa Afiada reproduz opinião de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:

“MISSÃO AÉCIO” NA VENEZUELA NÃO FOI DIPLOMACIA, FOI PATAQUADA PROMOCIONAL


Será que alguém vai ter coragem de dizer que Aécio e a “turminha da encrenca” que foi para a Venezuela estão fazendo papel de palhaços em nome do Brasil?
Não, pousaram lépidos e fagueiros em Caracas, a bordo de um jatinho executivo da Força Aérea.
A comitiva de Aécio ficou presa (no bom sentido) num engarrafamento geral e isso foi um “cerceamento” à sua livre movimentação.
Dá pra ver na foto (abaixo) publicada em O Globo que todos os veículos estão parados no acesso à cidade.
Até o “cara de nojo” do senador paulista cooptado por Aécio reconheceu que não foi isso e O Globo registra: ” No Twitter, o senador Aloysio Nunes explicou que houve um acidente, e por isso o trânsito ficou parado”.
A tucaníssima repórter Maria Lima,de O Globo, diz que “já em um ônibus, a cerca de um quilômetro do aeroporto, o veículo ficou parado no trânsito e um grupo de cerca de 50 manifestantes começou a bater na lataria e gritar”.
Realmente, as batidas na lataria são condenáveis, embora aqui tenham feito isso com Sarney, no ano passado, e não vi ninguém da turma do Aécio condenar o cerco dos “Revoltados Online” aos carros de Sarney e de outros parlamentares para os impedir de votar no parlamento.
Ficamos sabendo também que a excursão dos senadores termina hoje à noite e, portanto, em menos de 12 horas eles vão poder observar tudo e deitar falação sobre o que deve ou o que não se deve fazer lá no país dos outros.
E visitar presos (sejam ou não presos políticos, mas detidos por ordem judicial) sem autorização do Judiciário, onde é que isso poderia acontecer?
Que diferença de gente respeitável como o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter,que está com o seu Centro Carter trabalhando há meses na Venezuela para, como já fez de outras vezes, ajudar num processo eleitoral transparente, que é o que todas as pessoas de bem devem fazer.
E o nosso país, dominado por uma onda de histeria inédita em nossa história recente é forçado a dar uma de “babá” de meninos travessos, para não ser acusado de “cúmplice” dos “bolivarianos”.
Eu já estive na Venezuela – e não por 12 horas – e pude ver, já há dez anos – como o clima político é radicalizado.
Tão radicalizado que ocorreu um golpe de Estado, contra Chávez.
Se houver outro, desta vez contra Nicolás Maduro, alguém tem alguma dúvida sobre se Aécio, comitiva e mídia vão se posicionar?
Uma comissão de representantes do parlamento brasileiro jamais poderia deixar de ter uma agenda ouvindo os dois lados, oposição e governo venezuelanos, assim como deveria ter um encontro no parlamento daquele país.
Se foi feita em nome de um dos poderes da República do Brasil deveria ter sido tratada como um assunto de Estado, não como um factóide promocional.
Mas o que foi feito, e ninguém quer dizer, foi uma pataquada.
Aécio Neves está virando um Marcelo Reis, o revoltado, com mandato…


Leia também:

NOGUEIRA: AÉCIO NÃO SE ENXERGA