domingo, 5 de abril de 2015

As 11 Universidades Mais Antigas do Mundo

 Por  no Mega Curioso
SABER ORIENTAL A Universidade Al-Azhar foi criada em 998. Foto: Latin Stock
SABER ORIENTAL A Universidade Al-Azhar foi criada em 998.Foto: Latin Stock
por José Gilbert Arruda Martins
A universidade de número 1 é por minha conta. A Europa é uma das mães do que denominamos de Universidade, mas não é "a mãe" sozinha e única.
O Egito, onde fica a mais antiga Universidade do mundo - a Al-Azhar -, por causa da mumificação já conhecia o estudo da anatomia humana centenas de anos antes de da Era Cristã.
Acredito que na parte oriental do planeta, poderemos encontrar centros de estudos, muito mais antigos, inclusive que a Al-Azhar.
A Europa, como parte da sua política colonial e imperialista, usou da teoria do eurocentrismo para justificar suas atrocidades.
A Teoria Eurocêntrica - defende a Europa como centro dos acontecimentos mundiais -, ainda hoje, infelizmente, é trabalhada e difundida em salas de aula pelo país inteiro.
Precisamos conhecer que, antes do continente europeu construir seu primeiro carrinho de mão, por volta do ano 1300 da Era Cristã, a China já o conhecia mil anos antes.
Por isso, por minha conta e risco, resolvi postar essa bela matéria, fazendo uma pequena e importante mudança na lista de dez para onze Universidades.

1– UNIVERSIDADE DE AL-AZHAR

"(...) ampliando a visão de mundo e considerando a cultura oriental, a Universidade Al-Azhar, no Cairo, ganha o título. Ela foi criada em 998 a pedido do vizir Yaqub para que o califa Aziz ministrasse instrução e alimentação a 36 estudantes da mesquita."
Se você acha que a sua faculdade é antiga, espere para conhecer a que veremos a seguir. Instituições com mais de 800 ou até mais de 900 anos de existência fazem parte dessa lista que mostra um pouco da história do ensino universitário no mundo desde muito tempo atrás.
A palavra universidade é derivada do latim universitas— que pode ter significados como universalidade, totalidade, conjunto, comunidade — e também da frase universitas magistrorum et scholarium, que significa "comunidade de professores e estudiosos".
O termo foi cunhado pela Universidade italiana de Bolonha, que, com a data de fundação tradicional de 1088, é considerada a primeira universidade da Europa e do mundo que continua em atividade desde o seu surgimento. Abaixo você poderá conhecer melhor a história dela e de mais nove das universidades mais antigas do mundo. Confira:

11 – Universidade de Valhadolide

Valhadolide, Espanha, fundada em 1241
Universidade de Valhadolide (Valladolid) é uma universidade pública espanhola na cidade de Valladolid, na região autônoma de Castela e Leão, que foi fundada em 1241. A universidade conta atualmente com cerca de 32 mil alunos de graduação e mais de dois mil professores.
A instituição foi fundada como transferência de sede de estudos da Universidade de Palencia, fundada por Alfonso VIII de Castela, entre 1208 e 1212. Ela é atualmente responsável por sete campus distribuídos por quatro cidades de Castela e Leão: Valhadolide, Palencia, Soria e Segovia.

10 – Universidade de Siena

Siena, Itália, fundada em 1240
Universidade de Siena, na região da Toscana, é uma das universidades mais antigas e primeiras das universidades com financiamento público na Itália. Originalmente chamada Studium Senese, a Universidade de Siena foi fundada em 1240.
Em 2006, a instituição tinha cerca de 20 mil alunes, sendo quase metade da população de Siena que era cerca de 54 mil.  Atualmente, a universidade é mais conhecida por suas Escolas de Direito e Medicina.
Em 1321, o local atraiu um número maior de alunos devido a um êxodo em massa da prestigiada vizinha Universidade de Bolonha, que esteve fechada temporariamente entre 1808 a 1815, quando as forças de Napoleão ocuparam a Toscana.

9 –Universidade de Toulouse

Toulouse, França, fundada em 1229
Universidade de Toulouse é uma associação de universidades francesas, grandes escolas e outras instituições de ensino superior e de pesquisa, em homenagem a uma das primeiras universidades estabelecidas na Europa em 1229, e incluindo as universidades sucessoras.
A formação da Universidade de Toulouse foi imposta por Raimundo VII de Toulouse, como parte do Tratado de Paris em 1229 a fim de acabar com a cruzada contra os albigenses. Outras faculdades (como a de Direito e de Medicina) foram adicionadas mais tarde ao conglomerado.

8 – Universidade de Nápoles Federico II

Nápoles, Itália, fundada em 1224
Universidade de Nápoles Federico II é uma universidade localizada na cidade italiana de Nápoles, que também é muito famosa pela origem da pizza (da forma como conhecemos hoje). A instituição foi fundada em 5 de junho de 1224 por Federico II da Germânia (imperador do Sacro Império Romano-Germânico) e está organizada em 13 faculdades.
É a instituição apoiada pelo Estado mais antiga de ensino superior e pesquisa no mundo. Um dos mais famosos estudantes desta universidade foi o teólogo católico romano e filósofo Tomás de Aquino.

7 – Universidade de Pádua

Pádua, Itália, fundada em 1222
Universidade de Pádua é uma importante universidade italiana localizada na cidade de Pádua (Padova). A instituição foi fundada em 1222 como uma escola de direto e foi uma das universidades mais proeminentes no início da Europa moderna.
Segundo os registros, a universidade teria sido fundada em 1222 (o que corresponde ao primeiro momento em que a instituição é citada em um documento histórico como pré-existente, por isso é muito certamente mais antiga), quando um grande grupo de alunos e professores deixou a Universidade de Bolonha, em busca de mais liberdade acadêmica.
As primeiras grades ensinadas na universidade foram direito e teologia. Mas o currículo expandiu-se rapidamente e em 1399 a instituição se dividiu em uma faculdade de direito e outra que ensinava astronomia, dialética, filosofia, gramática, medicina e retórica.

6 – Universidade de Salamanca

Salamanca, Espanha, fundada em 1218
Essa universidade está localizada na cidade de Salamanca, a oeste de Madrid, na comunidade autônoma de Castela e Leão, mesma região da Universidade de Valhadolide. Ela foi fundada em 1134, mas foi apenas em 1218 que foi concedida e Carta Régia de fundação pelo rei Alfonso IX.
É a mais antiga universidade fundada na Espanha e a terceira mais antiga universidade europeia em operações contínuas. Além disso, foi a primeira instituição europeia a receber o título formal de "Universidade" como tal, concedido pelo rei Alfonso X, em 1254, e reconhecido pelo Papa Alexandre IV em 1255.

5 – Universidade de Cambridge

Cambridge, Inglaterra, fundada em 1209
Universidade de Cambridge é uma universidade de pesquisa pública localizada em Cambridge, na Inglaterra. É a segunda mais antiga universidade do mundo de língua inglesa (depois da Universidade de Oxford).
A universidade cresceu a partir de uma associação de estudiosos de Cambridge que foi formada em 1209. Os registros iniciais sugerem que esses estudiosos teriam deixado Oxford após uma disputa com habitantes da cidade.
As duas mais antigas universidades britânicas têm muitas características em comum e muitas vezes são referidas em conjunto como “Oxbridge”. Além de associações culturais e práticas como uma parte histórica da sociedade britânica, elas têm uma longa história de rivalidade.

4 – Universidade de Oxford

Oxford, Inglaterra, fundada em 1167
Alegadamente como a universidade mais antiga do mundo, não há data precisa de fundação da Universidade de Oxford, mas o ensino já existia em Oxford de alguma forma em 1096 e desenvolveu-se rapidamente a partir de 1167, quando Henrique II proibiu os alunos ingleses de frequentar a Universidade de Paris.
Tida como uma universidade monarquista, a Oxford pode até ter surgido bem antes, no ano de 825, conforme indicam alguns supostos documentos históricos, mas que nunca vieram a público.

3 – Universidade de Paris

Paris, França, fundada em 1150
Universidade de Paris foi fundada em meados do século 12, sendo reconhecida oficialmente como uma universidade provavelmente entre 1150 e 1170. A universidade é muitas vezes referida como a Sorbonne, após ter associada a instituição (Collège de Sorbonne) fundada em 1257 por Robert de Sorbon.
Após a Revolução Francesa, as suas atividades foram suspensas de 1793 a 1896. Com o crescimento do ensino superior nos anos do pós-guerra na França, a universidade foi dividida em treze instituições autônomas. Das treze universidades sucessoras atuais, quatro têm instalações no edifício histórico de Sorbonne.

2 – Universidade de Bolonha

Bologna, Itália, fundada em 1088
Universidade de Bolonha é reconhecida como a mais antiga do mundo em operação contínua, considerando que foi a primeira a usar o termo universitaspara as corporações de estudantes e mestres que vieram a definir a instituição.
A instituição está foi fundada na cidade italiana de Bolonha em 1088. Atualmente, ela tem cerca de 100 mil alunos em suas 23 escolas, possuindo campus em Imola, Ravenna, Forlì, Cesena e Rimini e um centro de filial no exterior, em Buenos Aires. Além disso, tem uma escola de excelência chamada Collegio Superiore di Bologna.
FONTE(S) 

Comunistas transam melhor?

no Socialista Morena

O documentário Liebte der Osten Anders? (“Comunistas transam melhor?”, na tradução do título em inglês), dirigido em 2006 por Andre Meier, parte da premissa, comprovada estatisticamente, de que no lado comunista do muro de Berlim as pessoas faziam mais e melhor sexo que do lado capitalista, e tenta explicar por quê. É surpreendente descobrir que, apesar da censura e da proibição da pornografia, os alemães orientais (e sobretudo as alemãs) tinham mais liberdade sexual do que os ocidentais. Mais orgasmos, inclusive.
A principal razão, defende Meier, é que, até a descoberta da pílula, as comunistas eram mais independentes do que as comportadas alemãs do lado capitalista. Durante a Segunda Guerra, com os homens no front, as mulheres alemãs foram obrigadas a ir à luta para sustentar a família e aprender tarefas consideradas “masculinas”, como construir casas. Depois que eles voltaram, porém, enquanto na República Federal da Alemanha (capitalista) as mulheres retornaram às prendas domésticas, na República Democrática da Alemanha (comunista) elas continuaram trabalhando fora. No final dos anos 1960, uma em cada três mulheres trabalhava fora na Alemanha Ocidental; do lado Oriental eram 70%. Historiadores e sexólogos defendem no documentário que este papel protagonista da mulher influía positivamente em sua vida sexual.
“Em nenhuma área a emancipação feminina avançou tanto quanto na sexualidade. As mulheres davam as regras na cama. Isso era muito típico da Alemanha Oriental”, diz um especialista ouvido no filme. “Mais tarde as alemãs orientais foram reduzidas a caricaturas, mas eram elas que usavam as calças”, afirma outro. Ele fala isso e eu penso imediatamente em Angela Merkel, a toda poderosa chanceler que cresceu do lado comunista. Merkel foi beneficiada por uma emancipação que começara já no pós-guerra. Ou seja, quando as ocidentais passaram a lutar para conquistar espaço no mercado de trabalho, a maioria das orientais já possuía uma carreira.
Outros fatores para a liberação, por incrível que pareça, partiram do Estado comunista. Se do lado capitalista não houve educação sexual nas escolas até meados dos anos 1960, em 1962 os alemães orientais já assistiam programas sobre o assunto na televisão, voltados para crianças. Na Alemanha Oriental o casamento perdeu muito cedo a função de legitimar a sexualidade. Homens e mulheres também dividiam as tarefas do lar, bem antes de que isto se tornasse uma questão no Ocidente. O aborto foi legalizado na Alemanha comunista em 1972! Os alemães orientais sofriam a repressão do Estado, mas não a da igreja como os ocidentais, com efeito enorme sobre a sexualidade. Livres da religião, os/as comunistas se dedicavam sem culpa aos prazeres da carne. A alcova não era alvo da Stasi, a temida polícia secreta.
De acordo com o documentário, nos anos 1970 e 1980 os heterossexuais gozavam de liberdade sexual quase plena na Alemanha Oriental. O mais importante sexólogo do lado comunista, Siegfried Schnabl, deu a deixa em uma entrevista: “Lenin disse que sob o comunismo não deveríamos aspirar ao ascetismo e sim aos prazeres da vida. Isso inclui uma vida amorosa satisfatória”.
Outro aspecto interessante é que, do lado comunista, a prática do nudismo era amplamente aceita e começava no seio familiar (leia aqui uma reportagem sobre o tema publicada pelo jornal britânico The Telegraph). Isso explicaria a foto que circulou na rede da senhora Merkel nua numa praia da Alemanha Oriental durante a juventude –há dúvidas se é ou não a chanceler, mas que parece, parece.

Angela Merkel nua em pelo (e com um corpitcho de arrasar) numa praia comunista. Será?
Tudo muda com a queda do muro, em 1989, e a chegada da pornografia e da prostituição. Mas será que, pelo menos sexualmente, os comunistas eram mais felizes e não sabiam? Assista, é imperdível. Infelizmente não está disponível na rede com legendas em português, só em inglês.
Entendo que o diretor quis focar no mundo hetero e no feminismo, mas faço um reparo à ausência no filme do tema da homossexualidade, bastante reprimida pelos regimes comunistas de maneira geral –que o digam os cubanos. Outro documentário, Unter Männern — Schwul in der DDR (Entre homens – gay na RDA), de Ringo Rösener e Markus Stein, aborda o tema e conta que houve repressão à homossexualidade também na Alemanha Oriental. Mas não foi, parece, tão grave como o que ocorreu na URSS ou em Cuba. Pelo contrário, houve certa liberdade para os gays nos primeiros anos da Alemanha comunista, que descriminalizou a homossexualidade um ano antes que a Alemanha Ocidental. O próprio sexólogo Schnabl publicou textos onde defendia a existência dos homossexuais como “normal”.
Sem contar que aqueles beijaços na boca que o presidente alemão oriental Erich Honecker gostava de sapecar nos colegas comunistas eram meio homoafetivos, né não? Dizem que a comunistada saía correndo quando o Honecker aparecia. Bem, nem todos.
Foto clássica do líder soviético Leonid Brejnev recebendo um beijaço de Honecker, aquele safadeenho


Palha não entra: o seleto (e secreto) clube dos cannabiers ou maconheliers

por Cynara Menezes no Socialista Morena
cannabier
Foto: coletivo Prensa420)
Toda vez que perguntam ao presidente do Uruguai, Pepe Mujica, o porquê de sua defesa da legalização da maconha, ele dá duas razões principais: o combate à violência resultante do narcotráfico e a necessidade de garantir ao usuário segurança sobre a erva que irá fumar. No Brasil, a realidade dos fumadores de maconha é se submeter ao risco de adquirir o produto das mãos de um traficante sem saber exatamente o que está comprando ou… burlar a lei e plantar alguns pés de maconha em casa para consumo próprio.
Embora proibido, o autocultivo  tem não só encontrado cada vez mais adeptos entre nós como começam a surgir verdadeiros connoisseurs da planta, capazes de identificar a qualidade ou não de um baseado apenas pela aparência da erva. Depois dos baristas (especialistas em café), sommeliers (vinho ou cerveja) e chocolatiers, eis que surgem os cannabiers ou maconheliers: os especialistas em maconha, uma elite de usuários preocupada com o sabor, o cheiro e o tipo de “onda” que a maconha vai dar.
O termo cannabier já foi utilizado em um artigo científico pelo antropólogo Marcos Verissimo, que apresentou, em 2013, sua tese de doutorado em Cultura Canábica na UFF (Universidade Federal Fluminense). O neologismo, escreveu Verissimo, “foi cunhado em função da aproximação significativa entre os círculos de apreciadores de cannabis oriundas de autocultivos domésticos e os círculos de apreciadores de vinhos (sommeliers). Quando as flores da maconha atingem o ponto de maturação, as plantas são cortadas, tratadas (processo denominado manicura), passando então à fase do secado (que pode durar algumas semanas). Portanto, da semeadura à degustação do resultado, o importante é ter sabedoria e paciência para se saber admirar o processo, como ocorre no caso dos vinhos mais consagrados”.
Assim como os vinhos, as floradas também ganham nomes –Moby Dick, Critical Mass, Destroyer, Blueberry– e são resultado da assemblage, digamos assim, entre plantas famosas no desconhecido mundo dos plantadores de maconha. Os cultivadores assinam suas criações sob pseudônimo e compartilham experiências pela internet, sobretudo através do site Growroom.
Quem é o cannabier? Em geral é jovem, profissional liberal e homem. Como me disse um deles, “um bando de machões que cultivam flores”. Há garotas, claro, que desfrutam dos blends especiais fornecidos por esta galera, mas as cultivadoras ainda são minoria. São os meninos que mais mergulham a fundo nas técnicas e macetes para produzir plantas dignas de campeonato. Verdadeiros nerds da maconha, os caras sabem absolutamente tudo sobre o assunto. Como seus congêneres especializados em cafés, chocolates, cervejas ou vinhos, é uma atividade que envolve muito orgulho e vaidade. Se chegarmos algum dia à legalização do uso e plantio, seguramente figurarão, ao lado dos enochatos, os maconhochatos.
tricomas
(A flor da maconha com os tricomas. Foto: coletivo Prensa420)
Alberto* é advogado e cultiva meia dúzia de pés de maconha em um quarto, em sua casa, no Rio, sob luz artificial. Sua produção costuma causar sensação entre os amigos. O segredo, conta, é “frustrar sexualmente” a planta. Como a maconha que dá barato é apenas a planta fêmea, cultivadores experientes como ele sabem que, quanto mais a planta estiver pronta para a polinização e ela for impedida de acontecer, mais produzirá tricomas (os “cristais”, parte da planta rica em canabinoides). Ou seja, ficará mais potente. Daí a expressão “sin semilla” (sem semente) para designar a erva que é um must entre os maconhólatras. Para maximizar a produção de tricomas pela planta, são usadas técnicas como pequenas “massagens” para quebrar os galhos, e a água e a luz é milimetricamente controlada –na última semana antes da colheita, água e luz são cortadas, potencializando ainda mais a maconha.
“Meu carma no reino vegetal está péssimo”, brinca Alberto. Além de garantir a frustração sexual da pobre plantinha para seu prazer, o advogado diz que também é fundamental oxidar a flor após a colheita, fechando-a em um recipiente hermético por semanas ou meses. Qual a diferença de uma maconha para outra? “Na verdade, tem um tipo de maconha para cada pessoa ou momento. Se a pessoa quer relaxar, pode fumar uma Indica. Se prefere algo mais estimulante, uma Sativa. Se fosse permitido o autocultivo, o ideal era ter pelo menos três tipos de planta em casa: uma Indica, uma híbrida e uma Sativa”. Em uma festa recente de cultivadores, ele conta, chegaram a aparecer 37 tipos de flores diferentes.
Se os vinhos possuem os taninos, a maconha possui terpenos, moléculas responsáveis pelo odor da planta. Os terpenos vão influenciar no cheiro e no sabor da erva ao ser fumada. Falam-me de “notas” de manga, madeira, limão… “Fumamos um beck que deixava retrogosto de queijo”, me garante o antropólogo Paulo. No quintal de sua casa em Brasília, meio oculto entre três pés de mandioca para confundir eventuais helicópteros, uma nova planta de maconha começa a florescer. Ele pratica o autocultivo há dez anos. Um único pé é o suficiente para o consumo dele e de sua mulher, Marina, e ainda sobra para apresentar aos amigos. Como o ciclo da planta pode chegar a um ano, enquanto a outra cresce, eles fumam a que colheram.
Paulo é um cultivador orgulhoso de sua produção, mas aponta o que vê como exageros de alguns colegas com suas plantinhas de estimação. “Tenho um amigo que comprou até uma máquina de moer coco para fazer uma palha que ele usa como terra. Outro, italiano, controlava pelo celular a milimetragem da água e os nutrientes da planta que estava cultivando lá em Roma”, ri. “O que eu faço é basicamente mijar na planta, que é um NPK (fertilizante) natural. Coloco uns nutrientes na terra, mas não muitos porque acho que interfere no gosto”.
blasézismo de seu comentário contrasta com o ar triunfal que exibe ao mostrar, dentro de um vidro, os “camarôes” ou berlotas (flores já secas) da última safra, em que chegou a um resultado “excepcional” –diz isso como se estivesse falando de grãos de café ou das uvas de um hipotético vinhedo. “Consegui produzir uma cannabis com resina leitosa, que dá uma onda mais excitante, criativa. A resina marrom é down, baqueia. Não serve para fumar e trabalhar, deixa a pessoa sem energia, largadona no sofá”, explana.
budtender
(Budtender em ação no Colorado)
No Colorado, nos Estados Unidos, onde o uso recreativo da maconha, além do medicinal, foi liberado, há inclusive uma profissão em alta, a de “budtender” (trocadilho com bartender, sendo que “bud” é “camarão”). Trata-se do cara ou da mina que atende os clientes das lojas de maconha, exatamente como os vendedores das cervejas artesanais agora em moda no Brasil –ou como os funcionários dos coffee shops holandeses que sempre fascinaram os brasileiros. Capazes de indicar qual o tipo de maconha que você “precisa”, os budtenders possuem formação profissional, fornecida por cursos especializados. Ocannabusiness anda tão turbinado por lá que não estranhem se surgir um MBA em Maconha nos próximos anos.
“Que tipo de sensação você quer ter?”, “você é usuário frequente ou vai experimentar pela primeira vez?”, “quer maconha para trabalhar ou para jogar videogame e depois chapar?” pergunta o budtender ao freguês. A depender da resposta, o vendedor irá indicar que tipo de maconha é a ideal para o usuário. Apenas no primeiro mês de legalização para uso recreativo, estima-se que a economia da cannabis movimentou cerca de 14 milhões de dólares no Colorado, e ser budtender virou uma possibilidade de emprego atraente para os jovens –a mais “hot” delas, segundo alguns (leia mais aqui).
No Brasil, até outro dia, o máximo que se distinguia sobre os tipos de maconha era entre a maconha “solta”, produzida no Nordeste, ou a “prensada”, que vem do Paraguai. Algumas maconhas nacionais chegaram a alcançar fama, como a mítica “manga rosa”, de Pernambuco, ou a “cabeça-de-nego”, da Bahia. Reza a lenda que algumas maconhas campeãs mundo afora vieram delas. Houve um verão, em 1987, em que milhares de latas de maconha chegaram à costa brasileira, atiradas ao mar pela tripulação de um navio australiano interceptado pela Marinha, e, a partir daí, baseados potentes passaram a ser chamados de “da lata”. O curioso e hilário episódio virou um documentário dirigido por Tocha Alves e Haná Vaisman em 2012.
Mas sofisticação como se tem agora, nunca se viu. No site especializado Leafly, é possível descobrir que variedade de maconha “combina” mais com o temperamento ou necessidade do usuário, através de um teste online: se pretende ficar falante, relaxado, feliz, eufórico, sonolento… Ou por razões medicinais: as mais indicadas para insônia, fadiga, náusea (um efeito colateral comum a quem se submete à quimioterapia), pressão ocular, stress…
É tanto conhecimento que já começa a irritar. “Tem muita gente cuspindo no prato paraguaio que comeu”, provoca o psicanalista Pierre, de São Paulo. “Chegou-se a um nível de refinamento que outro dia fui numa festa e, quando souberam que o baseado que eu estava oferecendo era paraguaio disseram: ‘ah, não quero, não’. Que é isso? O fumo paraguaio tem seu valor, porque está sempre aí, nunca negou fogo. Qualquer dia acabará virando cult.”
O psicanalista admite, porém, que é muito difícil voltar para a maconha paraguaia, ou seja, para a erva vendida pelo narcotráfico, depois que se experimenta um baseado feito com cannabis autocultivada. “Quando se planta, além de fugir das redes de violência, se garante que a maconha não terá aditivos, porque o fumo paraguaio ninguém sabe o que contém. O nosso, não, é tóxico sem agrotóxico”, diz. Outra diferença é que, como em qualquer plantio em pequena escala, artesanal, todas as etapas são acompanhadas de perto pelo cultivador para que resulte numa erva “gourmet”, ao contrário do que ocorre com o narcotráfico, que utiliza grandes plantações e aproveita tudo da planta: galhos, folhas e até sementes. “O autocultivador, não, só aproveita as flores.”
Pierre cultivava um pezinho em casa, ao qual apelidara carinhosamente de “meu pé de maconha-lima”, e ter que causar a tal frustração sexual da planta lhe trouxe dilemas éticos. “Deixar a plantinha sem água na última semana mexia comigo, mas pensei em algo que me pacificou: adoro foie gras e não estou nem aí para o que fazem com o ganso. Então foda-se se a planta é torturada.” Acabou parando de plantar por achar trabalhoso demais e hoje fuma no “se-me-dão”, isto é, pede aos amigos maconheliers.
Rara mulher entre os cultivadores, a produtora musical Carla prefere não recorrer às “torturas”, fertilizantes e nutrientes em sua pequena plantação indoor em São Paulo. Sua maconha é inteiramente orgânica. Ela usa uma calda de fumo para combater os pulgões, estrume de composteira, casca de ovo, pó de café e… menstruação. Produz pouco, mas sua erva, diz, é perfumada e seu sabor pode ser frutado ou mais ácido. “Planto na lua nova e colho na lua cheia, e vou conversando com elas enquanto crescem.”
Ao contrário dos rapazes, Carla não usa seu talento como jardineira apenas para produzir maconha. Planta ainda maracujá, acerola e banana no quintal. Pergunto por que há mais meninos e meninas no clube dos cannabiers. “Acho que pela mesma razão pela qual há mais meninos na física e na matemática e mais meninas na pedagogia: o mundo é assim”, diz. “Mas eu vejo diferenças. Fui convidada para uma Cannabis Cup e me senti lisonjeada, mas percebi que era uma coisa de meninos, de competição. Acho que a gente vê diferente. Para mim plantar é uma forma de não depender dos homens para comprar ou fumar meu baseado.”
Se as plantas fêmeas cultivadas não germinam, onde essa turma consegue sementes? Trocando entre eles ou comprando pela internet em sites estrangeiros –o que, em tese, também é proibido por lei, mas decisões judiciais recentes têm dado certa segurança aos cultivadores. Em setembro, o juiz Fernando Américo de Souza, de São Paulo, livrou da cadeia um usuário que havia comprado, pela internet, 12 sementes de maconha na Bélgica e foi denunciado por “contrabando”. “O usuário que produz a própria droga deixa de financiar o tráfico, contribuindo para a diminuição da criminalidade”, disse o juiz (confira aqui).
Para os cultivadores, a prática da troca de sementes e da própria maconha para degustação entre os amigos é uma prova de que a idéia dos clubes de cannabis, como existem na Espanha e que estão previstos na lei uruguaia, pode ser a melhor saída para o problema, porque rompe o vínculo com o crime e tira do usuário a carga de “alimentar” o narcotráfico.
Enquanto isso não ocorre, a “elite” degusta iguarias e a enorme maioria dos usuários (estima-se que existam 1,5 milhão no Brasil) continua a consumir maconha malhada, palha e mofada. Será que até nisso quem nasceu para Sangue de Boi nunca chegará a Romanée Conti?
*Os nomes dos personagens desta reportagem foram trocados.
UPDATE: saiu no New York Times um perfil do primeiro crítico de maconha dos Estados Unidos (leia aqui). Profissão dos sonhos para muita gente…
UPDATE2: tenho que acrescentar ao post este vídeo sobre “os esnobes da maconha”. Hilário.


Flávio Dino: Deixar a estrada da exclusão social

no Portal Vermelho

A fome é a negação mais cruel dos direitos fundamentais de qualquer ser humano. É a negação da condição básica para o desenvolvimento do homem que, sem ter o que comer, não consegue trilhar os caminhos que pedem os sonhos que tem para si e para a sua família. É a negação primeira do que a filósofa Hannah Arendt chamou do “direito a ter direitos”.

                                                   Marcello Casal Jr. / Arquivo Agência Brasil

Flávio Dino é governador do Maranhão

Por Flávio Dino*


Sem nada para comer, como ter acesso à educação, à cultura, ao trabalho ou à sua autodeterminação? Infelizmente, a negação do "direito a ter direitos" ainda é muito viva em nossa realidade. Lembro que cerca de 25% dos maranhenses ainda vivem na extrema pobreza, o que corresponde a cerca de 1,5 milhão de pessoas. Mas esses não são dados frios, e a reportagem “Estrada da Fome”, exibida na última segunda-feira (23) pela TV Record para todo o Brasil, mostrou que esse retrato cruel é verdadeiro, tem nome e sobrenome, tem rosto e lágrimas.

Esse legado de desumanidade e descaso foi herdado por nós, maranhenses, em decorrência de décadas de governos que deram as costas aos mais necessitados. Como explicar, por exemplo, que o Maranhão seja a 16ª economia do país, estado que possui água em abundância, terras boas e um povo com muita vontade de vencer, mas com as piores condições de vida do país? A explicação somente pode residir na histórica combinação entre utilização pessoal do patrimônio público, corrupção e injustiça social, caminhos pelos quais poucos se apropriaram dos bens de milhões de pessoas. As vozes do coronelismo maranhense, que hoje vivem enorme crise de abstinência com a perda de antigos privilégios e de ganhos ilícitos, calam-se diante da calamidade retratada por 1 hora na última segunda-feira em rede nacional.

Contudo, ao contrário do que eles sempre fizeram, estamos lutando para transformar esse inaceitável retrato. Creio que nenhuma pessoa deve ficar insensível diante desse quadro. Especialmente no que se refere ao papel do governante, deve ser o de buscar soluções urgentes, duradouras e eficazes para dar a essas pessoas o direito de voltar a sonhar.

Foi por este motivo que, logo no primeiro dia de governo, minutos após a nossa posse, instituímos o Plano de Ações Mais IDH. Ele começa pelas 30 cidades com menor Índice de Desenvolvimento Humano em nosso Estado e vai mostrar progressivamente que, sim, nós podemos mudar o cenário imposto por décadas de desmandos políticos e desrespeito com a população. Por intermédio do Plano Mais IDH, o governo do estado começou a levar mais direitos e mais dignidade a esses milhões de maranhenses outrora invisíveis, cujos futuros foram criminosamente roubados em tenebrosas transações. Agora, o orçamento público é aplicado com o único objetivo de servir a população, com enfoque especial àqueles que mais precisam da ação direta do estado.

Para que se tenha a dimensão deste programa, somente na primeira semana do Mutirão Mais IDH, foram realizados 18 mil atendimentos em 9 municípios. Nesse mutirão, encontramos milhares de pessoas que jamais tiveram acesso a qualquer serviço público, que jamais foram lembrados pelos governantes, a não ser em tempo de eleição. Até o fim do nosso governo, vamos levar a todas as regiões maranhenses provas concretas de que vale a pena lutar e ter esperança em dias melhores.

Apoio à produção, políticas sociais, ampliação de infraestrutura e combate à corrupção são os pilares que sustentam esse novo projeto de desenvolvimento no Maranhão. O destino dos milhões de maranhenses não é estar irrevogavelmente à margem do mundo dos direitos. É para colocá-los na rota do crescimento e dar-lhes condições de se fortalecer, educar e prosperar que conduzimos as ações governamentais, em que hoje há o DNA da indignação transformadora.

*Flávio Dino, governador do Maranhão


Há um ano, Gilmar Mendes sentava sobre ação contra financiamento privado de campanha

no Portal do MST
O pedido de vista do ministro do STF à ação que defende o fim do financiamento empresarial de campanhas completa um ano sob críticas da OAB, CNBB e estudantes de direito.
gilmar-mendes-sentado.jpg

Para quem Gilmar Mendes joga?
Ele pensa que ainda é o PSDB que governa?
Ele pensa que o ex-sociólogo ainda manda em alguma coisa?
Devolver Gilmar, pensa uma vez no país. (professor Gilbert)
Da Página do MST

Nesta quarta-feira (1°), organizações sociais realizaram mais um protesto pela demora na entrega do voto-vista do ministro Gilmar Mendes sobre a ação que avalia a constitucionalidade do financiamento privado de campanhas.

O protesto foi realizada em Brasília, em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta quinta-feira (2), completa-se um ano que da tramitação da ação no tribunal, quando o ministro interrompeu o julgamento com seu pedido de vista, o que tranca a apreciação do processo.

Outras atividades estão previstas para acontecer nesta quinta-feira, como um protesto na Praça Roosevelt, no centro da cidade de São Paulo, às 19h.

No início do julgamento, a maior parte dos integrantes do colegiado da mais alta Corte do país já se posicionou contrária à ideia de as empresas patrocinarem as campanhas eleitorais – por seis votos favoráveis contra um único contrário. Mas, diante do pedido de vistas feito por Mendes, o tema continua em suspenso.

Os protestos destes dias consistem em mais uma etapa das várias mobilizações que têm sido observadas nos últimos 12 meses, inclusive com a campanha intitulada “Devolve, Gilmar”, que tem tido cada vez maior número de seguidores na internet.

O ato desta quarta-feira foi formado por integrantes de entidades sindicais com sede no Distrito Federal, estudantes e militantes do chamado Movimento pelas Eleições Limpas, que trabalham para a coleta de assinaturas por um projeto de reforma política de iniciativa popular.

A manifestação foi organizada pelo MST, Central Única dos Trabalhadores, Consulta Popular, Marcha Mundial de Mulheres e Levante Popular da Juventude.

De acordo com o diretor da CUT no Distrito Federal Ismael César, o objetivo da iniciativa é pedir ao ministro, mais uma vez, a devolução do processo para que retorne à pauta de julgamentos. “Isto aqui é um esculacho exigindo que o Gilmar Mendes devolva esse processo”, disse. “Todo mundo sabe que o modelo de financiamento de campanhas hoje é o que favorece a corrupção. As empresas fazem um empréstimo aos parlamentares e não doações, uma vez que depois conseguem esses recursos de volta, por outros meios”, acusou.
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Protesto da CNBB em frente ao Congresso contra as doações empresariais em campanhas políticas.

CNBB

No último dia 24/03, integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acenderam 365 velas em frente ao Supremo Tribunal Federal, uma para cada dia de espera.

Na terça-feira 23, a entidade dispôs 200 sacos fictícios de dinheiro em frente ao Congresso e clamou pela rejeição da Proposta de Emenda Constitucional 352, que pretende regularizar as contribuições de pessoas jurídicas. “Queremos uma reforma política boa para a democracia brasileira”, diz Lavenére. “Não aceitamos o projeto que Eduardo Cunha, do PMDB, quer impor goela abaixo.”

Cunha e Mendes agem em sintonia. O primeiro busca garantir a legalidade das doações empresariais na Câmara, o segundo aguarda a definição do Congresso para dar prosseguimento ao julgamento em um cenário que incentivaria a revisão dos votos dos ministros favoráveis à ação. Cunha promete levar a plenário a PEC 352 mesmo sem um parecer da comissão instalada sobre o tema. O projeto defendido pelo presidente da Câmara prevê ainda o voto facultativo, o fim da reeleição para cargos do Executivo e a implantação da chamada cláusula de barreira, exigência de um mínimo de votos para um partido ter direito a ocupar assentos no Congresso.

O PMDB, partido que mais arrecada em eleições, é o maior interessado na continuidade do financiamento empresarial de campanhas. Nas eleições de 2014, o Diretório Nacional do partido declarou ao Tribunal Superior Eleitoral ter recebido 208,1 milhões de reais. Segundo deputado federal mais beneficiado por doações, Cunha afirmou ter arrecadado 6,8 milhões. O partido é, por sinal, o principal alvo de uma investigação da Procuradoria Geral da República a respeito de contribuições que podem ter sido abastecidas com recursos desviados da Petrobras nas eleições de 2010. A Procuradoria investiga a origem de doações de empreiteiras no valor de 32,8 milhões à legenda. Para completar, Cunha e Renan Calheiros, presidente do Senado, estão na lista de investigados da Operação Lava Jato.

Corrupção

A ação que é objeto de toda a polêmica é a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4.650, apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Na carta de convocação aos militantes, as entidades organizadoras do ato destacaram que “a ADI contribui enormemente à democracia e ao combate à corrupção, pois proibindo que empresas financiem a política esta iniciativa retira o principal ponto de contato entre corruptos e corruptores”.

Além disso, ressaltaram ainda as entidades no documento, “a ADI retira a influência do poder econômico das eleições, favorecendo a igualdade de condições das candidaturas e evitando distorções de representatividade de segmentos sociais”.

Os organizadores chamaram a atenção pela importância de serem feitas, daqui por diante, mobilizações também contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 352/2013, que trata da reforma política e consiste numa das matérias legislativas em tramitação na Câmara dos Deputados.

A PEC é considerada, para boa parte dos movimentos sociais e entidades da sociedade civil, um retrocesso, por não contemplar em seu teor itens tidos como fundamentais para uma mudança efetiva nas regras políticas e eleitorais do país (como, por exemplo, a manutenção do financiamento privado de campanhas). O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já afirmou que apoia a aprovação da matéria da forma como se encontra.

Residentes se preparam para atuarem com a Saúde da Família da População do Campo

no Portal do MST
A residência tem como objetivo superar a invisibilidade e a negligência histórica da saúde da população do campo.
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a Página do MST
Lição a ser aprendida. Ação a ser multiplicada. É a medicina e a saúde no geral podendo ser, quando quer e tem coragem, popular e preventiva.
Uma aula para todos e todas da área de saúde do país.
Como o professor, os profissionais da saúde precisam ver que outro modelo, outro tipo de mundo é possível (professor Gilbert)

Entre os dias 27 a 29/03, foi realizado o primeiro momento de acolhimento aos residentes aprovados no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, no Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia, em Caruaru (PE).

O objetivo da atividade foi de aproximá-los da proposta e das populações onde irão desenvolver os trabalhos com ênfase na Saúde da População do Campo.

O programa é coordenado pela Universidade de Pernambuco (UPE) – Campus Garanhuns, em parceria com o MST, a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), com as Comunidades Quilombolas de Garanhuns e com o Coletivo de Saúde no Campo.

A residência tem como objetivo superar a invisibilidade e a negligência histórica da saúde da população do campo. A formação pretende consolidar a compreensão ampla e crítica dos processos de transformações sociais, comprometidos com a organização coletiva, a qualidade de vida dessas populações e a consolidação do Sistema Único de Saúde.

 
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Saúde da Família

O programa é uma formação de pós-graduação para trabalhadores da saúde graduados em educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, medicina veterinária, nutrição, odontologia, psicologia, serviço social e terapia ocupacional, sendo dois de cada categoria profissional, que desenvolverão trabalhos com a população em assentamentos no município de Caruaru e comunidades quilombolas em Garanhuns.

No município de Caruaru, o programa terá como referência a Unidade de Saúde da Família (USF) da comunidade do Rafael e Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Os novos residentes acompanharão seis assentamentos e a população do campo que é atendida nas proximidades.

No município de Garanhuns, os residentes atuarão em conjunto com a Equipe de Saúde da Família (ESF) e Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) que fazem a cobertura às comunidades quilombolas do município.

O programa tem como princípio a educação pelo trabalho e para o trabalho, entendendo-a como ferramenta de transformação humana e social. Será baseado na Pedagogia da Alternância, com momentos de discussão teórica e momentos de desenvolvimento de atividades práticas no território, visto que todo o processo educacional relaciona prática e teoria. A Residência, que está arquitetada através da gestão democrática e pela coletividade, vem sendo construída coletivamente, propondo-se a desenhar um novo modelo de formação para profissionais de saúde que atuarão junto à população do campo.

A solenidade oficial de abertura do programa acontecerá dia 6 de abril, no Centro Cultural  de Garanhuns que fica na praça mestre vitalino, às 9 horas, onde se farão presente algumas autoridades, e suas equipes, junto com universidades, movimentos sociais e coletivos. Nesta mesma data, haverá um ato político às 15 horas em Caruaru, no Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia, marcando a importância desse momento para a população local e para a Saúde no Campo como um todo no país.
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sábado, 4 de abril de 2015

Gonzalo e Machuca no Chile de Allende

na Carta Maior

Machuca é um filme que já vimos no Brasil - nas telas e nas nossas ruas. Atualmente, há os que desejam reprisá-lo aqui; mas não nas telas.

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Léa Maria Aarão Reis
Santiago, 1973, poucos meses antes da queda do presidente Salvador Allende. Gonzalo Infante e Pedro Machuca são garotos pré-adolescentes, alunos do tradicional colégio inglês Saint George e vizinhos de carteira. São amigos. Gonzalo é filho de funcionário da FAO, vive com a família em bairro de classe média – Las Condes, por exemplo. Pedro Machuca é muito pobre e mora numa das favelas da periferia da cidade que são emolduradas pelas montanhas nevadas dos Andes. É bolsista do colégio.
 
Como pano de fundo, a turbulência política, desestabilização forçada do governo, terrorismo econômico, manifestações histéricas de mulheres, protestos, boicotes, o racionamento de alimentos e o próspero mercado negro acessível aos ricos e aos influentes. Em seguida, os confrontos cada dia mais violentos.

Num grande painel escondendo o terreno baldio por onde passa Gonzalo, diariamente, na sua bicicleta, para visitar os amigos da favela, no começo do filme vemos os dizeres Não à guerra civil. Mais adiante, a palavra não está riscada. No final, a frase inteira foi apagada. Apagaram-se as luzes da democracia. A longa noite da ditadura e do horror de 25 anos desce sobre uma geração inteira do Chile.

Machuca (2004, coprodução com França e Espanha) é um filme que já vimos no Brasil – nas telas e nas nossas ruas. Atualmente, há os que desejam reprisá-lo aqui; mas não nas telas. Por isto revê-lo, neste caso sim, nas telas, faz-se atual. É refrescar a memória para tentar que o golpe e a derrubada de governos não se repitam.

Andrès Woods, o diretor, é cineasta, economista de formação, tem 50 anos. É um filho da ditadura de Pinochet. Em 73 era um garoto de oito anos, estudava no St. George’ College, até hoje um ícone da educação católica (e europeia) dos filhos da elite no país. O roteiro que Woods escreveu é inspirado em suas lembranças da época. Seus pais, um arquiteto e uma professora, eram conservadores e formavam contra Allende; mas os estudos de Andrès (na PUC chilena) de algum modo lhe proporcionaram uma visão de mundo solidária e progressista.

Premiado em diversos festivais, Machuca é reconhecido como um dos clássicos do cinema latino-americano. Um dos vinte maiores filmes já realizados no continente e a terceira bilheteria, no Chile. Com seus paradigmas, ele apresenta o monumental abismo que separa, ainda hoje, os pobres e os ricos nos países do continente - situação que teima em se perpetuar com a ajuda dos que, de dentro e de fora do continente, não querem perder o status quo apesar dos esforços dos governos de esquerda e centro-esquerda das últimas décadas.

De um modo singelo Machuca narra também o amadurecimento e o doloroso despertar do menino Gonzalo para a vida adulta através da sua relação de cumplicidade amiga com Pedro Machuca, o garoto da favela. O reconhecimento de um mundo  ‘diferente’ do seu, que ele passa a frequentar – o mundo dos miseráveis e dos despossuídos -, e a existência de outras crianças e outros indivíduos que, ao contrário dos habitantes do seu, vivem toda sorte de privações.

Em paralelo, ele observa o universo dos adultos, dos pais burgueses, das suas mazelas, segredos, mentiras, traições e violência, incapazes  e desinteressados em enviesar o olhar narcísico do umbigo para o outro mundo, aquele ‘diferente’.

Numa reunião do colégio fino em que a maioria dos pais protesta porque os rebentos estão sendo  educados na companhia de meninos favelados, uma mãe modesta e desalentada observa: “É muito difícil as pessoas mudarem para algo ‘diferente’.

Vestidas com roupas estrangeiras, penteadas e maquiladas para a ocasião (um inimaginável ridículo semelhante ao que se viu, em São Paulo, no domingo dos coxinhas) as mulheres paneleiras, em Machuca, perdem a compostura – aliás, nunca tiveram -  e xingam meninos e meninas populares: ”Parasitas do estado! Vagabundos, vadias!”

O conflito, na história, se inicia quando o reitor do St. George informa aos alunos que, dali para frente, eles terão como colegas algumas dezenas de garotos ‘diferentes’. Apresenta à classe os garotos pobres. Um dos meninos exclama: ”Mas eu conheço esse! É o filho da lavadeira lá de casa!” Os cotistas de baixa renda cumprem determinação do governo socialista e é assim que Gonzalo e Machuca se tornam amigos.

Enquanto a irmã de Pedro Machuca procura ajudar na renda, em casa, vendendo bandeirinhas nas manifestações de rua e nos panelaços, os meninos passam a acompanhá-la no que lhes parece uma brincadeira, uma aventura. O trio vai se tornando inseparável, a primeira pulsão sexual dos garotos e da menina os deixa mais unidos e é muito bonita a sequência em que os três brincam de se beijar, sentados num lixão da favela bebendo leite condensado nas duas latas racionadas, compradas por Gonzalo e destinadas para a família.

Segundo Woods, a sua influência maior é do cinema neorrealista italiano. Mas é clara também a de Truffaut do Les 400 cents coups. Há histórias escritas e filmadas sobre o período dos anos de chumbo no Cone Sul e narradas sob a ótica infantil  tão bons ou melhores. O brasileiro O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburguer é um deles. O  argentino Infância Clandestina, de Benjamin Ávila, é outro.

Mas as imagens finais de Machuca não largam o espectador durante algum tempo: as latinhas de leite condensado vazias e pisadas no lixão, e o campo de futebol de várzea agora deserto separam definitivamente Gonzalo do seu amigo. O filme vale uma visita.

Para Veja, a realidade não existe

Marcelo Justo na Carta Maior

A Veja publicou denúncias contra o filho de Cristina Kirchner e a atual embaixadora argentina na OEA sem nenhuma prova e sem dar direito de resposta.

reprodução

Considero que tão sério quanto a leviandade da revista Veja nesse caso, é ela ser distribuída nas escolas públicas do Estado de São Paulo e centenas de escolas também públicas no país inteiro.

Mais incrível e absurdo, é você saber que professores usam a revista para ajudar nas suas aulas. (Professor Gilbert)

 A revista Veja se transformou num operador internacional que, além de atacar o PT no Brasil, também tem o governo argentino, liderado por Cristina Kirchner, em sua mira. Dois artigos da revista foram publicados esta semana, com denúncias de supostas contas multimilionárias de Máximo Kirchner, filho de Cristina, e de Nilda Garré, sua ex-ministra de Segurança, hoje embaixadora na OEA (Organização de Estados Americanos), e rapidamente repercutidos pelos meios ligados ao Clarín, a Globo da Argentina, que promove uma violenta campanha midiática para deteriorar o governo visando as eleições presidenciais de outubro.

No dia 30 de março, uma segunda-feira, o jornalista Leonardo Coutinho, da Veja, escreveu que “Máximo Kirchner havia sido co-titular de contas milionárias nos Estados Unidos e nas Ilhas Cayman”. Coutinho cita uma fonte anônima, dizendo se tratar de um especialista norte-americano em investigações financeiras, que oferece um assombroso nível de detalhe sobre a conta do filho da presidenta argentina, que teria, em 2010, um saldo de 41,7 milhões de dólares, segundo o jornalista. “A primeira conta, de número 00049859852398325985, foi aberta em outubro de 2005 no Felton Bank, um banco americano, em nome da empresa Business andServices IBC, com sede no paraíso fiscal de Belize. Os donos da offshore eram Nilda Celia Garré, Henry Olaf Aaset e Máximo Carlos Kirchner”, diz o texto de Coutinho.

É lógico pensar que se alguém possui dados tão precisos tem que saber do que está falando, ainda mais quando, pouco depois, apresenta uma segunda conta, com o mesmo grau de detalhismo. “A segunda conta, de número 0004496857463059686359385, foi aberta em dezembro de 2006 a partir de Luxemburgo, na Europa, no Morval Bank & Trust Ltd., com sede nas Ilhas Cayman. Os correntistas eram Nilda Celia Garré, Maria Paula Abal Medina (filha de Nilda) e Máximo Carlos Kirchner. O saldo em abril de 2010 era de 19,8 milhões de dólares”.

Entretanto, o texto de Coutinho está cheio de condicionais e tem uma espécie de desmentido já no terceiro parágrafo, quando admite que “não foi possível confirmar de forma independente quem são os titulares dessas contas”. Para a imprensa argentina, esse detalhe não importou muito. Na mesma segunda-feira, a página do portal Clarín denunciava as contas de Máximo Kirchner, com chamadas falando sobre “a rota de dinheiro K” ou a “corrupção K”, duas denominações que vem sendo usadas há pelo menos quatro anos, como parte de sua estratégia de perseguição e desgaste do governo. Na quinta-feira (2/4), o semanário Noticias, de outro grupo editorial opositor, trouxe na capa uma montagem de mostrando Máximo Kirchner algemado, como um delinquente comum, com o título “A foto mais temida por Cristina”

A conexão estadunidense

A estratégia midiática é a de acosso permanente, abrindo todas as frentes possíveis e tecendo uma rede internacional de alianças.

Semanas atrás, no dia 18 de março, Coutinho publicou um informe escrito pelo Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, de iniciativa da direita republicana. Uns três dias antes, o mesmo jornalista denunciou na Veja que três ex-membros do governo de Chávez, que buscavam asilo nos Estados Unidos e cujos nomes não revelariam, supostamente por temer represálias, haviam denunciado um complô argentino-venezuelano-iraniano, que mesclava, como numa ótima trama de James Bond, dinheiro, sexo, armas nucleares e ditadores sul-americanos e muçulmanos num plano obscuro de dominação. O núcleo da denúncia era que o dinheiro das contas da ex-ministra Nilda Garré no banco Felton, nas Ilhas Cayman e em Luxemburgo provinham de fundos iranianos, que pagavam a Argentina pela suposta ajuda com seu programa nuclear militar.

Veja dá a entender que Garré não só foi seduzida pelo dinheiro, mas que também sucumbiu aos encantos fálicos de Hugo Chávez. "Era algo na linha ´50 Tons de Cinza´, diz o ex-funcionário chavista. De acordo com ele, quando Chávez e Garré se encontravam no gabinete do líder venezuelano, no Palácio de Miraflores, os sons da festa podiam ser ouvidos de longe.

Seguindo a mesma toada, a revista apresenta o seguinte diálogo, que parece ter saído de um roteiro de filme de mocinho e bandido: “um militar que testemunhou a reunião relatou à Veja o diálogo que se seguiu:

Ahmadinejad – É um assunto de vida ou morte. Preciso que intermedeie junto à Argentina uma ajuda para o programa nuclear de meu país. Precisamos que a Argentina compartilhe conosco a tecnologia nuclear. Sem a colaboração do país, será impossível avançar em nosso programa.

Chávez – Muito rapidamente. Farei isso, companheiro.

Ahmadinejad – Não se preocupe com os custos envolvidos nessa operação. O Irã respaldará com todo o dinheiro necessário para convencer os argentinos. Tem outra questão. Preciso que você desmotive a Argentina a continuar insistindo com a Interpol para que prenda autoridades de meu país”.

A realidade não existe

Não importa o fato de que, na época em que aconteceram os supostos fatos relatados por Coutinho, Cristina Kirchner estivesse dando duríssimos discursos de denúncia contra o Irã nas Nações Unidos, quando havia recém assumido seu primeiro mandato como presidenta, em dezembro de 2007. Tampouco explica como o pagamento se realizou em 2005 através do Memorando de Entendimento com o Irã, que só seria assinado em 2013 – é um caso único no mundo em que se paga um suborno multimilionário com oito anos de antecipação.

Também não interessa o fato de que Nilda Garré tenha solicitado direito de resposta à revista Veja, e que essa tenha se negado a lhe conceder esse direito. “Nunca tive uma conta em nenhum país estrangeiro. A única que conta que tive e ainda tenho é a do Banco Nación, através da qual recebo meu salário de embaixadora. Vou solicitar uma audiência com autoridades bancárias de Delaware, já que o Felton Bank foi absorvido pelo banco CNB nesse estado, e vou registrar uma queixa pelo fato de que nunca tive conta nesse banco”, afirmou Garré.

Mas nada disso interessa, porque o Clarín, a Veja e a direita republicana citam uns aos outros como fontes, numa triangulação usada para confirmar suas denúncias, uma aliança conveniente para todos. Nos Estados Unidos, a direita está furiosa com a negociação que os Estados Unidos promove com o Irã sobre o seu programa nuclear, e quer demonstrar que está invadindo o “pátio traseiro” norte-americano: Argentina, Brasil e Venezuela. Por sua parte, Clarín e Veja sabem que qualquer ataque contra Cristina Kirchner pode refletir indiretamente em Dilma Rousseff e vice-versa: tudo o que vier é lucro.
O que importa é produzir manchetes de efeito, e capas de revista. Na Argentina, o Clarín e a oposição estão desesperados, porque Alberto Nisman, aquele mesmo promotor que apareceu morto em seu apartamento, em janeiro, um dia antes de comparecer perante o Congresso para denunciar um acordo secreto entre o governo argentino e o Irã, deixou de ser o herói de Hollywood para ser um farsante de voudeville.
Nas últimas semanas, duas instâncias da Justiça argentina rejeitaram as denúncias formuladas pelo promotor, com termos duríssimos (“carente de qualquer fundamento”, “implicante”, “fora da realidade”). Além disso, também vieram a tona outras facetas de Nisman que estão longe de ser o exemplo de coragem e civismo que se tentou mostrar anteriormente: contratava call girls, gastava dinheiro público em viagens para Cancún acompanhado de belas e caras senhoritas, tinha uma conta de 600 mil dólares no exterior, e, principalmente, o fato de que embolsava metade do altíssimo salário de Diego Lagomarsino, o mesmo auxiliar de informática que lhe passou a arma com a qual se produziu a sua morte. (ver fotos de Nisman com call girls aqui: http://www.perfil.com/fotogaleria.html?filename=/contenidos/2015/03/19/noticia_0013.html&fotoNro=18)
Aos poucos, o Clarín vai abandonando o Caso Nisman, mas não sem deixar de denunciar uma suposta campanha de demonização da imagem do falecido promotor. A história já produziu o efeito que a empresa esperava: instalar a ideia de um governo inescrupuloso que pode chegar até as últimas consequências. No dia 18 de fevereiro, houve uma grande marcha opositora para pedir o esclarecimento de sua morte. Muitos dos que foram a essa marcha de boa fé, agora, se resistem ao fato de que apoiaram uma farsa. “Não pode ser. Existe algo estranho. De qualquer forma, eu acho que o governo tem que ter feito algo, tinha interesses  envolvidos nesse assunto”, me confessou, esta semana, um economista que participou da marcha.
Sendo efetiva na produção desse tipo de impacto no eleitorado, está claro que a campanha da dupla Clarín-Veja terá novos capítulos em breve.
Créditos da foto: reprodução