quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A estranha obsessão de Eduardo Cunha com os gays

no DCM
Ele
Ele

A obsessão de Eduardo Cunha pelos gays é algo que vai muito além do razoável, até para os padrões de sua turma. Em janeiro, Cunha criticou o que o “movimento gay” faz do Judiciário. As entidades estão, segundo ele, conquistando na Justiça o que não conseguem mudar no Congresso.
“O que nos preocupa e isso é um problema sério que nós temos de ficar atentos é a crescente judicialização favorável ao movimento gay”, disse.
Para ele, a imprensa é uma das grandes aliadas da causa. “Setores da mídia agem no sentido de criar um clima como se isso tudo fosse normal, inevitável e como se eles fossem maioria, coisa que absolutamente não o são”, afirma.
Há “demandas insufladas pela TV”, declara, referindo-se provavelmente às novelas. “Na medida em que os militantes gays não queiram substituir a família tradicional, nada contra eles e contra o seu comportamento. O que não podemos permitir é que isso vire uma família”, diz.
No Twitter, Eduardo Cunha já se manifestou diversas vezes para detonar o “gayzismo”. “Estamos vivendo a fase dos ataques, tais como a pressão gay, a dos maconheiros, abortistas. O povo evangélico tem de se posicionar”, reclamou. “Boa noite a todos. Muitos ativistas gays agredindo muito no tt. Isto é heterofobia”, escreveu.
Cunha é autor de iniciativas como o “Dia do Orgulho Hétero” e a “lei da heterofobia” (PL 7.382/10), para proteger, em tese, sujeitos decentes como ele. É evidente que esse não é o único e nem o maior problema de Eduardo Cunha, amigo do falecido PC Farias e envolvido em denúncias de roubo desde o início da vida pública, mas chama a atenção a dedicação ao tema e seu visível incômodo.
Numa entrevista ao Valor, ele reagiu indignado às comparações com Frank Underwood, o antiheroi do sensacional seriado “House of Cards”. “Eu acho isso um absurdo. Eu vi essa série. Existem três diferenças clássicas, ali: o cara é um assassino, o cara é um corrupto e o cara ainda é um homossexual. Não dá para eu aceitar essa comparação. É ofensiva”.
Parte dessa histeria é para atender seu público. A distopia sexual propagada por gente como Cunha, que prega que viveremos num país de cabeça para baixo se não tomarmos uma atitude, lhe rende votos. A outra parte é patológica.
Nos EUA, onde a direita religiosa nutre a mesma fixação, a escritora e líder evangélica Rachel Held Evans causou barulho ao criticar essa monomania. “Minha pergunta para os evangélicos é esta: vale a pena? É uma ‘vitória’ contra o casamento gay perder mais jovens para o cinismo em relação à igreja? É uma ‘vitória’ perpetuar a idéia de que os cristãos estão em guerra com as pessoas LGBT? Eu, por exemplo, estou cansada de tentar defender os evangélicos quando seus líderes se comportam de maneira indefensável.”
“Um grande homem disse uma vez que tudo era sobre sexo. Exceto sexo. Sexo é poder”, disse Frank Underwood — que, de resto, é bissexual. Mais uma diferença de Eduardo Cunha, veja só.
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Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Empreiteiras combinavam licitações desde o governo FHC, diz delator

no Essencial DCM
Do g1:
Resultado de imagem para charge FHC
Disponível: https://www.google.com.br/search?newwindow
O executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, dono da Setal Engenharia e um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, afirmou em depoimento à Justiça Federal do Paraná nesta segunda-feira (9) que o “clube” das empreiteiras passou a combinar resultados de licitações desde meados da década de 1990, época em que o país era presidido por Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Mendonça Neto, as empresas e a Petrobras instituíram um grupo de trabalho para discutir e melhorar as condições contratuais. O grupo funciona até hoje, explicou o empresário. Ele disse que, a partir dessa aproximação, um grupo de nove empreiteiras passou a combinar com qual delas cada obra ficaria. A combinação não tinha o conhecimento da estatal, segundo Mendonça Neto.
O G1 entrou em contato com o Instituto FHC mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
(…)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Câmara aprova texto principal de projeto sobre recursos genéticos com retrocessos

Votação de destaques está marcada para a tarde desta terça (10/2), mas há poucas chances de mudanças importantes no projeto. Texto traz várias restrições aos direitos de povos indígenas e tradicionais.
no Amigos da Terra
O petista Alessandro Molon tenta negociar mudanças no substitutivo do PL 7.735 com os ruralistas Nílson Leitão (E) e o relator Alceu Moreira (D) | Luís Macedo - Agência Câmara

 Câmara aprovou, na noite de ontem (9/2), o substitutivo do Projeto de Lei (PL) 7.735/2014 do deputado ruralista Alceu Moreira (PMDB-RS), que pretende facilitar o acesso de pesquisadores e indústrias aos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade e à agrobiodiversidade. O projeto trancava a pauta do plenário há mais de sete meses.
Um acordo costurado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), permitiu a votação do texto principal, deixando a análise dos destaques para a tarde de hoje. A perspectiva de alteração substancial da proposta nessa nova votação é pequena. Depois disso, o PL segue para o Senado.
A proposta traz uma série de retrocessos para povos indígenas e tradicionais. Por exemplo, não prevê que essas populações possam negar o acesso a seus conhecimentos e restringe seu direito à repartição dos benefícios oriundos da exploração econômica desses conhecimentos.
Segundo o texto aprovado ontem, essas comunidades só terão direito a alguma compensação se o conhecimento tradicional for “elemento principal de agregação de valor” do produto desenvolvido a partir dele e se este produto for incluído numa lista que será elaborada por alguns ministérios. Além disso, produtos desenvolvidos com base em acesso a conhecimentos tradicionais realizado antes de junho de 2000 também estarão isentos de repartir benefícios com essas populações
Ruralistas comemoram
Os ruralistas comemoraram a aprovação do substitutivo, que prevê isentar produtores rurais do pagamento de royalties pelo uso de sementes de espécies exóticas de commodities introduzidas no País, como soja, milho e arroz.
“Tudo o que foi possível ser colocado para preservar os interesses das comunidades tradicionais foi colocado”, defendeu Moreira, que rejeitou as mais de 170 emendas apresentadas ao PL até então (mais 50 foram apresentadas no plenário ainda ontem). “Em toda a construção do texto o governo participou de cada detalhe”, informou.
Apenas PT, PSOL, PcdoB e PV votaram contra o substitutivo. O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), liberou a base aliada para a votação do texto, finalizado, no final do ano passado, por representantes de ministérios, ruralistas e empresários, sem participação de povos indígenas e tradicionais e organizações da sociedade civil.
O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Cavalcanti, disse que estava otimista com a aprovação do substitutivo. “O assunto vinha sendo discutido há muito tempo e é importante que se avance”, comentou.
Deputados como Ivan Valente (PSOL-SP), Chico Alencar (PSOL-RJ), Sarney Filho (PV-MA) e Alessandro Molon (PT-RJ) voltaram a denunciar que representantes de povos indígenas e tradicionais não foram ouvidos na elaboração do projeto .
Alceu Moreira alegou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) foi ouvida e representa os índios e que integrantes de populações tradicionais também foram consultados. “Que tipo de discussão queriam? Que eu fosse fazer uma assembleia geral no meio de uma tribo? E o que tiraria dali? Nós imaginamos que o grau de representação naquela mesa [de negociação] era suficiente e responsável para representar quem devia estar lá?”, afirmou.
O que são os recursos genéticos?
Os recursos genéticos da biodiversidade são encontrados em animais, vegetais ou micro-organismos, por exemplo, em óleos, resinas e tecidos, encontrados em florestas e outros ambientes naturais. Já os recursos genéticos da agrobiodiversidade estão contidos em espécies agrícolas e pastoris. Comunidades de indígenas, quilombolas, ribeirinhos e agricultores familiares, entre outros, desenvolvem e conservam, por décadas e até séculos, informações e práticas sobre o uso desses recursos.
Tanto o patrimônio genético quanto esses conhecimentos servem de base para pesquisas e produtos da indústria de remédios, sementes, gêneros alimentícios, cosméticos e produtos de higiene. Por isso, podem valer milhões em investimentos. O Brasil é a nação com maior biodiversidade do mundo e milhares de comunidades indígenas e tradicionais, por isso é alvo histórico de ações ilegais de biopirataria, crime que o PL 7.735 também pretende coibir e punir.
Por: Oswaldo Braga de Souza
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental 

Depois do consumismo, o quê?

POR GEORGE MONBIOT no Outras Palavras
Uma das linhas de montagem do IPhone. Nelas, 14 trabalhadores suicidaram-se, só em 2010, por não suportarem condições de trabalho física e psiquicamente demolidoras
Uma das linhas de montagem do IPhone. Nelas, 14 trabalhadores suicidaram-se, só em 2010, por não suportarem condições de trabalho física e psiquicamente demolidoras.


A grande ferramenta de controle social da pós-modernidade está em crise. Mas para superá-la, não bastam discursos. O decisivo é reinventar experiências e laços sociais
Por George Monbiot | Tradução: Inês Castilho
Uma mulher entra numa grande loja de varejo. Sufocada pelas prateleiras abarrotadas, música melosa, cartazes de ofertas, consumidores indiferentes que perambulam pelos corredores, ela e é levada a gritar – repentinamente e para seu próprio espanto. “Isso é tudo o que existe?” Um funcionário sai de seu posto e vem até ela: “Não, minha senhora. Tem mais coisas em nosso catálogo.”
Essa é a resposta que recebemos para tudo – a única resposta. Podemos ter perdido nossos vínculos, nossas comunidades e nossa noção de sentido e valor, mas sempre haverá mais dinheiro e objetos com que substituí-los. Agora que a promessa evaporou, o tamanho do vazio torna-se compreensível.
Não que a velha ordem moderna fosse necessariamente melhor: era ruim de modo diferente. Hierarquias de classe e gênero esmagam o espírito humano tão completamente quanto a fragmentação. A questão é que o vazio preenchido com lixo poderia ter sido ocupado por uma sociedade melhor, construída sobre apoio mútuo e conectividade, sem a estratificação asfixiante da velha ordem. Mas os movimentos que ajudaram a quebrar o velho mundo foram favorecidos e cooptados pelo consumismo.
A individuação, resposta necessária à conformidade opressiva, é capturável. Novas hierarquias sociais, construídas em torno de bens que dão status, e consumo compulsivo tomaram o lugar da velha. O conflito entre individualismo e igualitarismo, ignorado por aqueles que ajudaram a quebrar as velhas normas e restrições opressivas, não se resolve por si mesmo.
De modo que nos encontramos perdidos no século 21, vivendo num estado de desagregação social que dificilmente alguém desejou, mas emerge de um mundo que depende do aumento do consumo para evitar o colapso econômico, saturado de publicidade e enquadrado pelo fundamentalismo de mercado. Habitamos um planeta que nossos ancestrais achariam impossível imaginar: 7 bilhões de pessoas padecendo de solidão epidêmica. É um mundo feito por nós, mas que não escolhemos.
Agora, tudo indica que a festa para a qual fomos convidados é restrita aos poucos. Há duas semanas, a Oxfam revelou que o 1% mais rico do planeta possui agora 48% da riqueza mundial; e ano que vem, eles terão mais que o resto do mundo inteiro junto. No mesmo dia, uma empresa austríaca divulgou o modelo de seu novo superiate. Construído sobre o casco de um navio petroleiro, medirá 280 metros (918 pés) de comprimento. Terá 11 decks, três helipontos, teatros, salas de concerto e restaurantes, carros elétricos para levar proprietário e hóspedes de um lado para o outro do navio, e uma pista de esqui com quatro andares.
TEXTO-MEIO
Em 1949, Aldous Huxley escreveu a George Orwell argumentando que sua própria visão distópica era a mais convincente. “O desejo de poder pode ser tão plenamente satisfeito quando se leva as pessoas a amarem sua servidão quanto se você as flagela e chuta para que obedeçam…” Não creio que estivesse errado.
O consumismo é contrário ao bem comum. Ele reprime a sensibilidade, embotando nosso interesse por outras pessoas. A liberdade de gastar desloca outras liberdades, assim como comer em posição de lótus possibilita esquecer nossas carências. A maioria das formas pacíficas de protesto são agora proibidas, mas ninguém nos impede de devorar os recursos dos quais dependem as futuras gerações. Tudo isso ajuda os oligarcas globais a esgarçar a rede de segurança social, encontrar um jeito de aliviar-se das restrições impostas tanto pela democracia quanto pela tributação e neutralizar ou privatizar o bem comum.
Assim como a sociedade humana foi despedaçada pelo consumismo e pelo materialismo, empurrando-nos para uma Era da Solidão sem precedentes, os ecossistemas foram destroçados pelas mesmas forças. É a mentalidade consumista, elevada à escala global, que agora nos ameaça com um colapso climático, catalisa uma sexta grande extinção de espécies, põe em risco o abastecimento global de água e violenta o solo do qual toda a vida humana depende.
Mas eu não acredito que o consentimento à servidão, vislumbrado por Huxley, seja um estado permanente. A estagnação dos salários, a brutalidade das novas condições de emprego, o rompimento do vínculo entre progressão educacional e avanço social, a impossibilidade para muitos jovens de encontrar boa moradia: tudo nos confronta com a pergunta que só poderia ser adiada em condições de crescimento geral da prosperidade – “isso é tudo o que existe”?
Como sugere o crescimento do Syriza e do Podemos, não é possível construir movimentos políticos que desafiem essas questões se não construirmos também relações sociais. Não é suficiente convocar as pessoas a mudar suas políticas: precisamos criar não só identidade com projetos políticos, mas também experiências de apoio mútuo que ofereçam a segurança, a sobrevivência e o respeito que o Estado não mais proverá.
Em uma série notável de iniciativas que se desdobram além de seus temas usuais, a rede Amigos da Terra começou a explorar as formas como podemos nos reconectar uns com os outros e com o mundo natural. Está, por exemplo, procurando novos modelos para a vida urbana com base na partilha, ao invés do consumo competitivo. Partilha não apenas de carros, eletrodomésticos e ferramentas, mas também de dinheiro (por meio de cooperativas de crédito e microfinanças) e poder. Isso significa um processo de decisões, liderado pela comunidade, em relação a temas como transporte, planejamento e talvez os níveis de renda, salários mínimos e máximos, os orçamentos municipais e a tributação.
Tais iniciativas não substituem a ação governamental: sem a articulação do Estado, elas perdem sentido. Mas podem unir pessoas com uma noção comum de propósito, pertencimento e apoio mútuo que os processos centralizados nunca poderão proporcionar.
Os Amigos da Terra também apoiam a revolução da empatia liderada pelo autor Roman Krznaric, e a educação permanente, que poderia contrapor-se à escolaridade sempre mais restrita, hoje imposta a nossos filhos – uma educação cujo objetivo é preparar as pessoas para empregos que nunca terão, a serviço de uma economia organizada em benefício de outros.
Nessas ideias e movimentos encontramos os sinais de uma resposta à pergunta inicial.Não, isso não e tudo que existe. Há conexão. Apesar dos melhores esforços daqueles que acreditam não haver algo chamado  sociedade, não perdemos nossa capacidade de nos vincular.

56 marcadores de livros criativos

no Catraca Livre
Presentes perfeitos, esses marcadores de livros criativos também são uma maneira lúdica de incentivar crianças em suas primeiras leituras:
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Mais em Via Bored Panda

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A Campanha do Petróleo e a Mobilização Popular em favor da Petrobrás

Conheça a história da Petrobrás, que desde a sua criação, foi mais que uma empresa pública. Surgiu como emblema da nacionalidade e da soberania brasileira.
no Conversa Afiada

Na Carta Maior, texto de Gilberto Bercovici:


Conheça a história da Petrobrás, que desde a sua criação, foi mais que uma empresa pública. Surgiu como emblema da nacionalidade e da soberania brasileira.


No Brasil da década de 1930, sob a Presidência de Getúlio Vargas, embora não houvesse propriamente um plano de desenvolvimento, a instituição de uma série de novos órgãos realça a mudança nas relações entre o Estado e o sistema econômico, buscando o aprofundamento da industrialização de base, o redirecionamento do centro dinâmico da economia para o mercado interno e a redução da dependência do país em relação aos mercados internacionais de produtos primários.

O peso do petróleo e derivados sobre a pauta de importações brasileira, em tempos tumultuados que antecediam a eclosão de mais uma guerra mundial, adquire grande importância. Tratar de petróleo não dizia respeito apenas ao equilíbrio da balança comercial, mas também à dependência nacional em relação ao suprimento de produtos básicos para o processo de industrialização, para o sistema de transportes e comunicações e para a própria defesa do país. É neste contexto que os militares passam, também, a se preocupar com a questão petrolífera. No campo militar, o nome que se destacaria na proposição e implementação de uma política petrolífera foi o do General Júlio Caetano Horta Barbosa, primeiro presidente do Conselho Nacional do Petróleo, órgão criado por meio do Decreto-Lei nº 395, de 29 de abril de 1938. Foi sob a direção do General Horta Barbosa que o Conselho Nacional do Petróleo descobriu as primeiras jazidas de petróleo do Brasil, na região do Município de Lobato, na Bahia, em 1939.

No entanto, a partir de 1943, com a saída do General Horta Barbosa do Conselho Nacional do Petróleo, há uma mudança significativa na linha de atuação da política nacional do petróleo. As iniciativas nacionalistas são cada vez de menor intensidade, ampliando-se as tentativas de alteração da legislação no sentido de permitir a participação do capital estrangeiro e diminuir a atuação direta do Estado na indústria petrolífera.

A equipe do Presidente Dutra, em 1947, elaborou um anteprojeto de lei sobre o petróleo em que buscava revogar a orientação nacionalista seguida desde 1938. A proposta do Governo Dutra, denominada de “Estatuto do Petróleo”, tinha como ideia-chave a abertura do setor para o capital privado, nacional ou estrangeiro. Para os autores do projeto, a participação do capital estrangeiro era a única forma de assegurar a exploração de petróleo no país, pois o Estado não teria recursos para investir no setor, o que poderia comprometer as futuras gerações.

O debate sobre o controle do Estado sobre os recursos estratégicos, especialmente o petróleo, começou a ganhar espaço em alguns órgãos de imprensa e vários setores da sociedade, como o próprio Clube Militar. O Clube Militar convidou o General Juarez Távora, ex-Ministro da Agricultura do Governo Provisório e um dos responsáveis pela elaboração do Código de Minas de 1934, que consagrou a nacionalização dos recursos minerais do subsolo, a pronunciar uma série de conferências sobre o tema do petróleo em 1947. Revendo suas ideias, o General Juarez Távora, embora ainda se afirmasse defensor da soberania nacional sobre os recursos minerais, advogava a colaboração do capital estrangeiro para a exploração das reservas petrolíferas brasileiras. Como o Brasil dispunha de reservas, mas não de recursos técnicos, humanos e econômicos suficientes para explorá-las, o capital estrangeiro seria necessário para este empreendimento. Não bastasse isto, a condição brasileira de aliado dos Estados Unidos também favoreceria a permissão de colaboração do capital estrangeiro, especialmente norte-americano, ainda mais levando-se em conta a necessidade de exploração de um recurso tão estratégico como o petróleo. O monopólio do Estado, para Juarez Távora, seria a solução ideal, mas as condições objetivas brasileiras impediriam sua adoção naquele momento.

Além do General Juarez Távora, o Clube Militar convidou o ex-Presidente do Conselho Nacional do Petróleo, General Horta Barbosa, para se manifestar sobre o assunto, em duas conferências, também em 1947. A posição de Horta Barbosa foi contraposta à de Juarez Távora. Para ele, seria impossível conciliar os interesses nacionais da política do petróleo com os interesses privados das grandes empresas internacionais. A única alternativa viável para a preservação da soberania nacional sobre os recursos minerais seria a exploração do petróleo em regime de monopólio estatal. Para Horta Barbosa, se o petróleo não fosse monopólio estatal, se tornaria um monopólio internacional.

A tramitação do “Estatuto do Petróleo” não foi tranquila. A falta de convicção da própria maioria parlamentar que sustentava o Governo Dutra contribuiu para a abertura às contestações. O crescimento da oposição à aprovação do “Estatuto do Petróleo”, apesar do boicote da grande imprensa, vai ser perceptível nos meios políticos e empresariais. A organização de vários setores da sociedade em defesa da nacionalização dos recursos minerais, particularmente do petróleo, vai conseguir pressionar o Executivo e o Legislativo a não aprovarem o “Estatuto do Petróleo”, cuja discussão foi sendo abandonada até a aprovação da legislação que instituiria o monopólio estatal do petróleo em 1953.

Estudantes, sindicalistas, intelectuais, militares, técnicos e integrantes de praticamente todas as camadas sociais vão conseguir, em um momento raro da história política brasileira, mobilizar a opinião pública a favor da tese do monopólio estatal do petróleo. A “Campanha do Petróleo”, cujo lema, “O Petróleo é Nosso”, ganhou as ruas de todo o país, foi articulada, a partir de abril de 1948, em torno do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEDPEN), que tinha entre seus presidentes de honra o General Horta Barbosa e o ex-Presidente Arthur Bernardes. A “Campanha do Petróleo” enfrentou uma série de obstáculos, como o boicote da grande imprensa, a repressão policial (justificada pela sua suposta vinculação ao Partido Comunista, na ilegalidade desde 1947), a hostilidade do empresariado, entre outros. Apesar das dificuldades, serão realizadas palestras e conferências sobre o tema do petróleo por todo o país, com a publicação de inúmeros textos e panfletos, visando esclarecer a população. Ao conseguir mobilizar a opinião pública nacional, a “Campanha do Petróleo” tornou o tema uma questão obrigatória nos debates das eleições gerais de 1950, ampliando ainda mais o seu impacto.

A eleição de Getúlio Vargas à Presidência da República, em 3 de outubro de 1950, fortaleceu a alternativa nacionalista para a questão do petróleo. A Assessoria Econômica da Presidência da República, chefiada por Rômulo de Almeida e Jesus Soares Pereira, iniciou, em julho de 1951, a elaboração da proposta que Getúlio Vargas apresentaria como política nacional do petróleo. O ponto de partida seria a criação de uma sociedade de economia mista, a Petróleo Brasileiro S.A., com participação acionária da União, Estados e Municípios, para executar essa política (Projeto de Lei nº 1.516, de 1951). A proposta já anunciava que a União deteria, no mínimo, 51% das ações com direito a voto na sociedade a ser constituída e de suas subsidiárias, enfatizando a imprescindibilidade do controle nacional do setor de petróleo.

O projeto de criação da Petrobrás buscava se contrapor ao “Estatuto do Petróleo”, tentando incorporar as críticas nacionalistas e antecipando-se a eventuais contestações mais nacionalistas. No entanto, a solução proposta de criação de uma sociedade de economia mista, em que há participação do capital privado, será criticada por permitir que o capital estrangeiro pudesse ser incorporado no setor de petróleo, por meio de empresas vinculadas a seus interesses organizadas no país. Outra crítica nacionalista feita ao projeto foi a ausência de qualquer menção ao monopólio estatal.

Defendendo a proposta de criação da Petrobrás, a Assessoria Econômica da Presidência da República afirmava que a União já exerceria um monopólio de fato sobre a exploração do petróleo brasileiro. Como as jazidas de petróleo e gás natural já eram integrantes do patrimônio da União, a proposta de legislação sobre o petróleo apenas estaria buscando regular a utilização de bens da União por ela mesma, portanto, não seria preciso justificar a sua exclusividade.

Com o conhecimento e o apoio do Presidente Vargas, o deputado Euzébio Rocha (PTB-SP) apresentou um substitutivo, o Projeto de Lei nº 1.595, em 28 de janeiro de 1952, no qual reforçava o controle estatal sobre a empresa a ser criada. A inovação mais importante do substitutivo de Euzébio Rocha foi a previsão de um dispositivo que proibia a instituição de novas organizações e de novas autorizações e concessões com objetivos idênticos, correlatos ou afins aos da Petrobrás e suas subsidiárias. O monopólio estatal estava previsto, assim, de forma implícita.

A oposição ao Governo Vargas, encabeçada pela União Democrática Nacional, até então favorável ao capital estrangeiro na exploração do petróleo e demais recursos minerais, apresentou, em 6 de junho de 1952, uma proposta mais nacionalista do que a que estava em discussão. A proposta da UDN, assinada pelo deputado Bilac Pinto (UDN-MG), defendia a instituição do monopólio estatal para a pesquisa, lavra, refinação e o transporte de petróleo e, ao invés de uma sociedade de economia mista, a constituição de uma empresa pública, denominada Empresa Nacional de Petróleo (ENAPE), com capital integralmente público. A ENAPE, ainda, atuaria em todos os setores diretamente, sem constituir subsidiárias. O substitutivo recebeu o apoio de vários parlamentares integrantes da base de sustentação parlamentar do governo, que, durante a tramitação do Projeto nº 1.516/1951, tentaram deixar explícito aquilo que entendiam que estaria apenas implícito no projeto.

A “Campanha do Petróleo” continuou ativa durante todo o período de tramitação do Projeto nº 1.516/1951, defendendo a tese do monopólio estatal do petróleo e combatendo os pontos que julgava contrários ao interesse nacional no projeto do governo. Os obstáculos enfrentados para a mobilização continuavam gigantescos, como a repressão policial, a perseguição de alguns governadores, o boicote da mídia, etc. No entanto, a pressão a favor do monopólio estatal foi constante. Apesar das críticas nacionalistas, a mudança no rumo da política nacional do petróleo se tornou evidente, apesar das falhas e omissões, propositais ou não, do projeto de lei. A mudança de política era tão clara, além da pressão da opinião pública, ainda mobilizada pela “Campanha do Petróleo”, que não surgiu nenhuma proposta na Câmara dos Deputados com uma posição politica e ideológica contrária à do Governo Vargas.

O debate público e parlamentar irá transcorrer a partir do pressuposto do controle nacional sobre os recursos petrolíferos e das alternativas mais adequadas para assegurar este controle. Após um acordo com as principais lideranças partidárias, em que o Governo aceitava expressamente a inclusão do monopólio estatal na pesquisa, lavra, transporte e refinação do petróleo, mas exigia a manutenção da estrutura jurídica de sociedade de economia mista, o Projeto nº 1.516/1951 conseguiu ter sua votação acelerada na Câmara dos Deputados.

O debate no Senado Federal em torno da criação da Petrobrás foi muito mais difícil. A pressão dos setores econômicos contrários ao monopólio estatal, inclusive a grande imprensa, foi mais intensa, e parte dos senadores, liderados por Othon Mäder (UDN-PR), Plínio Pompeu de Sabóia Magalhães (UDN-CE) e Assis Chateaubriand (PSD-PB), se declaravam expressamente contrários ao projeto aprovado na Câmara. A defesa do monopólio estatal do petróleo foi feita por Landulfo Alves (PTB-BA), Alberto Pasqualini (PTB-RS), Domingos Velasco (PSB-GO) e Kerginaldo Cavalcanti (PSP-RN). Ao final do processo de votação, o Senado aprovou trinta e duas emendas ao projeto da Câmara, muitas delas alterando radicalmente o sentido da proposta, ao permitir, inclusive, meios para a participação e o controle do capital estrangeiro sobre o setor de petróleo.

Em 15 de julho de 1953, a Câmara dos Deputados buscou restaurar a estrutura e intenção originais do projeto de lei, com a rejeição de onze das emendas aprovadas pelo Senado que desfiguravam o projeto, mantendo-se as demais. A votação do Projeto nº 1.516/1951 foi encerrada em 15 de setembro de 1953, e a redação final foi aprovada pelo plenário da Câmara dos Deputados em 21 de setembro de 1953, sendo remetido o texto aprovado para a sanção presidencial. Finalmente, em 3 de outubro de 1953, Getúlio Vargas sancionou, sem nenhum veto, a Lei nº 2.004, que instituiu a política nacional do petróleo, explicitou o monopólio estatal do petróleo no Brasil e autorizou a criação da Petrobrás.

Nas principais regiões produtoras de petróleo, a indústria petrolífera é estatal ou foi nacionalizada. Cerca de 90% das reservas petrolíferas do mundo pertencem ao Estado, sendo exploradas por empresas estatais, que controlam aproximadamente 73% da produção, atuando em regime de monopólio ou quase-monopólio sobre os recursos de seus países. O papel do Estado é central para a política energética em geral e, em particular, no setor de petróleo, servindo para coibir o poder econômico dos grandes oligopólios, garantir a exploração não-predatória das jazidas e defender o interesse da coletividade, além de atuar de forma estratégica, militar e economicamente, controlando o suprimento de petróleo e derivados.

O contexto histórico da luta dos países em desenvolvimento por independência política e emancipação econômica tornou as empresas petrolíferas estatais entidades que personificam o controle soberano sobre os recursos naturais. As empresas estatais são instrumentos da política econômica nacional dos seus Estados, atuando de acordo com os objetivos estratégicos e de bem-estar social do Estado, indo muito além da mera busca de rentabilidade.

A “Campanha do Petróleo” foi, nas palavras de Carlos Lessa, a “maior mobilização popular e social da história do Brasil em defesa de algum projeto de desenvolvimento”. Não haveria nada similar antes, nem depois. A campanha abriu espaço para a manifestação política popular, cuja mobilização era uma novidade na história do país. Um projeto nacional de desenvolvimento precisa estar presente no imaginário coletivo da sociedade, sob pena de não sair do papel. Afinal, não é um simples plano de governo, mas uma construção coletiva que busca essencialmente os objetivos de uma sociedade melhor, mais igualitária e mais democrática no futuro. A “Campanha do Petróleo” conseguiu realizar isto, ao defender a soberania nacional. A aprovação do monopólio estatal do petróleo não teve como causa única a “Campanha do Petróleo”, mas, certamente, a campanha contribuiu de modo decisivo para influenciar as lideranças políticas e foi crucial para o Presidente Getúlio Vargas se posicionar diante das pressões provenientes do governo norte-americano.

A Petrobrás, como bem afirmou Barbosa Lima Sobrinho, é uma conquista do povo brasileiro, cujo irresistível movimento de opinião superou todos os obstáculos para fazer prevalecer a vontade nacional. O que a “Campanha do Petróleo” revelou foi uma dimensão política não esperada para um projeto nacional de desenvolvimento. Afinal, o que se estava decidindo não era apenas a forma de exploração de um recurso mineral estratégico, mas a própria soberania econômica nacional. A causa do petróleo foi identificada à afirmação da soberania nacional. Há a tentativa deliberada de criar em torno do tema do petróleo a identidade com a soberania nacional e a perspectiva de fundação de um novo país, um país soberano e industrializado. A “Campanha do Petróleo”, ao defender a soberania econômica do Brasil, propunha que se completasse a superação da economia colonial e se fizesse efetiva a Nação. Neste sentido, da Petrobrás como símbolo de afirmação nacional, são significativas as palavras de Barbosa Lima Sobrinho: “A Petrobrás, desde a sua criação, foi mais que uma empresa pública. Surgiu como emblema da nacionalidade, a sigla mística que podia abranger e reunir o maior número possível de brasileiros fiéis à sua pátria. Petrobrás era um símbolo que, por si só, despertava emoções, como se a sua missão fosse a de acender estrelas, para iluminar o céu do futuro do Brasil”.

Gilberto Bercovici Professor Titular de Direito Econômico e Economia Política da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

MAIS DIÁLOGO - O Estado não é uma máquina, é uma entidade política

Divulgação dos casos de melhoria social das pessoas e do sucesso das políticas sociais do governo convence e fortalece as convicções de quem está convencido. O silêncio do governo é um erro gravíssimo.
por Emir Sader no Rede Brasil Atual
bolsa família
Políticas sociais se consolidaram e se estenderam, sendo o marco mais importante do primeiro mandato da Dilma
Há uma tendência no governo a considerar o Estado como uma máquina para implementar políticas. Se uma peça não funciona, ela é trocada, mas não se altera nada o caráter que uma certa visão tecnocrática tem do Estado como coisa, como administração, mas não como entidade política, de direção geral da sociedade.
O aspecto mais determinante do resultado das últimas eleições foi o de que o governo perdeu – e feio – na disputa da opinião pública, mas venceu – bonito – nas políticas sociais, e isso lhe deu a vitória. Mas quanto mais o resultado se deu perto dos setores mais influenciados pelo monopólio privado da mídia – e sua atuação como partido político da oposição – melhor foi o resultado da oposição e pior o do governo.
Olhada retroativamente a dinâmica da apuração de votos – de que o fuso horário do Acre nos salvou o coração, percebemos que na primeira parte os votos das grandes metrópoles do centro sul – especialmente São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, levavam a um resultado próximo a dois terços para a oposição, um terço para o governo. Foram as políticas sociais, no Nordeste, mas também em lugares como o interior de Minas, que permitiram a virada do governo.
Tivesse sido um mau governo, se poderia explicar o resultado apertado mas, apesar das dificuldades no plano econômico, que levaram a praticamente uma estagnação, as políticas sociais se consolidaram e se estenderam, sendo o marco mais importante do primeiro mandato de Dilma. Mesmo os índices que poderiam ter sido afetados pela retração econômica não o foram: o desemprego continuou a diminuir e a inflação – um dos cavalos de batalha da campanha da oposição – se manteve nos patamares programados.
A vitória apertada do governo se deveu então à projeção da imagem do governo que a mídia promoveu na opinião pública. Antes de tudo, a marca de corrupção, que desde 2005 é o tema maior da mídia, calou profundamente no PT e, por extensão, no governo. O objetivo da oposição é o da desqualificação do Estado, como fonte de todos os males do Brasil, a começar pela corrupção. Desalentada pelo sucesso dos governos do PT no resgate do Estado, principalmente na implementação das políticas sociais, a direita se voltou para outro plano –  o da corrupção, para atacar.
Duas referências da esquerda foram os alvos maiores: o PT e a Petrobras. O PT, como partido que buscava resgatar a política, desqualificada pela ofensiva neoliberal, encarnada na vitória de Fernando Collor e no discurso do FHC. Em contraposição aos partidos e ao Estado, à política, emergia o mercado, como ente todo poderoso, contraponto da ineficácia e da corrupção estatal.
A vitória de Lula e seu governo resgatou a política, o PT e as estatais, a começar pela Petrobras. Daí a sanha da direita contra Lula, o PT e a Petrobras. A política, mais diretamente representada pelos parlamentos, sempre foi alvo frágil para desqualificar a atividade política, mas o resgate da ação dos governos e do Estado foram golpes duros dados ao receituário liberal e neoliberal.
A reversão da imagem do PT e da Petrobras – as duas maiores vitórias ideológicas e políticas da direita nestes 12 anos – se deram pela via das denúncias de corrupção. O terrorismo econômico contribuiu para gerar um clima negativo em relação ao governo, mas quando chegou o horário eleitoral, esse clima foi desarticulado, até porque o terrorismo econômico não bate com a vivência das pessoas. Mas o da corrupção veio, ficou e, reatualizado pela Petrobras, não tem hora para acabar.
Diante desse quadro, a divulgação dos casos de melhoria social das pessoas e do sucesso das políticas sociais do governo, convence e fortalece as convicções de quem está convencido. O silêncio do governo é um erro gravíssimo.
Quando Dilma falou da Pátria Educadora, dizendo que era uma tarefa transversal, para todo o governo, parecia apontar para preencher esse vazio. Mas já na primeira reunião do ministério, quando se poderia esperar que um dos temas centrais seria o de como colocar em prática esse orientação, de forma decepcionante houve silêncio total sobre o tema. Como se tivesse sido um enunciado geral, sem implementação prática, um enunciado de vontade, sem consequências práticas.
O governo se mantém ainda sob forte influência tecnocrática. Acredita que, realizando boas políticas para a população, esta reconhecerá o governo. As eleições foram um desmentido rotundo dessa visão ingênua, pré-gramsciana, que não leva devidamente em conta o peso da mídia monopolista na formação da consciência das pessoas. Entre os programas concretos do governo e a cabeça das pessoas, entra a fabricação da visão da população pelas campanhas partidárias da mídia.
O governo e, em particular, a presidenta, tem que falar, o tempo todo, por todos os canais existentes e criando novos canais. É uma obrigação do governante prestar contas o tempo todo, explicar, denunciar as mentiras sobre o governo e sobre o país. A presidenta tem que ter um programa semanal, pela rede pública de rádios e TVs, para quem quiser retransmitir, onde presta contas do que está fazendo, dos problemas que está enfrentando, levando os ministros para dialogar com a cidadania.
O Estado não é uma máquina, é uma entidade política, de direção política da sociedade. A presidenta deveria ser a primeira professora da Pátria Educadora.



ÚLTIMO DIA - Termina hoje prazo para matrícula de selecionados no ProUni

por Mariana Tokarnia, da Agência Brasil no Rede Brasil Atual
estudantes
Estudantes selecionados na primeira chamada do Prouni têm até hoje (9) para fazer a matrícula

Brasília – Os candidatos selecionados na primeira chamada do Programa Universidade para Todos (ProUni) têm até hoje (9) para comparecer às instituições de ensino, comprovar as informações prestadas na hora da inscrição e providenciar a matrícula.
Os candidatos devem verificar nas instituições os horários e o local ao qual deve comparecer. Entre os documentos a serem apresentados estão: de identificação, comprovante de residência, comprovante de rendimento e comprovante de conclusão do ensino médio. A lista completa está na pagina do ProUni.
No dia 19 será divulgado o resultado da segunda chamada. Aqueles que não forem selecionados poderão participar da lista de espera nos dias 2 e 3 de março.
O programa oferece bolsas no ensino superior privado com base nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Este ano, são ofertadas 213.113 bolsas – 135.616 integrais e 77.497 parciais. As bolsas são para 30.549 cursos, em 1.117 instituições de ensino superior privadas.
Esta edição recebeu mais de 1,5 milhão de inscrições. Os cursos com o maior número de inscrições foram administração, direito, pedagogia e engenharia civil.

DIREITO HUMANO - OAB cria Comissão Nacional da Verdade sobre a Escravidão

Inspirado na comissão que investigou o período da ditadura no Brasil, o grupo composto por 57 membros terá prazo de dois anos para concluir o trabalho.
por Karine Melo, da Agência Brasil no Rede Brasil Atual
escravidão
Banda mirim do Olodum, de Salvador, na Bahia, se apresentou na cerimônia de posse da comissão

por José Gilbert Arruda Martins

As coisas parecem, que estão andando. Falta muito, mas é um começo.

Até que enfim, o segundo país do mundo, em população negra, começa, efetivamente a pinçar alguma coisa que, talvez, ajude na construção de um país mais justo.

A sociedade brasileira e o Estado brasileiro, precisam criar instrumentos que, primeiro façam um levantamento da violência brutal e quase incomensurável que foi o regime escravocrata e, após isso, dar as condições de oportunidades iguais aos negros e negras.

A OAB Federal é digna de congratulações pela iniciativa.

Estamos muito longe de uma sociedade democrática de direito, isso por que entre outras coisas, a população negra foi concretamente esquecida ao longo dos últimos 100 anos pós fim da escravidão oficial.
É mais de um século de total esquecimento. As tímidas ações afirmativas e Políticas Públicas, foram criadas agora nos últimos doze anos. Ainda é muito pouco.

É quase insignificante as Ações Afirmativas atuais e as Políticas Públicas em geral, frente aos mais de 350 anos de escravidão negra.


Mas iniciamos. Agora, negros e negras e, toda a sociedade brasileira democrática, precisam acompanhar e, nas ruas e na pressão exigir os avanços.

DIREITO HUMANO

OAB cria Comissão Nacional da Verdade sobre a Escravidão

Inspirado na comissão que investigou o período da ditadura no Brasil, o grupo composto por 57 membros terá prazo de dois anos para concluir o trabalho
por Karine Melo, da Agência Brasil publicado 06/02/2015 15:38, última modificação 06/02/2015 15:55

Brasília – Resgatar a história da população negra no Brasil, inclusive as atrocidades cometidas à época da escravatura, para fazer sugestões de políticas públicas e ações afirmativas para construir uma igualdade plena no pais. Esse é o objetivo da Comissão Nacional da Verdade sobre a Escravidão Negra criada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados Brasil (OAB).
Inspirado na Comissão Nacional da Verdade que investigou o período da ditadura no Brasil, o grupo composto por 57 membros – 10 advogados, 35 consultores e 15 convidados do judiciário e Ministério Público – terá prazo de dois anos para concluir o trabalho. A expectativa é que um relatório parcial das atividades seja divulgado no final de 2015, já o documento final está previsto para dezembro de 2016.
“Queremos buscar todas aquelas ações da escravidão que persistem até hoje e fazem do país um campeão da desigualdade da discriminação e do racismo. É preciso que investiguemos a fundo os fatos da escravidão assim como a Comissão Nacional da Verdade investigou fatos da ditadura e da tortura que persistem até hoje. A nossa comissão também pretende abolir, encerrar, banir os fatos que existem na escravidão até hoje”, destacou o presidente do colegiado que tomou posse hoje (6), Humberto Adami.
Para a realização dos trabalhos, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Republica, Ideli Salvatti, disse que o governo federal estará à disposição para ajudar no que for necessário. A comissão também terá parcerias com entidades como a Fundação Zumbi dos Palmares, o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), o Instituto Nzinga Mulher Negra, além de universidades brasileiras.
Apesar do esforço no âmbito da OAB, o presidente nacional da entidade, Marcus Vinicius Furtado Coêlho cobrou do governo federal uma comissão nos moldes da que foi empossada hoje pela OAB. “Somos um só Brasil. Queremos uma nação de iguais. O fim do racismo e do preconceito, não admitindo a intolerância e a discriminação, são fundamentais para a construção de uma sociedade justa, solidária e fraterna”, afirmou.
A cerimônia de posse da comissão teve a apresentação da banda mirim do Olodum, de Salvador; da cantora Martinha do Coco e do grupo Tambores do Paranoá, do Distrito Federal. Quilombolas de Paracatu, em Minas Gerais, também se apresentaram no evento.