segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Professores(as) reafirmam que não aceitarão calote

no Sinpro-DF
Disponível: https://www.google.com.br/search?q=charge+educação+pública

Sob o argumento do aumento crescente da parcela que o GDF desembolsa para completar o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) – o chamado transbordo – e pagar os servidores públicos, o governo Rollemberg ameaça retirar direitos do pessoal da Educação.
Novamente falando pela mídia, o governo culpa os servidores para se justificar antecipadamente de um possível calote aos(às) professores(as) e da falta de investimentos em outras áreas, escondendo a fragilidade ou a má fé do GDF.
Matéria de capa do Correio Braziliense desta segunda-feira (9) informa que “participação do governo local no pagamento de salários aumentará 139% neste ano. Dinheiro da União garante o contracheque dos servidores da Segurança, mas é insuficiente para bancar outras áreas. Buriti teme restrição de investimentos”.
Ao longo da matéria, o texto destaca que “dentro do próprio governo, porém, há estudos para tentar derrubar os ganhos salariais prometidos na gestão Agnelo Queiroz, inclusive do ponto de vista jurídico”.
Isso tem nome muito claro: calote.
A diretoria do Sinpro lembra, mais uma vez, que a categoria não possui nenhum tipo de “acordo” com o GDF, e sim uma lei que a ampara legalmente – a 5.105/2013, que reestrutura a carreira Magistério Público do Distrito Federal e reajusta os salários dos professores em março e setembro próximos.
Fruto direto da greve de 52 dias que os(as) professores(as) realizaram em 2012, a instituição da Lei 5.105, em 2013, contou com apoio do próprio Rodrigo Rollenberg, à época senador. O atual governador não só apoiou o movimento, enfatizando a necessidade da categoria, como deu respaldo para que os docentes tivessem, enfim, a reformulação do plano de carreira e a reestruturação salarial.
O Sinpro enfatiza que a categoria não aceitará nenhum tipo de calote ou oportunismo e que todas estas questões serão abordadas na assembleia geral, convocada para o início do ano letivo, em 23 de fevereiro.

Doar sangue ou plantar árvores? Confira 10 dicas para um trote solidário

no MSN
Com o começo do ano letivo, tem início também a temporada de trotes nas faculdades. A brincadeira tradicional busca integrar calouros e veteranos, mas seguidamente são relatados casos de abusos e violência. Há, inclusive, quem defenda o fim da prática.Para continuar realizando o trote e mudar a marca de violência que o acompanha, muitos estudantes e diretórios acadêmicos têm realizado o chamado trote solidário, em alguns casos incentivados até pelas direções das faculdades. A ideia é unir os estudantes que ingressam na universidade por meio de ações que contribuam para a sociedade. A seguir, confira 10 ideias de trotes solidários que vêm dando certo pelo Brasil.

TRADICIONAL, A PRÁTICA DO TROTE PODE DAR ESPAÇO A AÇÕES SOLIDÁRIAS

Com o começo do ano letivo, tem início também a temporada de trotes nas faculdades. A brincadeira tradicional busca integrar calouros e veteranos, mas seguidamente são relatados casos de abusos e violência. Há, inclusive, quem defenda o fim da prática.Para continuar realizando o trote e mudar a marca de violência que o acompanha, muitos estudantes e diretórios acadêmicos têm realizado o chamado trote solidário, em alguns casos incentivados até pelas direções das faculdades. A ideia é unir os estudantes que ingressam na universidade por meio de ações que contribuam para a sociedade. A seguir, confira 10 ideias de trotes solidários que vêm dando certo pelo Brasil.
João Henrique Caurio da Silva entrou no curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) no ano passado. Ele e os colegas passaram o primeiro fim de semana após o início das aulas na entrada de supermercados arrecadando alimentos para entidades carentes. A atividade reúniu 1,2 mil calouros e veteranos das faculdades de medicina do estado. A atividade foi organizada por uma comissão dos veteranos em parceria com o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul e com o Banco de Alimentos. Integrando a comissão de trote deste ano, Silva já confirma que os novos colegas receberão a mesma tarefa.

ARRECADAR ALIMENTOS

João Henrique Caurio da Silva entrou no curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) no ano passado. Ele e os colegas passaram o primeiro fim de semana após o início das aulas na entrada de supermercados arrecadando alimentos para entidades carentes. A atividade reuniu 1,2 mil calouros e veteranos das faculdades de medicina do estado. A atividade foi organizada por uma comissão dos veteranos em parceria com o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul e com o Banco de Alimentos. Integrando a comissão de trote deste ano, Silva já confirma que os novos colegas receberão a mesma tarefa.

PLANTAR ÁRVORES

Em 2014, os calouros do Centro de Ciências Exatas, Ambientais e Tecnologias da PUC-Campinas plantaram mudas frutíferas e nativas nas margens do Rio Ribeirão Anhumas, dentro do perímetro do Campus. Aluno de Engenharia Civil, Felipe Paulino comemorou a experiência nova e o contato com os novos colegas. “Eu nunca plantei nada antes, mas foi uma experiência bacana. Além de aprender como manusear uma muda, conheci pessoas que irão me acompanhar durante o curso e iniciei amizades.”
Em 2014, os calouros do Centro de Ciências Exatas, Ambientais e Tecnologias da PUC-Campinas plantaram mudas frutíferas e nativas nas margens do Rio Ribeirão Anhumas, dentro do perímetro do Campus. Aluno de Engenharia Civil, Felipe Paulino comemorou a experiência nova e o contato com os novos colegas. “Eu nunca plantei nada antes, mas foi uma experiência bacana. Além de aprender como manusear uma muda, conheci pessoas que irão me acompanhar durante o curso e iniciei amizades.”

RECICLAR

O acúmulo e o reaproveitamento do lixo são temas cada vez mais presentes. Por isso, montar uma oficina de reciclagem para os calouros ou para a comunidade pode ser uma ideia interessante. Orientar a separação correta do lixo também ajuda o trabalho de reciclagem posterior. Os alunos do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul (SP), aproveitaram a ideia e construíram brinquedos para crianças carentes. A iniciativa foi finalista do prêmio Trote da Cidadania 2014.
O acúmulo e o reaproveitamento do lixo são temas cada vez mais presentes. Por isso, montar uma oficina de reciclagem para os calouros ou para a comunidade pode ser uma ideia interessante. Orientar a separação correta do lixo também ajuda o trabalho de reciclagem posterior. Os alunos do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul (SP), aproveitaram a ideia e construíram brinquedos para crianças carentes. A iniciativa foi finalista do prêmio Trote da Cidadania 2014.

FAZER UM MUTIRÃO

Desde 1999, os estudantes do curso de arquitetura e urbanismo da PUC-Campinas promovem o trote solidário. Em 2014, os alunos realizaram um mutirão na Escola Estadual Prof. Uacury Ribeiro de Assis Bastos. Eles construíram brinquedos, pintaram a área externa da escola, elaboraram um projeto de palco para o pátio e produziram um painel de grafite.
Desde 1999, os estudantes do curso de arquitetura e urbanismo da PUC-Campinas promovem o trote solidário. Em 2014, os alunos realizaram um mutirão na Escola Estadual Prof. Uacury Ribeiro de Assis Bastos. Eles construíram brinquedos, pintaram a área externa da escola, elaboraram um projeto de palco para o pátio e produziram um painel de grafite.

CAMPANHA CONTRA O TABAGISMO

A ideia dos estudantes do curso de medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (Ipatinga-MG) foi uma das vencedoras do prêmio Trote da Cidadania, da Fundação Educar, em 2013. Os acadêmicos visitaram escolas e mostraram aos alunos do ensino médio os riscos do cigarro para a saúde. Depois, realizaram uma caminhada pelas ruas, orientando também a população.
A ideia dos estudantes do curso de medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (Ipatinga-MG) foi uma das vencedoras do prêmio Trote da Cidadania, da Fundação Educar, em 2013. Os acadêmicos visitaram escolas e mostraram aos alunos do ensino médio os riscos do cigarro para a saúde. Depois, realizaram uma caminhada pelas ruas, orientando também a população.

CARONA SOLIDÁRIA

É uma ideia da Faculdade Evangélica do Paraná. Com o trânsito das grandes cidade cada vez pior, grupos de carona são uma alternativa para melhorar um pouco a qualidade de vida da população. Na primeira semana de aula, a faculdade monta um cadastro com os nomes dos estudantes e a região em que moram, facilitando a aproximação entre motoristas e caronas. Além de contruibuir para o trânsito, a prática ajuda a aproximar os colegas.
É uma ideia da Faculdade Evangélica do Paraná. Com o trânsito das grandes cidade cada vez pior, grupos de carona são uma alternativa para melhorar um pouco a qualidade de vida da população. Na primeira semana de aula, a faculdade monta um cadastro com os nomes dos estudantes e a região em que moram, facilitando a aproximação entre motoristas e caronas. Além de contribuir para o trânsito, a prática ajuda a aproximar os colegas.

DOAÇÃO DE CABELO

Cortar o cabelo é uma tradição dos trotes. Mas que tal aproveitar o cabelo cortado? Foi o que fizeram os calouros do Instituto de Matemática da Universidade de São Paulo (USP). Os tufos com fios de 10 centímetros ou mais foram doados a uma entidade que produz perucas para crianças com câncer.
Cortar o cabelo é uma tradição dos trotes. Mas que tal aproveitar o cabelo cortado? Foi o que fizeram os calouros do Instituto de Matemática da Universidade de São Paulo (USP). Os tufos com fios de 10 centímetros ou mais foram doados a uma entidade que produz perucas para crianças com câncer.

DOAR SANGUE

Um clássico do trote solidário e uma forma de comemorar a entrada no ensino superior ajudando quem precisa. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o ideal seria que entre 3% e 5% da população fosse doadora. Já os números do Ministério da Saúde mostram que a realidade brasileira está longe da meta: 1,8%. O trote pode ser uma boa oportunidade de criar o hábito nos colegas e ajudar a melhorar a estatística. Para doar é necessário ter entre 18 e 67 anos, estar saudável e pesar mais de 50 quilos.
Um clássico do trote solidário e uma forma de comemorar a entrada no ensino superior ajudando quem precisa. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o ideal seria que entre 3% e 5% da população fosse doadora. Já os números do Ministério da Saúde mostram que a realidade brasileira está longe da meta: 1,8%. O trote pode ser uma boa oportunidade de criar o hábito nos colegas e ajudar a melhorar a estatística. Para doar é necessário ter entre 18 e 67 anos, estar saudável e pesar mais de 50 quilos.

RECREAÇÃO PARA CRIANÇAS

Além de sangue, roupas e alimentos, você e seus colegas podem doar tempo. Uma ideia é juntar os calouros e visitar alguma creche ou escola carente e passar o dia ensinando jogos e brincadeiras para as crianças. Os universitários também podem dar dicas sobre seu curso, ou ler e contar histórias para os pequenos. No final, é grande a chance dos adultos se divertirem tanto quanto as crianças.
Além de sangue, roupas e alimentos, você e seus colegas podem doar tempo. Uma ideia é juntar os calouros e visitar alguma creche ou escola carente e passar o dia ensinando jogos e brincadeiras para as crianças. Os universitários também podem dar dicas sobre seu curso, ou ler e contar histórias para os pequenos. No final, é grande a chance dos adultos se divertirem tanto quanto as crianças.

LIMPAR UMA PRAIA

Os alunos da Faculdade de Oceanografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) promoveram um trote ecológico. Os estudantes recolheram lixo e conversaram com banhistas sobre a importância da manter a praia limpa. Em cidades sem praia, a iniciativa também vale para praças, calçadões, etc.
Os alunos da Faculdade de Oceanografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) promoveram um trote ecológico. Os estudantes recolheram lixo e conversaram com banhistas sobre a importância da manter a praia limpa. Em cidades sem praia, a iniciativa também vale para praças, calçadões, etc.






domingo, 8 de fevereiro de 2015

Globo flagra Gilmar e zé em grampo com áudio!​

Governador investigado recebe solidariedade de ministro do Supremo e da Justiça !
no Conversa Afiada
Conversa Afiada reproduz informação da revista da Globo, a Época sobre um escândalo: um grampo COM áudio!


PF INTERCEPTA LIGAÇÃO DE GILMAR MENDES PARA INVESTIGADO NO STF



Conversa foi gravada no dia em que o governador Silval Barbosa foi preso em flagrante; Ministro da Justiça também foi flagrado

Em 15 de maio do ano passado, o Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-­Geral da República, autorizou a Polícia Federal a vasculhar a residência do então governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, do PMDB, à cata de provas sobre a participação dele num esquema de corrupção. Cinco dias depois, uma equipe da PF amanheceu no duplex do governador, em Cuiabá. Na batida, os policiais acabaram descobrindo que Silval Barbosa guardava uma pistola 380, três carregadores e 53 munições. Como o registro da arma vencera havia quatro anos, a PF prendeu o governador em flagrante. Horas mais tarde, Silval Barbosa pagou fiança de R$ 100 mil e saiu da prisão. Naquele momento, o caso já estava no noticiário. Às 17h15, o governador recebeu um telefonema de Brasília. Vinha do mesmo Supremo que autorizara a operação.

“Governador Silval Barbosa? O ministro Gilmar Mendes gostaria de falar com o senhor, posso transferi-lo?”, diz um rapaz, ligando diretamente do gabinete do ministro. “Positivo”, diz o governador. Ouve-se a tradicional e irritante musiquinha de elevador. “Ilustre ministro”, diz Silval Barbosa. Gilmar Mendes, que nasceu em Mato Grosso, parece surpreso com a situação de Silval Barbosa: “Governador, que confusão é essa?”. Começavam ali dois minutos de um telefonema classificado pela PF como “relevante” às investigações. O diálogo foi interceptado com autorização do próprio Supremo – era o telefone do governador que estava sob vigilância da polícia. Na conversa, Silval Barbosa explica as circunstâncias da prisão. “Que loucura!”, diz Gilmar Mendes, duas vezes, ao governador (leia ao lado um trecho da transcrição da conversa). Silval Barbosa narra vagamente as acusações de corrupção que pesam contra ele. Gilmar Mendes diz a Silval Barbosa que conversará com o ministro Dias Toffoli, relator do caso. Fora Toffoli quem, dias antes, autorizara a batida na casa do governador.  Segue-se o seguinte diálogo:

Silval Barbosa: E é com isso que fizeram a busca e apreensão aqui em casa.
Gilmar Mendes: Meu Deus do céu!
Silval Barbosa: É!
Gilmar Mendes: Que absurdo! Eu vou lá. Depois, se for o caso, a gente conversa.
Silval Barbosa: Tá bom, então, ministro. Obrigado pela atenção!
Gilmar Mendes: Um abraço aí de solidariedade!
Silval Barbosa: Tá, obrigado, ministro! Tchau! 

Clique aqui para ouvir o primeiro áudio:
Meia hora após o telefonema de Gilmar Mendes, foi a vez de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ligar para Silval Barbosa. Isso mesmo: o chefe da PF foi interceptado… num grampo da PF. A secretária avisa: “Governador, é o ministro da Justiça”. Curiosamente, a conversa começa quase idêntica à anterior. “Que confusão, hein, governador?”, diz Cardozo. Silval Barbosa repete o que dissera a Gilmar Mendes sobre as acusações de corrupção. “Barbaridade!”, diz Cardozo. Silval Barbosa diz ao ministro que tinha uma arma com registro vencido. Cardozo responde: “Muita gente não sabe disso, viu, Silval?”, diz o ministro sobre as regras de renovação de porte. Cardozo ainda diz “que loucura” quando o governador critica o fato de a investigação ser tocada no Supremo, foro do ex-governador e atual senador Blairo Maggi, um dos investigados, e não no Superior Tribunal de Justiça, foro de Silval Barbosa. A conversa prossegue – em determinado momento, Silval Barbosa é chamado de “mestre” por Cardozo.  “O pessoal da PF se comportou direitinho com você? (…) Eu queria saber muito se a PF tinha feito alguma arbitrariedade”, diz Cardozo. “Fizeram o trabalho deles na maior educação, tranquilo”, afirma o investigado. “Qualquer coisa me liga, tá, Silval?”, diz o ministro da Justiça.

ÉPOCA teve acesso com exclusividade à íntegra do inquérito relatado por Dias Toffoli. É lá que se encontram os áudios transcritos nestas páginas (ouça em epoca.com.br) – e as provas do caso. O inquérito foi batizado com o nome de Operação Ararath – uma referência bíblica ao monte da história de Noé, na qual só os policiais parecem encontrar sentido. Iniciada em 2013, a investigação da PF e do Ministério Público Federal desmontara um esquema de lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e corrupção política no topo do governo de Mato Grosso. O caso subiu ao Supremo quando um dos principais operadores da quadrilha topou uma delação premiada. Entregou o governador e seus aliados, assim como comprovantes bancários. No dia em que Silval Barbosa foi preso, a PF também fez batidas em outros locais. Apreendeu documentos que viriam a reforçar as evidências já obtidas.
Clique aqui para ouvir o segundo áudio:
A investigação exigiu do Ministério Público Federal uma força-tarefa de procuradores, além de uma investigação em sigilo absoluto, com direito à entrega de documentos em mãos ao procurador-­geral da República, Rodrigo Janot. Segundo as provas reunidas pelos investigadores, o esquema era simples. O grupo político que governava Mato Grosso desde 2008, representado pelo então governador Blairo Maggi, hoje senador, e Silval Barbosa, que era seu vice, usava a máquina do governo para financiar campanhas eleitorais. Empreiteiras com contratos no governo do Estado faziam ­pagamentos a in­ter­mediários, que por sua vez repassavam dinheiro às campanhas. Esses intermediários eram donos de empresas que funcionavam como pequenos bancos ilegais. Mantinham à disposição do grupo político uma espécie de conta-­corrente. Silval Barbosa foi acusado de articular pessoalmente o pagamento de R$ 8 milhões às campanhas dele e de seus aliados, nas eleições de 2008 e 2010. Há documentos bancários que confirmam o depoimento do delator.
Antes mesmo da batida no apartamento do governador, os delegados foram peremptórios sobre a participação dele no esquema. “Além do crime contra o sistema financeiro nacional, revela-se por parte de Silval Barbosa a prática do crime de corrupção passiva, consubstanciada na solicitação – e posterior recebimento – de empréstimo de R$ 4 milhões (na campanha de 2008), quantia que não seria obtida mediante operação regular (vantagem indevida), para fins eleitorais e partidários (satisfação das necessidades do PMDB), circunstância ligada diretamente a sua atividade política e cargo ocupado (vice-governador); a conduta foi praticada, portanto, em razão da função”, escreveram os delegados ao STF.

O irmão mais novo de Gilmar Mendes, Francisco Mendes, pertence ao mesmo grupo político de Silval Barbosa e Blairo Maggi. Francisco Mendes foi prefeito de Diamantino, cidade natal da família. Apesar da proximidade com Silval Barbosa, Francisco Mendes, ressalte-
se, não está sob investigação da PF. O ministro Gilmar Mendes também mantém boas relações com Silval Barbosa. Em 21 de junho de 2013, quando Silval Barbosa era governador e o caso começava a ser investigado pela for­ça-tarefa, Gilmar Mendes foi ao gabinete dele em Cuiabá para receber a medalha de honra ao mérito do Estado de Mato Grosso. Assim falou Gilmar Mendes: “É uma visita de cortesia ao governador. Somos amigos de muitos anos, temos tido sempre conversas muito proveitosas. Fico muito honrado. Faço tudo para que o nome de Mato Grosso seja elevado”.

Em sete de outubro, quatro meses após o telefonema de solidariedade a Silval Barbosa, o ministro Gilmar Mendes foi convocado a desempatar um julgamento do inquérito. A Procuradoria-Geral da República pedira ao Supremo que o principal operador do esquema, segundo a PF, fosse preso novamente. Argumentava-se que ele tentara fugir – e tentaria de novo. Trata-se de Éder Moraes. Ele fora secretário da Casa Civil, da Fazenda e chefe da organização da Copa do Mundo em Mato Grosso nos governos de Blairo Maggi e Silval Barbosa.


O pedido foi julgado na primeira turma do Supremo, composta de cinco ministros. Meses antes, Toffoli, o relator do caso, votara por mantê-lo em liberdade. Os ministros Celso de Mello e Luís Roberto Barroso avaliaram que não poderiam atuar no caso. Sem declinar as razões, Celso de Mello e Barroso se declararam suspeitos. O ministro Luiz Fux votou com Toffoli, mas os ministros Marco Aurélio Mello e Rosa Weber votaram a favor do pedido do Ministério Público – pela prisão preventiva. O julgamento estava empatado. Faltava um voto. O ministro Gilmar Mendes avaliou que não tinha razões para se declarar impedido ou suspeito de participar do julgamento. Votou contra a prisão do acusado. Foi o voto que assegurou a liberdade de Éder Moraes – que, segundo as investigações, era o parceiro de Silval Barbosa no esquema.

Procurados, os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli disseram que não conversaram sobre o processo. ÉPOCA enviou ao ministro Gilmar Mendes cópia do diálogo interceptado pela PF. Em nota, o ministro negou qualquer conflito de interesses ao participar do julgamento do operador. Também não viu problemas no teor do telefonema de solidariedade ao investigado. “Ao ser informado pela imprensa sobre a busca e apreensão na residência do então governador do Estado do Mato Grosso, com quem mantinha relações institucionais, o Min. Gilmar Mendes telefonou ao Governador Silval Barbosa para verificar se as matérias jornalísticas eram verídicas”, diz a nota. A assessoria do ministro disse ainda que ele usou as expressões “que absurdo” e “que loucura” como interjeições, sem juízo de valor. Gilmar Mendes preferiu não fazer nenhum comentário adicional sobre o assunto.

A amigos, Gilmar Mendes disse que seu voto no caso obedeceu aos mesmos princípios que ele sempre seguiu em julgamentos de pedido de prisão. Segundo a assessoria de Gilmar Mendes, o ministro não julgou Silval Barbosa e, mesmo nesse caso, não haveria motivo para impedimento ou suspeição porque, segundo Gilmar Mendes, eles não são amigos íntimos. “O ministro Gilmar Mendes foi convocado a participar do julgamento de agravo regimental pela Primeira Turma e, no caso, não se verificam quaisquer das hipóteses de suspeição e impedimento, estritamente reguladas nos artigos 277 a 287 do RISTF, 95 a 107 do CPP e 134 e 135 do CPC”, diz uma nota do ministro.

As leis e as normas citadas pelo ministro estipulam os casos em que um magistrado pode se declarar impedido ou suspeito para julgar um caso. Há uma diferença entre impedimento e suspeição. Um juiz declara-se impedido de julgar determinado processo por critérios objetivos. Quando há razões subjetivas que possam comprometer a parcialidade do juiz, ele deve se declarar suspeito. Um juiz deve se declarar impedido quando, por exemplo, ele for parente de uma das partes do processo. Os critérios subjetivos que determinam a suspeição do juiz são vagos: incluem ser “amigo íntimo ou inimigo capital”. Na prática, com exceção de casos muito claros, como os que envolvem parentesco com os acusados, o juiz tem liberdade para decidir, caso a caso, quando deve se declarar impedido ou suspeito.

Ouvido por ÉPOCA, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que é seu dever apurar abusos da Polícia Federal e, por isso, ligou para o governador. “Sempre que recebo algum tipo de informação de que pode ter ocorrido algum tipo de abuso, é meu dever apurar. Era uma mera busca e apreensão, e não havia prisão. Posteriormente, pela imprensa, chegou a informação de que o governador tinha sido preso. Deputados também tinham dito que houve arbítrio. E para checar exatamente o que tinha acontecido, eu liguei para o governador para saber o que tinha acontecido.” Segundo Cardozo, ele mantinha contato frequente com Silval Barbosa por ser governador e, por isso, ligou diretamente. O ministro afirmou ainda que, ao falar em “loucura” e “barbaridade”, usou expressões de concordância, sem juízo de valor.
O advogado de Silval Barbosa, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que não há provas contra o ex-governador. “O caso está sendo investigado e a única base das acusações é uma delação que já foi, inclusive, desmentida pelo delator mediante retratação formal. A defesa não considera que exista qualquer prova de irregularidade contra o governador Silval Barbosa”, disse.

O senador Blairo Maggi negou qualquer participação no esquema. O advogado de Éder Moraes, Rodrigo Alencastro, negou a participação de seu cliente como operador do grupo de Silval Barbosa. “Ele jamais teve esse papel de operador e nem sequer conhece a existência do esquema. Essas afirmações do delator são todas peremptoriamente negadas por Éder Moraes”, disse.

No Supremo, após a decisão que manteve solto o homem acusado de ser o principal operador do esquema, o inquérito contra Silval Barbosa e Blairo Maggi tramita lentamente. 
À esquerda, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, entrega em 2013 uma medalha de honra ao mérito ao ministro e conterrâneo Gilmar Mendes (Fotos: Ednilson Aguiar/Secom-MT)

Lula denuncia o Golpe de FHC e Moro

Lula, manda o PT ir ao CNJ contra o Moro !
no Conversa Afiada
O Presidente Lula fez inspirado discurso – poderia ter citado e Dirceu e o Genoino entre os fundadores do Partido, mas ninguém é perfeito … – no aniversário do PT.

E, do seu jeito – parece a folha seca do Didi … – enfiou a faca nos peitos do Fernando Henrique, o Principe da Privataria, da compra da reeleição e do impeachment “mas não agora”.

E no presidente da República Morinha, que o PT deveria interpelar no Conselho Nacional de Justiça -, se tivesse …

Afinal, o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores foi “conduzido coercitivamente” paraGuantánamo, numa daquelas noites e dias trevosos.

Disse o Lula (mais claro é impossível !)

Nossos adversários não podem dizer qual é o seu projeto; porque é antinacional, contrário ao desenvolvimento, é um projeto que exclui milhões de pessoas do processo econômico e social.

Eles só podem atacar o PT e o nosso governo com as armas da irracionalidade e do ódio.    

Não têm, nunca tiveram, autoridade para falar em nome da ética, mas é nesse campo que tentam desesperadamente nos atingir. Eles, que jamais investigaram a fundo uma denúncia de corrupção.  Eles, que varriam escândalos para debaixo do tapete. Eles, que alienaram o patrimônio da Nação “no limite da irresponsabilidade”.

Foi o governo do PT que acabou com a impunidade que eles cultivaram por tanto tempo.  Nenhum outro governo fez mais para combater a corrupção nesse País, conforme a presidenta Dilma deixou claro na campanha eleitoral.

Mas vejam o que está ocorrendo em torno da Petrobrás. Desde o início da campanha eleitoral, nossos adversários manipulam uma investigação institucional, com o objetivo de criminalizar o PT.

Esta investigação, como todas as outras iniciadas em nosso governo, deve ser levada até o fim, esclarecendo os fatos, apontando os responsáveis e levando seja quem fora a julgamento. É isso que a sociedade espera e é isso que vem ocorrendo nos governos do PT – ao contrário do que ocorria no tempo deles.

Mas estamos assistindo a repetição de um filme com final conhecido. Pessoas são acusadas, por meio da imprensa, com base em vazamentos seletivos de uma investigação à qual somente alguns têm acesso. Não há contraditório, não há direito de defesa. E quando o caso chegar às  instâncias finais da Justiça, o pré-julgamento já foi feito pela imprensa, os condenados já foram escolhidos e bastará apenas executar a sentença.

Nossos adversários não se incomodam que essa campanha já tenha causado enormes prejuízos à Petrobrás e ao País. O que eles querem é paralisar o governo e desgastar o PT, a qualquer custo.    

Mais uma vez eles falharam na tentativa de voltar ao poder pelo voto. Ao que tudo indica, não querem mais esperar outra derrota: partem claramente para a desestabilização, investem na crise, apostam no caos. Na falta de votos, buscam atalhos para o poder, manipulando a opinião pública e constrangendo as instituições.

Eles vão prestar contas à História sobre a maneira antidemocrática como vêm agindo.

Estudantes realizam vivência em área do MST em Alagoas

Com os acampados, os estudantes construíram uma farmácia viva coletiva em pré-assentamento.
Por Gustavo Marinho Da Página do MST
ALAGOAS SAUDE.jpg
Durante a realização da Vivência e Estágio na Realidade do Sistema Único de Saúde, o VerSUS, em Alagoas, 40 estudantes da área da saúde de diversas faculdades de Alagoas e  de Sergipe puderam vivenciar um pouco da vida de trabalhadores e trabalhadoras rurais no pré-assentamento José Elenilson, organizado pelo MST no município de Junqueiro-AL (distante 113 Km de Maceió).


Nos dias de vivência, os estudantes além de conhecerem o dia-a-dia dos trabalhadores no campo, também participaram de rodas de conversa sobre a relação da Reforma Agrária Popular com a saúde, da história do MST ao longo dos seus 30 anos e do processo de luta para assentar as quase 80 famílias que vivem no pré-assentamento.

Para Rafaela Débora, estudante de Serviço Social a vivência com os agricultores foi um processo de descoberta. “Para mim foi tudo muito novo. Estou muito satisfeita em ter participado e poder ter outra visão do MST e poder ver o ser humano portador de seus direitos”, finalizou a estudante que destacou a valorização da terra, da cultura e do trabalho dos camponeses como o elemento que mais marcou os seus dias no pré-assentamento.

Com o objetivo de poder contribuir na formação dos futuros profissionais da área da saúde, durante os dias do VerSUS, os estudantes puderam vivenciar a realidade do Sistema Único de Saúde, estimulando militantes e trabalhadores do SUS. Arthur Granjeiro, estudante de nutrição e da coordenação do VerSUS, ressaltou que o projeto também tem a intencionalidade de aproximar os estudantes dos movimentos sociais. 

“Vindo para a área rural, conseguimos vivenciar o cotidiano das pessoas, perceber as variáveis que interferem na saúde delas, o acesso aos serviços de saúde, acesso à água, saneamento básico e de todos os determinantes da saúde. Isso é algo que a gente não encontra na sala de aula. Além de conseguir fazer a aproximação dos estudantes com os movimentos sociais e fazer a sensibilização com a luta pela terra e sua relação com a saúde”, destacou Arthur.

Juntamente com os acampados, os estudantes construíram uma farmácia viva coletiva onde diversas plantas medicinais foram plantadas para que os trabalhadores possam utilizar. Para Edna Silva, do Setor de Saúde e Gênero do MST, o cultivo das ervas medicinais e construção das farmácias vivas nas áreas de assentamento e acampamento são muito importantes na construção da Reforma Agrária Popular. 


“A partir dessas práticas fazemos o contraponto à logica da saúde do capital. Fazendo o resgate e valorizando os saberes populares e tendo uma visão ampla da saúde que não é só a ausência de doença, mas o próprio modo de vida do povo. A nossa luta é para que as nossas áreas sejam exemplos de saúde. Desde a produção sadia da nossa roça ao nosso dia-a-dia no campo”. 

Com maioria na câmara, ruralistas criam aversão à Reforma Agrária

"A discussão sobre a função social da propriedade, por outro lado, só retrocedeu nos últimos 30 anos", escreve Gustavo Noronha.
no Sítio do MST
reforma-agraria-no-brasil.jpg
Por Gustavo Noronha
Do Brasil Debate

O recente debate público entre os novos ministros da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário trouxe de volta ao cenário nacional a discussão sobre a questão agrária. Se por um lado a ministra Kátia Abreu procurou desconstruir o imaginário do latifúndio afirmando sua inexistência, por outro, o ministro Patrus Ananias recolocou na ordem do dia a discussão da função social da propriedade da terra.

A realidade dos latifúndios foi demonstrada rapidamente em duas reportagens da imprensa brasileira. A revista Carta Capital trouxe a matéria, de Marcelo Pellegrini, O Brasil tem latifúndios: 70 mil deles no último dia 06 de janeiro. E no dia 09 seguinte, o jornal O Globo apresentou em sua página 3 a reportagem de Tatiana Farah Concentração de terra cresce no país.

Se olharmos o índice de Gini para a concentração da terra no Brasil, não há grandes alterações nos últimos 50 anos. Não custa recordar que o medo de uma reforma agrária radical fez parte do caldo de cultura que levou ao golpe que derrubou o presidente João Goulart também há 50 anos.

A discussão sobre a função social da propriedade, por outro lado, só retrocedeu nos últimos 30 anos. Se antes da Constituição de 1988 era possível a desapropriação do latifúndio por extensão, após sua promulgação, com o artigo 185, a propriedade produtiva passou a ser insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária.

Temos como contraponto o artigo 186, no qual é mencionado especificamente que a função social da propriedade é cumprida por meio de: aproveitamento racional e adequado; utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; observância das disposições que regulam as relações de trabalho; e da exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Entretanto, a contradição com o artigo 185 faz com que praticamente apenas as propriedades improdutivas sejam destinadas à reforma agrária. Fica desta forma travado o debate sobre desapropriações de terras que não cumpram sua função social sob os aspectos ambientais, trabalhistas e de bem-estar.

Mesmo com a recente aprovação da emenda constitucional que determina a expropriação de terras flagradas com trabalho escravo, o Congresso Nacional hegemonizado pela bancada ruralista ainda não permite que o tema avance, pois precisa ainda definir em lei específica o que seria trabalho escravo. Ou seja, a degradação ambiental, os recorrentes débitos trabalhistas ou condições de trabalho em completo desacordo com o bem-estar do trabalhador não ensejam a desapropriação-sanção.

E mesmo a questão da produtividade parece engessada no tempo. Os representantes do agronegócio arrotam sua eficiência, colocam-se na condição de propulsores do desenvolvimento brasileiro. Entretanto, com todo o progresso técnico ocorrido nos últimos 40 anos, os ruralistas não aceitam a revisão dos índices de produtividade baseados no censo agropecuário de 1975.

Outro ponto que sequer entra no debate das desapropriações, apesar de relacionado tanto com a questão ambiental quanto com o bem-estar dos trabalhadores, é o debate do uso de agrotóxicos. O Brasil hoje é o maior consumidor de produtos agrotóxicos do mundo, provocando danos à saúde (dos trabalhadores e dos consumidores) e ao meio ambiente.

Há ainda as enormes dívidas do agronegócio com o governo federal (para não citar os eventuais débitos com governos estaduais) e com os bancos públicos que, em vez de serem cobradas, inclusive com a adjudicação dos imóveis rurais, são eternamente renegociadas.

O que está por trás desta questão é a defesa ferrenha que determinados setores fazem do direito de propriedade. Ora, o direito de propriedade não é absoluto e, como nos lembrou o ministro Patrus Ananias em seu discurso de posse, deve ser adequado aos demais direitos fundamentais.

Em realidade, o tema da reforma agrária causa grande aversão porque com ele se inicia a reforma política. Num país em que cerca de 15% da população é rural, a agricultura familiar ocupa 24,3% da área agricultável, produz 70% dos alimentos consumidos e emprega 74,4% dos trabalhadores rurais, é a bancada ruralista que em 2015 deverá ter 257 deputados federais alcançando a maioria na Câmara dos Deputados.

Somente uma reforma agrária radical pode promover a ruptura com o poderio das velhas oligarquias.

No Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels colocaram:

Ficais horrorizados por querermos abolir a propriedade privada. Mas na vossa sociedade atual a propriedade privada está abolida para nove décimos dos seus membros. É precisamente porque não existe para esses nove décimos que ele existe para vós. Reprovai-nos, pois, o querer abolir uma forma de propriedade que só pode existir na condição da imensa maioria da sociedade ser privada de qualquer propriedade.

Numa palavra, acusais-nos de querer abolir a vossa propriedade. Na verdade, é isso que queremos.

Não estamos sendo tão radicais: quando defendemos a reforma agrária, buscamos apenas a universalização do direito de propriedade no campo.

Segundo Eduardo Cunha, Câmara dos Deputados vai desarquivar PEC 215

Os ruralistas querem aprovar projetos que suspendam e restrinjam vários direitos indígenas.
no sítio do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST

Do Instituto Socioambiental

A bancada ruralista apresentou um requerimento para o desarquivamento da PEC 215 no último dia 04 de fevereiro e, segundo Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, o Regimento da Câmara obriga-o a acatá-lo automaticamente. “Não tenho poder ou competência legal para acabar com a PEC 215 ou nenhuma outra PEC. Tenho de cumprir o Regimento”, afirmou o peemedebista. A proposta transfere para o Poder Legislativo o poder de demarcar as terras indígenas e quilombolas. 

De acordo com o presidente da Câmara, após o projeto ser desarquivado, será necessário recriar a Comissão Especial que vai analisá-lo. Cunha mencionou dúvidas sobre os prazos necessários para o início das atividades do colegiado e o novo trâmite. O deputado informou que será preciso discutir qual interpretação do Regimento deve prevalecer sobre essa questão específica.

Por sugestão de parlamentares que participaram do encontro, Cunha comprometeu-se a facilitar uma reunião entre deputados ruralistas e socioambientalistas nas próximas semanas para discutir uma alternativa à PEC.

Na avaliação de Sarney Filho (PV-MA) e Nilto Tatto (PT-SP), que participaram da conversa com o presidente da Câmara, essa alternativa poderia ser um projeto para regulamentar a indenização pela terra a produtores rurais que ocupem áreas indígenas e tenham títulos fundiários válidos. Ainda não há consenso sobre como isso poderia ser feito. A Constituição garante hoje apenas o pagamento das benfeitorias aos fazendeiros retirados de TIs.

“Os povos indígenas estão entendendo a PEC 215 como uma quebra do contrato estabelecido com eles para garantir seus direitos na Constituição de 1988. Se a PEC seguir tramitando, teremos toda a semana uma manifestação aqui na Câmara contra o projeto”, advertiu Tatto. O petista acredita que a análise e aprovação do projeto vão acirrar os conflitos entre povos indígenas e produtores rurais. “Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que a Comissão Especial não seja aberta e não funcione”, disse Sarney.

Os deputados também pediram à Cunha que ele usasse de sua influência política para aprofundar a discussão sobre a PEC, permitindo que a sociedade fosse ouvida sobre o assunto. O presidente da Câmara, todavia, apenas repetiu vagamente que é favorável ao diálogo e ao consenso entre ruralistas e povos indígenas e tradicionais.

Acordo
Cunha negou que tenha feito um acordo com os ruralistas para fazer avançar a tramitação do projeto em troca de apoio à sua eleição para a Presidência da Câmara, ocorrida no fim de semana. A demanda apenas teria sido apresentada a ele.

O coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária, Luiz Carlos Heinze (PP-RS), confirmou, no entanto, que houve, sim, o entendimento com o peemedebista. “Vamos cobrar do presidente esse compromisso”, destacou. Ele informou que os ruralistas pretendem reapresentar o relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) sobre a PEC e vão defender a manutenção do parlamentar no cargo de relator. A decisão sobre este último ponto depende do presidente da Câmara.

Heinze adiantou os outros pontos principais da agenda ruralista neste início de ano, além da PEC 215: a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Fundação Nacional do Índio (Funai); a aplicação da Portaria 303/2012 da Advocacia-Geral de União (AGU), atualmente suspensa e que restringe vários dos direitos indígenas; e a aprovação do Projeto de Lei (PL) 7.735/2014, que regula o acesso aos recursos genéticos associados à biodiversidade (a votação do PL foi marcada para a próxima segunda, 9/2, por Cunha).

“Queremos acabar com a PEC. Não queremos briga com os brancos, mas eles é que estão caçando briga conosco. Sabemos que estão sendo feitos acordos no Congresso sobre a PEC”, comentou Dotô Kayapó. Ele avaliou que a aprovação do projeto será vista pelos povos indígenas como um ato de guerra e ressaltou que eles irão se mobilizar contra a proposta