segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Fórum 21 define grupo executivo e divulga carta de princípios

Proposta é 'ampliar o nível de politização de uma sociedade que reivindica mais participação, ao mesmo tempo em que carece de canais públicos de diálogo e reflexão'.
por Redação RBA
Forum 21
Reunião de 15 de dezembro instalou fórum oficialmente, com a presença do economista Luiz Gonzaga Belluzzo

por José Gilbert Arruda Martins

Esse, a meu ver, é o caminho. O debate das ideias, a formulação e planejamento de debates abertos com a sociedade é saudável e, com certeza, ajudará a fortalecer nossa democracia.

A direita demonstrou o que pode fazer. Ela não está morta, é forte por que tem os ricos, a "grande" mídia a seu lado e grande parte da sociedade conservadora.

Espaços como o "Fórum 21", onde o debate democrático poderá ser feito. Pode também, além do debate, expandir os encontros para outras cidades no país e criar condições para difundirmos textos e documentários em vídeo sobre questões que dizem respeito ao país, como por exemplo, o filme - Privatizações: A distopia do Capital.

Os movimentos conservadores são atuantes, são ativos e militantes. A esquerda dormiu e, parece que está acordando.

Retroceder agora, permitir que os grupos conservadores tomem de conta dos espaços políticos e "façam a cabeça" da sociedade, sem a ação dos grupos, partidos e pessoas da esquerda e progressistas em geral, é jogar no lixo nossa própria história e os avanços sociais que tivemos na última década.


Fórum 21 define grupo executivo e divulga carta de princípios

Proposta é 'ampliar o nível de politização de uma sociedade que reivindica mais participação, ao mesmo tempo em que carece de canais públicos de diálogo e reflexão'
São Paulo – Em reunião realizada hoje (13) em São Paulo, o Fórum 21 aprovou o grupo executivo encarregado de organizar textos, temas, seminários e livros para a produção e divulgação dos conteúdos que serão debatidos em seu âmbito.
Segundo a carta de princípios aprovada a partir de discussões por e-mail entre o final de dezembro do ano passado e o início deste mês, o Fórum 21 se propõe a ser um “espaço de convergência e debates em rede, horizontal, empenhado na conformação de sínteses programáticas que contribuam para a renovação do pensamento de esquerda no Brasil”. Ele foi instalado em 15 de dezembro. Segundo Igor Felippe, jornalista do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o fórum é um “grupo em construção”.
O grupo executivo é formado pelo próprio Felippe e por Altamiro Borges, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Rodrigo Vianna, do blog Escrevinhador, Anivaldo Padilha, cientista social e membro da Igreja Metodista (pai do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha), o economista Eduardo Fagnani, da Plataforma Política Social, Pedro Paulo Zahluth Bastos, professor de Economia da Unicamp, Paulo Salvador, diretor da RBA, e Joaquim Palhares, diretor da Carta Maior.
O grupo volta a se reunir na semana que vem.
Leia, abaixo, a versão definitiva da Carta de Princípios do Fórum 21:

"O resultado das urnas em 2014 não arrefeceu a disputa política no país. Ao contrário, intensificou a mobilização de setores conservadores empenhados em colocar as forças progressistas, democráticas e populares na defensiva.
A disposição da direita em promover o acirramento da luta ideológica e política convoca as forças da esquerda à mobilização para o debate e a ação. É preciso disputar hegemonia ideológica na sociedade. Para tanto, será imprescindível ampliar o nível de politização de uma sociedade que reivindica mais participação, ao mesmo tempo em que carece de canais públicos de diálogo e reflexão.

Cabe às forças progressistas começar pelo que é mais evidente: romper os limites do diálogo no seu próprio campo. A articulação para a troca de ideias daqueles que defendem a justiça social e a soberania popular é essencial à arregimentação de forças mais amplas para os embates que virão.

Cientes desse desafio, cidadãs e cidadãos brasileiros (abaixo assinados), reunidos em São Paulo no último dia 15 de dezembro, decidiram criar o Fórum 21: um espaço de convergência e de debates em rede, horizontal, empenhado na conformação de sínteses programáticas que contribuam para a renovação do pensamento de esquerda no Brasil.

O Fórum será composto por ativistas, partidos políticos progressistas e seus militantes, organizações populares, entidades da sociedade e por todos aqueles cidadãos e cidadãs que se disponham a ajudar na construção de uma plataforma comum que sirva aos avanços das conquistas sociais, ao alargamento da participação cidadã e à consolidação da democracia no Brasil."

PSDB, da social-democracia à reencarnação da velha UDN

Por Da redação portal Fórum O Escrevinhador

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Disponível em: https://www.google.com.br/search?newwindow=1&site=&source=hp&q=imagem+de+Carlos+Lacerda+e+de+FHC

Por Ricardo L. C. Amorim e Keila C. G. Rosa, de Brasil Debate
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) nasceu quando o PMDB deixava de representar a aliança contra a ditadura e transformava-se, aos poucos, em uma força política indefinida. Naquele fim dos anos 1980, quando surgiu, o PSDB personificou a esperança de organizar uma alternativa social democrata em meio ao conjunto das forças políticas que emergiam no País.
Suas alianças e estratégia permitiram que, já em 1994, o partido chegasse à Presidência da República com a promessa de dar continuidade ao Plano Real, fundamental esforço de combate a inflação.
O controle de inflações elevadas, todavia, implica custos e redistribuição de renda. O governo do PSDB escolheu, então, os perdedores, os que pagariam a conta: os trabalhadores (1).
Foram os anos de liberalização da economia com abertura comercial (sem contrapartidas), privatização de empresas (em processos questionados), redução do papel do Estado (desarticulando e minando órgãos) e ênfase sobre a regulação (enfraquecendo políticas estratégicas de Estado).
O capital, por sua vez, pouco sofreu, pois o Governo Federal propôs uma rota de fuga para a multiplicação do dinheiro. Foi o período das incrivelmente elevadas taxas de juros, em que a compra de um papel da dívida pública garantia alto rendimento com baixíssimo risco.
A liquidez necessária aos ativos para serem aplicados no mercado financeiro foi conseguida, muitas vezes, com a venda de empresas nacionais ao capital estrangeiro.
Além desse receituário inspirado no Consenso de Washington, outras medidas aumentaram a distância do PSDB em relação à população menos abastada: o partido raro conversou com as organizações populares, os pobres foram pouco aquinhoados no orçamento da União, o governo aliou-se à direita mais conservadora (o Democratas, ex-PFL que, antes, foi PDS e Arena) e, por fim, emendou a Constituição no capítulo econômico, extinguindo qualquer viés nacionalista.
Como prêmio pela ajuda aos capitais nacionais e estrangeiros, o governo do PSDB recebeu apoio da imprensa nacional que, mesmo quando denunciava problemas, não aprofundava a investigação e tendia a esquecer rápido cada acusação (2).
Em 2002, todavia, outra força política ganhou as eleições ao encarnar a esperança na retomada do crescimento econômico e na melhor distribuição de renda no País. Nos anos seguintes, programas redistributivos foram melhorados e ampliados, o salário mínimo cresceu significativamente, cessaram as privatizações e os investimentos públicos foram retomados.
O setor externo facilitou a tarefa, pois a valorização das commodities exportadas gerou divisas suficientes para controlar, através de importações, qualquer pressão inflacionária.
O cenário favorável ao novo governo acuou a oposição peessedebista que, sem projeto político alternativo, passou a gritar o samba de uma nota só: corrupção, corrupção, corrupção. Era o início do período lacerdista do PSDB, a inesperada aflição de refundar o comportamento da velha UDN que acusava Getúlio Vargas de administrar um “mar de lama”. O contraditório era que o PSDB acusador também era acusado de ter seu próprio “mar de lama” (3).
Em 2010, o PSDB abraçou explicitamente o moralismo da velha UDN. Naquele ano, José Serra (PSDB) enfrentou Dilma Rousseff (PT) pela Presidência da República. Ali, a guinada conservadora do partido impressionou pelo uso de símbolos religiosos e partidarização de temas caros aos fiéis evangélicos e católicos. A escolha feita pelo PSDB, naquele momento, afastou-o de mais elementos primários da social democracia. Agora, o partido descuidava da defesa do Estado laico.
Do mesmo modo, a recente eleição de outubro de 2014 reforçou a opção do PSDB de afastar-se da social democracia e trouxe, também, uma preocupação: o partido encarnou, para parte dos eleitores, uma alternativa conservadora e de direita no cenário político brasileiro.
O motivo estava nas escolhas. Por exemplo, o PSDB continuou buscando apoio de figuras conservadoras do pensamento religioso, não se aproximou dos movimentos sociais, o programa de governo destacou a regulação e as funções liberais do Estado, o candidato cercou-se de economistas neoliberais, arrecadou o apoio do setor financeiro entre outras escolhas.
A imagem do candidato do PSDB, então, atraiu os insatisfeitos com o atual governo, mas principalmente os radicais de direita, muitos deles sem qualquer noção sobre o funcionamento da política, da economia ou da história do País, mostrando o lado para o qual pendia a candidatura.
Nesse ambiente, o PSDB, ao solicitar uma auditoria sobre a eleição presidencial, lançou uma nuvem de suspeita sobre o processo eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral. O pedido atendeu aos reclamos dos descontentes com o resultado da eleição e jogou gasolina sobre a brasa dos grupos de extrema direita. Aparentemente, a intenção limitou-se a agradar esses grupos para mantê-los ativos em ataques ao Governo Federal, como linha de frente da batalha política que se anuncia.
Em resumo, o PSDB precisou assumir o apoio da direita e caminhar mais alguns passos na mesma direção, encarnando, no imaginário dos brasileiros, a ordem e o status quo, em oposição a projetos populares.
O resultado, portanto, foi que o PSDB saiu fortalecido das urnas em 2014, mas fortalecido à direita e não em nome da social democracia. O crescimento do partido é um fato para seus líderes comemorarem, mas pode revelar-se lamentável quando se recorda o discurso de sua fundação: um partido social democrata que deveria buscar a construção da justiça social em uma nação marcada pela desigualdade e pobreza, aplicando-se, portanto, na luta pela distribuição de oportunidades, poder e cultura (4).
Diante disso, o melhor para o Partido da Social Democracia Brasileira seria surgir um verdadeiro partido de direita no Brasil, a fim de não ser mais confundido como tal. Poderia o PSDB, então, resgatar seu programa social democrata e, na oposição, chamar para si a relevante tarefa de ajudar o Brasil a ser mais democrático, justo, empreendedor e laico.
Notas
(1) Os trabalhadores sofreram, no período, as maiores taxas de desemprego já registradas no país. Na Região Metropolitana de São Paulo, a taxa de desemprego cresceu de 12,6%, em dezembro de 1994, para 20,4%, em abril de 2002.
(2) Esse comportamento da mídia nacional fica muito claro a partir dos números coletados pelo Prof. João Feres Junior (IESP/UERJ), reunidos no site Manchetômetro.
(3) As acusações de compra de votos de parlamentares na emenda constitucional que permitiu a reeleição para cargos no poder executivo, as desconfianças de favorecimento nos processos de privatização de grandes empresas públicas e a condenação do banqueiro Salvatore Cacciola com problemas junto ao Banco Central são alguns dos casos mais famosos do período.
(4) O Programa Partidário aprovado no III Congresso Nacional do PSDB parece relativizar o documento de fundação de 1988. Ver AQUI.

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domingo, 25 de janeiro de 2015

E se fôssemos 100?

Se em Angola vivessem só 100 pessoas, 52 teriam telemóvel e 17 internet.
Por Hugo Jorge. no Rede Angola
JAImagens
Somos mais mulheres que homens JAImagens ]

Já imaginou se em Angola vivesse apenas uma centena de pessoas? O Rede Angola juntou um conjunto de indicadores demográficos, sociais e económicos e aplicou-os a um universo de 100 indivíduos. O resultado? Uma imagem do país que todos conhecemos mas em números que o tornam bem mais fácil de entender.
Se Angola tivesse 100 pessoas, a maioria seriam mulheres, 52 para ser mais exacto. A probabilidade de viverem em Luanda seria grande, já que entre as 100 pessoas, 29 estariam instaladas na capital. Perto deste valor só mesmo Benguela, com 10 pessoas. 19 seria o número de pessoas que entre 2005 e 2011 teriam mudado a sua residência do campo para a cidade.
Angola com 100 habitantes continuaria a ser um país jovem, em que 43 teriam menos de 14 anos. Apesar da juventude, aqui vive-se cada vez até mais tarde, em média 55.29 anos. Entre os crentes, 92 ao todo, a grande maioria seria católica (50).
No que a finanças diz respeito, 37 viveriam abaixo do nível da pobreza, menos do que em 2006 (40) e ainda menos do que em 2007 (43). Menos pobreza e mais gente com conta no banco. Os números dizem que entre 2010 e 2011 mais nove pessoas tiveram acesso a uma conta bancária.  Conta essa que poderia ser usada para pagar a luz, já que 33 pessoas acesso a luz eléctrica.
A tecnologia está cada vez mais presente no dia-a-dia de muitos angolanos. Se estes fossem apenas 100, mais de metade (52) teria telemóvel. Já no acesso à internet, o número seria mais modesto, 17, no entanto bem superior ao de há cinco anos atrás (3). Resta dizer entre os 100, saberiam ler e escrever 70 e apenas 2 seriam portadores do vírus HIV-Sida.
Seria mulher, viveria em Luanda, seria católica, alfabetizada e teria um telemóvel consigo. Provavelmente estaria acima do nível médio de pobreza e esperaria viver pelo menos até aos 55 anos. Por outro lado, não teria conta no banco, nem luz, nem internet e, felizmente, não seria portadora do vírus da sida.

Resgatar história da escravidão negra colabora na luta contra racismo e xenofobia

Susana Moreira Marques | Rede Angola | Luanda na Revista Samuel via Ópera Mund
Obra "Boutique de Cordonnier" (1835), do pintor francês J.B. Debret, mostra sapateiro punindo escravo negro
por José Gilbert Arruda Martins
As escolas no Brasil precisam ter a História da África em seus currículos anuais.
A organização das escolas, tanto pública, quanto particulares, não possuem em sua grade curricular matérias específicas sobre a História da África e nem da História da escravidão Negra.
Fica muito difícil para os estudantes, de qualquer classe social, de qualquer credo ou cor, falar de preconceito racial sem conhecer a escravidão.
Como conhecer a escravidão negra sem conhecer a História da África? não vejo como.
Os livros didáticos precisam trazer a História do continente africano de forma mais contundente. Com mais informações, com mais conteúdo.
As escolas, no geral, ainda tratam, da questão negra de forma esporádica e apenas em alguns momentos do ano letivo.
É um absurdo, num país com a segunda maior população negra do planeta.

Resgatar história da escravidão negra colabora na luta contra racismo e xenofobia

Ottobah Cugoano foi um escravo. Nascido em Gana, por volta de 1757, foi capturado por comerciantes de escravos e transportado para o Caribe por volta de 1770. Cugoano, ao contrário de muitos outros escravos dessa época, teve sorte. Ao chegar à Inglaterra foi libertado e trabalhou como um homem livre em Londres, cidade onde se juntou a um grupo de abolicionistas africanos nos anos 80 do século 18. Faziam parte do movimento contra a escravidão que começava a ganhar apoio público e a fazer pressão junto do parlamento britânico nessa época. Em 1807, o Reino Unido era o primeiro país a abolir o comércio de escravos. O Brasil seria o último país a abolir totalmente a escravidão, em 1888.
Cugoano e alguns poucos africanos daquela época tiveram a possibilidade de partilhar a sua narrativa e o seu lado da História, mas ao longo do tempo, mesmo depois da abolição do comércio de escravos e da escravidão, faltou sempre fazer a história do ponto de vista dos africanos e daqueles que tinham sido escravos.
A escravidão é – e talvez seja sempre – um problema contemporâneo. Não se trata apenas de observar que continuam a existir no mundo modelos de exploração semelhantes ao da escravatura e que o tráfico de seres humanos continua a existir.
Este tipo de escravidão moderna já não é exclusivo dos africanos, como lembra Vladmiro Fortuna, diretor do Museu Nacional da Escravatura, em Angola, mas é um fato, diz, que ainda é real “a discriminação dos descendentes das vítimas da escravatura [do comércio Atlântico] nos países onde o fenômeno foi muito intenso.”
Isabel Castro Henriques, historiadora ligada ao projeto da UNESCO “Rota do Escravo”, em Portugal, diz que a palavra “escravo” ficou associada a “negro” e que os longos séculos de escravatura transatlântica, de domínio europeu e americano, estão na base do racismo que continuou muito depois da abolição, que fortaleceu-se durante os regimes coloniais europeus na África e que continua a subsistir hoje.
Para vários pesquisadores e historiadores, em Portugal e Angola, é importante passar a mensagem para a sociedade civil e para o poder político de que preservar e ensinar a memória da escravatura não é fazer um mero exercício de história, mas é uma ação efetiva na luta contra o racismo.
“Uma boa divulgação da história da escravatura – e da sua violência e crueldade – poderá despertar a atenção de determinados setores da sociedade para fenômenos contemporâneos de racismo e de xenofobia, de forma a promover a coesão social e as relações interraciais”, resume Vladmiro Fortuna.
Museu de Escravatura de Angola, em Luanda
Recentemente, dos Estados Unidos ao Brasil, intensificou-se o debate sobre a forma como devemos conservar a memória da escravatura e cresceram também os apelos – e os argumentos a favor e contra – para que sejam feitas reparações, inclusive financeiras.
No Brasil, a Ordem dos Advogados anunciou em novembro de 2014 a formação de uma Comissão da Verdade da Escravidão Negra. A Comunidade do Caribe (Caricom), que tinha estabelecido em 2013 uma Comissão para Reparações, decidiu recentemente fazer um pedido de indenizações a vários países europeus, entre eles Portugal. Mas se este parece ser um tema que tem ganhado força no início do século 21, quando o equilíbrio do poder no mundo se alterou e o mundo ocidental já não tem a hegemonia dos outros séculos, a verdade é que não é uma ideia nova – é pelo menos tão antiga quanto a própria ideia da abolição, até mesmo a ideia de compensação financeira.
Em 1783, em Massachusetts, no leste dos Estados Unidos, uma mulher livre que tinha sido raptada em criança, no Gana, e escravizada durante 50 anos fez um pedido às autoridades do estado para receber o que seria hoje considerado uma indenização. Pedia que fosse poupada, ela e a filha doente, “da miséria mais extrema”. Descrevendo os anos de opressão, dizia ao juiz que se tratava de “uma devolução justa” receber parte da “imensa riqueza” que ela própria, enquanto escrava, tinha ajudado a “acumular” e “aumentar”. Belinda Royall (Royall era o nome da família que fora sua “proprietária”) conseguiu que fosse estabelecida uma pensão retirada do patrimônio da família para quem tinha sido escrava. Ela foi, é claro, uma exceção e as indenizações pagas foram-no, em grande maioria, aos proprietários dos negócios que dependiam dos escravos. De certa forma, foi preciso pagar para conseguir impor a abolição da escravatura.
A lógica do pedido de reparações aos países protagonistas do tráfico de escravos e da escravatura de africanos em larga escala não é muito diferente da história de Belinda Royall e do mesmo raciocínio: se os países lucraram durante tanto tempo com este comércio, por que não devolverem parte desse lucro aos que contribuíram, sem qualquer reconhecimento, para que essa riqueza existisse?
As reparações financeiras colocam vários problemas, a começar pela dificuldade em calcular quantias concretas. “Podemos até ter uma ideia do número de pessoas envolvidas no tráfico de escravos, mas como calcular um valor para a violência e a crueldade?”, pergunta Vladmiro Fortuna. “A minha opinião tem sido sempre esta: não é dinheiro que pode pagar o crime que foi a escravidão.”
O diretor do Museu Nacional da Escravatura de Angola reforça a ideia de que são necessárias, sim, reparações éticas, morais, históricas e científicas: “É preciso criar condições para a preservação da memória e colocar a história da escravatura no seu verdadeiro lugar – e com isso ajudar a diminuir os focos de discriminação das pessoas de descendência africana em países onde ela foi muito intensa. É esta a melhor forma de reparar esse erro do passado.”
Também Isabel Castro Henriques acha que as reparações financeiras podem desviar as atenções daquilo que é realmente importante: “O problema do preconceito é um problema profundo e o que é preciso é que as pessoas mudem a maneira de pensar”.

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Museu do Negro / Facebook
Museu do Negro do Rio de Janeiro, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, no centro da cidade
A pesquisadora e professora, especialista em História da África, lembra que existe o perigo de se achar que “o assunto fica resolvido” pelo dinheiro. Admite que em certos tipos de situação, compensações financeiras podem ajudar, mas que não é o caso de séculos de tráfico de escravos e de escravatura que moldaram relações entre povos e continentes.
“No caso de Portugal, é preciso desconstruir um imaginário que foi construído ao longo dos séculos”, diz Isabel Castro Henriques. “As pessoas em Portugal muitas vezes são racistas sem sequer se darem conta.”
Em Portugal, antes sequer de pensar em reparações, seria preciso dar importância à história da escravidão, reconhecer o seu impacto ainda hoje, debatê-lo de forma séria publicamente. Mas isso ainda não está acontecendo.
Os projetos para um museu da escravatura em Lagos, no sul de Portugal, têm avançado a passos lentos. E Henriques lamenta que a tentativa de preservar um cemitério de escravos também em Lagos não tenha sido bem sucedida. No lugar onde tinham sido encontrados 155 esqueletos de escravos africanos e onde se poderia ter feito algo para honrar a memória destes homens, mulheres e crianças, foi construído um estacionamento – os esqueletos foram retirados para serem estudados. É apenas um exemplo, para a pesquisadora, de como em Portugal ainda não é vista como uma prioridade a preservação da memória da escravatura.
Benjamin de Paula é um pesqusador brasileiro que chegou a Portugal em setembro de 2014 para trabalhar no Centro de Estudos Sociais de Coimbra. Ele se surpreendeu com o estado do debate sobre este tema em Portugal, isto é, quase inexistente.
Benjamin de Paula acompanhou no Brasil o crescimento dos movimentos sociais negros e as ideias de reparações que não são diretamente financeiras, mas que tentam corrigir o acesso às oportunidades da população brasileira negra. Para o pesquisador, já é possível hoje analisar as mudanças que ocorreram no Brasil, com a introdução, há pouco mais de dez anos, de políticas de ação afirmativa que, por exemplo, impuseram cotas de estudantes negros nas universidades brasileiras para superar a enorme disparidade que existia entre a porcentagem de negros na população brasileira e a existência de estudantes negros nas universidades.
“Casos como o meu, que sou negro, numa universidade brasileira, eram quase exóticos. No entanto, no Brasil, 50% da população é negra.” Hoje, diz, há médicos, engenheiros e professores universitários negros, graças também à lei de cotas. Mas, para Benjamin de Paula, a medida mais importante que o governo brasileiro tomou foi a obrigatoriedade de ensinar a história afro-brasileira em todas as escolas.
Na história nunca há um só ponto de vista, e passou a fazer parte da educação de todas as crianças e jovens brasileiros olharem a sua história também a partir dos escravizados, dos discriminados, dos que nunca tiveram direito à história.
Da mesma maneira que a teoria do luso-tropicalismo – que via o Brasil como o país onde as raças se misturavam com harmonia – impediu um olhar honesto sobre a realidade do racismo na sociedade brasileira, Benjamin de Paula observa como ideias semelhantes se mantêm em Portugal, mascarando o racismo no país. Também os portugueses criaram o seu “mito”, herdado ainda do tempo da ditadura, de povo não-racista, que faz com que seja mais difícil um verdadeiro debate quer sobre o passado quer sobre o presente e sobre a forma como Portugal se relaciona com os países africanos de língua portuguesa.
Detalhe de exposição em dezembro de 2014 no Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo
“Se não há um debate sobre o passado, não podemos rever o presente nem podemos ter desenvolvimento no futuro. As reparações passam primeiro por uma revisão histórica.” Portugal, diz, não ganha nada em querer fixar-se numa História de vencedores. “Portugal não ganha nada com continuar a olhar dessa forma [como “vencedor”] para a escravidão, a não ser vergonha eterna.” 
Segundo Vladmiro Fortuna, em Angola o debate existe a um nível institucional – e as instituições angolanas vão sendo confrontadas com a maneira como a discussão vai evoluindo internacionalmente – mas ainda não chegou à sociedade angolana. “A memória da escravatura em Angola ainda não é suficiente conhecida”, diz, “mas creio que é uma questão de tempo até a sociedade estar mais atenta a estes temas.”
O diretor do Museu Nacional da Escravatura lembra que há muito trabalho por fazer para se conhecer a fundo a história da escravatura em Angola – para além da história do tráfico de escravos, há muito por explorar no que toca à escravidão dentro do país, nas antigas fazendas coloniais, por exemplo, entre muitos outros espaços que ainda não foram suficientemente estudados. Vladmiro Fortuna diz que o acervo do Museu Nacional da Escravatura é extraído na sua maioria da região de Luanda, onde o museu está localizado, e que falta fazer trabalho arqueológico no resto do país.
Agora, lembra, no resto do mundo tem crescido a investigação sobre a escravatura e em muitos estudos internacionais Angola é referida. “No siteTrans-Atlantic Slave Trade Database, os números mais recentes apresentados colocam Angola como umas das regiões que mais exportou escravizados. Esta confirmação dá-nos mais responsabilidades no processo da valorização e preservação da memória da escravatura.”
“É um assunto que deve envolver todos os povos do mundo no sentido de preservar a história para a educação das novas gerações, porque é esta a melhor forma de honrar as vítimas”, diz Vladmiro Fortuna.
Este parece ser o grande consenso: que a verdadeira reparação começará quando nas escolas a história da escravidão seja contada a partir de vários pontos de vista e seja tratada como um tema fundamental. Talvez quando os nomes e as histórias de pessoas como Cugoano ou Belinda Royall passarem a fazer parte do nosso imaginário.

Matéria original publicada no site Rede Angola.

Tiro que matou promotor argentino foi disparado a 1 cm de distância no máximo

O Essencial no Diário do Centro do Mundo

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A promotora Viviana Feim continua desvendando as pistas e recolhendo testemunhos que esclareçam a morte do promotor Alberto Nisman, cujo cadáver foi descoberto no banheiro da sua casa no último domingo ao lado do revólver de onde saiu a bala que o matou, um dia antes de uma apresentação crucial na Câmara dos Deputados.
A promotora informou neste sábado, em uma entrevista no canal Todo Noticias, que o disparo na têmpora que matou Nisman foi feito a uma distância de um centímetro, no máximo. Fein indicou que a autópsia revela, além disso, que a bala que o matou pertence à arma encontrada junto ao corpo.
A promotora explicou também por que o expediente prévio à autópsia afirma que não houve intervenção de terceiros em sua morte: “Em primeiro lugar, pelo espasmo cadavérico que apresentava a mão; e por outro, pela falta de lesões traumáticas no corpo de Nisman.”
Fein proibiu que o técnico de informática Diego Lagomarsino, a última pessoa a ver o promotor vivo, saísse do país. Foi ele que emprestou ao promotor, no sábado, a arma que causou sua morte.

“E ela vivia me agradecendo por tê-la ensinado a gozar com penetração”

por :  no Diário do Centro do Mundo
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Meu tio Fábio, um homem sábio do interior, um dia me entregou um livro do Plutarco. Confesso que tremi diante da idéia de enfrentar, na inexpugnável solidão da leitura, as páginas com certeza brilhantes mas inevitavelmente árduas do grego. Mas, prático que é, e conhecedor das limitações de seu sobrinho como leitor, tio Fábio me avisou que desejava que eu lesse somente um trecho marcado numa determinada página.
Ali se contava a história de um soldado que salvara a vida de um rei numa batalha. Um sábio imediatamente aconselhou o soldado a fugir. O soldado preferiu ficar, na esperança de ser recompensado pelo rei que salvara. Acabou morto. E logo. Quando terminei de ler essa história, imediatamente me lembrei de outro trecho de livro que tio Fábio me passara. Platão – tio Fábio sempre bebeu na sabedoria grega -. Contava que Sócrates disse mais ou menos o seguinte aos homens que o condenaram a tomar cicuta: que bem fiz eu a vocês para que me tratem assim?
As duas história tratam do mesmo tema: a ingratidão. E francamente: não sei por que iniciei minha coluna com a dupla história grega de ingratidão humana. Ou melhor. Sei sim. É que eu queria fazer uma conexão entre aqueles episódios e a vida amorosa. O fato cruel e inescapável é o seguinte: o amor é ingrato. O amor tem uma série de virtude: ele ilumina, ele embeleza a vida, ele torna divertido um congestionamento. Mas ele é ingrato como o rei que matou o soldado que o salvara e os atenienses que fizeram Sócrates beber cicuta.
Um amigo meu, Roni Maldonado, outro dia veio desabafar comigo. Ele acabara de romper com a namorada, uma loira de fazer cego olhar para trás, e ela além de gritar-lhe insultos arrebentou a pontapés a porta de seu carro. Roni é essencialmente um ingênuo do amor, um otimista das relações sentimentais. Ela sinceramente achava que, por fatos como ter arrumado um bom emprego para a namorada e num período de depressão ter-lhe até financiado um terapeuta de 120 reais a hora, receberia de volta alguma gratidão, e não uma porta de carro arrebentada a golpes de salto alto.
Tive vontade de apresentar Roni a tio Fábio e pedir a ele (meu tio) que falasse um pouco a meu amigo sobre a gratidão humana. Tive vontade de falar um pouco do soldado e de Sócrates, do rei assassino e da cicuta. Mas apenas balancei a cabeça numa muda expressão de solidariedade a meu amigo ferido na alma. Roni, refleti, passará a vida inteira atrás de uma ilusão, de uma fantasia tão irreal quanto a espada de Arthur: a gratidão amorosa. O que você possa ter feito de bom a alguém numa relação amorosa não conta no final. O que vale são apenas os crimes, geralmente imaginários, que você cometeu. Não conheço caso de amor que termine com uma declaração sincera de agradecimento pelos serviços prestados.
Roni me contou, em sua estupefação tola, que até em relação ao sexo ouviu palavras que quase o reduzem a um eunuco da corte de Ramsés. “E ela vivia me agradecendo por tê-la ensinado a gozar com penetração”, me repetia ele. “No final me disse que eu não tinha nenhuma imaginação quanto a sexo. Que eu era um idiota sexual.”
O meu ponto é o seguinte: faça sempre tudo que puder por sua namorada, mulher, amante. Tudo. Agrade-a de todas as maneiras possíveis. Flores, beijos, bom sexo, atenção. Dê tudo. Mas jamais cometa o erro fatal do soldado. Não faça nada esperando gratidão. O amor é ingrato como o rei que matou o homem que o salvara da morte.
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Sobre o Autor
O cubano Fabio Hernandez é, em sua autodefinição, um "escritor barato".

O estrondoso silêncio de Aécio e do PSDB no caso do brasileiro executado na Indonésia

 no Diário do Centro do Mundo
Eles
Um silêncio estrondoso foi o que Aécio Neves e o PSDB ofereceram no caso da execução do brasileiro Marco Archer na Indonésia, apanhado com 13 quilos de cocaína. Nenhum pio sobre Archer e nem sobre a atuação de Dilma.
É uma mudança de paradigma inédita para uma oposição acostumada a criticar qualquer coisa, especialmente em relação à diplomacia.
Dilma divulgou uma nota se dizendo “consternada e indignada”. O embaixador brasileiro foi chamado para consultas, o que representa um agravo. Na sexta, fez um apelo ao presidente Joko Widodo pelo telefone — rechaçado.
O secretário geral do Itamaraty reuniu-se com o embaixador indonésio e manifestou sua “profunda inconformidade”, afirmando que a pena de morte representava “uma sombra” nas relações.
Nesse período, Aécio, Aloysio, Serra e seu governo paralelo no eixo Leblon-Higienópolis-Transilvânia não abriram a boca. Por quê? Férias?
Quando o Brasil foi chamado de “anão diplomático” por um estafeta de Israel, Aécio se locupletou. O país deveria ter dado “palavra mais clara de convocação ao cessar-fogo” entre israelenses e palestinos.
“Temos que condenar o uso excessivo de força de Israel, mas também temos que condenar as ações do Hamas com lançamento excessivo de foguetes. O Brasil se precipitou, ao meu ver”, declarou.
Sobre o Estado Islâmico, ele foi mais duro. “Fiquei estarrecido com as declarações da presidente da República na ONU”, falou. “A presidente propõe diálogo com um grupo que está decapitando pessoas”.
O que teria feito Aécio Neves se acoelhar? Ainda que Dilma tenha acertado no episódio, há sempre um flanco a ser atacado para quem vive disso. Comparar a indignação com a Indonésia à complacência com Cuba nos direitos humanos, por exemplo?
Ou, como fez Rachel Sheherazade, avisar que Dilma Rousseff pode “bater o pé, mandar voltar o embaixador, mas não tem poder de interferir na decisão judicial de um outro país”. Para Rachel, Archer “deu azar de ser flagrado num país sério, onde a Justiça dá o exemplo: aqui se faz, aqui se paga.” (Essa tara por justiceiros ainda vai dar muita alegria à cada vez mais aloprada Sheherazade).
Aécio Neves e seu partido ficam devendo a seus eleitores uma resposta sobre por que ficaram na moita e deixaram Dilma solar num capítulo de gigantesca comoção nacional.
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Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Está reaberta a temporada de caça a Dirceu

A covardia do PT diante da mídia lubrifica a perseguição a seus líderes.
Querem que o Dirceu viva de que ? De BV ? - PHA

Conversa Afiada reproduz excelente artigo de Paulo Nogueira, no DCM:

ESTÁ REABERTA A TEMPORADA DE CAÇA A DIRCEU

Lembro uma vez em que o atacante Mario Balotelli, então no Manchester City, exibiu sob a camisa de seu clube uma camiseta que dizia o seguinte: “Por que sempre eu?”

Balotelli, um dos melhores atacantes do time, era sempre objeto de intensas críticas e futricas, a despeito do grande futebol que jogava.

Era como se ele tivesse sido escalado para ser o cara mau.

De certa forma, Zé Dirceu poderia também mostrar uma camiseta com as mesmas palavras: “Por que sempre eu?”

É impressionante a caça a Dirceu. Quando a mídia deseja fazer uma nova rodada de ataque ao PT, você pode esperar. Lá vem “denúncias” sobre Dirceu.

Foram tantos anos de construção pela imprensa de uma imagem de símbolo da corrupção que os donos das empresas de jornalismo sabem que publicar alguma nova história sobre ele vai acender chamas num certo público de estridente e insuperável analfabetismo político.

A perseguição a Dirceu é feroz. O que você pode ponderar é que o PT jamais teve coragem de enfrentar a mídia, mesmo no tempo de Dirceu.

Numa extraordinária aberração, o PT no poder continuou a abastecer de mensalões os barões da imprensa por meio de mamatas como anúncios, financiamentos, compras de livros e por aí vai.

Em nenhum momento Lula e Dilma disseram: “Bem, chega de farra. 500 milhões por ano para a Globo me bater dia e noite? Chega. Mais 150 milhões por ano para o Silvio Santos encher a emissora de pessoas como Sheherazade e Gentili? Chega.”

E daí sucessivamente. Ah, baixar a zero é muita coisa? Discordo, mas aceito. Então, divida-se o mensalão dos barões por dois imediatamente.

Leio, nos porta-vozes dos patrões, que Dirceu não pode ter consultoria. Quer dizer, então: ele não pode trabalhar.

Vamos tentar entender. Dirceu não pode ser consultor. Mas pessoas saídas de governos do PSDB podem.

FHC colocou na estratégica agência reguladora de petróleo o genro, David Zylbersztayn. Claro que Zylbersztayn era um gênio, e portanto a imprensa não tinha razões para discutir se havia aí nepotismo.

Mas, terminado o casamento, acabou a carreira de Zylbersztayn na cúpula da administração do sogro camarada.

O que ele foi fazer? Foi ser consultor. De petróleo.

Isso pode.

A injustiça no caso de Dirceu é a diferença de tratamento que ele recebe. O que para outros não é notícia nem de rodapé para Dirceu vira manchete.

E vamos entender: para alguém como ele, ou a opção é ser consultor ou, simplesmente, nada.

Altos funcionários de administrações amigas da plutocracia sempre encontram propostas de emprego nas grandes empresas. A plutocracia se protege.

A Globo arrumou ocupação até para o filho de Joaquim Barbosa.

No circuito das palestras, as grandes corporações pagam cachês milionários para seus amigos. (Barbosa está vivendo disso, agora.)

Há uma rede de proteção formidável para os que ajudam o Brasil a ser o que é, um campeão de desigualdade.

Dirceu está do outro lado.

Por que quebrar o sigilo bancário dele? Para reforçar a caricata imagem que se fez dele.

É um crime jornalístico divulgar valores de consultorias antes de investigá-las. Qual seria o valor certo para os serviços prestados por Dirceu? Ou queriam que ele prestasse consultoria de graça?

Mais uma vez, está aberta a temporada de caça a Dirceu, e vale tudo.

Ele poderia repetir Balotelli, repito: “Por que sempre eu?”

Vigilantes recusam proposta dos patrões e entram em greve

Por Tomaz no site do Sinpro-DF



CUT
vigilantesfoto2

Ministérios, bancos, hospitais e outros espaços públicos amanheceram sem segurança nesta quinta-feira (22). Diante da inflexibilidade do sindicato patronal e do Governo do Distrito Federal, os trabalhadores vigilantes do DF deflagraram greve por tempo indeterminado, em assembleia realizada na noite dessa quarta-feira (21), na Praça do Cebolão (Setor Bancário Sul).
Com o espaço lotado, os trabalhadores, que estão em Campanha Salarial, recusaram a proposta de reajuste salarial de 7% e afirmaram que não retornarão ao trabalho enquanto não for apresentada proposta que contemple a categoria.
Segundo o deputado distrital Chico Vigilante (PT), que é dirigente do Sindesv, sindicato que representa a categoria, “cerca de 90% dos quase 20 mil trabalhadores vigilantes estão parados”.
De acordo com o parlamentar, além de ter oferecido proposta de reajuste salarial muito aquém do reivindicado pelos vigilantes, os patrões também querem tirar do Acordo Coletivo de Trabalho a cláusula que garante estabilidade de 90 dias ao trabalhador que se afastar do trabalho por 30 dias por motivo de saúde; além de criar o vigilante-horista, tipo de vigilante que recebe por horas trabalhadas e, consequentemente, ganha menos da metade do salário fixado à categoria, bem como os direitos garantidos no Acordo Coletivo de Trabalho.
“Depois de várias reuniões, os patrões apresentam essa proposta indecente. Na verdade, os patrões e o GDF estão fazendo um conluio para atacar o trabalhador, já que o governo disse que não vai trabalhar com reajustes acima da inflação”, afirma Chico Vigilante.
vigilantesfoto2O movimento dos trabalhadores vigilantes conta ainda com o apoio da CUT e dos 102 sindicatos filiados, que se somam à categoria nas manifestações que movimentam o Distrito Federal desde o início da manhã desta quinta-feira (21).
“A luta de um trabalhador é a luta de todos. Vamos unificar nossas forças e mostrar que o trabalhador exige respeito. A CUT e os sindicatos filiados se somam ao movimento grevista dos vigilantes e contribuirão para a sustentação da greve enquanto não houver uma proposta que atenda às reivindicações da categoria”, disse o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
Entre os pontos reivindicados pelos trabalhadores vigilantes estão o reajuste salarial de 15%, vale-alimentação R$ 30 ( atualmente é de R$ 23), auxílio-saúde de R$ 150 (atualmente é de R$ 85) e a manutenção das demais cláusulas sociais do Acordo Coletivo de Trabalho.
Os trabalhadores vigilantes realizarão assembleias diárias para avaliar o movimento grevista, sempre no final do dia, na Praça do Cebolão.