quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Dilma: Brasil, Pátria Educadora! É o novo lema! - Dilma: vou governar com o povo!

Posse Dilma Roussef jan.2015
por José Gilbert Arruda Martins

Lula e Dilma, acredito, iniciaram um novo tempo para esse país. Não tenho ilusões, as dificuldades são imensas, principalmente por que temos que produzir "superávit primário" para pagar juros extorsivos aos rentistas que não conhecem o verdadeiro sentido da palavra Pátria, são como urubus, que só pensam no lucro a qualquer preço. Mas o Brasil tem um Povo forte e trabalhador, tem uma dupla de líderes - Lula e Dilma -, que estão resolvidos a fazer mais pela maioria da nossa sociedade.

Presenciar um momento desses é magnífico. Ouvir e ver a mandatária de um dos maiores países do mundo falando ao seu povo, não tem preço.

Eu e minha família, estivemos na Praça dos Três Poderes. Deixamos marcadas em fotografias nossa passagem pela História recente do país.

O discurso na parlatório é claro, "nenhum recuo nos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras". Acreditamos sim, vamos conseguir sim.

As reformas importantes, como a Política, precisa do Povo nas ruas apoiando a presidenta, vamos fazer? Vamos participar? 

Da minha parte, a presidenta Dilma Roussef e o País, podem contar, estarei presente na luta como sempre estive.

                                        Dilma é empossada no Congresso Nacional
 No Conversa Afiada

A Presidenta reeleita Dilma Rousseff tomou posse, nesta quinta-feira (1) em Brasília-DF, para exercer o seu segundo mandato à frente do Governo Federal ao lado do vice-presidente, Michel Temer. Antes, ao lado da filha Paula, a Presidenta desfilou num Rolls-Royce  pelo Eixo Monumental na capital federal.

No primeiro momento, no Congresso Nacional, em cerimônia presidida pelo senador Renan Calheiros (PMDB – AL), Dilma fez o juramento à Constituição e discursou.
A cerimônia contou com a presença de líderes sulamericanos, entre eles Michelle Bachelet, a presidente do Chile, Nicolas Maduro, presidente da Venezuela,  José Mujica, presidente do Uruguai e Evo Morales, presidente da Bolívia.

Também estiveram presentes novos ministros que serão empossados hoje, políticos nacionais, o Presidente Lula e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.



Leia trechos do discurso de Dilma:


Volto a esta casa com a alma cheia de alegria, de responsabilidade e de esperança. 

Sinto alegria por ter vencido desafios e honrado o nome da mulher brasileira. 

O nome de milhões de guerreiras anônimas q voltam a ocupar, encarnadas na minha figura, o mais alto posto de nossa grande Nação.

Encarno outra alma coletiva que amplia ainda mais a minha responsabilidade e a minha esperança

O projeto de nação que é detentor do mais profundo e duradouro apoio popular da nossa história democrática.

Este projeto de nação triunfou e permanece, devido aos grandes resultados que conseguiu até agora este projeto de nação triunfou e permanece,  e porque o povo entendeu q este é um projeto coletivo de longo prazo. 


Resgatamos 36 milhões da extrema pobreza, 22 milhões apenas em meu primeiro governo. 

Nunca tantos brasileiros ascenderam às classes médias. Nunca tantos brasileiros conquistaram tantos empregos com carteira assinada.

Nunca tantos brasileiros se tornaram donos de suas próprias casas. Nunca tantos bras. tiveram acesso ao ensino técnico e à universidade.

Nunca o salário mínimo e os demais salários se valorizaram por tanto tempo e com tanto vigor. 

Nunca o Brasil viveu um período tão longo sem crises institucionais. 

Nunca as instituições foram tão fortalecidas e respeitadas, e nunca se apurou e puniu com tanta transparência a corrupção. 

Este ato de posse é, antes de tudo, uma cerimônia de reafirmação e ampliação de compromissos. 

É a inauguração de uma nova etapa neste processo histórico de mudanças sociais do Brasil. 

Faço questão, também, de renovar, nesta Casa, meu compromisso de defesa permanente e obstinada da Constituição das leis, das liberdades individuais, dos direitos democráticos, da mais ampla liberdade de expressão e dos direitos humanos.

Em meu primeiro mandato, o Brasil alcançou um feito histórico: superamos a extrema pobreza.
Sim, neste momento, em vez de simplesmente garantir o mínimo necessário, temos que lutar para oferecer o máximo possível.


Vamos precisar, governo e sociedade de paciência, coragem, persistência, equilíbrio e humildade para vencer os obstáculos. E venceremos.

O povo brasileiro quer democratizar, cada vez mais a renda, o conhecimento e o poder. 


O povo brasileiro quer educação, saúde, e segurança de mais qualidade. 


O povo brasileiro quer ainda mais transparência e mais combate a todos os tipos de crimes, especialmente a corrupção e quer que o braço da justiça alcance a todos de forma igualitária.


É hora de melhorar o que está bom, corrigir o que é preciso e fazer o que o povo espera de nós. 

Agora, é a hora de prosseguir com o nosso projeto, de perseguir novos objetivos.

Mas como eu disse – e sei que é expectativa de todos os brasileiros – o fim da miséria é só um começo.

No novo mandato vamos criar, por meio de ação firme e sóbria na economia, um ambiente ainda mais favorável aos negócios,  à atividade produtiva, ao investimento, à inovação, à competitividade e ao crescimento sustentável. Combateremos sem tréguas a burocracia.

Tudo isso voltado para o que é mais importante e mais prioritário: a manutenção do emprego e a valorização do salário. 

Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer. 

Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia.

Faremos isso com o menor sacrifício possível para a população, em especial para os mais necessitados.

Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários.
Temos consciência que a ampliação e a sustentabilidade das políticas sociais exigem equidade e correção de distorções e eventuais excessos.

Vamos, mais uma vez, derrotar a falsa tese que afirma existir um conflito entre estabilidade econômica e investimento social e em infraestrutura.

Gostaria de anunciar agora o novo lema do meu governo. Ele é simples, direto e mobilizador: Nosso lema será: BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA!
Só a educação liberta um povo e lhe abre as portas de um futuro próspero. 

Democratizar o conhecimento significa universalizar o acesso a um ensino de qualidade em todos os níveis, para todos os segmentos da população.

Ao longo deste novo mandato, a educação começará a receber volumes mais expressivos de recursos oriundos dos recursos do petróleo e pré-sal.

Ao bradarmos “BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA” estamos dizendo que a educação será a prioridade das prioridades .
Tudo que estamos propondo converge para um grande objetivo: ampliar e fortalecer a democracia, democratizando verdadeiramente o poder.

Democratizar o poder significa lutar pela reforma política, ouvir com atenção a sociedade e os movimentos sociais e buscar a opinião do povo para reforçar a legitimidade das ações do Executivo. 

Democratizar o poder significa combater energicamente a corrupção. A corrupção rouba o poder legítimo do povo.
A corrupção ofende e humilha os trabalhadores, os empresários e os brasileiros honestos e de bem. A corrupção deve ser extirpada.

O Brasil sabe que jamais compactuei com qualquer ilícito ou malfeito.


O Brasil não será sempre um país em desenvolvimento. Seu destino é ser um país desenvolvido e justo, e é este destino que estamos construindo.

Uma nação em q todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades: de estudar, trabalhar, viver em condições dignas na cidade e no campo.

Um país que respeita e preserva o meio ambiente e onde todas as pessoas possam ter os mesmos direitos: à liberdade de informação e de opinião, à cultura, ao consumo, à dignidade, à igualdade independentemente de raça, credo, gênero ou sexualidade.

Assumo aqui um compromisso com o Brasil que produz e com o Brasil que trabalha. 

Reafirmo minha fé na política que transforma para melhor a vida do povo. 

Já estive algumas vezes perto da morte e destas situações saí uma pessoa melhor e mais forte. 

Sou ex-opositora de um regime de força q provocou em mim dor e me deixou cicatrizes,  mas que jamais destruiu em mim o sonho de viver num país democrático e a vontade de lutar e construir este sonho.

Por isso, me emociono ao dizer que sou uma sobrevivente. Se me permitem, quero dizer mais: pertenço a uma geração vencedora.

Duas características que me aproximam do povo brasileiro – ele também, um sobrevivente e um vitorioso, que jamais abdica de seus sonhos.

Deus colocou em meu peito um coração cheio de amor pelas pessoas e por minha pátria. 

Mas antes de tudo um coração valente que não tem medo da luta. 

Um coração, sim, que dispara no peito com a energia do amor, do sonho e da esperança. 

Um coração tão cheio de fé no Brasil que não tem medo de proclamar: vamos vencer todas dificuldades, porque temos a chave para isso.

O impossível se faz já; só os milagres ficam para depois

Viva o Brasil! Viva o Povo Brasileiro!
Em tempo: A íntegra do discurso:


“Senhoras e Senhores, Volto a esta casa com a alma cheia de alegria, de responsabilidade e de esperança. Sinto alegria por ter vencido desafios e honrado o nome da mulher brasileira.

O nome de milhões de guerreiras anônimas que, voltam a ocupar, encarnadas na minha figura, o mais alto posto de nossa grande nação. Encarno outra alma coletiva que amplia ainda mais a minha responsabilidade e a minha esperança.

O projeto de nação que é detentor do mais profundo e duradouro apoio popular da nossa história democrática. Este projeto de nação triunfou e permanece, devido aos grandes resultados que conseguiu até agora, e porque o povo entendeu que este é um projeto coletivo de longo prazo. Este projeto pertence ao povo brasileiro e, mais que nunca, é para o povo e com o povo que vamos governar.

A partir do extraordinário trabalho iniciado pelo governo do presidente Lula e continuado por nós, temos hoje a primeira geração de brasileiros que não vivenciou a tragédia da fome.

Resgatamos 36 milhões da extrema pobreza, 22 milhões apenas em meu primeiro governo. Nunca tantos brasileiros ascenderam às classes médias. Nunca tantos brasileiros conquistaram tantos empregos com carteira assinada. Nunca o salário mínimo e os demais salários se valorizaram por tanto tempo e com tanto vigor. Nunca tantos brasileiros se tornaram donos de suas próprias casas. Nunca tantos brasileiros tiveram acesso ao ensino técnico e à universidade. Nunca o Brasil viveu um período tão longo sem crises institucionais. Nunca as instituições foram tão fortalecidas e respeitadas, e nunca se apurou e puniu com tanta transparência a corrupção.

Em nossos governos, cumprimos o compromisso fundamental de oferecer, a uma população enorme de excluídos, os direitos básicos que devem ser assegurados a qualquer cidadão. O direito de trabalhar, de alimentar a família, de educar e acreditar em um futuro melhor para seus filhos.

Isso que era tanto para uma população que tinha tão pouco, tornou-se pouco para uma população que conheceu, enfim, governos que a respeitam e que realmente se esforçam para protegê-la.

A população quis que ficássemos porque viu o resultado do nosso trabalho, compreendeu as limitações que o tempo nos impôs e concluiu que poderemos fazer muito mais.

O recado que o povo nos mandou não foi só de reconhecimento e confiança, foi também um recado de quem quer mais e melhor. Por isso, a palavra mais repetida na campanha foi mudança, e o tema mais invocado foi reforma. Por isso, eu repito hoje, nesta solenidade de posse: fui reconduzida à Presidência para continuar as grandes mudanças do país e não trairei este chamado. O povo brasileiro quer mudanças, quer avançar, quer mais. É isso que também quero! É isso que vou fazer, com destemor mas com humildade, contando com o apoio desta Casa e com a força do povo.

Este ato de posse é, antes de tudo, uma cerimônia de reafirmação e ampliação de compromissos. É a inauguração de uma nova etapa neste processo histórico de mudanças sociais do Brasil.

Faço questão, também, de renovar, nesta Casa, meu compromisso de defesa permanente e obstinada da Constituição, das leis, das liberdades individuais, dos direitos democráticos, da mais ampla liberdade de expressão e dos direitos humanos.

Queridos brasileiros e queridas brasileiras, em meu primeiro mandato, o Brasil alcançou um feito histórico: superamos a extrema pobreza. Mas como eu disse – e sei que é expectativa de todos os brasileiros – o fim da miséria é só um começo.

Agora, é a hora de prosseguir com o nosso projeto, de perseguir novos objetivos. É hora de melhorar o que está bom, corrigir o que é preciso e fazer o que o povo espera de nós.

Sim, neste momento, ao invés de simplesmente garantir o mínimo necessário, temos que lutar para oferecer o máximo possível. Vamos precisar, governo e sociedade de paciência, coragem, persistência, equilíbrio e humildade para vencer os obstáculos. E venceremos

O povo brasileiro quer democratizar, cada vez mais a renda, o conhecimento e o poder. O povo brasileiro quer educação, saúde, e segurança de mais qualidade. O povo brasileiro quer ainda mais transparência e mais combate a todos os tipos de crimes, especialmente a corrupção – e quer que o braço da justiça alcance a todos de forma igualitária.

Eu não tenho medo de encarar estes desafios, até porque sei que não vou enfrentar esta luta sozinha. Sei que conto com o apoio dos senhores e das senhoras parlamentares, legítimos representantes do povo neste Congresso Nacional. Sei que conto com o apoio do meu querido vice-presidente, Michel Temer, parceiro de todas as horas. Sei que conto com o esforço dos homens e mulheres do Judiciário. Sei que conto com o forte apoio da minha base aliada, de cada liderança partidária de nossa base e com os ministros e ministras que estarão, a partir de hoje, trabalhando ao meu lado pelo Brasil.

Sei que conto com o apoio de cada militante do meu partido, o PT, e da militância de cada partido da base aliada, representados aqui pelo mais destacado militante e maior líder popular da nossa história, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sei que conto com o apoio dos movimentos sociais e dos sindicatos; e sei o quanto estou disposta a mobilizar todo povo brasileiro neste esforço para uma nova arrancada do nosso querido Brasil.

Assim como provamos que é possível crescer e distribuir renda, vamos provar que se pode fazer ajustes na economia sem revogar direitos conquistados ou trair nossos compromissos sociais.

Vamos provar que depois de fazermos políticas sociais que surpreenderam o mundo, é possível corrigir eventuais distorções e torná-las ainda melhores.

É inadiável, também, implantarmos práticas políticas mais modernas e éticas e por isso mesmo mais saudáveis. É isso que torna urgente e necessária a reforma política.

Uma reforma profunda que é responsabilidade constitucional desta Casa, mas que deve mobilizar toda a sociedade na busca de novos métodos e novos caminhos para nossa vida democrática. Reforma política que estimule o povo brasileiro a retomar seu gosto e sua admiração pela política.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros, neste momento solene de posse é importante que eu detalhe algumas ações e atitudes concretas que vão nortear nosso segundo mandato.

As mudanças que o país espera para os próximos quatro anos dependem muito da estabilidade e da credibilidade da economia.

Isso, para mim, não é novidade. Sempre orientei minhas ações pela convicção sobre o valor da estabilidade econômica, a centralidade do controle da inflação, o imperativo da disciplina fiscal e a necessidade de conquistar e merecer a confiança dos trabalhadores e dos empresários.

Mesmo em meio a um ambiente internacional de extrema instabilidade e incerteza econômica, o respeito a esses fundamentos econômicos nos permitiu colher resultados positivos. Em todos os anos do meu primeiro mandato, a inflação permaneceu abaixo do teto da meta e assim vai continuar.

Na economia, temos com o quê nos preocupar, mas também temos o que comemorar.

O Brasil é hoje a 7ª economia do mundo, o 2º maior produtor e exportador agrícola, o 3º maior exportador de minérios, o 5º país que mais atrai investimentos estrangeiros, o 7º em acúmulo de reservas cambiais e o 3º maior usuário de internet.

Além disso, a dívida líquida do setor público é hoje menor do que no início do meu mandato. As reservas internacionais estão em patamar histórico, na casa dos 370 bilhões de dólares. Os investimentos estrangeiros diretos atingiram, nos últimos quatro anos, volumes recordes. Mais importante: a taxa de desemprego está nos menores patamares já vivenciados na história de nosso país. Geramos 5 milhões e 800 mil empregos formais em um período em que o mundo submergia em desemprego. Porém queremos avançar ainda mais e precisamos fazer mais e melhor!

Por isso, no novo mandato vamos criar, por meio de ação firme e sóbria na economia, um ambiente ainda mais favorável aos negócios, à atividade produtiva, ao investimento, à inovação, à competitividade e ao crescimento sustentável. Combateremos sem tréguas a burocracia.

Tudo isso voltado para o que é mais importante e mais prioritário: a manutenção do emprego e a valorização do salário, muito especialmente, a política de valorização do salário mínimo que continuaremos assegurando.

Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer.

Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia.

Faremos isso com o menor sacrifício possível para a população, em especial para os mais necessitados. Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários. Temos consciência que a ampliação e a sustentabilidade das políticas sociais exige equidade e correção permanente de distorções e eventuais excessos.

Vamos mais uma vez derrotar a falsa tese que afirma existir um conflito entre a estabilidade econômica e o investimento social e em infraestrutura. Ao falar dos desafios da nossa economia, faço questão de deixar uma palavra aos milhões de micro e pequenos empreendedores do Brasil.

Em meu primeiro mandato, aprimoramos e universalizamos o Simples e ampliamos a oferta de crédito para os pequenos empreendedores.

Quero, neste novo mandato, avançar ainda mais. Pretendo encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de lei criando um mecanismo de transição entre as categorias do Simples e os demais regimes tributários.

Vamos acabar com o abismo tributário que faz os pequenos negócios terem medo de crescer. Porque se o pequeno negócio não cresce, o país também não cresce.

Nos dedicaremos, ainda, a ampliar a competitividade do nosso país e das nossas empresas.

Daremos prioridade ao desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação, estimulando e fortalecendo as parcerias entre o setor produtivo e nossos centros de pesquisa e universidades.

Um Brasil mais competitivo está nascendo também, a partir dos maciços investimentos em infraestrutura, energia e logística.

Desde 2007, foram duas edições do Programa de Aceleração do Crescimento – o PAC-1 e o PAC-2 – que totalizaram cerca de 1 trilhão e 600 bilhões de reais em investimentos em milhares de kms de rodovias, de ferrovias; em obras nos portos, terminais hidroviários e em aeroportos. Na expansão da geração e da rede de transmissão de energia. Em obras de saneamento e ligações de energia do Luz para Todos.

Com o Programa de Investimentos em Logística, demos um passo adiante, construindo parcerias com o setor privado, implementando um novo modelo de concessões que acelerou a expansão e permitiu um salto de qualidade de nossa logística.

Asseguramos a concessão de aeroportos e de milhares de km de rodovias e a autorização para dezenas de novos terminais portuários de uso privado.

Agora, vamos lançar o PAC 3 e o Programa de Investimento em Logística 2. Assim, a partir de 2015 iniciaremos a implantação de uma nova carteira de investimento em logística, energia, infraestrutura social e urbana, combinando investimento públicos e parcerias privadas.

Vamos o aprimorar os modelos de regulação, o mercado privado de crédito de longo prazo, as garantias para financiamento de projetos de grande vulto. Reafirmo ainda meu compromisso de apoiar Estados e municípios na tão desejada expansão da infraestrutura de transporte coletivo em nossas cidades. Está em andamento uma carteira de 143 bilhões de reais em obras de mobilidade urbana por todo o Brasil.

Assinalo que, neste novo mandato, daremos especial atenção à infraestrutura que vai nos conduzir ao Brasil do futuro: a rede de internet em banda larga.

Em 2014, em um esforço conjunto com este Congresso Nacional, demos ao Brasil uma das legislações mais modernas do mundo na área da internet, o Marco Civil da Internet.

Reitero aqui meu compromisso de, nos próximos quatro anos, promover a universalização do acesso a um serviço de internet em banda larga barato, rápido e seguro.

Quero reafirmar o compromisso de continuar reduzindo os desequilíbrios regionais, impulsionando políticas transversais e projetos estruturantes, especialmente no Nordeste e na região Amazônica. Foi decisivo mitigar o impacto desta prolongada seca no semi-árido nordestino, mas mais importante será a conclusão da nova e transformadora infraestrutura de recursos hídricos perenizando 1.000 km de rios, combinada com o importante investimento social em mais de um milhão de cisternas.

Senhoras e Senhores, gostaria de anunciar agora o novo lema do meu governo.

Ele é simples, direto e mobilizador.

Reflete com clareza qual será a nossa grande prioridade e sinaliza para qual setor deve convergir o esforço de todas as áreas de governo.

Nosso lema será : BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA!

Trata-se de lema com duplo significado. Ao bradarmos “BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA” estamos dizendo que a educação será a prioridade das prioridades, mas também que devemos buscar, em todas as ações do governo, um sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de ética e sentimento republicano.

Só a educação liberta um povo e lhe abre as portas de um futuro próspero.

Democratizar o conhecimento significa universalizar o acesso a um ensino de qualidade em todos os níveis – da creche à pós-graduação; para todos os segmentos da população – dos mais marginalizados, os negros, as mulheres e todos os brasileiros.

Ao longo deste novo mandato, a educação começará a receber volumes mais expressivos de recursos oriundos dos royalties do petróleo e do fundo social do pré-sal. Assim, à nossa determinação política se somarão mais recursos, mais investimentos.


Vamos continuar expandindo o acesso às creches e pré-escolas para todos, garantindo o cumprimento da meta de universalizar, até 2016, o acesso de todas as crianças de 4 e 5 anos à pré-escola. Daremos sequência à implantação da alfabetização na idade certa e da educação em tempo integral.

Ênfase especial daremos ao ensino médio, buscando em parceria com os Estados efetivar mudanças curriculares e o aprimoramento da formação dos professores.

O Pronatec oferecerá, até 2018, 12 milhões de vagas para que nossos jovens, trabalhadores e trabalhadoras tenham mais oportunidades de conquistar melhores empregos e possam contribuir ainda mais para o aumento da competitividade da economia brasileira.

Darei especial atenção ao Pronatec Jovem Aprendiz, que permitirá às micro e pequenas empresas contratarem um jovem para atuar em seu estabelecimento.

Vamos continuar apoiando nossas universidades e estimulando sua aproximação com os setores mais dinâmicos da nossa economia.

O Ciência Sem Fronteiras vai continuar garantindo bolsas de estudo nas melhores universidades do mundo para 100 mil jovens brasileiros.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros.

O Brasil vai continuar como o país lider, no mundo, em políticas sociais transformadoras.

Aos beneficiários do Bolsa Família continuaremos assegurando o acesso às políticas sociais e a novas oportunidades de renda. Destaque será dado à formação profissional dos beneficiários adultos e à educação das crianças e dos jovens.

Com a terceira fase do Minha Casa Minha Vida contrataremos mais 3 milhões de novas moradias, que se somam às 2 milhões de casas entregues até 2014 e às 1 milhão e 750 mil moradias em construção, que serão entregues neste segundo mandato.

Na saúde, reafirmo nosso compromisso de fortalecer o SUS.

Sem dúvida, a marca mais importante de meu primeiro mandato foi a implantação do Mais Médicos, levando atendimento básico de saúde a 50 milhões de brasileiros que não tinham acesso, nas áreas mais vulneráveis do nosso país.

Persistiremos ampliando as vagas em graduação e em residência médica, para que cada vez mais jovens brasileiros possam se tornar médicos e assegurar atendimento ao povo brasileiro.

Neste segundo mandato, vou implantar o Mais Especialidades para garantir o acesso resolutivo e em tempo oportuno aos pacientes que necessitem de consulta com especialista, exames e os respectivos procedimentos.

Meus amigos e minhas amigas, assumo com todas as brasileiras e brasileiros o compromisso de redobrar nossos esforços para mudar o quadro da segurança pública em nosso País.

Instalaremos centros de comando e controle em todas as capitais, ampliando a capacidade de ação de nossas polícias e a integração dos órgãos de inteligência e das forças de segurança pública.

Reforçaremos as ações e a nossa presença nas fronteiras para o combate ao tráfico de drogas e de armas com o Programa Estratégico de Fronteiras.

Vou propor ao Congresso Nacional alterar a Constituição Federal, para tratar a segurança pública como atividade comum de todos os entes federados, permitindo à União estabelecer diretrizes e normas gerais válidas para todo o território nacional, para induzir políticas uniformes no país e disseminar a adoção de boas práticas na área policial.

Senhoras e senhores, investimos muito e em todo o País sem abdicar, um só momento, de nosso compromisso com a sustentabilidade ambiental do nosso desenvolvimento.

Um dado explicita este compromisso: alcançamos, nos quatro anos de meu primeiro mandato, as quatro menores taxas de desmatamento da Amazônia.

Nos últimos 4 anos, o Congresso Nacional aprovou um novo Código Florestal e implementamos o Cadastro Ambiental Rural – CAR. Vamos aprofundar a modernização de nossa legislação ambiental e, já a partir deste ano, nos engajaremos fortemente nas negociações climáticas internacionais para que nossos interesses sejam contemplados no processo de estabelecimento dos parâmetros globais de redução de emissões.

Nossa inserção soberana na política internacional continuará sendo marcada pela defesa da democracia, pelo princípio de não-intervenção e respeito à soberania das nações, pela solução negociada dos conflitos, pela defesa dos Direitos Humanos, pelo combate à pobreza e às desigualdades, pela preservação do meio ambiente e pelo multilateralismo.

Insistiremos na luta pela reforma dos principais organismos multilaterais, cuja governança hoje não reflete a atual correlação de forças global.

Manteremos a prioridade à América do Sul, América Latina e Caribe, que se traduzirá no empenho em fortalecer o MERCOSUL, a UNASUL e a Comunidade dos Países da América Latina e Caribe (CELAC), sem discriminação de ordem ideológica.

Da mesma forma será dada ênfase a nossas relações com a África, com os países asiáticos e com o mundo árabe.

Com os BRICS, nossos parceiros estratégicos globais – China, Índia, Rússia e África do Sul – avançaremos no comércio, na parceria científica e tecnológica, nas ações diplomáticas e na implementação do Banco de desenvolvimento e na implementação do acordo contingente de reservas.

É de grande relevância aprimorarmos nosso relacionamento com os Estados Unidos, por sua importância econômica, política científica e tecnológica, sem falar no volume de nosso comércio bilateral.

O mesmo é válido para nossas relações com a União Européia e com o Japão, com os quais temos laços fecundos.

Em 2016, os olhos do mundo estarão mais uma vez voltados para o Brasil, com a realização das Olimpíadas.

Temos certeza que mais vez, como na Copa, vamos mostrar a capacidade de organização dos brasileiros e, agora, numa das mais belas cidades do mundo o nosso Rio de Janeiro.

Brasileiros e Brasileiras, tudo que estamos dizendo, tudo que estamos propondo converge para um grande objetivo: ampliar e fortalecer a democracia, democratizando verdadeiramente o poder.

Democratizar o poder significa lutar pela reforma política, ouvir com atenção a sociedade e os movimentos sociais e buscar a opinião do povo para reforçar a legitimidade das ações do Executivo.

Democratizar o poder significa combater energicamente a corrupção. A corrupção rouba o poder legítimo do povo. A corrupção ofende e humilha os trabalhadores, os empresários e os brasileiros honestos e de bem. A corrupção deve ser extirpada.

O Brasil sabe que jamais compactuei com qualquer ilícito ou malfeito. Meu governo foi o que mais apoiou o combate à corrupção, por meio da criação de leis mais severas, pela ação incisiva e livre de amarras dos órgãos de controle interno, pela autonomia da Polícia Federal como instituição de Estado, e pela independência assegurada ao Ministério Público.

Os governos e a justiça estarão cumprindo os papéis que se espera deles se punirem exemplarmente os corruptos e corruptores. A luta que vimos empreendendo contra a corrupção, e principalmente contra a impunidade de corruptos e corruptores, ganhará ainda mais força com um pacote de medidas que me comprometo a submeter à apreciação do Congresso Nacional ainda no primeiro semestre.

São cinco medidas: transformar em crime e punir com rigor os agentes públicos que enriquecem sem justificativa ou não demonstrem a origem dos seus ganhos; modificar a legislação eleitoral para transformar em crime a prática de caixa 2; criar uma nova espécie de ação judicial que permita o confisco dos bens adquiridos de forma ilícita ou sem comprovação; alterar a legislação para agilizar o julgamento de processos envolvendo o desvio de recursos públicos; e criar uma nova estrutura no Poder Judiciário que dê maior agilidade e eficiência às investigações e processos movidos contra aqueles que possuem foro privilegiado.

Em sua essência, essas medidas têm o objetivo de garantir processos e julgamentos mais rápidos e punições mais duras, mas jamais poderão agredir o amplo direito de defesa e o contraditório.

Estou propondo um grande pacto nacional contra a corrupção, que envolve todas as esferas de governo e todos os núcleos de poder, tanto no ambiente público como no ambiente privado.

Senhoras e Senhores, como fiz na minha diplomação, quero agora me referir a nossa Petrobrás, uma empresa com 86 mil empregados dedicados e honestos que teve, lamentavelmente, alguns servidores que não souberam honrá-la, sendo atingidos pelo combate à corrupção.

A Petrobras já vinha passando por um vigoroso processo de aprimoramento de gestão. A realidade atual só faz reforçar nossa determinação de implantar, na Petrobras, a mais eficiente e rigorosa estrutura de governança e controle que uma empresa já teve no Brasil.

A Petrobras é capaz disso e muito mais. Ela se tornou a maior empresa do mundo em capacitação técnica para a prospecção em águas profundas. Daí resultou a maior descoberta de petróleo deste início de século – as jazidas do pré-sal, cuja exploração, que já é realidade, vai tornar o Brasil um dos maiores produtores do planeta. Temos muitos motivos para preservar e defender a Petrobras de predadores internos e de seus inimigos externos. Por isso, vamos apurar com rigor tudo de errado que foi feito e fortalecê-la cada vez mais. Vamos, principalmente, criar mecanismos que evitem que fatos como estes possam voltar a ocorrer.

O saudável empenho da justiça de investigar e punir deve também nos permitir reconhecer que a Petrobrás é a empresa mais estratégica para o Brasil e a que mais contrata e investe no país.

Temos, assim, que saber apurar e saber punir, sem enfraquecer a Petrobrás, nem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro.

Não podemos permitir que a Petrobras seja alvo de um cerco especulativo dos interesses contrariados com a adoção do regime de partilha e da política de conteúdo local, que asseguraram ao nosso povo, o controle sobre nossas riquezas petrolíferas. A Petrobras é maior do que quaisquer crises e, por isso tem capacidade de superá-las e delas sair mais forte .

Queridos brasileiros e queridas brasileiras, o Brasil não será sempre um país em desenvolvimento. Seu destino é ser um país desenvolvido e justo, e é este destino que estamos construindo. Uma nação em que todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades: de estudar, trabalhar, viver em condições dignas na cidade e no campo.

Um país que respeita e preserva o meio ambiente e onde todas as pessoas possam ter os mesmos direitos: à liberdade de informação e de opinião, à cultura, ao consumo, à dignidade, à igualdade independentemente de raça, credo, gênero ou sexualidade.

Dedicarei obstinadamente todos os meus esforços para levar o Brasil a iniciar um novo ciclo histórico de mudanças, de oportunidades e de prosperidade, alicerçado no fortalecimento de uma política econômica estável, sólida, intolerante com a inflação, e que nos leve a retomar uma fase de crescimento robusto e sustentável, com mais qualidade nos serviços públicos.

Assumo aqui um compromisso com o Brasil que produz e com o Brasil que trabalha. Reafirmo também o meu respeito e a minha confiança no Poder Judiciário, no Congresso Nacional, nos partidos e nos representantes do povo brasileiro. Reafirmo minha fé na política que transforma para melhor a vida do povo.

Peço aos senhores e as senhoras parlamentares que juntemos as mãos em favor do Brasil, porque a maioria das mudanças que o povo exige tem que nascer aqui, na grande casa do povo.

Meus amigos e minhas amigas, já estive algumas vezes perto da morte e destas situações saí uma pessoa melhor e mais forte.

Sou ex-opositora de um regime de força que provocou em mim dor e me deixou cicatrizes, mas que jamais destruiu em mim o sonho de viver num país democrático e a vontade de lutar e construir este sonho.

Por isso, me emociono ao dizer que sou uma sobrevivente.

Se me permitem, quero dizer mais: pertenço a uma geração vencedora.

Duas características que me aproximam do povo brasileiro – ele também, um sobrevivente e um vitorioso, que jamais abdica de seus sonhos.

Deus colocou em meu peito um coração cheio de amor pelas pessoas e por minha pátria.

Mas antes de tudo um coração valente que não tem medo da luta.

Um coração, sim, que dispara no peito com a energia do amor, do sonho e da esperança.

Um coração tão cheio de fé no Brasil que não tem medo de proclamar: vamos vencer todas dificuldades, porque temos a chave para isso.

Esta chave pode ser resumida num verso com sabor de oração:

“O impossível se faz já; só os milagres ficam para depois”.

Muito Obrigada.

Viva o Brasil! Viva o Povo Brasileiro!”.

ENTREVISTA - 'País está entregue à ignorância dos macroeconomistas', diz Belluzzo

Economista volta a defender a Petrobras e diz que companhia é vítima da 'lógica de dois grupos: um que quer simplesmente destruí-la, outro que quer privatizá-la'

por Eduardo Maretti, da RBA


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Belluzzo: ‘Eles acham que devemos adotar as políticas que foram executadas na Europa e não deram certo’

no Rede Brasil Atual


São Paulo – A economia brasileira não tem como crescer com as políticas que devem ser adotadas pela equipe econômica do governo que se inicia nesta quinta-feira (1°). Baseado no chamado tripé macroeconômico – cujos pilares são meta de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal –, esse conjunto de princípios só interessa ao mercado financeiro. A opinião é do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, para quem os governos se submetem ao comando dos interesses desse mercado globalizado desde 1994.
Em sua opinião, os custos decorrentes dessa aliança em que só um lado ganha podem comprometer o emprego e a renda nos próximos anos. “Eles acham que devemos adotar as políticas que foram executadas na Europa e não deram certo, mas que aqui vai funcionar. O que vai acontecer? Eles vão cortar renda e emprego. Só que isso vai ser feito com uma recessão”, prevê. “O país está entregue à ignorância dos macroeconomistas.”
De acordo com Belluzzo, existe um consenso equivocado em torno da economia do país segundo o qual não há alternativas senão as do ajuste fiscal e do tripé macroeconômico, contemplados pela nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda. “O problema da discussão nos termos em que ela é feita pela imprensa e pelos economistas é como se isso fosse uma espécie de caminho infalível para recuperar o crescimento, e não é verdade”, critica.
Em entrevista à RBA, o economista diz que “previsão de economista está sujeita a chuvas e trovoadas”. Mas acrescenta que, devido a alguns indicadores, acredita que “a economia já está resvalando numa recessão”.
A situação da indústria, para ele, é significativa. Segundo o IBGE, por exemplo, os índices do setor industrial foram negativos não só no fechamento do terceiro trimestre de 2014 (-3,7%), como no acumulado dos nove meses do ano (-2,9%), em comparações com iguais períodos do ano anterior.
Belluzzo voltou a defender a Petrobras. Para ele, é preciso separar as denúncias de corrupção da importância da companhia para o país. “Não há que se misturar – e é o que a imprensa faz o tempo inteiro – esses escândalos de corrupção com a importância da empresa.”
Leia a entrevista a seguir:
Alguns setores progressistas criticam Dilma pela escolha de Joaquim Levy para a Fazenda, pois ela teria capitulado ao mercado, e outros acham que ela não tinha alternativa a não ser tentar um equilíbrio entre Levy e Nelson Barbosa no Planejamento. Como o senhor vê esse cenário?
Tenho poucas dúvidas de que a escolha do Levy, independentemente das características e qualidades pessoais dele, tenha sido pensada como uma espécie de, eu diria, um getulismo après la lettre, um getulismo depois do Getúlio. Só que estamos vivendo uma conjuntura histórica, mundial, muito diferente. O Levy está sendo visto como um ministro capaz de infundir confiança ao mercado, promete uma política econômica mais adequada ao que foi construído nos últimos, digamos, 20 anos, pelo consenso dos mercados financeiros. Precisamos ter claro quem é que manda em quem.
Ninguém com um mínimo de senso tem dúvida de quem comanda. Desde os anos 1980 foi-se fazendo a desregulamentação financeira, culminou na crise (de 2008), porém, a crise não reduziu o poder dos mercados. Ao contrário, continuaram fazendo as mesmíssimas coisas. Quem capitulou foram os governos. O Brasil, desde 1994, vem se submetendo a isso de maneira constante. Teve um momento, de 2004 a 2010, meados de 2011, em que a mudança de preços das commodities e bens industriais nos favoreceu enormemente. Isso abriu espaço para que o governo Lula, e sua equipe econômica, corretamente, de maneira virtuosa, executassem as políticas de inclusão e melhoria das condições de vida das populações submetidas sempre a situações vexatórias. Lula foi o governo que teve a taxa média de crescimento mais alta nos últimos 20 anos. Se você pega a curva do crescimento e junta ao boom de commodities, elas coincidem exatamente. Isso arrefeceu a partir de 2010, 2011, por várias razões, como a desaceleração chinesa.
O que o senhor espera do propalado ajuste fiscal que deve ser implementado pelo segundo mandato de Dilma?
Temos de esperar para ver os resultados. A minha aposta é que não vão ser muito bons. No fundo, vai ser o que é em todos os lugares. Não estamos morando no planeta Marte, como alguns acham. Eles acham que devemos adotar as políticas que foram executadas na Europa e não deram certo, mas que aqui vão funcionar. O que vai acontecer? Eles vão cortar renda e emprego. Só que isso vai ser feito com uma recessão. É isso. Está caminhando para isso. Para evitar o desemprego e a recessão é difícil. Se já entrou nesse túnel, vai ser difícil sair dele. O país está entregue à ignorância dos macroeconomistas.
Há muita crítica ao ajuste fiscal e ao tripé macroeconômico, mas qual seria uma proposta alternativa?
Ninguém com sanidade mental propõe que você tenha descontrole dos gastos e uma política monetária irresponsável. O que é muito diferente de você rezar todo dia para a santíssima trindade do tripé macroeconômico. O problema da discussão nos termos em que ela é feita pela imprensa e pelos economistas é como se isso fosse uma espécie de caminho infalível para recuperar o crescimento, e não é verdade.
O Brasil está caindo rapidamente para a série C entre as economias emergentes. Por quê? Porque ao longo dos últimos 20 anos, incluídos os governos do PT, a política econômica descuidou da indústria brasileira. As políticas foram circunstanciais, apoiadas em sucessos ou fracasso imediatos. O motor fundiu e o motor é a indústria brasileira. A taxa de crescimento da China vai cair, ficar em 4%, 5%, 6%, com articulação para dentro da Ásia (Taiwan, Indonésia, Coreia etc.) mais a Índia, que está começando a puxar a asinha para o lado da China, e da Rússia. Tivemos a criação dos Brics, que é um potencial enorme de crescimento se o Brasil se der conta da importância disso.
Mesmo com a Rússia nessa crise?
Mesmo, sobretudo com a Rússia nessa crise, porque ela vai ter de se aproximar ainda mais dos chineses para acertar um pouco a situação do rublo e diversificar um pouco sua economia. Eles têm um acordo de fornecimento de gás e óleo de U$ 400 bilhões para a China nos próximos dez anos, e ao mesmo tempo acordos de investimentos da China para a Rússia, em manufatura.
Como vê a utilização da Petrobras e denúncias de corrupção como pretexto para atacar o governo, como acontece sempre desde Getúlio Vargas?
Sim, sempre e não mudou. A Petrobras foi construída por um esforço não só do Getúlio, mas dos militares desenvolvimentistas e nacionalistas que eram importantes nesse tempo. Tanto que foram cassados 7 mil militares a partir de 1964, que eram esses. As Forças Armadas foram expurgadas da força mais positiva que tinha. Eu gostaria que elas recuperassem esse ponto de vista para o Brasil em vez de ficar discutindo com a Comissão da Verdade. Eles tiveram um papel muito importante e digno na construção do desenvolvimento brasileiro. A Petrobras sempre é o alvo. Não há que se misturar – é o que a imprensa faz o tempo inteiro – esses escândalos de corrupção com a importância da empresa. Será que é difícil separar isso?
É preciso recuperar a Petrobras. Seria um desastre se seguíssemos a lógica de dois grupos: um que quer simplesmente destruí-la, outro que quer privatizá-la, e a Petrobras é um instrumento muito importante de desenvolvimento e articulação de seus investimentos com os produtores locais de equipamentos etc. Os fornecedores da Petrobras estão sofrendo muito com os atrasos de pagamentos.
Os corruptos têm de ser punidos, mas a Petrobras preservada, como disse Dilma...
Sim, e como as empreiteiras. Elas foram importantes para o desenvolvimento brasileiro, passando por todos os governos. Construíram a infraestrutura do Brasil, têm memória técnica. As empreiteiras são parceiras. Não se pode fazer o que a Rede Globo está propondo, que venham as empreiteiras americanas aqui, tão ou mais corruptas que as empresas brasileiras. Não vamos nos iludir com a estrutura de mercado dessas empresas. As grandes empreiteiras brasileiras são internacionais. Se houve malversação, propina etc., tem de punir quem fez, não destruir as empresas.
Voltando ao desenvolvimento, como você vai recuperar o crescimento agora? Qual vai ser o motor da economia? Vai se apoiar na exportação de commodities, nos serviços, o que não tem nem pé nem cabeça, e vai deixar a indústria morrer lentamente? Por isso que estou dizendo: o Brasil tem um acordo com os Brics que tem dois pilares: o Banco de Desenvolvimento e o Acordo Contingente de Reservas, na verdade um embrião de "FMI dos Brics". Se já estivesse em funcionamento, provavelmente teríamos um movimento de amparo à Rússia, neste momento de flutuação da moeda deles.
O Brics já é um caminho consolidado?
Acho que os russos, os indianos e os chineses estão apostando nos Brics muito mais do que nós. Porque nós temos a tropa do “sempre o mesmo”. Eles acham que se aproximando dos Estados Unidos vamos ter alguma vantagem. Nós não temos que nos afastar dos Estados Unidos, temos que manter relações normais. Agora, é só olhar os efeitos do Nafta sobre o México para ver se é bom ter um acordo comercial do tipo. O México é um exemplo de país que está regredindo à idade da pedra, do ponto de vista social e político. A “turma da mesma coisa” não está prestando atenção às transformações da economia mundial e que deslocaram o eixo econômico para a Ásia. Os americanos já perceberam isso.
Mas os Brics são uma forma de você encaminhar uma saída mais razoável, porque não é possível, voltando ao que eu disse inicialmente, que o comando do mercado financeiro submeta as economias emergentes a esse sobe e desce. Ora é a euforia, ora é o desânimo total. Isso tem a ver nos últimos 20 anos com o emperramento do motor da economia brasileira, porque nós na verdade não reagimos de maneira adequada, e não percebemos que estava entrando um novo protagonista importantíssimo (a China), que fez uma atropelada, como se diz no jóquei, do processo de industrialização e em 20 anos passou a ser, de uma economia industrial modesta, para a maior economia industrial manufatureira do mundo.
A queda do preço do petróleo, paradoxalmente, não pode a curto prazo favorecer  o Brasil, até para amenizar o impacto dos preços abaixo do mercado praticados pelo governo nos últimos tempos?
Pode. A curto prazo é verdade. Mas se cair muito vai ter problema com o pré-sal. Se bem que os técnicos da Petrobras dizem que o pré-sal aguenta até 40, 45 dólares o barril (o preço do barril estava em U$ 57 o barril na terça-feira, 30).
Há risco de se deteriorarem os resultados da política iniciada com Lula voltada ao mercado interno brasileiro, diante de um cenário não muito positivo para os próximos anos?
Há, porque a questão não é de oposição entre mercado externo e interno, mas como se articulam as duas coisas. Nos períodos anteriores, o Brasil cresceu com determinado padrão de articulação externa, tanto do ponto de vista de investimento direto quanto do comércio. Nos anos do regime militar nós ampliamos as exportações de manufaturados, com uma série de políticas. O mercado interno cresceu em cima do investimento público e no investimento privado. Você tinha uma articulação virtuosa entre a situação externa, que era favorável, e o movimento da economia doméstica. O Brasil foi a China dos anos 50, 60 e 70, o país que teve o surto de industrialização mais importante. Foi exatamente no período que a China acelerou que a (nossa) indústria foi perdendo peso. Tivemos uma desindustrialização no sentido mais claro.
Desde a campanha eleitoral já sabíamos que 2015 seria difícil, independentemente de quem ganhasse. Qual o grau da dificuldade?
Previsão de economista está sujeita a chuvas e trovoadas. Mas, do meu ponto de vista, a economia já está resvalando numa recessão. Você vai ver os dados do último quadrimestre e do ano, com a indústria claramente contraindo ainda mais. O Banco Central está anunciando que vai subir ainda mais as taxas de juros, isso bate direto na dívida pública, no estoque. Aí, vai-se tentar fazer o superávit primário numa situação em que a economia está desacelerando.
É difícil, porque as receitas fiscais também caem quando você faz esse ajuste, ainda que você aumente impostos. Com a crise da Petrobras e das empreiteiras, quais são os instrumentos que se vai usar pra recuperar o investimento público e em infraestrutura necessários, feitos na articulação do setor público com o privado? Como fazer isso com as empresas em cacos? Por isso eu acho importantíssimo preservar as empresas.
Dilma tentou, até abril de 2013, baixar a Selic, foi muito pressionada pelo mercado e acabou cedendo. Como vê o cenário dos juros?
Nós tivemos várias etapas da política monetária na sua relação com a política fiscal na história da economia brasileira. O tripé é uma ideia que tem a ver com os interesses do mercado financeiro. Quem acha que é uma coisa técnica deve se  internar no Juqueri, se é que ainda existe. Isso é uma articulação de política econômica que diz respeito à globalização financeira, à integração dos mercados financeiros, ao movimento de capitais, sobretudo. É muito difícil afrontar isso. Em geral os países, inclusive os europeus, tendem a enfiar a viola no saco, atropelados pelo mercado financeiro. Eles não tiveram coragem de fazer o que tinham de fazer, nem esse banana desse Obama, que era colocar um controle público em cima dos bancos. Não estou falando estatal, mas público, reincentivar a criação de bancos locais, regionais etc, mudar a estrutura do sistema financeiro.
É um engano pensar que 2015 é igual a 2003 e 2004. Alguns acham que a política (do primeiro mandato de Lula – 2003-2006) foi bem sucedida por causa do (ex-ministro da Fazenda Antonio) Palocci, mas foi bem sucedida por causa da mudança dos termos de intercâmbio provocada pelo avanço chinês nas commodities.
Alguns economistas opinam que não há como estabelecer políticas de longo prazo, em infraestrutura ou distribuição de renda, se no curto prazo a economia está caótica, e por isso é necessário “dialogar” com o mercado. Daí a nomeação de Levy...

O mercado não quer conversar com você. Ele quer que você faça o que ele quer. O diálogo de que falam é um monólogo. Ou você aceita ou vai levar ferro. Estou falando isso desde 2012: que o governo não atraiu para o seu âmbito os empresários que podiam ajudar, por exemplo, ao demorar na decisão dos investimentos em infraestrutura. De que mercado se está falando? De quem? Dessa gente que na verdade é um bando de autistas, que falam com eles mesmos? O que se tem que atrair são aqueles que ainda resguardam o espírito empresarial, que querem fazer as coisas.


quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

10 histórias de revolucionárias que você não aprendeu na escola




Algumas armadas com rifles, outras armadas com a caneta: 10 mulheres que lutaram muito por algo em que acreditavam e que provavelmente nunca serão estampadas em uma camiseta
Todo o mundo conhece homens revolucionários como Che Guevara, mas a história geralmente tende a polir as contribuições de mulheres revolucionárias que sacrificaram seu tempo e suas vidas na luta contra sistemas e ideologias burguesas. Apesar dos falsos conceitos a respeito, existiriam milhares de mulheres que participaram em revoluções ao longo da história, com muitas delas exercendo papéis cruciais. Elas podem vir de diferentes espectros políticos, algumas armadas com rifles e outras armadas com nada além da caneta, mas todas lutaram muito por algo em que acreditavam.
Abaixo, estão 10 exemplos dessas mulheres revolucionárias de todas as partes do mundo, que provavelmente nunca serão estampadas em uma camiseta.
Wikicommons
Nadezhda Krupskaya
Muitas pessoas conhecem Nadezhda Krupskaya apenas como a companheira de Vladimir Lênin, mas Nadezhda foi uma política e revolucionária bolchevique graças a seus próprios esforços. Ela estava imensamente envolvida em uma variedade de atividades políticas e projetos educacionais – inclusive servindo como ministra interina da Educação na União Soviética de 1929 até sua morte, em 1939.
[Nadezhda Krupskaya]
Antes da revolução, ela serviu como secretária do jornal político Iskra, gerenciando toda a correspondência que atravessava o continente europeu, muita das quais tinham que ser codificadas. Depois da revolução, ela dedicou sua vida à melhora nas oportunidades educacionais para trabalhadores e camponeses, como por exemplo, sua luta para tornar as bibliotecas disponíveis para toda a população.
Constance Markievicz
Constance Markievicz (nome de solteira, Gore-Booth) foi uma condessa anglo-irlandesa revolucionária, nacionalista, sufragista, socialista e membro dos partidos políticos Sinn Féin e Fianna Fáil. Ela participou de inúmeros esforços para a independência da Irlanda, incluindo a Revolta da Páscoa, em 1916, onde teve um papel de liderança. Durante o levante, ela feriu um franco-atirador britânico antes de ser forçada a recuar e se render. Por consequência, foi a única mulher entre os 70 prisioneiros que foram confinados em solitária. Ela foi sentenciada à morte, mas acabou sendo perdoada por ser mulher. O promotor de acusação alegou que ela chegou a implorar, dizendo “Eu sou apenas uma mulher, você não pode atirar em uma mulher”. Todavia, os registros da corte mostram que ela, na verdade, disse: “Eu realmente queria que a sua laia tivesse a decência de atirar em mim”. Constance foi uma das primeiras mulheres no mundo a conseguir uma posição ministerial (Ministra do Trabalho da República Irlandesa, 1919-1922), e foi também a primeira mulher eleita para a Câmara dos Comuns em Londres (dezembro de 1918) – uma posição que ela rejeitou devido à política de abstenção do partido irlandês, Sinn Féin.
Reprodução
Petra Herrera
Durante a Revolução Mexicana, as combatentes femininas conhecidas como soldaderas entram em combate ao lado dos homens, apesar de elas frequentemente enfrentarem abusos. Uma das mais conhecidas das soldaderas foi Petra Herrera, que se disfarçou de homem e passou a se chamar “Pedro Herrera”. Como Pedro, ela estabeleceu sua reputação ao demonstrar liderança exemplar (assim como por explodir pontes) e terminou por se revelar como mulher.
[Petra Herrera]
Ela participou da segunda batalha de Torreón, em 30 de maio de 1914, junto de outras 400 mulheres, até mesmo sendo aclamada por algumas por merecer todo o crédito pela vitória na batalha. Infelizmente, Pancho Villa não estava disposto a dar esse crédito a uma mulher e não a promoveu para “general”. Em resposta, Petra abandonou as forças de Villa e formou sua própria brigada composta só de mulheres.

Nwanyeruwa
Nwanyeruwa, uma nigeriana da etnia Ibo, foi a responsável por uma curta guerra que geralmente é considerada o primeiro grande desafio da autoridade britânica no oeste da África, durante o período colonial. Em 19 de novembro de 1929, ocorreu uma discussão entre Nwanyeruwa com um oficial de censo chamado Mark Emereuwa por tê-la mandado “contar suas cabras, ovelhas e família”. Compreendendo que isso significava que ela seria taxada (tradicionalmente, as mulheres não pagavam impostos), ela discutiu a situação com outras mulheres e protestos, cunhados de Guerra das Mulheres, passaram a ocorrer ao longo de dois meses. Cerca de 25 mil mulheres de toda a região se envolveram nas manifestações, protestando tanto contra as mudanças nas leis tributárias, como pelo poder irrestrito das autoridades. No final, a posição das mulheres venceu, com os britânicos abandonando seus planos de impostos, assim como a renúncia forçada de muitas autoridades do censo.
Wikimedia Commons
Lakshmi Sehgal
 
Lakshmi Sehgal, coloquialmente conhecida como “Capitã Lakshmi”, foi uma revolucionária no movimento de independência da Índia, uma oficial do exército nacional indiano e, depois, Ministra dos Assuntos para Mulheres no governo Azad Hind. Na década de 1940, ela comandou o regimento Rani de Jhansi – um regimento composto apenas por mulheres que visavam derrubar o Raj britânico na Índia colonial. O regimento foi um dos poucos que tiveram combatentes apenas de mulheres na Segunda Guerra Mundial, em ambos os lados, e foi nomeado assim por conta de outra revolucionária feminina na Índia, chamada Rani Lakshmibai, que foi uma das figuras líderes da Rebelião Indiana em 1857.
Sophie Scholl
A revolucionária alemã Sophie Scholl foi uma das fundadoras do grupo de resistência não violenta antinazista, chamado a Rosa Branca, que promovia a resistência ativa ao regime de Adolf Hitler por meio de uma campanha anônima de panfletagem e grafite. Em fevereiro de 1943, ela e outros membros do grupo foram presos por entregarem panfletos na Universidade de Munique e sentenciados à morte por guilhotina. Cópias dos panfletos, reintitulados “O Manifesto dos Estudantes de Munique”, foram contrabandeados para fora do país para serem lançados, aos milhões, por aviões das forças Aliadas por toda a Alemanha.

Blanca Canales
Blanca Canales foi uma nacionalista porto-riquenha que ajudou a organizar a “Filhas da Liberdade” – ala feminina do Partido Nacionalista Porto-Riquenho. Ela foi uma das poucas mulheres na história a liderarem uma revolta contra os EUA, no que ficou conhecido como o Levante Jayuya. Em 1948, uma severa lei de restrição, conhecida como a Lei da Mordaça, ou Lei 53, em que se criminalizava a impressão, publicação, venda ou exibição de qualquer material que tencionava paralisar ou destruir o governo da ilha. Em resposta, os nacionalistas passaram a planejar uma revolução armada. Em 30 de outubro de 1950, Blanca e outros pegaram as armas que tinham escondido em sua casa e marcharam para dentro da cidade de Jayuya, tomando a delegacia, queimando o posto de correio, cortando as linhas telefônicas e hasteando a bandeira de Porto Rico, em desafio à Lei 53. Como resultado, o presidente norte-americano declarou lei marcial e ordenou que o exército e a força aérea atacassem a cidade. Os nacionalistas aguentaram o máximo que puderam, mas foram presos e três dias depois, sentenciados à prisão perpétua. Grande parte de Jayuya foi destruída e o incidente não foi coberto corretamente pela imprensa dos EUA – tendo até mesmo o presidente norte-americano dizendo que foi “um incidente entre porto-riquenhos”.
Celia Sanchez
A maioria das pessoas conhece Fidel Castro e Che Guevara, mas poucas ouviram falar de Celia Sanchez, a mulher no coração da Revolução Cubana, onde até mesmo rumores dizem ter sido a principal tomadora de decisões. Após o golpe de 10 de março de 1952, Celia se juntou na luta contra o governo de Fulgencio Batista. Ela foi uma das fundadoras do Movimento 26 de Julho, foi líder dos esquadrões de combate durante toda a revolução, controlou os recursos do grupo e até mesmo organizou o desembarque do Granma, que transportou 82 combatentes de México para Cuba, para derrubar Batista. Depois da revolução, Celia continuou com Castro até sua morte.
Kathleen Neal Cleaver
Kathleen Neal Cleaver foi uma das integrantes do Partido dos Panteras Negras e a primeira mulher do partido a fazer parte do corpo de “tomadores de decisões”. Ela serviu como porta-voz e secretária de imprensa, organizando também a campanha nacional para libertar o aprisionado ministro da Defesa dos Panteras, Huey Newton. Ela e outras mulheres, como Angela Davis, chegaram em determinado momento a contabilizar dois terços do quadro dos Panteras, apesar da noção de que o partido era majoritariamente masculino.

Asmaa Mahfouz
Asmaa Mahfouz é uma revolucionária moderna, a quem repousa o crédito de ter inflamado o levante de janeiro de 2011 no Egito, por meio de um vídeo postado na internet, encorajando outros a juntar-se a ela nos protestos na Praça Tahrir. Ela é considerada uma das líderes da Revolução Egípcia e uma proeminente integrante da Coalizão de Jovens da Revolução Egípcia.
Originalmente publicada em Whizzpast, com tradução de Vinicius Gomes para o Brasil de Fato