terça-feira, 18 de novembro de 2014

Saúde - Luta pela descriminalização Por que legalizar o aborto? No lugar de defender a saúde das mulheres, grupos religiosos impõem ao pais, sob a aquiescência do governo, aberrações como o Estatuto do Nascituro

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por Ana Maria Costa — publicado 28/09/2013 - no Carta Capital
O dia 28 de setembro é marcado pelos movimentos sociais latino-americanos como data de luta pela descriminalização do aborto. Por que legalizar o aborto? Para consolidar o Estado laico, aperfeiçoar a democracia e promover os direitos sexuais e reprodutivos e a saúde das mulheres.
Ao contrario do Uruguai, que optou pela vida e os direitos das mulheres legalizando o aborto, o Brasil estancou o debate sobre o tema no Parlamento e no governo, barrando direitos essenciais para a democracia.
Na vida real, as mulheres brasileiras que engravidam contra a vontade, planos ou desejos, prosseguem interrompendo gestações de forma clandestina e insegura, morrendo ou adquirindo sequelas que na maioria das vezes impedem os futuros planos reprodutivos.
Sempre é pertinente lembrar que todas as mulheres, de todas as idades, classes sociais, etnias e religiões abortam, mas a ocorrência de problemas de saúde relacionados ao aborto clandestino é bem maior para as mulheres pobres e negras que, nestas ocasiões, são as que de fato se submetem a atendimentos e condições mais precárias e arriscadas.
A sociedade brasileira deve encarar a legalização do aborto por diversas razões. Trata-se de um reconhecido problema de saúde pública cujas evidências, ainda que subdimensionadas, têm sido amplamente demonstradas e discutidas.
A ilegalidade do aborto compromete os direitos inerentes à democracia e, por isso, é premente o seu aperfeiçoamento articulado à laicidade do Estado, garantindo às mulheres mais direitos e mais cidadania.
Por último, é inconcebível que o país que hoje avança rumo ao grupo de nações mais poderosas do planeta mantenha-se alienado no reconhecimento do direito legal à interrupção da gravidez, acuado por grupos religiosos, recusando a analisar e aprovar mudanças na legislação sobre o aborto que atende aos interesses coletivos.
O conceito de laicidade deve ser entendido como um dispositivo democrático que garante a liberdade religiosa na sua ampla diversidade e, ao mesmo tempo, garante a independência das decisões do Estado relacionadas aos interesses públicos. Em outra perspectiva, no Brasil a laicidade é afirmativa no marco constitucional ao expressar e conferir garantias à liberdade religiosa aos cidadãos, o que requer a neutralidade do Estado.
Entretanto, a prática da laicidade não tem sido observada e os poderes públicos estão contaminados com referências, signos e valores religiosos, mais especificamente os cristãos católicos. A maioria das repartições públicas, hospitais e outros serviços têm crucifixo na parede ou outras imagens católicas. Há alguns anos, o fato do plenário do Supremo Tribunal Federal dispor de um grande crucifixo gerou polêmica por oportunos questionamentos de feministas e de defensores da laicidade.
A mensagem do símbolo religioso presente nos espaços públicos impõe o falso pressuposto de que a religião é anterior à própria democracia quando, de fato, a religião deveria estar submetida ao pacto democrático.
O direito constitucional à liberdade religiosa garante que os crentes tenham qualquer religião e que os não-crentes não tenham religião. Entretanto, o Estado tem o dever de contestar, pelo bem comum e pela preservação dos interesses coletivos, a imposição de dogmas religiosos.
Às religiões e às igrejas é dado criar suas próprias verdades que nem sempre estão baseadas em constatações objetivas e cientificas e, nem sempre são capazes de permitir a liberdade dos que não agem ou pensam de forma semelhante aos seus preceitos. Já ao Estado não é permitido atuar ou decidir sem fundamentação cientifica ou baseado em argumentos que  não possam ser comprovados. Nem decidir com base em preceitos e valores religiosos de grupos sociais, contrariando os interesses do conjunto da população.
A inversão do lugar da religião emprenha os poderes e as instituições, cujas consequências se manifestam na vida social. Um bom exemplo desta inversão é a objeção de consciência dos profissionais de saúde no atendimento ao aborto, mesmo nos casos legalizados ou permitidos pela lei.
Tem sido assim nos serviços de saúde que, mesmo incorporando objetivos quanto ao cuidado seguro das mulheres em situação de abortamento, os profissionais alegam “objeção de consciência” e negam o atendimento, subtraindo o direito à saúde e à preservação da vida das mulheres. Trata-se, em última instancia, de uma imposição de poder do profissional e de seus valores morais às mulheres. E o fazem amparado, geralmente, pelos respectivos códigos de ética profissional.
Como advogar pela laicidade do Estado quando o país incentiva o ensino da religião católica na escola pública, em obediência a acordos entre governos nacionais e o Vaticano? Na saúde, é expressiva a presença das organizações sociais religiosas na assistência hospitalar, que contam com apoio financeiro e subsídios governamentais. Será que estas instituições atendem de forma correta, pronta e segura a mulher que busca atendimento nas situações de abortamento, mesmo nos casos permitidos pela Lei?
Nos últimos anos a situação do aborto no Brasil vem sendo esclarecida pelos diversos estudos realizados. Já não sobram duvidas de que o aborto é importante causa da mortalidade materna. Mesmo que a ampla comercialização seja lamentavelmente proibida pela Anvisa, o uso do Cytotec (misoprostol) adquirido pelas mulheres clandestinamente reduziu de modo significativo as complicações por aborto inseguro. Mas nem sempre o processo de abortamento por uso do Cytotec prescinde da assistência médica e, nesses casos, quando as mulheres buscam os serviços de saúde, acabam vitimadas por censuras, ameaças ou maus tratos dos próprios profissionais de saúde.
Os estudos de itinerários de mulheres que abortam mostram que quanto mais pobres, mais tempo e mais difícil é para elas o acesso a um atendimento em serviço de saúde. Por isso morrem ou adquirem doenças em decorrência do abortamento desassistido.
Aborto é de fato um problema complexo de saúde pública e a sua legalização é uma necessidade.  O sofrimento das mulheres e das famílias que vivenciam o abandono e a ausência do Estado quando precisam ou desejam abortar deve ser dimensionado por todos os atores públicos, se é que ocupam esta posição para defender os interesses públicos.
No lugar de se comprometer com a cidadania e a saúde das mulheres brasileiras, grupos religiosos impõem ao pais, sob a aquiescência pacífica do governo, aberrações como o Estatuto do Nascituro, bolsa-estupro e outras propostas de igual teor de violência contra as mulheres. Se estes atores que atuam no governo e no Congresso Nacional tivessem a sensibilidade, humanizada e solidária, de perceber, sentir e compreender a situação de abandono, o desespero e a dor das mulheres quando se encontram diante de uma gravidez indesejada, teriam a chance de colocar seus valores religiosos na estrita esfera do pessoal e do privado. Mas para isso é imprescindível que se aproximem da condição humana. As decisões destinadas ao conjunto da sociedade devem ser pautadas pelo respeito ao outro e pela solidariedade humana. Assim o país avançaria para promover, não apenas a laicidade e a democracia mas, especialmente, os direitos, a autonomia , a cidadania e a saúde das mulheres.

*Ana Maria Costa é médica, feminista e presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes).

SP: MST reocupa fazenda grilada pela multinacional da laranja Cutrale

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por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
O tempo passa, mas uma certeza fica a cada dia mais forte, o Brasil precisa tratar a questão agrária e da Reforma Agrária Popular de uma forma mais séria.
Uma Reforma Agrária Popular teria impactos fundamentais na vida da sociedade brasileira como um todo. Todos ganhariam. 
No Projeto Click Humano, projeto que trata da questão das pessoas em situação de rua, temos debatido as causas que provocam o aumento crescente, aqui e em praticamente todas as médias e grandes cidades do mundo, do fenômeno "morador" de rua.
Um dos pontos de debate causal é exatamente as faltas de condições no campo ao longo dos últimos 100 a 200 anos em várias partes do planeta que causou e causa o êxodo rural e o inchamento das áreas urbanas.
Pode até soar ultrapassado, mas não é, é atualíssimo o tema.
Uma Reforma Agrária Popular levará de volta ao campo e à dignidade humana, milhares de famílias que vivem a iniquidade de "habitarem" pontes, viadutos, ruas e avenidas, igrejas, prédios abandonados, túneis e até cemitérios em várias regiões da terra.
O caso dessa terra grilada por uma multinacional da laranja é um verdadeiro "tapa na cara" de quem luta pela terra e pela democracia.

SP: MST reocupa fazenda grilada pela multinacional da laranja Cutrale

Empresa foi considerada "grileira" pela Justiça 
Do MST - no Caros Amigos
Na manhã de domingo (16), cerca de 300 pessoas ocuparam novamente a Fazenda Santo Henrique, pertencente a empresa Cutrale, entre os municípios de Iaras, Borebi e Lençóis Paulista, no interior do estado de São Paulo. Os Sem Terra denunciam a grilagem de 2,6 mil hectares de terra pela Cutrale. 
Há nove anos que a área é objeto de ação reivindicatória pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), já que em 2005 o órgão federal notificou a empresa para que desocupasse a área, pelo fato das terras terem sido reconhecidas como públicas. A Cutrale, no entanto, ignorou a notificação.
“Já ocupamos essa fazenda inúmeras vezes, e continuaremos ocupando até que essas terras sejam destinadas à Reforma Agrária. Não há outra saída a não ser a desapropriação dessa área”, disse Kelli Mafort, da direção nacional do MST.
A Fazenda Santo Henrique faz parte do conhecido Núcleo Colonial Monções, que tem cerca de 40 mil hectares, reconhecidos como terras pertencentes à União.
Grilagem
Em 10 de julho de 2013 a Juíza da 1° Vara Federal de Ourinhos havia pedido o bloqueio da matrícula da Fazenda Santo Henrique. 
No dia 08 de abril deste ano, tal decisão foi confirmada pela 1°Turma do Tribunal Regional Federal da 3° Região.
Ambas as decisões se fundamentam em documentos que comprovam a propriedade da União sobre a Fazenda Santo Henrique, o que coloca a Empresa Sucrocitrico Cutrale na condição de grileira de terra.
“Sempre que ocupamos essa área fomos criminalizados pela imprensa. No entanto, as decisões judiciais seguem confirmando o que sempre denunciamos, de que essas terras são griladas e pertencem à União", observa Kelli.
Agrotóxicos 
Além da grilagem de terras públicas, os trabalhadores e trabalhadoras rurais também denunciam o envolvimento da Cutrale com danos ambientais, trabalhistas e sociais.
Segundo os Sem Terra, além do não respeito às áreas de Reserva Legal, a empresa é conhecida por se utilizar de enormes quantidades de agrotóxicos na produção de laranja, o que contamina o meio ambiente e intoxica os trabalhadores da própria Cutrale. 
No final de 2012, o governo dos Estados Unidos ameaçou suspender a importação de suco de laranja produzido por grandes empresas no Brasil, dentre elas a Cutrale. O motivo foi um estudo que diagnosticou o fungicida Derosal (carbendazim) na produção de laranja, proibido nos Estados Unidos.
Direitos trabalhistas
Em março desse ano, a Justiça Trabalhista de Matão condenou a Cutrale – junto com outras quatro empresas do ramo - a encerrar a terceirização irregular das atividades de plantio, cultivo e colheita de laranjas, além de pagar indenizações que somam R$ 455 milhões pelo não cumprimento da legislação trabalhista.
Já em 2012, uma ação movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em Bauru, identificou irregularidades em instalações da empresa na cidade de Areiópolis, a 272 quilômetros da capital paulista.
Após as denuncias, a Justiça do Trabalho de Botucatu determinou que a empresa regularizasse os alojamentos de trabalhadores, sejam eles contratados pela empresa ou terceirizados, em conformidade com as normas de medicina e higiene do trabalho.
Cartel
Outra prática irregular constantemente denunciada é a formação de cartel pelas quarto maiores empresas do setor: Cutrale, Citrosuco, Citrovita (controlada pelo grupo Votorantim) e Louis Dreyfus.
A Cutrale, sozinha, responde por 80% da produção mundial de suco de laranja concentrado (superior a um milhão de toneladas por ano) e exporta 97% da produção.
No ano passado, centenas de médios e pequenos produtores de laranja, fornecedores das empresas que monopolizam o setor sofreram uma “quebradeira” em massa, devido à recusa da compra de sua produção.
Com isso, o interior de São Paulo foi tomado por protestos diante dessa grave situação. Durante esse período foram derrubados muitos pés de laranja e vários produtores tiveram que mudar sua atividade produtiva, somando enormes prejuízos.

USP: Diretor de faculdade pressionou deputados para suspender audiência que denunciou abusos

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por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

Imaginem o seguinte: alunos hoje profissionais da saúde amanhã. Não estou afirmando que os alunos de medicina da Faculdade da conceituada USP são os responsáveis, apesar de parecer não existir nenhuma sombra de dúvidas, segundo a matéria da RBA.

Esses rapazes serão os médicos de um futuro próximo. Cuidarão, ou, ajudarão a cuidar de pessoas. Acredito que a Faculdade precisa tomar as medidas urgentes de apuração e punição exemplar.

Esse tipo de atitude do diretor da Faculdade em se esforçar para que a audiência não acontecesse é um absurdo.

Esses fatos que, segundo o texto abaixo, veem sendo repetido há tempos, precisam de esclarecimento, isso é uma questão de Direitos Humanos.

A prática do estupro, onde quer que seja, precisa ser punida.

USP: Diretor de faculdade pressionou deputados para suspender audiência que denunciou abusos


Por Cida Oliveira - Da Rede Brasil Atual - no Caros Amigos
Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo foram pressionados diretamente pelo diretor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), José Otávio Costa Auler Junior, para que não realizassem a audiência pública de terça-feira (11) sobre as violações aos direitos humanos na faculdade.
Durante as sete horas que durou a audiência, estudantes denunciaram estupros, assédio e outros tipos de violência durante festas e trotes na instituição. Alunos contaram, por exemplo, que os agressores filmavam os estupros que eram divulgados pela internet.
O presidente da comissão, deputado Adriano Diogo (PT), disse hoje (14) que, na última sexta-feira, Auler telefonou diversas vezes para os demais parlamentares e em seguida para o seu gabinete, pedindo a ele a suspensão da audiência.
“Exaltado, aos gritos, sem me deixar falar, ele dizia que a reunião não deveria ser realizada porque iria jogar na lama o nome da instituição e que ele iria tomar providências contra os abusos”, disse Diogo à RBA, ressaltando que não houve nenhum tipo de ameaça por parte do diretor. No entanto, ocorreram pressões e até manobras para esvaziar a reunião numa tentativa de inviabilizá-la por falta de quórum. “Mas a audiência acabou realizada na marra.”
Professor titular do Departamento de Cirurgia, Auler foi vice-diretor da FMUSP na gestão 2010-2014 e eleito diretor no último 26 de setembro. A assessoria de imprensa da direção da faculdade foi procurada pela reportagem, mas não atendeu às ligações.
O caso ganhou repercussão na imprensa. No dia seguinte à audiência, o médico patologista Paulo Saldiva, que presidia uma comissão interna que apura as denúncias na USP, pediu afastamento e disse que deixará o cargo de professor, que ocupa há 18 anos, por causa da falta de providências da direção da faculdade. Em entrevista àFolha de S.Paulo, ele afirmou que o escândalo foi a "gota d`água" para sua saída, apesar de existirem outros motivos.
Na última quinta, o estudante do 3° ano da FMUSP, Felipe Scalisa publicou artigo em que diz, entre outras coisas, que a faculdade "precisa da ajuda da sociedade civil para conseguir se espelhar em ética, e que o isolamento da universidade é algo pernicioso".
Para o diretor da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Francisco Miraglia, que participou da audiência, o caso é grave, e pior: não é novidade na Faculdade de Medicina, nem na USP como um todo e muito menos em outros cursos de outras universidades.
No entanto, segundo Miraglia, a novidade é que desta vez as pessoas resolveram falar, contando em detalhes. "Foi aberta uma 'caixa de pandora' em que o nome da faculdade parece ser mais importante que a dignidade humana", disse, elogiando a coragem de jovens de menos de 20 anos, futuras médicas, que contaram detalhes das agressões sofridas. "O caso exige ser tratado com firmeza."

As denúncias estão sendo investigadas pelo Ministério Público de São Paulo. Há dois meses, a promotora Paula de Figueiredo Silva, da Promotoria de Direitos Humanos, tomou conhecimento da situação quando foi procurada por um estudante que relatou violações constantes de direitos fundamentais, especialmente relacionadas a mulheres e homossexuais.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Dráuzio: eis as propriedades medicinais da maconha

drauzio
Partidário da legalização, médico sustenta: só gente muito despreparada pode ignorar o interesse medicinal da planta, e jogar pessoas doentes nas mãos dos traficantes
Por Dráuzio Varella, em seu blog
Não são poucos os benefícios potenciais da maconha.
Na última coluna, falamos sobre os efeitos adversos, apresentados numa revisão recém-publicada no The New England Journal of Medicine.
Explicamos que os estudos nessa área padecem de problemas metodológicos. Geralmente envolvem usuários que consomem quantidades maiores, por muitos anos, acondicionadas em baseados com concentrações variáveis de tetrahidrocanabinol (THC), o componente ativo.
Como consequência, ficam sem respostas claras as consequências indesejáveis no caso dos usuários ocasionais, a grande massa de consumidores.
Em compensação, o uso medicinal do THC e dos demais canabinoides dele derivados está fartamente documentado.
A descoberta de que os canabinoides se ligavam aos receptores CB existentes na membrana celular dos neurônios aconteceu em 1988. Dois anos mais tarde, esses receptores foram clonados e mapeadas suas localizações no cérebro. Em 1992, foi identificada a anandamida, substância existente no sistema nervoso central, relacionada com os receptores, mas distinta deles.
A partir de então, diversos trabalhos revelaram que os canabinoides naturais ou sintéticos desempenham papel importante na modulação da dor, controle dos movimentos, formação e arquivamento de memórias e até na resposta imunológica.
Pesquisas com animais de laboratório demostraram que o cérebro desenvolve tolerância aos canabinoides e que eles podem causar dependência, embora esse potencial seja menor do que o da heroína, nicotina, cocaína, álcool e de benzodiazepínicos, como o diazepan.
Hoje sabemos que o uso de maconha tem ação benéfica nos seguintes casos:
1) Glaucoma: doença causada pelo aumento da pressão intraocular, pode ser combatida com os efeitos transitórios do THC na redução da pressão interna do olho. Existem, no entanto, medicamentos bem mais eficazes.
2) Náuseas: O tratamento das náuseas provocadas pela quimioterapia do câncer, foi uma das primeiras aplicações clínicas do THC. Hoje, a oncologia dispõe de antieméticos mais potentes.
3) Anorexia e caquexia associada à Aids: A melhora do apetite e o ganho de peso em doentes com Aids avançada foram descritos há mais de vinte anos, antes mesmo de surgirem os antivirais modernos.
4) Dores crônicas: A maconha é usada há séculos com essa finalidade. Os canabinoides exercem o efeito antiálgico, ao agir em receptores existentes no cérebro e em outros tecidos. O dronabinol, comercializado em diversos países para uso oral, reduz a sensibilidade à dor, com menos efeitos colaterais do que o THC fumado.
5) Inflamações: O THC e o canabidiol são dotados de efeito anti-inflamatório que os torna candidatos a tratar enfermidades como a artrite reumatoide e as doenças inflamatórias do trato gastrointestinal (retocolite ulcerativadoença de Crohn, entre outras).
5) Esclerose múltipla: O THC combate as dores neuropáticas, a espasticidade e os distúrbios de sono causados pela doença. O Nabiximol, canabinoide comercializado com essa indicação na Inglaterra, Canadá e outros países com o nome de Sativex, não está disponível para os pacientes brasileiros.
4) Epilepsia: Estudo recente mostrou que 11% dos pacientes ficaram livres das crises convulsivas com o uso de maconha com teores altos de canabidiol; em 42% o número de crises diminuiu 80% e, em 32% dos casos, a redução variou de 25% a 60%. Canabinoides sintéticos de uso oral estão liberados em países europeus.
Com tal espectro de ações em patologias tão diversas, só gente muito despreparada pode ignorar o interesse medicinal da maconha. Qual a justificativa para impedir que comprimidos de THC e de seus derivados cheguem aos que poderiam se beneficiar deles? Está certo jogar pessoas doentes nas mãos dos traficantes?
No entanto, o argumento de que o uso de maconha deve ser liberado em virtude dos efeitos benéficos que acabamos de enumerar, é insustentável: a imensa maioria dos usuários não o faz com finalidade terapêutica, mas recreativa.
Como diz o povo: uma coisa é uma coisa…
Acho que a maconha deve ser legalizada, sim, mas por razões que discutiremos em nossa próxima coluna.

25 fotos históricas raras do holocausto

Foto-Holocausto-Criancas-Ciganas
Há 70 anos, durante os meses de março a julho de 1944, enquanto centenas de milhares de judeus húngaros eram deportados para o complexo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, líderes e entidades judaicas faziam apelos desesperados aos governos norte-americano e britânico.
Imploravam que a força aérea aliada bombardeasse as ferrovias de acesso a Auschwitz-Birkenau, bem como seus fornos crematórios e câmaras de gás. tentavam , ao menos, diminuir o célere ritmo da destruição.
Durante todo o ano de 1944 os pedidos se  sucederam, mas a resposta dos aliados era sempre a mesma: “não”. Por que Auschwitz não foi bombardeado? Por que os aliados, em 1944, após terem ocupado o sul da itália e adquirido a supremacia aérea que lhes permitiu atacar o leste europeu, não tentaram salvar vidas judaicas, destruindo o transporte e a máquina de extermínio?
Perguntas que ainda não têm uma resposta definitiva. Porém, para não esquecermos desta tragédia que vitimou milhões de pessoas, confiram algumas fotos emblemáticas do holocausto.
Estas fotos foram extraídas do blog Foto na História e Imagens e Letras.

1.

Foto-Holocausto-Lista-Schindler
Esta foto foi capturada em 1944, na Alemanha, e mostra a famosa lista de “Oskar Schindler”, que salvou centenas de judeus dos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial. Foram aproximadamente 1.700 pessoa salvas.

2.

Foto-Holocausto-Filha-Himmler
Esta foto foi capturada em 1941, por Dan H. Andersen, na Polônia. A filha de Himmler, Gudrun Burwitz, com seu pai Heinrich Himmler (centro) visitando um campo de concentração. Desde jovem a menina foi incentivada a visitar campos de extermínios e não é de se espantar que aos 81 anos de idade ela ainda defendia o neo-nazismo na Europa.

3.

Foto-Holocausto-Auschwitz-II
Esta foto foi capturada em 1943, na Polônia. Auschwitz II (Birkenau) é o campo que a maior parte das pessoas conhece como Auschwitz. Ali se encerraram centenas de milhares de judeus e ali também foram executados mais de um milhão de judeus e ciganos.
Seu objetivo principal era o extermínio em massa. Para cumprir esse objetivo, equipou-se o campo com quatro crematórios e câmaras de gás. Cada câmara de gás podia receber até 2.500 prisioneiros por turno. O extermínio em grande escala começou na primavera de 1942.

4.


Esta foto foi capturada em 1943, em Auschwitz, Polônia, e mostra crianças ciganas desnutridas, que foram utilizadas como cobaias humanas para os experimentos dos médicos nazistas, como Josef Mengele.

5.

Foto-Holocausto-Corpos-Exumados
Esta foto foi capturada em 17 de maio de 1945, por Edward Belfer, em Weimar, na Alemanha. Jovem alemã se assusta quando se depara com alguns corpos exumados, dos 800 trabalhadores judeus executados pelas tropas da SS (polícia nazista) perto Namering, na Alemanha.
Os aliados, depois que adentraram na Alemanha, fizeram estas exumações para a população ver o que os líderes nazistas faziam.

6.

Foto-Holocausto-Aguardando-Enterro
Esta foto foi capturada em 12 de maio 1945, por Sam Gilbert, na Áustria. Uma imagem rara, forte e comovente. Alguns corpos de judeus, retirado e empilhados por civis alemães. Trata-se de ex-prisioneiros do campo de concentração de Mauthausen-Gusen (Áustria), que morreram de fraqueza ou executados (como o cadáver da direita, com um tiro visível na testa).

7.

Foto de judeus mortos, quase incinerados
Esta foto foi capturada em 14 de abril de 1945, por W. Chichersky, em Weimar, na Alemanha. Um caminhão carregado de corpos de prisioneiros dos nazistas, no campo de concentração de Buchenwald, em Weimar, na Alemanha. Os corpos estavam prestes a ser destruídos por incineração quando o acampamento foi capturado pelas tropas do 3º Exército dos EUA.

8.

Foto-Holocausto-Mulher-HumilhadaFoto-Holocausto-Mulher-Humilhada
Esta foto foi capturada em 3 de abril de 1941, na Alemanha, e mostra mulher judia sendo espancada e humilhada durante a Segunda Guerra Mundial, pela população alemã, pelo simples fato de ser judia.

9.

Foto-Holocausto-Aliancas-Judeus
Esta foto foi capturada em 1945, em Auschwitz, Polônia, e mostra alianças e anéis de casamento dos judeus, recolhido dos prisioneiros em Auschwitz, no principal Campo de Concentração nazista.

10.

Foto-Holocausto-Judeu-Desnutrido
Esta foto foi capturada em 7 de maio de 1944, por Margaret Bourke-White, na Turíngia, Alemanha. Judeu prisioneiro do Campo de concentração de Buchenwald, deformado pela desnutrição, inclina-se contra seu beliche depois de tentar andar como outros trabalhadores escravos presos, ele trabalhou em uma fábrica nazista até ser libertado pelos russos, em 1945.

11.

Foto-Holocausto-Cinzas-Humanas
Esta foto foi capturada em 1944, e mostra soldados soviéticos impressionados com uma grande pilha de cinzas humanas encontradas no campo de concentração de Majdanek, Polônia.

12.

Foto-Holocausto-Mulher-Perseguida
Esta foto foi capturada em 4 de julho de 1941, na Alemanha, e mostra outra mulher judia, sendo espancada e humilhada.

13.

Foto-Holocausto-Criancas-Judias
Esta foto foi capturada em 20 de dezembro de 1940, e mostra os rostos de crianças judias que viviam em um gueto em Szydlowiec, Polônia, sob ocupação nazista.

14.

Foto-Holocausto-Trem-Judeus
Esta foto foi capturada em 1942, na Alemanha, e mostra trem nazista lotado de judeus, rumo ao campo de concentração Auschwitz, na Polônia.

15.

Foto-Holocausto-Gas-Ziklon-B
Recipiente do gás venenoso Zyklon B, utilizado para exterminar judeus nas câmaras de gás.

16.

Foto-Holocausto-Judeu-Forno-Crematorio
Esta foto foi capturada em 1943, na Alemanha. Corpo de um judeu sendo depositado em um forno crematório. A fumaça que saía das chaminés, devido à queima dos corpos, era conhecida como holocausto. O termo acabou se tornando genérico para o sofrimento dos judeus nos campos de concentração.

17.

Foto-Holocausto-Camara-Gas
Esta foto foi capturada em 1945, na Polônia. Câmara de gás onde judeus e inimigos do nazismo era exterminados. Em Auschwitz, estas câmaras podiam comportar até 2500 indivíduos. Consta que, para controlar as pessoas, os alemães diziam que estas câmaras serviam para banho coletivo.

18.

Foto-Holocausto-Dormitorios
Esta foto foi capturada em 1945, na Alemanha. Dormitórios coletivos em campos de concentração, geralmente forrados com feno.

19.

Foto-Holocausto-Dormitorio-Judeus
Esta foto foi capturada em 1943, na Polônia, e surpreende pela qualidade da imagem e iluminação. Dormitório coletivo de judeus. Detalhe para uso de panelas como travesseiros.

20.

Foto-Holocausto-Judeu-Execucao
Esta foto foi capturada em 1944, na Alemanha, e mostra judeu sentado à beira de uma cova coletiva, olhando atentamente para a câmera, à espera de sua execução.

21.

Foto-Holocausto-Testes-Hipotermia
Esta foto foi capturada em 1942, na Alemanha, e mostra judeu em tanque gelado, servindo como experimento para testes de hipotermia. A ciência nazista usava seres humanas como cobaias para, além de outros testes, verificar quanto tempo um indivíduo aguenta em baixas temperaturas corporais.

22.

Foto-Holocausto-Subnutricao
Esta foto foi capturada em 1944, na Áustria, e mostra mulher subnutrida tentando manter-se em pé.

23.

Foto-Holocausto-Cabelos
Esta foto foi capturada em 1945, em Auschwitz, Polônia, e mostra 700 kg de cabelo retirados de judeus no campo de concentração. Segundo alguns historiadores, além da infestação de piolhos, os cabelos extraídos eram vendidos na Alemanha para a fabricação de perucas.

24.

Foto-Holocausto-Sofrimento-Judeu
Esta foto foi capturada em 1943, na Alemanha, e mostra o sofrimento extremo de uma vítima do holocausto, já com o corpo deteriorado devido a desnutrição e as condições desumanas.

25.

Foto-Holocausto-Oculos
Esta foto foi capturada em 1945, em Auschwitz, Polônia, e mostra óculos das vítimas do campo de concentração confiscados pelos nazistas.

A imprensa como o principal partido da oposição O pensamento único, de direita, destilado diariamente pelos poucos veículos de comunicação do País haveria de ter resposta na opinião pública

Foto de judeus mortos, quase incinerados
Esta foto foi capturada em 14 de abril de 1945, por W. Chichersky, em Weimar, na Alemanha. Um caminhão carregado de corpos de prisioneiros dos nazistas, no campo de concentração de Buchenwald, em Weimar, na Alemanha. Os corpos estavam prestes a ser destruídos por incineração quando o acampamento foi capturado pelas tropas do 3º Exército dos EUA.
por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
Acredito que os organizadores das manifestações contra Dilma Roussef não conhecem a história do Holocausto Nazista.
Acredito que Lobão queira apenas sair do anonimato que entrou nos últimos anos devido a sua própria incompetência musical.
Quando Adolfo Hitler assumiu o poder na Alemanha, ninguém acreditava que fosse capaz de fazer o que fez com os judeus.
Aos poucos, já no poder, o partido nazista foi "lavando" a cabeça da sociedade alemã e instalando uma das mais brutais e sanguinárias ditaduras conhecidas. Foram mais de 6 milhões de pessoas assassinadas.
Tudo em nome de uma suposta raça branca, "civilizada".
O que estamos assistindo no Brasil pós eleições que elegeram Dilma Roussef do Partido dos Trabalhadores de forma democrática é um total desrespeito ao Estado de Direito e, que é pior, a "grande" imprensa parece apoiar.
Esse tipo de reação autoritária pode desaguar em violência. Muita violência. Como o texto abaixo defende, precisamos fazer "gorar o ovo da serpente". 

A imprensa como o principal partido da oposição

O pensamento único, de direita, destilado diariamente pelos poucos veículos de comunicação do País haveria de ter resposta na opinião pública
Os fenômenos políticos exigem longa e lenta gestação; quase sempre trata-se de gravidez imperceptível. A construção ideológica demanda tempo. Como o fenômeno social, é desenhada, passo a passo, traço por traço. O fato social, embora venha a lume muitas vezes como uma explosão, inesperada, não nasce quando se manifesta: antes, a História lhe cobrou demorada fermentação. Há sempre um fato detonador, a gota d’água, que só é conhecido a posteriori.
Uma crise estudantil na Universidade de Nanterre – provocada pela resistência da reitoria em permitir que rapazes frequentassem os alojamentos das moças, foi o gatilho da irrupção estudantil de 1968, que, partindo de Paris, tomou o mundo. Em entrevista recente a jornal brasileiro, Daniel Cohn-Bendit, o revolucionário daquela época, declara que uma semana antes da "explosão" era insuportável a modorra universitária. Tivemos, recentemente, a "primavera árabe" que terminou sentando-se nos jardins de Wall Street. Mas, no século passado, os melhores exemplos de "irrupção imprevista" são oferecidos pela queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, na verdade conclusões de processos políticos há muito em andamento, corroendo as entranhas do socialismo real como o caruncho que silenciosamente devora a árvore.
A chamada ascendência do pensamento conservador, que surpreendeu os desavisados na manifestação eleitoral de direita que tomou conta de setores ponderáveis das camadas médias de São Paulo e de outras cidades, também não é filha do acaso, embora não atenda a uma necessidade histórica, o que poderá decretar a brevidade de sua existência.
Mas a semente foi plantada e está sendo bem regada.
Trata-se de fenômeno que vem sendo trabalhado há anos. Nada é fruto do acaso ou efeito sem causa.
Há décadas – desde os idos da ditadura e malgrado ela – sociólogos da comunicação e outros pesquisadores preocupados com a política vêm tentando alertar o pensamento liberal sobre as consequências, já antevistas naquela altura – da ação ideológica goebeliana dos meios de comunicação, de especial os meios eletrônicos, sobre as massas. Notadamente quando o sistema, caso brasileiro, caracteriza-se pela concentração empresarial e o monopólio ideológico.
Assim, a questão posta na mesa, já então, ia para além da denúncia do oligopólio que controla as empresas de comunicação no país (quatro a cinco famiglias) e de seu significado para a gestão democrática da cultura e da informação; tratava-se de pôr a nu – tarefa de fácil demonstração – o monopólio do conteúdo dos meios, presos ao discurso único, uma das expressões mais contundentes do autoritarismo. Os liberais, que sempre defenderam a liberdade das empresas (de seus donos) pensando que defendiam a liberdade de imprensa, não cuidaram de defender a liberdade de opinião, inexistente, se não há diversidade ideológica. E na imprensa brasileira não há.
Aqui se casam dois fenômenos gratos ao autoritarismo. De um lado, a concentração de empresas, de início imposta pelo capitalismo financeiro-monopolista; a redução do número de meios e dos veículos, impondo as cadeias nacionais de rádio, de televisão e de jornais, centralizando as fontes de opinião e informação, assegurando o monopólio ideológico – facilitado ademais, pelo desenvolvimento tecnológico que impediu ou reduziu a concorrência a um jogo entre poucas empresas donas dos veículos sobreviventes. As indústrias jornalísticas passaram a depender, fundamentalmente, de investimentos maciços de capital, enquanto a produção intelectual passou a ter custo irrelevante, com a emissão em rede ou em cadeia e a reprodução nacional do material gráfico gestado no centro hegemônico.
Hoje, neste país de extensão continental e de extraordinária diversidade cultural e regional, possui nossa população apenas algo como três jornais nacionais (ditando a pauta dos demais), umas poucas cadeias de rádio (operando em nível nacional), algo como  quatro redes nacionais de televisão (expulsas as programações locais) e uma só informação, e uma só orientação ideológica, porque os meios periféricos reproduzem o pensamento dos meios centrais, produtores, que articulam e distribuem a mesma visão ideológica. A saber, o ideário de direita.
Esse pensamento único, destilado diariamente por todos os veículos e por todos os meios, nas reportagens, nos artigos, nos editoriais, nos noticiários, no entretenimento, haveria de ter resposta no comportamento da opinião pública (que já se diz "opinião publicada") e atingir profundamente as camadas urbanas e nelas principalmente os segmentos superiores das diversas classes médias que, eleição após eleição, vêm se apartando do voto progressista. Mas a esses setores, que conservam poder de influência sobre os demais estratos sociais, não ficou adstrita, prova-o a votação que nesta eleição, um recorde desde 2002, obteve o candidato da direita à presidência da República.
Se é verdade que as grandes massas apoiaram, majoritariamente, a candidatura progressista de Dilma Rousseff, não é menos verdade que a votação de Aécio Neves compreende setores que vão muito além das classes-médias. Embora assumindo os interesses da burguesia e do grande capital, a candidatura do PSDB conquistou segmentos expressivos das camadas populares, de trabalhadores e assalariados em geral, que, por óbvio, se identificaram com seu discurso reacionário, e assim votaram contra seus próprios interesses.
A exegese do fenômeno deixo para os doutos. Nos limites deste artigo apenas pondero que entre as muitas com-causas fragilidade das organizações populares, fracasso político dos partidos de esquerda no poder, crise do sindicalismo, desmoralização da política, e mais isso e mais aquilo – há que se considerar o papel ideológico dos meios de comunicação de massa.
Essas considerações me ocorreram após assistir a vídeo sobre  manifestação de sábado último na Avenida Paulista (SP), nos pilotis do MASP. Na melhor escola fascista, a provocação política associa a violência oral à brutalidade física, cenas que podem ser conferidas no vídeo abaixo.



Não se trata de ato trivial, nem isolado. Fatos como este não haviam sido vistos no Brasil nem mesmo durante os duros embates de 1963-1964, na meticulosa preparação do golpe de 1º de abril. Naqueles idos, é sempre bom lembrar, a grande imprensa foi fator decisivo na desestabilização do governo João Goulart e na construção do discurso aglutinador das oposições, que logo transitaria para a defesa pura e simples da intervenção militar. E naqueles anos a imprensa ainda não era um oligopólio de poucas empresas, nem haviam as redes e as cadeias nacionais, recurso que facilitaria a mobilização popular e a construção de um clima antigoverno.
Nos nossos dias, a imprensa transformou-se no principal partido da oposição, oposição que se instala nos primórdios do governo, atravessa seus primeiros três anos, se fortalece na campanha eleitoral e, finda esta, não ensarilha as armas: mantendo hoje o combate de sempre, e crescentemente mais aguerrido, faz oposição a um governo que sequer se instalou!
Está à vista o conluio entre a direita partidária e os meios de comunicação visando à desestabilização do governo, na tentativa, quase desesperada, de criar clima emocional para o pleito do impeachment, pois, a partir dele, todas as cartas podem ser jogadas. Há perfeita confluência entre o pedido de recontagem dos votos formulado oficialmente pelo PSDB, a postulação absurda e antirrepublicana  do impeachment, e os atos de 1.º de novembro na capital paulista.
Nas manifestações paulistanas o analista encontrará todos os elementos clássicos do fascismo: anticomunismo arcaico, xenofobia, preconceito regional, exaltação do militarismo (surge até um "Partido Militar Brasileiro") e da violência, defesa da ditadura, ódio disseminado, desprezo pela democracia e profundo desrespeito à soberania popular. Os cartazes anunciam seu programa: intervenção militar como reprimenda a um povo que "não sabe votar". O vídeo revela que o púbico da manifestação é formado, em sua esmagadora maioria, por jovens (e até crianças) de classe-média bem posta.
Sem comparações forçadas ou ilações ou previsões, lembro que na Alemanha nazista também foi assim: o maior campo de ação da propaganda nazista foi a classe média.
É preciso fazer gorar o ovo da serpente.
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