terça-feira, 4 de novembro de 2014

MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA Exposição em Porto Alegre apresenta 'O Invisível Gaúcho Negro' Eduardo Tavares documentou o universo de afrodescendentes no meio rural gaúcho e a importância de seu trabalho na sustentabilidade da economia e da cultura da região

destaque
Um dos destaques da exposição é a foto de um maragato da Revolução de 1923, fotografado em 1981 por Tavares


por Xandra Stefanel, especial para RBA

Em suas andanças como jornalista e fotógrafo pelo Rio Grande do Sul, Eduardo Tavares deparou inúmeras vezes com a presença de negros no interior do estado e decidiu documentar este importante universo de afrodescendentes no meio rural gaúcho. O resultado de muitos anos de trabalho é a exposição O Invisível Gaúcho Negro, que será aberta nesta terça-feira (4), às 18h30 na Sala JB Scalco da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A mostra fica em cartaz até 28 de novembro de 2014.
Além de buscar a visibilidade dessa população, a mostra pretende apresentar a importância do seu trabalho na sustentabilidade da economia e da cultura desse ambiente. “Em função de trabalhos que eu ia fazendo no interior do estado, fui constatando essa presença do gaúcho negro no campo e nos eventos festivos como rodeios, por exemplo. O negro estava sempre muito presente e atuante, tinha uma identidade forte com as coisas da terra, uma figura muito marcante. Isso começou a me chamar a atenção e eu comecei a fazer este registro”, afirma.
Segundo o fotógrafo, a oligarquia rural gaúcha normalmente representa visualmente o gaúcho como uma pessoa branca e omite a figura do negro, onipresente em quase todas as fazendas do estado, em rodeios, exposições agropecuárias e, é claro, em manifestações culturais quilombolas no interior. “Mas eu não via representada na cultura, principalmente no universo imagético, essa figura do negro. O gaúcho é sempre apresentado como uma figura branca. Por causa da colonização europeia, fica a imagem do gaúcho como um tipo europeu, o que não é verdade: a presença do negro é muito forte no Rio Grande do Sul”, garante.
Para Tavares, essa “invisibilidade” dos afrodescendentes está ligada ao preconceito: “Acho que isso é resultado do racismo nebuloso. Um exemplo é a manifestação que houve um tempo atrás no jogo do Grêmio (com ofensas ao goleiro Aranha, do Santos). Essa discriminação existe na cultura do gaúcho e foi isso que me levou a fazer essa exposição, para mostrar e provocar uma discussão porque eu acho que a gente tem uma dívida histórica com os negros neste país. Nós protagonizamos um dos maiores genocídios na história da humanidade.”
A exposição apresenta 40 fotos em preto e branco e um dos destaques é a imagem de um maragato da Revolução de 1923. “É uma foto que fiz em 1981 para uma matéria da revista Manchete. A gente descobriu um negro que tinha sido degolador na Revolução de 1923. A expressão dele é uma coisa impressionante”.

Eduardo Tavares pretende fazer um projeto maior de documentação imagética da presença dos negros no Rio Grande do Sul em todos os quilombos rurais do estado. Sua intenção é lançar um livro assim que viabilizar patrocínio para a elaboração do projeto.

“Há má fé nas críticas ao decreto 8243″: a cientista social Thamy Pogrebinschi fala ao DCM

Thamy Pogrebinschi
                                                        Thamy Pogrebinschi

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
Hoje tive o prazer de assistir uma entrevista com o deputado federal do Psol reeleito com uma margem importante de votos pelo Rio de Janeiro - Jean Wyllys.
O deputado destacou vários pontos importantes do cenário político brasileiro na atualidade, um me chamou a atenção, "...preconceitos são falsas certezas e são desconstruídos quando trazidos à tona!".
Com a vitória da presidenta Dilma Roussef, explodiu no país todo tipo de preconceito, vindo de vários setores da sociedade mas, principalmente da alta classe média, o deputado se referia a esse fato.
Levando a questão das falsas certezas para a política e a história do Brasil, acredito que podemos também afirmar: o momento é para conhecermos melhor as falsas certezas no que se refere à jovem e maltratada democracia brasileira.
A derrota do Decreto Lei n° 8243 que organiza os Conselhos Populares, mostrou claramente uma "falsa certeza", nossas elites, representadas no Congresso Nacional - Câmara e Senado - são democratas?, republicanos? ou golpistas?
Escolha, e, independente do que você escolher, uma certeza paira no ar, são, em sua maioria golpistas.
A questão é, quem os elegeu? Não foi o povo? Os votos da esposa, dos genros, amigos e vizinhos não seriam suficientes. O povo elegeu esses golpistas. Por que?

no DCM - Diário do Centro do Mundo
No dia 23 de maio, o decreto presidencial 8.243 foi lançado e causou a revolta de veículos de imprensa no Brasil. O documento, assinado por Dilma, institui a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS).
O jornal O Estado de S.Paulo publicou um editorial no dia 29 de maio afirmando que o decreto estava provocando uma “mudança de regime” e que era um oportunismo do governo Dilma que “felizmente desistiu da Assembleia Constituinte”.
No dia 19 de junho, a professora de ciências sociais e pesquisadora sênior do WZB Social Science Center em Berlim, na Alemanha, chamada Thamy Pogrebinschi publicou um artigo no site da revista Carta Capital com o nome “Novo decreto: Não há representação sem participação”.
O DCM conversou com ela sobre o decreto, a reação da mídia e o fortalecimento dos movimentos sociais.
Por que você acredita que Dilma tomou essa atitude de abrir um espaço para movimentos sociais? 
Um maior diálogo entre estado e sociedade é uma característica de governos do PT, que consideram a participação como um “método democrático de gestão”. Durante o governo Lula, movimentos sociais que antes protestavam nas portas dos ministérios passaram a ter acesso aos mesmos, sentando-se junto com representantes do governo para discutir suas demandas e debater políticas de forma compartilhada.
O diálogo com os movimentos sociais, contudo, diminuiu de forma perceptível no governo Dilma, especialmente se comparamos com Lula. Houve e há ainda uma série de tensões, mas isso não significa que canais foram fechados. Prova disso é justamente o recente diálogo com o MTST, o qual demonstra que há espaços para diálogo e eles podem vir a ser mobilizados também por outros movimentos que vem buscando se fazer ouvir desde os processos iniciados em junho de 2013. O governo tem dado indicações de ter percebido que a área de infraestrutura requer mais prioridade e maior participação. Quem contribuiu definitivamente para isso foi o Movimento Passe Livre.
Suas considerações sobre o decreto presidencial estão relacionadas com sua pesquisa em Berlim?
Sim, e também com pesquisas que venho fazendo desde 2009 no Instituto de Estudos Sociais e Políticos, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
O Estadão e diversos colunistas, como o blogueiro Reinaldo Azevedo, dizem que o decreto é inconstitucional e um caminho para a ditadura. Por quê?
Isso é não apenas falso, mas também absurdo. Típico da imprensa histriônica, que chama atenção para si mesma no Brasil. Essas afirmações chegam a ser cômicas, não fosse triste o fato de milhares de pessoas acreditarem sem perceber a manipulação e a desinformação. A Constituição de 1988 estabeleceu, em seu texto original, as bases de uma democracia mais participativa, a qual vem sendo institucionalizada por meio de diversos atos administrativos e legislativos, inclusive sucessivas emendas constitucionais. O decreto não cria nada de novo.
Tudo o que ele busca sistematizar e organizar já existe desde bem antes de o PT chegar ao governo federal. Em 2003, quando Lula chegou à presidência, já havia 28 mil conselhos gestores de políticas espalhados pelo Brasil. Desde essa época, os conselhos municipais de saúde, que já eram cerca de cinco mil em 2003, praticamente um por município, já atuavam na formulação e monitoramento das políticas, fazendo valer nada mais do que a diretriz de “participação da comunidade” estabelecida pelos constituintes de 1988.
Exatamente as duas principais instâncias participativas regulamentadas pelo decreto e atacadas pela mídia conservadora, os conselhos e as conferências, não são nenhuma novidade e nem foram criados por uma canetada do Executivo. O próprio Poder Legislativo, ao longo de diversas legislaturas e governos, vem contribuindo para consolidar o que o decreto tenta apenas organizar. No caso, é um sistema nacional de participação. Diante desses fatos, vê-se que o problema dos que se opõem ao decreto não é a desinformação, e há uma enorme má-fé em jogo.
Você afirma que este decreto pode ser uma oportunidade para debate da a Lei de Segurança Alimentar e Nutricional, o Estatuto da Igualdade Racial, o Estatuto do Idoso, o Estatuto da Juventude, entre outras propostas. Como seria este debate?
Todos esses exemplos são, já, resultado deste debate. Eles consistem em leis, votadas e aprovadas pelo Congresso Nacional, após extensa deliberação em conselhos e conferências. Esses espaços permitem a construção de uma agenda compartilhada, possibilitam uma convergência de preferências e opiniões, e quando o Legislativo também indica convergir com as diretrizes ali confeccionadas, propondo e aprovando leis cujo conteúdo reflete tais debates, tem-se um aprofundamento democrático importante.
Os conselhos têm poder de decisão?
Conselhos e conferências não têm poder decisório. Jamais o tiveram e o decreto não determina que tenham. Nem todos os conselhos são considerados deliberativos, isto é, podem emitir resoluções, com limitado alcance administrativo. Do ponto de vista da defesa de uma democracia mais genuinamente participativa, portanto, o decreto pode ser até criticado por sua timidez. Diversos mecanismos participativos praticados nas democracias mais estabelecidas do mundo preveem que seus resultados sejam implementados diretamente ou submetidos a um referendo popular, prescindindo, portanto, da intervenção legislativa. Este não é o caso do Brasil, daí o absurdo das afirmações de que o decreto busca solapar o Poder Legislativo.
Como podemos melhorar nossos representantes através de movimentos sociais?
Não há antagonismo entre representação e participação e, mais do que complementaridade, há, desde sempre, interdependência entre ambas. O voto, sem o qual não há representação, é justamente uma forma de participação. Por outro lado, as deliberações de mecanismos participativos seriam ineficazes sem os representantes eleitos que os transformam em leis e políticas públicas. Assim como não há representação sem participação, também não há participação sem representação.
Hoje, o que se assiste no mundo é uma ampliação tanto das formas de representação quanto das formas de participação. ONGs e movimentos sociais abrem espaço para uma nova forma de representação quenão se origina em um mandato ou autorização providos pelo voto, assim como acontece com bancos centrais, agências reguladoras e organizações internacionais sem que se discuta a sua legitimidade.
Novas formas de participação além do voto são adotadas em democracias bastante avançadas como Suíça, Finlândia, Dinamarca, Alemanha, Canadá e até nos Estados Unidos. Lá eles querem combater a chamada “crise da democracia” permitindo que os cidadãos participem em outros momentos e de outras formas além do voto.
Como você enxerga a atitude do governo com as manifestações durante a Copa do Mundo?
A brutal repressão policial aos protestos e movimentos é um lastro remanescente da ditadura em nossa democracia. É preciso separar as políticas do governo federal das ações dos governos estaduais, assim como da Polícia e do Ministério Público. No entanto, não podemos ficar calados diante disso.

“A derrubada do decreto 8243 foi um tiro no pé”, diz ao DCM a cientista política Thamy Pogrebinschi

Thamy
                                                                       Thamy

no DCM - Diário do Centro do Mundo
O decreto 8243 está provocando discussões entre os brasileiros desde maio deste ano, enfrentando forte oposição da mídia. Em outubro, não passou no Congresso. Para esclarecer mais pontos sobre o projeto, o DCM falou novamente com a cientista política e professora Thamy Pogrebinschi, que já nos concedeu entrevistaanteriormente.
Thamy explicou que mecanismos participativos existem em países como os Estados Unidos e são uma tendência mundial, ao contrário do que dizem as pessoas que o tacham de “bolivariano”. A especialista também contou um pouco sobre sua pesquisa no WZB Social Science Center, em Berlim.
O que você acha que acontecerá com o decreto 8243 no Senado?
Acho que, apesar da presente mobilização social, o decreto será, com grande probabilidade, também sustado pelo Senado. O PT, o PCdoB e o PSOL estão isolados na defesa do PNPS. O governo não conta com o apoio do PMDB, que já manifestou oposição ao decreto. Acho que agora cabe depositar esperança no projeto apresentado pelo PSOL (PL 8048), que busca recriar a PNPS por lei.
Por que os opositores chamam o decreto de “bolivariano” ou “soviético”? 
Gostaria de achar que é por mera falta de conhecimento histórico ou incapacidade de análise conjuntural, mas, infelizmente, acho ainda que se trata de má-fé da imprensa misturada com certa histeria da direita. A participação popular no processo político decisório não foi algo “inventado” pela União Soviética ou pela Venezuela.
Na origem da democracia, na Grécia antiga, as decisões eram tomadas diretamente pelo povo reunido na ágora (uma forma de assembleia popular). Hoje, as chamadas “inovações democráticas”, que incluem o que chamamos no Brasil de mecanismos e instâncias participativas, são implementadas em praticamente todos os países do mundo e, em especial, nas democracias avançadas. As formas e desenhos institucionais existentes são muito diversos.
Na Dinamarca, por exemplo, são organizadas há muitos anos “conferências de consenso”,  que são de certo modo semelhantes às “conferências nacionais” realizadas no Brasil e regulamentadas pelo decreto 8243. Na Suíça realizam-se consultas populares há mais de dois séculos com uma frequência enorme para decidir desde pequenas questões urbanas locais até questões tributárias ou fiscais em nível federal.
Há outros exemplos?
Sim. Há também casos na Finlândia e em inúmeros outros países onde o parlamento permite que a legislação seja formulada por meio de crowdsourcing na internet. As chamadas “iniciativas cidadãs” existem em quase todos os países da Europa.
Na Alemanha, por exemplo, o governo de Stuttgart queria construir uma nova estação de trens e a decisão foi tomada por voto popular. O prefeito de Berlim queria fazer um empreendimento imobiliário numa área de lazer onde antigamente funcionava um aeroporto e sua proposta não apenas foi decidida diretamente pela população, como também uma “iniciativa popular” levou a votação um projeto alternativo, que proíbe futuros empreendimentos na área.
O decreto 8243 era um passo para que o Brasil caminhasse na direção que a maioria das grandes democracias mundiais está tomando. Sua sustação é um imenso retrocesso.
Como funcionam as assembleias nos EUA?
Em seu clássico livro “Democracia na América”, Alexis de Tocqueville já descreve nos Estados Unidos que visitou entre 1831 e 1832 uma pluralidade de conselhos compostos por cidadãos que decidiam sobre diversos temas, desde melhorias urbanas até o sistema de educação. Os chamados townhall meetings existem nos Estados Unidos desde o século XVII e possuem muitas semelhanças com os conselhos locais de políticas que existem no Brasil.
Na região da Nova Inglaterra, até hoje essas instâncias populares tomam decisões muito mais abrangentes e vinculantes do que os conselhos de políticas podem tomar no Brasil. Para além do nível local, uma forte tendência hoje em democracias bastante robustas é constituir “assembleias populares” ou “assembleias de cidadãos”, cujos participantes muitas vezes são selecionados inclusive de forma randômica para tomar decisões até mesmo sobre matéria constitucional, como foi feito recentemente na Irlanda e na Islândia.
No Canadá, uma assembleia de 160 cidadãos foi organizada pelo governo de British Columbia em 2004 para deliberar sobre a alteração do sistema eleitoral. Se o governo brasileiro propusesse esse formato para debater a reforma politica seria duramente repudiado. Porém, isso é o que vem fazendo algumas das mais avançadas democracias do mundo.
Por que barraram o decreto 8243, em sua opinião?
A sustação do decreto 8243 pela Câmara dos Deputados deu-se por razões políticas, misturando desinformação e má-fé. Desinformação, porque o decreto que institui a Política Nacional de Participação Social não é aquilo que o acusam. Má-fé, pois a imprensa sabe disso e uma simples leitura do decreto é suficiente para desmistificar o que se diz a respeito dele.
O decreto não cria praticamente nada de novo, ele regulamenta algo que já está em funcionamento desde a redemocratização do país, inclusive durante governos anteriores ao PT. De certo modo, o decreto busca colocar ordem na casa, articulando as diversas instâncias e mecanismos participativos existentes e conferindo-lhes algumas diretrizes organizatórias básicas, parte delas buscando assegurar publicidade, transparência, além de diversidade da participação da sociedade civil.
Um dos opositores públicos ao decreto é o jurista Ives Gandra, que afirma que o 8243 é inconstitucional. Por que você acha que ele diz isso?
Eu tendo a achar que o decreto não é inconstitucional, mas possivelmente a sua sustação pela Câmara dos Deputados talvez o seja. Apenas decretos que regulamentem leis e exorbitem seu caráter regulamentar podem ser sustados pelo Poder Legislativo. O decreto 8243 não exorbita as competências regulamentares do Executivo, ele organiza a administração e não cria gastos. Do ponto de vista substantivo, ele concretiza os princípios democráticos da Constituição de 1988. Já no parágrafo único de seu primeiro artigo a Constituição diz que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”.
A eleição de representantes não é, portanto, a forma exclusiva de exercício da soberania popular prevista pelos constituintes. Diversos outros artigos da Constituição de 1988 dão os termos nos quais a chamada soberania popular pode ser exercida, além de referendo, plebiscito e iniciativa popular, no artigo 14.
A própria Constituição conferiu a autonomia municipal que implicou a criação de conselhos de políticas locais. É o caso, por exemplo, dos conselhos de saúde que, mesmo antes de o PT chegar ao Executivo em 2003, já existiam em mais de três mil municípios.
O que exatamente você está pesquisando em Berlim e por que você se preocupa com o decreto 8243?
Eu vim para a Alemanha fazer um pós-doutorado. Acabei fazendo dois, fui professora visitante na Universidade de Frankfurt e depois me estabeleci no WZB Social Science Center como pesquisadora, apesar de manter ainda minhas atividades no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Eu pesquiso justamente a efetividade de mecanismos e instâncias participativas e seu impacto nas instituições representativas.
A principal conclusão de minhas pesquisas é que mecanismos participativos, ao contrário do que se teme, tem o potencial de fortalecer a democracia representativa, além de tornar o Poder Legislativo mais responsivo. O meu principal objeto de estudo é o Brasil e especificamente as Conferências Nacionais de Políticas Públicas, uma das instâncias participativas regulamentadas pelo decreto 8243 e que existe desde 1941, tendo desde então contado com muitas dezenas de edições, inclusive durante o governo FHC, quando elas se expandiram consideravelmente.
Nos últimos anos realizei diversas pesquisas que demonstraram que o as Conferências Nacionais e o Congresso Nacional possuem uma agenda convergente. As propostas discutidas no Congresso que convergem com as recomendações das Conferências Nacionais tendem a ser apresentadas com mais frequência pelos próprios parlamentares do que pelo Executivo.
Tais propostas afinadas com as deliberações da sociedade civil são apresentadas por uma pluralidade de partidos e não apenas o PT. Isso mostra que o Executivo não instrumentaliza os mecanismos participativos para avançar as suas políticas. Ao contrário, instâncias participativas como as Conferências Nacionais podem conferir uma legitimidade maior ao Congresso Nacional. Daí que a sustação do Decreto 8243 pelos parlamentares é um tiro no próprio pé. Os resultados dessas pesquisas podem ser lidos em diversas línguas na internet.

Nacionalismo: de quem é essa bandeira? Menos Economia e mais Geografia. E defesa do “interesse nacional”​


no Conversa Afiada

Alguns temas centrais sumiram na campanha presidencial.

Dois chamam a atenção: o nacionalismo e a Defesa.

Ou o que se chama de “interesse nacional”.

De um lado, a UDN do PRP de São Paulo voltou ao tema que a sustenta desde o advento da República: a corrupção do poder central.

Com isso, os luzias pregam a “Federação” para tirar poder do Centro  e entregar aos brancos da Bacia do Rio Paraná, sob a liderança de São Paulo, como pregou o mais articulado republicano paulista, Alberto Sales, em “A Pátria Paulista”.

(Tratava-se do irmão de Campos Sales e, como ele, cafeicultor da região de Campinas. O livro – indispensável – prega a secessão de São Paulo. Uma separação para São Paulo se livrar dos “índios” da bacia do Amazonas, e dos “negros”  da bacia do São Francisco…)

Os luzias e os perrepistas não tem compromisso com o “interesse nacional”.

Por isso, submeteriam a Amazônia ao regime de “patrimônio da Humanidade”, entregariam a Petrobrax à Chevron e o Ministério da Fazenda a um cidadão americano.

O ponto central dessa lógica é depositar o Brasil aos pés da hegemonia americana, ao que chamam de “integração aos fluxos internacionais dinâmicos”, e ao Pacto do Pacifico, que reúne adversários da China no Mar do Sul da China e a Colômbia,  Chile e o Peru.

O  objetivo é destruir a obra do Mercosul e o regime continental de Defesa, reunido na Unasul.

(Recentemente, um suposto brasileiro escreveu no jornal francês Le Monde expôs essa receita em certeira súmula. Além disso, a  diplomacia brasileira deveria se preparar para duas próximas derrotas: a internacionalização da área Yanomani entre a Amazônia do Brasil e da Venezuela, e a devolução do Acre à Bolívia … Deve ter feito muito sucesso entre os “embaixadores de pijama”, que recebem dinheiro do Erário para falar mal do Brasil. E outros que ainda não se aposentaram mas deveriam …)

Qual a resposta que veio do outro lado ?

Do lado vencedor – e que vence há três eleições consecutivas, de forma inequívoca ?

Nenhuma.

O Nacionalismo é uma bandeira à deriva.

Corre-se o risco de a extrema direita que quer o impeachment a qualquer custo e escreve à Casa Branca para pedir intervenção se aposse dela, na vertente nazifascista.

Falamos aqui da Defesa do “Interesse Nacional” do povo brasileiro.

Expressão que vem da criação dos Estados Nacionais, no mundo europeu pós-Westphalia, que Richelieu expressou melhor do que ninguém.

Sem falar de Floriano, Rio Branco, Vargas e outros heróis Saquaremas.

O Brasil tem a melhor agricultura do mundo e pode alimentar os pobres do mundo todo.

O Brasil tem energia.

Quantos campos de Libra tem o pré-sal ?

Tem a dádiva da hidroeletricidade – chora, Bláblá ! – e, agora, se prepara para ser o maior produtor de energia eólica do mundo.

O Brasil um gigantesco patrimônio mineral ainda por explorar-se.

Quantos Carajás se escondem no Brasil ainda ?

O Brasil deve ser o maior produtor de urânio do mundo e sabe enriquecer urânio com tecnologia própria.

O Brasil tem rios navegáveis.

Do paralelo 16 para cima, da Bahia, Minas, Goias, Distrito Federal e Mato Grosso, tudo poderá ser  transportado em rios.

Fernando Henrique tentou descapitalizar as pesquisas de Aramar com uranio, como fez com a Petrobrax.

Descapitalizar para vender e fechar.

E assinou o Tratado de Não-Proliferação da Armas Nucleares, um ato de lesa-pátria.

(Assinar Tratado de Tlatelolco, que bane armas nucleares na América Latina, e não assinar o TNP era a estratégia correta, que FHC entregou, de graça, aos americanos.)

Lula ressuscitou e Dilma deu músculos a um programa de Defesa.

O Brasil constrói submarino a energia diesel-elétrica e, já, a propulsão nuclear, em Itaguaí.

Em torno do Gripen sueco, vai montar aqui uma indústria de caças, também para exportar.

E o avião militar de carga da Embraer, uma obra – prima  – também leva o Brasil ao mercado internacional de Defesa.

O Exercito se reequipa com o apoio dos engenheiros da EME, Escola Militar de Engenharia, de padrão internacional.

O maior BNDES do mundo é o Pentágono !

Ou o amigo navegante acha que o maior fregues da Boeing é a Gol ou a American Arlines ?

É o Pentágono !

O Pentágono põe a indústria e a tecnologia de ponta americanas para se mexer.

E é isso o que a Dilma e o Lula começam a fazer !

Modernizar e anabolizar a indústria nacional a partir dos investimentos em Defesa.

Que podem ser tão nacionalizados, como os fornecedores da Petrobras.

E é esse o Nacionalismo que o Brasil – e os Saquaremas , como os trabalhistas – deveriam defender.

Um nacionalismo para preservar as riquezas que serão produzidas para beneficiar, antes de tudo, o trabalhador brasileiro !

O filho do cortador de cana que foi ser soldador de estaleiro em Suape.

O filho de soldador que entrou na Universidade do ABC e vai ser engenheiro na Saab-Scana de São Bernardo, para produzir o corpo do Gripen.

Para gerar renda interna, demanda doméstica, tecnologia brasileira.

Tecnologia como a do Almirante Othon Paulino Silva, que desenvolveu a forma original de enriquecer o urânio que vai mover os submarinos.

Tecnologia como a dos anônimos heróis da Embrapa que dobraram o tamanho da área agriculturável do Brasil.

Dos empreendedores gaúchos que abriram o Brasil inteiro, de Sul a Norte, para uma criar uma agricultura inigualável, que dá três safras por ano: soja, milho e gado !

Expor tudo isso, todos eles e o que o Brasil tem a defender e o que passou a fazer em sua Defesa seria uma forma de recuperar o estudo da Geografia, das riquezas naturais, da posição estratégica do espaço brasileiro na América do Sul, de frente para a África Ocidental, a futura fronteira da Economia Mundial.

(Os embaixadores de pijama também dizem que fora do Pacto do Pacifico o Brasil teria “micado” entre a Bolívia e Angola …)

Chega de Economia !

Vamos falar de Geografia !

Seria uma forma de reforçar a auto-estima do brasileiro.

De se contrapor ao Brasil que a editoria “o Brasil e uma m…”, do jornal nacional excreta.

Um Brasil miserável, sujo, safado, porco, derrotado, bovino, inculto, burro, inacabado, incompetente, arruinado, irrecuperável.

Que só tem jeito se os americanos administrarem, em conluio com os tucanos.

A única coisa que presta nos telejornais (sic)  da Globo são os eventos esportivos que ela monopoliza.

Não ia ter Copa, mas a seleção era alemã, não é Poeta ? …

A eleição se travou dentro de um circulo de giz entre a corrupção e a defesa dos programas do Governo Lulilma.

Dilma passou três anos e meio sem chegar à teve. ( E outros três e meio passara, se não fizer a Ley de Medios que até o PT diz que quer )

Ela teve que usar o horário eleitoral para mostrar o que fez.

E os debates para despir os santinhos do pau-oco que estavam do outro lado.

Está na hora de dar o salto.

Trocar a Economia pela Geografia.

Antigamente, nos bons tempos do PTB do Dr Getúlio -  que ajudava a Última Hora do Wainer -  naqueles bons tempos, o Brasil se dividia entre Nacionalistas e Entreguistas.

Hoje, parece que não há mais Nacionalistas.

Ninguém para levantar a bandeira do Nacionalismo.

Antes que o Bolsonaro a tome.

Paulo Henrique Amorim

O Brasil cresceu nos últimos 12 anos graças ao esforço e trabalho dos pobres

RICARDO MORAES/REUTERS

no Maria Frô

Todo preconceito é burro, porque todo preconceito é repetição do senso comum sem apoio dos fatos.
Todo preconceito é ausência de conceitos.
O preconceituoso que quer, por exemplo, negar o voto a um cidadão beneficiário do Bolsa Família, desconhece que cada R$ 1 gasto com Bolsa Família adiciona R$ 1,78 ao PIB.
O dever de todo cidadão não preconceituoso é informar, se contrapor ao preconceito com dados e informações, ser intransigente com a desinformação, ser incansável no restabelecimento do conceito para combater o preconceituoso.

O caminho da inclusão
Jessé de Souza – O Estado de S. Paulo
25/10/2014
Última década de crescimento econômico brasileiro foi obra do esforço e do trabalho da parte de baixo da população, que dinamizou a sociedade – e seu avanço é que pode garantir nosso futuro, afirma sociólogo
RICARDO MORAES/REUTERS
Eleitora de Dilma em comício de campanha no Rio de Janeiro. RICARDO MORAES/REUTERS
O Brasil de hoje está diante de nova escolha histórica que pode decidir seu futuro. Essa escolha se refere a dois modelos de sociedade distintos. O primeiro, que ainda é o dominante, foi gestado em outro momento decisivo de nossa história, um desses momentos raros em que a escolha entre caminhos alternativos possíveis se realiza e se congela depois em uma espécie de “destino” para as gerações futuras. Esse momento foi o golpe de 1964 e das forças que o apoiaram, que optou por construir um modelo de moderna sociedade de consumo para 20% da população. Essa opção histórica foi consolidada nos anos 1990 com o governo FHC.
O segundo modelo representa o anseio das forças derrotadas em 1964 por uma sociedade mais inclusiva. Modelo esse que vingou na esfera política nos últimos 12 anos, ainda que longe de deter a hegemonia na esfera pública que constrói a “opinião pública” e, portanto, não detém o efetivo controle da prática econômica e social. Afinal, existem limites claros para um Estado reformador em meio a uma sociedade conservadora. Ainda que esse segundo modelo tenha conseguido incluir, de modo precário e instável, outros 20% adicionais da população no mercado de consumo e reduzido formas extremas de miséria material, seu desenvolvimento se deu de modo errático, incompleto, sem efetivo planejamento e ao sabor das conjunturas. A fragilidade das conquistas realizadas pelo segundo modelo é explicada pela manutenção da força social e econômica do modelo anterior, as quais se mantiveram intocadas mesmo depois da eventual perda do poder político.
Para que compreendamos a força inabalada do modelo dominante, mesmo com a perda eventual do poder político, é preciso compreender como funciona a íntima e orgânica relação entre economia e a política. A pedra de toque para que possamos perceber esse jogo, sempre mantido cuidadosamente nas sombras, é o mote da “corrupção e ineficiência estatal” contraposta à suposta virtude e eficiência do mercado. Essa é, na realidade, a “única bandeira” de legitimação do modelo excludente de sociedade ainda no poder real. Esse é, afinal, o único pretexto por meio do qual os interesses mais privados do 1% mais rico podem ser travestidos em suposto interesse geral.
Na verdade, o mercado capitalista, aqui e em qualquer lugar, sempre foi uma forma de “corrupção organizada”, começando com o controle dos mais ricos acerca da própria definição de crime: criminoso passa a ser o funcionário do Estado ou o batedor de carteira pobre enquanto o especulador de Wall Street – a matriz da Avenida Paulista – que frauda balanços de empresas e países e arruína o acionista minoritário embolsa, hoje mais que antes da crise, bônus milionários. Enquanto os primeiros vão para a cadeia, o segundo, que às vezes arrasa a economia de países inteiros, ganha foto na capa da Time como financista do ano. Quem é que ganha, na verdade, com a corrupção tornada legal do mercado e celebrada como mérito? É isso que o cidadão feito de tolo não vê. No Brasil, inclusive, a tolice é ainda muito pior que em qualquer outro lugar. Nenhuma sociedade complexa é tão absurdamente desigual como a nossa, na qual quase 70% do PIB é ganho de capital – lucro, juro, renda da terra ou aluguel – e está concentrado no 1% mais rico da população. Por outro lado, só cerca de 30% cabe aos salários dos restantes 99%. Nas sociedades capitalistas mais dinâmicas da Europa, como França e Alemanha, essa relação é inversa. Nós, brasileiros, somos pelo menos o dobro mais tolos que os europeus. Essa deveria ser a real vergonha nacional.
Mas tem muito mais. Essa transferência grotesca de riqueza entre nós é realizada por serviços e mercadorias superfaturados – cobrados pelo mercado e não pelo Estado – com as taxas de juro e de lucro mais altas do mundo, que são cobradas pelos bancos e pelas indústrias cujos lucros e juros vão para o 1% mais rico. E quem são as classes cujos indivíduos são feitos de tolos senão aquelas médias e trabalhadoras ascendentes, precisamente as que consomem os carros com o dobro da taxa de lucro dos carros europeus; pagam taxas de juro estratosféricas para bancos em qualquer compra a prazo; e serviços de celular dos mais caros do mundo, ainda que o serviço seja incomparavelmente pior? Quem é feito de tolo aqui senão partes significativas das classes médias e trabalhadoras ascendentes, muitas das quais defendem o Estado mínimo e o mercado máximo e pagam preços máximos por produtos e serviços mínimos e de baixa qualidade a capitalistas que possuem monopólios para produzir mercadorias e serviços de segunda categoria?
É essa “corrupção organizada” do mercado que “aparece” como milagre do mérito de capitalistas que na verdade herdaram o privilégio e nunca correram nenhum risco. E é essa visão das coisas que é difundida na esfera pública. Se pensarmos duas vezes, no entanto, percebe-se que o Estado é, pasme-se, o único lugar onde a corrupção ainda é visível como tal e tem, portanto, alguma possibilidade de controle real.
Decisivo, também, é o papel das frações majoritárias e conservadoras da classe média de “verdade” entre nós, aquela que tem um estilo de vida e padrão de consumo semelhante a suas irmãs europeia e americana. Essa classe média é a sócia menor do modelo de sociedade para 20% da população e ocupa os cargos de prestígio do mercado superfaturado e monopolizado. Essas frações são a “tropa de choque” do 1% de endinheirados não só porque o defendem na prática nos tribunais, nas salas de aula, nos jornais e em todas as dimensões do cotidiano onde a defesa dos privilégios dessa pequena minoria e de seu sócio menor está em jogo; ela também é quem sai à rua, como nas manifestações de junho de 2013, sequestrando as demandas populares do início dos protestos em nome da eterna corrupção só da política, para defender os interesses da classe de endinheirados que a explora. Afinal, esse 1% é a única parcela que efetivamente tem algo a ganhar quando se encurta o Estado e se mercantiliza toda a sociedade. Nas sociedades que aprenderam a mitigar a produção de desigualdades que o capitalismo estimula, foi o Estado que retirou a saúde, a educação e a previdência das mãos do mercado, de modo a garantir um mínimo de condições básicas de competição social mesmo para quem não nasceu em berço privilegiado. Demonizar o Estado é o pretexto perfeito para quem ganha com a mercantilização total da sociedade, ou seja, o mesmo 1% que já controla toda a riqueza. Mas a tolice das classes médias e frações ascendentes que compram esse discurso como se fosse seu não explica a raiva e o ódio ao uso do Estado – ainda que de modo parcial, incipiente e inconcluso – para os interesses da maioria esquecida da população brasileira.
Isso acontece hoje em dia num grau muito mais alto, posto que essa classe, agora, teme por seu lugar de privilégio devido ao encurtamento do espaço social com as classes populares que foi a principal obra dos últimos governos. O Brasil de hoje ainda marginaliza 60% de sua população das benesses da sociedade moderna, mas o Estado ousou aumentar o número de incluídos no mundo do consumo de 20% para 40%. É a raiva ancestral de uma sociedade escravocrata, acostumada a um exército de servidores cordatos e humilhados, que explica a tolice dos que compram a ideia absurda de mais mercado no país do mercado já mais injusto e concentrado do mundo. A raiva, no fundo, é contra o fato de muitos desses esquecidos estarem agora competindo pelo espaço antes reservado à classe média, como vimos nos “rolezinhos”, nas reclamações dos aeroportos cheios e na perda dos valores de distinção com relação à “gentinha” não mais tão cordata e humilhada. Sem o ressentimento e o desprezo ao populacho – no fundo, o medo da competição social revertido em agressão -, não há como entender que tanta gente seja manipulada por um discurso hoje tão descolado da realidade como o da virtude do mercado e demonização do Estado.
Se existe algum bem na polarização das últimas eleições é que ela mostra os conflitos reais que racham a sociedade contemporânea brasileira: a contradição entre as classes sócias no projeto de construção de uma sociedade para 20% e o projeto inconcluso e incipiente de um Brasil para a maioria da população. A segunda “abolição da escravatura” – hoje não mais de uma raça, mas de uma grande classe de excluídos – proposta por Joaquim Nabuco há mais de cem anos é hoje mais atual que nunca.
Esse é o núcleo do modelo alternativo de sociedade para o Brasil moderno. Central para o sucesso do projeto é que tanto as frações progressistas da classe média – elas também existem – quanto as que hoje são feitas de tolas por seus verdadeiros algozes compreendam que têm muito mais a ganhar com um Brasil mais inclusivo.
A última década de crescimento econômico brasileiro, depois de 30 anos de estagnação, foi obra do esforço e do trabalho da parte de baixo da população, que logrou dinamizar a economia e a sociedade como um todo. Com um mínimo de estímulo, foram as classes populares voluntariosas que encheram de otimismo e vigor uma sociedade estagnada e decadente. O futuro do Brasil, e muito especialmente das classes médias e ascendentes, não aponta para a aliança subordinada com os endinheirados em que o lugar do otário e do esperto já está pré-decidido. Aponta para o novo, para o nunca realizado que é a verdadeira cura para a doença brasileira: o câncer do Brasil para poucos.
Para isso não é preciso muito: só um pouquinho mais de reflexão e generosidade e um pouquinho menos de mesquinharia e tolice.
*Jessé de Souza, doutor em Sociologia pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e professor titular da Universidade Federal Fluminense (UFF), é autor de ‘A Ralé Brasileira: euem é e como vive’ (Humanitas)