terça-feira, 15 de abril de 2014

Estados Unidos da América e a "Defesa" da Liberdade e da Democracia



Escuta, você não pode viver tua vida sem enxergar o que acontece ao redor, o que acontece lá fora, o que acontece além do teu próprio umbigo.
Estamos disponibilizando um vasto material sobre como os Estados Unidos da América trabalham na suposta defesa da "Democracia e da Liberdade" LEIAM!

Escola das Américas
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Escola das Américas (em inglês School of the Americas)
Em 2001 renomeada como Western Hemisphere Institute for Security Cooperation (WHINSEC)  Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança

A instituição é mantida pelos Estados Unidos e, entre outros, ministra cursos sobre assuntos militares a oficiais de outros países.

Atualmente situada em Fort Benning, Columbus, Geórgia, a escola esteve de 1946 a 1984 situada no Panamá, onde se graduaram mais de 60 mil militares e policiais de cerca de 23 países da América Latina, alguns deles de especial relevância pelos seus crimes contra a humanidade como os generais Leopoldo Fortunato Galtieri ou Manuel Noriega.
O polêmico centro de treinamento
A Escola das Américas foi inicialmente criada em Fort Amador, no Panamá, como parte da iniciativa da conhecida Doutrina de Segurança Nacional. Sua denominação inicial foi "Centro de Adestramento Latinoamericano - Divisão da Terra" ("Centro de Adiestramiento Latinoamericano - División de la Tierra" em espanhol). Sua missão principal era a de fomentar cooperação ou servir como instrumento para preparar as nações latino-americanas a cooperar com os Estados Unidos e manter assim um equilíbrio político contendo a influência crescente de organizações populares ou movimentos sociais de esquerda.
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Instalações onde funcionou a Escola de das Américas no Panamá.
Em 1950 a escola mudou o seu nome para United States Army Caribbean School ("Escola Caribenha do Exército dos Estados Unidos") e foi transferida para Fort Gulick, também no Panamá; neste mesmo ano o espanhol foi adotado como língua oficial da academia. Em Julho de 1963 o centro reorganizou-se com o nome oficial de United States Army School of the Americas (USARSA), ou mais popularmente como Escola das Américas.
Durante as seguintes décadas cooperou com vários governos e regimes totalitários e violentos. Vários dos seus cursos ou adestramentos incluíam técnicas de contra insurgência, operações de comando, treinamento em golpes de Estado, guerra psicológica, intervenção militar, técnicas de interrogação. Manuais militares de instrução destas iniciativas, primeiramente confidenciais, foram liberados e publicados pelo pentágono Americano em 1996. Entre outras considerações, os manuais davam detalhes sobre violações de direitos humanos permitidos, como por exemplo o uso de tortura, execuções sumárias, desaparecimento de pessoas, etc definindo seus objetivos como sendo o de conter e controlar indivíduos participantes em organizações sindicais e de esquerda.
Uma instituição polêmica
Em uma carta aberta enviada em 20 de julho de 1993 ao Columbus Ledger Enquirer, o comandante Joseph Blair, antigo instrutor da Escola das Américas, declarou: "Nos meus três anos de serviço na Escola nunca ouvi nada sobre qualquer objetivo de promover a liberdade, a democracia e os direitos humanos. O pessoal militar da América Latina vinha a Columbus unicamente em busca de benefícios econômicos, oportunidades para comprar bens de qualidade isentos de taxas de importação e com transporte gratuito, pago com impostos de contribuintes americanos.
De acordo com o senador democrata Martin Meehan (Massachusetts): "Se a Escola das Américas decidisse celebrar uma reunião de ex-alunos, reuniria alguns dos mais infames e notórios malfeitores do hemisfério".
A Escola das Américas, desde 1946, treinou mais de 60 mil militares da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
Graduados notáveis[editar | editar código-fonte]
Instrutores e Alunos
O Brasil enviava regularmente militares para treinamento na Escola das Americas .1
Entre os graduados mais reconhecidos encontram-se importantes instigadores de crimes de guerra ou contra a humanidade, alguns deles também relacionados estreitamente aos esquadrões da morte e ao crime organizado bem com com ligações com a CIA estado-unidense:
·         Brigadeiro João Paulo Burnier, militar da Força Aérea Brasileira.2
·         General Manuel Noriega, responsável pela ditadura militar no Panamá, e antigo colaborador da CIA, esteve preso por vários anos nos Estados Unidos por sua relação com o narcotráfico, atualmente segue preso, porém foi transferido para o Panamá;
·         General Hugo Banzer, responsável pelo sanguinário golpe na Bolívia em 1971 e sua subsequente ditadura militar que se prolongou até 1978. Hugo Banzer foi incluído em 1988 no Hall da Fama da Escola;
·         Roberto D'Aubuisson, graduado en 1972 e depois parte do serviço de inteligência de El Salvador, acusado como líder de esquadrões da morte, entre outros crimes e delitos.
·         General Héctor Gramajo, ex-ministro de Guatemala, autor de políticas militares genocidas nos anos oitenta.
·         Roberto Eduardo Viola, promotor do golpe de estado na Argentina em 1976.
·         Leopoldo Fortunato Galtieri, precursor da Guerra das Malvinas (1982), líder da Junta Militar da Argentina que supervisionou desde 1981, os dois anos finais da "guerra suja", onde se torturaram mais de 100.000 pessoas, e posteriormente mais de trinta mil foram assassinadas e desaparecidas.
·         General Guillermo Rodríguez, responsável pelo golpe de estado de 1972 a 1976 no Equador.
·         Vladimiro Montesinos, advogado, militar, colaborador inicial da CIA, responsável pelo Serviço de Inteligência do Peru durante o polêmico governo de Alberto Fujimori. Acusado de repressão política, incitador do golpe de estado e de arrecadar enorme fortuna graças a sua estreita ligação com o narcotráfico.
Restruturação e mudança de nome[editar | editar código-fonte]
Em 1976, uma Comissão parlamentar do Partido Democrata dos Estados Unidos, durante o governo de Jimmy Carter, reconheceu as ditas práticas e obrigou a Escola a suspender as suas actividades. Em 1977, diante das provisões dos Tratados Tratados Torrijos-Carter relativos ao Canal do Panamá os Estados Unidos aceitaram a demanda panamenha de retirar de seu país a escola para recolocá-la em território americano em Fort Benning, Georgia.
Em 1984, o governo de Ronald Reagan autorizou o reinício dos treinamentos de contra guerrilha na Escola. Anteriormente em 1983, revisou-se o manual mais polêmico que instruía em tortura e que vinha sendo utilizado por duas décadas - Manuais KUBARK. Parte dos manuais foram desclassificados pela CIA em 1994. 3
O manual passou a ser chamado de Human Resource Exploitation Training Manual ('Manual de adestramento para a exploração de recursos humanos).
Após o assassinato de quatro membros da Igreja Católica de El Savador por graduados da escola comandados por D'Aubuisson, em 1989, e após a criação daSOA Watch - Observador da Escola das Américas (School of Americas Watch em Inglês), uma ONG dedicada à denuncia das atividades da Escola liderada pelo entao padre Roy Bourgeois, a atenção pública ao assunto se tornou cada vez maior.
Em 1996, sob pressão de vários jornais e organizações de Direitos Humanos, o Exército dos Estados Unidos publicou parte da documentação sobre a Escola, incluindo alguns dos manuais. Estes foram publicados pelo National Security Archive.
A crítica às atividades da escola intensificou-se e em Outubro de 2000, durante a presidência de Bill Clinton, o congresso estado-unidense analisou a situação e finalmente decidiu exigir a criação de um novo estatuto. Em 15 de dezembro de 2000 a escola foi fechada oficialmente mas foi criado em seu lugar o chamadoInstituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança . Até 1 de julho de 1999 havia graduado 61.034 alunos.
Em 17 de janeiro de 2001 foi instalado o Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança .
Algumas organizações, como SOAW e Anistia Internacional, criticaram a iniciativa afirmando que se trata de "pura mudança cosmética", uma vez que o governo reconhece a nova instituição denominada como Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança , como sendo herdeira de Escola das Américas.
Em 2004 a Venezuela informou que não mais enviaria seus cadetes para treinamento na organização americana, decisão que dois anos mais tarde foi seguida pelos governos da Argentina e do Uruguai. Recentemente em maio de 2007, a Costa Rica deixou de enviar membros de sua Força Policial também.4 5
Manuais de tortura[editar | editar código-fonte]
Um dos mais conhecidos manuais de tortura utilizados para treinamento na Escola das Américas recebeu o titulo de Manuais KUBARK. Parte dos manuais foram desclassificados pela CIA em 1994. 3

Campanhas para o Fechamento[editar | editar código-fonte]
Em 1990, o padre Roy Bourgeois, fundou a organização pacifista SOA Watch, depois de testemunhar o assassinato e tortura de milhares de pessoas na América Central durante os anos de 1980 e identificar o local onde eram treinados os torturadores - a Escola das Américas.6
Suas campanhas pelo fim da Escola das Américas, incluem campanhas junto ao Congresso americano e protesto anual em frente as instalações do notório centro de treinamento atualmente conhecido como Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança, antiga denominação de Escola das Américas e conhecida como "Escola de Assassinos". 7

Documentários[editar | editar código-fonte]
Vários documentários tem sido feitos sobre a atuação da organizacao. Entre eles:
Hidden in Plain Sight - (2003) de Andrés Thomas ConterisVivi Letsou e John Smihula.John Smilhula8 9 - documentário feito por meio de entrevistas com autoridades e depoimentos de Noam ChomskyEduardo GaleanoChristopher Hitchens. Revela o funcionamento do centro de treinamento, por onde passaram mais de 62 mil oficiais militares latino-americanos, do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.10
Conta ainda a história desse centro de especialização de técnicas de tortura, desde sua criação no Panamá, em 1946, até a transferência para Fort Benning, naGeórgia, quando foi mudado o nome de Escola das Américas para Instituto de Cooperação para a Segurança Hemisférica. [ABI]
The War on Democracy - (2007) por John Pilger e produzido por Youngheart Entertainment PTY Limited. 11 ,(2007) se centra na interferência dos EUA nos assuntos políticos da América Latina e documenta a atuação através da Escola das Américas.
Father Roy: Inside the School of Assassins - (1997) - O documentário Father Roy: Inside the School of Assassins , narrado por Susan Sarandon, conta a Historia do padre Roy Bourgeois e de sua luta pelo fechamento da chamada Escola de Assassinos atual Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança.
School of the Americas Assassins - (1995) produzido por Robert Richter, foi indicado para o Oscar de melhor documentário curto.12


Bibliografia[editar | editar código-fonte]
·         Manual de Contra inteligência (1963), Escuela de las Américas. Disponível em SOAW.org.

Ver Tambem[editar | editar código-fonte]
·         Dorothy Hennessey
·         Gwen Hennessey
·         Operação Condor

Referências
3.    ↑ Ir para:a b Prisoner Abuse: Patterns from the PastNational Security Archive Electronic Briefing Book No. 122. Página visitada em 2006-09-05.
8.    Ir para cima (em inglês[1] - acessado em 17 de Fevereiro de Maio de 2014.
10. Ir para cima HiddenInPlainSight.org – Documentario - Oficial 2003]
11. Ir para cima (em inglês[2] - acessado em 17 de Fevereiro de Maio de 2014.
12. Ir para cima "School of the Americas Assassins" em Ingles com legendas" IMDB School of the Americas Assassins (1994) Awards16 de fevereiro2014 ]


Manuais KUBARK: Os Estados Unidos da América defendendo a Democracia e a Liberdade














Manuais KUBARK
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

KUBARK é nome oficial dos chamados "Manuais de Tortura" usados pela CIA e pelas forças militares americanas .O KUBARK geralmente é relacionado com práticas e métodos de Tortura . Usa muitas técnicas que foram objeto de experiências em seres humanos feitas através do Projeto MKULTRA e que são transmitidas pela Escola das Américas.
Origens do Nome[editar | editar código-fonte]
KUBARK era uma Criptografia, ou seja, um nome criptografado usado pela CIA
para se referir a si mesma.‎A Criptografia KUBARK aparece no título de documentos da CIA de 1963 que descreve técnicas de interrogatório incluindo o que a CIA chamou de "técnicas coercivas" (texto em Inglês - KUBARK Counterintelligence Interrogatorio) descreve técnicas de interrogatório abusivas incluindo o uso de Choques elétricos 1 São controversos manuais usados no treinamento militar americano que foram liberados para o público em 1996. Em 1997 mais dois manuais foram liberados após pedido através do Freedom of Information Act (FOIA) pelo jornal Baltimore Sun. Os manuais são conhecidos como "Manuais de Tortura"
Técnicas de Tortura[editar | editar código-fonte]
Os Manuais recomendam que as pessoas sejam aprisionadas bem cedo na parte da madrugada para serem pegas desprevenidas e o choque poder ser usado para submissão do indivíduo, recomendam que a pessoa seja imediatamente vendada e que suas roupas sejam tiradas expondo a pessoa nua e sem possibilidade de ver.
Também instruem a que as pessoas sejam colocadas em isolamento sendo impedidas de dormir e comer e que suas rotinas de comer e dormir sejam drasticamente perturbadas.Os manuais determinam que as salas de interrogação não tenham janelas , sejam a prova de som, escuras e sem banheiros. As técnicas do KUBARK têm estreita ligação com os experimentos em seres humanos feitos em várias pesquisas incluindo as do Projeto MKULTRA. Recomendam também ameaças de aplicação de dor física, hipnose, uso de drogas alucinógenas.
Manuais Militares e da CIA na América do Sul e Latina

Notoriamente, David Addington e o vice presidente americano Dick Cheneyguardaram cópias dos manuais de tortura para si.6 Os Manuais foram preparados pelo Exército americano e amplamente utilizados na Escola das Américas tendo sido utilizado durante os anos das ditaduras na America Latina. ( Ver Mitrione). Parte do material dos manuais é também utilizada pela CIA. Os manuais são também amplamente distribuidos para militares treinados na Escola das Américas e para Serviços de Inteligência da América Latina e do Sul. Praticamente todos os países da América do Sul e Latina enviaram pessoal para treinamento na chamada Escola de Assassinos. Em tempos mais recentes, vários continuam mandando pessoal para treinamento na Escola . Entre eles: Colombia, Equador, El Salvador, Guatemala, Peru
Referencias
1.     Prisoner Abuse: Patterns from the PastNational Security Archive Electronic Briefing Book No. 122. Página visitada em 2006-09-05.
3.    Ir para cima↑ Jones, Arthur; Dorothy Vidulich. (October 4 1996). "Pentagon admits use of torture manuals: training books used for Latin Americans at Ft. Benning school". National Catholic Reporter.
4.    Ir para cima↑ Cohn, Gary; Ginger Thompson, Mark Matthews. (27 January 1997). "Torture was taught by CIA; Declassified manual details the methods used in Honduras; Agency denials refuted". The Baltimore Sun.
5.    Ir para cima↑ (August 27 1992) "Fact Sheet Concerning Training Manuals Containing Materials Inconsistent With U.S. Policy". From the Office of the Assistant Secretary of Defense/Public Affairs Office.
7.    Ir para cima↑ Kennedy, Joseph P.. (September 27 1996). "Close School of Americas; Release jailed protestors". Rep. Joe Kennedy press advisory,.
9.    Ir para cima↑ Gill, Lesley. A Escola das Americas: Treinamento Militar em Violencia Politica nas Americas. [S.l.]: Duke University Press, 2004. ISBN 0-8223-3392-9 p. 49
*Priest, Dana. (September 21 1996).
"Estados Unidos treina América Latina em Execuçoes e Tortura(U.S. Instructed Latins On Executions, Torture{; Manuals Used 1982-91, Pentagon Reveals". The Washington Post: Section: A Pg. A01.
10. Ir para cima↑ Haugaard, Lisa. (September 1997). "Textbook Repression: US Training Manuals Declassified". Covert Action Quarterly magazine.



sábado, 12 de abril de 2014

Video PROIBIDO no Brasil Muito Além do Cidadão Kane



Video PROIBIDO no Brasil Muito Além do Cidadão Kane




Vídeo Proibido no Brasil. O documentário acompanha o envolvimento e o apoio da Globo à ditadura militar brasileira, sua parceria com o grupo estadunidense Time Warner (naquela época, Time-Life), algumas práticas vistas como manipulação feitas pela emissora de Marinho (incluindo um suposto auxílio dado a uma tentativa de fraude nas eleições de 1982 para impedir a vitória de Leonel Brizola, a cobertura tendenciosa do movimento das Diretas-Já, em 1984, quando a emissora noticiou um importante comício como um evento de comemoração ao aniversário de São Paulo, e a edição, para o Jornal Nacional, do debate do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 1989, de modo a favorecer o candidato Fernando Collor de Mello frente a Luís Inácio Lula da Silva), além de uma controversa negociação envolvendo ações da NEC Corporation e contratos governamentais à época que José Sarney era presidente da República.
O documentário apresenta depoimentos de destacadas personalidades brasileiras, como o cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, que na época tinha um programa na emissora, os políticos Leonel Brizola e Antônio Carlos Magalhães, o ex-Ministro da Justiça Armando Falcão, o publicitário Washington Olivetto, o escritor Dias Gomes, os jornalistas Walter Clark, Armando Nogueira e Gabriel Priolli e o ex-presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Lula pede para PT “ir para cima” e compara CPI da Petrobras ao "mensalão"

Eleições 2014

Lula pede para PT “ir para cima” e compara CPI da Petrobras ao "mensalão"





Em entrevista de mais de três horas, ex-presidente analisa o governo Dilma e as eleições presidenciais
por Redação — publicado 08/04/2014 17:10, última modificação 08/04/2014 17:17
Quatro anos depois de deixar o Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta terça-feira 8 uma autocrítica do PT e das “marcas profundas” deixadas no partido após episódios marcantes do seu governo e da história recente do País. Em mais de três horas de entrevista, concedida a blogueiros em São Paulo, Lula analisou o julgamento do “mensalão”, a prisão de integrantes do partido, as manifestações de junho, as indicações para o Supremo Tribunal Federal e até as eleições.
Na conversa, realizada na sede do Instituto Lula, em São Paulo, o ex-presidente comparou o caso do “mensalão” à nova crise enfrentada por sua sucessora, a presidenta Dilma Rousseff, em função da compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, por parte da Petrobras. Para ele, o PT tem de “aprender a lição” com o escândalo de 2005 e “partir para cima” da oposição.
“Espero que o PT tenha aprendido a lição que significou a CPI do 'mensalão', que deixou marcas profundas no PT. Se o PT tivesse feito o debate político e não esperasse as soluções jurídicas, o resultado seria outro. A imprensa construiu quase que o resultado desse julgamento. O tempo vai julgar. Às vezes, leva anos para que as coisa sejam bem apuradas”, afirmou Lula antes de lembrar o início do escândalo.
“Fico pensando como é possível que uma CPI que começou investigando 3 mil reais em uma empresa pública [Correios] comandada pelo PMDB e que investigou o PDT terminou no PT. Não houve sabedoria certamente pelas disputas internas. O PT já pagou o preço por isso e sabe que vamos pagar por muito tempo o preço. A razão pela qual nascemos era combater esses equívocos que o próprio PT comete”, admitiu.
Joaquim Barbosa e o STF
A análise do caso do "mensalão" fez o próprio ex-presidente se perguntar se voltaria atrás na indicação do ministro Joaquim Barbosa para o Supremo Tribunal Federal, já que foi Lula que escolheu o juiz para o posto, anos antes de Barbosa comandar o julgamento do escândalo. “Indiquei o Barbosa porque queria um negro no Supremo Tribunal Federal. E, de todos os currículos, o dele era o melhor. Não indiquei por causa do processo [do “mensalão”]. O comportamento dele é de inteira responsabilidade dele. (...) Se eu tivesse hoje as informações do Joaquim na época, ele seria indicado do mesmo jeito”, concluiu.
Apesar disso, criticou a conduta de ministros do Supremo sem dizer, no entanto, se estava se referindo a Barbosa ou a outros membros da Corte. “Acho que, se tem uma coisa grave, é que tem muita gente falando demais no STF. A Suprema Corte tem de se pronunciar só nos autos do processo. Alguns mentiram desconjuradamente. Felizmente caíram os crime de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro do João Paulo (Cunha, ex-deputado do PT que está preso)”, disse.
Sem citar nominalmente o ex-presidente do PT José Genoino, condenado no processo por ter assinado os contratos de empréstimos da época, Lula comparou o argumento da acusação com a situação de um pai que é culpado porque seu filho usa drogas. “A teoria do domínio do fato foi um achado extraordinário. Você é pai daquela criança que fumou maconha? Você tinha que saber. Quantos pais acham que o filho está na escola, mas está queimando um baseadinho”, disse ao sugerir que Genoino não saberia das fraudes.
Por fim, Lula defendeu o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, também condenado, e preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília. "O caso de Minas Gerias [o "mensalão" do PSDB] ninguém falou nada. Está lá. Ou seja, dois pesos, duas medidas. Os mesmos que defendiam a forca para o Zé Dirceu estão defendendo julgamento civilizado e tranquilo para os outros, que é o que deveria ser pra todos. Todas as pessoas, mesmo durante o julgamento, são inocentes até que se prove o contrário. O que está acontecendo com Zé Dirceu é um abuso muito grande. Ele deveria estar em prisão domiciliar", afirmou.
Manifestações e lei antiterrorista
Na conversa, o petista também não teve problemas em contrariar integrantes do partido que estão à frente da polêmica lei antiterrorista, que pretende inibir as manifestações por conta da Copa do Mundo. “Não tem que ficar reclamando que a sociedade se manifestou. Nós (PT) aprendemos a fazer política fazendo manifestação. O que nós precisamos é aprender a lidar com isso. Não vi nas manifestações nenhuma reivindicação absurda. Quantas vezes a Dilma deve ter carregada faixa por melhor saúde e transporte. Agora ter uma ideia de que isso é terrorismo já é impensável. Não precisamos de uma lei antiterrorismo, porque não temos terrorismo no Brasil”, defendeu.
Lula ainda admitiu que “possivelmente” o PT tem culpa no surgimento de uma parcela despolitizada e conservadora na sociedade brasileira ao analisar a existência de grupos mais à direita em manifestações de rua. “Eu fiquei pensando (sobre as passeatas de junho). Que informação política tinha na cabeça daqueles jovens? Que informação que eles têm? Não tem mais debate nas universidades. Isso é uma coisa despolitizante. Possivelmente a culpa também seja nossa. Nós não trabalhamos a politização. Não fazemos mais os debates que fazíamos. Que você tem uma parcela da sociedade mais despolitizada e conservadora? Você tem. Não está fácil. Não é no Brasil, é no mundo.”
Eleições presidenciais
Mais uma vez, o ex-presidente pediu pelo fim da “boataria” de que ele poderia ser candidato à Presidência no lugar de Dilma. “Acho que a Dilma tem todas as competências. Competência política e técnica para fazer o melhor pelo País. É a melhor pessoa para ganhar essa eleição. Eu já fiz o que tinha que fazer, já me dou por satisfeito”.
O petista, no entanto, admitiu que não entendeu “a postura” do ex-aliado Eduardo Campos (PSB-PE), que deixou a base aliada para disputar as eleições contra Dilma. Isso porque Lula admitiu que o “natural” seria o PT apoiar a candidatura de Campos em 2018. O ex-presidente disse que continua tendo uma “belíssima” relação com o ex-governador de Pernambuco, mas chamou a estratégia de “guinada à direita”.