sexta-feira, 21 de março de 2025

Os negócios suspeitos de Eduardo Bolsonaro nos EUA

 

Eduardo Bolsonaro e Donald Trump: o deputado fundou, há mais de um ano, uma empresa em Arlington, Texas, para onde fugiu nos últimos dias. Foto: Reprodução

FONTE: Site DCM

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL) anunciou que vai se licenciar “temporariamente” do mandato na Câmara dos Deputados e passar um período nos EUA por conta de “perseguição política no Brasil”, mas, aparentemente, são seus “negócios suspeitos” que o levaram de volta para lá.

Na última quinta-feira (20), Eduardo formalizou o pedido de licença, incluindo dois dias por “tratamento de saúde” e mais 120 dias para tratar de “interesses particulares”. Como o afastamento excede 120 dias, seu suplente será convocado para ocupar a vaga durante o período.

Em 18 de março de 2023, o “bananinha” fundou a empresa Braz Global Holding LLC. A companhia foi criada em sociedade com o influenciador Paulo Generoso e com André Porciúncula, ex-secretário nacional de Fomento e Incentivo à Cultura durante o governo Bolsonaro.

Ambos os sócios são ligados à disseminação de fake news no Brasil, apoiaram os atos terroristas de 8 de janeiro e integraram a gestão do ex-presidente. A empresa foi registrada no endereço residencial de Generoso, onde outras duas companhias também foram abertas, mas sem Eduardo como sócio direto.

Questionado na época sobre as atividades da empresa, Eduardo Bolsonaro afirmou: “Não tem nada demais. Explicar o quê? Estou devendo alguma coisa?”. E completou: “Eu estou traficando droga? Eu estou roubando alguém? É corrupção?”

Braz Global Holding

A Braz Global Holding não apresenta, nos registros do Texas, qualquer informação clara sobre seu ramo de atuação. No mesmo endereço, Paulo Generoso também fundou a Liber Group Brasil, em 13 de janeiro de 2023, e o Instituto Liberdade, em 8 de fevereiro. Nessas duas empresas, os responsáveis oficiais são Generoso, Porciúncula e Raquel Brugnera, ex-servidora do governo Bolsonaro.

Raquel Brugnera e Paulo Generoso foram os criadores do Movimento República de Curitiba, em 2016, que apoiava a Operação Lava Jato e atuou nas campanhas de Jair Bolsonaro em 2018 e 2022.

Paulo Generoso e Eduardo Bolsonaro fundaram a Braz Global Holding LLC em Arlington, Texas. Foto: Reprodução

A página do movimento no Facebook soma 1,2 milhão de seguidores e já espalhou notícias falsas sobre urnas eletrônicas, a pandemia de Covid-19 e os atos golpistas. Generoso teve a conta no Twitter suspensa em janeiro de 2023 por decisão judicial, conforme registrado pela plataforma.

Em paralelo, Porciúncula abriu, em março de 2023, a empresa Spalla Consultoria, Marketing e Publicidade Ltda, sediada em Brasília, no Centro Empresarial Brasil 21, quatro andares abaixo da sede nacional do Partido Liberal.

Raquel Brugnera, apesar de não ser sócia direta de Eduardo Bolsonaro, aparece conectada a ele por meio das duas empresas criadas com Generoso no mesmo endereço da Braz Global Holding, em um curto intervalo de tempo. Ambas as companhias não têm descrição pública de suas atividades, mas os nomes dos diretores confirmam o elo com figuras do bolsonarismo.

quinta-feira, 13 de março de 2025

JUIZA LIBERTA 114 DETIDOS EM MARCHA DOS APOSENTADOS E É ATACADA PELO GOVERNO MILEI

Victor Farinelli 

El Destape - Polícia argentina prendeu mais de 150 pessoas durante repressão à Marcha dos Aposentados

A Justiça argentina determinou nesta quinta-feira (13/03) a libertação de 84 homens e 30 mulheres que foram presos pelas forças de segurança do país durante a chamada Marcha dos Aposentados, realizada no dia anterior, na qual dezenas de milhares de pessoas protestaram contra os cortes de verbas para a previdência social durante o governo do presidente Javier Milei.

A decisão foi assinada pela juíza Karina Andrade, titular do Juizado Penal N° 15 de Buenos Aires, que avaliou os boletins policiais entregues sobre as prisões e considerou que, em 114 dos mais de 150 casos apresentados, “não foi comprovado delito que justificasse a detenção”.

“Tendo em vista o entendimento de que não houve o estrito cumprimento do disposto no artigo 164 do Código Penal, somado ao fato de que o Ministério Público não se manifestou sobre essas prisões, foi solicitada a imediata cessação de todas e cada uma delas, por serem consideradas arbitrárias”, diz o texto da decisão.

A magistrada argentina acrescentou que “atendendo ao pedido da defesa, analisei as informações prestadas e entendo que, com relação às prisões relatadas, está em jogo um direito constitucional fundamental: o direito de protestar, de se manifestar em uma democracia, o direito à liberdade de expressão”.

Vale registrar também que o protesto terminou com dezenas de pessoas feridas, nove delas com ferimentos na cabeça e em estado grave. Os dois casos de maior risco vital são os de Beatriz Blanco, uma senhora de 87 anos que foi jogada no chão por um policial, e o de Pablo Grillo, um fotojornalista que recebeu estilhaços de uma bomba de gás lacrimogêneo que explodiu perto da sua cabeça, após ser lançada pelas forças de segurança.

Ataques do governo

Em resposta à decisão da Justiça, o governo de extrema direita de Javier Milei iniciou uma campanha de ataques contra a magistrada que determinou a libertação dos 114 detidos durante a marcha.

O primeiro a criticá-la foi o ministro porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, através de uma declaração nas redes sociais na qual acusa a juíza de ser uma “militante da impunidade”.

“A juíza Karina Giselle Andrade deu a ordem para libertar os 114 detidos que, junto a muitos outros, destruíram ontem a cidade de Buenos Aires e atacaram as forças de segurança. A Justiça da porta giratória é diretamente responsável pela insegurança na Argentina”, afirmou Adorni.

O ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona, anunciou que a juíza Karina Andrade “terá sua atuação avaliada pelo Conselho da Magistratura de Buenos Aires, por possível incumprimento das suas funções”.

Já a ministra de Segurança Nacional, Patricia Bullrich, justificou as prisões dizendo que “os que foram detidos eram grevistas violentos, militantes de partidos de esquerda e barras bravas, que são membros de organizações criminosas que operam com total impunidade há anos”.

Com informações: El Destape


Com informações de El Destape e Página/12.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Lula comemora vitória histórica de ‘Ainda Estou Aqui’ no Oscar: ‘Orgulho do nosso cinema e da nossa democracia’

Presidente se pronunciou pelas redes sociais, bem como a primeira dama Janja; Ministério da Cultura e Itamaraty divulgaram nota destacando luta por justiça para crimes da ditadura militar

brasil de Fato


O governo brasileiro celebrou a premiação do filme Ainda estou aqui, do diretor Walter Salles, como melhor filme internacional, na noite de domingo (2). O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), usou as redes sociais para cumprimentar os envolvidos na produção.

“Hoje é o dia de sentir ainda mais orgulho de ser brasileiro. Orgulho do nosso cinema, dos nossos artistas e, principalmente, orgulho da nossa democracia. Eu e Janja estamos muito felizes assistindo tudo ao vivo”, escreveu Lula na rede X. “O Oscar de Melhor Filme Internacional para Ainda Estou Aqui é o reconhecimento do trabalho de Walter Salles e toda equipe, de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, Selton Mello, do Marcelo Rubens Paiva e família e todos os envolvidos nessa extraordinária obra que mostrou ao Brasil e ao mundo a importância da luta contra o autoritarismo. Parabéns! Viva o cinema brasileiro, viva Ainda Estou Aqui”, postou.

Em uma outra postagem, Lula felicitou a atriz Fernanda Torres pela campanha do filme e por sua atuação como Eunice Paiva na produção. “Querida Fernanda, você honrou o Brasil com sua brilhante atuação em Ainda Estou Aqui e encantou o mundo todo vivendo a grande Eunice Paiva. Receba um abraço e um beijo carinhoso meu e da Janja”, publicou o presidente.

Por sua vez, a primeira-dama Janja Silva fez seu próprio pronunciamento atrávez de sua conta no Instagram. “Em tempos de tanto ódio e autoritarismo, Ainda Estou Aqui vem para nos lembrar de momentos que não queremos viver nunca mais”, escreveu. “Viva Eunice Paiva, essa mulher brilhante que defendeu sua família e a memória de seu marido até o fim! Viva Fernanda Torres, que interpretou de maneira excepcional a história de Eunice (no coração das brasileiras e brasileiros, o prêmio é seu!!!). Viva Fernanda Montenegro, Walter Salles, Marcelo Rubens Paiva, Selton Mello e toda a produção e elenco do filme. Parabéns, vocês brilharam!!!”, publicou a primeira-dama.

A futura ministra das Relações Institucionais da Presidência, Gleisi Hoffmann, pediu desculpas por não poder conter o clima de copa do mundo em torno da premiação do filme brasileiro. “Desculpa pessoal, mas teve clima de Copa do Mundo sim! E teve taça! Parabéns, Walter Salles! Que incrível a trajetória de sucesso do filme Ainda Estou Aqui. E num momento tão delicado, onde a nossa democracia mais esteve em perigo. Viva a cultura brasileira!”.

Do mesmo modo, o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PR-RJ), postou um vídeo ao lado de Hoffmann, com quem se relaciona, e aproveitou para defender que não haja anistia às pessoas que participaram da tentativa de golpe de Estado no Brasil, entre 2022 e 2023. “Viva o Brasil. Viva o cinema brasileiro. Viva a democracia. Momento histórico! Ainda estamos aqui! SEM ANISTIA!”, escreveu.

Ministérios comemoram

Ministério das Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério da Cultura (MinC) também divulgaram nota em que felicitam Salles pelo prêmio de Melhor Filme Internacional e Torres pela inédita indicação como Melhor Atriz na premiação mais importante do cinema internacional.

“Primeiro filme indicado pelo Brasil a vencer o Oscar de Melhor Filme Internacional, Ainda Estou Aqui retrata a vida da advogada e ativista brasileira Eunice Paiva, reconhecida líder na defesa dos direitos humanos, da democracia e do direito à memória, à verdade e à justiça. O filme resgata a história da resistência e da luta por justiça para crimes cometidos durante a ditadura militar”, diz o comunicado.

“A premiação atesta a excelência do cinema brasileiro, ampliando sua projeção no cenário internacional. Além disso, reforça o indispensável papel da cultura como instrumento de memória e reflexão, destacando a importância da proteção e da promoção dos direitos humanos e da democracia como valores inegociáveis da sociedade brasileira”, conclui o texto.