quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

A escória rebelde de Os últimos Jedi

POR JOSÉ GERALDO COUTO

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Com personagens complexos, mudanças de escala provocadoras e humor, filme de Rian Johnson foge da estética de videogame. E consagra, em tempos de arrogância imperial, a rebeldia dos humilhados
Por José Geraldo Couto, no Blog do IMS
Nada como um blockbuster de primeira linha (e de primeira hora, se pensarmos na origem da série) para terminar um ano que não foi lá dos mais animadores em matéria de cinema. Estou falando, é claro, de Os últimos jedi, o mais novo episódio da saga Star Wars.

É o oitavo exemplar da série, e um dos melhores. Alguns de seus elementos e características talvez ajudem a entender o apelo duradouro dessa fantasia criada por George Lucas e apresentada ao mundo pela primeira vez há quarenta anos.
Em primeiro lugar, há a ambiguidade profunda dos personagens, que talvez nunca tenha sido explorada de modo tão sistemático como em Os últimos jedi.
Maniqueísmo e ambiguidade
Entenda-se: há um maniqueísmo manifesto em Star Wars, já que desde o início estão definidas as forças antagônicas do bem e do mal, ou antes, o lado luminoso e o lado sombrio da “Força”. Mas esse maniqueísmo de princípio, essa polarização moral básica, não implica a criação de personagens eterna e imutavelmente bons, ou eterna e imutavelmente maus. Pelo contrário: desde o vilão Darth Vader, inicialmente o “escolhido” para ser o jedi que traria equilíbrio à Força, passando pelo marginal tornado herói Han Solo, há uma oscilação entre luz e trevas, ou mesmo uma transmutação de uma coisa na outra, no interior de cada personagem importante.
Em Os últimos jedi essa ambivalência intrínseca atormenta evidentemente o jovem Kylo Ren (Adam Driver), o filho de Han Solo e da princesa Leia (Carrie Fisher) cooptado pelo lado negro, mas está presente também no jedi tornado eremita Luke Skywalker (Mark Hamill), na sua discípula Rey (Daisy Ridley) e até em personagens secundários.
Consciente da ânsia do espectador em filiar cada ente na tela (pessoa, animal ou máquina antropomorfizada) a um dos times em combate, o diretor e roteirista Rian Johnson joga com essa expectativa: o mercenário malandro DJ (Benicio del Toro) se revelará um novo Han Solo, servindo ao bem? A vice-almirante Holdo (Laura Dern) colocará tudo a perder com seu autoritarismo arrogante ou se sacrificará pela causa? O “tema do traidor e do herói”, que Borges consagrou num conto memorável, reverbera aqui de modo recorrente.
Assim como George Lucas, Rian Johnson sabe que o que garante o engajamento do espectador não é o espetáculo pirotécnico dos combates espaciais, mas a empatia (ou antipatia) com as criaturas na tela. O verdadeiro conflito se dá entre indivíduos, e às vezes no interior de cada um deles. Por isso há sempre um momento em que a máquina da guerra se paralisa e silencia para dar lugar a um duelo de espíritos, de energias psíquicas e morais, geralmente concretizado numa luta de sabres de luz (essa invenção maravilhosa de nossa era).
Outro trunfo da saga, em seus melhores momentos, é a hábil mistura de referências mitológicas e iconográficas, já comentada à exaustão por críticos e estudiosos: do western às filosofias orientais, dos cavaleiros da távola redonda às histórias em quadrinhos, das lendas da antiguidade aos videogames, Star Wars parece um compêndio da cultura de nossa época saturada de imagens e cacos de outras eras. Para quem não embarca na fantasia, tudo não passa de uma mixórdia de estilos e apropriações, um estridente samba do crioulo doido, uma alegoria arbitrária de escola de samba com sofisticação tecnológica, emoldurada em sentimentalismo piegas e estética kitsch. Mas essa atitude pedante de rejeição em bloco certamente não é a melhor maneira de entender o que se passa na tela e fora dela.
A chave do tamanho
Do ponto de vista da forma cinematográfica, o que chama a atenção na série, e neste novo filme em especial, é, por um lado, o jogo entre os ambientes fechados (naves, grutas, salas de controle) e os abertos (espaço sideral, desertos, montanha, mar), entre o mundo fabricado e o mundo natural. Por outro lado, há o recurso frequente às vertiginosas mudanças de escala. Estamos numa pequena nave em que cabem duas pessoas (ou uma pessoa e um droid) e de repente o quadro se abre e essa nave é com um inseto minúsculo entrando numa gigantesca estação espacial ou coisa que o valha. O efeito sensorial é fascinante.
Em Os últimos jedi há uma cena que brinca com essa “chave do tamanho”: vemos o que parece ser uma nave aterrissar acionando jatos de calor, mas no segundo seguinte esse aparato se revela um prosaico ferro de passar roupas pousando sobre uma jaqueta.
Essa passagem evidencia também outro traço constante da saga: o humor, usado não apenas como alívio cômico dos momentos de tensão, mas também como signo de ironia, de saudável distanciamento, como que dizendo ao espectador: “Ei, não leve tudo tão a sério, estamos aqui para nos divertir”.
Para se divertir com Os últimos jedi é preciso vencer os primeiros dez ou quinze minutos de pura ação bélica, explosões em profusão, montagem frenética e música altissonante. É como se, nessa sequência inicial, os realizadores fizessem um agrado aos aficionados da estética de videogame, pagando pedágio ao “gênero” para poder depois dedicar-se ao que interessa.
E o que interessa, no caso, é o que fica na sensibilidade e na memória: o espírito da revolta dos marginalizados e oprimidos (não por acaso representados por uma filha de sucateiros, um negro, um latino, uma oriental) contra o poder despótico da riqueza e das armas. “Escória”, diz com desprezo o ariano do dark side ao negro Finn (John Boyega). Este responde altivamente: “Escória rebelde”. E as imagens que apontam para o futuro (sem que isto signifique spoiler) são as de um menino sujo e explorado, quase um Oliver Twist redivivo, apertando na mão o símbolo da Força e olhando com esperança uma astronave que passa riscando o céu. No mundo cruel e opressivo de Trump e congêneres, não deixa de ser um alento.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Com quem andas, doçura?

no O Joio e o Trigo




Corporações de refrigerantes se fixaram no Amazonas ao custo de parcerias causadoras de danos ambientais e dominação cultural


A partir de Manaus (AM), uma viagem de 107 quilômetros pela BR-!74 leva ao município amazonense de Presidente Figueiredo. Apesar de registrar apenas 29 mil habitantes, terra é o que não falta por lá. São vastos 25,4 mil km2 – área maior do que as de alguns países da Europa – que compõem o território. Dentro disso, se assentam 59 mil hectares de terreno pertencentes à empresa sucroalcooleira Jayoro, dos quais 4,5 mil estão ocupados por cana-de-açúcar e 410 por pés de guaraná.
Instalada na região em 1984, a usina, logo de cara, promove largo desmatamento. Nascida a partir do Proálcool estimulado pela ditadura militar (1964-1985), com apoio da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), faz predominar a monocultura da cana em detrimento de diversas espécies vegetais nativas e produz matéria-prima para combustível de veículos. Os espíritos da Amazônia praguejam e o plano dá errado: nos anos 1990, a empresa tropeça e se torna uma pequena produtora de cachaça, utilizando somente 300 hectares de canaviais. No entanto, a reza empresarial também é brava. E a salvação vem. Em 1995, o empreendimento entra na mira de “investidores-anjo”. Entre eles, a Coca-Cola.
O poder econômico da Jayoro aumenta e, consequentemente, a força política cresce, o que facilita a vida da empresa para expandir o plantio, mesmo instalada num espaço cercado por áreas de proteção ambiental e sob a acusação de ter invadido terras públicas quando chegou ao Amazonas pelas mãos da família paulista Magid.
Já nos anos 90, a usina volta a destruir a floresta.  Aproximadamente 10 mil hectares de mata são derrubados para retomar o ritmo do plantio da cana. Dessa vez, a motivação é o fornecimento do açúcar, necessário à produção de concentrado de refrigerantes, o popular xarope, que serve de base para engrossar as bebidas açucaradas e gaseificadas que enchem os copos e corpos de milhões de brasileiros, e impulsionam os índices de obesidade, relacionados diretamente com diabetes e até 13 tipos de cânceres, de acordo com posicionamento recente do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
De Presidente Figueiredo, o açúcar é despachado para a Zona Franca de Manaus, onde é despejado na Recofarma Indústria do Amazonas LTDA, fabricante de xarope e segunda maior engarrafadora de Coca-Cola do Brasil. A empresa é controlada pelo Grupo Solar, de propriedade do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), e já foi abordada pelo O joio e o trigo em reportagem sobre polêmicos incentivos tributários recebidos pelo setor de bebidas açucaradas. A triangulação Coca-Cola-Jayoro-Recofarma abastece todas as engarrafadoras no Brasil e também Argentina, Colômbia, Paraguai, Venezuela, Uruguai e Bolívia.
Não bastassem os danos ambientais causados para incentivar uma monocultura que garanta açúcar suficiente para a produção de xarope-base do refrigerante carro-chefe, a dupla Coca/Jayoro também se beneficia do tradicional plantio de guaraná na Região Amazônica. Maior usina sucroalcooleira do Amazonas, a Agropecuária Jayoro LTDA é a responsável por grande parcela do açúcar usado pela Recofarma. É da Jayoro, também, que sai a totalidade do extrato de guaraná usado no refrigerante Kuat, outro produto da corporação que carrega a tentacular marca vermelha e branca.
Mais dois problemas vêm com a parceria firmada em 1995: primeiro, o uso de agrotóxicos. Dois: o vinhoto, resíduo final do processo de fabricação do açúcar ou da destilação da qual se obtém o álcool, ou a aguardente de cana, que, se não for adequadamente tratado, provoca poluição de águas. Depositados nas lagoas e igarapés, são potentes contaminantes.
Denúncias surgem. Principalmente, após o início dos anos 2000. Segundo o técnico em agropecuária Paulo Sérgio Ribeiro, funcionário da Jayoro por 18 anos e entrevistado pela equipe da Repórter Brasil, vários tipos de inseticidas eram aplicados nos canaviais com tratores e aviões.
O pesquisador e filósofo Egydio Schwade, um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), atualmente morador de Presidente Figueiredo, denuncia há tempos a situação. E não poupa palavras. “O projeto da Coca-Cola/Jayoro já começou aniquilando em torno de 3 mil espécies de vegetais nativas para instalar a cana-de-açúcar. Após esse desastre ecológico, praticado com motosserras e tratores, impõe o desastre químico sobre toda a região, com o borrifo de venenos. Nenhuma espécie de planta ou animal nativo sobrevive naquele deserto”, enfatiza.
Schwade destaca, ainda, “os efeitos nocivos sobre a terra e as pessoas”,  consequências da exploração do território e do envenenamento de trabalhadores dos canaviais por agrotóxicos. “Topo, aqui, com trabalhadores intoxicados por venenos da Jayoro. Tem gente em cadeira de rodas, muitos vão tossindo pelas ruas por ‘causa desconhecida’”, diz.
Modelo para quem?
A Jayoro já foi considerada publicamente como “usina-modelo” por José Mauro de Moraes, alto executivo da Coca-Cola Brasil. O Ministério Público Federal no Amazonas, entretanto, parece não concordar. Atento observador das atividades da empresa, o MPF já investigou, em 2008, a contaminação – por uso de agroquímicos – de igarapés na região de Presidente Figueiredo. No entanto, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), órgão que fiscaliza questões relacionadas ao meio ambiente no estado, afirmou que a sucroalcooleira atendia à legislação. O MPF, então, solicitou ao instituto os laudos de análise das águas. A devolutiva não foi satisfatória; apenas dizia que a licença da agropecuária estava em processo de avaliação,  contradizendo a primeira resposta.
Após nova investida do Ministério Público, ainda em 2008, o órgão estadual não teve saída: um parecer do Ipaam não renovou a licença ambiental da associada da Coca-Cola. Estranhamente, no ano seguinte, 2009, a empresa estava em plena atividade, sem a renovação anual de licença ambiental.
Antes, em 2007 e 2008, a licença das lavouras da Jayoro só havia sido retomada graças à assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ipaam, sob 13 condições. Dentre elas, a correção de rumos no uso de métodos agressivos ao meio ambiente e à população do entorno, a exemplo da queima de palha da cana-de-açúcar.
Dados conflitantes a respeito da agropecuária de propriedade da Coca não faltam. Única usina amazonense registrada na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Jayoro declara possuir 4,5 mil hectares dedicados à cana. Contudo, pesquisa do Ministério do Meio Ambiente (MMA) feita em 2008 já mostrava que o cultivo ameaçava uma área prioritária para a biodiversidade. A Área de Proteção Ambiental (APA) da margem esquerda do Rio Negro, setor Aturiá/Apuauzinho, constante do Mapa das Áreas Prioritárias para a Biodiversidade como “de extrema importância”, sofria com o plantio de cana-de-açúcar da usina, que estaria localizado sobre nascentes do rio Apuaú, segundo o MMA.
A Jayoro, por meio da sua direção, se posiciona oficialmente afirmando que “deixou de queimar palha em 2010” e que criou “voluntariamente” um plano de mecanização do corte da planta.
Os representantes da empresa se defendem quanto à monocultura e à aplicação de agroquímicos: garantem que, hoje, a linhaça é o fertilizante aplicado no solo e que não há uso de inseticidas. Ainda certificam que não plantam cana perto de cursos d´água.
Sobre a ação movida pelo Ministério Público Federal no Amazonas, o discurso é de que a denúncia é baseada em “fatos inverídicos” e que não existe registro de doença respiratória ou de qualquer outra natureza que tenha como agente causador a queima da palha da cana-de-açúcar.
Além disso, diretores da empresa refutaram a tese de que incêndios tenham provocado a morte de animais, mas um deles, Camillo Pachikoski, em 2013, chegou a admitir publicamente que “se porventura houvesse risco, o animal teria chance de fuga.”
Já a Coca-Cola, que se gaba de incentivar programas de proteção ao meio ambiente e que possui uma página oficial na Internet para “desmentir boatos”, faz somente uma menção a Jayoro em todo o site da corporação no Brasil, num texto sobre agroflorestas.
Pai sequestrado
Além das vermelhas e brancas, “marcas verdes” também têm braços poderosos. E eles envolvem a Amazônia num abraço apertado, capaz de sufocar. As megaempresas de refrigerantes são das poucas ultraprivilegiadas que estão inseridas na produção de bens cuja matéria-prima está no Amazonas. Lá, a Paullinia Cupana (a fruta do guaraná) foi descoberta como elemento alimentar e medicinal pela tribo Sateré-Mawé, índios conhecidos como “os filhos do guaraná”.  Segundo o artigo “Da trajetória secular aos novos caminhos do guaraná: desafios e perspectivas da produção na Amazônia do século XVII ao século XXI”, dos pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Arenilton Monteiro Serrão, Manuel de Jesus Masulo da Cruz e Luis Fernando Belém da Costa, tal herança cultural foi transformada em bebida com fins comerciais pela primeira vez no século 19, por mercadores mato-grossenses que davam aos índios “espelhos, pentes e outros produtos supérfluos” em troca da fruta, para depois negociar com compradores europeus. Com o avanço da tecnologia, toda a esfera social, política e econômica até então existente foi desmantelada, aponta o trabalho.
O Guaraná Antárctica que, historicamente, usa publicidade com mensagens mostrando que é desse cultivo amazônico que sai a base da bebida açucarada, tem papel central nesse desmonte. O orgulhoso discurso do marketing empresarial se colocar na posição de “refrigerante original do Brasil”. A realidade crua, entretanto, revela que a compra feroz da fruta, que se iniciou há mais de 50 anos pela então empresa paulista Antárctica, apropriou-se da cultura dos Sateré-Mawé, afetando as relações produtivas coletivas, que, hoje, segundo os pesquisadores da Ufam, se dão “de forma monopolista.”
Fábrica do Guaraná Antárctica na cidade de Maués (AM)
Após a fusão entre Antárctica e Brahma, que criou a AmBev, em 1999, a apropriação e a monopolização aumentaram agressivamente. Em 21 de outubro daquele ano, executivos de AmBev e PepsiCo Inc estabeleceram um acordo que previa o compromisso de distribuir o guaraná (waraná, na língua Sateré-Mawé) para mais de 175 países, levando o produto a uma escalada mundial. O trato foi acertado em audiência com o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP).
Esse período, de acordo com o estudo, marca também o início da decadência produtiva do Amazonas, em especial do município de Maués, a 253 quilômetros de Manaus e terra do povo Sateré-Mawé. Inclusive, o posto de maior produtor de guaraná acabou perdido pelo estado para a Bahia, essencialmente por fatores ligados às pesquisas agronômicas, renovação dos guaranazais e produção em grande escala.
“O guaraná deixou de ser um produto genuinamente Sateré- Mawé e tornou-se uma marca conhecida mundialmente, onde o marketing principal cavalga em alusão à indicação geográfica, como parte integrante de uma cultura indígena secular amazônica, e a venda dessa imagem é um fator preponderante na arte da acumulação do capital sobre essa cultura”, conclui o pesquisador Arenilton Monteiro Serrão.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O e-commerce é o ramo da economia que mais cresce no Brasil

por José Gilbert Arruda Martins

Nesse cenário surge a IMDSHOPPING.COM, uma loja que veio para atender os anseios do brasileiro por produtos importados e nacionais de qualidade e com preço justo.



Brasília, DF, 05 de dezembro de 2017

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sábado, 2 de dezembro de 2017

"É A POLÍTICA, ESTÚPIDO" - Discurso de austeridade agrava a crise e serve para manter privilégios

na Rede Brasil Atual

Em livro, economista inglês desvenda mitos utilizados por governos para justificar cortes que afetam os mais pobres, deixando intocada a estrutura fiscal que privilegia os ricos

Austeridade
No Brasil, efeitos "amplificados" da receita de austeridade podem produzir "caos social", diz economista

São Paulo – Representantes do mercado e economistas liberais, a todo momento, insistem na ideia de que Estados podem quebrar se gastarem mais do que arrecadam. Dizem que as contas públicas devem ser administradas com a prudência devotada de uma dona de casa, que controla o orçamento doméstico para não deixar a dispensa vazia no final do mês. 
Em momentos de crise, advogam que o os governos devem dar o exemplo e "cortar na própria carne", de modo a contribuir para a elevação da confiança dos investidores que, animados, fariam o crescimento florescer, inevitavelmente, segundo as leis naturais do mercado. Há ainda o argumento de teor autopunitivo, que diz que, após períodos de bonança, baseados na gastança desenfreada, sempre chega o momento em que é preciso "apertar os cintos".
São esses mitos travestidos de argumento científico, como se fossem verdades matemáticas absolutas, que o economista inglês Mark Blyth dedica-se a investigar e destruir no livro Austeridade – A História de Uma Ideia Perigosa.
Na Europa, suas críticas a esse modelo de ajuste que repassa a conta da crise financeira (que eclodiu em 2007, e atingiu o continente nos anos seguinte), para o grosso da população, enquanto os governos correm para salvar bancos "grandes demais para falir", vem ganhando adeptos, não só entre os estudiosos, mas também entre políticos mais progressistas. 
Para tratar dos impactos da obra de Blyth, e também da sua aplicabilidade para o contexto brasileiro, os economistas Pedro Rossi (Unicamp), Laura Carvalho (USP) e Luiz Gonzaga Belluzzo (Unicamp) participaram de debate nesta quinta-feira (30), em São Paulo, que também promoveu o lançamento da versão traduzida do livro. 
Laura Carvalho, que também prefaciou a obra, afirma que o discurso de austeridade, tratado como uma ferramenta matemática para equilibrar as contas públicas é, antes de mais nada, uma estratégia política.
No Brasil, as receitas de austeridade produziram consequências sociais ainda mais graves, congelamento de investimentos em áreas estratégicas como saúde e educação, explosão do desemprego. Ainda assim, o déficit público segue cavalgando, e parte da população também começa a perceber as contradições desse discurso, quando o governo Temer propõe cortes e congelamentos, mas abre os cofres com isenções a grupos privilegiados para se salvar a própria pele. 
"Esses cortes foram dramáticos, e o que a gente viu foi uma deterioração fiscal. Os déficits se tornaram cada vez maiores, apesar dos cortes cada vez maiores, o que também ocorreu nos vários países que tentaram essa estratégia. Entra-se numa estratégia que supostamente seria rápida, para corrigir um problema fiscal. Começa-se a cortar, a cortar, até cavar o fundo do poço, e as coisas vão piorando cada vez mais", diz a economista. 
Segundo ela, a austeridade acaba se convertendo em estagnação econômica, o que acaba por agravar, ainda mais, as desigualdades sociais no país. "A gente está falando de um país com o nível de desigualdade muito mais alto, com taxas de homicídio e de violência urbana comparáveis a de países em guerra, com uma oligarquia que domina o poder desde 1.500. Ou seja, estamos falando de efeitos amplificados da austeridade, que pode se transformar em caos social." 
Para o economista Pedro Rossi, o livro de Blyth, ensina que "o conceito de austeridade está fundamentado em mitos que não tem nenhuma aderência com a realidade, nem comprovação empírica". Ele também ressaltou que as ideias que contestam o discurso de autoridade vem influenciando políticos como o líder do partido trabalhista inglês Jeremy Corbyn. 
Seguindo o receituário de ajuste, a Inglaterra reduzia o número de policiais no mesmo momento em que cresciam as ameaças de ataques terroristas. "Corbyn dizia que a política de corte de gastos estava tirando a segurança das pessoas. Assim você captura uma parte da classe média que não tem predileção pelos temais mais à esquerda. Ele também afirmava que a austeridade é seletiva e prejudica sempre os mais pobres." 
Rossi, assim como Blyth, destacou que as contas dos governos não guardam qualquer relação com a administração do orçamento doméstico, e diz que, em momentos de crise, os Estados tem que, justamente, ampliar os gastos públicos, e não promover cortes. 
"Um governo não tem nada a ver com orçamento doméstico. Tem que fazer o contrário das famílias na hora da crise", já que conta ferramentas de planejamento e previsões de receitas. "Outra diferença é que, quando a família gasta, esse dinheiro não volta. Já, quando o governo gasta, esse dinheiro circula, gerando efeito multiplicador, e volta na forma de arrecadação." 
"Na hora da crise, as famílias, com razão, cortam gastos, porque têm medo do futuro. Deixa de comprar uma televisão ou ir a um restaurante, porque prefere esperar para ver o que vai acontecer. Se todo mundo deixa de ir ao restaurante, ele quebra, e vai despedir as pessoas, gerando desemprego e queda na renda. A crise atual é também uma crise de demanda. Se todo mundo para de gastar, ao mesmo tempo, quem é que tem recursos para gastar? É o governo", defende o economista.
Já Belluzzo destacou que, em linhas gerais, as concepções de Blyth resgatam os ensinamentos do célebre economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946), que teorizou que os Estado deveriam empreender investimentos públicos que equalizassem e suavizassem as oscilações do mercado, reduzindo, assim, as incertezas. "Blyth explica o óbvio. Se você tem uma situação depressiva e continua cortando, certamente a receita fiscal cai. Não é difícil entender isso."